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Problemas ambientais, causas e consequências Prof. Bruno Cavalcante Di Lello Descrição O desenvolvimento sustentável como atenuante dos problemas ambientais resultantes da exploração desordenada dos recursos naturais. Propósito Conhecer o conceito de sustentabilidade e as características para o desenvolvimento sustentável como instrumento para o combate e prevenção dos problemas ambientais e de suas causas e seus efeitos. Esse saber faz parte da formação de qualquer profissional que atue na área ambiental. O desenvolvimento sustentável é também uma busca para a viabilização da vida para as futuras gerações. Objetivos Módulo 1 A sustentabilidade e a sociedade sustentável Apontar os princípios da sustentabilidade e o conceito de sociedade sustentável. Módulo 2 Problemas ambientais Identificar causas e consequências dos problemas ambientais. A viabilidade de nosso planeta a longo prazo e das pequenas comunidades se comunica com um conceito bastante difundido nas últimas décadas: “sustentabilidade”. Mas, afinal, o que significa sustentabilidade? De uma forma ampla, que será melhor explorada ao longo do desenvolvimento deste conteúdo, a sustentabilidade pode ser entendida como a capacidade de explorar os recursos naturais de forma responsável, de maneira a não gerar impacto nas gerações futuras. O conceito de sustentabilidade é complexo, mas converge na preocupação em preservar os recursos para novas gerações e para a exploração responsável e perene, sem que haja um esgotamento irreversível das fontes geradoras de tais recursos em nosso planeta. Introdução 1 - A sustentabilidade e a sociedade sustentável Ao �nal deste módulo, você será capaz de apontar os princípios da sustentabilidade e o conceito de sociedade sustentável. Conceito de sustentabilidade Mais do que um termo relativamente moderno, a sustentabilidade é uma necessidade para a manutenção da vida e da sociedade a longo prazo. Observamos desde o início da era industrial uma exploração desenfreada dos recursos do planeta, levando à poluição da atmosfera, ao esgotamento de fontes minerais, de florestas, de biodiversidade, de terras férteis, de águas límpidas, de mares, lagos e rios. A poluição, gerada pela exploração desses recursos, é um problema adicional que deixa um legado complexo para as novas gerações. Atenção! A ideia central da sustentabilidade é a busca por equilibrar a exploração de recursos naturais com uma demanda responsável por parte da sociedade. O sucesso nesse equilíbrio garantirá a permanência e a possibilidade de proveito desses recursos pelas gerações futuras. Sustentabilidade é cuidar do planeta Os recursos naturais não são, em sua grande parte, renováveis. Vamos verificar um exemplo simples: as fontes de minério de ferro. Existe em nosso planeta uma quantidade limitada de minério de ferro, na forma de óxido de ferro, cuja exploração exige a retirada desse mineral da natureza em uma primeira etapa. Exploração de minério de ferro em Carajás, Pará, Brasil. Mais tarde, os processos siderúrgicos transformam esse minério em ferro metálico, em aço e suas ligas, que serão utilizados para a construção civil, para construir estradas, pontes, ferrovias, fabricar automóveis e uma série de produtos baseados nesse metal. Quanto maior for o crescimento da sociedade, maior será o consumo de minério de ferro. Se não houver controle e uma organização coerente do consumo, em algum momento não haverá mais fontes desse minério na natureza, e esse recurso estará esgotado para as futuras gerações. O exemplo do minério de ferro pode ser expandido para outros minerais, para os recursos hídricos, para os solos férteis e para os recursos pesqueiros, somente para citar mais alguns. Resumindo Um consumo sustentável busca garantir a preservação de todos esses recursos para as demandas futuras da sociedade, que será formada por nossos filhos e netos. Quanto maior o sucesso da implementação da sustentabilidade em uma sociedade, maior será a “herança” de recursos para as próximas gerações. Um termo diretamente relacionado ao conceito de sustentabilidade é o de desenvolvimento sustentável. Uma sociedade que alcance o desenvolvimento sustentável será sustentável em quase todos os seus aspectos. O desenvolvimento sustentável preconiza uma série de mecanismos e procedimentos para que a sociedade alcance a sustentabilidade. Desenvolvimento sustentável A implementação de mecanismos mais amplos e complexos em uma sociedade, como forma de garantir a sustentabilidade, pode ser compreendida como desenvolvimento sustentável, um meio para alcançarmos a meta da sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável atua na economia, na política, nos aspectos culturais e na legislação. Podemos separar todos esses aspectos a partir das seguintes características gerais: Por meio do desenvolvimento socioeconômico adequado, com um balanço justo entre a geração de riqueza, o consumo consciente e a minimização de desigualdades que levam as populações menos favorecidas e grandes grupos econômicos a realizar uma exploração inadequada dos recursos naturais. Aspectos econômicos Na implantação de políticas de estado permanentes e preocupadas de forma legítima com as questões ambientais, independentemente da alternância de diferentes grupos no poder. Ou seja, as políticas ambientais devem se sobrepor aos governos ou aos grupos que detêm o poder político em determinado período. Por meio da criação de uma legítima “cultura” de preocupação ambiental por parte da população, considerando a importância de atitudes que efetivamente levem à sustentabilidade. Com a criação de leis que conciliem de forma justa e responsável o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. A simbiose desses aspectos não é uma tarefa fácil. Pressões políticas, econômicas e de grupos sociais podem impactar negativamente a plena implantação e a continuidade de uma política de desenvolvimento sustentável. Aspectos iniciais das ações para o desenvolvimento sustentável A luta contra a degradação da natureza e a conscientização de grupos pró-preservação tomaram forma ao longo do século XX. A cultura da conservação começa a ter importância nas sociedades, de maneira mais organizada, a partir da década de 1960, ganhando força a partir de 1970. Na década de 1980, no ano de 1987, o relatório “Nosso Futuro Comum” ou relatório Brundtland, abordou pela primeira vez o termo Aspectos políticos Aspectos culturais Aspectos da legislação desenvolvimento sustentável. O relatório foi fruto da comissão Brundtland, presidida por Gro Harlen Brundtland, chefe de governo da Noruega à época. Gro Harlen Brundtland Formada em Medicina, Brundtland foi ministra do meio ambiente da Noruega em 1974, chegando ao cargo de primeira-ministra em 1981 e exercendo um segundo mandato entre 1986 e 1989. De acordo com o relatório Brundtland, o desenvolvimento sustentável pode ser descrito como: “O desenvolvimento que atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem as suas próprias necessidades” (p. 46). O relatório propõe várias ações para a implantação do desenvolvimento sustentável. Vejamos as principais ações: Limitar o crescimento populacional; Garantir recursos básicos (água, alimentos e energia) a longo prazo; Preservar a biodiversidade e os ecossistemas; Diminuir o consumo de energia, estimular tecnologias ecologicamente adaptadas e o uso de fontes de energia renováveis; Controlar a urbanização desordenada; Atender às necessidades básicas da população mundial (saúde, educação e moradia). Em âmbito internacional, as metas propostas são: Implantar um programa de desenvolvimento sustentável pela Organização das Nações Unidas (ONU) e desenvolver estratégias de desenvolvimento sustentável pelas organizações de desenvolvimento (órgãos e instituições internacionais de financiamento); Proteger os ecossistemas supranacionaiscomo a Antárctica, os oceanos e sua biodiversidade; Banir as guerras. O que é o desenvolvimento sustentável. Neste vídeo, o especialista destacará os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, apontando os principais pontos do desenvolvimento sustentável. Sociedade socialmente sustentável Uma sociedade plenamente sustentável é aquela que possui mecanismos que equilibrem a sua produção industrial, de bens e de serviços, com o consumo responsável e com o desenvolvimento econômico, de forma a preservar recursos para as futuras gerações. Uma sociedade sustentável também deve ser capaz de “fornecer” bem- estar social para a sua população, suprindo suas necessidades básicas, com acesso irrestrito à saúde, educação, alimentação e moradia. Além de ser capaz de suprir as necessidades básicas da população, existem características que, se bem implantadas, garantirão a sustentabilidade para esse grupo social, seja em uma cidade, país ou região. Vejamos alguns exemplos de atitudes e ações que levam a uma sociedade sustentável: Uso racional da água Armazenamento e utilização da água da chuva Preservação de suas águas e nascentes Reciclagem em larga escala Uso racional da energia Utilização de fontes alternativas de energia, como solar e eólica Tratamento adequado de seus resíduos sólidos e do lixo urbano de forma geral Preservação da natureza Exploração consciente de seus recursos minerais sem esgotamento dessas fontes Cidades arborizadas e com solo permeável às chuvas Incentivo ao uso de transportes que não poluem, como bicicletas e veículos elétricos Utilização de solos agrícolas de maneira adequada de forma a evitar seu esgotamento Incentivo à agricultura “orgânica” Redução e eliminação do uso de combustíveis fósseis Atenção! Importa frisar que essas ações, se bem implantadas, levarão a uma condição de sustentabilidade na sociedade. Atualmente, não existe nenhuma sociedade plenamente sustentável. Alguns países e cidades do mundo desenvolvido têm características que se aproximam do conceito de sociedade sustentável, tais como: Suprir as necessidades básicas da população Utilizar adequadamente os recursos hídricos Reciclar materiais Usar a energia e suas fontes sustentáveis corretamente Tratar adequadamente os resíduos sólidos Preservar a natureza Suprir as necessidades básicas da população O relatório Brundtland propõe que uma das primeiras etapas para alcançar o desenvolvimento sustentável deve ser atender à população nos setores de saúde, educação, alimentação e moradia. Uma sociedade que consegue garantir à sua população o atendimento a essas necessidades básicas terá construído um alicerce social para a implantação das demais ações necessárias para o desenvolvimento sustentável. Curiosidade Nos países subdesenvolvidos, o acesso às necessidades básicas não alcança a totalidade de sua população. Em alguns países, menos da metade da população possui acesso aos seus direitos básicos. Além do mais, a falta de acesso a esses recursos pelas camadas menos favorecidas perpetua a pobreza em muitas regiões do mundo. De acordo com o relatório da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Social da ONU de 1995, a extrema pobreza é: (...) uma condição caracterizada pela severa privação das necessidades humanas básicas, incluindo alimentos, água potável segura, instalações sanitárias, saúde, abrigo, educação e informação (ONU, 1995, s.p.) População mundial em extrema pobreza. Veja essas informações fornecidas pela organização Racial Justice Tolkit (RJT): Cerca de 10% da população mundial vive em extrema pobreza. Muitas pessoas que vivem na pobreza são frequentemente vítimas de discriminação; tais como nascimento, propriedade, origem nacional ou social, raça, cor e religião. A discriminação impede que essas pessoas adquiram empregos, ganhem uma casa adequada e assistência médica. Pessoas com antecedentes criminais muitas vezes têm dificuldade em conseguir um emprego após a libertação, e ex-prisioneiros muitas vezes caem sem teto ou voltam para o sistema de justiça criminal a uma taxa muito mais alta do que outras pessoas. (s.p.) A pobreza é mais sentida em minorias étnicas. Ainda de acordo com um levantamento da RJT: Em Saskatchewan, Canadá, a pobreza infantil para as famílias indígenas é espantosa: 45%, enquanto suas contrapartidas não indígenas são apenas 13%. Em 2018, nos EUA, 38,1 milhões de pessoas vivem na pobreza, sendo 10,1% de brancos, 25,4% de índios americanos, 20,8% de negros, 17,6% de hispânicos e 10,1% de asiáticos. Mais de 160 milhões de crianças correm o risco de continuar a viver em extrema pobreza até 2030. (s.p.) A situação de pobreza, de discriminação e da fome se agravou no mundo ao longo de 2020 com o advento da pandemia de covid-19. O colapso na produção mundial em virtude da pandemia fez crescer a horda de excluídos. A erradicação da extrema pobreza com o acesso à saúde, educação, alimentação e moradia pela sua população é um requisito primordial para uma sociedade sustentável. Utilização adequada dos recursos hídricos A água tem se tornado um recurso escasso em nosso planeta. Apesar de coberto de água, o percentual de água doce em nosso planeta é de apenas 3%. Embora 75% da superfície da Terra esteja recoberta por água, devemos nos lembrar que essa superfície é basicamente representada por mares e oceanos, com água imprópria para o consumo humano. Assim, precisamos utilizar de forma racional os recursos de água doce em nossa sociedade. Grande parte da água potável não é utilizada diretamente para o consumo humano, mas para sustentar a produção agrícola e industrial. O consumo de água no mundo tem a seguinte distribuição por setor: Uso global de água doce. Dados da FAO de 2016. Outro dado relevante é que, embora haja 3% de água potável no mundo, apenas 0,014% de toda a água da Terra está disponível para as populações humanas. Esse cenário de baixa disponibilidade de água potável em larga escala torna urgente a adoção de medidas que reduzam o consumo desse bem natural. Dentre essas medidas, podemos citar o uso de águas das chuvas para irrigar parques, jardins ou lavagem de calçadas, bem como a adoção de processos industriais mais modernos que necessitem de menos água. No campo, o desenvolvimento de sistemas mais modernos de irrigação e a adoção de culturas agrícolas que necessitem de menos água são alternativas que auxiliam o desenvolvimento sustentável. Sistema moderno de irrigação por pivot. A preservação de nascentes e de cursos d’água é uma outra medida necessária para prevenir sua escassez. Uma das medidas adotadas por alguns países, inclusive o Brasil, é a da obrigatoriedade de manutenção das “matas ciliares”, isto é, aquela faixa de vegetação localizada às margens dos rios. No Brasil, o código florestal considera as matas ciliares (também conhecida como vegetação ribeirinha) como APP (área de preservação permanente), sendo um crime ambiental a sua derrubada. Essas matas evitam que o solo seja arrastado para o leito do rio, tornando a sua calha menos profunda, fato que reduz sua vazão total. Mata ciliar. Reciclagem dos materiais Uma parte dos materiais utilizados no mundo pode ser reutilizada após um processo de reciclagem. Os metais, principalmente, podem ser totalmente reciclados, gerando economia em relação aos processos metalúrgicos, além de garantir a preservação das jazidas, fontes naturais dos minérios. A reciclagem é essencial para a gestão moderna de resíduos. Faz parte da tríade “Reduzir, Reutilizar e Reciclar”, como uma forma de diminuir o consumo de materiais primários. Símbolo internacional da reciclagem. Além dos metais, quase a totalidade dos plásticos, vidros, papel e lixo eletrônico também pode ser reciclada. No Brasil, apenas 3% de todo o material produzido é reciclado. Países da Europa, como Portugal, alcançam índices na faixa de 30%. Um processo de reciclagem estruturado pode ser mais custoso do que produzirdeterminado bem a partir de matérias-primas não recicladas. Esse fato constitui um entrave para iniciativas e implantação sistemática da reciclagem nas sociedades. Há um custo embutido para a implantação em larga escala da reciclagem que algumas sociedades não estão dispostas a pagar, embora os benefícios sejam inequívocos. Contentores de reciclagem subterrâneos em Portugal. Um aspecto social da reciclagem em países subdesenvolvidos, como o Brasil, é que o processo de reciclagem de muitos materiais ocorre por intermédio de catadores, que utilizam carrocinhas puxadas por tração humana ou que atuam em lixões. Normalmente, os catadores vêm de camadas menos favorecidas da população e trabalham sob condições degradantes. O recolhimento dos materiais por parte dos catadores também oscila de acordo com o valor agregado. Assim, papéis, papelões e plásticos deixam de ser reciclados se o valor por kg não compensar para o catador. Catadores em busca de materiais para reciclagem em um lixão. A reciclagem dos metais é a que tem aplicação mais ampla, tendo em vista o alto valor agregado desses materiais. O Brasil, com um índice geral de reciclagem de apenas 3%, tem na reciclagem do alumínio índices superiores a 90%. Em 2020, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, foram recicladas 97,4% das latinhas de alumínio (BRASIL, 2020). O alumínio, por ter um elevado valor agregado, torna-se atrativo para os catadores. A reciclagem de alumínio poupa as reservas de bauxita, que é o mineral primário para o alumínio, além de representar economia de energia elétrica. Os lingotes de alumínio produzidos a partir da reciclagem representam apenas 5% do gasto de energia de um lingote produzido a partir da bauxita. Reciclagem de latas de alumínio. Infelizmente, os plásticos não têm um alcance de sua reciclagem tão elevado quanto os metais. O valor do plástico produzido a partir de fontes primárias é bastante baixo, refletindo no valor pago também para a sua sucata. Assim, os valores insignificantes do plástico recolhido para a reciclagem e o volume elevado de embalagens plásticas descartadas tornam esse material um dos vilões dos problemas ambientais no mundo atual. Processo de reciclagem de produtos plásticos. Devemos lembrar que o plástico tem uma degradação muito lenta na natureza. O acúmulo desse material proveniente do descarte inadequado (ausência de reciclagem) tem gerado verdadeiras “ilhas de plástico” nos oceanos. Em linhas gerais, a reciclagem é um excelente caminho para contribuir para o desenvolvimento sustentável, mas encontra alguns desafios, como: redução de seus custos, ampliação das ações, valorização dos trabalhadores que atuam nesse setor e, principalmente, ser uma alternativa mais econômica do que a manufatura a partir de fontes primárias. Uso adequado de energia e suas fontes sustentáveis O mundo é movido pela energia. A energia é responsável pelos processos industriais, por sustentar o trabalho mecânico que move os meios de transporte, e pela eletricidade que chega às nossas casas e cidades. A avaliação da questão energética no âmbito da sustentabilidade requer, nesse cenário universal, foco específico nos recursos naturais e nas tecnologias utilizadas pelo ser humano em sua vida neste planeta (JR; REIS, 2016). A concepção atual de mundo não é viável sem a energia para sustentar todos os seus processos e a própria sociedade. O problema da sustentabilidade nesse setor não está na energia, mas nas fontes utilizadas para a sua geração. A matriz energética mundial divide-se em fontes limpas e renováveis e em fontes poluentes e não renováveis. Entre as fontes poluentes, os combustíveis fósseis podem ser considerados os grandes vilões do meio ambiente. Sua queima, tanto nos motores a combustão quanto para a geração de energia em usinas termoelétricas, origina uma grande quantidade de CO₂, um dos maiores responsáveis pelo efeito estufa, que vem provocando o aquecimento global. Saiba mais Países como Rússia e China geram uma parcela significativa de sua eletricidade com a queima de carvão mineral, que, além de liberar grandes quantidades de CO₂, também é responsável pela liberação de enxofre particulado e de óxidos de enxofre como SO₂ e SO₃, responsáveis pela chuva ácida em algumas regiões. O planeta tem buscado alternativas aos combustíveis fósseis. O uso de energia eólica e de energia solar tem se ampliado ao redor do mundo. Esse tipo de energia baseada em fontes renováveis e a sua implantação ainda são custosos se comparados às fontes de energia não renováveis. O petróleo, mesmo com suas claras desvantagens em termos de poluição, ainda apresenta um custo por geração de kW vantajoso se comparado com a maioria das outras fontes, ao redor do mundo. O Brasil tem uma matriz energética baseada em sua maior parte em fontes limpas de energia. Nosso regime hídrico permite a geração hidrelétrica, mas tem enfrentado problemas de escassez em anos de seca. Nesse caso, quando enfrentamos escassez hídrica, utilizamos usinas termoelétricas, com custo de geração mais elevado, para suprir a nossa necessidade de energia. Fontes de energia renováveis, principalmente a eólica, têm crescido bastante em nosso país. Nesse sistema, grandes geradores movidos pela força dos ventos são responsáveis pela geração de energia elétrica. A tendência da geração eólica cresce ao redor do mundo, sendo aplicável em países em que o regime dos ventos permita o seu pleno aproveitamento. Turbinas eólicas A geração fotovoltaica também tem experimentado um crescimento nos últimos anos. Nesse tipo de geração, os fótons originários da luz solar são convertidos em energia elétrica por meio das células de geração fotovoltaica. Um problema desse tipo de geração é que, embora o sol gere uma quantidade elevadíssima de energia, a sua densidade energética é baixa se comparada a outras fontes. Assim, é necessária uma grande área de painéis solares, dependente da incidência de radiação solar, para a geração de energia elétrica. Fazenda de geração de energia fotovoltaica. Uma tendência é a aplicação doméstica da geração fotovoltaica. Na geração doméstica, os painéis são colocados normalmente nos telhados das casas, fornecendo parte da energia elétrica necessária para o consumo da residência. Esse tipo de solução ainda é custoso, o que explica sua baixa utilização. Painéis fotovoltaicos para geração doméstica. Tratamento adequado dos resíduos sólidos O descarte adequado do lixo ou dos resíduos sólidos ainda é um desafio para grande parte das sociedades. O lixo descartado de forma inadequada polui o meio ambiente e representa, por si, um desperdício de recursos. Nos países com políticas adequadas de descarte de resíduos sólidos, o lixo acaba sendo uma fonte de recursos, tendo em vista o seu reaproveitamento para a reciclagem dos materiais e para a geração de energia. A partir do lixo, também é possível produzir eletricidade. Essa produção pode ser efetuada de duas formas: Esse biogás é quase em sua totalidade metano CH₄, que é tratado para retirada do vapor d’água ou de outros componentes voláteis. O gás é então queimado em geradores de eletricidade, sendo, assim, convertido em energia elétrica. Esse gás também pode ser usado diretamente para queima em motores a combustão. A partir da queima do biogás produzido em aterros sanitários Usina de biogás. Por esse processo, o lixo remanescente do processo de reciclagem é encaminhado para incineradores, onde ele é queimado. A energia de sua queima é convertida em energia elétrica. Essa solução é bastante empregada na Europa. Usina de incineração de lixo de Tune, Suíça. Outra forma de aproveitamento do lixo é o processo de coincineração, que consiste em queimar o lixo juntamente com outras fontes de combustíveis para alimentar processos industriais. Os fornos das indústrias de cimento e vidro podem utilizar a coincineração do lixo em seus processos, gerando economiano consumo dos combustíveis tradicionais e, ao mesmo tempo, propiciando um tratamento adequado e valorado dos resíduos sólidos. Saiba mais Uma política de tratamento adequado dos resíduos sólidos pela sociedade evita o surgimento de lixões, locais de descarte sem nenhum tipo de controle. A partir da incineração do próprio lixo Lixão na Malásia. Aterro sanitário: disposição adequada de resíduos. No Brasil, uma lei de 2010 proíbe a existência de lixões em áreas urbanas. Assim, as cidades brasileiras precisam de alternativas viáveis para o lixo produzido. Uma das alternativas é a implantação de aterros sanitários. Um aterro sanitário bem gerido consegue dar um destino adequado ao lixo e ainda produzir gás metano, que pode ser utilizado como fonte de energia. Além das políticas em larga escala, adotadas pelos governos, para a adequada disposição do lixo produzido, a separação do lixo nas casas das famílias, com a coleta seletiva em condomínios, também é uma iniciativa sustentável. A segregação adequada consiste em separar cada tipo de resíduos, que são depositados de acordo com suas características, conforme o infográfico. Descarte responsável dos diferentes tipos de resíduos. Preservação da natureza Todos os aspectos discutidos acima contribuem para a preservação da natureza. Se a sociedade consegue reciclar seu lixo, ou dar uma destinação adequada, irá preservar seus recursos naturais, suas matas, rios, lagos e mares. Se temos uma população atendida em suas necessidades básicas, haverá menos necessidade de explorar a natureza na busca de seus recursos. Uma sociedade que gerencia adequadamente sua matriz energética também contribui para a preservação da natureza. Vamos abordar, no entanto, a preservação da natureza de maneira mais direta: Como manter as florestas e o meio ambiente preservados? A preservação da natureza depende da cultura da sociedade e da qualidade das leis implantadas com esse tema. Também é necessário uma fiscalização eficaz e multas pesadas para quem destrói o meio ambiente. Com o advento da revolução industrial, muitas florestas foram derrubadas para gerar riquezas, seja pela madeira quanto para a abertura de áreas de plantio e de criação de gado. Há um consenso de que uma floresta preservada gera mais riquezas do que sua área em terras destinada a outras atividades. A biodiversidade presente nas matas não exploradas possui um valor agregado bastante elevado, mas que depende de investimentos e conhecimentos científicos para seu pleno aproveitamento. Em busca de um retorno financeiro mais rápido, florestas são derrubadas para abrir espaço para outras atividades. Esse movimento destrói os biomas, extingue espécies animais e vegetais e contribui para o aquecimento global, tendo em vista a diminuição de sequestro de gás carbônico (CO₂) pelas espécies vegetais. Na América do Sul, o desmatamento da floresta amazônica cresceu bastante a partir de 2013. A principal fonte para esse movimento é a inserção de assentamentos humanos na área da floresta. As fronteiras agrícolas e agropecuárias do Mato Grosso do Sul, do Pará e de Rondônia acentuaram o desmatamento da floresta na última década. Uma das formas de abrir áreas na floresta são os incêndios, que sobressaem sobretudo na temporada de seca. Incêndio na floresta. A conjunção de todos os fatores macro mostrados acima, juntamente com a implantação de iniciativas locais, conscientização da população e implantação de uma “cultura sustentável”, leva a uma sociedade socialmente sustentável. Ainda há um longo caminho a percorrer para que a preservação da natureza entre definitivamente na pauta dos países, mas não podemos ignorar sua urgência, sob o risco de não termos um futuro para oferecer às próximas gerações. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 As ações da sociedade em direção à importância da preservação do meio-ambiente começaram com os movimentos sociais dos anos 1960, mas só ganharam força posteriormente. Assinale a alternativa correta relacionada com a primeira iniciativa oficial de uma agenda mundial tendo em vista a importância da sustentabilidade e de sua implantação em termos mundiais: A Publicação do “relatório Brundtland” em 1987. B Publicação da “Agenda 21” em 1992. C Assinatura do “Tratado de Kioto”, 1997. D “Conferência Rio + 20” em 2012. E Publicação do “Acordo de Paris”, 2015. Parabéns! A alternativa A está correta. Todas as iniciativas listadas referem-se às ações ligadas à sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e mecanismos para conter o aquecimento global. Entretanto, a primeira iniciativa no sentido de se alcançar a sustentabilidade na sociedade, inclusive com a implantação do termo, foi o relatório Brundtland, de 1987. Questão 2 Assinale a alternativa que enumera apenas ações e atitudes para alcançar uma sociedade sustentável: Parabéns! A alternativa D está correta. A Uso racional da água, reciclagem em larga escala, preservação da natureza e exploração em larga escala de jazidas minerais. B Uso racional da água, incentivo ao uso de transportes que não poluem, como bicicletas e veículos elétricos, grandes projetos de agricultura e pecuária em área de floresta. C Reciclagem em larga escala, preservação da natureza, legislação ambiental voltada para o desenvolvimento industrial, uso racional da energia. D Armazenamento e utilização da água da chuva, preservação da natureza, reciclagem em larga escala e tratamento adequado dos resíduos sólidos. E Preservação de águas e nascentes, uso racional da energia, tratamento adequado dos resíduos sólidos e desenvolvimento da agricultura em larga escala para exportação. As atitudes sustentáveis devem garantir a preservação dos recursos naturais para as gerações futuras. Assim, armazenar e utilizar a água da chuva, preservar a natureza, reciclar, tratar adequadamente os resíduos sólidos, fazer uso racional da água e da energia, incentivar o uso de transportes que não poluem e preservar águas e nascentes enquadram-se nesse conceito. Não correspondem a esse tipo de atitude a exploração em larga escala de jazidas minerais, grandes projetos de agricultura e pecuária em área de floresta, legislação ambiental voltada para o desenvolvimento industrial e desenvolvimento da agricultura em larga escala para exportação. 2 - Problemas ambientais Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car causas e consequências dos problemas ambientais. Problemas ambientais Veremos agora como os problemas ambientais estão difundidos nos diversos meios terrestres, como: atmosfera, mares e cursos de água, solo e florestas. Os problemas ambientais nesses meios são a antítese da sustentabilidade. Vários motivos podem ser apontados como causadores desses problemas. Vamos identificar os principais fatores e suas consequências. Começaremos abordando a poluição da atmosfera e o aquecimento global. Veremos que, embora os meios possam ser separados de forma estanque, os problemas ambientais se comunicam o tempo todo. Atmosfera: poluição e aquecimento global A atmosfera terrestre é formada principalmente por nitrogênio (N₂), 78%, oxigênio (O₂), 21%, e frações de outros gases, como vapor d'água, dióxido de carbono (CO₂), hidrogênio (H₂) etc. Esse ambiente sofre o despejo diário de gases poluentes. A poluição e os efeitos como consequência do despejo de CO₂ são muito preocupantes, em virtude do aquecimento global causado pela sua presença na atmosfera. O CO₂ funciona como um "cobertor" químico que não permite que o calor acumulado na atmosfera, em virtude da irradiação solar, se dissipe adequadamente para o espaço. Atenção! Uma consideração importante é que o efeito estufa é benéfico dentro de faixas controladas de temperatura. A retenção de calor na superfície terrestre em virtude de gases presentes na atmosfera mantém a temperatura do planeta em níveis adequados para a manutenção da vida. Semesses gases, a terra seria um planeta muito mais frio, com um desenvolvimento da vida diferente do que conhecemos. Estudos sugerem que, sem o efeito estufa, a temperatura média da superfície terrestre seria cerca de 90 graus abaixo do que temos hoje, inviável para a grande maioria das espécies existentes. O problema é que o excesso de gases poluentes tem provocado um efeito estufa descontrolado, levando a um aquecimento além dos níveis adequados, o chamado “aquecimento global”. Diferentes gases contribuem de forma distinta para o chamado efeito estufa. Embora o CO₂ não seja, individualmente, o gás mais prejudicial em termos de retenção de calor, o volume de CO₂ produzido pelas atividades industriais, pela combustão de derivados de petróleo (combustíveis fósseis) pelos automóveis e pelas queimadas coloca esse gás como protagonista do aquecimento global. Um problema antigo Embora os termos "efeito estufa" e "aquecimento global" tenham ganhado relevância a partir de 1970, seus estudos remontam ao século XIX. O efeito estufa foi descoberto pelo físico inglês John Tyndall em 1856. Neste estudo, Tyndall demonstrou que o calor na atmosfera terrestre era resultado da retenção da radiação infravermelha pelos gases presentes nesse meio. O químico sueco Svante Arrhrenius publicou em 1896 um artigo que relacionava a presença do CO₂ na atmosfera com o aumento de temperatura na Terra. John Tyndall, 1820 - 1896. Svante Arrhenius, 1859 - 1927. O trabalho de Arrhenius, On the influence of carbonic acid in the air upon the temperature of the ground, que pode ser traduzido, em termos atuais, como “A influência do gás carbônico no ar sobre a temperatura da superfície”, foi publicado pela revista Philosophical Magazine and Journal of Science em abril de 1896. A introdução do artigo de Arrhenius de 1896. Comentário Assim, embora já determinado no século XIX, o aquecimento global e os trabalhos relacionados permaneceram pouco conhecidos até que o problema se intensificou no século XX. A atmosfera: efeito estufa e aquecimento global Já mencionamos que o acúmulo de gases poluentes na atmosfera provoca um efeito estufa excessivo que leva ao aquecimento global. Mas como esses gases são gerados? Quais as suas origens? Atenção! Importa destacar que, de maneira natural e benéfica, o vapor d’água presente na atmosfera (não considerando as nuvens) atua como o principal retentor de calor. Esse efeito natural e não poluente age de forma constante e equilibrada. Além do vapor d’água, gases como CO₂, metano e ozônio têm origem antropomórfica, isto é, estão sendo gerados de forma não natural por fontes poluidoras, pela ação do homem. As principais fontes desses poluentes podem ser enumeradas a seguir: Queima de combustíveis fósseis e desmatamento seguidos de queimadas. As queimadas, além de liberarem o CO₂ proveniente da combustão da madeira, ainda retiram da natureza uma fonte potencial de retenção desse gás, que são as árvores e a vegetação da floresta, que atuam no processo de fotossíntese. A queima de combustíveis fósseis, por seu grande volume no mundo industrializado e movido por veículos à combustão, representa cerca de 75% de todo o CO₂ gerado nos últimos 20 anos. Parte do metano é gerado pelos ruminantes criados nos grandes projetos de agropecuária. Esse gás está presente, principalmente, no intestino do gado bovino, sendo paulatinamente liberado ao longo de seu ciclo de vida. A expansão da agropecuária no mundo para consumo de proteína animal tem agravado o problema de liberação de metano na atmosfera. Também há de se considerar que o aumento da temperatura nos oceanos pode liberar grandes quantidades de metano que se encontram congeladas em seu leito. O metano também pode ser liberado pelo descongelamento do permafrost, que é o solo congelado das regiões nórdicas, árticas e siberianas. Esse solo contém, além dos sedimentos naturais, uma grande quantidade de água e metano congelado. Gás carbônico, CO₂ Gás metano, CH₄ Cratera no permafrost na península de Yamal, Sibéria, Rússia. O ozônio é benéfico na atmosfera elevada, sendo um gás responsável pela proteção da Terra aos raios ultravioletas (UV) provenientes do sol. A camada de ozônio natural tem, portanto, ação benéfica sobre a vida na Terra. O ozônio poluente, produzido pela ação do homem, porém, contribui para o aquecimento global. Trata-se de uma fonte secundária de poluição, derivada da transformação de poluentes primários como os voláteis orgânicos e os óxidos de nitrogênio (NOx), que são convertidos em O₃ por meio da ação da luz solar. São oriundos de processos industriais e da queima de combustíveis fósseis pelos veículos automotores. Os NOx constituem uma fonte poluidora primária que atua como gerador de ozônio (poluente secundário). Se considerarmos a contribuição dos principais gases presentes na atmosfera sobre o efeito estufa, teremos a seguinte relação apresentada pela tabela: Gás Contribuição para o efeito estufa Vapor d'água (sem contar as nuvens) 36 a 70% Dióxido de carbono 9 a 26% Ozônio, O₃ Óxidos de nitrogênio, NOx Gás Contribuição para o efeito estufa Metano 4 a 9% Ozônio 3 a 7% As contribuições para o efeito estufa levam em conta as quantidades presentes na atmosfera. Porém, de forma qualitativa, ao compararmos o efeito destrutivo de cada um, o metano contribui 30 vezes mais para o efeito estufa do que o dióxido de carbono. Fatos e consequências do aquecimento global Verificamos que o vapor d’água é extremamente importante para o efeito estufa. Embora não seja considerado um poluente, o aquecimento global causado pela quantidade de CO₂ tem elevado o vapor d’água na atmosfera, aumentando a temperatura. Esse efeito é chamado de retroalimentação, ou feedback. Saiba mais A questão do vapor d’água ainda precisa de maiores estudos. Se, por um lado, sua presença contribui para aumentar o efeito estufa, a superfície das nuvens voltadas para o sol eleva a reflexão dos seus raios, contribuindo para a diminuição da temperatura terrestre. Um outro feedback da elevação da concentração de CO₂ é o consequente derretimento de superfícies de gelo pelo aumento da temperatura da Terra. Camadas de gelo refletem a luz solar, contribuindo para o resfriamento da superfície. Ao desaparecerem, as camadas de gelo são substituídas por superfícies de terra ou de oceanos sem o mesmo poder de reflexão, influindo consequentemente para um incremento ainda maior do aquecimento global. Podemos listar algumas importantes consequências do aquecimento global, não somente na atmosfera, mas também em outros meios: Elevação da temperatura do planeta Derretimento das coberturas de gelo Elevação dos níveis dos oceanos Elevação da temperatura das águas dos oceanos Aumento das quantidades de vapor d’água na atmosfera Aumento de eventos climáticos catastróficos, como chuvas, furacões e enchentes Derretimento do permafrost, aumentando a liberação de metano na atmosfera Aumento da desertificação O efeito estufa e o aquecimento global. Neste vídeo, o especialista explicará o que é o efeito estufa, como um processo natural que traz benefícios à biosfera, mas que também pode representar prejuízos, associando-o ao aquecimento global e às suas causas. Assim, embora seja primariamente um fenômeno que ocorre a partir do meio atmosférico, o aquecimento global influi também nos meios aquáticos e terrestres. A seguir, vamos ver os aspectos da ação do homem sobre os meios aquáticos e terrestres. Ambiente marinho: consequências da poluição e a exploração desordenada dos recursos de pesca O ambiente marinho também sofre as consequências da poluição. De uma forma mais direta, o mar tem servido como local de acúmulo de plásticos, não descartados adequadamente. A principal causa da poluição dos mares é a inexistência de projetos globais de reciclagem de lixo. A inexistência desses projetos globais leva esses resíduos sólidos a seremdeslocados pelos fluxos de água até desaguarem nos oceanos. Dentre os resíduos sólidos, os plásticos representam o material mais nocivo ao ambiente em virtude do longo tempo necessário para sua degradação. Como consequência, há formação de ilhas de plásticos em regiões do oceano de encontro de correntes marinhas, ou os chamados “giros oceânicos”. Existem cinco ilhas de plástico em nossos oceanos situadas no Atlântico Norte, Atlântico Sul, Pacífico Norte, Pacífico Sul e Oceano Índico. Curiosidade A maior ilha de plástico e demais resíduos é conhecida como “A grande ilha de lixo do Pacífico”. Situada no giro do Pacífico Norte, tem um milhão setecentos e sessenta mil km² de detritos acumulados! Estima-se que nos últimos 60 anos foram despejados mais de 8,3 bilhões de toneladas de lixo plástico nos oceanos. Se considerarmos a população mundial atual, significa o equivalente a 1,2 tonelada de lixo por habitante, acumulado ao longo de seis décadas. Mapa das ilhas de lixo nos oceanos A grande ilha de plástico do Pacífico possui cerca de 80.000 toneladas de resíduos, sendo que 99% constituídos por plásticos. Calcula-se que haja cerca de 1,8 trilhão de peças plásticas dos mais diferentes tamanhos à deriva na grande ilha do pacífico. As peças plásticas são confundidas com alimento pela fauna marinha, provocando a morte desses animais. Carcaça de ave marinha com lixo plástico em seu sistema digestório. Outro efeito da poluição sobre os oceanos é a acidificação desse ambiente causada pela elevação dos níveis de CO₂ atmosféricos. Esse fenômeno tem se intensificado nos últimos 40 anos e está diretamente relacionado com o CO₂ presente na atmosfera. Estima-se que 30% do CO₂ da atmosfera são absorvidos pelos oceanos e mares. O CO₂ dissolvido diminui o pH da água. Esse fato tem levado à fragilização dos seres marinhos que possuem estruturas calcáreas, como moluscos com conchas e os corais. Saiba mais Adicionalmente, a presença do CO₂ dissolvido substitui o oxigênio que deveria estar presente na água. Isso leva ao surgimento de regiões com pouco oxigênio (desoxigenação) nos oceanos, as zonas mortas. Nessas regiões, uma parte da fauna marinha não sobrevive em virtude do fenômeno denominado hipoxia, ou baixa oxigenação. Animais marinhos mortos por desoxigenação no mar Báltico, 2006 A desoxigenação também pode ter causas naturais, como a proliferação de determinadas algas. Entretanto, a ampliação de áreas com baixa concentração de oxigênio se deve em grande parte à ação humana, com o despejo de rios carregados de poluentes, esgotos e cargas de fertilizantes diretamente nos oceanos, além do já mencionado aumento dos níveis de CO₂ na atmosfera. Um outro problema que atinge os oceanos é a exploração desordenada de seus recursos pesqueiros. Talvez uma das atividades menos sustentável atualmente é a pesca em larga escala. Essa atividade acaba por exterminar diversas espécies marinhas além daquelas com potencial de exploração comercial. A pesca exploratória tem diminuído os estoques de pescado em todo mundo. Os equipamentos e processos de pesca industrial introduzidos a partir dos anos 1950 conseguem capturar uma quantidade de pescado superior ao que a natureza consegue repor com a reprodução dessas espécies. Como resultado, atualmente cerca de 77% das espécies com valor comercial apresentam risco de diminuição de suas populações em virtude do excesso de pesca. Pesca industrial. Curiosidade Espécies bastante consumidas como atum, salmão, sardinha e merluza apresentam uma sobre-exploração mais intensa, com maior risco de redução em seus cardumes. Nos anos 2000, os oceanos alcançaram a exploração de 80% de seus recursos de pesca. Percentual dos recursos de pesca totalmente explorados Exploração das �orestas e suas consequências A exploração dos recursos naturais nos continentes remonta aos primeiros homens que começaram a se organizar em tribos. A população antiga da terra era diminuta; a exploração por coleta, caça e o desenvolvimento da agricultura eram ínfimos frente ao tamanho do planeta e sua capacidade de se reequilibrar. Com o desenvolvimento das civilizações e aumento da população mundial, a capacidade de recuperação do planeta não conseguiu acompanhar o ritmo de destruição. A expansão da população da Europa, chegando à era das grandes navegações e dos descobrimentos, trouxe a exploração do homem ao novo mundo, às Américas. Com a advento da era industrial, a partir de meados do século XVIII, e com o desenvolvimento de novas técnicas agrícolas, o mundo experimentou um ciclo de exploração de seus recursos sem precedentes. Devemos considerar que a queima de carvão para movimentar os mecanismos da indústria começou a lançar na atmosfera grandes quantidades de CO₂, conforme mencionado anteriormente. Nos dias atuais, as poucas florestas nativas existentes no mundo são derrubadas para abertura de áreas de pastagens e para a agricultura em larga escala. Além disso, o aquecimento global tem aumentado a duração das estiagens, provocando grandes incêndios em vegetação nativa. Esses incêndios em grande escala, em áreas de florestas, contribuem ainda mais para o aumento da concentração de CO₂ na atmosfera. Atenção! Trata-se novamente de um mecanismo de feedback: o CO₂ na atmosfera provoca o aquecimento do planeta, fato que provoca mais queimadas, com a combustão das florestas ampliando ainda mais a quantidade de CO₂ na atmosfera, levando a mais aquecimento. Os continentes europeu, africano e asiático já perderam mais de 90% de suas florestas nativas, com a Europa ocidental acumulando uma perda de 99,7% de suas matas. Os demais continentes acumulam perdas entre 50% e 80%, respectivamente, tendo a América do Sul perdido cerca de 60% de sua cobertura florestal nativa. No Brasil, a questão do desmatamento remonta à chegada dos portugueses. Os primeiros movimentos para o desmatamento do território foram motivados para a extração de madeira, para abrir as novas cidades e, sobretudo, para a exploração do Pau-Brasil, no século XVI. Com a chegada dos colonizadores, a mata costeira, ou Mata Atlântica, que cobria uma ampla faixa ao longo do litoral do país, de norte a sul, foi a primeira a sofrer com a exploração de seu ambiente natural. Retirada do Pau-Brasil no século XVI no Brasil. A Mata Atlântica é a porção de floresta mais desmatada no território brasileiro, restando apenas cerca de 11% a 13% de sua cobertura original. Em 1500, a cobertura do território por florestas nativas cobria em torno de 90% do Brasil, com o restante correspondendo a regiões de campos. Atualmente, temos uma cobertura aproximada de 60% em florestas. Derrubada da Mata Atlântica no Rio de Janeiro nos dias atuais As paisagens naturais nativas, como o Cerrado e a Caatinga, foram exploradas de forma não sustentável conforme a colonização avançava para dentro do território brasileiro. Grandes áreas de Cerrado foram substituídas pela agricultura em larga escala. Curiosidade Atualmente, as plantações, principalmente de soja, e as fazendas para criação de gado cobrem uma parte significativa do que era Cerrado. O desmatamento da Amazônia tomou forma sistemática a partir da década de 1970, com a abertura da rodovia transamazônica, fato que acarretou o deslocamento e o crescimento de grupos populacionais para a região. Saiba mais Cabe lembrar que a fundação de Brasília na década de 1960 impulsionou um movimento de “desenvolvimento” para as regiões centrais do Brasil, com impacto também para a região Norte. O mapa a seguir mostra a perda de cobertura florestal no período entre 2001 e 2018. As manchas vermelhas indicam os locais de desmatamento mais intenso. As áreas azuis indicam a reposição de cobertura de árvores; entretanto, muitos reflorestamentos ocorrem com a implantação de espécies não nativas para a exploração comercial. Os seja, embora ainda represente “árvores em pé”, a floresta nativa não existe mais em muitos locais dopaís. Mapa do desmatamento 2001-2018. Uma questão importante a ser considerada é que as matérias-primas extraídas de forma insustentável apresentam um valor muito inferior às riquezas naturais perdidas. Além dos já mencionados projetos agrícolas e pecuários que devastam enormes extensões de paisagens nativas, a exploração de terras indígenas para o garimpo ilegal deixa um rastro de destruição e de poluição por mercúrio, metal tóxico utilizado na extração do ouro. Devastação por garimpo em terras indígenas no estado do Amazonas, 2018. O Brasil já possui vastas extensões de campos de antigas plantações que se encontram abandonados em virtude do esgotamento da terra. A produção agrícola poderia ser desenvolvida nessas áreas com investimentos para recuperação da fertilidade do solo, o que não ocorre em virtude dos custos. Assim, perpetua-se a abertura de novas áreas de plantio e abandono de áreas esgotadas. As consequências do desmatamento são complexas e prejudicais para a sociedade local, o país e o planeta, um prejuízo irrecuperável para a geração futura. Entre as consequências do desmatamento, podemos enumerar: Perda da biodiversidade; Destruição dos biomas; Assoreamento dos rios; Marginalização e extermínio da população indígena; Perda de recursos; Aumento das desigualdades sociais; Alteração dos regimes hídricos; Esgotamento do solo e desertificação; Perda da capacidade de reciclagem do gás carbônico; Aquecimento global. Um longo caminho precisa ser percorrido para que o Brasil e o mundo adotem medidas eficazes para manutenção de seu meio ambiente, com o desenvolvimento social e econômico pautados em uma economia sustentável. Até lá permaneceremos numa ciranda de destruição que, em algum momento, pode mergulhar o mundo numa catástrofe ambiental e climática irreversível. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O efeito estufa e o aquecimento global são fenômenos estudados desde o século XIX pelos cientistas Tyndall e Arrhenius. A partir da segunda metade do século XX, o mundo experimenta as consequências desses fenômenos, tornando urgente a implantação de medidas para a sua contenção. A respeito do efeito estufa e do aquecimento global, assinale a alternativa correta: A O efeito estufa e o aquecimento global são provocados por um ciclo natural em que o planeta experimenta eras mais geladas e mais aquecidas, normalmente em torno de cada 100.000 anos. B O efeito estufa é provocado pela camada de gases que existem na atmosfera, sendo que o vapor d’água tem maior contribuição individual para o fenômeno. O lançamento de grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera tem ampliado esse efeito, provocando o aquecimento global. C O efeito estufa é provocado pela cobertura vegetal existente na superfície terrestre, sendo que as florestas tropicais têm maior contribuição individual para o fenômeno. O lançamento de grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera tem ampliado esse efeito, provocando o aquecimento global. Parabéns! A alternativa B está correta. Desde o século XIX, o efeito estufa e o aquecimento global eram fenômenos conhecidos. O efeito estufa tem seu aspecto benéfico, tendo em vista que mantém a temperatura da Terra em níveis aceitáveis para a manutenção da vida como conhecemos. Esse efeito é provocado pela presença de gases na atmosfera, sendo que o vapor d'água é o que mais contribui para o fenômeno. Vários poluentes têm ampliado o efeito estufa, levando ao aquecimento global. Embora individualmente o CO₂ não seja a substância mais nociva para este aquecimento, as quantidades desse composto despejadas na atmosfera têm contribuído decisivamente para o problema. Questão 2 A degradação do ambiente marinho pelo lançamento de rios poluídos diretamente no oceano, o aumento da concentração do CO₂ na atmosfera e o descarte de resíduos sólidos nesse meio provoca, entre outros problemas, um fenômeno denominado hypoxia. A respeito da hipoxia, assinale a alternativa correta: D O efeito estufa é um fenômeno desnecessário para a manutenção da vida na Terra. Sem ele, as temperaturas médias seriam cerca de 2 graus mais brandas. O lançamento de grandes quantidades de oxigênio na atmosfera, em virtude dos processos de fotossíntese, tem reduzido esse efeito, provocando a diminuição do aquecimento global. E O efeito estufa é um fenômeno necessário para a manutenção da vida na Terra como conhecemos, sem o qual as temperaturas médias seriam em torno de 90ºC mais frias. Dessa forma, o lançamento de grandes quantidades de gases de efeito estufa na atmosfera, provocando o aquecimento global, traz mais benefícios do que prejuízos à sociedade. Parabéns! A alternativa D está correta. O fenômeno da hipoxia relaciona-se com a baixa concentração de oxigênio nas águas dos oceanos em virtude do aumento da concentração de CO₂, poluição e por causas naturais, como a proliferação de algas. Esse fato leva ao aparecimento de "zonas mortas", nas quais as espécies marinhas não sobrevivem. Considerações �nais Aprendemos que a sustentabilidade é a busca por equilíbrio entre a exploração de recursos naturais e uma demanda responsável por parte da sociedade. Com base nesta ideia, estudamos os conceitos de desenvolvimento sustentável e de sociedade sustentável. Conhecemos as fontes de energia poluentes e também as renováveis. Apendemos sobre a poluição, suas consequências no meio ambiente e sobre formas de evitá-la ou remediá-la. A identificação dos problemas ambientais, suas principais causas e consequências é importante para que o homem, como indivíduo, bem A Trata-se do acúmulo de resíduos denominados “ilhas de plástico” B Trata-se do aquecimento das águas do oceano C Trata-se do derretimento das geleiras costeiras D Trata-se de uma redução da concentração de O₂ dissolvido E Trata-se do assoreamento das áreas costeiras que recebem os rios a partir do continente como os governos, as organizações e as empresas busquem soluções que garantam a sobrevivência das futuras gerações. Podcast Neste podcast, o especialista fará um resumo dos assuntos abordados no tema, destacando as causas, consequências e soluções para os problemas ambientais, que garantam a sustentabilidade. Referências BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Reciclagem de latas de alumínio bate recorde no Brasil em 2020. Consultado na internet em: 13 dez. 2021. BRUNDTLAND, G. H. Nosso futuro comum - Relatório Brundtland. Nações Unidas. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1991. JR, A. P.; REIS, L. B. Energia e sustentabilidade. Barueri: Manole, 2016. ONU. Department of Economic and Social Affairs - Social Inclusion: Report of the World Summit for Social Development. 1995. Consultado na internet em: 13 dez. 2021. RACIAL JUSTICE TOOLKIT. Acesso às necessidades básicas para todos. Consultado na internet em: 13 dez. 2021. Explore + Caso queira ter duas amostras das consequências de uma sociedade que se desenvolve de forma não sustentável, assista aos seguintes filmes, ambos disponíveis na internet: O documentário A era da estupidez; A animação WALL-E.
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