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capitulo 9 Hipovitaminoses fisiopatologia e tratamento

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1 
CCaappííttuulloo 99 
HHiippoovviittaammiinnoosseess:: ffiissiiooppaattoollooggiiaa ee ttrraattaammeennttoo 
Helio Vannucchi 
 
Vitaminas são compostos orgânicos, quimicamente não 
relacionados entre si, essenciais para reações metabólicas 
específicas no meio celular e são vitais para o funcionamento e 
crescimento normal dos organismos. Elas podem ser oferecidas ao 
organismo preferencialmente por meio dos alimentos ou por 
medicamentos, quando indicadas. 
 
 
 
 
 
Fig. 1 Fonte natural de vitaminas 
 
 
As vitaminas atuam como coenzima isoladamente ou em 
conjunto com minerais ou como grupo prostético de enzimas 
responsáveis por reações químicas essenciais. Uma característica 
nutricional marcante das vitaminas vem do fato de não serem 
fontes de calorias e também de não contribuir de modo apreciável 
para o aumento da massa corpórea. As vitaminas são 
classicamente divididas em lipossolúveis (A, D, E, K) e 
hidrossolúveis (B1, B2, B12, B6, niacina, ácido fólico, vitamina C, 
ácido pantotênico e biotina). sendo essenciais em número de 13 ao 
 
 
2 
organismo humano1. Esta divisão se fundamenta na forma 
fisiológica de absorção intestinal e no seu armazenamento no 
organismo. A absorção das vitaminas lipossolúveis ocorre 
primariamente por via micelar e sua deficiência está muito 
freqüentemente associada aos quadros de má-absorção. As 
hidrossolúveis não são absorvidas através da fase lipofílica no 
intestino2. 
A deficiência de vitaminas continua a acontecer em pacientes 
alcoólatras ou em casos de abuso de drogas e entre aqueles com 
alimentação alternativa. Secundariamente, a deficiência de 
vitaminas ocorre como resultado de alteração da absorção, 
alteração de transporte, armazenamento ou utilização celular ou 
ainda por perdas excessivas e estas situações devem chamar a 
atenção na pratica clínica. A utilização indevida e disseminada de 
suplementos vitamínicos tem levado à situações de toxicidade 
principalmente por desconhecimento de suas funções e suas 
propriedades. 
Fig 2 Efeito biológico da oferta de vitaminas 
 
 
VITAMINA A 
0 A B D E F G H I J K
Nutric Farmac Tóx
 
 
3 
A vitamina A é um componente integral da rodopsina e 
iodopsina que são sensíveis à luz nos cones e bastonetes da retina. 
A hiperqueratose folicular e a cegueira noturna são manifestações 
iniciais da deficiência. A xerose conjuntival e a degeneração da 
córnea (ceratomalácea) indicam deficiência mais grave. A mancha 
de Bitot, áreas focais da conjuntiva ou córnea com aparência 
esponjosa indicam a presença de xerose. A cegueira devido à 
destruição da córnea e retina ocorre se a deficiência não for 
corrigida com perda do sistema visual. 
O aumento da sensibilidade a processos infecciosos é considerado 
também uma conseqüência da deficiência de vitamina A. 
A ingestão diária de quantidades maiores de 15.000 UI 
durante os primeiros meses da gestação pode ter efeito 
teratogênico. A ingestão excessiva de muitos carotenóides produz 
a hipercarotenemia com o aparecimento de coloração amarelada 
em áreas da pele com acúmulo de glândula sudoríparas nas regiões 
palmar, plantar e sulcos naso-genianos, ver figura 3A. 
 
 
Fig. 3 Carotenemia (A) e hipervitaminose A (B) 
 
 
4 
 
A concentração de retinol no plasma pode ser bom parâmetro 
do estado nutricional relativo a esta vitamina. A intoxicação pode 
ser diagnosticada laboratorialmente pela determinação sérica de 
ésteres retinilícos. A medida da adaptação ao escuro ou o 
eletroretinograma são testes funcionais úteis. 
Após a administração, a absorção do retinol é realizada 
similarmente à das gorduras. Na presença de anormalidades da 
absorção das gorduras, a absorção do retinol também sofre 
redução. A absorção do retinol é quase integral em condições de 
normalidade do aparelho gastrointestinal, observando-se que sua 
absorção e de seus ésteres é mais completa em jejum e se 
administrados como soluções aquosas. O armazenamento da 
vitamina A é feito em forma de ésteres de retinil, e após hidrólise 
dos ésteres o fígado libera continuamente retinol livre na 
circulação sangüínea, mantendo uma concentração constante de 
sua forma ativa na circulação. Metabolicamente, o retinol sofre 
conjugação com o ácido glicurônico, entrando na circulação 
entero-hepática, sofrendo oxidação em ésteres de retinol e ácido 
retinóico. Substâncias que produzem retinol são designadas de 
pró-vitamina A, a mais ativa destas é o -caroteno, que é um 
dímero de retinol. 
A concentração normal de retinol no plasma é de 30 a 70 
mcg/dl (1,04μmol/L a 2,43μmol/L). A administração de pequenas 
quantidades de vitamina E aumenta o armazenamento do retinol 
nos tecidos. A concentração sangüínea não é um guia 
recomendável para o estudo individual da vitamina A, mas valores 
 
 
5 
baixos de retinol sangüíneo significam que o armazenamento 
hepático da vitamina pode estar esgotado. O retinol não é 
eliminado na urina e sob forma inalterada é excretado somente em 
casos de lesão renal ou de processos infecciosos graves3. Quando 
altas doses de vitamina A são administradas é que certa proporção 
sofre excreção sob forma inalterada nas fezes.. 
A vitamina A preformada e o carotenóide dos alimentos são 
liberadas das proteínas no estômago. Deste ponto, ésteres de retinil 
são hidrolizados no intestino delgado sob forma de retinol, que é 
absorvido mais eficientemente do que os ésteres. Os carotenóides 
são clivados dentro das células da mucosa intestinal em moléculas 
de retinaldeído, que são reduzidos a retinol e então esterificados a 
ésteres de retinil que são transportados no plasma.4. 
 Cerca de 50-80% da vitamina A no corpo é estocado no 
fígado onde é ligado à proteína ligadora de retinol (RBP). Esse 
estoque regula os efeitos de variabilidade nas taxas de ingestão de 
vitamina A, particularmente contra os riscos de deficiência durante 
períodos de baixa ingestão dessa vitamina5. 
 A vitamina A pode ser mobilizada do fígado para 
distribuição nos tecidos periféricos na dependência da oferta 
alimentar. Sendo essa ingestão deficiente, o processo envolve a de-
esterificação de ésteres de retinil e a ligação de retinol a um 
transportador específico, a RBP, que circula no plasma em um 
complexo com transtiretina (pré-albumina), composto este que 
impede a excreção do complexo retinol-RBP na urina. Em 
indivíduos saudáveis, o retinol plasmático é mantido dentro de 
uma variação estreita de 1,39 a 1,73μmol/L em adultos e 
 
 
6 
aproximadamente metade nas crianças. Visto que a síntese 
hepática da PLR depende da presença tanto de zinco quanto de 
aminoácidos e de níveis de retinol plasmático, os níveis da PLR 
podem ser afetados por diferenças daqueles nutrientes bem como 
deficiência crônica da vitamina A grave o suficiente para depletar 
estoques de éster de retinil hepático. Assim, crianças com 
desnutrição protéico-calórica tipicamente mostram baixos níveis 
circulantes de retinol que podem não responder à suplementação 
de vitamina A, a menos que a deficiência protéica seja corrigida. 
 O ácido retinóico, no qual o grupo álcool foi oxidado, é 
absorvido após passagem na circulação pela veia porta e 
transportado no plasma como um complexo ligado à albumina. De 
modo diferente do retinol, o ácido retinóico não é armazenado no 
fígado, sendo rapidamente excretado. 
 Somente um terço do -caroteno ingerido é absorvido, assim 
como os outros carotenóides, cuja absorção encontra-se na 
dependência dos sais biliares, por isto, a ingestão de óleo mineral 
diminui sua absorção. Após ser absorvido, ocorre a conversão do 
-caroteno em retinol, seguido depois de oxidação em ácido 
retinóico 
 Os compostos carotenóides são biologicamente ativos após 
sua transformação em retinol, sendo seu teor no sangue de 
10,4μmol/L. A carotenemia depende da ingestão alimentar e 
suplementações e o diagnóstico de seus níveis séricospode ser 
aventado pela anamnese alimentar, confirmados pelo teor de 
caroteno no sangue e pela ausência da pigmentação amarela da 
esclerótica. 
 
 
7 
 Deficiência primária de vitamina A resulta da ingestão 
inadequada da vitamina A pré-formada e carotenóides. 
Deficiências secundárias resultam de má-absorção devido a 
insuficiência dietética de lípides, insuficiência pancreática ou 
biliar e de transporte prejudicado devido a abetalipoproteinemia, 
doença hepática, desnutrição protéico-calórica ou deficiência de 
zinco. 
 O retinol mantém o epitélio normal por participar da síntese 
de glicoproteínas. Faz parte essencial também do ciclo da visão e é 
importante na manutenção da função reprodutiva. Atua no 
crescimento, diferenciação e morfogênese celular, havendo 
evidências de atividade anti-neoplásica. 
 Os carotenóides, que inclui o caroteno e moléculas similares, 
agem em múltiplas funções biológicas, como antioxidação, 
comunicação intercelular, resposta imunológica e transformação 
neoplásica. 
Devido a abundância de reserva hepática e dificuldades em 
obter critérios funcionais para carência de vitamina A na infância e 
adolescência, as necessidades nessa faixa etária são imprecisas e 
portanto extrapoladas a partir dos valores para adultos. A 
recomendação é discretamente aumentada em gestantes e durante 
a amamentação. 
 Tanto o retinol como os carotenos são hidrolisados pelo suco 
pancreático e por enzimas do epitélio intestinal antes de serem 
absorvidos. O retinol necessita ser emulsificado pela bile, ao 
contrário dos carotenos. Vários fatores influenciam a absorção. 
Em estados carenciais a eficiência é alta, diminuindo muito com a 
 
 
8 
ingestão de grande quantidade. O calor do alimento e a presença 
de alimentos gordurosos no lúmen favorecem a absorção. 
Colestiramina e óleo mineral a prejudicam. 
 A ingestão insuficiente de alimentos de origem animal ou 
ricos em precursores da vitamina A ou estados malabsortivos 
podem ocasionar carência dessa vitamina. 
Quadro clínico 
 As manifestações clínicas da deficiência de vitamina A são 
oculares e divididas em 5 estágios: 
 X0: Adaptação da retina ao escuro prejudicada (cegueira 
noturna) 
 X1: Xerose e acúmulo de material esponjoso na conjuntiva 
(Manchas de Bitot) 
 X2: Xerose e erosões superficiais da córnea 
 X3: Ulceração irreversível da córnea 
 X4: Fibrose e amolecimento da córnea 
 
No Brasil, em regiões do Nordeste, ou em alguns municípios 
isolados, as afecções oculares por deficiência de vitamina A 
atingem freqüência elevada, o que tem levado as autoridades 
sanitárias ao emprego de meios visando o fornecimento de 
vitamina A em forma de medicamentos visto que, o 
enriquecimento dos alimentos com esta vitamina ainda não é uma 
realidade em nosso meio6,7,8. Entre adultos a deficiência é 
comumente encontrada nas doenças crônicas que afetam a 
absorção, como as afecções dos tratos hepático e biliar, sprue, 
colite ou em regimes dietéticos inadequados. 
 
 
9 
 
USO TERAPÊUTICO 
 No tratamento da xeroftalmia tem-se dado preferência à 
injeção intramuscular de 100.000 UI de palmitato de retinil em 
solução miscível na água seguida em 24 horas de nova dose de 
100.000 UI via oral em solução oleosa de palmitato de retinil ou 
palmitato de vitamina A. 
 A administração de 5.000 a 30.000 UI por via oral, corrige o 
estado carencial, devendo as doses mais elevadas serem usadas em 
quadros malabsortivos ou com acometimento de córnea. O tempo 
de tratamento recomendado é de 5 a 7 dias. 
Em adultos doses maiores de 500.000 UI podem causar 
intoxicação aguda caracterizada por hipertensão intracraniana, 
esfoliação da pele e necrose hepatocelular. A intoxicação crônica 
pode ocorrer com ingestão habitual diária de quantidades maiores 
de 25.000 UI, caracterizadas por: alopecia, ataxia, dermatite, 
pseudotumor cerebral, calcificação de partes moles (figura 3B) 
necrose hepatocelular e dislipidemia. 
 Grandes doses of cantaxantina, um carotenóide, podem 
induzir a retinopatia. Alguns estudos sugerem que a 
hipervitaminose sub-clínica pode aumentar o risco de fraturas. O 
risco de fratura é maior entre homens com os maiores níveis 
séricos de retinol9. 
No Brasil, algumas frutas da Região Amazônica podem se 
constituir em boas fontes de vitamina A como por exemplo a 
pupunha 10. 
INTERAÇÕES 
 
 
10 
Colestiramina pode induzir deficiência de vitamina A. 
Kanamicina – pode alterar a absorção das gorduras e 
acarretar malabsorção das vitaminas A e K. 
Óleos minerais – possíveis deficiências de vitaminas A, D e 
K. Diminui a absorção de vitamina A. 
Vitamina D e A tem tendência a potencializarem-se. 
 
VITAMINA D 
 
O termo vitamina D se refere a um conjunto de substâncias 
derivadas de alguns esteróis e que atuam no metabolismo do 
cálcio. Esses esteróis (pró-vitaminas) são convertidos nas formas 
ativas da vitamina D através da irradiação ultravioleta. A obtenção 
pode se dar de duas maneiras: produção endógena pela irradiação 
na pele da vitamina D3 (colecalciferol) ou ingerida na alimentação 
(Vitamina D2, produzida através da irradiação do ergosterol, 
esterol vegetal). Ambas são convertidas no fígado em 25-
hidroxicolecalciferol (25OHD3) que por sua vez é transformada 
no rim em 1,25-diidroxicolecalciferol (1,25(OH)2D3) e em 24,25-
diidroxicolecalciferol (24,25(OH)2D3. A maior parte da atividade 
da Vitamina D advém da 1,25(OH)2D3. 
Esta vitamina mantém as concentrações intra e extracelular 
de calcio e fosfato controlando a absorção intestinal desses dois 
íons e junto com o paratohormônio, promove a mobilização a 
partir dos minerais ósseos. 
A deficiência resulta em raquitismo em crianças e 
osteomalácia nos adultos. A expansão da placa de crescimento da 
 
 
11 
epífise e a reposição de osso normal com matriz óssea não 
mineralizada é o evento mais importante. A deformação óssea e 
fraturas patológicas podem ocorrer. A concentração sérica de 
cálcio e fosfato podem diminuir. 
Oferta excessiva pode levar a concentrações séricas 
anormalmente altas de cálcio e fosfatos, e, então, calcificações 
metastáticas e lesão renal podem ocorrer. 
A concentração sérica do maior metabólito circulante, 25-
hidroxivitamina D, indica o estado sistêmico, com exceção do 
paciente renal crônico, no qual a diminuição da hidroxilação 1 no 
rim resulta em dissociação da concentração de monohidroxi- e 
dihidroxivitamina D. As dosagens da concentração sérica de 1,25-
dihidroxivitamina D é, então, necessária. 
Essas ações combinadas asseguram nível sérico de cálcio e 
fósforo e a mineralização normal. Alguns metabólitos da vitamina 
D, principalmente a 25-OH-D3, parecem atuar diretamente no 
tecido ósseo, aumentando a deposição de cálcio. 
 A principais fontes naturais são peixes com alto teor de 
gordura, ovos, fígado e leite e derivados. A alimentação contribui 
apenas com pequena parcela da quantidade de vitamina D 
necessária. 
 A absorção da vitamina D e de seus precursores se dá no 
intestino delgado, principalmente na porção ileal e é mediada 
pelos sais biliares por serem lipossolúveis. O armazenamento se dá 
no fígado, que também participa de importantes passos do 
metabolismo desta vitamina. 
 
 
12 
 A deficiência de Vitamina D ocorre quando há baixa 
exposição solar (e conseqüente diminuição da produção endógena) 
não compensada pela mobilização das reservas, ingestão ou 
absorção da mesma. 
O raquitismo também chamado de osteomalácia da infância, 
é causado por baixa mineralização óssea. Os recém-nascidos são 
de alto risco, pois têm baixa exposição solar, a atividade da 25-
hidroxilase hepática não é completamente desenvolvida e a 
quantidade da vitamina no leite geralmente não é suficiente. A 
calcificação do osso recém formado e da cartilagem epifisária é 
comprometida, porém a produção de nova cartilagem não cessa, 
ocorrendo irregularidades e aumentoda largura das epífises bem 
como acúmulo de material osteóide na diáfise. O quadro clínico se 
caracteriza por craniotabes, deformidade torácica, curvamento de 
ossos longos, fraturas em “galho verde”, fraqueza muscular, 
tetania, convulsões e crescimento deficitário. 
A osteomalácia do adulto como o crescimento endocondral 
de ossos longos já cessou, a principal alteração não é a baixa 
calcificação da cartilagem como na caso do raquitismo. Ocorre um 
déficit de mineralização óssea mediada por osteoblastos, que se 
instala insidiosamente. No início, a calcemia e fosfatemia podem 
estar normais, se tornando baixas com o passar do tempo. Dores 
ósseas difusas e fraqueza muscular são os principais sintomas. 
Geralmente a doença se desenvolve em pacientes com 
insuficiência renal crônica (diminuição da atividade da -1-
hidroxilase), hepatopatas (diminuição da atividade da 25-
hidroxilase, enterectomizados (baixa absorção) ou em uso de 
 
 
13 
anticonvulsivantes, pois, estimulam a formação de formas 
inativas11. 
 
USO TERAPÊUTICO 
 
Em pacientes com o diagnóstico firmado de raquitismo ou 
osteomalácia, a reposição imediata de vitamina D é recomendada. 
Todos os pacientes devem receber suplementação adequada de 
sais de cálcio. No caso do raquitismo, vários esquemas têm sido 
propostos, com a dose diária variando de 1.000 a 10.000 UI de 
colecalciferol ou ergocalciferol, sendo em casos emergenciais 
necessárias por vezes doses iniciais de até 50.000 UI. Após 2 a 3 
semanas, com a melhora clínica e laboratorial as doses podem ser 
reduzidas e então recomendam-se doses profiláticas. A 
osteomalácia do adulto é tratada com doses de 50000 UI por via 
oral uma a duas vezes por semana por seis a doze meses, seguida 
por 1000 UI por dia. Em pacientes com má absorção ou 
enterectomizados, doses maiores ou parenterais podem ser 
necessárias. 
 Hipercalcemia aguda ocasiona náuseas, anorexia, poliúria, 
dor abdominal, obstipação intestinal, dores ósseas, gosto metálico 
na boca e desidratação. Em casos crônicos ocorrem 
nefrocalcinose, insuficiência renal, litíase urinária, perda de peso, 
irritabilidade, psicose, pancreatite, hipertensão arterial e arritmias 
cardíacas. 
 
VITAMINA E 
 
 
14 
 
Trata-se de um grupo de pelo menos 8 compostos com 
atividade biológica, alguns são tocoferóis e outros são tocotrienóis. 
A forma biologicamente ativa é representada pelo alfa-tocoferol e 
atua como antioxidante e neutraliza radicais livres em ambiente 
lipofílico, especialmente em membranas celulares12. Uma Unidade 
Internacional (UI) de vitamina E equivale a 1 mg de acetato de 
alfa-tocoferol. 
Atua sinérgicamente com outros antioxidantes como o 
selênio. 
A deficiência dessa vitamina devida a alterações dietéticas pode 
ser observada em crianças prematuras, nos casos de síndrome de 
má absorção e em pacientes com abetalipoproteinemia, evoluindo 
com quadro importante de distrofia muscular, ver figura 4. 
Fig 4 – Distrofia muscular por hipovitaminose E 
 
A fragilidade de hemáceas produz anemia hemolítica. 
Degeneração neurológica produz neuropatias periféricas, 
oftalmoplegias e destruição do cordão posterior da medula 
espinhal. Doenças neurológicas freqüentemente irreversíveis 
 
 
15 
ocorrem se a deficiência não for tratada no período inicial. Pode 
contribuir para a anemia hemolítica em crianças prematuras. 
Os níveis plasmáticos ou séricos de alfa-tocoferol são 
comumente utilizados para o diagnóstico bioquímico. 
Aceita-se que a vitamina E, especialmente na sua forma de alfa-
tocoferol, pode exercer ação antioxidante, reduzindo o estresse 
oxidativo causado pelo aumento dos radicais livres. Vários 
trabalhos experimentais em animais mostram efetiva ação 
antioxidante da vitamina E em situações como o diabetes induzido 
pela estreptozotocina,13 lesão renal,14 ingestão crônica ou aguda de 
etanol,15 carcinogênese hepática16 e processos de natureza 
inflamatória17. Entretanto, como contraponto aos inúmeros estudos 
experimentais descritos na literatura científica, os dados 
envolvendo a suplementação em pacientes como terapia ou 
prevenção em doenças crônicas tem se mostrado confusos e 
desapontadores18,19. Por outro lado, existem evidências que uma 
dieta rica em antioxidantes naturais, especialmente oriundos de 
frutas e vegetais in natura, é a melhor estratégia nutricional na 
prevenção de doenças. A ingestão das frutas e os vegetais foram 
associados com risco mais baixo de câncer ou morte por doença 
cardiovascular20. Estes achados suportam a recomendação geral de 
se consumir porções múltiplos e variadas das frutas e vegetais (5 a 
9 porções por dia). 
 A vitamina E é encontrada naturalmente em folhas verdes, 
óleos vegetais, grãos, nozes e amêndoas. Fontes animais incluem 
ovos, fígado e carnes em geral. O conteúdo da vitamina em tais 
 
 
16 
alimentos é muito afetada por processamentos como cozimento e 
estoque 
 A vitamina E necessita ser emulsificada pelos sais biliares e 
hidrolisada pela lipase pancreática para, então, ser absorvida de 
forma passiva no intestino delgado. Menos de 40% do total 
ingerido é absorvido, sendo excretado o restante nas fezes. Há 
dúvidas quanto à existência ou não de circulação entero-hepática. 
É armazenada no fígado e em todo o tecido adiposo do organismo. 
A deficiência isolada de vitamina E é rara e geralmente se 
manifesta em um dos quatro seguintes grupos 
1. Recém-nascidos principalmente de parto prematuro: a vitamina 
cruza muito pobremente a placenta e há escassez de tecido adiposo 
intra-útero 
2. Estados malabsortivos ou com obstrução biliar 
3. Pessoas com dieta pobre em vitamina E (dietas com restrições 
muito específicas) 
Em recém-nascidos a principal manifestação é icterícia por 
anemia hemolítica, podendo haver também edema, edema, 
taquipnéia e irritabilidade. 
 
USO TERAPÊUTICO 
 Doses de 100 a 200 UI/Kg por dia por via oral por 
aproximadamente 2 a 3 semanas (até normalização dos níveis 
plasmáticos). 
 A diminuição dos níveis de vitamina K-dependente de pró 
coagulantes e potencialização da ação de anticoagulantes orais tem 
sido descritas, assim como a diminuição da função de leucócitos. 
 
 
17 
Doses de 50 UI/dia podem aumentar a incidência de hemorragias, 
principalmente AVC hemorrágico. Seu uso abusivo tem sido 
relacionado da mortalidade geral21. 
 
VITAMINA K 
 O termo vitamina K se refere a um grupo de moléculas que 
têm em comum a presença do composto naftoquinona. Duas 
formas naturais já foram isoladas, conhecidas como vitamina K1 
(filoquinonas), presente em vegetais e vitamina K2 
(menaquinonas), produzidas por bactérias e presentes em 
alimentos de origem animal. 
 A vitamina K age através da carboxilação de algumas 
proteínas determinando ligação de cálcio a elas. Tem por isso 
papel determinante na regulação da coagulação sanguínea, 
havendo tanto fatores pró-coagulantes (II, VII, IX e X) como 
fatores anticoagulantes (proteínas C e S) dependentes dela. A sua 
deficiência ou inibição determina alteração da coagulação. 
Devido a produção de vitamina K pelas bactérias colônicas a 
recomendação da vitamina não é determinada 
 A principal fonte da natural vitamina K1 são os vegetais na 
forma de folhas e a sua concentração é diretamente proporcional à 
quantidade de clorofila presente em tais alimentos. Folhas verdes 
como brócolis, couve, espinafre e escarola são exemplos de 
alimentos ricos em vitamina K. Outras fontes dietéticas incluem 
óleos vegetais específicos como de soja, canola e oliva. 
 
 
18 
 Como as demais vitaminas lipossolúveis, a absorção da 
vitamina K depende dos sais biliares e é passiva, ocorrendo 
predominantemente no intestino delgado. Após ser absorvida é 
transportada pelos vasos linfáticos e armazenada no fígado, onde é 
também metabolizada. Ao contrário das outras vitaminas 
lipossolúveis o estoque no tecido adiposo não é grande,sendo, 
porém, encontrada nas glândulas adrenais, pulmões, medula óssea, 
rins e gânglios linfáticos após ser liberada do fígado. 
 A deficiência de vitamina K ocorre quando há uma 
quantidade intraluminal inadequada do composto, baixa 
concentração de sais biliares ou anormalidades hepáticas e 
intestinais (inclusive relativas à flora bacteriana). Estão sob risco: 
recém-nascidos, pacientes com estados malabsortivos, hepatopatas 
ou pessoas com dieta pobre em vitamina K na vigência de 
antibioticoterapia. 
 Embora não se configure deficiência vitamínica, muitos 
fármacos interferem no metabolismo da vitamina K, determinando 
manifestações idênticas, como a warfarina, hidantoína, alguns 
antibióticos e diuréticos. 
 As manifestações clínicas são decorrentes das anormalidades 
na coagulação sanguínea22. 
 
USO TERAPÊUTICO 
 Para a correção da deficiência, injeção subcutânea ou 
intramuscular de 2,5 a 25 mg de vitamina K usualmente é 
suficiente. O controle deve ser feito por meio do tempo de 
 
 
19 
protrombina após 6 a 8 horas, podendo a dose ser repetida, se 
necessário. 
 Não há relatos de toxicidade em crianças e adultos com 
doses de até 500 vezes a quantidade diária recomendada. A partir 
desse valor pode ocorrer hepatotoxicidade. Grandes quantidades 
administradas durante a gravidez ou ao recém-nascido podem 
ocasionar icterícia. 
 
TIAMINA (VITAMINA B1 ) 
A tiamina em combinação com o fósforo forma a coenzima 
tiamina pirofosfato (TPP) que atua como uma cocarboxilase. Esta 
forma é necessária para a descarboxilação oxidativa do piruvato, 
formando acetato e acetil coenzima A, que é o componente 
principal do Ciclo de Krebs. De um modo geral a TPP é necessária 
para a descarboxilação de outros alfa-ceto-ácidos (ácido alfa-
cetoglutárico e cetocarboxilatos) derivados dos aminoácidos 
metionina, leucina, isoleucina e valina. A deficiência de tiamina 
leva a diminuição dessas reações e conseqüentemente da 
diminuição da síntese de ATP e alterações do metabolismo de 
carboidratos, gorduras e proteínas, entretanto, os efeitos da 
deficiência de tiamina estão mais ligados ao metabolismo cerebral 
dos carboidratos. Por suas funções essenciais no sistema nervoso a 
tiamina é conhecida como vitamina antineurítica. 
O quadro clássico de deficiência ("beriberi") foi descrito em 
populações da Ásia que consumiam dieta de arroz polido. O 
alcoolismo e procedimentos de diálise em renais crônicos são 
também importantes situações. A ingestão alta de carboidratos ou 
 
 
20 
infusão de glicose aumenta a necessidade de vitamina B1. A 
deficiência produz várias combinações de neuropatia periférica, 
alterações cardiovasculares e disfunção cerebral, ver figura 5. A 
Síndrome de Wernicke-Korsakoff está estreitamente associada à 
deficiência, de tiamina e o quadro clínico inclui ataxia cerebelar e 
ptose palpebral. A alteração cardiovascular (“beriberi úmido”) 
inclui insuficiência cardíaca congestiva com débito cardíaco alto e 
baixa resistência vascular periférica o que configura situação de 
circulação hiper-dinâmica. 
 
 Fig. 5 Beri Beri 
A- Insuficiência cardíaca congestiva (antes e após tratamento) 
B- Neuropatia perif érica com atrofia muscular 
C- Atrofia cerebral na Doença de Wernicke 
 
O quadro clínico da Sindrome de Wernicke-Korsakoff: é 
caracterizado por uma tríade de sinais e sintomas: (1) alterações 
motoras oculares, (2) ataxia e (3) comprometimento das funções 
mentais. Esta é causada principalmente pelo alcoolismo e menos 
 
 
21 
comumente pela administração parenteral de glicose e realização 
de diálise em pacientes com deficiência subclínica de tiamina. 
 Os acometimento ocular decorre de lesões no tronco cerebral 
(núcleo abducente), e nos centros de movimentação ocular, 
situados na ponte e no mesencéfalo. Ocorre paresia ou paralisia de 
abdução, acompanhada de diplopia horizontal, estrabismo e 
nistagmo. Pode haver perda completa da movimentação ocular e 
as pupilas podem tornar-se mióticas e não reativas. A ataxia é 
secundária à lesão degenerativa, com perda de neurônios 
cerebelares. 
O acometimento da função mental pode se dar por: (1) estado 
confusional agudo, (2) sintomas de abstinência alcoólica e (3) 
síndrome amnéstica acompanhada de comprometimento do 
aprendizado e da confabulação, caracterizando a síndrome. O 
defeito amnéstico está relacionado às lesões no diencéfalo. 
 Habitualmente ocorre uma seqüência de sintomas iniciando 
com nistagmo, paralisia dos músculos retos oculares, levando a 
oftalmoplegia uni ou bilateral acompanhada de redução no 
nistagmo, ataxia, seguida de estado confusional agudo, que pode 
evoluir para síndrome de Wernicke-Korsakoff, mesmo após 
reposição de tiamina. 
A ingestão excessiva é largamente excretada na urina, 
entretanto, doses maiores de 400 mg/dia causam letargia, ataxia e 
redução da tonicidade do trato gastrointestinal. 
A determinação laboratorial mais eficiente é dada pela 
medida da razão da atividade da transcetoslase eritrocitária que 
mede a atividade antes e após administração de TPP exógena. O 
 
 
22 
eritrócito de um indivíduo deficiente expressa aumento da 
atividade da enzima com a administração de TPP. A medida da 
tiamina plasmática ou urinária são também utilizadas. 
É encontrada numa grande variedade de fontes animais e 
vegetais: como carnes magras, vísceras (especialmente o fígado, 
coração e rins), gema de ovo e os grãos integrais. 
Sem tiamina o sistema nervoso central fica prejudicado na 
sua obtenção de energia (glicose), e também ocorre a degeneração 
da bainha de mielina das fibras nervosas e dos nervos periféricos. 
Encefalopatia de Wernicke é causada pela deficiência aguda de 
tiamina, sendo caracterizada pela confusão mental, dificuldade na 
coordenação motora e paralisia do nervo ocular (oftalmoplegia). 
Alcoólatras crônicos podem sofrer de deficiência grave de tiamina 
devido à ingestão baixa, má-absorção ou fosforilação defeituosa23. 
Não são conhecidos efeitos tóxicos da tiamina em doses 
clinicamente recomendadas, entretanto, reações adversas à tiamina 
podem ocorrer, mas são raras: náuseas, edema pulmonar e colapso 
cardiovascular. 
 
RIBOFLAVINA - VITAMINA B2 
 
A riboflavina tem um papel central como cofator redox no 
metabolismo gerador de energia e é essencial para formação dos 
erotrócitos, para a neoglicogênese e regulação das enzimas 
tireoideanas. Combina-se ao ácido fosfórico nos tecidos, fazendo 
parte de duas coenzimas: flavina mononucleotídeo (FMN) e FAD, 
que participam dos processos de oxi-redução nas células, 
 
 
23 
principalmente como transportadoras de hidrogênio no sistema 
mitocondrial de transporte de elétrons. Atuam também como 
coenzimas das desidrogenases, que catalisam o primeiro passo na 
oxidação de alguns compostos intermediários do metabolismo da 
glicose e de ácidos graxos. Também está envolvida na ativação da 
vitamina B6.. A concentração de coenzimas de riboflavina nos 
tecidos parece estar sob controle da atividade da flavoquinase e da 
síntese e catabolismo de enzimas dependentes de flavina24. 
Com base em estudos de depleção – repleção, a quantidade 
mínima necessária de riboflavina tem variado entre 0,5 – 0,8 
mg/dia. Em estudos populacionais foram observados valores 
normais de atividade da glutationa redutase eritrocitária com uma 
ingestão habitual de 1,2 – 1,5 mg/dia. 
As RDAs calculadas para a riboflavina, dentro das recentes 
DRIs (Dietary Reference Intakes), estão dispostas na tabela 1, 
segundo faixa etária e sexo. As gestantes necessitam de 1,4 mg de 
riboflavina por dia e as lactantes, 1,6 mg/dia. 
Entre os alimentos fonte podemos destacar o leite, seus 
derivados e vísceras25. 
 
 
 
24 
 Fig 6 - Deficiência de riboflavina 
 
 
A deficiência é caracterizada por lesões nos cantos da boca e 
nos lábios (ver figura 6), descamação dolorosa na língua deixando-
a vermelha, secae atrófica e dermatite seborréica, afetando 
especialmente as partes nasolabiais, com anormalidades na pele ao 
redor da vulva e anus. As lesões na boca podem responder tanto a 
riboflavina como a vitamina B6 em indivíduos aparentemente 
deficientes em B2. Pode também aparecer conjuntivite com 
vascularização da córnea e opacidade do cristalino. Este último 
sinal corresponde a única lesão da ariboflavinose, onde as bases 
bioquímicas são conhecidas. A glutationa é importante para a 
manutenção da transparência normal do cristalino e a glutationa 
redutase é uma flavoproteína que é particularmente sensível à 
depleção de riboflavina. 
A excreção urinária de riboflavina e seus metabólitos podem 
ser utilizados como índice de estado nutricional do indivíduo em 
relação a esta vitamina. Tanto a excreção basal como a excreção 
após uma dose teste de riboflavina, refletem o estado nutricional 
 
 
25 
do indivíduo em relação a esta vitamina. A glutationa redutase é 
especialmente sensível à depleção de vitamina B2 e sua atividade 
no eritrócito pode também ser utilizada como índice de estado 
nutricional. 
USO TERAPÊUTICO 
Os estados de deficiência devem ser tratados com 5 a 10 
mg/dia de riboflavina por via oral. Freqüentemente a deficiência 
de outras vitaminas do complexo B está presente e se faz 
necessária a reposição em conjunto dessas vitaminas. Em estados 
de má absorção pode estar indicado o uso profilático de 3 mg/dia 
de riboflavina. 
 O excesso de riboflavina pode ocasionar coloração 
alaranjada na urina. 
Devido a sua baixa solubilidade e limitada absorção do trato 
gastrointestinal, a vitamina B2 não tem toxicidade por via oral 
significante ou mensurável. Em doses parenterais extremamente 
altas (300- 400 mg/kg peso corporal) pode haver cristalização da 
riboflavina no rim devido a sua baixa solubilidade. 
 
NIACINA (VITAMINA B3) 
 
Niacina é um nome genérico que pode ser usado para indicar 
ambos ácido nicotínico e nicotinamida, duas distintas espécies 
moleculares, capazes de atuarem como precursoras de NAD 
(nicotinamida adenina dinucleotídeo) na maioria dos organismos 
vivos por meio de distintas reações catalisadas por enzimas. 
 
 
26 
Desempenha papel indispensável nas reações de óxido-redução 
envolvidas no catabolismo da glicose, dos ácidos graxos, das 
cetonas corporais e dos aminoácidos. 
Semelhante ao triptofano, o papel da niacina como precursor 
de NAD foi descoberto pela capacidade dessa vitamina atuar como 
fator anti-pelagra26. 
A pelagra clássica é uma doença nutricional debilitante 
caracterizada pela deficiência combinada da vitamina niacina e do 
aminoácido essencial triptofano, ou ambos. O termo pelagra é 
derivado da palavra italiana “pelle agra” que significa pele áspera. 
Esta doença apresenta um grupo de sintomas que envolvem 
dermatite, diarréia, demência e quando não tratada, embora muito 
raramente, a morte. O prognóstico é complicado pelos sinais de má 
nutrição protéico-calórica e pelo desequilíbrio de aminoácidos, 
particularmente pelos baixos níveis de triptofano. 
A pelagra é rara no mundo ocidental, sendo o alcoolismo 
crônico a causa mais comum. A prevalência em alcoólatras aparece 
como resultado de situações de dieta pobre nutricionalmente e má 
absorção. As células hepáticas também utilizam parcialmente o 
ácido nicotínico. 
A administração crônica de etanol a animais experimentais 
tem sido relatada para provocar distúrbios no metabolismo do 
NAD. 
O NAD participa em muitos processos biológicos, incluindo a 
regulação do metabolismo de energia, reparo do DNA e transcrição. 
A forma reduzida de NAD, NADH, é substrato para a NADH 
desidrogenase da cadeia respiratória mitocondrial. 
 
 
27 
O NAD é uma importante coenzima nas reações de óxido-
redução e substrato para a poli (ADP-ribose) polimerase (PARP), a 
qual é estimulada na presença de quebras de fita do DNA. Essa 
enzima se liga ao DNA próximo da fita quebrada, desempenhando 
um papel importante no reparo do DNA, recombinação, apoptose e 
manutenção da estabilidade genômica27. 
Sua função metabólica como parte da coenzima II (NADP) 
foi descoberta em 1935, antes que o seu significado nutricional 
fosse conhecido. O seu papel metabólico é como precursor da 
porção coenzima da nicotinamida nucleotideo, NAD e NADP, e 
estas podem também ser sintetizadas in vivo pelo aminoácido 
essencial triptofano em quantidade correspondentes a 60:1. 
Embora a função melhor conhecida da niacina seja no 
metabolismo gerador de energia, a coenzima nicotinamida 
nucleotideo não está firmemente ligada à enzima, e é prontamente 
intercambiável através das células; portanto a utilização da NAD 
ocorre em resposta ao dano oxidativo do DNA, e não no 
metabolismo gerador de energia. 
Quantidades significantes de niacina são encontradas na 
carne (especialmente carne vermelha), fígado, legumes, leite, ovo, 
grãos de cereais, leveduras, peixe e milho. Embora, leite e ovos 
contenham pequenas quantidades de niacina pré-formada, seu 
conteúdo em triptofano provê mais do que suficiente niacina 
equivalente. a carne vermelha é uma das melhores fontes por sua 
abundância tanto em niacina pré-formada como em triptofano. 
A dermatite da pelagra é caracterizada por erupção 
pigmentada, acompanhada de hiperceratose e descamação, 
 
 
28 
bilateral, simétrica, especialmente em áreas expostas à luz solar. A 
presença de lesões em “colar” presentes no pescoço estão 
associadas à doença avançada (Figura 7). Ocorre inflamação das 
mucosas, aparecendo com estomatite, glossite, ulcerações na 
língua, esofagite, acloridria, uretrite, proctite e vaginite. A 
inflamação da mucosa intestinal leva ao quadro de diarréia. As 
alterações mentais se manifestam com fadiga, insônia e apatia 
precedendo um quadro de estado confusional, déficit de memória, 
convulsões, catatonia, alucinações e psicose orgânica e decorrem 
da conversão diminuída de triptofano em serotonina28,29. 
 
 Fig. 7 Alterações dermatológicas na pelagra 
 
A deficiência de zinco em associação com o alcoolismo pode 
também ser um fator associado na etiologia da pelagra. Pacientes 
alcoólatras foram tratados com alimentação enteral definida, sem 
triptofano e niacina, observando-se que a adição de sais de zinco 
aumentou a excreção urinária de N1-metil-nicotinamida e metil 
piridona carboxamida, com correspondente queda do triptofano 
 
 
29 
plasmático. Processos de má-absorção30, uso de quimioterápicos 
(como a isoniazida), alterações no metabolismo do triptofano 
(como na doença de Hartnup e na síndrome carcinóide) podem 
causar a pelagra31,32. 
O diagnóstico torna-se evidente quando a tríade clássica está 
presente (dermatite, diarréia e demência); porém, observam-se 
mais comumente quadros clínicos incompletos de difícil 
identificação. 
O método mais utilizado para avaliação bioquímica do 
estado nutricional do indivíduo em relação à niacina está baseado 
na determinação laboratorial da excreção urinária de N1-metil 
nicotinamida. Por outro lado, a excreção de metil-piridona 
carboxamida está mais reduzida com a inadequação de niacina do 
que a N1-metil nicotinamida. A excreção de metil-piridona 
carboxamida diminui rapidamente em indivíduos alimentados 
com uma dieta deficiente em niacina e virtualmente cessa por 
várias semanas antes que os sinais clínicos da deficiência 
apareçam; diferentemente, muitos estudos tem mostrado excreção 
inalterada de N1-metilnicotinamida mesmo em pelagrosos. 
Sugeriu-se que um indicador do estado nutricional em relação a 
niacina poderia ser obtido determinando-se a razão de metil-
piridona carboxamida para N1-metilnicotinamida, na urina. A 
razão destes dois metabolitos é relativamente constante, entre 1,3 – 
4,0 em indivíduos bem nutridos, mesmo com a administração de 
sobrecarga de triptofano e niacina. Portanto, uma razão <1,0 indica 
depleção das reservas33,34,35.USO TERAPÊUTICO 
 
 
30 
O ácido nicotínico é utilizado clinicamente em grandes doses 
(da ordem de 1 a 3g/dia) como agente hipolipidêmico. Ele reduz 
tanto os triglicérides (TG) como o colesterol total em cerca de 
20% dos casos, agindo como inibidor da síntese de colesterol. Tem 
um efeito marcante na redução LDL e VLDL e tem se mostrado 
um dos mais potentes agentes no aumento de concentrações de 
HDL, com efeitos até maiores que os dos fibratos. Com doses 
acima de 1g/dia, entretanto, há evidências de toxicidade. Foram 
relatadas alterações em testes de função hepática, tolerância à 
carboidratos e metabolismo do ácido úrico, que foram revertidos 
com a interrupção da sua administração36,37,38,39. 
As RDAs atuais (1998), segundo as DRIs, estão dispostas na 
tabela 1, segundo sexo, idade e faixa etária. 
Avaliando a ingestão de niacina e triptofano da população 
brasileira, a deficiência parece improvável para a maioria da 
população. Ressalta-se, entretanto, alguns surtos observados em 
regiões pobres da Região Nordeste, que sobrevivem à seca, com 
dietas muito monótonas à base de cereais, pobres em triptofano e 
niacina. 
A Síndrome Carcinóide pode raramente ocasionar pelagra 
pelo aumento da síntese de serotonina a partir do triptofano. A 
Doença de Hartnup que é um distúrbio hereditário raro, onde 
ocorre defeito na absorção de vários aminoácidos, está implicada 
como causa de pelagra por deficiência na absorção de triptofano. 
A deficiência de vitamina B6 pode ocasionar deficiência de niacina 
em função da sua necessidade para a conversão de triptofano em 
 
 
31 
ácido nicotínico. A isoniazida pode acarretar pelagra por inibir a 
vitamina B6. 
 
PIRIDOXINA (VITAMINA B6) 
Vários compostos são reconhecidos: piridoxina – forma 
alcoólica, piridoxal – forma aldeídica e piridoxamina – amina. A 
forma co-enzimática é o piridoxal 5-fosfato (PLP) e piridoxamina-
5-fosfato. Como coenzima a vitamina B6 está envolvida em várias 
reações de transaminação (e portanto, gluconeogênese), na síntese 
de niacina a partir do triptofano, e do ácido delta-aminolevulinico 
(e portanto, na síntese de vários neurotransmissores). 
As transaminases dependentes de piridoxina são importantes 
também na ligação do oxigênio à hemoglobina, estando 
relacionada ao fato de que e a deficiência grave de piridoxina pode 
resultar em anemia hipocrômica microcítica. 
Várias técnicas laboratoriais para seu diagnóstico são 
disponíveis: medidas de PLP no plasma ou eritrócito são os mais 
comuns. A excreção urinária de ácido xanturêmico depois de uma 
dose oral de triptofano ou ainda a atividade nos eritrócitos das 
enzimas transaminases (ALT e AST). 
 A piridoxina está implicada ainda na gliconeogênese, na 
conversão de triptofano em niacina e na função imune, estando 
envolvida na síntese de interleucina-2 e na proliferação de 
linfócitos. A vitamina B6 é uma das três vitaminas necessárias ao 
metabolismo da homocisteína, ocorrendo elevação dos níveis 
 
 
32 
séricos deste aminoácido quando há menor disponibilidade de 
piridoxina. 
 Por ser utilizada intensamente no metabolismo dos 
aminoácidos, a necessidade de vitamina B6 do organismo está 
vinculada diretamente à ingestão protéica. Os principais alimentos 
ricos em piridoxina são, fígado, músculo, vegetais, e cereais 
integrais. O conteúdo de piridoxina no leite materno é baixo nas 
primeiras semanas e o uso de contraceptivos orais por períodos 
superiores a 30 meses antes da gestação, reduz ainda mais os 
níveis da vitamina disponíveis para a lactação. 
 A piridoxina é sensível à oxidação, à radiação ultravioleta, ao 
aquecimento e ao cozimento, havendo perdas substanciais da 
vitamina durante esses processos. 
 A absorção das três formas da vitamina B6 ocorre 
principalmente no jejuno, através de um processo de difusão 
passiva. O transporte de piridoxina no sangue é feito tanto no 
plasma, ligada à albumina, como nos eritrócitos, ligada à 
hemoglobina. A conversão das formas não fosforiladas nas 
metabolicamente ativas, ocorre no fígado. 
A deficiência usualmente está relacionada à síndrome 
disabsortiva, ao alcoolismo, ao envelhecimento e ao uso de drogas 
com efeito antagonista à piridoxina. As drogas mais relacionadas 
com o antagonismo são isoniazida, penicilamina, hidralazina, 
cicloserina e tiazolidonas. Essas drogas formam complexos com a 
fração aldeído da vitamina, inibindo sua função40. 
 
 
33 
Sua deficiência usualmente é observada em conjunto com 
outras vitaminas hidrossolúveis. Estomatite, queilite angular, 
glossite, irritabilidade, depressão, e confusão ocorre em casos de 
deficiência moderada enquanto de anemia normocítica 
normocrômica tem sido relatada em casos de deficiência mais 
graves. Alterações no EEG e em crianças convulsões são descritos. 
Algumas situações de anemia sideroblásticas respondem ao 
tratamento com vitamina B6. 
 USO TERAPÊUTICO 
Como freqüentemente estão associadas deficiências de outras 
vitaminas do complexo B, é recomendada a reposição em conjunto 
dessas vitaminas. O tratamento do estado de deficiência em 
piridoxina requer doses que variam de 50 a 300 mg/dia, 
dependendo da gravidade do quadro. A dose preconizada na 
prevenção da neuropatia periférica associada ao uso da isoniazida 
é de 25 mg/dia. 
 A ingestão de grandes quantidades de piridoxina como 0,5 a 
6g/dia está implicada no aparecimento de neuropatia sensitiva 
periférica, reversível com a suspensão do tratamento, sendo 
atribuída à neurotoxicidade direta pela vitamina. Há também relato 
de ocorrência de fotossensibilidade com uso de elevadas doses de 
piridoxina. 
 
FOLATO (ÁCIDO FÓLICO) 
O termo folato é uma designação genérica para qualquer 
membro da família dos pteroilglutamatos. O folato plasmático 
 
 
34 
encontra-se principalmente sob a forma de tetrahidrofolato, 
principal forma ativa da vitamina, que se constitui no 
monoglutamato proveniente da redução do ácido pteroilglutâmico 
(poliglutamato), realizada no fígado. O folato funciona como 
coenzima em diversas reações envolvendo transferência de 
carbonos (radicais metílicos), incluindo síntese de purina e 
timidilato, metabolismo de diversos aminoácidos (especialmente 
serina e homocisteína), metilação de aminas biogênicas e síntese 
protéica da metionina. Por ser necessário para a síntese de purinas 
e timidilato, o folato se constitui em elemento essencial para a 
síntese de DNA e RNA, sendo elemento fundamental na 
eritropoiese. 
A inibição do metabolismo de células cancerosas e bactérias 
é a base para os antibióticos sulfonamidas e agentes 
quimioterapicos tais como o metotrexate e 5-fluorouracil. 
Mulheres e crianças são mais vulneráveis para a deficiência dessa 
vitamina. 
O quadro clássico é a anemia megaloblástica. As células 
hematopoiéticas da medula óssea desenvolvem formas 
megaloblásticas refletindo síntese deficiente de DNA. Alterações 
megaloblásticas no epitélio oral e gastrointestinal ocorrem com 
freqüência e produzem glossite e diarréia, respectivamente. 
Sulfasalazina e fenantoína inibem a absorção e predispõem à 
deficiência. 
Doses maiores de 400 mug/dia podem corrigir parcialmente 
a anemia da deficiência da vitamina B12, mascaram e talvez 
exacerbem a neuropatia associada. A medidas de folato sérico 
 
 
35 
refletem o balanço imediato, enquanto que as medidas de folato 
nas hemáceas indicam melhor a situação dos tecidos. 
O ácido fólico quando administrado antes ou no início do 
período gestacional reduz significativamente o risco de defeito do 
tubo neural nos fetos. Publicações da década de 1990 mostraram 
que o aumento dos níveis de homocisteína estavam associados ao 
defeito congênito do tubo neural. O ácido fólico é um elemento 
essencial que atua como co-fator no metabolismo da homocisteína 
e da metionina e controla os níveis circulantes desse amino ácido. 
A suplementação tem sido recomendadaem casos considerados de 
risco41. 
 A necessidade diária de folato é aumentada quando há 
elevação da taxa metabólica e da renovação celular. As principais 
condições associadas são infecção, hipertireoidismo, anemia 
hemolítica, crescimento tecidual fetal rápido e tumores malignos. 
Como o álcool interfere na circulação entero-hepática do folato, as 
necessidades dessa vitamina estão aumentadas nos alcoólatras. 
 O folato está presente em quase todos os alimentos naturais 
de origem animal e vegetal e é encontrado principalmente na 
forma de poliglutamato. Os alimentos com maior teor de folato são 
as frutas cítricas, leveduras, vegetais verdes frescos, fígado e 
outras vísceras, amendoim, ovo e cereais. 
 A vitamina é altamente suscetível à oxidação, ao 
congelamento, ao aquecimento e ao cozimento, havendo perdas de 
50 a 95 % do conteúdo alimentar do folato durante esses 
processos. 
 
 
36 
 O folato é absorvido em toda a extensão do intestino 
delgado, sendo o seu terço proximal o principal local de absorção. 
Para que ocorra a absorção é necessário a ação de enzimas, 
presentes na superfície da borda em escova dos enterócitos, sobre 
os poliglutamatos reduzidos presentes na dieta. A vitamina B12 é 
necessária na captação e utilização adequadas de folato, 
participando em conjunto na síntese de DNA. A mucosa do 
duodeno e da parte superior do jejuno é rica em dihidrofolato 
redutase, importante na metilação do folato reduzido, absorvido a 
partir da dieta. O transporte até os tecidos ocorre sob a forma de 
tetrahidrofolato. 
 Um suprimento constante de tetrahidrofolato é 
proporcionado pela alimentação e pelo ciclo entero-hepático dessa 
vitamina. O fígado realiza a redução e a metilação do ácido 
pteroilglutâmico e secreta o tetrahidrofolato através da bile. Após 
ser secretado na bile o tetrahidrofolato é reabsorvido pelo intestino 
e em seguida liberado aos tecidos. Essa via metabólica 
disponibiliza cerca de 200 g/dia de folato para utilização tecidual. 
 O armazenamento do folato é feito sob a forma de 
poliglutamato, com os estoques corporais variando de 5 a 10 mg, 
dos quais cerca de metade se encontram no fígado. A excreção é 
feita na urina e na bile em formas metabolicamente ativas e 
inativas. 
 Os alcoólatras freqüentemente tornam-se deficientes em 
folato tendo em vista que a principal fonte de oferta calórica destes 
indivíduos é o etanol. As bebidas alcoólicas são praticamente 
 
 
37 
desprovidas de ácido fólico e o álcool interfere no metabolismo do 
folato. O erro alimentar levando à baixa ingestão de folato é 
também comum entre a população idosa, entre os adolescentes e 
entre os usuários de drogas. 
 Os fármacos podem interferir de diversas formas na 
absorção, metabolização e utilização do folato no organismo. A 
principal droga antagonista do folato é o metotrexate, uma droga 
com propriedades antineoplásicas e imunossupressoras, que é um 
potente inibidor da dihidrofolato redutase. Os anticonvulsivantes, 
tais como, fenitoína, fenobarbital e primidona competem com o 
folato por receptores intestinais, cerebrais e de outras superfícies 
celulares, estando associados com o desenvolvimento de 
macrocitose em até 40% dos pacientes em uso dessas drogas. A 
sulfasalazina provoca diminuição na absorção de folato. 
 O diagnóstico da deficiência de folato é feito pela dosagem 
de seus níveis séricos cuja faixa de variação normal situa-se entre 
4 a 20 ng/ml. 
USO TERAPÊUTICO 
A dose necessária de de ácido pteroilglutâmico.para tratar a 
maioria dos estados de deficiência é de 200 a 500 g/dia. A 
reposição pode ser realizada por via oral ou em casos de má 
absorção por via parenteral, podendo ser intra-muscular, 
endovenosa ou subcutânea. Em pacientes agudamente acometidos 
por anemia megaloblástica deve-se proceder a administração 
parenteral concomitante de folato (1 a 5 mg) e cobalamina (100 
g) até que a causa exata da deficiência seja definida. 
 
 
38 
 Deve-se estar atento para o fato de que a administração de 
doses elevadas de folato desvia o seu metabolismo da via 
dependente de cobalamina e pode melhorar a anemia 
megaloblástica em paciente com deficiência de vitamina B12. A 
presença de alterações neurológicas, principalmente da 
sensibilidade raramente ocorrem na deficiência exclusiva de folato 
e esses sintomas não melhoram com a reposição isolada de folato. 
A administração de ácido folínico está indicada por via oral ou 
parenteral quando há utilização de drogas inibidoras da 
dihidrofolato redutase, como o metotrexate. Não está indicada para 
reposição da deficiência de folato. 
 Gestantes devem receber suplemento de 5 mg/dia de folato a 
partir do primeiro dia de gravidez para prevenção adequada de 
defeitos no tubo neural fetal. 
 Há relato de casos raros de hipersensibilidade ao folato em 
doses habituais de 1 a 10 mg/dia, com surgimento de febre, 
urticária, prurido e insuficiência respiratória. 
 
COBALAMINA (VITAMINA B12) 
 
Os microorganismos são as últimas fontes naturais de 
vitamina B12 existentes. Os dois coenzimas ativos são 
deoxiadenosilcobalamina e metilcobalamina. Os dois são 
utilizados para a síntese de sucsinil Co A, que é essencial para o 
metabolismo de lipídeos e carboidratos assim como para a síntese 
de metionina. Essa última reação é essencial para o metabolismo 
 
 
39 
de amino ácidos, para a síntese de purinas e pirimidinas, e para 
várias reações de metilação e ainda para a retenção intracelular de 
ácido fólico. 
A ingestão diminuída raramente causa a deficiência com 
exceção dos vegetarianos restritos. A maioria dos casos de 
deficiência se refere às síndromes de má absorção que podem 
resultar em anemia perniciosa, insuficiência pancreática, gastrite 
atrófica, crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado 
ou doença ileal. Anemia megaloblástica ou alterações 
megaloblásticas em outros epitélios são resultados de deficiência 
prolongada. Complicações hematológicas e neurológicas podem 
ocorrer independentemente. 
 A recomendação diária de cobalamina é estimada em 3 a 5 
g/dia que devem ser obtidos através da ingestão de alimentos de 
origem animal na dieta. 
 Os seres humanos dependem da ingestão da vitamina pela 
dieta de origem animal, havendo desenvolvimento de deficiência 
de cobalamina em vegetarianos estritos. 
 As fontes usuais de cobalamina são peixes, mariscos, carnes, 
ovos, leite e derivados. A fervura da carne pode levar à perdas de 
até 30% na água. 
 As células parietais gástricas secretam uma glicoproteína, 
indispensável à absorção da vitamina B12 que é o fator intrínseco. 
Na presença de pH ácido e de enzimas proteolíticas pancreáticas 
ocorre liberação da cobalamina da proteína salivar e ligação ao 
fator intrínseco. O complexo cobalamina-fator intrínseco atinge o 
 
 
40 
íleo onde interage com receptores específicos da mucosa ileal, 
ocorrendo finalmente a sua absorção. 
 Após absorvida, a cobalamina é captada pela 
transcobalamina II, uma -globulina, que faz o transporte da 
vitamina até os tecidos. A vitamina transportada pela 
transcobalamina é rapidamente depurada do plasma pelos tecidos, 
principalmente pelo fígado. O conteúdo corporal de cobalamina é 
estimado em 3 a 10 mg e o fígado, principal sítio de 
armazenamento, detém cerca de 50 a 90 % do conteúdo total de 
cobalamina do organismo. A vitamina é armazenada após 
degradação por proteases e transformação em suas coenzimas 
ativas adenosil-cobalamina e metil-cobalamina, que se ligam às 
enzimas metilmalonil CoA redutase e metionina sintetase 
respectivamente. 
 Aproximadamente 3 g de cobalamina são secretadas 
diariamente na bile, havendo reabsorção de cerca de metade da 
quantidade secretada. A excreção da cobalamina é feita via 
apoptose celular para o interior do trato gastrointestinal, nos rins e 
na pele, sendo, portanto, excessivamente lenta. Após gastrectomiatotal, que reduz a zero a absorção de cobalamina, somente haverá 
deficiência de cobalamina com anemia megaloblástica após um 
período de 4 a 7 anos. Esse fato se deve à lentidão na excreção da 
cobalamina, aliada à existência da circulação entero-hepática e da 
demanda diária mínima desta vitamina pelo organismo. 
 Vegetarianos estritos apresentam deficiência de cobalamina 
por falha na ingestão alimentar. Várias doenças intestinais podem 
 
 
41 
interferir com a absorção de cobalamina. Acloridria gástrica e 
diminuição da secreção de fator intrínseco decorrentes de gastrite 
atrófica (anemia perniciosa) ou gastrectomia acarretam, 
freqüentemente, deficiência de vitamina B12. A anemia perniciosa 
é causa de deficiência de cobalamina, considerada uma doença 
autoimune. Anticorpos contra fator intrínseco e contra o complexo 
cobalamina-fator intrínseco estão envolvidos no defeito da 
absorção da vitamina B12. 
 Desordens pancreáticas provocam deficiência de cobalamina 
pela diminuição na secreção de proteases necessárias à absorção 
de vitamina B12. A síndrome de Zollinger-Ellison (tumor secretor 
de gastrina) pode acarretar defeitos na absorção de cobalamina por 
acidificação do intestino delgado. 
 Pode haver infestação do lúmen intestinal por bactérias 
colônicas em decorrência de uma conexão anormal entre o cólon e 
o intestino delgado, estagnação em divertículos, alças cegas ou 
estreitamentos, levando a competição pela vitamina B12 entre as 
células intestinais e os microorganismos, culminando em 
deficiência de cobalamina. 
 A deficiência de cobalamina é comum entre pacientes com 
síndrome da imunodeficiência adquirida. Acredita-se que exista 
uma falha na absorção do complexo cobalamina-fator intrínseco 
pela mucosa ileal desses pacientes. Outros defeitos absortivos 
podem ser causados por doenças ou procedimentos cirúrgicos que 
interfiram diretamente sobre a mucosa ileal. Enterite regional, 
 
 
42 
doença de Whipple e tuberculose são exemplos de alterações ileais 
cursando com deficiência de vitamina B12. 
 O epitélio gastrointestinal, que apresenta rápida proliferação, 
manifesta várias alterações em decorrência da deficiência de 
vitamina B12. A glossite, caracterizada por língua despapilada 
(lisa), avermelhada e dolorosa, é um sinal proeminente e evolue 
com prejuízo do paladar, ver figura 8. Pode haver anorexia, 
náuseas, vômitos, dispepsia, diarréia e menos freqüentemente 
perda de peso. 
 
 Fig 8 Deficiênca de vitamina B12 
 
A deficiência de vitamina B12 leva a um quadro de deficiência 
intracelular de folato e por esse motivo provoca anemia 
megaloblástica morfologicamente idêntica à provocada pela 
deficiência de folato. 
 A anemia megaloblástica resulta em eritropoiese ineficaz, 
com intensa destruição dos precursores eritrocitários antes da 
liberação para a corrente sangüínea. Ocorre baixa incorporação do 
ferro aos eritrócitos, resultando em ferro abundante na medula 
óssea. 
 
 
43 
A deficiência de cobalamina pode provocar edema de células 
neuronais mielinizadas, desmielinização, degeneração axônica e 
morte neuronal, observadas nos nervos periféricos, na medula 
óssea e no córtex cerebral, acarretando lesões irreversíveis. O 
quadro clínico inclui parestesias em mãos e pés, diminuição da 
sensibilidade vibratória e de posição segmentar, fraqueza 
muscular, instabilidade da marcha, ataxia, diminuição dos reflexos 
tendinosos profundos, perda de visão central, delirium, depressão e 
perda de memória. 
Concentrações séricas ou plasmáticas são geralmente 
aceitáveis. Tendo em vista as lesões neurológicas a determinação 
podem ser confirmadas pela dosagem de ácido metilmalônico que 
é um indicador sensível de deficiência celular. Os níveis séricos 
normais de cobalamina variam de 200 a 900 pg/ml. Níveis abaixo 
de 100 pg/ml indicam deficiência grave. Cerca de 10 a 20 % da 
cobalamina sérica encontra-se ligada a transcobalamina II e o 
restante à haptocorrina. Quando ocorre deficiência de 
transcobalamina II a cobalamina pode apresentar-se com níveis 
séricos normais, mas ocorre deficiência tecidual. 
 O teste de Schilling mede a capacidade de absorção da 
cobalamina e é baseado no fato de que a cobalamina só é 
encontrada livre no plasma após toda a proteína de ligação estiver 
saturada e depois que toda a cobalamina livre seja filtrada pelos 
glomérulos. O paciente recebe 1000 g de cianocobalamina IM, 
responsável pela saturação das proteínas transportadoras e uma 
dose de cobalamina marcada por via oral. A proporção da vitamina 
marcada que é excretada na urina de 24 horas fornece uma medida 
 
 
44 
da absorção de cobalamina. Em etapa seguinte, quando o teste é 
anormal, é administrada a cobalamina marcada ligada ao fator 
intrínseco. Desta forma, é possível avaliar se o defeito é por 
deficiência do fator intrínseco, ocorrendo normalização da 
absorção. O teste tem valor limitado por apresentar grande número 
de exames falsamente normais42. 
 
USO TERAPÊUTICO 
 A vitamina B12 pode ser administrada por via oral, 
intramuscular ou subcutânea, não devendo ser administrada por 
via endovenosa pelo risco de anafilaxia. A administração por via 
oral é suficiente nos estados de deficiência de origem alimentar, 
desde que não haja alterações hematológicas e neurológicas 
proeminentes e ainda assim corre-se o risco de defeitos na 
absorção por deficiência de fator intrínseco ou alteração ileal 
associados. A preparação de escolha consiste, portanto, de 
cianocobalamina por via intramuscular. O tratamento deve ser 
iniciado com 100 g/dia por uma semana com espaçamento entre 
as doses objetivando a administração de 2000 g nas primeiras 
seis semanas. Em seguida recomenda-se uma dose de manutenção 
de 100 g mensal pelo resto da vida do paciente. A recuperação 
da medula óssea pode ser observada após algumas horas e a 
resposta no sangue periférico é notada após alguns dias. A melhora 
dos sintomas neurológicos pode demorar vários meses para ser 
evidenciada e as alterações, dependendo da gravidade, podem ser 
irreversíveis. 
 
 
45 
 
VITAMINA C (ÁCIDO ASCÓRBICO) 
 
O ácido ascórbico é oxidado a ácido dehidro ascórbico. Pela 
possibilidade de ser reduzido in vivo, ele possui atividade de 
vitamina C. A vitamina C total é, então, medida como a soma dos 
dois ácidos. Em função de suas propriedades redutoras ela serve 
primariamente como um oxidante biológico e neutralizador de 
radicais livres em meio aquoso. A biossíntese de colágeno, 
carnitina, ácidos biliares e nor-epinefrina assim como a função 
adequada do sistema oxigenase hepático dependem dessas 
propriedades. A vitamina C dos alimentos aumenta a absorção 
intestinal de ferro não-heme. 
A deficiência evidente não é comum nos países 
desenvolvidos. O quadro clássico da deficiência é o escorbuto, 
caracterizado por fadiga, depressão, e anormalidades generalizadas 
no sistema conectivo como inflamação nas gengivas, petéquias, 
hemorragias perifoliculares, dimunição de cicatrização de feridas, 
hiperqueratose e sangramento nas cavidades corporais. Em 
crianças, defeitos na ossificação e crescimento ósseo podem 
ocorrer. O hábito de fumar leva a diminuição dos níveis 
leucocitários de vitamina C. Doses maiores que 500 mg/dia (em 
adultos) podem causar náusea e diarréia. A acidificação da urina 
com a suplementação e o potencial para o aumento da síntese de 
oxalato tem aumentado a preocupação relacionada à nefrolitíases. 
A suplementação pode interferir com os testes laboratoriais 
baseados na função de potencial redox (exemplo: teste de sangue 
 
 
46 
oculto, colesterol e glicose). A interrupção da ingestão crônica de 
altas doses de vitamina C deve ser programada para ser gradual 
dentro de 1 mês em função da acomodação metabólica que 
eventualmente pode produzir ¨escorbuto." 
A concentração de ácido ascórbico reflete a ingestão recente 
enquantoque os níveis nos leucócitos pode refletir o estoque 
tecidual. Níveis séricos em mulheres são aproximadamente 20% 
mais altos que nos homens para qualquer quantidade ingerida. 
É um antioxidante, participa na hidroxilação da prolina e 
lisina e estimula a produção do colágeno, entre outras funções. 
Não é sintetizada pelo organismo e portanto seu suprimento se dá 
totalmente pela alimentação ou preparações comerciais. Como é 
hidrossolúvel, o excesso ingerido é eliminado através da urina. 
 A vitamina C está presente em grande quantidade, nas frutas 
cítricas e vegetais verdes. 
 A absorção da vitamina C é ativa e se dá de modo rápido e 
eficiente no intestino delgado, diminuindo quando a ingestão 
diária excede 180 mg. É distribuída por todo o corpo mas grandes 
concentrações são encontradas nas adrenais, hipófise e parede 
intestinal. O estoque médio corpóreo é de 900 mg. 
 O mecanismo para o desenvolvimento de escorbuto é a 
ingestão alimentar insuficiente. Antigamente era doença de 
marinheiros que ficavam semanas a meses com alimentação 
restrita, atualmente incide usualmente em alcoolistas. 
 O escorbuto se caracteriza clinicamente por fraqueza e 
irritabilidade (diminuição da produção de neurotransmissores), 
 
 
47 
sangramento e inflamação digestiva, gengival e cutânea, ver figura 
9 (alteração na síntese do colágeno) 43. 
 
Fig. 9 – Escorbuto 
 
USO TERAPÊUTICO 
 O escorbuto é tratado com doses de 60 a 100 mg/dia de 
vitamina C por dia. 
Aumenta a absorção de ferro e tem como conseqüência o aumento 
de ferritina. 
 
BIOTINA (VITAMINA H) 
 
A biotina está envolvida na gliconeogênese, síntese de ácidos 
graxos e catabolismo protéico, agindo como grupo prostético para 
carboxilases, enzimas que necessitam de ligação covalente com a 
biotina para a sua ativação. Além de seu papel na regulação de 
expressão das carboxilases, a biotina também está envolvida na 
indução de receptores para enzimas glicolíticas e para suas 
proteínas ligadoras. Desordens no metabolismo de biotina podem 
 
 
48 
ser geradas pela diminuição de atividade da biotinidase ou da 
holo-carboxilase sintase. Na deficiência de biotina, há diminuição 
da piruvato carboxilase que, portanto, tem influência na 
gliconeogênese. Ainda, na deficiência de biotina ocorre uma 
diminuição da razão NADH:NAD, com posterior redução da 
gliconeogênese, devido a menor atividade da gliceraldeido-3-
fosfato dehidrogenase. 
A tabela 1 mostra os valores de AIs, segundo faixa etária e 
sexo. Na lactação a AI sobe para 35 g/ dia e na gestação fica em 
30g/dia. O consumo médio observado encontra-se entre 15- 70 
g/dia, que tem sido adequado para prevenir a deficiência. 
Os poucos relatos da deficiência de biotina em humanos são 
de populações que consomem grandes quantidades de ovo cru. Os 
pacientes desenvolvem dermatite esfoliativa e perda de cabelo 
(alopécia). A análise histológica da pele mostrou ausência de 
glândulas sebáceas e atrofia dos folículos do cabelo. Suplementos 
de 200 – 1000 g/dia resultaram na cura das lesões da pele e 
crescimento dos cabelos. Mais recentemente, sinais similares de 
deficiência de biotina foram observados em pacientes submetidos 
a ressecção do intestino superior e tratados com nutrição parenteral 
total por períodos prolongados. Os sinais desapareceram com a 
suplementação de biotina, mas não tem havido estudos sobre as 
necessidades de biotina para a população em geral. Outros casos 
de deficiência estão geralmente ligados ao uso prolongado de 
nutrição parenteral total por desnutrição grave ou em casos de 
erros inatos do metabolismo. As lesões de pele provocadas pela 
deficiência de biotina, são similares àquelas observadas na 
 
 
49 
deficiência de ácidos graxos essenciais. Paralelamente foi 
observado que o ácido linoléico no soro de pacientes deficientes 
de biotina é menor que o normal. 
 Soja, ovos e vísceras são ótimas fontes da biotina. Por outro 
lado carnes (não-viscerais), cereais, grãos, frutas e vegetais são 
fontes pobres nesta vitamina44,45,46. 
 USO TERAPÊUTICO 
 
 A administração de 200 a 1000 g/dia via oral reverte os 
sintomas de deficiência de biotina. Normalmente é comercializada 
sob a forma de polivitamínicos. 
 Não há relatos de toxicidade pela biotina, nem ingestão 
máxima diária recomendada. 
 
ÁÁCCIIDDOO PPAANNTTOOTTÊÊNNIICCOO ((VVIITTAAMMIINNAA BB55)) 
 
Esta vitamina tem participação essencial no metabolismo de 
carboidratos, gorduras e proteínas. Pelo fato do ácido pantotênico 
ser convertido para a forma coenzimática ativa, a coenzima A 
(CoA), está envolvido em reações de liberação energética dos 
carboidratos e no metabolismo dos ácidos graxos. A CoA está 
envolvida na síntese de compostos como os hormônios esteróides, 
o colesterol e fosfolipídios. A CoA age como carreador de ácidos 
graxos, como tio-esters, na -oxidação mitocondrial. Os 
fragmentos de 2C resultantes, como acetil CoA, sofrem oxidação 
no ciclo do ácido cítrico. A CoA também age como um carreador 
 
 
50 
na transferência de porções acetil numa variedade de reações 
biossintéticas e catabólicas, incluindo: esteroidogênese; síntese de 
ácidos graxos de cadeia longa do palmitato na mitocondria e 
retículo endoplasmático; monoinsaturação do palmitoil CoA para 
palmitoleil CoA (C16:1 w9) e estearil CoA para oleil CoA (C18:1 
w9); elongação dos ácidos graxos polinsaturados; acilação de 
resíduos de serina, treonina e cisteina nos proteolípides e a 
acetilação para formar o N-acetil ácido neuramínico. Derivados 
acil CoA de ácidos graxos de cadeia curta, inibem a pantotenato 
quinase. A CoA é desfosforilada pela fosfatase ácida lisosomal 
para defosfo-CoA, seguida pela ação da pirofosfatase para liberar 
4’-fosfopanteteina e 5’-AMP. A CoA é também um substrato para 
a ação direta da pirofosfatase, em cerca 10% da razão de ação na 
defosfo-CoA. O ácido pantotênico em sua maioria é excretado 
intacto. 
O ácido pantotênico é amplamente distribuído em todos os 
alimentos, em oposição às outras vitaminas que foram 
originalmente isoladas de fontes individuais especialmente ricas. É 
absorvido no intestino delgado e é possível que a síntese 
bacteriana intestinal contribua para o adequado estado nutricional 
dos indivíduos em relação a esta vitamina. Como resultado, a 
deficiência não tem sido relatada nos seres humanos, exceto em 
estudos específicos de depleção. As recomendações provisórias 
para a vitamina, as AIs (Adequate Intakes) foram calculadas e 
estão dispostas na tabela 1, segundo sexo e faixa etária. As AIs são 
de 6 e 7 mg/dia para gestantes e lactantes, respectivamente. 
 
 
51 
Não há testes funcionais que possam ser aplicados para esta 
avaliação nutricional. A excreção urinária de ácido pantotênico 
reflete a ingestão, embora com uma grande margem de variação 
individual, mas pode ser um meio de se conhecer o estado 
nutricional dos indivíduos em relação a esta vitamina. Adultos 
consumindo de 5 a 7 mg/dia excretam de 2 a 7mg (9 a 32 mol) na 
urina e de 1 a 2 mg (4,5 a 9 mol) nas fezes. Indivíduos mantidos 
com dietas experimentais contendo 10 mg/dia tiveram uma 
excreção urinária variando de 4 a 7 mg (18 a 32 mol). A 
excreção urinária menor que 1mg (4,5 mol) de ácido pantotênico 
em 24 horas é considerada anormalmente baixa 23. 
O ácido pantotênico tem pouca toxicidade. 
USO TERAPÊUTICO 
 Quando se suspeitar da deficiência, administração oral de 10 
mg/dia deve ser usada. Normalmente tal reposição é feita com 
outros compostos do complexo B. 
 
 
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