Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CCaappííttuulloo 99 HHiippoovviittaammiinnoosseess:: ffiissiiooppaattoollooggiiaa ee ttrraattaammeennttoo Helio Vannucchi Vitaminas são compostos orgânicos, quimicamente não relacionados entre si, essenciais para reações metabólicas específicas no meio celular e são vitais para o funcionamento e crescimento normal dos organismos. Elas podem ser oferecidas ao organismo preferencialmente por meio dos alimentos ou por medicamentos, quando indicadas. Fig. 1 Fonte natural de vitaminas As vitaminas atuam como coenzima isoladamente ou em conjunto com minerais ou como grupo prostético de enzimas responsáveis por reações químicas essenciais. Uma característica nutricional marcante das vitaminas vem do fato de não serem fontes de calorias e também de não contribuir de modo apreciável para o aumento da massa corpórea. As vitaminas são classicamente divididas em lipossolúveis (A, D, E, K) e hidrossolúveis (B1, B2, B12, B6, niacina, ácido fólico, vitamina C, ácido pantotênico e biotina). sendo essenciais em número de 13 ao 2 organismo humano1. Esta divisão se fundamenta na forma fisiológica de absorção intestinal e no seu armazenamento no organismo. A absorção das vitaminas lipossolúveis ocorre primariamente por via micelar e sua deficiência está muito freqüentemente associada aos quadros de má-absorção. As hidrossolúveis não são absorvidas através da fase lipofílica no intestino2. A deficiência de vitaminas continua a acontecer em pacientes alcoólatras ou em casos de abuso de drogas e entre aqueles com alimentação alternativa. Secundariamente, a deficiência de vitaminas ocorre como resultado de alteração da absorção, alteração de transporte, armazenamento ou utilização celular ou ainda por perdas excessivas e estas situações devem chamar a atenção na pratica clínica. A utilização indevida e disseminada de suplementos vitamínicos tem levado à situações de toxicidade principalmente por desconhecimento de suas funções e suas propriedades. Fig 2 Efeito biológico da oferta de vitaminas VITAMINA A 0 A B D E F G H I J K Nutric Farmac Tóx 3 A vitamina A é um componente integral da rodopsina e iodopsina que são sensíveis à luz nos cones e bastonetes da retina. A hiperqueratose folicular e a cegueira noturna são manifestações iniciais da deficiência. A xerose conjuntival e a degeneração da córnea (ceratomalácea) indicam deficiência mais grave. A mancha de Bitot, áreas focais da conjuntiva ou córnea com aparência esponjosa indicam a presença de xerose. A cegueira devido à destruição da córnea e retina ocorre se a deficiência não for corrigida com perda do sistema visual. O aumento da sensibilidade a processos infecciosos é considerado também uma conseqüência da deficiência de vitamina A. A ingestão diária de quantidades maiores de 15.000 UI durante os primeiros meses da gestação pode ter efeito teratogênico. A ingestão excessiva de muitos carotenóides produz a hipercarotenemia com o aparecimento de coloração amarelada em áreas da pele com acúmulo de glândula sudoríparas nas regiões palmar, plantar e sulcos naso-genianos, ver figura 3A. Fig. 3 Carotenemia (A) e hipervitaminose A (B) 4 A concentração de retinol no plasma pode ser bom parâmetro do estado nutricional relativo a esta vitamina. A intoxicação pode ser diagnosticada laboratorialmente pela determinação sérica de ésteres retinilícos. A medida da adaptação ao escuro ou o eletroretinograma são testes funcionais úteis. Após a administração, a absorção do retinol é realizada similarmente à das gorduras. Na presença de anormalidades da absorção das gorduras, a absorção do retinol também sofre redução. A absorção do retinol é quase integral em condições de normalidade do aparelho gastrointestinal, observando-se que sua absorção e de seus ésteres é mais completa em jejum e se administrados como soluções aquosas. O armazenamento da vitamina A é feito em forma de ésteres de retinil, e após hidrólise dos ésteres o fígado libera continuamente retinol livre na circulação sangüínea, mantendo uma concentração constante de sua forma ativa na circulação. Metabolicamente, o retinol sofre conjugação com o ácido glicurônico, entrando na circulação entero-hepática, sofrendo oxidação em ésteres de retinol e ácido retinóico. Substâncias que produzem retinol são designadas de pró-vitamina A, a mais ativa destas é o -caroteno, que é um dímero de retinol. A concentração normal de retinol no plasma é de 30 a 70 mcg/dl (1,04μmol/L a 2,43μmol/L). A administração de pequenas quantidades de vitamina E aumenta o armazenamento do retinol nos tecidos. A concentração sangüínea não é um guia recomendável para o estudo individual da vitamina A, mas valores 5 baixos de retinol sangüíneo significam que o armazenamento hepático da vitamina pode estar esgotado. O retinol não é eliminado na urina e sob forma inalterada é excretado somente em casos de lesão renal ou de processos infecciosos graves3. Quando altas doses de vitamina A são administradas é que certa proporção sofre excreção sob forma inalterada nas fezes.. A vitamina A preformada e o carotenóide dos alimentos são liberadas das proteínas no estômago. Deste ponto, ésteres de retinil são hidrolizados no intestino delgado sob forma de retinol, que é absorvido mais eficientemente do que os ésteres. Os carotenóides são clivados dentro das células da mucosa intestinal em moléculas de retinaldeído, que são reduzidos a retinol e então esterificados a ésteres de retinil que são transportados no plasma.4. Cerca de 50-80% da vitamina A no corpo é estocado no fígado onde é ligado à proteína ligadora de retinol (RBP). Esse estoque regula os efeitos de variabilidade nas taxas de ingestão de vitamina A, particularmente contra os riscos de deficiência durante períodos de baixa ingestão dessa vitamina5. A vitamina A pode ser mobilizada do fígado para distribuição nos tecidos periféricos na dependência da oferta alimentar. Sendo essa ingestão deficiente, o processo envolve a de- esterificação de ésteres de retinil e a ligação de retinol a um transportador específico, a RBP, que circula no plasma em um complexo com transtiretina (pré-albumina), composto este que impede a excreção do complexo retinol-RBP na urina. Em indivíduos saudáveis, o retinol plasmático é mantido dentro de uma variação estreita de 1,39 a 1,73μmol/L em adultos e 6 aproximadamente metade nas crianças. Visto que a síntese hepática da PLR depende da presença tanto de zinco quanto de aminoácidos e de níveis de retinol plasmático, os níveis da PLR podem ser afetados por diferenças daqueles nutrientes bem como deficiência crônica da vitamina A grave o suficiente para depletar estoques de éster de retinil hepático. Assim, crianças com desnutrição protéico-calórica tipicamente mostram baixos níveis circulantes de retinol que podem não responder à suplementação de vitamina A, a menos que a deficiência protéica seja corrigida. O ácido retinóico, no qual o grupo álcool foi oxidado, é absorvido após passagem na circulação pela veia porta e transportado no plasma como um complexo ligado à albumina. De modo diferente do retinol, o ácido retinóico não é armazenado no fígado, sendo rapidamente excretado. Somente um terço do -caroteno ingerido é absorvido, assim como os outros carotenóides, cuja absorção encontra-se na dependência dos sais biliares, por isto, a ingestão de óleo mineral diminui sua absorção. Após ser absorvido, ocorre a conversão do -caroteno em retinol, seguido depois de oxidação em ácido retinóico Os compostos carotenóides são biologicamente ativos após sua transformação em retinol, sendo seu teor no sangue de 10,4μmol/L. A carotenemia depende da ingestão alimentar e suplementações e o diagnóstico de seus níveis séricospode ser aventado pela anamnese alimentar, confirmados pelo teor de caroteno no sangue e pela ausência da pigmentação amarela da esclerótica. 7 Deficiência primária de vitamina A resulta da ingestão inadequada da vitamina A pré-formada e carotenóides. Deficiências secundárias resultam de má-absorção devido a insuficiência dietética de lípides, insuficiência pancreática ou biliar e de transporte prejudicado devido a abetalipoproteinemia, doença hepática, desnutrição protéico-calórica ou deficiência de zinco. O retinol mantém o epitélio normal por participar da síntese de glicoproteínas. Faz parte essencial também do ciclo da visão e é importante na manutenção da função reprodutiva. Atua no crescimento, diferenciação e morfogênese celular, havendo evidências de atividade anti-neoplásica. Os carotenóides, que inclui o caroteno e moléculas similares, agem em múltiplas funções biológicas, como antioxidação, comunicação intercelular, resposta imunológica e transformação neoplásica. Devido a abundância de reserva hepática e dificuldades em obter critérios funcionais para carência de vitamina A na infância e adolescência, as necessidades nessa faixa etária são imprecisas e portanto extrapoladas a partir dos valores para adultos. A recomendação é discretamente aumentada em gestantes e durante a amamentação. Tanto o retinol como os carotenos são hidrolisados pelo suco pancreático e por enzimas do epitélio intestinal antes de serem absorvidos. O retinol necessita ser emulsificado pela bile, ao contrário dos carotenos. Vários fatores influenciam a absorção. Em estados carenciais a eficiência é alta, diminuindo muito com a 8 ingestão de grande quantidade. O calor do alimento e a presença de alimentos gordurosos no lúmen favorecem a absorção. Colestiramina e óleo mineral a prejudicam. A ingestão insuficiente de alimentos de origem animal ou ricos em precursores da vitamina A ou estados malabsortivos podem ocasionar carência dessa vitamina. Quadro clínico As manifestações clínicas da deficiência de vitamina A são oculares e divididas em 5 estágios: X0: Adaptação da retina ao escuro prejudicada (cegueira noturna) X1: Xerose e acúmulo de material esponjoso na conjuntiva (Manchas de Bitot) X2: Xerose e erosões superficiais da córnea X3: Ulceração irreversível da córnea X4: Fibrose e amolecimento da córnea No Brasil, em regiões do Nordeste, ou em alguns municípios isolados, as afecções oculares por deficiência de vitamina A atingem freqüência elevada, o que tem levado as autoridades sanitárias ao emprego de meios visando o fornecimento de vitamina A em forma de medicamentos visto que, o enriquecimento dos alimentos com esta vitamina ainda não é uma realidade em nosso meio6,7,8. Entre adultos a deficiência é comumente encontrada nas doenças crônicas que afetam a absorção, como as afecções dos tratos hepático e biliar, sprue, colite ou em regimes dietéticos inadequados. 9 USO TERAPÊUTICO No tratamento da xeroftalmia tem-se dado preferência à injeção intramuscular de 100.000 UI de palmitato de retinil em solução miscível na água seguida em 24 horas de nova dose de 100.000 UI via oral em solução oleosa de palmitato de retinil ou palmitato de vitamina A. A administração de 5.000 a 30.000 UI por via oral, corrige o estado carencial, devendo as doses mais elevadas serem usadas em quadros malabsortivos ou com acometimento de córnea. O tempo de tratamento recomendado é de 5 a 7 dias. Em adultos doses maiores de 500.000 UI podem causar intoxicação aguda caracterizada por hipertensão intracraniana, esfoliação da pele e necrose hepatocelular. A intoxicação crônica pode ocorrer com ingestão habitual diária de quantidades maiores de 25.000 UI, caracterizadas por: alopecia, ataxia, dermatite, pseudotumor cerebral, calcificação de partes moles (figura 3B) necrose hepatocelular e dislipidemia. Grandes doses of cantaxantina, um carotenóide, podem induzir a retinopatia. Alguns estudos sugerem que a hipervitaminose sub-clínica pode aumentar o risco de fraturas. O risco de fratura é maior entre homens com os maiores níveis séricos de retinol9. No Brasil, algumas frutas da Região Amazônica podem se constituir em boas fontes de vitamina A como por exemplo a pupunha 10. INTERAÇÕES 10 Colestiramina pode induzir deficiência de vitamina A. Kanamicina – pode alterar a absorção das gorduras e acarretar malabsorção das vitaminas A e K. Óleos minerais – possíveis deficiências de vitaminas A, D e K. Diminui a absorção de vitamina A. Vitamina D e A tem tendência a potencializarem-se. VITAMINA D O termo vitamina D se refere a um conjunto de substâncias derivadas de alguns esteróis e que atuam no metabolismo do cálcio. Esses esteróis (pró-vitaminas) são convertidos nas formas ativas da vitamina D através da irradiação ultravioleta. A obtenção pode se dar de duas maneiras: produção endógena pela irradiação na pele da vitamina D3 (colecalciferol) ou ingerida na alimentação (Vitamina D2, produzida através da irradiação do ergosterol, esterol vegetal). Ambas são convertidas no fígado em 25- hidroxicolecalciferol (25OHD3) que por sua vez é transformada no rim em 1,25-diidroxicolecalciferol (1,25(OH)2D3) e em 24,25- diidroxicolecalciferol (24,25(OH)2D3. A maior parte da atividade da Vitamina D advém da 1,25(OH)2D3. Esta vitamina mantém as concentrações intra e extracelular de calcio e fosfato controlando a absorção intestinal desses dois íons e junto com o paratohormônio, promove a mobilização a partir dos minerais ósseos. A deficiência resulta em raquitismo em crianças e osteomalácia nos adultos. A expansão da placa de crescimento da 11 epífise e a reposição de osso normal com matriz óssea não mineralizada é o evento mais importante. A deformação óssea e fraturas patológicas podem ocorrer. A concentração sérica de cálcio e fosfato podem diminuir. Oferta excessiva pode levar a concentrações séricas anormalmente altas de cálcio e fosfatos, e, então, calcificações metastáticas e lesão renal podem ocorrer. A concentração sérica do maior metabólito circulante, 25- hidroxivitamina D, indica o estado sistêmico, com exceção do paciente renal crônico, no qual a diminuição da hidroxilação 1 no rim resulta em dissociação da concentração de monohidroxi- e dihidroxivitamina D. As dosagens da concentração sérica de 1,25- dihidroxivitamina D é, então, necessária. Essas ações combinadas asseguram nível sérico de cálcio e fósforo e a mineralização normal. Alguns metabólitos da vitamina D, principalmente a 25-OH-D3, parecem atuar diretamente no tecido ósseo, aumentando a deposição de cálcio. A principais fontes naturais são peixes com alto teor de gordura, ovos, fígado e leite e derivados. A alimentação contribui apenas com pequena parcela da quantidade de vitamina D necessária. A absorção da vitamina D e de seus precursores se dá no intestino delgado, principalmente na porção ileal e é mediada pelos sais biliares por serem lipossolúveis. O armazenamento se dá no fígado, que também participa de importantes passos do metabolismo desta vitamina. 12 A deficiência de Vitamina D ocorre quando há baixa exposição solar (e conseqüente diminuição da produção endógena) não compensada pela mobilização das reservas, ingestão ou absorção da mesma. O raquitismo também chamado de osteomalácia da infância, é causado por baixa mineralização óssea. Os recém-nascidos são de alto risco, pois têm baixa exposição solar, a atividade da 25- hidroxilase hepática não é completamente desenvolvida e a quantidade da vitamina no leite geralmente não é suficiente. A calcificação do osso recém formado e da cartilagem epifisária é comprometida, porém a produção de nova cartilagem não cessa, ocorrendo irregularidades e aumentoda largura das epífises bem como acúmulo de material osteóide na diáfise. O quadro clínico se caracteriza por craniotabes, deformidade torácica, curvamento de ossos longos, fraturas em “galho verde”, fraqueza muscular, tetania, convulsões e crescimento deficitário. A osteomalácia do adulto como o crescimento endocondral de ossos longos já cessou, a principal alteração não é a baixa calcificação da cartilagem como na caso do raquitismo. Ocorre um déficit de mineralização óssea mediada por osteoblastos, que se instala insidiosamente. No início, a calcemia e fosfatemia podem estar normais, se tornando baixas com o passar do tempo. Dores ósseas difusas e fraqueza muscular são os principais sintomas. Geralmente a doença se desenvolve em pacientes com insuficiência renal crônica (diminuição da atividade da -1- hidroxilase), hepatopatas (diminuição da atividade da 25- hidroxilase, enterectomizados (baixa absorção) ou em uso de 13 anticonvulsivantes, pois, estimulam a formação de formas inativas11. USO TERAPÊUTICO Em pacientes com o diagnóstico firmado de raquitismo ou osteomalácia, a reposição imediata de vitamina D é recomendada. Todos os pacientes devem receber suplementação adequada de sais de cálcio. No caso do raquitismo, vários esquemas têm sido propostos, com a dose diária variando de 1.000 a 10.000 UI de colecalciferol ou ergocalciferol, sendo em casos emergenciais necessárias por vezes doses iniciais de até 50.000 UI. Após 2 a 3 semanas, com a melhora clínica e laboratorial as doses podem ser reduzidas e então recomendam-se doses profiláticas. A osteomalácia do adulto é tratada com doses de 50000 UI por via oral uma a duas vezes por semana por seis a doze meses, seguida por 1000 UI por dia. Em pacientes com má absorção ou enterectomizados, doses maiores ou parenterais podem ser necessárias. Hipercalcemia aguda ocasiona náuseas, anorexia, poliúria, dor abdominal, obstipação intestinal, dores ósseas, gosto metálico na boca e desidratação. Em casos crônicos ocorrem nefrocalcinose, insuficiência renal, litíase urinária, perda de peso, irritabilidade, psicose, pancreatite, hipertensão arterial e arritmias cardíacas. VITAMINA E 14 Trata-se de um grupo de pelo menos 8 compostos com atividade biológica, alguns são tocoferóis e outros são tocotrienóis. A forma biologicamente ativa é representada pelo alfa-tocoferol e atua como antioxidante e neutraliza radicais livres em ambiente lipofílico, especialmente em membranas celulares12. Uma Unidade Internacional (UI) de vitamina E equivale a 1 mg de acetato de alfa-tocoferol. Atua sinérgicamente com outros antioxidantes como o selênio. A deficiência dessa vitamina devida a alterações dietéticas pode ser observada em crianças prematuras, nos casos de síndrome de má absorção e em pacientes com abetalipoproteinemia, evoluindo com quadro importante de distrofia muscular, ver figura 4. Fig 4 – Distrofia muscular por hipovitaminose E A fragilidade de hemáceas produz anemia hemolítica. Degeneração neurológica produz neuropatias periféricas, oftalmoplegias e destruição do cordão posterior da medula espinhal. Doenças neurológicas freqüentemente irreversíveis 15 ocorrem se a deficiência não for tratada no período inicial. Pode contribuir para a anemia hemolítica em crianças prematuras. Os níveis plasmáticos ou séricos de alfa-tocoferol são comumente utilizados para o diagnóstico bioquímico. Aceita-se que a vitamina E, especialmente na sua forma de alfa- tocoferol, pode exercer ação antioxidante, reduzindo o estresse oxidativo causado pelo aumento dos radicais livres. Vários trabalhos experimentais em animais mostram efetiva ação antioxidante da vitamina E em situações como o diabetes induzido pela estreptozotocina,13 lesão renal,14 ingestão crônica ou aguda de etanol,15 carcinogênese hepática16 e processos de natureza inflamatória17. Entretanto, como contraponto aos inúmeros estudos experimentais descritos na literatura científica, os dados envolvendo a suplementação em pacientes como terapia ou prevenção em doenças crônicas tem se mostrado confusos e desapontadores18,19. Por outro lado, existem evidências que uma dieta rica em antioxidantes naturais, especialmente oriundos de frutas e vegetais in natura, é a melhor estratégia nutricional na prevenção de doenças. A ingestão das frutas e os vegetais foram associados com risco mais baixo de câncer ou morte por doença cardiovascular20. Estes achados suportam a recomendação geral de se consumir porções múltiplos e variadas das frutas e vegetais (5 a 9 porções por dia). A vitamina E é encontrada naturalmente em folhas verdes, óleos vegetais, grãos, nozes e amêndoas. Fontes animais incluem ovos, fígado e carnes em geral. O conteúdo da vitamina em tais 16 alimentos é muito afetada por processamentos como cozimento e estoque A vitamina E necessita ser emulsificada pelos sais biliares e hidrolisada pela lipase pancreática para, então, ser absorvida de forma passiva no intestino delgado. Menos de 40% do total ingerido é absorvido, sendo excretado o restante nas fezes. Há dúvidas quanto à existência ou não de circulação entero-hepática. É armazenada no fígado e em todo o tecido adiposo do organismo. A deficiência isolada de vitamina E é rara e geralmente se manifesta em um dos quatro seguintes grupos 1. Recém-nascidos principalmente de parto prematuro: a vitamina cruza muito pobremente a placenta e há escassez de tecido adiposo intra-útero 2. Estados malabsortivos ou com obstrução biliar 3. Pessoas com dieta pobre em vitamina E (dietas com restrições muito específicas) Em recém-nascidos a principal manifestação é icterícia por anemia hemolítica, podendo haver também edema, edema, taquipnéia e irritabilidade. USO TERAPÊUTICO Doses de 100 a 200 UI/Kg por dia por via oral por aproximadamente 2 a 3 semanas (até normalização dos níveis plasmáticos). A diminuição dos níveis de vitamina K-dependente de pró coagulantes e potencialização da ação de anticoagulantes orais tem sido descritas, assim como a diminuição da função de leucócitos. 17 Doses de 50 UI/dia podem aumentar a incidência de hemorragias, principalmente AVC hemorrágico. Seu uso abusivo tem sido relacionado da mortalidade geral21. VITAMINA K O termo vitamina K se refere a um grupo de moléculas que têm em comum a presença do composto naftoquinona. Duas formas naturais já foram isoladas, conhecidas como vitamina K1 (filoquinonas), presente em vegetais e vitamina K2 (menaquinonas), produzidas por bactérias e presentes em alimentos de origem animal. A vitamina K age através da carboxilação de algumas proteínas determinando ligação de cálcio a elas. Tem por isso papel determinante na regulação da coagulação sanguínea, havendo tanto fatores pró-coagulantes (II, VII, IX e X) como fatores anticoagulantes (proteínas C e S) dependentes dela. A sua deficiência ou inibição determina alteração da coagulação. Devido a produção de vitamina K pelas bactérias colônicas a recomendação da vitamina não é determinada A principal fonte da natural vitamina K1 são os vegetais na forma de folhas e a sua concentração é diretamente proporcional à quantidade de clorofila presente em tais alimentos. Folhas verdes como brócolis, couve, espinafre e escarola são exemplos de alimentos ricos em vitamina K. Outras fontes dietéticas incluem óleos vegetais específicos como de soja, canola e oliva. 18 Como as demais vitaminas lipossolúveis, a absorção da vitamina K depende dos sais biliares e é passiva, ocorrendo predominantemente no intestino delgado. Após ser absorvida é transportada pelos vasos linfáticos e armazenada no fígado, onde é também metabolizada. Ao contrário das outras vitaminas lipossolúveis o estoque no tecido adiposo não é grande,sendo, porém, encontrada nas glândulas adrenais, pulmões, medula óssea, rins e gânglios linfáticos após ser liberada do fígado. A deficiência de vitamina K ocorre quando há uma quantidade intraluminal inadequada do composto, baixa concentração de sais biliares ou anormalidades hepáticas e intestinais (inclusive relativas à flora bacteriana). Estão sob risco: recém-nascidos, pacientes com estados malabsortivos, hepatopatas ou pessoas com dieta pobre em vitamina K na vigência de antibioticoterapia. Embora não se configure deficiência vitamínica, muitos fármacos interferem no metabolismo da vitamina K, determinando manifestações idênticas, como a warfarina, hidantoína, alguns antibióticos e diuréticos. As manifestações clínicas são decorrentes das anormalidades na coagulação sanguínea22. USO TERAPÊUTICO Para a correção da deficiência, injeção subcutânea ou intramuscular de 2,5 a 25 mg de vitamina K usualmente é suficiente. O controle deve ser feito por meio do tempo de 19 protrombina após 6 a 8 horas, podendo a dose ser repetida, se necessário. Não há relatos de toxicidade em crianças e adultos com doses de até 500 vezes a quantidade diária recomendada. A partir desse valor pode ocorrer hepatotoxicidade. Grandes quantidades administradas durante a gravidez ou ao recém-nascido podem ocasionar icterícia. TIAMINA (VITAMINA B1 ) A tiamina em combinação com o fósforo forma a coenzima tiamina pirofosfato (TPP) que atua como uma cocarboxilase. Esta forma é necessária para a descarboxilação oxidativa do piruvato, formando acetato e acetil coenzima A, que é o componente principal do Ciclo de Krebs. De um modo geral a TPP é necessária para a descarboxilação de outros alfa-ceto-ácidos (ácido alfa- cetoglutárico e cetocarboxilatos) derivados dos aminoácidos metionina, leucina, isoleucina e valina. A deficiência de tiamina leva a diminuição dessas reações e conseqüentemente da diminuição da síntese de ATP e alterações do metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, entretanto, os efeitos da deficiência de tiamina estão mais ligados ao metabolismo cerebral dos carboidratos. Por suas funções essenciais no sistema nervoso a tiamina é conhecida como vitamina antineurítica. O quadro clássico de deficiência ("beriberi") foi descrito em populações da Ásia que consumiam dieta de arroz polido. O alcoolismo e procedimentos de diálise em renais crônicos são também importantes situações. A ingestão alta de carboidratos ou 20 infusão de glicose aumenta a necessidade de vitamina B1. A deficiência produz várias combinações de neuropatia periférica, alterações cardiovasculares e disfunção cerebral, ver figura 5. A Síndrome de Wernicke-Korsakoff está estreitamente associada à deficiência, de tiamina e o quadro clínico inclui ataxia cerebelar e ptose palpebral. A alteração cardiovascular (“beriberi úmido”) inclui insuficiência cardíaca congestiva com débito cardíaco alto e baixa resistência vascular periférica o que configura situação de circulação hiper-dinâmica. Fig. 5 Beri Beri A- Insuficiência cardíaca congestiva (antes e após tratamento) B- Neuropatia perif érica com atrofia muscular C- Atrofia cerebral na Doença de Wernicke O quadro clínico da Sindrome de Wernicke-Korsakoff: é caracterizado por uma tríade de sinais e sintomas: (1) alterações motoras oculares, (2) ataxia e (3) comprometimento das funções mentais. Esta é causada principalmente pelo alcoolismo e menos 21 comumente pela administração parenteral de glicose e realização de diálise em pacientes com deficiência subclínica de tiamina. Os acometimento ocular decorre de lesões no tronco cerebral (núcleo abducente), e nos centros de movimentação ocular, situados na ponte e no mesencéfalo. Ocorre paresia ou paralisia de abdução, acompanhada de diplopia horizontal, estrabismo e nistagmo. Pode haver perda completa da movimentação ocular e as pupilas podem tornar-se mióticas e não reativas. A ataxia é secundária à lesão degenerativa, com perda de neurônios cerebelares. O acometimento da função mental pode se dar por: (1) estado confusional agudo, (2) sintomas de abstinência alcoólica e (3) síndrome amnéstica acompanhada de comprometimento do aprendizado e da confabulação, caracterizando a síndrome. O defeito amnéstico está relacionado às lesões no diencéfalo. Habitualmente ocorre uma seqüência de sintomas iniciando com nistagmo, paralisia dos músculos retos oculares, levando a oftalmoplegia uni ou bilateral acompanhada de redução no nistagmo, ataxia, seguida de estado confusional agudo, que pode evoluir para síndrome de Wernicke-Korsakoff, mesmo após reposição de tiamina. A ingestão excessiva é largamente excretada na urina, entretanto, doses maiores de 400 mg/dia causam letargia, ataxia e redução da tonicidade do trato gastrointestinal. A determinação laboratorial mais eficiente é dada pela medida da razão da atividade da transcetoslase eritrocitária que mede a atividade antes e após administração de TPP exógena. O 22 eritrócito de um indivíduo deficiente expressa aumento da atividade da enzima com a administração de TPP. A medida da tiamina plasmática ou urinária são também utilizadas. É encontrada numa grande variedade de fontes animais e vegetais: como carnes magras, vísceras (especialmente o fígado, coração e rins), gema de ovo e os grãos integrais. Sem tiamina o sistema nervoso central fica prejudicado na sua obtenção de energia (glicose), e também ocorre a degeneração da bainha de mielina das fibras nervosas e dos nervos periféricos. Encefalopatia de Wernicke é causada pela deficiência aguda de tiamina, sendo caracterizada pela confusão mental, dificuldade na coordenação motora e paralisia do nervo ocular (oftalmoplegia). Alcoólatras crônicos podem sofrer de deficiência grave de tiamina devido à ingestão baixa, má-absorção ou fosforilação defeituosa23. Não são conhecidos efeitos tóxicos da tiamina em doses clinicamente recomendadas, entretanto, reações adversas à tiamina podem ocorrer, mas são raras: náuseas, edema pulmonar e colapso cardiovascular. RIBOFLAVINA - VITAMINA B2 A riboflavina tem um papel central como cofator redox no metabolismo gerador de energia e é essencial para formação dos erotrócitos, para a neoglicogênese e regulação das enzimas tireoideanas. Combina-se ao ácido fosfórico nos tecidos, fazendo parte de duas coenzimas: flavina mononucleotídeo (FMN) e FAD, que participam dos processos de oxi-redução nas células, 23 principalmente como transportadoras de hidrogênio no sistema mitocondrial de transporte de elétrons. Atuam também como coenzimas das desidrogenases, que catalisam o primeiro passo na oxidação de alguns compostos intermediários do metabolismo da glicose e de ácidos graxos. Também está envolvida na ativação da vitamina B6.. A concentração de coenzimas de riboflavina nos tecidos parece estar sob controle da atividade da flavoquinase e da síntese e catabolismo de enzimas dependentes de flavina24. Com base em estudos de depleção – repleção, a quantidade mínima necessária de riboflavina tem variado entre 0,5 – 0,8 mg/dia. Em estudos populacionais foram observados valores normais de atividade da glutationa redutase eritrocitária com uma ingestão habitual de 1,2 – 1,5 mg/dia. As RDAs calculadas para a riboflavina, dentro das recentes DRIs (Dietary Reference Intakes), estão dispostas na tabela 1, segundo faixa etária e sexo. As gestantes necessitam de 1,4 mg de riboflavina por dia e as lactantes, 1,6 mg/dia. Entre os alimentos fonte podemos destacar o leite, seus derivados e vísceras25. 24 Fig 6 - Deficiência de riboflavina A deficiência é caracterizada por lesões nos cantos da boca e nos lábios (ver figura 6), descamação dolorosa na língua deixando- a vermelha, secae atrófica e dermatite seborréica, afetando especialmente as partes nasolabiais, com anormalidades na pele ao redor da vulva e anus. As lesões na boca podem responder tanto a riboflavina como a vitamina B6 em indivíduos aparentemente deficientes em B2. Pode também aparecer conjuntivite com vascularização da córnea e opacidade do cristalino. Este último sinal corresponde a única lesão da ariboflavinose, onde as bases bioquímicas são conhecidas. A glutationa é importante para a manutenção da transparência normal do cristalino e a glutationa redutase é uma flavoproteína que é particularmente sensível à depleção de riboflavina. A excreção urinária de riboflavina e seus metabólitos podem ser utilizados como índice de estado nutricional do indivíduo em relação a esta vitamina. Tanto a excreção basal como a excreção após uma dose teste de riboflavina, refletem o estado nutricional 25 do indivíduo em relação a esta vitamina. A glutationa redutase é especialmente sensível à depleção de vitamina B2 e sua atividade no eritrócito pode também ser utilizada como índice de estado nutricional. USO TERAPÊUTICO Os estados de deficiência devem ser tratados com 5 a 10 mg/dia de riboflavina por via oral. Freqüentemente a deficiência de outras vitaminas do complexo B está presente e se faz necessária a reposição em conjunto dessas vitaminas. Em estados de má absorção pode estar indicado o uso profilático de 3 mg/dia de riboflavina. O excesso de riboflavina pode ocasionar coloração alaranjada na urina. Devido a sua baixa solubilidade e limitada absorção do trato gastrointestinal, a vitamina B2 não tem toxicidade por via oral significante ou mensurável. Em doses parenterais extremamente altas (300- 400 mg/kg peso corporal) pode haver cristalização da riboflavina no rim devido a sua baixa solubilidade. NIACINA (VITAMINA B3) Niacina é um nome genérico que pode ser usado para indicar ambos ácido nicotínico e nicotinamida, duas distintas espécies moleculares, capazes de atuarem como precursoras de NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) na maioria dos organismos vivos por meio de distintas reações catalisadas por enzimas. 26 Desempenha papel indispensável nas reações de óxido-redução envolvidas no catabolismo da glicose, dos ácidos graxos, das cetonas corporais e dos aminoácidos. Semelhante ao triptofano, o papel da niacina como precursor de NAD foi descoberto pela capacidade dessa vitamina atuar como fator anti-pelagra26. A pelagra clássica é uma doença nutricional debilitante caracterizada pela deficiência combinada da vitamina niacina e do aminoácido essencial triptofano, ou ambos. O termo pelagra é derivado da palavra italiana “pelle agra” que significa pele áspera. Esta doença apresenta um grupo de sintomas que envolvem dermatite, diarréia, demência e quando não tratada, embora muito raramente, a morte. O prognóstico é complicado pelos sinais de má nutrição protéico-calórica e pelo desequilíbrio de aminoácidos, particularmente pelos baixos níveis de triptofano. A pelagra é rara no mundo ocidental, sendo o alcoolismo crônico a causa mais comum. A prevalência em alcoólatras aparece como resultado de situações de dieta pobre nutricionalmente e má absorção. As células hepáticas também utilizam parcialmente o ácido nicotínico. A administração crônica de etanol a animais experimentais tem sido relatada para provocar distúrbios no metabolismo do NAD. O NAD participa em muitos processos biológicos, incluindo a regulação do metabolismo de energia, reparo do DNA e transcrição. A forma reduzida de NAD, NADH, é substrato para a NADH desidrogenase da cadeia respiratória mitocondrial. 27 O NAD é uma importante coenzima nas reações de óxido- redução e substrato para a poli (ADP-ribose) polimerase (PARP), a qual é estimulada na presença de quebras de fita do DNA. Essa enzima se liga ao DNA próximo da fita quebrada, desempenhando um papel importante no reparo do DNA, recombinação, apoptose e manutenção da estabilidade genômica27. Sua função metabólica como parte da coenzima II (NADP) foi descoberta em 1935, antes que o seu significado nutricional fosse conhecido. O seu papel metabólico é como precursor da porção coenzima da nicotinamida nucleotideo, NAD e NADP, e estas podem também ser sintetizadas in vivo pelo aminoácido essencial triptofano em quantidade correspondentes a 60:1. Embora a função melhor conhecida da niacina seja no metabolismo gerador de energia, a coenzima nicotinamida nucleotideo não está firmemente ligada à enzima, e é prontamente intercambiável através das células; portanto a utilização da NAD ocorre em resposta ao dano oxidativo do DNA, e não no metabolismo gerador de energia. Quantidades significantes de niacina são encontradas na carne (especialmente carne vermelha), fígado, legumes, leite, ovo, grãos de cereais, leveduras, peixe e milho. Embora, leite e ovos contenham pequenas quantidades de niacina pré-formada, seu conteúdo em triptofano provê mais do que suficiente niacina equivalente. a carne vermelha é uma das melhores fontes por sua abundância tanto em niacina pré-formada como em triptofano. A dermatite da pelagra é caracterizada por erupção pigmentada, acompanhada de hiperceratose e descamação, 28 bilateral, simétrica, especialmente em áreas expostas à luz solar. A presença de lesões em “colar” presentes no pescoço estão associadas à doença avançada (Figura 7). Ocorre inflamação das mucosas, aparecendo com estomatite, glossite, ulcerações na língua, esofagite, acloridria, uretrite, proctite e vaginite. A inflamação da mucosa intestinal leva ao quadro de diarréia. As alterações mentais se manifestam com fadiga, insônia e apatia precedendo um quadro de estado confusional, déficit de memória, convulsões, catatonia, alucinações e psicose orgânica e decorrem da conversão diminuída de triptofano em serotonina28,29. Fig. 7 Alterações dermatológicas na pelagra A deficiência de zinco em associação com o alcoolismo pode também ser um fator associado na etiologia da pelagra. Pacientes alcoólatras foram tratados com alimentação enteral definida, sem triptofano e niacina, observando-se que a adição de sais de zinco aumentou a excreção urinária de N1-metil-nicotinamida e metil piridona carboxamida, com correspondente queda do triptofano 29 plasmático. Processos de má-absorção30, uso de quimioterápicos (como a isoniazida), alterações no metabolismo do triptofano (como na doença de Hartnup e na síndrome carcinóide) podem causar a pelagra31,32. O diagnóstico torna-se evidente quando a tríade clássica está presente (dermatite, diarréia e demência); porém, observam-se mais comumente quadros clínicos incompletos de difícil identificação. O método mais utilizado para avaliação bioquímica do estado nutricional do indivíduo em relação à niacina está baseado na determinação laboratorial da excreção urinária de N1-metil nicotinamida. Por outro lado, a excreção de metil-piridona carboxamida está mais reduzida com a inadequação de niacina do que a N1-metil nicotinamida. A excreção de metil-piridona carboxamida diminui rapidamente em indivíduos alimentados com uma dieta deficiente em niacina e virtualmente cessa por várias semanas antes que os sinais clínicos da deficiência apareçam; diferentemente, muitos estudos tem mostrado excreção inalterada de N1-metilnicotinamida mesmo em pelagrosos. Sugeriu-se que um indicador do estado nutricional em relação a niacina poderia ser obtido determinando-se a razão de metil- piridona carboxamida para N1-metilnicotinamida, na urina. A razão destes dois metabolitos é relativamente constante, entre 1,3 – 4,0 em indivíduos bem nutridos, mesmo com a administração de sobrecarga de triptofano e niacina. Portanto, uma razão <1,0 indica depleção das reservas33,34,35.USO TERAPÊUTICO 30 O ácido nicotínico é utilizado clinicamente em grandes doses (da ordem de 1 a 3g/dia) como agente hipolipidêmico. Ele reduz tanto os triglicérides (TG) como o colesterol total em cerca de 20% dos casos, agindo como inibidor da síntese de colesterol. Tem um efeito marcante na redução LDL e VLDL e tem se mostrado um dos mais potentes agentes no aumento de concentrações de HDL, com efeitos até maiores que os dos fibratos. Com doses acima de 1g/dia, entretanto, há evidências de toxicidade. Foram relatadas alterações em testes de função hepática, tolerância à carboidratos e metabolismo do ácido úrico, que foram revertidos com a interrupção da sua administração36,37,38,39. As RDAs atuais (1998), segundo as DRIs, estão dispostas na tabela 1, segundo sexo, idade e faixa etária. Avaliando a ingestão de niacina e triptofano da população brasileira, a deficiência parece improvável para a maioria da população. Ressalta-se, entretanto, alguns surtos observados em regiões pobres da Região Nordeste, que sobrevivem à seca, com dietas muito monótonas à base de cereais, pobres em triptofano e niacina. A Síndrome Carcinóide pode raramente ocasionar pelagra pelo aumento da síntese de serotonina a partir do triptofano. A Doença de Hartnup que é um distúrbio hereditário raro, onde ocorre defeito na absorção de vários aminoácidos, está implicada como causa de pelagra por deficiência na absorção de triptofano. A deficiência de vitamina B6 pode ocasionar deficiência de niacina em função da sua necessidade para a conversão de triptofano em 31 ácido nicotínico. A isoniazida pode acarretar pelagra por inibir a vitamina B6. PIRIDOXINA (VITAMINA B6) Vários compostos são reconhecidos: piridoxina – forma alcoólica, piridoxal – forma aldeídica e piridoxamina – amina. A forma co-enzimática é o piridoxal 5-fosfato (PLP) e piridoxamina- 5-fosfato. Como coenzima a vitamina B6 está envolvida em várias reações de transaminação (e portanto, gluconeogênese), na síntese de niacina a partir do triptofano, e do ácido delta-aminolevulinico (e portanto, na síntese de vários neurotransmissores). As transaminases dependentes de piridoxina são importantes também na ligação do oxigênio à hemoglobina, estando relacionada ao fato de que e a deficiência grave de piridoxina pode resultar em anemia hipocrômica microcítica. Várias técnicas laboratoriais para seu diagnóstico são disponíveis: medidas de PLP no plasma ou eritrócito são os mais comuns. A excreção urinária de ácido xanturêmico depois de uma dose oral de triptofano ou ainda a atividade nos eritrócitos das enzimas transaminases (ALT e AST). A piridoxina está implicada ainda na gliconeogênese, na conversão de triptofano em niacina e na função imune, estando envolvida na síntese de interleucina-2 e na proliferação de linfócitos. A vitamina B6 é uma das três vitaminas necessárias ao metabolismo da homocisteína, ocorrendo elevação dos níveis 32 séricos deste aminoácido quando há menor disponibilidade de piridoxina. Por ser utilizada intensamente no metabolismo dos aminoácidos, a necessidade de vitamina B6 do organismo está vinculada diretamente à ingestão protéica. Os principais alimentos ricos em piridoxina são, fígado, músculo, vegetais, e cereais integrais. O conteúdo de piridoxina no leite materno é baixo nas primeiras semanas e o uso de contraceptivos orais por períodos superiores a 30 meses antes da gestação, reduz ainda mais os níveis da vitamina disponíveis para a lactação. A piridoxina é sensível à oxidação, à radiação ultravioleta, ao aquecimento e ao cozimento, havendo perdas substanciais da vitamina durante esses processos. A absorção das três formas da vitamina B6 ocorre principalmente no jejuno, através de um processo de difusão passiva. O transporte de piridoxina no sangue é feito tanto no plasma, ligada à albumina, como nos eritrócitos, ligada à hemoglobina. A conversão das formas não fosforiladas nas metabolicamente ativas, ocorre no fígado. A deficiência usualmente está relacionada à síndrome disabsortiva, ao alcoolismo, ao envelhecimento e ao uso de drogas com efeito antagonista à piridoxina. As drogas mais relacionadas com o antagonismo são isoniazida, penicilamina, hidralazina, cicloserina e tiazolidonas. Essas drogas formam complexos com a fração aldeído da vitamina, inibindo sua função40. 33 Sua deficiência usualmente é observada em conjunto com outras vitaminas hidrossolúveis. Estomatite, queilite angular, glossite, irritabilidade, depressão, e confusão ocorre em casos de deficiência moderada enquanto de anemia normocítica normocrômica tem sido relatada em casos de deficiência mais graves. Alterações no EEG e em crianças convulsões são descritos. Algumas situações de anemia sideroblásticas respondem ao tratamento com vitamina B6. USO TERAPÊUTICO Como freqüentemente estão associadas deficiências de outras vitaminas do complexo B, é recomendada a reposição em conjunto dessas vitaminas. O tratamento do estado de deficiência em piridoxina requer doses que variam de 50 a 300 mg/dia, dependendo da gravidade do quadro. A dose preconizada na prevenção da neuropatia periférica associada ao uso da isoniazida é de 25 mg/dia. A ingestão de grandes quantidades de piridoxina como 0,5 a 6g/dia está implicada no aparecimento de neuropatia sensitiva periférica, reversível com a suspensão do tratamento, sendo atribuída à neurotoxicidade direta pela vitamina. Há também relato de ocorrência de fotossensibilidade com uso de elevadas doses de piridoxina. FOLATO (ÁCIDO FÓLICO) O termo folato é uma designação genérica para qualquer membro da família dos pteroilglutamatos. O folato plasmático 34 encontra-se principalmente sob a forma de tetrahidrofolato, principal forma ativa da vitamina, que se constitui no monoglutamato proveniente da redução do ácido pteroilglutâmico (poliglutamato), realizada no fígado. O folato funciona como coenzima em diversas reações envolvendo transferência de carbonos (radicais metílicos), incluindo síntese de purina e timidilato, metabolismo de diversos aminoácidos (especialmente serina e homocisteína), metilação de aminas biogênicas e síntese protéica da metionina. Por ser necessário para a síntese de purinas e timidilato, o folato se constitui em elemento essencial para a síntese de DNA e RNA, sendo elemento fundamental na eritropoiese. A inibição do metabolismo de células cancerosas e bactérias é a base para os antibióticos sulfonamidas e agentes quimioterapicos tais como o metotrexate e 5-fluorouracil. Mulheres e crianças são mais vulneráveis para a deficiência dessa vitamina. O quadro clássico é a anemia megaloblástica. As células hematopoiéticas da medula óssea desenvolvem formas megaloblásticas refletindo síntese deficiente de DNA. Alterações megaloblásticas no epitélio oral e gastrointestinal ocorrem com freqüência e produzem glossite e diarréia, respectivamente. Sulfasalazina e fenantoína inibem a absorção e predispõem à deficiência. Doses maiores de 400 mug/dia podem corrigir parcialmente a anemia da deficiência da vitamina B12, mascaram e talvez exacerbem a neuropatia associada. A medidas de folato sérico 35 refletem o balanço imediato, enquanto que as medidas de folato nas hemáceas indicam melhor a situação dos tecidos. O ácido fólico quando administrado antes ou no início do período gestacional reduz significativamente o risco de defeito do tubo neural nos fetos. Publicações da década de 1990 mostraram que o aumento dos níveis de homocisteína estavam associados ao defeito congênito do tubo neural. O ácido fólico é um elemento essencial que atua como co-fator no metabolismo da homocisteína e da metionina e controla os níveis circulantes desse amino ácido. A suplementação tem sido recomendadaem casos considerados de risco41. A necessidade diária de folato é aumentada quando há elevação da taxa metabólica e da renovação celular. As principais condições associadas são infecção, hipertireoidismo, anemia hemolítica, crescimento tecidual fetal rápido e tumores malignos. Como o álcool interfere na circulação entero-hepática do folato, as necessidades dessa vitamina estão aumentadas nos alcoólatras. O folato está presente em quase todos os alimentos naturais de origem animal e vegetal e é encontrado principalmente na forma de poliglutamato. Os alimentos com maior teor de folato são as frutas cítricas, leveduras, vegetais verdes frescos, fígado e outras vísceras, amendoim, ovo e cereais. A vitamina é altamente suscetível à oxidação, ao congelamento, ao aquecimento e ao cozimento, havendo perdas de 50 a 95 % do conteúdo alimentar do folato durante esses processos. 36 O folato é absorvido em toda a extensão do intestino delgado, sendo o seu terço proximal o principal local de absorção. Para que ocorra a absorção é necessário a ação de enzimas, presentes na superfície da borda em escova dos enterócitos, sobre os poliglutamatos reduzidos presentes na dieta. A vitamina B12 é necessária na captação e utilização adequadas de folato, participando em conjunto na síntese de DNA. A mucosa do duodeno e da parte superior do jejuno é rica em dihidrofolato redutase, importante na metilação do folato reduzido, absorvido a partir da dieta. O transporte até os tecidos ocorre sob a forma de tetrahidrofolato. Um suprimento constante de tetrahidrofolato é proporcionado pela alimentação e pelo ciclo entero-hepático dessa vitamina. O fígado realiza a redução e a metilação do ácido pteroilglutâmico e secreta o tetrahidrofolato através da bile. Após ser secretado na bile o tetrahidrofolato é reabsorvido pelo intestino e em seguida liberado aos tecidos. Essa via metabólica disponibiliza cerca de 200 g/dia de folato para utilização tecidual. O armazenamento do folato é feito sob a forma de poliglutamato, com os estoques corporais variando de 5 a 10 mg, dos quais cerca de metade se encontram no fígado. A excreção é feita na urina e na bile em formas metabolicamente ativas e inativas. Os alcoólatras freqüentemente tornam-se deficientes em folato tendo em vista que a principal fonte de oferta calórica destes indivíduos é o etanol. As bebidas alcoólicas são praticamente 37 desprovidas de ácido fólico e o álcool interfere no metabolismo do folato. O erro alimentar levando à baixa ingestão de folato é também comum entre a população idosa, entre os adolescentes e entre os usuários de drogas. Os fármacos podem interferir de diversas formas na absorção, metabolização e utilização do folato no organismo. A principal droga antagonista do folato é o metotrexate, uma droga com propriedades antineoplásicas e imunossupressoras, que é um potente inibidor da dihidrofolato redutase. Os anticonvulsivantes, tais como, fenitoína, fenobarbital e primidona competem com o folato por receptores intestinais, cerebrais e de outras superfícies celulares, estando associados com o desenvolvimento de macrocitose em até 40% dos pacientes em uso dessas drogas. A sulfasalazina provoca diminuição na absorção de folato. O diagnóstico da deficiência de folato é feito pela dosagem de seus níveis séricos cuja faixa de variação normal situa-se entre 4 a 20 ng/ml. USO TERAPÊUTICO A dose necessária de de ácido pteroilglutâmico.para tratar a maioria dos estados de deficiência é de 200 a 500 g/dia. A reposição pode ser realizada por via oral ou em casos de má absorção por via parenteral, podendo ser intra-muscular, endovenosa ou subcutânea. Em pacientes agudamente acometidos por anemia megaloblástica deve-se proceder a administração parenteral concomitante de folato (1 a 5 mg) e cobalamina (100 g) até que a causa exata da deficiência seja definida. 38 Deve-se estar atento para o fato de que a administração de doses elevadas de folato desvia o seu metabolismo da via dependente de cobalamina e pode melhorar a anemia megaloblástica em paciente com deficiência de vitamina B12. A presença de alterações neurológicas, principalmente da sensibilidade raramente ocorrem na deficiência exclusiva de folato e esses sintomas não melhoram com a reposição isolada de folato. A administração de ácido folínico está indicada por via oral ou parenteral quando há utilização de drogas inibidoras da dihidrofolato redutase, como o metotrexate. Não está indicada para reposição da deficiência de folato. Gestantes devem receber suplemento de 5 mg/dia de folato a partir do primeiro dia de gravidez para prevenção adequada de defeitos no tubo neural fetal. Há relato de casos raros de hipersensibilidade ao folato em doses habituais de 1 a 10 mg/dia, com surgimento de febre, urticária, prurido e insuficiência respiratória. COBALAMINA (VITAMINA B12) Os microorganismos são as últimas fontes naturais de vitamina B12 existentes. Os dois coenzimas ativos são deoxiadenosilcobalamina e metilcobalamina. Os dois são utilizados para a síntese de sucsinil Co A, que é essencial para o metabolismo de lipídeos e carboidratos assim como para a síntese de metionina. Essa última reação é essencial para o metabolismo 39 de amino ácidos, para a síntese de purinas e pirimidinas, e para várias reações de metilação e ainda para a retenção intracelular de ácido fólico. A ingestão diminuída raramente causa a deficiência com exceção dos vegetarianos restritos. A maioria dos casos de deficiência se refere às síndromes de má absorção que podem resultar em anemia perniciosa, insuficiência pancreática, gastrite atrófica, crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado ou doença ileal. Anemia megaloblástica ou alterações megaloblásticas em outros epitélios são resultados de deficiência prolongada. Complicações hematológicas e neurológicas podem ocorrer independentemente. A recomendação diária de cobalamina é estimada em 3 a 5 g/dia que devem ser obtidos através da ingestão de alimentos de origem animal na dieta. Os seres humanos dependem da ingestão da vitamina pela dieta de origem animal, havendo desenvolvimento de deficiência de cobalamina em vegetarianos estritos. As fontes usuais de cobalamina são peixes, mariscos, carnes, ovos, leite e derivados. A fervura da carne pode levar à perdas de até 30% na água. As células parietais gástricas secretam uma glicoproteína, indispensável à absorção da vitamina B12 que é o fator intrínseco. Na presença de pH ácido e de enzimas proteolíticas pancreáticas ocorre liberação da cobalamina da proteína salivar e ligação ao fator intrínseco. O complexo cobalamina-fator intrínseco atinge o 40 íleo onde interage com receptores específicos da mucosa ileal, ocorrendo finalmente a sua absorção. Após absorvida, a cobalamina é captada pela transcobalamina II, uma -globulina, que faz o transporte da vitamina até os tecidos. A vitamina transportada pela transcobalamina é rapidamente depurada do plasma pelos tecidos, principalmente pelo fígado. O conteúdo corporal de cobalamina é estimado em 3 a 10 mg e o fígado, principal sítio de armazenamento, detém cerca de 50 a 90 % do conteúdo total de cobalamina do organismo. A vitamina é armazenada após degradação por proteases e transformação em suas coenzimas ativas adenosil-cobalamina e metil-cobalamina, que se ligam às enzimas metilmalonil CoA redutase e metionina sintetase respectivamente. Aproximadamente 3 g de cobalamina são secretadas diariamente na bile, havendo reabsorção de cerca de metade da quantidade secretada. A excreção da cobalamina é feita via apoptose celular para o interior do trato gastrointestinal, nos rins e na pele, sendo, portanto, excessivamente lenta. Após gastrectomiatotal, que reduz a zero a absorção de cobalamina, somente haverá deficiência de cobalamina com anemia megaloblástica após um período de 4 a 7 anos. Esse fato se deve à lentidão na excreção da cobalamina, aliada à existência da circulação entero-hepática e da demanda diária mínima desta vitamina pelo organismo. Vegetarianos estritos apresentam deficiência de cobalamina por falha na ingestão alimentar. Várias doenças intestinais podem 41 interferir com a absorção de cobalamina. Acloridria gástrica e diminuição da secreção de fator intrínseco decorrentes de gastrite atrófica (anemia perniciosa) ou gastrectomia acarretam, freqüentemente, deficiência de vitamina B12. A anemia perniciosa é causa de deficiência de cobalamina, considerada uma doença autoimune. Anticorpos contra fator intrínseco e contra o complexo cobalamina-fator intrínseco estão envolvidos no defeito da absorção da vitamina B12. Desordens pancreáticas provocam deficiência de cobalamina pela diminuição na secreção de proteases necessárias à absorção de vitamina B12. A síndrome de Zollinger-Ellison (tumor secretor de gastrina) pode acarretar defeitos na absorção de cobalamina por acidificação do intestino delgado. Pode haver infestação do lúmen intestinal por bactérias colônicas em decorrência de uma conexão anormal entre o cólon e o intestino delgado, estagnação em divertículos, alças cegas ou estreitamentos, levando a competição pela vitamina B12 entre as células intestinais e os microorganismos, culminando em deficiência de cobalamina. A deficiência de cobalamina é comum entre pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida. Acredita-se que exista uma falha na absorção do complexo cobalamina-fator intrínseco pela mucosa ileal desses pacientes. Outros defeitos absortivos podem ser causados por doenças ou procedimentos cirúrgicos que interfiram diretamente sobre a mucosa ileal. Enterite regional, 42 doença de Whipple e tuberculose são exemplos de alterações ileais cursando com deficiência de vitamina B12. O epitélio gastrointestinal, que apresenta rápida proliferação, manifesta várias alterações em decorrência da deficiência de vitamina B12. A glossite, caracterizada por língua despapilada (lisa), avermelhada e dolorosa, é um sinal proeminente e evolue com prejuízo do paladar, ver figura 8. Pode haver anorexia, náuseas, vômitos, dispepsia, diarréia e menos freqüentemente perda de peso. Fig 8 Deficiênca de vitamina B12 A deficiência de vitamina B12 leva a um quadro de deficiência intracelular de folato e por esse motivo provoca anemia megaloblástica morfologicamente idêntica à provocada pela deficiência de folato. A anemia megaloblástica resulta em eritropoiese ineficaz, com intensa destruição dos precursores eritrocitários antes da liberação para a corrente sangüínea. Ocorre baixa incorporação do ferro aos eritrócitos, resultando em ferro abundante na medula óssea. 43 A deficiência de cobalamina pode provocar edema de células neuronais mielinizadas, desmielinização, degeneração axônica e morte neuronal, observadas nos nervos periféricos, na medula óssea e no córtex cerebral, acarretando lesões irreversíveis. O quadro clínico inclui parestesias em mãos e pés, diminuição da sensibilidade vibratória e de posição segmentar, fraqueza muscular, instabilidade da marcha, ataxia, diminuição dos reflexos tendinosos profundos, perda de visão central, delirium, depressão e perda de memória. Concentrações séricas ou plasmáticas são geralmente aceitáveis. Tendo em vista as lesões neurológicas a determinação podem ser confirmadas pela dosagem de ácido metilmalônico que é um indicador sensível de deficiência celular. Os níveis séricos normais de cobalamina variam de 200 a 900 pg/ml. Níveis abaixo de 100 pg/ml indicam deficiência grave. Cerca de 10 a 20 % da cobalamina sérica encontra-se ligada a transcobalamina II e o restante à haptocorrina. Quando ocorre deficiência de transcobalamina II a cobalamina pode apresentar-se com níveis séricos normais, mas ocorre deficiência tecidual. O teste de Schilling mede a capacidade de absorção da cobalamina e é baseado no fato de que a cobalamina só é encontrada livre no plasma após toda a proteína de ligação estiver saturada e depois que toda a cobalamina livre seja filtrada pelos glomérulos. O paciente recebe 1000 g de cianocobalamina IM, responsável pela saturação das proteínas transportadoras e uma dose de cobalamina marcada por via oral. A proporção da vitamina marcada que é excretada na urina de 24 horas fornece uma medida 44 da absorção de cobalamina. Em etapa seguinte, quando o teste é anormal, é administrada a cobalamina marcada ligada ao fator intrínseco. Desta forma, é possível avaliar se o defeito é por deficiência do fator intrínseco, ocorrendo normalização da absorção. O teste tem valor limitado por apresentar grande número de exames falsamente normais42. USO TERAPÊUTICO A vitamina B12 pode ser administrada por via oral, intramuscular ou subcutânea, não devendo ser administrada por via endovenosa pelo risco de anafilaxia. A administração por via oral é suficiente nos estados de deficiência de origem alimentar, desde que não haja alterações hematológicas e neurológicas proeminentes e ainda assim corre-se o risco de defeitos na absorção por deficiência de fator intrínseco ou alteração ileal associados. A preparação de escolha consiste, portanto, de cianocobalamina por via intramuscular. O tratamento deve ser iniciado com 100 g/dia por uma semana com espaçamento entre as doses objetivando a administração de 2000 g nas primeiras seis semanas. Em seguida recomenda-se uma dose de manutenção de 100 g mensal pelo resto da vida do paciente. A recuperação da medula óssea pode ser observada após algumas horas e a resposta no sangue periférico é notada após alguns dias. A melhora dos sintomas neurológicos pode demorar vários meses para ser evidenciada e as alterações, dependendo da gravidade, podem ser irreversíveis. 45 VITAMINA C (ÁCIDO ASCÓRBICO) O ácido ascórbico é oxidado a ácido dehidro ascórbico. Pela possibilidade de ser reduzido in vivo, ele possui atividade de vitamina C. A vitamina C total é, então, medida como a soma dos dois ácidos. Em função de suas propriedades redutoras ela serve primariamente como um oxidante biológico e neutralizador de radicais livres em meio aquoso. A biossíntese de colágeno, carnitina, ácidos biliares e nor-epinefrina assim como a função adequada do sistema oxigenase hepático dependem dessas propriedades. A vitamina C dos alimentos aumenta a absorção intestinal de ferro não-heme. A deficiência evidente não é comum nos países desenvolvidos. O quadro clássico da deficiência é o escorbuto, caracterizado por fadiga, depressão, e anormalidades generalizadas no sistema conectivo como inflamação nas gengivas, petéquias, hemorragias perifoliculares, dimunição de cicatrização de feridas, hiperqueratose e sangramento nas cavidades corporais. Em crianças, defeitos na ossificação e crescimento ósseo podem ocorrer. O hábito de fumar leva a diminuição dos níveis leucocitários de vitamina C. Doses maiores que 500 mg/dia (em adultos) podem causar náusea e diarréia. A acidificação da urina com a suplementação e o potencial para o aumento da síntese de oxalato tem aumentado a preocupação relacionada à nefrolitíases. A suplementação pode interferir com os testes laboratoriais baseados na função de potencial redox (exemplo: teste de sangue 46 oculto, colesterol e glicose). A interrupção da ingestão crônica de altas doses de vitamina C deve ser programada para ser gradual dentro de 1 mês em função da acomodação metabólica que eventualmente pode produzir ¨escorbuto." A concentração de ácido ascórbico reflete a ingestão recente enquantoque os níveis nos leucócitos pode refletir o estoque tecidual. Níveis séricos em mulheres são aproximadamente 20% mais altos que nos homens para qualquer quantidade ingerida. É um antioxidante, participa na hidroxilação da prolina e lisina e estimula a produção do colágeno, entre outras funções. Não é sintetizada pelo organismo e portanto seu suprimento se dá totalmente pela alimentação ou preparações comerciais. Como é hidrossolúvel, o excesso ingerido é eliminado através da urina. A vitamina C está presente em grande quantidade, nas frutas cítricas e vegetais verdes. A absorção da vitamina C é ativa e se dá de modo rápido e eficiente no intestino delgado, diminuindo quando a ingestão diária excede 180 mg. É distribuída por todo o corpo mas grandes concentrações são encontradas nas adrenais, hipófise e parede intestinal. O estoque médio corpóreo é de 900 mg. O mecanismo para o desenvolvimento de escorbuto é a ingestão alimentar insuficiente. Antigamente era doença de marinheiros que ficavam semanas a meses com alimentação restrita, atualmente incide usualmente em alcoolistas. O escorbuto se caracteriza clinicamente por fraqueza e irritabilidade (diminuição da produção de neurotransmissores), 47 sangramento e inflamação digestiva, gengival e cutânea, ver figura 9 (alteração na síntese do colágeno) 43. Fig. 9 – Escorbuto USO TERAPÊUTICO O escorbuto é tratado com doses de 60 a 100 mg/dia de vitamina C por dia. Aumenta a absorção de ferro e tem como conseqüência o aumento de ferritina. BIOTINA (VITAMINA H) A biotina está envolvida na gliconeogênese, síntese de ácidos graxos e catabolismo protéico, agindo como grupo prostético para carboxilases, enzimas que necessitam de ligação covalente com a biotina para a sua ativação. Além de seu papel na regulação de expressão das carboxilases, a biotina também está envolvida na indução de receptores para enzimas glicolíticas e para suas proteínas ligadoras. Desordens no metabolismo de biotina podem 48 ser geradas pela diminuição de atividade da biotinidase ou da holo-carboxilase sintase. Na deficiência de biotina, há diminuição da piruvato carboxilase que, portanto, tem influência na gliconeogênese. Ainda, na deficiência de biotina ocorre uma diminuição da razão NADH:NAD, com posterior redução da gliconeogênese, devido a menor atividade da gliceraldeido-3- fosfato dehidrogenase. A tabela 1 mostra os valores de AIs, segundo faixa etária e sexo. Na lactação a AI sobe para 35 g/ dia e na gestação fica em 30g/dia. O consumo médio observado encontra-se entre 15- 70 g/dia, que tem sido adequado para prevenir a deficiência. Os poucos relatos da deficiência de biotina em humanos são de populações que consomem grandes quantidades de ovo cru. Os pacientes desenvolvem dermatite esfoliativa e perda de cabelo (alopécia). A análise histológica da pele mostrou ausência de glândulas sebáceas e atrofia dos folículos do cabelo. Suplementos de 200 – 1000 g/dia resultaram na cura das lesões da pele e crescimento dos cabelos. Mais recentemente, sinais similares de deficiência de biotina foram observados em pacientes submetidos a ressecção do intestino superior e tratados com nutrição parenteral total por períodos prolongados. Os sinais desapareceram com a suplementação de biotina, mas não tem havido estudos sobre as necessidades de biotina para a população em geral. Outros casos de deficiência estão geralmente ligados ao uso prolongado de nutrição parenteral total por desnutrição grave ou em casos de erros inatos do metabolismo. As lesões de pele provocadas pela deficiência de biotina, são similares àquelas observadas na 49 deficiência de ácidos graxos essenciais. Paralelamente foi observado que o ácido linoléico no soro de pacientes deficientes de biotina é menor que o normal. Soja, ovos e vísceras são ótimas fontes da biotina. Por outro lado carnes (não-viscerais), cereais, grãos, frutas e vegetais são fontes pobres nesta vitamina44,45,46. USO TERAPÊUTICO A administração de 200 a 1000 g/dia via oral reverte os sintomas de deficiência de biotina. Normalmente é comercializada sob a forma de polivitamínicos. Não há relatos de toxicidade pela biotina, nem ingestão máxima diária recomendada. ÁÁCCIIDDOO PPAANNTTOOTTÊÊNNIICCOO ((VVIITTAAMMIINNAA BB55)) Esta vitamina tem participação essencial no metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas. Pelo fato do ácido pantotênico ser convertido para a forma coenzimática ativa, a coenzima A (CoA), está envolvido em reações de liberação energética dos carboidratos e no metabolismo dos ácidos graxos. A CoA está envolvida na síntese de compostos como os hormônios esteróides, o colesterol e fosfolipídios. A CoA age como carreador de ácidos graxos, como tio-esters, na -oxidação mitocondrial. Os fragmentos de 2C resultantes, como acetil CoA, sofrem oxidação no ciclo do ácido cítrico. A CoA também age como um carreador 50 na transferência de porções acetil numa variedade de reações biossintéticas e catabólicas, incluindo: esteroidogênese; síntese de ácidos graxos de cadeia longa do palmitato na mitocondria e retículo endoplasmático; monoinsaturação do palmitoil CoA para palmitoleil CoA (C16:1 w9) e estearil CoA para oleil CoA (C18:1 w9); elongação dos ácidos graxos polinsaturados; acilação de resíduos de serina, treonina e cisteina nos proteolípides e a acetilação para formar o N-acetil ácido neuramínico. Derivados acil CoA de ácidos graxos de cadeia curta, inibem a pantotenato quinase. A CoA é desfosforilada pela fosfatase ácida lisosomal para defosfo-CoA, seguida pela ação da pirofosfatase para liberar 4’-fosfopanteteina e 5’-AMP. A CoA é também um substrato para a ação direta da pirofosfatase, em cerca 10% da razão de ação na defosfo-CoA. O ácido pantotênico em sua maioria é excretado intacto. O ácido pantotênico é amplamente distribuído em todos os alimentos, em oposição às outras vitaminas que foram originalmente isoladas de fontes individuais especialmente ricas. É absorvido no intestino delgado e é possível que a síntese bacteriana intestinal contribua para o adequado estado nutricional dos indivíduos em relação a esta vitamina. Como resultado, a deficiência não tem sido relatada nos seres humanos, exceto em estudos específicos de depleção. As recomendações provisórias para a vitamina, as AIs (Adequate Intakes) foram calculadas e estão dispostas na tabela 1, segundo sexo e faixa etária. As AIs são de 6 e 7 mg/dia para gestantes e lactantes, respectivamente. 51 Não há testes funcionais que possam ser aplicados para esta avaliação nutricional. A excreção urinária de ácido pantotênico reflete a ingestão, embora com uma grande margem de variação individual, mas pode ser um meio de se conhecer o estado nutricional dos indivíduos em relação a esta vitamina. Adultos consumindo de 5 a 7 mg/dia excretam de 2 a 7mg (9 a 32 mol) na urina e de 1 a 2 mg (4,5 a 9 mol) nas fezes. Indivíduos mantidos com dietas experimentais contendo 10 mg/dia tiveram uma excreção urinária variando de 4 a 7 mg (18 a 32 mol). A excreção urinária menor que 1mg (4,5 mol) de ácido pantotênico em 24 horas é considerada anormalmente baixa 23. O ácido pantotênico tem pouca toxicidade. USO TERAPÊUTICO Quando se suspeitar da deficiência, administração oral de 10 mg/dia deve ser usada. Normalmente tal reposição é feita com outros compostos do complexo B. Bibliografia citada 1. Vannucchi H. The therapeutic use of vitamins. Inter. J. Vit. Nutr. Res. 1983; 24: 45-50. 2. Shils ME, Olson JA, Shike M, Ross AC. Tratado de Nutrição Moderna na saúde e na doença. 9 ed. São Paulo: Manole Ltda, p.2106, 2003. 52 3. Jordão Jr AA, Figueiredo JFC, Silveira S, Junqueira Franco MVM, Vannucchi H. ExcreçãoUrinária de Vitamina A e substancias reativas ao ácido tiobarbitúrico em pacientes com AIDS. Rev Hosp Clin Fac Med S Paulo 1998; 53: 11-15. 4. Zanutto ME, Favaro MRD, Jordão Jr AA, Meirelles MSS, VerceseAV, Vannucchi H. Comparison on the bioavailability of the sinthetic B-carotene and B-carotene from a natural source in the presence of pectin in rabbits. J Nutr 2002; 131: 2988. 5. Vannucchi M.T.I., Vannucchi H, Humphreys M. Serum levels of vitamin A and retinol binding protein in chronic renal patients treated by continuous ambulatorial dialysis. Int. J Vit Nutr Res 1992; 62: 107-112. 6. Zanutto ME, Jordão Jr AA, Vannucchi H. Improvement in vitamin A status with consumption of dark-green vegetables – a bioavailability study in rabbits. Nutr Res 2003; 23: 271–278. 7. Ferraz IS, Daneluzzi JC, Vannucchi H, Jordão Jr AA, Ricco RG, Del Ciampo LA, et al. Detection of vitamin A deficiency in Brazilian preschool children using the serum 30-day dose-response test. Eur J Clin Nutr 2004; 58: 1372–1377. 8. Ferraz IS, Daneluzzi JC, Vannucchi H, Jordão Jr AA, Ricco RG, Del Ciampo LA, et al. Estudo da prevalência da carência de ferro e sua associação com a deficiência de vitamina A em pré- escolares. Jornal de Pediatria 2002; 81: 169-74. 53 9. Michaelsson K, Lithell H, Vessby B, Melhus H. Serum retinol levels and the risk of fracture. N Engl J Med. 2003; 348: 287-94. 10. Yuyama LKO, Favaro RMD, Yuyama K, Vannucchi H. Bioavailability of vitamin A from peach palm (Bactris gasipaes H.B.K.) and from mango (Mangifera indica L.) in rats. Nutr Res. 1991; 11: 1167-1175. 11. Holick MF. High prevalence of vitamin D inadequacy and implications for health. Mayo Clin Proc. 2006; 81: 353-73. 12. Vannucchi H, Jordão Jr AA, Iglesias ACG, Morandi MV, Chiarello PG. Effect of Different Dietary Levels of Vitamin E on Lipid Peroxidation in Rats. Arch. Latinoamer Nutr. 1997; 47: 34-7. 13. Vannucchi. H, Araujo WF, Bernardes MM, Jordão Jr AA. Effect of different vitamin E levels on lipid peroxidation in streptozotocin-diabetic rats. Int J Vitamin Nutr Res 1999; 69: 250-254. 14. Cordeiro MBC, Coimbra TM, Silva Costa R, Meirelles MS, Jordão Jr AA, Vannucchi H. Lipid Peroxidation in Vitamin E- Deficient Rats Submitted to Subtotal Nephrectomy. Renal Failure. 2002; 24: 403–415. 54 15. Jordão Jr AA, Chiarello PG, Arantes MR, Meirelles MS, Vannucchi H. Effect of an acute dose of ethanol on lipid peroxidation in rats: action of vitamin E. Food and Chem Toxicol. 2004; 42: 459–464. 16. Chiarello PG, Iglesias AC, Zucoloto S, Moreno F, Jordão AA, Vannucchi H. Effect of a necrogenic dose of diethylnitrosamine on vitamin E-deficient and vitamin E-supplemented rats. Food Chem Toxicol. 1998; 36: 929-935. 17. Vannucchi H, Vianna SM, Meirelles MS, Campos AD, Sarti W, Jordao Junior AA. Lipid peroxidation and urinary excretion of vitamin E in rats submitted to an immunological inflammatory process. Drug Chem Toxicol. 2003; 26: 285-93. 18. Bjelakovic G, Nikolova D, Simonetti RG, Gluud C. Antioxidant supplements for prevention of gastrointestinal cancers: a systematic review and meta-analysis. Lancet. 2004; 364 (9441):1219-28. 19. Bairati I, Meyer F, Gelinas M, Fortin A, Nabid A, Brochet F, Mercier JP, Tetu B, Harel F, Masse B, Vigneault E, Vass S, del Vecchio P, Roy J. A randomized trial of antioxidant vitamins to prevent second primary cancers in head and neck cancer patients. J Natl Cancer Inst. 2005; 97: 481-8. 20. Genkinger JM, Platz EA, Hoffman SC, Comstock GW, Helzlsouer KJ. Fruit, vegetable, and antioxidant intake and all-cause, cancer, and 55 cardiovascular disease mortality in a community-dwelling population in Washington County, Maryland. Am J Epidemiol. 2004; 160: 1223-33. 21. Miller ER 3rd, Pastor-Barriuso R, Dalal D, Riemersma RA, Appel LJ, Guallar E. Meta-analysis: high-dosage vitamin E supplementation may increase all-cause mortality. Ann Intern Med. 2005; 142: 37-46. 22. Dezee KJ, Shimeall WT, Douglas KM, Shumway NM, O'malley PG. Treatment of excessive anticoagulation with phytonadione (vitamin K): a meta-analysis.Arch Intern Med. 2006; 166: 391-7. 23. Thompson J. Vitamins, minerals and supplements: part two.Community Pract. 2005; 78: 366-8. 24. Bates CJ. Flair concerted action on 10 status papers: riboflavin. Int J Vit Nutr Res. 1993, 63: 416-419. 25. Barretto SAJ, Cyrillo DC, Cozzolino SMF. Análise nutricional e complementação alimentar de uma cesta básica derivada do consumo. Revista Saúde Pública 1993; 63: 29-35. 26. Capuzzi DM, Morgan JM, Brusco OA Jr, Intenzo CM. Niacin dosing: relationship to benefits and adverse effects. Curr Atheroscler Rep. 2000; 2: 64-71. 56 27. Fenech M. Micronutrients and genomic stability: a new paradigm for recommended dietary allowances (RDAs). Food Chem Toxicol. 2002; 40: 1113-7. 28. Vannucchi H, Campana AO. Pelagra: Aspectos clínicos e laboratoriais. Arq Gastroent. 1974; 11: 129-133. 29. Vannucchi H, Mello de Oliveira JA, Dutra de Oliveira JE. Tryptophan metabolism in alcoholic pellagra patients: measurements of urinary metabolites and histochemical studies of related muscle enzymes. Am J Clin Nutr. 1982; 35: 1368-74. 30. Vannucchi H, Moreno FS. Interaction of niacin and zinc metabolism in patients with alcoholic pellagra. Am J Clin Nutr. 1989; 50: 364-9. 31. Fu CS, Swendseid ME, Jacob RA, McKee RW. Biochemical markers for assessment of niacin status in young men: levels of erythrocyte niacin coenzymes and plasma tryptophan. J Nutr. 1989; 119: 1949-55. 32. Hathcock JN. Vitamin and mineral safety. Washington: Council for Responsible Nutrition; 1997. p. 466. 33. Sauberlich HE. Laboratory Tests for the Assessment of Nutritional Status. Boca Raton: CRC Press; 1999. p. 486. 57 34. Kutnink M. Vannucchi H, Desai ID, Dutra de Oliveira JE. Evaluation of rose bengal staining test and rapid dark-adaptation test for the field assessement of vitamin a status of preschool children in Sourthen Brazil. Am J Clin Nutr. 1986; 43: 940-945. 35. Monteiro JP, da Cunha DF, Filho DC, Silva-Vergara ML, dos Santos VM, da Costa JC Jr. Niacin metabolite excretion in alcoholic pellagra and AIDS patients with and without diarrhea. Nutrition. 2004; 20: 778-82. 36. Capuzzi DM, Morgan JM, Brusco OA Jr, Intenzo CM. Niacin dosing: relationship to benefits and adverse effects. Curr Atheroscler Rep. 2000; 2: 64-71. 37. Rader DJ. Effects of nonstatin lipid drug therapy on high-density lipoprotein metabolism. Am J Cardiol. 2003; 91: 18-23. 38. Xydakis AM, Ballantyne CM. Combination therapy for combined dyslipidemia. Am J Cardiol. 2002; 20; 90: 21-29. 39. Stein EA. Management of dyslipidemia in the high-risk patient. Am Heart J. 2002; 144: 43-50. 40. Giannoukakis N. Pyridoxamine (BioStratum). Curr Opin Investig Drugs. 2005; 6: 410-8. 41. Chiarello PG, Vannucchi MTI, Neto MM, Vannucchi H. Hyperhomocysteinemia and Oxidative Stress in Hemodialysis: 58 Effects of Supplementation with Folic Acid. Inter J Vitamin Nutr Res. 2003; 73: 431–6. 42. Krautler B. Vitamin B12: chemistry and biochemistry. Biochem Soc Trans. 2005; 33: 806-10. 43. Morin K. Water-soluble vitamins. MCN Am J Matern Child Nurs. 2005; 30: 271. 44. Pacheco-Alvarez D, Solorzano-Vargas RS, Del Rio AL. Biotin in metabolism and its relationship to human disease. Arch Med Res. 2002; 33: 439-47. 45. Melendez R. Importance of biotin metabolism. Rev Invest Clin. 200, 52: 194-199. 46. Zempleni J, Mock DM. Advanced analysis of biotin metabolites in body fluids allows a more accurate measurement of biotin bioavailability and metabolism in humans. J Nutr. 1999; 129: 494-497. 47. Food and Nutrition Board - Institute of Medicine. Dietary
Compartilhar