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FU���S Aspectos gerais ● Os fungos são organismos eucarióticos com parede celular rígida e podem ser uni ou pluricelulares. ● Alguns podem ser microscópicos, enquanto outros são muito maiores, como os cogumelos. ● Os fungos são desprovidos de clorofila e, portanto, não realizam fotossíntese. ● Não tem celulose na parede celular, mas sim glicanas, mananas e quitina. ● Possuem também mitocôndrias e um retículo endoplasmático. ● São ubíquos, ou seja, podem ser encontrados em todo lugar. ● Sua dispersão ocorre por animais, homens, insetos e/ou vento. A maioria são mais resistentes à pressão osmótica que as bactérias (concentração relativamente alta de açúcar ou sal). São capazes de metabolizar carboidratos complexos, como a lignina (madeira) e também capazes de crescer em paredes de banheiros, couro de sapatos, livros, etc. Degradam quantidades incontáveis de detritos e matéria morta; reciclam nutrientes por todo o ambiente, sendo imprescindíveis ao funcionamento do planeta. Também produzem álcool ao fermentar; e teriam contribuído para a evolução de artrópodes e plantas. O principal meio de cultura em laboratório de micologia é o Ágar Sabouraud Dextrose (ASD), além disso, os fungos crescem melhor em ambientes com pH próximo a 5. ● Nutrição Não armazenam amido como substância de reserva, mas sim glicogênio e são quimioheterotróficos. A nutrição é heterotrófica por absorção, produzem enzimas que degradam o substrato orgânico e absorvem os nutrientes solúveis. ● Metabolismo Para o seu desenvolvimento, os fungos exigem sempre uma fonte orgânica de carbono, que pode ser simples (álcoois, cetonas, aldeídos, gorduras, ácidos) ou complexa (proteínas, polissacarídeos, polipeptídeos). E fonte orgânica ou inorgânica de nitrogênio: NO3– e NH4+. Limitam-se ao metabolismo aeróbico ou anaeróbico facultativo. Sua fermentação produz álcool e CO2. ● As relações biológicas Os fungos podem ser sapróbios, saprófitos, simbiontes, parasitas ou mutualistas, ao estabelecer relações biológicas. Ao se tratar das relações mutualísticas, os fungos formam micorrizas e líquens. As micorrizas são associações entre fungos e as raízes das plantas. Os fungos digerem nutrientes orgânicos dos solos, que em parte cedem às plantas. Por seu lado, as plantas fornecem ao fungo, pela raiz, os nutrientes produzidos na fotossíntese. Os líquens são uma relação mutualista entre dois microrganismos, um fungo e uma alga ou cianobactéria. Por exemplo, a cianobactéria é fototrófica e produz matéria orgânica, utilizada na nutrição do fungo. O fungo protege a cianobactéria contra o dessecamento, e contra a erosão pela chuva ou vento. ● Morfologia Os fungos crescem como células únicas (leveduras) ou colônias filamentosas multicelulares (bolores e cogumelos). O principal elemento da forma vegetativa ou de crescimento de um bolor é a hifa, estrutura tubular ramificada, com cerca de 2 a 10 µm de diâmetro, sendo muito maior do que as bactérias. Um conjunto de hifas forma um micélio. As hifas que penetram no meio, onde absorvem nutrientes, são coletivamente conhecidas como o micélio vegetativo, já as que se projetam acima da superfície do meio constituem o micélio aéreo. Como esse último apresenta células reprodutivas ou esporos, é também denominado micélio reprodutivo. Na maioria das espécies as hifas são divididas por paredes transversais, os septos, a partir deles podem ser septadas ou asseptadas (cenocíticas). As leveduras são fungos unicelulares, ovais ou esféricos, e geralmente possuem de 3 a 4 µm de diâmetro. Algumas vezes as leveduras e sua progênie aderem entre si e formam cadeias ou “pseudohifas”. Muitas espécies de fungos podem crescer na forma de bolores ou leveduras, dependendo do meio ambiente, essa capacidade é conhecida como dimorfismo. Ela é clinicamente importante, pois a maioria dos fungos patogênicos são fungos dimórficos. Esses fungos via de regra aparecem nos tecidos infectados como leveduras, mas quando cultivados in vitro, a 25-30oC, aparecem como filamentos. ● Filogenia Os fungos patogênicos e oportunistas mais importantes estão distribuídos em 3 filos do reino Fungi: Zygomycota, Basidiomycota e Ascomycota. O Filo Ascomycota agrupa fungos de hifas septadas. A sua principal característica é o asco, estrutura em forma de bolsa ou saco, no interior do qual são produzidos os ascósporos, esporos sexuados, com forma, número e cor variáveis para cada espécie. Conídios, propágulos assexuados são também encontrados. Compreende 80% das espécies fúngicas patogênicas e oportunistas. O Filo Basidiomycota compreende os fungos superiores ou cogumelos comestíveis. Apresentam hifas septadas e são caracterizados pela produção de esporos sexuados externos, os basidiósporos, típicos para cada espécie. Conídios ou propágulos assexuados podem ser encontrados. O Filo Zygomycota inclui os fungos de micélio cenocítico, ainda que septos possam separar estruturas como esporângios. A reprodução pode ser sexuada pela formação de zigósporos (esporo de resistência, de parede grossa) e assexuada com a produção de esporos, os esporangiósporos, no interior dos esporângios. Todos os fungos que não têm conexão com Ascomycetes e Basidiomycetes foram incluídos temporariamente no grupo artificial dos Deuteromycetes, que são os fungos cuja fase sexuada não foi descrita. No entanto, nova divisão do reino Fungi em quatro filos foi proposta, com a inclusão do filo Chytridiomycota, além de Ascomycota, Basidiomycota e Zygomycota. E os Deuteromycetes, estão sendo agrupados dentro de Ascomycota ou Basidiomycota, e tendem a desaparecer. A produção de zoósporos posteriormente uniflagelados (flagelo tipo chicote), caracteriza perfeitamente o filo Chytridiomycota. Desenvolvem-se principalmente em ambiente aquático, podendo ser também encontrado no solo, sendo geralmente saprófitas. Há, entretanto, espécies parasitas de algas e de outras plantas economicamente importantes. ● Reprodução Os fungos reproduzem-se por meio de ciclos sexuais (união de dois núcleos compatíveis haploides) e/ou assexuais (por brotamento ou fragmentação) através dos esporos. A fase assexuada (anamórfica) apresenta esporos: aplanósporos (produzidos em esporangióforos, transportados pelo vento), zoosporangiósporos (possuem flagelos, encontrados em fungos aquáticos, produzidos em zoosporângios) e conídios (muito pequenos, como partículas de poeira, produzidos em conidióforos). A fase sexuada (teleomórfica) apresenta esporos: ascósporos (esporo formado em ascos, em grupos de 4 ou 8 esporos), basidiósporos (esporo sexuado formado em basídios, em grupos de 4 esporos) e zigomiceto (produzido nos zigósporos). ● Micotoxinas As micotoxinas são substâncias químicas produzidas pelos fungos, e sua presença em alimentos deve ser limitada, a depender do alimento. As ocratoxinas produzidas por Aspergillus ochraceuse e Penicillium viridicatum são encontradas em cereais, e podem causar atrofia renal. As aflatoxinas Aspergillus flavus e A. parasiticus são encontradas em nozes, amendoim, grãos, sendo hepatotóxica, nefrotóxica e carcinogênica. As Fumonisinas como Fusarium ficam no ar e podem causar fitopatogenias. ● Cogumelos venenosos e psicodélicos Os cogumelos venenosos provocam envenenamento causado pela ingestão de fungos macroscópicos como: Amanita muscaria e A. phalloides e causam distúrbios gastrointestinais, alterações hepáticas e perturbações neuropsíquicas, pois possuem muscarina. Os fungos Psilocybe cubensis, Psilocybe cyanescens, Psilocybe semilanceatae, Psilocybe azurescens possuem propriedades psicodélicas, utilizadas por povos em suas atividades culturais e como drogas recreativas, especialmente por jovens. Normalmente são classificados como tóxicos, por ser essa a terminologia jurídica, e enteógenos ou psicodélicos devido aos efeitos que causam. ● Patogenicidade Importantes fungos patogênicos de plantas (fitopatógenos), humanos (oportunistas) e animais apresentam fatores de virulência como adesinas, biofilmes, enzimas e formação de hifas. Infecções de origemfúngica são denominadas micoses, e classificam-se em: superficiais/cutânea; micoses subcutâneas; micoses profundas ou sistêmicas; e micoses oportunistas. Micoses superficiais/cutâneas compreendem as infecções fúngicas que atingem pele, pêlos, unhas e mucosas. - Pitiríase versicolor O agente etiológico é a Malassezia furfur, e causa lesões hipo ou hiperpigmentadas (micose de praia). - Dermatofitoses As dermatofitoses são provocadas pelos dermatófitos, que possuem a habilidade de degradar a queratina e transformá-la em material nutritivo para seu crescimento. Os agentes etiológicos das dermafitoses são: Trichophyton verrucosum (bovinos), Trichophyton equinum (equinos), Microsporum canis, Epidermophyton floccosum (humanos). Nas micoses subcutâneas os agentes vivem em estado saprofítico no solo, nos vegetais e nos animais de vida livre. Estes fungos são parasitas acidentais do homem e dos animais. - Esporotricose O agente etiológico (causador) é o Sporothrix schenckii, fungo dimórfico, ubiquitário na natureza. Trata-se de uma micose profissional pois acomete mais jardineiros, horticultores, floristas, mineiros, entre outros. Vem sendo descrita em ⁶gatos. Nas micoses sistêmicas, os agentes etiológicos são encontrados no solo e em dejetos de animais, e apresentam dimorfismo (exceto Cryptococcus neoformans). As vias aéreas superiores são a sua principal porta de entrada. -Criptococose O agente etiológico é o Cryptococcus neoformans, causando lesão inicial (pulmonar) e tropismo pelo sistema nervoso central (meningite). Frequentemente isolado de excremento de pombos, além de ser encontrado também em cães, gatos, bovinos e equinos. - Coccidioidomicose O agente etiológico é o Coccidioides immitis, causando na maioria dos casos pneumonia aguda. São encontrados em equinos, gados, ovelhas, cães e gatos. - Histoplasmose O agente etiológico é o Histoplasma capsulatum, causando lesão inicial (pulmonar) e lesões histologicamente compatíveis com tuberculose, com baciloscopia negativa. São mais comuns em cães, mas podem ocorrer também vacas, cavalos, gatos e roedores. As micoses oportunistas atingem os pacientes imunocomprometidos por doenças de base como câncer, diabetes, ou em tratamento com corticoides, imunossupressores e antibióticos. - Candidíase ou candidose O agente etiológico é a Candida albicans, mas também são agente outras espécies como C. tropicalis, C. parapsilosis e C. krusei. Pode ser endógena (aves) ou exógena – mucosa oral, vaginal ou sistêmica. - Aspergilose O agente etiológico é Aspergillus fumigatus, causando alergias e infecções nasais (localizada), nos pulmões (disseminada), no ouvido, no sistema nervoso central, nos olhos e em outros órgãos. Aspergillus flavus – aflatoxina (câncer hepático). Fungos não são somente patogênicos, são utilizados em antibióticos (penicilina) e na produção de alimentos. ● Importância -Fornecedores químicos: antibióticos (penicilina, cefalosporina), ácido cítrico, essências, vacinas, analgésicos (ergotamina), entre outros. -Controle biológico; -Simbiontes: endofíticos; -Bebidas e alimentos: queijos, iogurte, cerveja, etc; -Biodegradação: enzimas; -Biorremediação: degradação de poluentes (pesticidas); -Biossorção: remoção de metais pesados; radioativos -Biotecnológica em diversos ramos.
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