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A Literatura de Cordel no Ensino Fundamental em Escola Municipal de Zona Rural Santos, Emanoela Carolaine Silva 1; ALVES, Erica Rosimere da Silva2 ; LIMA, Elisabete Cristina Teixeira da Silva³ 1 UAST/UFRPE emanoelakarol@gmail.com.; ² UAST/UFRPE, erica.rose.uast@gmail.com provedor.com.br ; ³ SEST, elis.betinha@hotmail.com.; Simpósio Temático: Experiências e Questões de Docentes em Formação Resumo O trabalho tem o objetivo de relatar as experiências vivenciadas dentro do programa da Residência Pedagógica. A experiência consiste na elaboração de uma sequência didática sobre a literatura de cordel, assunto que está nos conteúdos programáticos dos Parâmetros Curriculares de Pernambuco, destinados ao Ensino Fundamental. A sequência foi planejada com o intuito de explorar o social e o linguístico, além de despertar o gosto pela leitura. Assim, foi executada em 10h aula, na Escola Municipal Brás Magalhães, na turma do 6º ano do Ensino Fundamental. As primeiras aulas iniciaram com recitação, leitura e interpretação do cordel A árvore que dava dinheiro de Domingos Pellegrini. Em seguida, a professora colaboradora explorou os recursos linguísticos, no que diz respeito à construção do cordel e de seu estilo. Através dessa sequência didática, podemos ver o interesse dos alunos pela literatura de cordel, por estar mais próximo a sua língua, ao seu sotaque, ao seu lugar. Assim, as aulas foram produtivas e satisfatórias apesar da turma apresentar algumas dificuldades com a leitura. Palavras-chave: Cordel; Ensino Fundamental; Residência Pedagógica; Introdução O presente trabalho tem o objetivo de compartilhar uma experiência didática vivenciada através do Programa Residência Pedagógica, na escola Municipal Brás Magalhães, situada na zona rural de Serra Talhada-PE. Essa experiência ocorreu através de uma sequência didática aplicada com os alunos do 6º ano. Essa sequência teve como norte o ensino de literatura de cordel, tópico que compõe o primeiro bimestre dos conteúdos dos parâmetros curriculares de Pernambuco. Esse trabalho é de suma importância no que diz respeito ao ensino de literatura em geral e, especialmente, de cordel nas escolas do Pernambuco, uma vez que, faz parte da cultura nordestina, além de contribuir para que os alunos despertem interesse pelo o cordel, uma vez que: O trabalho educativo com o uso da literatura de cordel possibilita a realização de muitas atividades educacionais, além disso, permite a promoção de comunicação por meio da originalidade de seus versos, que por vezes, abrangem imensa riqueza histórica, cultural e social sobre várias realidades. (MEDEIROS; SILVA; LEMOS, 2016, p. 46). Dessa maneira, o cordel é um leque de rimas que insere o leitor em um universo de histórias dos mais variados temas, do cotidiano, lendas, assuntos políticos, sociais, ambientais entre outros, quase sempre dito de forma descontraída, e muitas vezes, com aspectos humorísticos. Pela diversidade de assuntos, melodia mailto:erica.rose.uast@gmail.com%20provedor.com.br mailto:erica.rose.uast@gmail.com%20provedor.com.br nas rimas, e linguagem acessível, encanta e desperta o interesse do aluno em ler e escrever pequenos versos, que engrandece sua aprendizagem, lendo e brincando com as palavras, dando forma a imaginação. Com isso, a literatura de cordel torna- se uma ferramenta de ensino produtiva dentro do âmbito educacional. É importante, enfatizar que a sequência didática foi planejada de acordo com os PCNs (BRASIL, 1998), pois esse documento viabiliza o trabalho em conjunto com os três eixos: o de leitura, de análise e produção textual. De acordo com os PCNs (BRASIL, 1998): “O leitor competente é capaz de ler as entrelinhas, identificando, a partir do que está escrito, elementos implícitos, estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios ou entre o texto e outros textos já lidos.”(BRASIL, 1998, p.70). Dessa forma, a leitura na sala de aula, não serve apenas para decodificar letras, e sim inserir e espelhar significados com o mundo, e isso acontece com a leitura de cordel, que está próximo à realidade do aluno da escola pública de Pernambuco. Dessa forma, o aluno é colocado como produtor de sentido que interage de maneira parcial com o autor de texto. Pois, de acordo com Lívia Suassuna (2017) “Ler é atribuir sentidos e o leitor, ao compreender um texto como um todo coerente, pode ser capaz de refletir sobre ele, critica-lo, saber usa-lo em sua vida.”(SUASSUNA, 2017, p.279). Portanto, a prática de leitura de cordel na escola, pode agir como preservação do imaginário, além de concertar o desconcertado. Ensinar a ler é ensinar a refletir. E para atender as demandas dos recursos linguísticos do cordel lido na sala de aula, nos pautamos nos PCNs (2012) sobre análise linguística, conduzindo o aluno a refletir o uso da língua, bem como a variação linguística, presente no cordel lido, levando a reflexão entre norma culta e variação linguística. Assim, os discentes leram e refletiram a importância dos mecanismos linguísticos que construíram o cordel. Conduzidos pela leitura e análise do cordel, nasce o exercício da produção, pois segundo os PCNs (2012), “o sujeito que se inscreve no mundo, deixando nele suas marcas” (BRASIL, 2012, p. 103). Assim, no ato da escrita o aluno torna-se produtor de sentindo e não alguém que apenas unem frases, usando a norma padrão adequadamente. E por isso, foi proporcionado na produção coletival, realizadas pelos discentes, nascendo o cordel “ O lugar onde estudo”, em que os versos consiste sobre a escola, alunos e as dificuldades de chegar na mesma . Dessa maneira, “a escrita é interativa, tão dialógica, dinâmica e negociável” (ANTUNES, 2003, p.45). Com isso, os alunos ao escreverem sobre o lugar que estudam, tornaram-se o sujeito construtor de sentidos, alcançado leitores para suas produções, através da socialização das atividades, pois o aluno produz para um público, para serem lidos por outras pessoas além do professor. Através dessa junção da leitura, análise e escrita com a literatura de cordel foi proporcionado atividades consistente e produtiva, contribuindo na formação cidadã do aluno, o levando a percorrer e desafiar caminhos, da sua criatividade. Planejamento do professor O tema que norteou a sequência didática partiu dos conteúdos dos Parâmetros Curriculares de Pernambuco. É de suma importância explicitar que com a aplicação da sequencia didática, busca que o aluno através da Literatura de Cordel, possa sentir prazer pelo ato de ler, apreciando a literatura popular. Além disso, analisar os recursos linguísticos, conhecer sua história e seu meio de circulação. E também, ser capaz de produzir pequenos versos, com as caraterísticas do cordel. Diagnóstico dos saberes dos alunos Os alunos que participaram da atividade estudam em escola de zona rural, e apresentam algumas dificuldades com a escrita e a leitura, porém alguns já conhecem a literatura de cordel, através de seus pais ou avós. Desenvolvimento das atividades Nessa sessão, será relatado como procedeu a aplicação da sequência didática. Antes da aplicação da atividade sobre cordel, tivemos algumas formações na IES, com a docente orientadora. Essas formações ajudaram na construção da sequencia didática, que foi planejada juntamente com a professora colaboradora (Elisabete Teixeira). Além disso, as metodologias basearam-se, nos pressupostos discutidos na sessão anterior. Assim, a sequência didática foi aplicada nos dias 23.04.19, 25.04.19, 30.04.19, 02.05.19 e 07.05.19, cada aula com duração de 2h/ aula, que acontecerem respectivamente da seguinte maneira: Incialmente, a sala foi ornamentada a caráter, em que consistia um painel com o nome Literatura de Cordel, produzidas com papel EVA. Além disso, foi organizado um cordão, utilizado para pendurar vários cordéis. E tambémforam colocadas algumas xilogravuras e as cadeiras dos alunos ficaram em círculo. ( toda essa produção foi realizada na hora do intervalo, que antecede as aulas de português da turma do 6ª ano). Para de fato o projeto entrar em vigor, a professora organizou a turma, solicitando toda a atenção e participação deles nas atividades. E comentou sobre o “projeto” que estava pretendendo ser realizado, mas precisava da ajuda deles. Após a conversa com a turma, os residentes responsáveis (Emanoela e Erica) entraram na sala recitando o cordel “A árvore que dava dinheiro” de Domingos Pellegrini. Após, a recitação foi reforçado sobre a proposta de trabalhar o cordel na sala de aula. Depois, foram realizadas algumas perguntas aos alunos, como: O que vocês acham desse tipo de texto? Vocês conhecem a literatura de cordel? O que acham desse tipo de leitura? Em seguida, foi entregue para cada um a cópia do cordel, para que eles lessem individualmente e de forma silenciosa. Depois, foi perguntando se alguém queria ler algum verso, e dois alunos se levantaram e leram alguns versos, que foram gravados pela professora Elisabete. Para complementar a atividade foi reproduzida apenas o áudio do cordel e depois foi mostrada uma adaptação em vídeo, em que foi realizado um comparativo entre as duas leituras, explorando as semelhanças e as diferenças. Dando continuidade à sequência didática foi exibido um vídeo com Maria do Rosário recitando a história do cordel, e depois foi reproduzido o áudio de matruz com leite “O boi zebu e formiga”. E para melhor explorar o cordel que foi lido na aula anterior, foi realizada uma interpretação social da relação entre Maria e José, a questão do dinheiro para casamento e da fama dos coronéis. E também foi explanado o linguístico do texto, o que diz respeita principalmente as rimas, explicando aos discentes os tipos de rimas, sobre a oralidade do cordel, e a peleja e o contexto de produção e circulação. Para incrementar as atividades, foi realizado um momento com os pais dos alunos, os quais tiveram a oportunidade de conhecer o “projeto”, ver algumas fotos e o vídeo gravado dos alunos lendo alguns versos do cordel: “A árvore que dava dinheiro”. Além disso, esse texto foi recitado para os pais, pelas residentes responsáveis pelas realizações das atividades. E, para finalizar esse momento, foi proposta uma atividade (proposta pela professora) na qual os pais deveriam, juntamente com os alunos, criar novas rimas para o cordel recitado. Assim, foram entregues algumas folhas, com alguns espaços em branco. E como toda sequência para ficar completa precisa de uma produção final, foi proposta aos alunos uma produção coletiva de cordel. E para isso foi necessário revisar as rimas. Para facilitar na produção do cordel, foram mostrados aos discentes dois versos (sextilhas), falando da escola e deles (essa foi uma maneira de despertar interesse, já que nas tentativas de produções em outras sequências foram falhas). Como os alunos gostaram dos versos, preferiram continuar com a temática, e assim se dividiram em duplas e produziram alguns versos, que originou o cordel: “O lugar onde estudo”. Para encerrar a sequência didática, planejamos junto com os alunos uma forma de divulgação do cordel: “O lugar onde estudo”, então criamos o I Sarau de Cordel da Brás Magalhães. Em consonância com a turma foi acordado que cada turma teria de 15 a 20 min para assistir a apresentação e os horários foram os seguintes: 7º ano de 15:30 ás 16:00; 8º ano de 16:00 ás 16:30; 9º ano de 16:30 a 17:00. O roteiro de apresentação foi a seguinte: 1- Sobre o projeto cordel do 6º ano; 2- Vídeo de Bráulio Bessa – Coração Nordestino; 3-Recitação do cordel do 6º ano; 4-Recitação de outros poemas e cordéis. E foram reproduzidos 100 exemplares, que foram distribuídos na escola. Avaliação A avalição foi realizada através do engajamento dos alunos nas atividades, pois eles leram, produziram e apresentaram os cordéis. Foi a partir da produção que podemos perceber como os alunos conseguiram absorverem as etapas da sequência. Além de mostrar que as expectativas de aprendizagem foram alcançadas. E fazendo uma auto avalição da aplicação das atividades, é válido ressaltar que, com a aplicação da sequência didática foi possível à ampliação da proposta do conteúdo dos parâmetros curriculares para o 6 ª ano do ensino fundamental - anos finais. Dessa forma, possibilitou despertar nos alunos o gosto pela leitura e escrita, além da análise social, cultural e linguística da literatura de cordel, mostrando que é possível dentro de uma escola municipal de zona rural, construir diversos saberes, mesmo com recursos limitados. Proporcionando uma interação, entre a escola e a família, mostrando que o ambiente escolar é construído com a ajuda deles. Com o I Sarau de Cordel da Brás Magalhães, os alunos ganharam visibilidade na escola, em relação a divulgação da produção do cordel, assim sentiram-se autores de suas escritas, mostrando aos demais as suas marcas na escrita. Dessa forma, é possível dizer que esse trabalho abriu leques para o ensino de literatura de cordel dentro da sala de aula, como tópico motivador a criatividade e contribuição para o interesse da leitura. Assim sendo, a aplicação da sequência valida o ensino a partir do contexto social do aluno e fortalece os estudos pautados a respeito da união entre leitura, análise linguística e produção. Referências bibliográficas ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. BRASIL.Secretaria de Educação Fundamental.ParâmetrosCurricularesNacionais: 3° e 4° ciclos do ensino fundamental: línguaportuguesa.Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL. Secretaria de Educação de Pernambuco. Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental e Médio do Estado de Pernambuco. Brasília: MEC/SEPE, 2012. MEDEIROS, J.M.A; SILVA, R.C.A.S; LEMOS, D.T. Literatura de cordel na prática educative do PIBID. Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX. V.14.n.1, 2016. Disponível em: < https://periodicos.unifacex.com.br/Revista/article/view/696/pdf. > SUASSUNA, Lívia. Práticas de Letramento para formação do cidadão crítico. In: ATAÍDE, C. (Org.) [et al]. Gelne 40 anos: experiência teórica e práticas nas pesquisas de linguística e literatura. São Paulo: Blucher, 2017. p.275-284.