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Livro iniciação esportiva

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PROFESSORES
Dr. Rui Resende
Me. Suelen Rodrigues da Luz
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Acesse o seu livro também disponível na versão digital.
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INICIAÇÃO
ESPORTIVA
2 
 
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jd. Aclimação 
Cep 87050-900 - Maringá - Paraná - Brasil
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor 
Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente da Mantenedora Cláudio 
Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia 
Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de 
Design Educacional Paula R. dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de Metodologias Ativas 
Thuinie M.Vilela Daros Head de Recursos Digitais e Multimídia Fernanda S. de Oliveira Mello Gerência de 
Planejamento Jislaine C. da Silva Gerência de Design Educacional Guilherme G. Leal Clauman Gerência de Tecnologia 
Educacional Marcio A. Wecker Gerência de Produção Digital e Recursos Educacionais Digitais Diogo R. Garcia 
Supervisora de Produção Digital Daniele Correia Supervisora de Design Educacional e Curadoria Indiara Beltrame
Coordenador(a) de Conteúdo Mara Cecília Rafael Lopes, Projeto Gráfico José Jhonny Coelho, Editoração Lucas Pinna 
Silveira Lima, Designer Educacional Leticia Matheucci Zambrana Grou, Curadoria Ana Carolina Caputi, Emerson Viera 
Revisão Textual Elias Lascoski, Ilustração Bruno Cesar Pardinho Figueiredo, Fotos Shutterstock.
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. 
Núcleo de Educação a Distância. RESENDE, Rui; LUZ, Suelen Rodrigues da.
Iniciação Esportiva Rui Resende; Suelen Rodrigues da Luz. Maringá - 
PR: Unicesumar, 2022.
164 p.
ISBN 978-85-459-2314-5
“Graduação em Educação Física - EaD”.
1. Iniciação 2. Esportiva 3. Educação Física 4. EaD. I. Título. 
 CDD - 22ª Ed. 796
Impresso por: 
Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB-9-1679
02511305
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/17299
minha história meu currículo
Suelen Rodrigues da Luz
Olá, aluno! Sou a professora Suelen e gostaria de compartilhar um 
pouquinho da minha trajetória acadêmica com vocês. Bom, eu cresci 
como atleta de futebol/futsal e essa minha paixão pelo esporte fez 
com que eu me interessasse pelo curso de Educação Física. Gostei 
tanto que cursei licenciatura (2010) e bacharelado (2012) em Educa-
ção Física. Após a graduação, me especializei em Educação Especial 
(licenciada) e Personal Trainer (bacharel). Como meu objetivo era 
seguir carreira acadêmica, após atuar em escolas e academias, em 
2017 iniciei meu mestrado em Fisiologia do Exercício na Universidade 
Estadual de Maringá (UEM). Atualmente, estou cursando o Douto-
rado em Educação Física na mesma Universidade e minha linha de 
pesquisa abrange diferentes modalidades esportivas, incluindo o 
futebol, minha paixão inicial.
http://lattes.cnpq.br/1489736621464036
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/12306
minha história meu currículo
Rui Resende
Possui Bacharelado em Educação Física e Desporto pela Universida-
de do Porto (1988), graduação em Licenciatura em Educação Física 
e Desporto pela Universidade do Porto (1990), especialização em 
Profissionalização no Ensino da Educação Física pela Escola Superior 
de Educação do Porto (1995), mestrado em Alto Rendimento Des-
portivo pela Universidade do Porto (1996), doutorado em Ciências 
da Atividade Física e do Desporto pela Universidade da Corunha 
(2009) e aperfeiçoamento em Estudos Avançados em Ciências da 
Atividade Física e do Desporto: Avances e pela Universidade da Co-
runha (2005). Para informações mais detalhadas sobre sua atuação 
profissional, pesquisas e publicações, acesse seu currículo, disponível 
no endereço a seguir
Aqui você pode 
conhecer um 
pouco mais sobre 
mim, além das 
informações do 
meu currículo.
http://lattes.cnpq.br/5443241436070731
provocações iniciais
INICIAÇÃO ESPORTIVA
Quando pensamos em Educação Física, pensamos 
em esporte, e por mais que o conteúdo “esporte” seja 
apenas mais um dentro das diferentes práticas corpo-
rais que Educação Física abrange, podemos dizer que 
o processo de ensino-aprendizagem das modalidades 
esportivas possui grande destaque. Assim como nas 
demais práticas corporais, é essencial que o profissio-
nal que exerce a sua atividade no contexto esportivo, 
seja dentro do espaço escolar, ou fora dele, tenha uma 
preparação adequada, que seja uma pessoa culta, 
empenhada, e que, por via disso, seja capaz de exercer 
com competência e proficiência esta profissão. 
Como ser um professor/treinador competente? 
O que é preciso saber? Como posso ensinar? Como 
devo me portar? 
Bom, nosso objetivo, aqui, é ajudá-lo a respon-
der essas perguntas. Para isso, apresentamos, no 
decorrer das cinco unidades deste livro, informações 
que lhe darão um aporte teórico e prático, por meio 
de exemplos, para atuar de forma competente na 
iniciação esportiva.
De modo geral, você adentrará no contexto histó-
rico-político do esporte como conteúdo da Educação 
Física, os conceitos relacionados aos esportes e todas 
suas formas de manifestação (esporte de rendimen-
to, esporte de participação e esporte educacional). 
Terá acesso a alguns modelos de ensino que prezam 
por uma abordagem mais construtivista, juntamente 
com exemplos de atividades dentro do contexto de 
cada modelo e que podem ser utilizados no proces-
so de ensino das modalidades esportivas. Ainda, 
verificará os conhecimentos e as competências que 
um bom treinador/professor deve possuir, além de 
como este deve atuar para que o processo de trei-
namento seja positivo. Por fim, aprenderá algumas 
formas de organizar e programar todo o processo de 
treinamento, tendo como base diferentes exemplos 
de planilhas para periodização. 
Para que fique mais clara a importância dos con-
teúdos descritos anteriormente, podemos pensar 
de forma mais prática, seguindo a linha do que é 
apresentado em cada unidade do livro e em como 
isso pode impactar no seu processo de formação.
1. Em um primeiro momento, seu foco será entender 
os conceitos relacionados ao esporte e a forma 
como ele pode se manifestar, além de suas classi-
ficações. Sabendo disso, você conseguirá entender 
a importância do esporte no campo educacional, 
do rendimento ou de participação, e ainda verificar 
a possibilidade de atuação em cada área.
2. O próximo passo será conhecer modelos de 
ensino que podem ser utilizados na iniciação 
esportiva. Ou seja, você aprenderá a ensinar! 
Além de entender como o processo de iniciação 
deve acontecer, considerando as etapas de de-
senvolvimento da criança ou adolescente, você 
também terá exemplos de atividades que podem 
ser utilizadas durante esse processo.
3. Em seguida, o foco passa a ser as competências do 
professor/treinador. Nesse momento, você enten-
derá seu papel como professor/treinador e quais 
conhecimentos deverá dominar para que sua 
atuação profissional seja adequada e eficiente.
provocações iniciais
4. Após entender o que você precisa saber para ser 
um bom profissional, a próxima etapa é enten-
der como atuar para que sua intervenção seja 
positiva. Entender a importância de uma relação 
saudável entre professor/treinador, alunos/atle-
tas e familiares, facilita para que o processo de 
iniciação esportiva resulte no desenvolvimento 
positivo da criança/adolescente. 
5. Por fim, após entender a importância do esporte, 
aprender como o esporte pode ser ensinado, e co-
nhecer oque você, como profissional, precisa ter 
e como deve atuar, o último passo é saber como 
organizar tudo isso na prática. Assim, na última 
unidade do livro, você aprenderá a estruturar e 
planejar o treinamento, considerando um período 
competitivo completo. Você terá exemplos de 
planilhas semanais, mensais e anuais, além de 
exemplos de planos de aula/unidade de treino. 
As informações apresentadas não são específicas 
para uma única modalidade ou um único contexto. 
Os modelos de ensino, as planilhas e os exemplos de 
atividades podem (e devem) ser modificados consi-
derando o contexto de atuação, além da modalidade 
a ser ensinada. Assim, caberá a você, futuro profes-
sor/treinador, adaptar o conhecimento adquirido 
para seu contexto de sua atuação. 
O esporte é um fenômeno complexo e devemos 
entender a importância dele para o desenvolvimento 
de uma sociedade mais participativa e saudável. 
Além disso, também devemos destacar o papel que 
o esporte pode ter no desenvolvimento positivo dos 
jovens e na transição que as competências esportivas 
podem ter para as competências de vida no seu geral, 
desde que manifestamente ensinadas. 
O papel dos treinadores é fundamental, e, por 
isso, há necessidade de melhorar a sua qualificação. 
O aperfeiçoamento dos seus conhecimentos reforça-
rá a sua ação, e, por meio de uma prática reflexiva, 
melhorará sucessivamente as suas competências. 
Após identificar as razões pelas quais ele está no 
esporte, o treinador deverá desenvolver uma filosofia 
de treino de acordo com os seus valores morais e 
éticos, adequando a sua prática ao contexto espe-
cífico onde atua. 
Os procedimentos para concretizar as suas atitu-
des no processo de treino e na competição serão a 
emanação do empenho que ele coloca na sua ativi-
dade e a demonstração da sua qualidade. Esta, ao ser 
reconhecida pelos atletas, pela família, pelos pares 
e empregadores, poderá exaltar a importância que 
a profissão de treinador exerce na sociedade atual.
Sugere-se a utilização de instrumentos para plane-
ar e controlar o processo de treino, sendo o treinador 
mais preciso e rigoroso no desenvolvimento da sua 
atividade, tornando-a mais eficaz. Enfatiza-se, sobre-
tudo, a importância que o planeamento do microciclo 
tem para esse processo e a forma como este deve 
“desaguar” na construção da Unidade de Treino.
Estamos conscientes que a atividade do treinador 
é muito complexa e que o seu exercício depende de 
inúmeros fatores. Contudo, independentemente 
do contexto em que ela se realiza, pode constituir 
uma atividade fascinante, pela qual valerá a pena 
se aplicar.
Ao final de cada unidade, você poderá testar os 
conhecimentos adquiridos por meio de questões 
interpretativas e de recordação. Busque ler as in-
formações das questões com atenção. O objetivo é 
a fixação do conteúdo. 
Bom estudo!
sumário
UNIDADE I
10 INTRODUÇÃO À INICIAÇÃO ESPORTIVA
UNIDADE II
36 MODELOS DE ENSINO PARA A INICIAÇÃO ESPORTIVA
UNIDADE III
66 CONHECIMENTOS E COMPETÊNCIAS DO TREINADOR
UNIDADE IV
94 EVOLUÇÃO POSITIVA ATRAVÉS DO ESPORTE
UNIDADE V
120 INTERVENÇÃO DO TREINADOR: PREPARAÇÃO E PLANEJAMENTO
Dr. Rui Resende
Me. Suelen Rodrigues da Luz
Oportunidades de aprendizagem
Na Unidade 1, você terá a oportunidade de se aprofundar no fenômeno “esporte”, 
no que se refere ao seu conceito e as suas diferentes formas de manifestações na 
sociedade atual, perspectivando como se desenvolverá no futuro, além de refletir 
melhor sobre a forma como se deve preparar o professor/profissional do esporte 
para ele atuar com competência, tanto dentro quanto fora dele. Vamos lá?
INTRODUÇÃO À INICIAÇÃO ESPORTIVA
unidade 
I
12 
 
É fato que todos nós, em algum momento da vida, tive-
mos contato com o esporte, seja pela prática de alguma 
modalidade, pelo prazer de assistir a jogos e acompa-
nhar competições diversas, ou ambos. Dessa forma, é 
possível afirmar que o esporte, e suas diferentes mani-
festações, está presente quase que diariamente em nossa 
vida e pode impactar diretamente em nossas vivências. 
A partir disso, e considerando que a Educação Física 
atua diretamente com o esporte, podemos nos perguntar: 
qual a importância do esporte na vida das pessoas? 
Para algumas pessoas, o contato com o esporte pode 
ser simples, singelo, sem muita importância. No entan-
to, para muitos, o esporte pode ser algo transformador! 
Certamente você já viu ou leu alguma reportagem sobre 
alguém que teve a vida totalmente transformada pelo es-
porte. Não falo somente sobre aquele menino ou aquela 
menina, de origem pobre, que, por conta do futebol ou 
de outra modalidade, mudou de vida e hoje é atleta reco-
nhecido mundialmente. Ou daqueles que venceram di-
ficuldades e preconceitos para se tornarem medalhistas 
olímpicos. Falo, também, daqueles que tiveram vivências 
mais simples, que cresceram e foram moldados dentro 
do esporte, mesmo que de forma amadora ou recreacio-
nal, que foram e/ou são atletas de fim de semana, que 
mudaram para um estilo de vida saudável por conta da 
prática, além daqueles que vivem do esporte e/ou para o 
esporte, como é o caso de muitos professores e profissio-
nais de Educação Física. 
Pensou na importância ou no impacto que o esporte 
pode causar na vida das pessoas? Para conseguir visualizar 
melhor e dar mais significado ao tema, que tal fazermos 
um mapa mental utilizando algumas palavras-chaves que 
representam vivências a partir do esporte? Utilize o info-
gráfico a seguir e descreva, no mínimo, cinco palavras que 
expressem a importância do esporte para a população em 
geral, considerando atletas de alto nível, praticantes recre-
acionais, além da prática esportiva que objetiva a melho-
ra da saúde e qualidade de vida. Para facilitar, você pode 
pensar nas palavras-chave a partir das suas próprias ex-
periências com o esporte e depois expandir para o geral. 
Para ajudá-lo, adicionei duas palavras-chave que, muito 
provavelmente, serão comuns a você. 
ESPORTE
 13
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
A partir dessa reflexão sobre a importância do esporte 
para as pessoas, de modo geral, imagine as possibilida-
des que você, futuro professor/profissional de Educação 
Física, poderá oferecer para seus alunos/atletas a partir 
da vivência esportiva. Registre essas possibilidades no 
diário de bordo.
Seguindo essa linha, iniciaremos nossa contextualização, 
justamente entendendo o conceito geral e as manifesta-
ções do esporte. De acordo com Betti (1991), o esporte 
é caracterizado por uma atividade social institucionali-
zada, composta por regras e que possui uma base lúdica. 
A ação acontece em forma de competição entre dois ou 
mais oponentes ou contra a natureza. O objetivo é de-
terminar o vencedor ou registrar o recorde, por meio de 
comparação de desempenhos.
Se o esporte está presente na vida da maio-
ria das pessoas e tem poder de mudar a vida 
de muitas delas, como você, futuro professor/
profissional de Educação Física, pode contribuir 
nesse processo?
14 
 
A partir disso, o esporte pode ser classificado em: educa-
ção, participação e performance. O esporte-educação tem 
como foco o contexto escolar e deve ter como objetivo 
proporcionar aos alunos vivências de diferentes modali-
dades, além da reflexão crítica do esporte na sociedade. O 
esporte-participação refere-se a atividades livres de com-
prometimento e obrigações, que podem ser praticadas 
por todas as populações e que tem como objetivo prin-
cipal a diversão, desenvolvimento pessoal ou interação 
social. Por fim, o esporte-performance, ou de rendimento, 
envolve atletas de alto nível e é praticado considerando 
regras e códigos éticos pré-estabelecidos por instituições 
que organizam as competições (ligas, federações, confe-
derações, comitês olímpicos). Está fortemente vinculado 
à ideia de vitória e derrota (DARIDO; RANGEL, 2011).
Iniciaremos nosso conteúdo abordando o esporte 
como um conteúdo da Educação Física (EF), dedi-
cando atenção às razões que levaram à incorporaçãodo 
esporte nos currículos da Educação Física. Contudo, an-
tes de abordarmos o esporte na escola, é importante ob-
servarmos um pouco a EF, que é a disciplina que assume 
o ensino formal do esporte na escola.
O termo EF é usado para identificar a área curri-
cular correspondente aos anos de escolaridade 
das crianças e dos jovens, tendo como propósito 
desenvolver competências e habilidades em dife-
rentes atividades motoras (RESENDE; LIMA, 2016). 
Deve constituir-se como a base de um conhecimento 
da atividade física e esportiva, fomentando nos alunos a 
procura por um estilo de vida ativo, de forma que venha 
a repercutir no futuro deles quando adultos. Aliás, é in-
teressante salientar que as percepções físicas formadas 
durante a adolescência são, muitas vezes, determinantes 
no comprometimento com os níveis de atividade físi-
 15
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
ca subsequentes. Nesse sentido, os contributos que a EF 
pode providenciar e promover no aluno são inúmeros: 
o respeito pelo corpo, o seu e o dos outros; melhoria 
da autoestima e da autoconfiança; desenvolvimento de 
competências sociais e cognitivas que, por sua vez, po-
dem refletir em um melhor desempenho acadêmico, 
como muitos estudos apontam (PERALTA et al., 2014).
Não se pode deixar de referir, porém, que, devido a vá-
rias inabilidades, a EF pode provocar “aversão” à atividade 
física e esportiva por parte dos jovens e, assim, condicionar 
a sua adesão, no futuro, ao proclamado e desejado estilo de 
vida saudável. Esse aspecto não deve ser escamoteado, pois 
a simples prática da EF, com todas as virtudes que se enun-
ciam e lhe reconhecem, podem não ser suficientes para 
alcançar os objetivos a que ela se propõe. Nesse contexto, 
o professor e profissional de EF é um ator de importância 
crucial, pois o seu empenho na forma como leciona fará 
toda a diferença na percepção que o aluno terá sobre a im-
portância da atividade física para toda a sua vida.
sável para a formação integral da juventude. Desde 
então, vem agregando elementos históricos, marcos 
sociais, com conflitos e conquistas, por exemplo, a sua 
consolidação enquanto área de conhecimento. Sofreu, 
desde a sua inclusão, influências das instituições onde 
era lecionada, nomeadamente de caráter militar e mé-
dico (MARTINS; PAIXÃO, 2014).
Reforma Couto Ferraz (1951) – tornou obri-
gatória a Educação Física nas escolas do mu-
nicípio da Corte. Houve resistência por parte 
dos pais dos alunos, por serem atividades que 
fugiam do contexto intelectual. Alguns pais 
proibiram suas filhas de participarem. Para os 
meninos, essa resistência era menor, visto que 
a ginástica era baseada em atividades militares.
Rui Barbosa (1982) – A partir da Reforma do 
Ensino Primário, deu-se destaque especial à 
Educação Física como agente formador de 
jovens. A princípio, a Educação Física foi de-
senvolvida a partir das pedagogias tecnicista 
e tradicional.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
(BRASIL, 1996), a EF é componente curricular obriga-
tório para a Educação Básica (Educação Infantil, Ensino 
Fundamental e Ensino Médio). As diretrizes curricula-
res reforçam a ideia de se estabelecer o desenvolvimento 
pleno e gradual do aluno, preparando-o para a cidada-
nia em articulação com todos os componentes curricu-
lares, privilegiando o desenvolvimento humano. A for-
Tendo em conta a saúde pública e a cultura espor-
tiva, a EF deve constituir-se como uma defesa na 
promoção de um estilo de vida saudável. Para isso, 
é determinante que as atividades propostas refor-
cem os sentimentos de competência, estimulando 
a realização da atividade física de forma prazerosa. 
A EF escolar brasileira possui uma trajetória que ini-
cia no ano de 1851, com a reforma Couto Ferraz, ini-
cialmente denominada Ginástica, com a sua inclusão 
no rol de disciplinas operacionalizadas na escola e 
com o propósito da prática de exercícios físicos. So-
mente em 1882, com Rui Barbosa e a sua reforma do 
ensino primário, secundário e superior, é que se atri-
bui importância à ginástica como elemento indispen-
16 
 
ma como a EF se apresenta atualmente, difere das razões 
que a fizeram surgir na generalidade dos sistemas edu-
cativos contemporâneos. Considerando o Brasil, inicial-
mente (1889-1930), sob uma ótica médica e higienista, 
os governantes passaram a prestar mais atenção à saúde 
dos habitantes nas cidades.
Pretendia-se a formação de indivíduos fortes, sau-
dáveis e propensos à aderência às atividades boas em 
detrimento de maus hábitos. Curiosamente, assiste-se, 
atualmente, a uma preocupação semelhante com o 
combate à obesidade e ao sedentarismo. Posteriormen-
te (1930-1945), tal preocupação veio com uma pers-
pectiva militarista, a qual se pretendia que os jovens es-
tivessem fisicamente aptos e, assim, melhor preparados 
para as obrigações militares. 
Em seguida, veio um período considerado pedago-
gicista (1945-1965), em que a EF era proposta como for-
mação do indivíduo. A EF competitivista (1964-1985), 
uma visão do regime militar de então, enaltece os es-
portes com competições oficiais e o culto do atleta-he-
rói. Essa fase, em que existe uma apropriação da EF pelo 
regime, condiciona, em grande medida, a forma como o 
esporte é visto hoje no Brasil.
Apesar de tudo, o esporte, atualmente, surge como 
parte integral do programa curricular da EF. Acrescen-
tamos que o vigor com que o faz advém dos desenvolvi-
mentos sociais das últimas décadas, que promoveram o 
esporte à escala mundial, transformando-o em um pro-
duto extremamente midiático e com grande impacto co-
mercial. Tal como já referimos, a inclusão do esporte nas 
aulas de EF ainda é considerado controverso por mui-
tos, por via do peso político e ideológico que contempla 
(MARTINS; PAIXÃO, 2014). Com efeito, a tentativa de 
reproduzir, na escola, o esporte-espetáculo, ou servir-se 
da escola como viveiro de futuros alunos “atletas”, enfa-
tizando a competição, a vitória e, como consequência, a 
 17
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
18 
 
exclusão dos menos habilidosos, levou a sua base com-
ponente educativa e formadora ao enfraquecimento.
A inserção do esporte na escola constitui uma re-
alidade hegemônica no Brasil (FERREIRA; LUCENA, 
2006), mas também no mundo, com um tempo destina-
do à sua prática nas aulas de EF superior a 40% (HARD-
MAN, 2008). Esses dados reforçam a importância que 
deve ser dada ao ensino desta matéria em contexto es-
colar. Não pretendendo aflorar os contornos políticos 
que levam à discussão da importância desta hegemonia, 
consideramos, contudo, que o esporte deve ter um lugar 
importante na formação das crianças e dos jovens.
Os jogos esportivos “são atraentes pela dinâmica que 
exploram e as disputas que desencadeiam, enaltecendo 
o incerto (pela presença de um adversário), a tomada 
de decisão e a inevitável solidariedade para a conquista 
de um objetivo comum” (RESENDE; SÁ; LIMA, 2017, 
p. 12). De acordo com os autores citados, o esporte tem 
a possibilidade de transportar mais-valias pedagógicas 
para o espaço educativo, potenciadoras de um desenvol-
vimento positivo dos jovens. Os resultados positivos da 
participação esportiva na inclusão social, na saúde men-
tal e física e na aparente melhoria cognitiva e acadêmica 
dos jovens (BAILEY, 2005) deve constituir um forte ar-
gumento para perspectivar um ensino esportivo de qua-
lidade. A própria ONU (2003) enaltece o esporte como 
inclusivo e promotor da cidadania, contribuindo para a 
economia e fomentando um ambiente limpo e saudável.
Nesse contexto, a EF é uma área curricular que se 
preocupa com o desenvolvimento dos alunos em termos 
de competência física e autoconfiança, de forma a usar 
essas habilidades em um leque alargado de atividades. 
Deve preocupar-se, em consequência, em ensinar os 
alunos a “aprender a mover-se” e a “mover-se para apren-
der”. Centra-se no ensino de habilidades que envolvem 
a participação física, com o conhecimento do próprio 
corpo e a sua capacidade de movimento. Contudo, temigualmente incluído, no seu âmago, valores educacio-
nais, como habilidades sociais e éticas.
A legitimação do ensino do esporte, na escola e fora 
dela, advém do seu próprio valor enquanto potencial de 
desenvolvimento do ser humano, por meio de uma práti-
ca que, apesar de lúdica e prazerosa, exige o cumprimento 
de regras preestabelecidas e, por isso, implica organização. 
Dessa forma, ensinar um jogo esportivo implica a orienta-
ção e o comprometimento com um objetivo, exigindo es-
forço e persistência, qualidade de desempenho e resulta-
do. Essas virtudes levam ao espaço educativo mais-valias 
pedagógicas que sustentam a sua importância curricular.
Na Unidade 2, aprofundaremos em métodos e mo-
delos de ensino do esporte que podem (e devem) ser uti-
lizadas tanto no meio escolar, como fora dele.
 19
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
 Quando pensamos em sua perspectiva para o futu-
ro, o esporte tem sido um instrumento para a indústria 
que, por meio da sua utilização, obtém grandes provei-
tos, impulsionando as economias nacionais. Para esse 
feito, com o apoio dos órgãos de comunicação social, 
promovem-se espetáculos esportivos e originam-se no-
vas estrelas midiáticas que alcançam grande repercussão 
mundial. Contudo, apesar de o esporte de rendimento 
ser seguido apaixonadamente por cada vez mais pesso-
as, não existe um reflexo desta paixão no incremento do 
número de praticantes esportivos.
Tomando o exemplo do Brasil, quantas pessoas 
praticam esporte e de que maneira o fazem? O Minis-
tério do Esporte (BRASIL, 2015) encomendou uma 
pesquisa denominada Diagnóstico Nacional do Espor-
te (Diesporte), em que traçou, por um lado, o perfil do 
praticante de esporte ou de atividade física e, por outro 
lado, o sedentário (indivíduo que não faz atividade fí-
sica ou esporte). Os resultados indicam que 45,9% dos 
brasileiros (67 milhões) são sedentários, sendo que as 
mulheres representam uma maior percentagem, com 
50,4%, enquanto os homens estão em 41,2%. Os seden-
tários são em menor número na faixa etária mais jo-
vem, mas progridem com a idade. 
Título: Educação Física no Ensino Superior - Educação Física na Escola: Implicações 
para a Prática Pedagógica. 2ª edição
Autor: Suraya Cristina Darido; Irene Conceição Andrade Rangel]
Editora: Guanabara koogan
Sinopse: aborda o papel da Educação Física na formação do cidadão que conhece parte 
da cultura corporal de movimento, que usufrui efetivamente dela para se beneficiar 
das inúmeras possibilidades advindas da sua prática e melhorar aspectos relacionados à saúde, lazer e comu-
nicação, que deseja se tornar autônomo a fim de tomar decisões de fundamental importância para sua vida
20 
 
Com relação a países como Argentina (68,3%) e 
Portugal (53%), verificamos que a taxa de seden-
tarismo do Brasil é bem inferior. É ligeiramente 
menor que a da Itália (48%) e ligeiramente maior 
que a dos Estados Unidos (40%). A população de 
sedentários é muito inferior em países como Es-
panha (35%), Uruguai (34,1%), Canadá (33,9%), 
França (22%) e Inglaterra (17%). Será importante 
notar, no relatório referido, que a faixa de idade dos 
brasileiros na qual se regista um maior abandono 
do esporte ou da atividade física se dá entre os 16 e 
24 anos, indicando, igualmente, que 90% dos aban-
donos surgem até os 34 anos. 
É interessante constatar, no mesmo relatório, 
que os praticantes esportivos são 25,6% da po-
pulação, enquanto os outros 28,5% se declaram 
praticantes de atividade física. Caracterizando 
um pouco melhor, verifica-se que os homens 
(35,9%) praticam mais esportes que atividades 
físicas (22,9%), e que esta tendência se inverte 
quando consideramos as mulheres, com somen-
te 15,6% praticando esporte e 34% relatando que 
fazem atividade física.
É estimulante, para essa disciplina, perceber 
que o caminho pelo qual o brasileiro inicia a sua 
prática esportiva é, maioritariamente (48%), na 
escola, com a orientação de um professor, e se ini-
cia entre os 6 e 14 anos. A modalidade esportiva 
mais praticada é, sem surpresa, o futebol (59,9%), 
sendo seguida do voleibol (9,7%). Os autores do 
estudo registraram, ainda, que 90,3% dos entre-
vistados não recebem qualquer tipo de orientação 
quando fazem atividade esportiva, e que 92,4% 
não têm qualquer filiação a uma instituição para 
efetuar a prática esportiva.
A gestão esportiva profissional trouxe no-
vas estratégias de marketing, planos de negócios 
 21
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
e expansão dos esportes para novos mercados. O 
crescimento do rádio e da televisão fez com que o 
esporte se tornasse parte do dia a dia das pessoas. 
As estrelas esportivas passaram a fazer parte dos 
tabloides e das televisões, vendendo produtos di-
versos, tornando-se parte da realidade mundana e 
roubando o protagonismo que, no século passado, 
pertencia às estrelas de cinema.
Assim, quando a globalidade dos indivíduos 
reflete sobre o esporte ou a atividade física, não 
lhe ocorre o que ela pode fazer como praticante, 
mas, sim, os resultados esportivos do seu clube, das 
grandes competições em que o seu país está envol-
vido ou as medalhas obtidas nas Olimpíadas. Por 
outro lado, essa globalidade associa ao esporte as 
personagens mais relevantes e as marcas que a elas 
estão relacionadas (SPRACKLEN, 2015).
Refletindo sobre aquilo que pode ser o es-
porte no futuro, não podemos deixar de consi-
derá-lo e aceitá-lo como um espetáculo no qual 
as regras do mercado econômico ditarão as suas 
leis. Contudo, o esporte pode desempenhar uma 
importante função social, pois oferece oportu-
nidades para melhorar o autoconhecimento e a 
autovalorização, reforçando, dessa forma, a pró-
pria identidade e, com isso, a da comunidade em 
que ele está inserido. 
Para além das sensações descritas anterior-
mente, o esporte pode constituir uma importante 
forma de promoção da saúde, combatendo aquilo 
que já se chama de doença do século: a obesidade. 
Nesse sentido, ao fomentar um estilo de vida sau-
dável e promover os valores que lhe são próprios, 
o esporte suscita um ser humano melhor. Carece, 
por isso, de se considerá-lo como uma atividade 
educativa e formativa, em que o intuito será criar 
um cidadão com um estilo de vida ativa.
22 
 
Dessa forma, ao olhar para o fenômeno esportivo, deve-
remos ter consciência do seu alcance e de sua amplitude. 
A atividade física e a competição estão no âmago das de-
finições de esporte. De acordo com Resende (2016), uma 
organização internacional denominada SportAccord, que 
aglomera federações esportivas internacionais, além de ou-
tras organizações, define esporte como uma atividade que:
• Deve incluir um elemento de competição.
• Não deve recair em qualquer elemento de ‘sorte’.
• Não deve apresentar risco para a saúde ou segu-
rança dos seus praticantes.
• Não pode, de nenhuma forma, ser prejudicial 
para qualquer criatura viva.
• Não deve depender de equipamentos providen-
ciados por um só fornecedor.
Ainda, segundo o mesmo autor, além dessas característi-
cas, o esporte se situa como:
• Principalmente físico.
• Principalmente mental.
• Principalmente motorizado.
• Principalmente coordenativo.
• Principalmente suportado por animais.
Você acredita que esportes considerados radi-
cais, ou mesmo as lutas, possuem risco à saúde 
dos praticantes?
 23
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Podemos partir da premissa de que o esporte depende de 
estruturas formais e de organizações que estabelecem as 
regras da competição e monitoram os participantes. Su-
gere-se que os profissionais da área apreciem esta ativida-
de como constituída por múltiplos esportes, pois implica 
considerar distintos enquadramentos na sua formulação. 
Sobre essa temática, alertamos que a generalidade dos clu-
bes está formatada para o alto rendimento esportivo, mes-
mo os que sabem que nunca terão as possibilidades de lá 
chegar, sendo que o esporte de alto rendimento é somente 
uma parte muito reduzida dessa atividade.
Como potencializador da saúde, no futuro, espe-
ra-se que o esporte continue a se evidenciarnas diferen-
tes comunidades, tanto sob a sua forma mais popular, 
por meio do esporte-espetáculo, quanto em uma pers-
pectiva mais global, em que faixas maiores da população 
desfrutarão das suas potencialidades. O reconhecimen-
to de que as implicações da prática do esporte poderão 
ser benéficas, sendo reflexos positivos sociais, implicará 
a promoção e a maximização da sua prática.
As razões pelas quais é importante promover o es-
porte, sobretudo nas faixas etárias mais precoces, assi-
nala que os esportistas têm uma maior disposição para 
hábitos alimentares mais saudáveis, para manter um 
peso menor, e uma diminuição da sedução pelo fumo 
ou pelas drogas. Possuem, igualmente, menor tendência 
para expressar sentimentos de desânimo e de aborreci-
mento ou tédio (MULHOLLAND, 2008).
24 
 
A investigação tem contribuído para a solidificação 
da opinião de que a atividade física e esportiva praticada 
pelos jovens e pelos adolescentes tem um forte tributo 
na promoção da saúde pública. Acresce esta importân-
cia, em termos de benefícios, quando a participação 
esportiva é realizada de uma forma consistente (TE-
LAMA, 2009). Por isso a importância de a participa-
ção esportiva ser integrada em um programa esportivo, 
desenvolvendo- se de forma significativa e persistente 
ao longo do tempo. Aliás, reforçando a ideia anterior, 
Kjonniksen, Fjortoft e Wold (2010), em uma pesquisa 
com 630 participantes, verificaram uma relação positiva 
entre a participação esportiva organizada e o desenvol-
vimento de atividade física em idades adultas. Ou seja, a 
prática esportiva em idades mais jovens antevê o envol-
vimento com a atividade física quando se é mais velho, 
sendo consistente defender a formação esportiva como 
um instrumento para a promoção de hábitos de saúde 
no presente e para o futuro.
Salienta-se a evidência de que o esporte promove, 
para além das competências esportivas, competências 
de vida (aspecto que trataremos com maior relevância), 
o que, naturalmente, faz com que o treinador deva inves-
tir nessa ideia. Aliando o conhecimento que ele possui 
dos atletas e das suas necessidades, o treinador poderá 
incrementar de forma muito positiva as aptidões des-
ses atletas para a vida (WHITLEY; WRIGHT; GOULD, 
2016), considera-se que as competências de vida oriun-
das por meio do esporte podem ser transferidas para 
outras realidades. Para isso, o treinador terá de agir de 
uma forma consciente, enfatizando a aquisição de habi-
lidades transversais aos diferentes domínios em que está 
envolvido e, assim, dotando os atletas de uma melhor 
preparação para enfrentar com sucesso a vida cotidiana.
 25
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
OLHAR CONCEITUAL
Dentro de tudo o que foi abordado, é importante olhar para o esporte a partir das suas possibilidades de manifestações. De 
modo geral, podemos entender essas manifestações a partir de duas categorias (MARQUES; ALMEIDA; GUTIERREZ, 2007):
O sentido da prática considera as intenções e o contexto em que o esporte é inserido. Já a modalidade esportiva refere-se 
às atividades realizadas com intuito competitivo, que possuem regras e normas. Todavia, é importante entendermos que 
a prática esportiva não é dualista, e que as categorias citadas se interpõem e, muitas vezes, se completam. Em um jogo de 
final da Copa do Mundo de futebol, por exemplo, por mais que seja característico da modalidade esportiva, ainda haverá 
um contexto social por trás, que dará sentido à prática (MARQUES; ALMEIDA; GUTIERREZ, 2007).
Descrição da Imagem: a imagem é um fluxograma que apresenta os aspectos inerentes às modalidades esportivas, o sentido que leva à prática, 
e que compõem as manifestações esportivas. O fluxograma se inicia, na parte central superior, com a escrita “Esporte”, e dessa palavra saem 
duas linhas, uma à esquerda, que apresenta “Modalidades Esportivas” e possui três itens: “Regras”, “História” e “Forma de Disputa”. À direita, 
saindo da palavra “Esporte”, temos “Sentido para a prática”, que traz três itens: “Valores Morais”, “Significado da prática” e “contexto cultural”. Os 
três itens de cada lado são interligados a um único ponto: “Forma de manifestação do esporte”.
Figura 1 – Modelo de concepção das formas de manifestação do esporte / Fonte: adaptado de Marques, Almeida e Gutierrez, (2007).
26 
 
Pensando nos diferentes tipos de participação dentro 
do esporte, o alto rendimento não é a única forma pela 
qual devemos observar e considerar a atividade esporti-
va. Considerando o espectro da participação esportiva, 
protagonizado pelo ICCE (International Council for 
Coach Education) e pela ASOIF (Association of Sum-
mer Olympic International Federations), em 2012, duas 
organizações internacionais que fomentam o esporte, o 
estudam e o promovem, procurando qualificá-lo pela 
melhor preparação dos treinadores, identificaram dois 
tipos diferentes de participação esportiva, o que também 
foi evidenciado por Resende (2016) e que podemos ob-
servar na citação a seguir, assim como na Figura 2.
• O esporte de participação, que envolve crianças, 
jovens adolescentes e adultos, tem como objetivo 
resultados autorreferenciados como o entrete-
nimento, o desenvolvimento de habilidades e o 
vínculo com um estilo de vida saudável.
• O esporte de rendimento, que engloba atletas 
emergentes, atletas de performance e atletas de elite.
Figura 2 – Espectro da participação esportiva / Fonte: ICCE e ASOIF (2012)
Descrição da Imagem: a imagem é um fluxograma que apresenta as etapas da vida em que cada tipo de esporte é geralmente praticado. Ao 
lado esquerdo, temos três itens: adultos; adolescentes; crianças. Do lado direito, atletas de elevada performance; atletas de performance; atletas 
emergentes. Cada etapa da vida corresponde à prática esportiva citada, respectivamente.
 27
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Essa distinção obriga a oferecer uma atenção par-
ticular sobre os objetivos esportivos para cada um 
dos programas em que os atletas se inserem. Con-
sequentemente, as exigências que consideram o 
nível do treino e da competição deverão ser con-
venientemente adequadas, sugerindo-se a premissa 
de que todos que praticam esporte merecem trei-
nadores qualificados.
O esporte, neste século, deve almejar a mas-
sificação da participação esportiva com o intuito 
da promoção do desenvolvimento e da integração 
social e, paralelamente, da melhoria da saúde e ap-
tidão física das populações. Todavia, apesar de al-
gumas iniciativas políticas com o intuito de mas-
sificar a participação esportiva, ainda são escassas 
as oportunidades para praticar esporte por prazer, 
nomeadamente, de forma organizada. Existe, assim, 
um abundante trabalho para integrar todos os que 
gostariam de participar do esporte, prestando aten-
ção também nas populações especiais, nas mulheres 
e nos idosos. Os decisores políticos investem mui-
ta da sua energia na promoção de grandes eventos 
esportivos com a perspectiva de obter dividendos 
eleitorais, cabendo à sociedade um papel reivindi-
cativo no apelo para que se criem melhores condi-
ções de generalização da prática esportiva.
É de elevada relevância social o que o esporte pode 
realizar na potencialização da saúde das populações, 
tendo em consideração os diferentes tipos de partici-
pação esportiva e adequando os seus propósitos a cada 
população que os procuram. Dessa forma, o esporte 
poderá alargar exponencialmente a sua penetração e, 
consequentemente, a promoção dos seus valores.
Quando pensamos em clubes esportivos, a 
modernização destes será uma realidade no pano-
rama de uma sociedade plural, desenvolvida e a ser-
viço das populações. 
O campo de intervenção dos clubes esportivos 
(inspirado no livre associativismo) está-se a alte-
rar pois, de locais onde os jovens ingressavam para 
jogar, numa perspectiva de proximidade e oportu-
nidade, de onde emergiam os mais aptos para voos 
mais desafiantes, estão, para fazer face às despesas, a 
transformar-se em empresas para sobreviver. Desta 
forma, apesar de essencialmentemotivados para o 
esporte de rendimento, os clubes passaram igual-
mente a prestar um serviço de participação espor-
tiva. Aliás, assiste-se à emergência de um grande 
número de ‘escolinhas’ e ‘academias’ esportivas, com 
vínculos aos clubes esportivos tradicionais ou a atu-
arem de forma autónoma (RESENDE, 2016, p. 38).
28 
 
Esse novo cenário esportivo provoca profundas altera-
ções na adesão ao esporte, pois os atletas começaram a 
se constituir como clientes, exigindo a prestação de um 
serviço melhor. A procura do esporte pelas crianças e 
pelos jovens que nasce de uma vontade intrínseca de 
praticar, e com forte apoio dos pais, que valorizam mui-
to a atividade, as quais consideravam uma boa ocupa-
ção que, além de estimular o corpo, também desviava 
os jovens de “más companhias”, passou a constituir uma 
necessidade educativa que transcende a mera prática. 
Assim, a qualidade do serviço prestado passa a ser equa-
cionado sob perspectivas substancialmente distintas das 
que eram observadas no passado, exigindo melhores 
condições materiais e um acompanhamento pedagógi-
co de qualidade (RESENDE, 2016).
Com essa nova postura, o treinador esportivo 
será forçado a adaptar-se e a preparar-se de forma 
condizente. Constituindo-se como empresa, o clube 
esportivo, apesar de estar configurado para o esporte 
de rendimento, terá que se reinventar, alargando o seu 
campo de recrutamento para o esporte de participa-
ção, fornecendo um serviço reputado com treinadores 
profissionais altamente qualificados, e bem equipado 
em termos materiais e de instalações. Nesse contexto, 
e tendo como referência as academias e a sua enorme 
expansão – o Brasil tem o maior número de acade-
mias do mundo, cerca de 20 mil, contando com 3,6 
milhões de usuários (ANDREAZZI et al., 2016) –, os 
melhores exemplos reúnem um conjunto de valias 
que são muito apelativas, a saber (RESENDE, 2016):
• Um ambiente atraente.
• Atividades diversificadas.
• Autonomia de horários.
• Profissionais qualificados e profunda-
mente diligentes.
• Avaliações e aconselhamentos pessoais 
ao nível da prescrição do exercício e de 
nutrição.
• Constante renovação de atividades.
• Acompanhamento personalizado se de-
sejado pelo cliente.
• Possibilidade de um retorno à calma so-
fisticada, como é o SPA.
Para enfrentar a modernidade, o clube esportivo terá 
que ser atraente, não sendo suficiente possuir um espaço 
para a prática de uma modalidade. Nesse sentido, assi-
nalamos que a prática esportiva atual e futura:
• Deverá ter dirigentes preparados conveniente-
mente para uma nova era de consumidores, pois 
o tempo dos dirigentes voluntários, generosos e 
bem-intencionados, mas com escassa prepara-
ção, não combina com as novas necessidades. Es-
tes continuam a ser determinantes pela ligação à 
história e aos valores do clube, contudo, a gestão 
diária das atividades terá que, forçosamente, en-
contrar outro tipo de resposta mais profissional 
e, por isso, mais qualificada.
• Os treinadores terão de estar preparados para o 
contexto específico onde irão operar e para as 
necessidades de aprendizagem do grupo que vão 
liderar, sob pena do serviço prestado ficar com-
prometido.
• Os funcionários terão de ser o reflexo dos valores 
do clube, cuidando da relação social e estabele-
cendo pontes para uma boa relação entre todos.
Nesta perspectiva, de acordo com Resende (2016, p. 40), 
um clube moderno deve:
• Apontar para uma lógica integrada em que o es-
porte, apesar de ser o core da sua atividade,” pode 
 29
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
agregar outras valências. Para isso, deve haver 
um projeto esportivo de onde emanem os seus 
propósitos e que sirvam de identificação para 
quem procura os seus serviços.
• Ser um espaço social em que os valores que pro-
move devem estar bem determinados e sobre os 
quais deve assentar a dinâmica da sua atividade. 
• Providenciar este aspecto: o acolhimento dos 
‘clientes’ será efetuado por alguém preparado, 
num espaço adequado e reservado, onde se ex-
plicará o tipo de serviço que o clube presta, ade-
quando-o ao perfil e desejo manifestado.
• Proporcionar uma avaliação física ao atleta, 
aconselhamento nutricional, disponibilizar 
serviços de fisioterapia e de reabilitação capa-
zes e eficientes.
• Fornecer orientação psicológica e social.
De modo geral, os clubes deverão incluir, além do esporte 
de performance, o esporte de participação, consideran-
do os níveis de rendimento/competição diferenciados e, 
por via dessas diferenças, estratégias de intervenção ade-
quadas aos objetivos de cada uma das realidades. Como 
exemplo disso, podemos pensar em duas equipes infan-
tojuvenis, em que uma treina duas vezes por semana e a 
outra quatro vezes, aos quais se acrescentam as competi-
ções (habitualmente aos fins de semana). Nesse exemplo, 
o tipo de exigência colocado na qualidade do treino e da 
qualificação do treinador deverão ser idênticos, pois o 
objetivo continua o mesmo, ou seja, competir e prepa-
rar-se para essa competição, contudo, o tempo de treino 
é distinto e, obviamente, o tipo de investimento pessoal 
dos atletas também é diferente. 
Assim, a seriedade com que se encara o processo de 
treinamento deverá ser similar, considerando os objeti-
vos diferenciados. Ainda, se os projetos esportivos das 
diferentes realidades estiverem claramente definidos, a 
coexistência é benéfica, podendo haver a possibilidade 
de transversalidade entre os projetos, pelo aumento ou 
diminuição do investimento pessoal do atleta.
Esse processo faz apelo a uma seriedade profissional 
na intervenção com os jovens a qual, por sua vez, não se 
compadece com leviandades. Está em risco o abandono 
prematuro da atividade esportiva por parte dos jovens e 
esse pode ser combatido por uma visão que não tenha 
como única direção o esporte de rendimento, em que se 
investe, progressivamente, mais tempo, ou se desiste.
Reforçamos que a todos deve ser dada a oportunida-
de de praticar esporte de acordo com as suas motivações 
e a possibilidade de tempo ou de talento demonstrado. 
Para alcançar esse objetivo, o serviço a ser prestado pelos 
clubes deverá ser melhorado, assegurando aos pais e en-
carregados da educação que o filho esteja bem acompa-
nhado, desfrutando de uma formação holística, em um 
ambiente seguro, e com o propósito de um desenvolvi-
mento de maneira positiva.
30 
 
Dessa forma, os pais terão de ser considerados como 
parceiros essenciais na dinâmica do clube e no projeto 
esportivo do seu filho. Por isso, se torna determinante 
fundamentar devidamente o que se pretende deles para 
que o desenvolvimento do seu filho ocorra de forma in-
tegral. Uma sã convivência entre todos os parceiros fará 
emergir uma dinâmica social no clube, o que conduzirá 
a melhores resultados educacionais e esportivos.
A política de exclusão, tantas vezes observada nas 
rotinas dos clubes, deve ser evitada. Ao invés disso, os 
clubes devem apostar claramente em estratégias de inte-
gração no processo esportivo dos seus filhos, com nor-
mas e procedimentos bem claros e aceitos por estes. 
Nesse sentido, o treinador, responsável máximo pelo 
processo esportivo, deverá proporcionar informação aos 
pais, de forma a que estes possam constatar a evolução 
do seu filho, seguindo o exemplo da escola, que o faz por 
meio do boletim de resultados escolares. Para isso, indi-
ca-se a criação de uma ficha do atleta com informações 
periódicas do atleta. A qualidade dessa informação e a 
forma como é veiculada, diferencia a qualidade do ser-
viço que é prestado no clube, assim como o empenho 
que o treinador revela na forma como se preocupa com 
a evolução do atleta. 
Dentre as competências dos treinadores, evidencia-
-se a necessidade de uma boa relação com os pais dos 
seus atletas e um comprometimento com o seu desen-
volvimento, em total sintonia e cumplicidade, conside-
rando que o esporte está longe de se esgotar nos mais 
jovens. No caso do esporte de participação para adultos, 
o acompanhamento e rigor deverá sersimilar e o trei-
nador deverá adaptar-se às exigências do processo de 
treino através de uma forma negociada com os atletas. 
O uso dos novos meios de controle do esforço, pos-
sibilitados pelas aplicações informáticas, podem ser um 
auxiliar fundamental na promoção da motivação para 
uma regularidade da prática esportiva. Considerando o 
perfil desse segmento etário, o treinador deverá conside-
rar outras vertentes para a sua atuação, nomeadamente, 
a de promotor de eventos de aspecto social, valorizando 
formas de confraternização, reforçando, dessa forma, o 
sentimento de pertença e o valor da vida na sua plenitude.
Acreditamos que, envolvendo os clubes, os dirigentes, 
os treinadores, os pais e os atletas, será evidenciada uma 
forma positiva de encarar o esporte e reforçará a sua im-
portância na esfera social. Nesse sentido, a ideia de pro-
fessores e treinadores que encarem o esporte com uma 
responsabilidade que ultrapassa o próprio esporte, e que 
promovem o exercício profissional de uma forma pro-
gressista, pode ser mais relevante. Para fazer face às inten-
ções enunciadas anteriormente, as competências do trei-
nador, figura nuclear de todo o processo, deverão emergir 
de amplos conhecimentos, de forma que ele exerça profis-
sionalmente a sua atividade de maneira eficaz.
 31
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Esporte-educação: pode ser entendido como o esporte escolar e tem como objetivo “[...] democratizar e 
gerar cultura pelo movimento de expressão do indivíduo em ação como manifestação social e do exercício 
crítico da cidadania, evitando a exclusão e a competitividade exacerbada”. No contexto escolar, o foco deve 
ser em proporcionar aos alunos vivências de diferentes modalidades, além da reflexão crítica do esporte 
na sociedade (DARIDO; RANGEL, 2011, p.184).
Esporte-participação: caracterizado por atividades não comprometidas com tempo ou livre de obrigações 
e tem como objetivo a diversão, desenvolvimento pessoal e/ou interação social. Pode ser praticado por 
todas as populações, sem distinção de idade ou gênero (DARIDO; RANGEL, 2011).
Esporte-performance: também chamado de esporte de rendimento, está intimamente vinculado à ideia 
de vitória ou derrota. É praticado considerando regras e códigos éticos preestabelecidos por instituições 
que organizam as competições (ligas, federações, confederações, comitês olímpicos). Envolve atletas de 
alto nível e possibilita a existência de profissões especializadas no esporte (DARIDO; RANGEL, 2011).
O que o esporte significa em sua vida? Bem, é fato que todos nós, em algum mo-
mento da vida, tivemos contato com algum esporte, seja pela prática de alguma 
modalidade, pelo prazer de assistir a jogos e acompanhar competições diversas, 
ou ambos. Para alguns, esse contato pode ter sido simples, singelo, sem muita 
importância. No entanto, para muitos, o contato com o esporte pode ser algo 
transformador! Considerando essas informações, neste podcast falaremos um 
pouco mais sobre o fenômeno esporte, suas vertentes e o impacto que estas 
têm na vida das pessoas! Aperte o play e vamos lá!
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32 
 
Título: Menina de ouro
Ano: 2005
Sinopse: Frankie Dunn passou a vida nos ringues, tendo agenciado e treinado grandes 
boxeadores. Magoado com o afastamento de sua filha, Frankie é uma pessoa fechada e 
que apenas se relaciona com Scrap, seu único amigo, que cuida também de seu ginásio. 
Até que surge em sua vida Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), uma jovem determinada 
que possui um dom ainda não lapidado para lutar boxe. Maggie quer que Frankie a treine, mas ele não aceita 
treinar mulheres e, além do mais, acredita que ela esteja velha demais para iniciar uma carreira no boxe.
Bem, como estudamos no decorrer da unidade, o pri-
meiro contato com o esporte, na maioria das situações, 
acontece dentro do âmbito escolar. Nesse sentido, com-
preender como se pode intervir pedagogicamente para 
que essa experiência seja positiva e conquiste os alunos 
para uma prática esportiva continuada é incumbência 
do professor/profissional de Educação Física. Ainda, 
considerando o enquadramento do esporte na socie-
dade deste século, o qual possui uma grande relevância 
não só dentro da escola, cabe a esse profissional equa-
cionar e projetar de forma adequada a sua intervenção, 
sempre com a preocupação subjacente de fazer com 
que o esporte contribua para melhorar a saúde das po-
pulações, nomeadamente por meio do fomento de um 
estilo de vida saudável.
Para isso, o professor/profissional de Educação Fí-
sica terá que idealizar a sua intervenção de uma forma 
contextualizada a cada grupo que lidera, pautando a sua 
intervenção adequadamente, com o intuito de fazer as 
crianças e os jovens tirarem o máximo partido da ati-
vidade e tendo em mente a inclusão e a valorização de 
todos. Será determinante equacionar estratégias que 
evidenciem todos os aspectos relacionados ao jogo e à 
competição esportiva. Além disso, considerando que o 
perfil profissional do treinador vem se alterando pelas 
demandas cada vez mais complexas e específicas, não 
será mais possível ao treinador somente saber do espor-
te em concreto. Ele terá que dominar um conjunto de 
conhecimentos diversificados, alicerçados nas ciências 
que suportam a atividade esportiva (ciências biológicas, 
ciências humanas e sociais) para, com a intervenção pe-
dagógica adequada, estimular uma aprendizagem sólida 
do atleta, seja este de participação (criança, jovem, adul-
to) ou de rendimento (jovem ou adulto).
Assim, tanto em ambiente escolar, quanto fora dele, 
o professor/profissional de Educação Física terá que dar 
respostas às crescentes exigências que lhe são colocadas, 
demonstrando uma capacitação e uma maestria revela-
dora dos desafios que enfrentará. Somente desse modo 
ele poderá reivindicar e exigir a consideração merecida 
pela sua atividade profissional.
 33
agora é com você
1. O esporte é entendido como uma atividade social institucionalizada, composta por regras, que 
possui uma base lúdica, no qual o objetivo é determinar o vencedor ou registrar o recorde, por 
meio de comparação de desempenhos. Nesse sentido, o esporte pode ser dividido em educação, 
participação e performance. Sobre as três vertentes do esporte, analise as afirmativas a seguir:
I. O esporte-educação refere-se ao esporte escolar e tem como um dos objetivos a reflexão do 
esporte na sociedade.
II. O esporte-performance é aquele praticado por todas as populações e tem como objetivo a 
socialização focada na vitória.
III. O esporte-participação refere-se a atividades realizadas sem compromisso e que tem como 
objetivo a interação social e desenvolvimento pessoal.
É correto o que se afirma em:
a. I, apenas.
b. II, apenas.
c. II e III, apenas.
d. I e III, apenas.
e. I, II e III.
2. Como vimos no decorrer da unidade, a Educação Física é componente curricular obrigatório para a 
Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). Nesse contexto, analise 
as alternativas a seguir e assinale aquela que corresponde ao objetivo da Educação Física escolar:
a. Ensinar o esporte.
b. Disciplinar os alunos.
c. Detectar futuros atletas olímpicos.
d. Divertir os alunos por meio de um recreio supervisionado.
e. Desenvolver em todos os alunos competências e habilidades motoras.
3. Ao longo de sua história, a Educação Física manifestou-se de várias maneiras. Houve o período 
higienista, o pedagogicista e o competitivista, por exemplo. Sendo que, nesse último período, 
os militares apossaram-se da EF e até hoje influenciam a maneira com que o esporte é visto 
no Brasil. Apesar de ser considerado um conteúdo de docência, o ensino do esporte na escola 
ainda é visto com alguma desconfiança. Com relação ao motivo dessa desconfiança, assinale 
a alternativa correta:
a. Só serve para jogar futebol.
b. Retira tempo das atividades gímnicas.
34 
agora é com você
c. Contribui para a integração e socialização dos jovens.
d. Favorece o desenvolvimento globalde todos os alunos.
e. Exalta o aluno atleta e a supervaloriza competições.
4. “O esporte pode constituir uma importante forma de promoção da saúde. [...] Nesse sentido, 
ao fomentar um estilo de vida saudável e promover os valores que lhe são próprios, o esporte 
suscita um ser humano melhor”.
RESENDE, R. Iniciação Esportiva. Maringá - PR.:Unicesumar, 2018. Reimpresso em 2021. p.46.
Em resumo, o trecho cita que:
a. O esporte vai além da performance.
b. O esporte pode promover saúde e qualidade de vida.
c. O esporte-educação também pode ser esporte-saúde.
d. O esporte tem como intuito somente a promoção da saúde.
e. O esporte pode transformar o ser humano por meio da educação e saúde.
5. O esporte-performance ou de rendimento engloba atletas emergentes, atletas de performance 
e atletas de elite. Essa distinção obriga a oferecer uma atenção particular sobre os objetivos es-
portivos para cada um dos programas nos quais os atletas se inserem. Considerando o trecho 
anterior, analise as afirmativas e marque V para verdadeira e F para falsas.
( ) Adolescentes são classificados como atletas de performance.
( ) Crianças podem ser consideradas atletas emergentes e também de performance.
( ) Crianças, adolescentes e adultos podem ser classificados como atletas emergentes.
( ) No esporte-performance, adultos são classificados como atletas de elite, enquanto crianças 
são classificadas como atletas emergentes.
As afirmativas são, respectivamente:
a. V, F, F, V.
b. F, F, V, F.
c. V, V, F, V.
d. F, F, F, V.
e. V, F, V, V.
UNIDADE II
Dr. Rui Resende
Me. Suelen Rodrigues da Luz
Oportunidades de aprendizagem
Com objetivo de auxiliá-lo na tarefa de atuar profissionalmente com excelência, nesta 
unidade, você terá a oportunidade de se aprofundar ainda mais no conceito de esporte, 
a partir da classificação das modalidades esportivas. Além disso, adentraremos em 
alguns dos principais modelos de ensino utilizados na iniciação esportiva, que podem 
ser utilizados tanto em ambiente escolar quanto fora dele.
MODELOS DE ENSINO PARA
A INICIAÇÃO ESPORTIVA
unidade 
II
38 
 
Todos nós, em algum momento da vida, tivemos algum 
tipo de contato com o esporte, correto? Você se lembra 
como o seu professor/profissional de Educação Física 
ensinou um esporte a você, durante a aula de Educação 
Física ou em escolinhas de treinamento? Como você 
aprendeu os fundamentos, as regras, além de ações táti-
cas? Foi por meio de exercícios isolados, focados na exe-
cução e repetição de movimentos? Ou dentro do contex-
to do jogo (aprender a jogar, jogando)? 
Para entender o contexto das perguntas anterio-
res, imagine as duas atividades a seguir:
• Atividade 1 – Alunos/atletas divididos em du-
plas, posicionados um de frente para o outro, 
com cerca de 5 metros de distância um do ou-
tro. Cada dupla terá uma bola e o objetivo da 
atividade é realizar passes entre si.
• Atividade 2 – Alunos/atletas dispostos em cír-
culo. Um deles deverá ficar ao centro do círcu-
lo, para ser o “bobinho”. O objetivo da atividade 
é trocar passes entre os alunos que formam o 
círculo, sem que o “bobinho”, roube a bola.
Tanto a atividade 1 quanto a atividade 2 têm como 
objetivo realizar passes, certo? Todavia, há alguns 
pontos que devemos observar em cada uma das situ-
ações. A atividade 1 foca na execução do gesto mo-
tor, por meio da repetição do movimento do passe. 
Já a atividade 2 foca no passe em situação de jogo, ou 
seja, inclui outros elementos que fazem parte do jogo 
formal, como o adversário (representado pelo “bobi-
nho”), por exemplo.
Essa diferença dos “meios” de ensino para um 
mesmo “fim” (ou objetivo), que no exemplo foi repre-
sentado pelo fundamento do passe, indica a existência 
de métodos e modelos diferentes para o ensino das 
modalidades esportivas, os quais são utilizados tanto 
em ambiente escolar quanto fora dele. 
 39
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Voltando aos exemplos de atividades, além do que foi 
citado, há alguma outra observação a fazer com relação 
às atividades? Você notou mais algum detalhe? Alguma 
outra semelhança ou diferença entre as atividades e que 
não foi pontuada? Utilize seu diário de bordo para fazer 
suas anotações acerca dos questionamentos anteriores. 
Caso não tenha nenhuma observação, analise e 
reflita sobre a pergunta a seguir, e responda de acor-
do com sua opinião. A resposta para essa questão será 
descrita no decorrer da unidade.
a. As atividades propostas são específicas para 
alguma modalidade esportiva ou estas podem 
ser adaptadas para diferentes modalidades? 
Justifique sua resposta e dê exemplos. Utilize, 
mais uma vez, o diário de bordo.
Entendemos que o esporte pode ser classificado de 
acordo com as diferentes formas de manifestação 
(educação, participação e performance). Agora, de 
forma mais específica, abordaremos as classificações 
e a categorização das modalidades esportivas, consi-
derando suas características.
40 
 
De acordo com a descrição de Darido e Rangel 
(2011), as modalidades esportivas podem ser clas-
sificadas considerando o número de participantes. 
Assim, as modalidades podem ser classificadas em 
esportes individuais e esportes coletivos, que ainda 
podem ser divididos considerando a presença ou não 
de adversários (GONZALES, 2004). Os esportes indi-
viduais caracterizam-se pela atuação individual, com 
ou sem a oposição de um adversário. Da mesma for-
ma, os esportes coletivos caracterizam-se pela ação 
em grupos ou equipes e que podem confrontar (ou 
não) outras equipes (DARIDO; RANGEL, 2011). No 
Quadro 1, a seguir, há alguns exemplos de modalida-
des esportivas coletivas e individuais. Além desses, há 
uma infinidade de outras modalidades esportivas que 
se encaixam dentro dessas classificações. 
Seguindo essa linha, a Base Nacional Comum Curri-
cular (BNCC) (BRASIL, 2018) propõe uma categori-
zação para os esportes, a qual considera a lógica inter-
na das modalidades e tem como referência os critérios 
de cooperação, a interação com o adversário, o desem-
penho motor e objetivos táticos da ação. Tal modelo 
de categorização possibilita que as modalidades sejam 
distribuídas de acordo com as ações motoras intrínse-
Modalidade esportiva Sem interação com o adversário Com interação com o adversário
Individual AtletismoNatação
Badminton
Tênis
 Coletiva Ginástica rítmicaNado sincronizado
Futebol
Handebol
Basquete
Voleibol
Quadro 1 – Exemplos de modalidades esportivas individuais e coletivas / Fonte: adaptado de Darido e Rangel (2011)
cas realizadas, ou seja, reúne esportes que apresentam 
exigências motrizes semelhantes no desenvolvimen-
to de suas práticas. Assim, as modalidades esportivas 
são classificadas em: marca; precisão; invasão; campo 
e taco; combate; técnico-combinatório e rede/parede. 
A figura a seguir (Figura 1) apresenta as característi-
cas de cada categoria, bem como as modalidades que 
fazem parte de cada uma (BRASIL, 2018 p. 216, 217).
 41
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Figura 1 – Representação da categorização dos esportes e suas características, de acordo com a BNCC Fonte: adaptado de Brasil (2018 p. 216, 217)
42 
 
Considerando que nosso objetivo, aqui, é apresentar 
informações gerais sobre a iniciação esportiva que po-
dem ser utilizadas tanto em ambiente escolar, como 
fora dele, iremos focar nas modalidades coletivas 
que possuem interação com o adversário, principal-
mente as de invasão. Fique tranquilo, pois no decor-
rer da sua formação como professor/profissional de 
Educação Física, você terá disciplinas específicas de 
modalidades pertencentes a outras categorias, como o 
atletismo na categoria de esportes de marca, ginástica 
nos esportes de técnica combinatória, algumas mo-
dalidades de lutas para esportes de combate, e outras 
modalidades que contemplem as demais categorias.
Conforme descrito anteriormente, as modalida-
des esportivas coletivas ou Jogos Esportivos Cole-
tivos (JEC) exigem a interação e a cooperação entre 
duas ou mais pessoas que buscamsuperar outra dupla 
ou equipe. Essa categoria é considerada um fenômeno 
esportivo moderno, devido aos poucos registros desse 
tipo de atividade na antiguidade (GONZALES, 2004).
Atualmente, as modalidades coletivas são as que 
mais chamam atenção da população, devido as suas 
características de interação em grupo, que, para Da-
rido e Rangel (2011, p. 186), “[...] reforçam a neces-
sidade humana de socialização, além, obviamente, do 
elemento lúdico envolvido na disputa do tipo jogo”. 
Nesse contexto, a legitimação do ensino do esporte, 
na escola e fora dela, advém do seu próprio valor en-
quanto potencial de desenvolvimento do ser humano, 
por meio de uma prática que, apesar de lúdica e praze-
rosa, exige o cumprimento de regras preestabelecidas 
e, por isso, implica organização. Dessa forma, ensinar 
um jogo esportivo coletivo implica a orientação e o 
comprometimento com um objetivo, exigindo esforço 
e persistência, qualidade de desempenho e resultado.
Para que isso aconteça, ao longo dos anos, diferen-
tes métodos e modelos de ensino foram descritos na 
literatura, aumentando o leque de possibilidades para 
um ensino mais eficaz dos JEC, seja na área do lazer, 
da educação ou da performance.
Primeiramente, precisamos ter em mente que os 
modelos de ensino seguem abordagens metodológicas 
que podem ser classificadas em tradicionais e contem-
porâneas (inovadoras). As abordagens tradicionais ou 
analíticas, têm como foco geral a eficiência técnica por 
meio da repetição de padrões de movimento, o que 
pode gerar seletividade entre os praticantes, além de 
um estado de dependência multifatorial, não só na di-
mensão da prática esportiva (GASPAR, 2011).
Como exemplo de método de ensino baseado na 
abordagem tradicional, temos o ensino particional, 
também conhecido como método por partes ou analí-
tico, no qual as ações do jogo são divididas e trabalha-
das de forma isolada. O objetivo desse modelo é en-
sinar as ações técnicas e táticas separadamente, para 
que os praticantes consigam realizá-las com eficiência, 
unindo-as em situação de jogo (GONÇALVES, 2012). 
Acesse o QR code a seguir para verificar um exemplo 
de atividade que tem como foco o gesto motor (téc-
nica). Perceba que, durante todo o vídeo, que apre-
senta o fundamento passe da modalidade futebol, a 
preocupação dos jogadores é totalmente voltada para 
a execução do fundamento. 
 43
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
não corresponder nem às expectativas dos alunos, 
nem aos objetivos que persegue, visto que o foco de 
um ensino centrado em um método de aquisição das 
técnicas específicas de cada um dos esportes, desli-
gada do contexto real do jogo, implica uma escassa 
aquisição de competência por parte dos alunos em 
resolver as situações reais que o jogo levanta. Isso, 
aliado à exaltação de uma maestria técnica, traz des-
motivação aos alunos pela falta de sentido que leva a 
sua aprendizagem do jogo.
A questão de como ensinar os jogos esportivos 
constitui um assunto controverso e tem sido objeto 
de grande curiosidade acadêmica. As novas correntes 
pedagógicas sustentadas nas teorias da aprendizagem 
cognitiva e construtivista, assim como a teoria da 
aprendizagem situada, são consideradas abordagens 
inovadoras no ensino dos esportes (ROBLES et al., 
2013) e têm dado destaque ao conceito de modelo em 
Título: Exemplo de 
exercício focado na 
execução do gesto 
motor (técnica).
Sinopse: O vídeo 
apresenta dois indi-
víduos, vestidos com trajes esportivos rela-
cionados ao futebol, em posse de uma bola, 
realizando passes rasteiros entre si.
Apesar de apresentar algumas vantagens, como a 
maior facilidade no ensino e a correção das ações 
técnicas do jogo, o ensino dos esportes por meio de 
métodos tradicionais tem sido objeto de críticas por 
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14176
44 
 
detrimento do método. Os modelos de ensino são de-
senvolvidos para que haja uma participação equitati-
va, desafiando o raciocínio dos praticantes para além 
da replicação das técnicas ou das habilidades.
A esse propósito, Metzeler (2005) refere que o 
modelo:
A importância de conceber o esporte e, mais particu-
larmente, os jogos esportivos coletivos dessa forma, 
permite ensinar o jogo de uma maneira modificada, 
mantendo a sua essência, mas reduzindo a sua com-
plexidade e possibilitando aos alunos compreender 
os seus elementos-chave (ALMOND, 2015). Usando 
as formas de jogo reduzido, permite-se um estilo de 
ensino que se pode apelidar de descoberta guiada, 
• Fornece um plano global e uma abordagem 
coerente para ensinar e aprender.
• Clarifica as prioridades nos diferentes domínios 
de aprendizagem e de suas interações.
• Fornece uma ideia central para o ensino.
• Permite ao professor e aos alunos entenderem 
o que está acontecendo e o que virá a seguir.
• Fornece uma estrutura teórica unificada.
• Apoia-se na investigação.
• Fornece uma linguagem técnica aos professo-
res e treinadores.
• Permite que a relação entre instrução e apren-
dizagem seja verificável.
• Permite uma avaliação mais válida da apren-
dizagem.
• Facilita a tomada de decisão do professor den-
tro de uma estrutura de trabalho conhecida.
pois, por meio da colocação do aluno em uma si-
tuação de jogo de enfrentamento do adversário, ele 
é estimulado a encontrar as melhores soluções para 
resolver os problemas que o jogo induz. Assim, o 
aluno/atleta alcança um nível de compreensão cons-
ciente e age intencionalmente sobre a tática do jogo 
(GRAÇA; MESQUITA, 2007).
A prática de jogos reduzidos oferece, igualmente, 
a vantagem de permitir aos professores e treinadores 
integrar o ensino de modalidades similares, pois a 
transferibilidade entre elas é possível. Como exemplo, 
podemos citar o popular jogo dos “10 passes” em que 
se pretende que uma das equipes mantenha a posse de 
bola, em que o objetivo, para além de manter a posse 
de bola, é efetuar uma progressão no terreno de jogo. 
 45
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
Outro exemplo bastante conhecido, é o “bobinho” 
(acesse o QR code a seguir para verificar essa ativida-
de na prática), citado como exemplo de atividade 2, no 
início da unidade. Perceba que a descrição da atividade 
2 não cita nenhum esporte em específico, podendo ser 
adaptada para diferentes modalidades que possuem ca-
racterísticas semelhantes (a exemplo dos jogos coleti-
vos de invasão), considerando, é claro, a especificidade 
de cada uma. Nesse caso, por exemplo, enquanto o pas-
se do “bobinho” pensado para ensino do futebol pode 
ser realizado com os pés, para o ensino do basquete 
ou handebol, o passe pode ser realizado utilizando as 
mãos. Outros elementos característicos das modalida-
des, como o tipo da bola e a forma de passar, também 
podem ser adicionados pelo professor/treinador.
A ideia geral, nesse caso, é que indiferente de qual 
modalidade seja, a atividade do “bobinho” reproduz 
situações que acontecem durante o jogo de fato, por 
exemplo, realizar um passe tendo a figura de um (ou 
mais) adversário que tentará “roubar” a bola. 
Lembrete: utilize essas informações para ela-
borar sua resposta para a pergunta “a”, feita no 
início da unidade.
No âmbito escolar, idealizar o ensino do esporte dessa 
forma tem como grande objetivo fomentar a participa-
ção dos alunos, pois a motivação para o jogo é muito 
mais entusiasmante do que a realização de exercícios 
analíticos que induzem a longos tempos de espera para 
entrar em atividade. Esse tipo de abordagem implica 
em o professor assumir uma intervenção que, para 
além da liberdade de deixar jogar, ajude o aluno a en-
contrar soluções, comunicando de forma positiva e es-
timuladora uma reação à prestação do aluno.
Nesse contexto, de acordo com Tani (2002), as 
principais caraterísticas do esporte enquanto conteú-
do da EF são:
• Ser objetivo no que diz respeito ao rendimento, 
implicando consideração pelas diferenças indi-
viduais, nomeadamente, as caraterísticas físicas, 
psicológicas, sociais e culturais dos alunos. 
• Levar em consideração as diferençasindividu-
ais quanto às expectativas individuais, às aspi-
rações e aos valores. 
• Estabelecer metas de desempenho realistas, 
evitando, por um lado, a superestimulação e, 
por outro, a subestimulação.
• Visar a aprendizagem e, com isso, o conheci-
mento esportivo.
• Abranger todos os alunos, independentemen-
te do gênero, do seu nível de desenvolvimento 
motor e das suas capacidades físicas.
• Ser objeto de avaliação, permitindo fornecer in-
dicações objetivas sobre o progresso do aluno.
• Ter como alicerce que a sua disseminação cons-
titui um patrimônio cultural da humanidade.
Título: Exemplo da 
atividade “bobinho” 
realizada para a mo-
dalidade futebol. 
Descrição: o vídeo 
apresenta atletas da 
Seleção Brasileira de Futebol, dispostos em cír-
culo, trocando passes entre si. Dentro do círculo, 
há dois atletas que buscam recuperar a bola.
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14177
46 
 
Considerando o exposto, apresentamos algumas pro-
postas de modelos de ensino para os JEC, que têm 
sido alvo de bom acolhimento a nível internacional. 
Tais modelos têm despertado a curiosidade da co-
munidade científica, a qual tem produzido material 
empírico (fruto de pesquisas com recurso a diferentes 
metodologias e em diferentes sistemas de ensino) que 
dá sustento e incentiva a sua aplicação.
São modelos cujo objetivo é empregar meto-
dologias pedagógicas mais democráticas, provi-
denciando aos alunos experiências esportivas que 
realmente lhes permitam aprender a jogar bem e, 
com isso, ter maior desfrute com a sua prática. 
Nesse sentido, o conhecimento do jogo refere-se 
não somente à capacidade para executar habilida-
des motoras complexas, mas também às decisões 
apropriadas do uso dessas habilidades no contex-
to do jogo. Os modelos que serão apresentados 
rompem com as abordagens mais tradicionais ao 
nível dos conteúdos, dos métodos e das estraté-
gias de ensino. Reconfiguram os papéis e as res-
ponsabilidades de quem ensina e de quem apren-
de, estabelecendo novos cenários de contextos de 
instrução e aprendizagem.
Estes novos modelos surgem em oposição à 
perspectiva tradicional de fragmentação do jogo 
em habilidades básicas e ao ensino das técnicas 
isoladas, onde é ignorada a complexidade e a es-
pontaneidade do jogo, para enfatizar a tomada 
de decisão e a capacidade de intervenção em si-
tuações autênticas de prática em referência aos 
problemas impostos pelo jogo (MESQUITA; 
PEREIRA; GRAÇA, 2009, p. 945).
Dessa forma, sugere-se que, quando os professores ou 
treinadores ajudam as crianças e os jovens a “enten-
der” o jogo e reduzem a importância do ensino das 
técnicas de forma isolada, o divertimento e a satisfa-
ção com o jogo são abertos a todos, independente-
mente da sua habilidade. 
Dentro desse contexto, o modelo do Ensino dos 
Jogos para a sua Compreensão – TGfU (Teaching 
Games for Understanding - TGfU) –, proposto por 
Bunker e Thorpe (1982), teve um forte impacto na 
forma como se começou a encarar o ensino das mo-
dalidades esportivas. De forma oposta a um ensino 
tradicional, que iniciava a aprendizagem do jogo pelo 
domínio das técnicas, os autores propuseram uma 
forma de ensinar na qual o próprio jogo fosse a sua 
essência. Dessa forma, promoveu-se uma participa-
Título: Pedagogia do Desporto
Autor: Go Tani; Jorge Olímpio Bento e Ricardo Demétrio de Souza Petersen
Editora: Guanabara Koogan
Sinopse: o livro estrutura-se em quatro partes. Na primeira, surge uma fundamentação 
normativa da área, por meio da formulação de orientações e conceitos reguladores da 
pedagogia do desporto. A segunda parte é um prolongamento da primeira e aproxima 
a teoria da prática nos campos em que a Pedagogia do Desporto se espraia. Nas terceira e quarta partes, os 
autores trazem as preocupações e operações da didática e da metodologia acerca do ensino do desporto.
 47
 EDUCAÇÃO FÍSICA 
ção mais igualitária entre os estudantes, desafiando 
o entendimento do esporte para além das execuções 
técnicas e habilidades respectivas. 
O ensino centrado no aluno, no qual esse mo-
delo se apoia, pretende proporcionar sucesso em uma 
grande variedade de jogos, explorando as técnicas e 
táticas que lhes são comuns, como “o passar e desmar-
car”, “encontrar espaços vazios” ou “abrir linhas de 
passe”. Assim, o professor ou o treinador centra o seu 
foco no ensinar a jogar ao invés de ensinar as técnicas 
específicas de cada modalidade. Os alunos devem exe-
cutar estratégias apropriadas à complexidade do jogo 
e empregar tempo satisfatório para jogar. 
O foco pedagógico desse modelo é:
1. Representar jogos complexos de forma sim-
plificada.
2. Modificar os princípios do jogo em si, de forma 
a diminuir as suas exigências.
3. Exagerar procedimentos no sentido de salien-
tar determinados aspectos do jogo que são 
importantes para a sua compreensão.
Uma das primeiras preocupações é evitar que o jogo 
se torne uma obsessão, dessa forma, colocando aos 
alunos questões como: o que fazer? Quando fazer? 
Como fazer? O contexto do jogo tem precedência 
sobre o ensino das técnicas. Assim, a escolha da for-
ma do jogo é crucial e será determinante para que 
não faça uso de técnicas que impeçam a sua reali-
zação. Consequentemente, deve permitir aos alunos 
enfrentar de forma inteligente as situações coloca-
das, interpretá-las, identificar uma possibilidade de 
solução e, consequentemente, agir intencionalmente 
de acordo com os objetivos.
Acesse os QR codes a seguir para visualizar exem-
plos de atividades que podem ser utilizadas no mode-
lo TGfU. O primeiro vídeo apresenta o “jogo dos 10 
passes”, baseado na modalidade basquetebol, no qual 
o objetivo é realizar 10 passes entre os jogadores da 
mesma equipe, sem que a equipe adversária recupere 
a bola. No segundo vídeo, é apresentada uma ativida-
de de jogo reduzido, “4 x 4”, ou seja, em um espaço 
menor e com número menor de jogadores que a quan-
tidade oficial, baseado na modalidade futebol. Obser-
ve que ambas as atividades contemplam as situações 
de “passar e desmarcar”, “encontrar espaços vazios” e 
“abrir linhas de passe”, mencionadas anteriormente. 
Exemplo de atividades que pode ser utilizada no modelo TGfU. 
No primeiro vídeo, o objetivo da atividade é realizar 10 passes en-
tre os jogadores da mesma equipe, sem que a equipe adversária 
recupere a bola. O segundo vídeo apresenta uma animação com 
bonecos vestidos com trajes esportivos específicos do futebol, 
divididos em dois times, em um espaço menor que o campo de futebol. A animação demonstra como o jogo redu-
zido, de 4 x 4 jogadores, que pode ser realizado com adaptação das regras (por exemplo, ter apenas um goleiro).
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14183
https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/14184
48 
 
Quando se apresenta um jogo aos alunos, esse deve 
ser adequado a sua idade e ao seu nível de experiência. 
Na prática, o professor desenha cenários de jogo em 
forma de puzzles (quebra-cabeça), que necessitam ser 
resolvidos e que representam aquilo que o aluno nor-
malmente encontra no jogo.
A apreciação do jogo envolve o conhecimento das 
suas regras, que podem ser adaptadas em função dos 
constrangimentos situacionais. A compreensão tática 
Os seis passos para o ensino do TGfU propostos 
por Bunker e Thorpe (1982) são:
1. Jogo.
2. Apreciação do jogo.
3. Consciência tática.
4. Tomada de decisão.
5. Habilidade de execução.
6. Performance em competição.
implica o aluno na consciencialização dos problemas 
táticos que o jogo aporta e preconiza o entendimen-
to das táticas mais elementares. A tomada de decisão 
incita o aluno a resolver questões (o que fazer? Como 
fazer), atribuindo, dessa forma, significado ao uso da 
técnica, em função dos problemas táticos suscitados 
pelas ocorrências do jogo.
A habilidade de execução procura dotar os alu-
nos de um maior domínio e de uma maior eficácia 
na execução das técnicas. Todas as fases anteriores se 
reúnem para se corporizar na consolidação do jogo. 
O ciclo voltará a se repetir, implicando

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