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2 1 - Biotecnologia e biossegurança Ferramenta externa

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MELHORAMENTO 
DE PLANTAS
Natália Santos de Santana
Biotecnologia e 
biossegurança
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Apontar os princípios da biotecnologia e suas técnicas.
 � Discutir a biossegurança ambiental e seus riscos.
 � Analisar a transgenia, sua definição e suas técnicas.
Introdução
A biotecnologia emprega técnicas modernas e inovadoras em diversos 
segmentos da indústria, inclusive na agricultura, e seus avanços concla-
mam um avanço similar em biossegurança. A biotecnologia tem como 
objetivo estudar a manipulação dos seres vivos e os produtos obtidos 
a partir disso. Sua revolução ocorreu após a descoberta da molécula de 
ácido desoxirribonucleico (DNA), dos genes e dos cromossomos, pois, 
assim, foi possível a manipulação e a produção de características em 
diversos organismos. Com isso, foram necessários o surgimento e o san-
cionamento de diversas leis relacionadas a práticas biotecnológicas, sendo 
o marco principal, a criação da transgenia, que possibilitou a inserção de 
genes de uma espécie em outra. Neste capítulo, você se aprofundará 
sobre esse período revolucionário na ciência. 
1 Biotecnologia
A biotecnologia é uma área ampla, de cunho aplicado, que utiliza conheci-
mentos de diferentes segmentos, tendo como resultado a combinação entre 
ciência e tecnologia. Portanto, a definimos como um conjunto de atividades 
baseadas em conhecimentos multidisciplinares, com a utilização de materiais 
biológicos para o desenvolvimento de produtos. De acordo com Pisano (2006), 
a biotecnologia é uma “constelação” de revoluções científicas, fundamentada 
em diversas áreas de conhecimento, como a genética, a biologia molecular, 
a bioquímica, a ciência da computação, a biofísica e diferentes especialidades 
da medicina. 
Por sua amplitude, a biotecnologia abrange os seguintes processos: 
 � obtenção e modificações de produtos em detrimento do benefício 
humano; 
 � melhoramento de plantas, a partir da inserção de genes de outros 
organismos; 
 � modificação ou desenvolvimento de processos industriais. 
Dessa maneira, você pode compreender que a biotecnologia está intrínseca 
a processos que promovem a inovação. 
Apesar de sua existência datar de cerca de 10 mil anos, com a utilização 
dos processos de fermentação, a partir dos quais eram obtidos produtos como 
vinhos e pães, o primeiro conceito para a biotecnologia surgiu em 1919, com 
Karoly Ekery, um engenheiro agrônomo Húngaro. Em 1928, a descoberta 
da penicilina, produto biotecnológico identificado por Alexander Flaming, 
revolucionou a medicina no século XX. O médico observou ao microscópio 
uma cultura de bactérias, o Staphylococcus aureus, e percebeu que nela havia 
fungos e que ela não crescia. Após isolar o fungo, descobriu que eles continham 
uma substância capaz de matar as bactérias que infectavam o ser humano 
(VICTORINO, 2000). 
No desenvolvimento da biotecnologia, diversos pesquisadores merecem 
destaque por suas contribuições, como Louis Pasteur, com a descoberta dos 
microrganismos, em 1891; Gregor Mendel, pioneiro nos estudos associados 
à genética; e Oswaldo Cruz, com a produção de vacinas no Brasil. Após a 
descoberta da molécula de DNA, em 1953, por Watson e Crick, os estudos 
associados à biotecnologia mudaram e, nesse momento, deu-se o início da 
biotecnologia moderna (MALAJOVICH, 2016). 
No início da década de 1970, outro momento marcou a biotecnologia: 
o desenvolvimento da tecnologia do DNA recombinante. Essa técnica, de-
senvolvida por uma empresa norte-americana chamada Genentech, permite 
a transferência de materiais genéticos entre os organismos vivos. 
Biotecnologia e biossegurança2
Conhecendo as técnicas
A biotecnologia apresenta soluções para a sociedade em diversos domínios. 
Suas contribuições vão desde construção de ferramentas até soluções médicas, 
como chips e tecnologias para o diagnóstico instantâneo. 
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, 
2005) preconiza uma lista de técnicas biotecnológicas como um guia interpre-
tativo para suas definições. Destacamos algumas delas a seguir.
 � Utilização do DNA e ácido ribonucleico (RNA) — a descoberta das 
moléculas de ácidos nucléicos foi imprescindível para o início da cons-
trução de tecnologias modernas.
 � Proteínas e outras biomoléculas — por intermédio dessas técnicas foi 
possível a geração de produtos biológicos e o surgimento da proteômica.
 � Engenharia celular e cultura de células — possibilitou manter as células 
em condições controladas, propiciando seu cultivo.
 � Vetores (terapia gênica) — introdução de genes sadios a partir da tec-
nologia do DNA recombinante, utilizada para fabricação de vacinas 
e medicamentos. 
 � Bioinformática — construção de banco de dados de genomas, sequências 
proteicas e modelagem.
 � Nanobiotecnologia — aplicação de ferramentas para construção de 
dispositivos em escala nanométrica.
Diversos setores da sociedade são beneficiados com o desenvolvimento de 
produtos a partir da utilização de ferramentas biotecnológicas. Por exemplo, 
na indústria, a criação de plásticos, outros polímeros e detergentes para o 
segmento têxtil; na saúde, a fabricação de medicamentos, antibióticos, vacinas 
e testes de diagnóstico; e na agricultura, a fabricação de pesticidas, adubos, 
biofertilizantes e produção de plantas transgênicas (com maior valor nutritivo 
e resistência a pragas).
A atividade agrícola, conforme documentado na história, tem sido indis-
sociável da evolução e das ações antrópicas que a permeiam. A invenção da 
agricultura, importante para o aumento na demanda de produções de alimen-
tos, não foi suficiente para resolver essa problemática. Com isso, estratégias 
biotecnológicas relacionadas à agricultura foram desenvolvidas no decorrer 
dos anos, a fim de aumentar a produtividade de plantas e animais e torná-los 
mais resistentes a fatores ambientais.
3Biotecnologia e biossegurança
Podemos destacar, nesse âmbito, o melhoramento genético, criado com a 
finalidade de desenvolver novas variedades de culturas, a partir da utilização 
de ferramentas como marcadores moleculares e engenharia genética, que 
possibilitam a redução de tempo para obtenção de novas variedades. De acordo 
com Ferreira e Faleiro (2008), do ponto de vista comercial, a indústria da 
transgenia tem sido marcada pelo emprego de dois tipos de genes: resistentes 
a herbicidas e a insetos.
Há diversas aplicações biotecnológicas que oferecem soluções para os 
principais desafios da agricultura (p. ex., geração de alimentos com o uso 
sustentável da biodiversidade). Destacamos, entre elas, as mais relevantes:
 � controle biológico baseado na utilização de materiais genéticos micro-
bianos para o combate de insetos e pregas que atingem os sistemas de 
produção agrícola;
 � cultura de tecidos utilizadas em programas de melhoramento genético 
como estratégia para aumentar a variabilidade das espécies para fins 
de seleção;
 � inseminação artificial, transferência de embriões e clonagem animal 
na agropecuária. 
No Brasil, o setor da agricultura é responsável pela disponibilização de 
matérias-primas ou materiais para consumo e/ou exportação (IMF, 2013).
A Argentina, em 2019, iniciou estudos relacionados à produção de sementes de trigo 
tolerantes à seca, e se tornou pioneira nesse segmento. Essa pesquisa, desenvolvida pela 
empresa Bioceres, está sendo realizada em regiões com baixos índices de pluviosidade. 
O desenvolvimento de sementes tolerantes poderá possibilitar um aumento de 20% 
no volume desse grão. 
Entretanto, a pesquisa tem provocado muita polêmica por parte do governo argen-
tino, pois esse produto poderia fechar mercados, devido à rejeição dos consumidores, 
como ocorrido com a empresa Monsanto. Contudo, esse estudo começou a ser 
desenvolvido em razão de uma situação crítica vivenciada pelo país em 2018, em que 
uma grave seca provocou a perda de 40% na colheita.
Biotecnologia e biossegurança4
2 Biossegurançaambiental 
De acordo com Teixeira e Valle (2010), a biossegurança é um conjunto de 
ações voltadas para eliminação ou minimização de riscos à saúde humana, 
dos animais ou do meio ambiente, além da garantia da qualidade dos pro-
dutos desenvolvidos durante a pesquisa. O laboratório, principal área para 
desenvolvimento de estudos científicos, deve ser compreendido como uma 
área complexa e perigosa, bem como passível de ocorrência de acidentes 
(MOLINARO; CAPUTO; AMENDOEIRA, 2013).
Muitas vezes, esses riscos não são visíveis, como a contaminação por 
microrganismos, reagentes presentes em uma bancada ou aerossóis, por isso, 
é importante que o pesquisador, antes de iniciar qualquer trabalho laboratorial, 
esteja ciente sobre eles. 
Em um laboratório, o pesquisador deve estar atento aos agentes de risco 
aos quais pode estar suscetível, como:
 � riscos químicos — referem-se à exposição a produtos químicos na forma 
líquida ou gasosa, as quais estão presentes no ambiente e podem ser 
absorvidas pelo organismo;
 � riscos físicos — relacionados a fatores como temperatura, radiações, 
ruídos, iluminação e umidade;
 � riscos biológicos — relacionados à presença de microrganismos que 
podem provocar graves doenças em seres humanos.
Além de ter ciência sobre os riscos de exposição, é importante também 
avaliá-los, principalmente os biológicos. Por isso, há uma classificação para 
os grupos de risco dos agentes biológicos, utilizando os seguintes fatores:
 � patogenicidade do agente e dose infecciosa; 
 � resultado potencial da exposição;
 � via de infecção;
 � estabilidade do agente no ambiente;
 � concentração do agente;
 � presença de um hospedeiro.
5Biotecnologia e biossegurança
As análises de risco são compostas por duas etapas: a primeira se refere 
à avaliação e a segunda está atrelada ao seu gerenciamento e à comunicação. 
Essa análise é baseada em metodologias científicas, que buscam sistematizar 
as informações a respeito de um determinado perigo e auxiliam no processo 
de avaliação de risco (CRAIG et al., 2008).
Os agentes biológicos são classificados em uma escala de 1 a 4, conside-
rando os riscos que representam à saúde, sua capacidade de propagação e a 
existência ou não de tratamento. Nas condições relacionadas à saúde, avaliam-se 
os efeitos alergênicos, tóxicos e o risco de câncer.
Existe uma lei que define as práticas a serem adotadas para a manipulação 
de organismos vivos, expressa na Lei nº. 11.105, de 24 de março de 2005, 
cujo foco são os riscos relativos às técnicas de manipulação de organismos 
geneticamente modificados (OGM). Essa lei foi regulamentada pela Comissão 
Técnica Nacional de Biossegurança, integrada por profissionais de diversos 
ministérios e indústrias biotecnológicas, e indica que há proibição de descartes 
na natureza dos OGM, engenharia genética em células humanas germinais, 
zigotos ou embriões e clonagem humana.
Cada laboratório deve apresentar um manual de biossegurança próprio, 
e todos os usuários devem ser informados sobre os procedimentos necessários 
para a realização de quaisquer práticas. Entre esses cuidados estão os hábitos 
pessoais de higiene, a utilização de luvas, as práticas de assepsia de materiais 
e instrumentais e o uso do jaleco. 
Ao realizar procedimentos biotecnológicos em organismos, há manipulação 
genética e, nesse processo, existem riscos, mas que são controláveis, princi-
palmente nas fases prévias à sua liberação para utilização pública. Portanto, 
os riscos iminentes estão relacionados ao manejo inadequado dos produtos.
Todas as etapas associadas à obtenção de organismos em que foram realiza-
das práticas biotecnológicas, são regulamentadas por lei, e os riscos envolvidos 
nesse processo vão desde a fase laboratorial até o destino do produto. No caso 
de transgênicos, existe um arcabouço legal com mais de 13 leis associadas à 
lei de biossegurança. Veja, no Quadro 1, as principais legislações relacionadas 
à biossegurança.
Biotecnologia e biossegurança6
Legislação Regimento
Lei nº. 8.974/1995 Estabelece normas de segurança relacionadas às 
aplicações da biotecnologia na manipulação de 
organismos vivos. 
Lei nº. 7.802/1989 Dispõe sobre os parâmetros legais desde a pesquisa 
até a fiscalização de agrotóxicos. 
Medida Provisória 
nº. 2.191/2001
Dispõe sobre as atualizações e implementações da 
política nacional de biossegurança, relativa aos OGM, 
bem como sobre o estabelecimento de normas 
técnicas de segurança e pareceres referentes à 
proteção da saúde humana. 
Resolução Conselho 
Nacional do Meio 
Ambiente (CONAMA) 
nº. 305/2002
Dispõe sobre o licenciamento ambiental, estudos 
de impactos ambientais e relatórios de impactos ao 
meio ambiente a partir das atividades com OGM.
Lei nº. 10.688/2003 Estabelece normas para a comercialização 
da produção de soja transgênica, solicitando 
informações sobre sua origem e a presença de OGM.
Lei nº. 10.165/2000 Dispõe sobre a política nacional do meio ambiente, 
seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, 
relata o papel da fiscalização ambiental do IBAMA. 
Decreto nº. 4.680/2003 Relata sobre o direito à informação quanto aos alimen-
tos e ingredientes alimentares destinados ao consumo 
humano e que são produzidos a partir de OGM.
Lei nº. 638/1981 Dispõe sobre a política nacional de meio ambiente, 
com objetivo de prevenir, melhorar e recuperar a 
qualidade ambiental.
Decreto nº. 1.752/1995 Estabelece informações sobre a comissão técnica 
nacional de biossegurança.
Instrução Normativa Ins-
tituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recur-
sos Naturais Renováveis 
(IBAMA) nº. 8 /2003
Estabelece a apuração de infrações administrativas 
por condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. 
Lei nº. 10.814/2003 Estabelece normas para plantio e comercialização de 
soja geneticamente modificada.
Quadro 1. Legislações atreladas a práticas biotecnológicas
7Biotecnologia e biossegurança
A preocupação em manter o risco ambiental dentro de um grau de segurança 
aceitável levou a comunidade internacional a adotar um princípio de precaução, 
como orientador para as práticas humanas. Nesse contexto, os países devem, 
para prevenir e evitar danos, determinar um nível de risco aceitável com base 
em avaliações científicas e políticas (FERREIRA; FALEIRO, 2008).
A engenharia genética, o desenvolvimento de OGM e o cultivo comercial 
desses produtos geram preocupações a respeito da biossegurança ambiental, 
com isso, as ações de pesquisa e o desenvolvimento assumem importância 
estratégica, uma vez que têm sido muito relevantes na tomada de decisões 
sobre os assuntos relacionados à biotecnologia. 
Em 2005, a fim de garantir a segurança nos processos de desenvolvimento 
de transgênicos, desde a produção, passando pela comercialização e até o 
consumidor, foi lançada e aprovada uma nova regulamentação sobre as leis 
de biossegurança no Brasil (SILVA, 2015).
3 Transgenia 
A agricultura foi responsável pela evolução humana e surgimento das primeiras 
civilizações, principalmente em relação à fixação em territórios, em que o ser 
humano passou a produzir seu próprio alimento, iniciando a domesticação de 
animais e o cultivo de plantas (VEASEY et al., 2011).
Com o tempo, as práticas agrícolas foram sendo aperfeiçoadas, por exemplo, 
por meio da seleção de sementes das plantas mais produtivas, as quais eram 
guardadas e semeadas no próximo ano (MACHADO; MACHADO FILHO, 
2014). Após a segunda guerra mundial, a produção agrícola passou por di-
versas transformações, muitas delas associadas à produção modernizada a 
partir da utilização de máquinas, a conhecida revolução verde; esses avanços 
foram associados a estratégias que pudessem promover ganhos ou geração de 
variedades produtivas e resistentes (CÉLERES, 2017).
Conforme citado anteriormente, a biotecnologia é a utilização de conhe-
cimentos sobre processos biológicos e sobre as propriedades dos organismos 
vivos com a finalidade de obter de produtos ou resolver problemáticas. Dessa 
forma, o melhoramento de plantasse constituí como uma estratégia mais curta, 
econômica e segura para a sustentabilidade na agricultura. 
Biotecnologia e biossegurança8
A metodologia habitual de cruzamento e seleção de linhagens de organismos 
para obter uma variedade com determinada característica de interesse, é longa, 
demorada e apresenta algumas limitações. Entre elas, a impossibilidade de 
gerar híbridos no cruzamento entre duas espécies que estejam em condição 
de isolamento reprodutivo. Ao serem obtidas características de interesse por 
meio de cruzamentos, são recombinados genomas inteiros, o que, muitas 
vezes, implica carregar com os genes de interesse, outros que podem se tor-
nar deletérios quando em homozigose. Para tentar sanar essa problemática, 
a técnica de transgenia foi desenvolvida, pois, a partir de uma transferência 
direta dos genes de interesse para os organismos vegetais ou animais, eles 
passam a apresentar apenas as características de interesse, sem nenhum dos 
inconvenientes do melhoramento genético. 
As técnicas utilizadas no melhoramento precisam ser refinadas, a fim de 
que se tornem mais diretas e menos aleatórias na obtenção de indivíduos com 
as características desejadas. Com as descobertas atreladas a moléculas de 
DNA e o desenvolvimento da biotecnologia moderna, houve a possibilidade 
de manipulação do DNA e o estabelecimento da engenharia genética. Assim, 
surgiram as plantas que carregam em seu genoma trechos de DNA de uma 
fonte diferente da paternal, as chamadas de transgênicas. 
Esses genótipos foram melhorados a partir da confecção de metodologias, 
como a utilização de Agrobacterium para a inserção de genes, a biobalística 
e a eletroprospecção. Essas metodologias foram utilizadas em cultivares de 
espécies com características relacionadas ao controle de pragas e doenças, 
como mamão, algodão, tomate, milho, soja, batata e arroz. 
A produção de transgênicos pela introdução de genes de Agrobacterium 
se baseia na capacidade que essas bactérias têm de transferir sequências 
específicas do seu genoma para o vegetal. Os tecidos que são transformados 
utilizando essa técnica, muitas vezes, precisam passar por uma etapa de cul-
tura in vitro, a fim de regenerar uma planta transgênica. Na biobalística, há 
utilização de micropartículas aceleradas para inserção de genes em células 
ou tecidos (CHENG; VAIDYA; TZFIRA, 2006).
Em 2019, o Brasil foi classificado com a terceira posição em produção de 
transgênicos no mundo, assegurando, assim, 15,8 milhões de hectares plantados 
com transgênicos; o primeiro e o segundo lugar, são assumidos por Estados 
Unidos e Argentina, respectivamente. A produção de transgênicos sempre 
foi permeada por dúvidas e críticas, principalmente relacionadas a possíveis 
malefícios para saúde humana.
9Biotecnologia e biossegurança
As variedades transgênicas mais cultivadas no Brasil são as que com-
binam genes que conferem resistência a insetos e tolerância a herbicidas. 
Essas lavouras representam 66,5% da produção agrícola do país, com mais de 
70 variedades de espécies (CELERES, 2017).
Em 2003, foi sancionada a chamada lei da rotulagem, que tornou obrigatória 
a utilização do símbolo de transgênico em todos os rótulos de alimentos com 
destino ao consumo humano ou de outros animais, conforme demonstrado 
na Figura 1. Entretanto, em 2018, essa lei foi cancelada e, atualmente, não há 
mais essa obrigatoriedade. 
Figura 1. Símbolo de transgênico. 
Fonte: Vanessa Volk\Schutterstock.com. 
Nos sistemas agrícolas, várias estratégias têm sido propostas para obtenção de re-
sistência a insetos, que são considerados pragas agrícolas. Essas estratégias estão 
relacionadas à obtenção de genes de proteínas que alteram o ciclo de vida ou que 
são letais para os insetos, por exemplo, inibidores de amilases, proteinases e lectinas. 
A utilização do gene Bt é uma estratégia bem eficiente, utilizada a nível comercial. 
Esse gene é isolado de uma bactéria da espécie Bacillus thurigiensis, da qual muitos 
genes isolados produzem substâncias similares a inseticidas, como a toxina cristal 
(Cry). Milho, algodão e batata doce são comercializados com a utilização do gene Bt.
Biotecnologia e biossegurança10
Técnicas para fazer um transgênico
Em 1983, foi anunciada a produção de transgênicos vegetais. A descoberta 
e o desenvolvimento dessa metodologia foram realizados por uma equipe de 
pesquisadores americanos, liderada pela bióloga molecular Patrícia Zambryski, 
que desenvolveu uma técnica para transgenia de vegetais, amplamente utilizada 
nos dias de hoje (MALAJOVICH, 2016). Observe, na Figura 2, como ela foi 
desenvolvida.
Figura 2. Transformação bacteriana por Agrobacterium.
Sítio de
restrição
Inserção do
gene no
plasmídeo
usando
a enzima de
restrição e
a DNA
ligase
Introdu-
ção nas
células
da
cultura
de
plantas
TDNA
carregando
novo gene
com o
cromossomo
da planta
Célula da
planta
Rege-
neração
da planta
planta com
novo traço
DNA contendo
gene com o
traço desejado
Agrobacterium
tumefaciens
T DNA
Plasmídeo
Ti
Plasmídeo Ti
recombinante
Nesse método, a Agrobacterium tumefaciens é utilizada com a função de 
inserir genes em plantas que estimulem a formação de galhas, uma espécie de 
tumor vegetal. A equipe da pesquisadora imaginou utilizar essa propriedade 
na infecção de células vegetais com genes de interesse, como aqueles que 
condicionam a resistência a pragas. 
11Biotecnologia e biossegurança
Além disso, outros métodos foram desenvolvidos para a produção de plantas 
transgênicas, como a eletroporação de protoplastos, a qual pode ser observada 
na Figura 3.
Figura 3. Transformação genética por eletroporação.
Fonte: Lencastre (2017, documento on-line).
DNA
(ou proteína)
Pulso
Voltagem
Células
transformadasCélulas
Nessa técnica, são produzidos protoplastos (células vegetais sem mem-
brana), cujos genes de interesse são constituídos por plasmídeos junto a um 
gene repórter, que confere, por exemplo, resistência a antibióticos. Em se-
guida, é feita a seleção dos protoplastos e a liberação de descargas elétricas, 
aumentando a permeabilidade da membrana aos plasmídeos, promovendo o 
mesmo efeito de sua absorção na transformação bacteriana. Aos protoplastos 
sobreviventes são fornecidas condições de sobrevivência (SINGH et al., 2013). 
Outra técnica, a biobalística, consiste no bombardeamento de células com 
microesferas metálicas, nas quais estão aderidos os segmentos de DNA que se 
deseja transferir. Assim, algumas células irão receber mecanicamente esses 
segmentos, que, por sua vez, podem ser expressos quando incorporados ao 
genoma das células (PICELLI, 2010). Observe o esquema dessa técnica na 
Figura 4.
Biotecnologia e biossegurança12
Figura 4. Transformação genética por biobalística.
Partículas contendo
DNA com os genes
de codi�cação
desejada
Partículas
bombardeadas
Bombardeamento de
plantas com
partículas
Cromossomos com
DNA integrado com os
genes de codi�cação
desejada
Célula
da planta
Multiplicação celular
Regeneração bombardeada
seguida de regeneração
radicular Planta com
o novo traço
Núcleo
Nos vegetais, o processo de transgenia pode ser classificado em três ge-
rações, as quais estão relacionadas à ordem cronológica de aparecimento das 
culturas, conforme a seguir. 
 � 1ª geração: aparecimento de plantas com características agronômicas 
resistentes a vírus, herbicidas e pestes. Formam o primeiro grupo de 
plantas modificadas.
 � 2ª geração: inclui as plantas cujas características nutricionais foram 
melhoradas, tanto quantitativa como qualitativamente.
13Biotecnologia e biossegurança
 � 3ª geração: plantas destinadas à síntese de produtos, como vacinas, 
hormônios, plásticos ou anticorpos. 
Uma questão que tem sido amplamente estudada em relação à produção 
de transgênicos em cultivares, além da resistência a pragas, é a promoção 
de espécies tolerantes a déficits hídricos, baixa temperatura ou aumento na 
concentração salina. Um dos genes estudados é o DRE, que apresentou um 
papel importante na regulação daexpressão de genes em estresse hídrico e a 
baixa temperatura. O gene DREB1A, foi introduzido em culturas de trigo, no 
México, demonstrando capacidade de tolerar até 15 dias a mais sem irrigação 
(FLORIGENE FLOWERS, 2007).
Apesar do Brasil ser representativo na produção de transgênicos, em relação 
a outros países no mundo, a população ainda apresenta receios quanto ao seu 
consumo. Entretanto, de acordo com Nodari e Guerra (2001), os riscos ligados a 
variedades transgênicas dependem de associações muito complexas, referentes 
a modificações genéticas, história dos organismos envolvidos e características 
do ecossistema no qual o transgênico é disseminado. Outro ponto relevante se 
refere à lei de biossegurança, a qual regula todos os processos de produção dos 
OGM, com ações que envolvem desde a pesquisa até a sua comercialização 
(BRASIL, 2005).
BRASIL. Lei nº. 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º 
do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos 
de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados 
– OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestru-
tura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política 
Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a 
Medida Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 
16 da Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11105.htm. Acesso 
em: 14 maio 2020.
CÉLERES. 3º levantamento de adoção da biotecnologia agrícola no Brasil, Safra 2016/2017. 
Uberlândia: Céleres, 2017.
CHENG, S. M.; VAIDYA, M.; TZFIRA, T. Agrobacterium is not alone: gene transfer to plants 
by viruses and other bacteria. Trends in Plant Science, Kidlington, v. 11, n. 1, p. 1–4, 2006.
Biotecnologia e biossegurança14
CRAIG, W. et al. An over view of general features of risk assessment of genetically 
modified crops. Euphytica, Wageningen, v. 164, p. 853–880, 2008.
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Biotecnologia e biossegurança16

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