Unidade 2 - Aula 2

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Conhecimento e ciência
Tema 2
Tipos de conhecimento: teológico, �losó�co, empírico e
cientí�co
Que tipos de conhecimento podem ser
observados?
Vimos que o conhecimento pode ser sensorial e intelectual, e que o
conhecimento intelectual é próprio da ciência. Falamos também que a
universidade teve um importante papel quando conseguiu romper o
paradigma dos dogmas divinos para descobrir a possibilidade da certeza
das descobertas cientí�cas. O conhecimento não nasce do vazio, mas,
sim, das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, através
dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos
diversos. Daí dizer-se que o Homem é um ser de cultura que acompanha o
desenvolvimento da sociedade; pode-se dizer que é um ser histórico.
Ao construir sua historicidade, através do agir e do pensar, vai
conhecendo o mundo em que vive: os fenômenos agem sobre seus
sentidos e ele também age sobre os fatos usando sua inteligência,
adquirindo uma experiência pluridimensional do universo.
Mas será o conhecimento cientí�co o único verdadeiro?
Para responder a essa pergunta, vamos estudar os diferentes tipos de
conhecimento.
1) Conhecimento empírico
A ciência é um modo de compreender e analisar o mundo empírico,
envolvendo o conjunto de procedimentos e a busca do conhecimento
cientí�co através do uso da consciência crítica que levará o pesquisador a
distinguir o essencial do super�cial e o principal do secundário (CERVO;
BERVIAN, 2007, apud PEREIRA, 2019 p. 32).
É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o
conhecimento adquirido através de ações não planejadas. É o
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conhecimento do dia a dia e que se obtém pela experiência cotidiana. É
um modo espontâneo e pré-crítico de conhecer. É constituído de
opiniões e modos acríticos de perceber a realidade.
Um lavrador, mesmo iletrado, sabe o momento certo da semeadura,
a época da colheita, tipo de solo adequado para diferentes culturas.
É um exemplo do conhecimento empírico acumulado pelo homem,
na sua interação com a natureza. Outros exemplos: a chave está
emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a
porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a
chave sem emperrar; as crendices que passam de geração para
geração, as lendas e os remédios caseiros indicados pelas “vovós”.
Para Ander-Egg (1978, p. 13-14 apud MARCONI; LAKATOS, 2022, p. 3), o
conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente:
Sensitivo: porque se contenta com as aparências e
emoções do cotidiano.
a)
Super�cial: porque não se aprofunda nas observações,
acredita no que viu e na maneira como foi contado o fato.
b)
Subjetivo: porque é a própria pessoa que organiza o saber e
as experiências, tanto aqueles que as obtêm por vivência,
quanto os que as aprenderam por “ouvir dizer”.
c)
Assistemático: porque não sistematiza as experiências e
ideias, nem tampouco a forma como as adquiriu e nem as
tentativas de validá-las.
d)
Acrítico: porque “sendo verdadeiro ou não, a pretensão de
que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre
de uma forma crítica” (MARCONI; LAKATOS, 2022, p. 3).
e)
2) Conhecimento �losó�co
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É fruto do raciocínio e da re�exão que o homem faz sobre a experiência
vital, derivando diferentes interpretações. É fruto do raciocínio e da
re�exão humana.
É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando conceitos
subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo,
ultrapassando os limites formais da ciência. O �lósofo questiona o
mundo com a �nalidade de compreendê-lo, fornecendo pressupostos e
princípios orientadores das ações humanas.
Daí ser um conhecimento que emerge das experiências vividas que são
racionalmente correlacionadas. Procura dar sentido à vida, recorrendo
unicamente à razão humana.
A permeia toda a vida humana e é a base de
todo o conhecimento, inclusive da ciência, que nela se
originou.
SANTOS, 2012, p. 54.
�loso�a
O conhecimento �losó�co, portanto, é caracterizado pelo esforço da
razão pura para questionar os problemas humanos, recorrendo apenas às
luzes da própria razão humana. Assim, enquanto o conhecimento
cientí�co abrange fatos concretos, positivos e fenômenos perceptíveis
pelos sentidos, por meio do emprego de instrumentos, técnicas e
recursos de observação, o objeto de análise da �loso�a são ideias,
relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a
realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação
sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pela
ciência experimental.
O método por excelência da ciência é o experimental: ela caminha
apoiada nos fatos reais e concretos, a�rmando somente o que é
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autorizado pela experimentação. Ao contrário, a �loso�a emprega “o
método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a
experiência, e não exige con�rmação experimental, mas somente
coerência lógica” (RUIZ, 1979, p. 110 apud MARCONI; LAKATOS, 2022, p.
5).
A frase de Friedrich Nietzsche é um exemplo desse conhecimento:
“O homem é a ponte entre o animal e o além-homem.” A de
Descartes, também: “Penso, logo existo.” E muitos outros exemplos
poderiam ser dados.
Marconi e Lakatos apontam como características do conhecimento
�losó�co:
Valorativo: porque seu ponto de partida consiste em hipóteses.a)
Não veri�cável: porque os enunciados das hipóteses �losó�cas não
podem ser con�rmados nem refutados.
b)
Racional: porque consiste num conjunto de enunciados logicamente
relacionados.
c)
Sistemático: porque suas hipóteses e enunciados visam a uma
representação coerente da realidade estudada.
d)
Infalível e exato: porque seus postulados e hipóteses não são
submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação). (2022, p.
4).
e)
3) Conhecimento teológico
Também denominado “conhecimento religioso”, é o conhecimento
revelado pela fé divina ou crença religiosa. Apoia-se em doutrinas que
contêm proposições valorativas e que, portanto, são infalíveis e
indiscutíveis. Não pode, por sua origem, ser con�rmado ou negado. Suas
proposições devem ser simplesmente aceitas como verdade. É obra do
criador divino. “A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a
visão sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de
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um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem sequer
são veri�cáveis.” (MARCONI; LAKATOS, 2022, p. 5).
“Acreditar que alguém foi curado por um milagre” é um exemplo
desse tipo de conhecimento.
Marconi e Lakatos descrevem como características do conhecimento
teológico:
4) Conhecimento cientí�co
Como as explicações mágicas não bastavam para compreender os
fenômenos, os seres humanos �nalmente evoluíram para a busca de
respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados.
Finalmente, o conhecimento cientí�co atinge os fenômenos, não só
como aparecem para o sujeito, como também com suas causas e
consequências. Caracteriza-se pela forma de analisar, explicar, justi�car,
induzir, aplicar leis e predizer com segurança eventos futuros. O
conhecimento cientí�co não só apreende os objetos, fatos e fenômenos,
como os explica.
Segundo Pereira, Outra maneira de conhecer a realidade é mediante o
conhecimento cientí�co e o uso de técnicas de investigação baseadas em
dados. O saber cientí�co é obtido mediante um conhecimento racional.
Assim, as a�rmações que não podem ser provadas e testadas por meio
de métodos cientí�cos não entram no âmbito da ciência. (2019, p. 28).
De acordo com Marconi e Lakatos, são características do conhecimento
cientí�co:
Valorativo e inspiracional: porque o que se crê é transmitido por
revelação sobrenatural.
a)
Infalível: porque não há como questionar se é verdade ou mentira.b)
Sistemático: porque explica o surgimento de tudo de forma ordenada,
com princípio, meio e �m.
c)
Não veri�cável: porque o acreditar ou não se encerra de forma
compulsória e absoluta. (2022, p. 5).
d)
Sistemático: porque se trata de um saber ordenado logicamente,
formando um sistema de ideias (teoria), e não conhecimentos dispersos e
desconexos.
a)
Veri�cável: somente as a�rmações (hipóteses) que são passíveis de
comprovação pertencem ao âmbito da ciência.
b)
Falível: porque não é de�nitivo, absoluto ou �nal.c)
Aproximadamente exato: porque novas proposições e
desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria
existente. (MARCONI; LAKATOS, 2022, p. 4).
d)
Conhecimento 
POPULAR
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Valorativo
Re�exivo
Assistemático
Veri�cável
Falível
Inexato
Conhecimento 
FILOSÓFICO
Valorativo
Racional
Sistemático
Não veri�cável
Infalível
Exato
Conhecimento 
RELIGIOSO
Valorativo
Inspiracional
Sistemático
Não veri�cável
Infalível
Exato
Conhecimento 
CIENTÍFICO
Real (factual)
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Fonte: Trujillo Ferrari (1974, p. 11) apud Marconi e Lakatos (2022, p. 4)
Contingente
Sistemático
Veri�cável
Falível
Aproximadamente exato
Em dado momento da vida, o sistema de crenças transmitidas por nossos
antepassados já não é su�ciente para dar conta das explicações que se
ligam aos problemas enunciados através das seguintes indagações:
Por quê?
Para quê?
Para quem?
Como conhecer?
Em que local conhecer?
Como e onde as coisas se sucedem?
Observe que tais questões acabam por caracterizar uma ação
metodológica que norteia o conhecimento cientí�co.
Desta forma, nasceu o conhecimento cientí�co, que procura sempre uma
aproximação com a lógica e com o racional.
O conhecimento cientí�co surge quando passamos a observar de
maneira mais metódica os fenômenos que nos circundam e dos quais
fazemos parte.
A partir daí surge o pesquisador e suas tarefas. Por quê?
Nesse momento, o indivíduo inicia um percurso de busca às respostas
para as questões-problema que passa a identi�car. Seu objetivo passa a
ser, de certa forma, interferir na realidade ou contexto em que está
inserido.
E faz isso não apenas porque assim deseja, mas, principalmente, pelo
fato de estar construindo ou ajudando a construir novos caminhos e
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soluções para as práticas sociais.
Podemos, então, dizer que o conhecimento cientí�co:
É racional e objetivo.
Atém-se aos fatos.
Transcende aos fatos.
É analítico.
Requer exatidão e clareza.
É comunicável.
É veri�cável.
Depende de investigação
metódica.
Busca e aplica leis.
É explicativo.
Pode fazer predições.
É aberto.
É útil.
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