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Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação - Temas 1 ao 10

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Matéria: Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação 
Assunto: Temas 1 ao 10 
Curso de Pedagogia 
Licenciatura – 1º Período 
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Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 2 de 68 
 
A racionalidade é a capacidade humana que permite lidar com ideias, de modo 
a estabelecer relações entre elas e, assim, poder construir pensamentos. Dessa 
forma, entender o homem como animal racional significa saber de sua capacidade 
de pensar: ele é o único animal (até que se consiga demonstrar algo diverso) que 
estabelece uma relação com seu meio (e tudo o que nele está) transcendendo a 
dimensão físico/espacial/temporal. Por exemplo, ao olhar para uma paisagem, o 
homem tem condições de relacionar tudo o que vê com aquilo que já vivenciou antes 
e com o que pretende vivenciar enquanto outro animal apenas se daria conta de seu 
espaço circundante naquele único momento. 
“E o pensamento parece uma coisa à toa. Mas como é que a gente voa quando 
começa a pensar” 
Você conhece estes versos? Possivelmente sim, eles fazem parte da canção 
Felicidade, de autoria de Lupicínio Rodrigues. Esta canção traz algo importante para 
falarmos sobre o pensar: esta é uma ação que parece simples, comum e banal, no 
entanto, ela faz com que o homem se lance para algo além de si mesmo. “Pensar, todo 
mundo pensa”, é o que comumente se diz. Perceba, porém, que é comum se falar da 
atividade de pensar como “pensar em algo”, ou seja, o pensamento é sempre voltado 
para um objeto diverso de si. Mas seria possível algo diferente? Sim, e justamente aí 
reside a especificidade da filosofia. 
Pensar o pensamento (parece um pleonasmo) é atividade claramente filosófica, 
na tentativa de elucidar o que propriamente significa pensar. Para isso, é necessário 
que se adote postura firme e regrada. Dizendo de outro modo, significa que é preciso 
empenho para que o pensamento elucide algum problema e conheça o que são as 
coisas e os objetos. Porém, se o pensamento quer elucidar o que seja o próprio 
pensamento, é preciso maior atenção - justamente para que não se caia em um 
círculo vicioso, vazio e falacioso. A filosofia é a área do conhecimento que busca 
elucidar o mundo, começando pela problematização da própria capacidade de 
pensar. 
A experiência do homem no mundo traz problemas que precisam ser 
resolvidos. Aos poucos, com o passar do tempo, este homem percebeu que sua 
capacidade de pensar poderia ser aprimorada, não se restringindo ao que já sabia. 
Como diria a canção citada, o homem descobre que pode “voar cada vez mais alto” 
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Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 3 de 68 
com o pensamento. Filosofar é, assim, entender o pensamento e colocá-lo em uma 
regra que seja comum e possa ser seguida por todos os homens; filosofar é adequar o 
pensamento ao logos, que é, justamente, a razão, capacidade comum a todo homem. 
Dizendo de outro modo, logos é a linguagem na qual a realidade pode ser traduzida 
de modo a fazer com que todos os homens possam compreendê-la. Por isso, pode-se 
dizer que toda filosofia é pensamento, mas nem todo pensamento é filosofia. 
Filosofar é a busca pela compreensão da realidade (e tudo o que a compõe) por meio 
do pensar guiado pela razão. 
Desde séculos antes da era cristã (por volta do séc. VII), os homens têm se 
preocupado com esta reflexão mais apurada sobre a realidade. Neste momento, se 
percebeu a impossibilidade de simplesmente aceitar as imposições naturais e 
sociais. Era preciso pensar mais sobre a natureza em geral e, de modo especial, sobre 
a natureza humana e as relações que se estabeleciam. Para que exista um parâmetro 
de datação histórica, neste contexto é que se considera o nascimento da filosofia, o 
que ocorreu na Grécia. 
Esse novo tipo de reflexão foi chamado de filosofia por Pitágoras, matemático 
e um dos primeiros pensadores, que não ousou atribuir a si mesmo a denominação 
de “sábio” (sophos), mas de “amigo da sabedoria” (philo+sophos). Desse modo, os 
gregos dessacralizaram a natureza ao inventar conceitos e ao estimular o debate 
argumentativo. (ARANHA, 2006, p.22) 
Desde então, os homens (chamados “filósofos”) vão desenvolvendo suas ideias 
a partir de suas vivências históricas. 
Você, possivelmente, já ouviu falar de muitos deles, uma vez que suas ideias 
fundamentaram e fundamentam construções teóricas das ciências e concepções de 
mundo. É importante destacar, neste sentido, que os pensamentos nunca brotam do 
nada e aparecem aos pensadores: é o contexto que permite que as ideias se originem 
e os pensamentos sejam construídos. Assim, toda filosofia tem ligação com seu 
tempo. 
Ao se olhar para a história da humanidade, tem-se na linha do tempo uma 
sucessão de períodos que, ao se firmarem em suas características sociais e culturais, 
abriram caminho para que os pensadores desenvolvessem suas ideias. Assim, não 
parece difícil perceber que cada ideia é fruto de seu tempo, o que pode ser explicado 
por dois motivos (além da genialidade de seu autor): 
1. A realidade social. Por exemplo, as ideias de Aristóteles não seriam 
construídas do modo como foram, se aquele pensador não tivesse vivido em uma 
sociedade dividida em classes e com grande parcela da população sendo escrava. 
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Do mesmo modo, Marx não desenvolveria seus pensamentos como o fez, caso 
não vivenciasse uma realidade de extrema exploração dos trabalhadores pelo 
sistema capitalista. 
2. O próprio desenvolvimento do conhecimento filosófico. Por exemplo, 
Aristóteles teria dado origem a ideias diferentes das quais desenvolveu, caso não 
fosse Platão seu antecessor, assim como as ideias de Marx talvez fossem diferentes, 
caso não fossem precedidas pelas de Hegel. 
Pelo que foi exposto, você percebe a importância de que um pensamento seja 
sempre contextualizado? Um problema muito comum entre os estudantes é tentar 
entender um pensamento unicamente em si mesmo: ele pode acabar parecendo sem 
sentido e apenas divagação. 
É evidente que, dependendo da época, alguns enfoques tiveram prioridade, de 
modo que, se de um lado pode ter havido restrição, não do interesse pela totalidade, 
mas devido à preferência de alguns tipos de reflexão, por outro lado surgiram novos 
campos de investigação filosófica. (ARANHA, 2006, p.23) 
Se você imaginar que no início da filosofia não havia conhecimento racional 
dividido em áreas nem conteúdos específicos de ciências diferentes, perceberá que o 
conhecimento era único. Assim, um pensador era, ao mesmo tempo, filósofo, 
matemático, químico, físico, poeta, etc. Mas, com o passar do tempo, esta situação 
foi alterada, pois cada contexto apresenta problemas específicos ao ser humano, 
exigindo dele que o pensamento sempre se renove e abarque as condições de 
existência que surgem. Deste modo, a filosofia foi desenvolvendo suas reflexões 
cada vez mais específicas sobre os mais diversos elementos da realidade e os 
pensadores tornaram-se cada vez mais especialistas em determinados problemas. 
Aristóteles distingue e classifica todos os saberes científicos (cuja totalidade é a 
Filosofia) tendo como critério a distinção entre ação e contemplação, isto é, 
diferencia as ciências conforme seus objetos e finalidades, sejam atividades 
produtivas, éticas e políticas, sejam puramente intelectuais, interessadas 
exclusivamente no conhecimento e sem preocupação com qualquer prática. (CHAUI, 
2005, p.44) 
A especialização do conhecimento chegou ao ponto crítico no qual o 
conhecimento desenvolvido já não mais era totalmentefilosofia, e, aos poucos, as 
diversas ciências foram ganhando campo e corpo próprio dentro da filosofia, até o 
momento no qual constituíram um campo epistemológico totalmente 
independente. Um destes diversos campos que, ao longo da história, tornaram-se 
independentes foi a sociologia, que tomou como objeto de estudo a sociedade e o 
homem como ser social. 
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O ser humano está inserido em uma realidade coletiva: seu mundo não é 
individual, ele está determinado por um contexto no qual há diversos seres 
humanos. A sociologia surge tratando de questões relacionadas diretamente ao 
fazer coletivo do homem na construção da realidade, analisando as situações 
históricas e o modo como o homem organiza sua vida em grupo. 
Antes de se constituir como ciência independente, a tentativa de trazer o logos 
para pensar a sociedade estava na área chamada filosofia social. De modo mais 
significativo, a filosofia positivista de Auguste Comte (1798-1857) foi a que abriu as 
portas para a sociologia. Este autor se utilizou do método das ciências experimentais 
(por conta do sucesso que conquistavam), aplicando-o para o entendimento da 
sociedade, procurando explicar a vida social com os mesmos instrumentos teóricos 
usados para explicar a vida natural. 
A maioria dos primeiros pensadores sociais positivistas permanece, pois, presa 
por uma reflexão de natureza filosófica sobre a história e a ação humanas. 
Procedimentos de natureza científica, análises sociológicas baseadas em fatos 
observados com maior sistematização teórica e metodologia de pesquisa só seriam 
introduzidos por Émile Durkheim e seu grupo [...]. (COSTA, 2005, p.74) 
É importante que você perceba que nenhuma ciência nasce pronta, da mesma 
forma que nenhuma se plenifica. O processo de desenvolvimento de qualquer ramo 
científico é lento e apenas pode ser mais bem percebido quando visto de longe pelo 
observador, que pode, então, perceber a des/continuidade entre as ideias que se 
sucedem. Para as ciências do homem, especialmente, tal processo é bem mais 
complexo do que se pode imaginar. 
O esforço da sociologia é pensar a sociedade, desde seu conceito mais amplo até 
os detalhes, de modo racional, obedecendo ao logos. Podem ser citados diversos 
pensadores que, ao longo do tempo, construíram o pensar sociológico, porém, Émile 
Durkheim, Max Weber e Karl Marx são os autores que não podem deixar de ser 
citados, pois foram os que abriram caminhos de reflexão verdadeiramente 
científicos. 
Os pensadores da sociologia, desde sempre, têm como preocupação conhecer o 
âmbito político e social de modo profundo, entendendo de que modo cada fio que 
compõe o tecido social afeta este tecido como um todo. Sabendo quais forças agem - 
e de que modo o fazem -, o sociólogo tem condições de questionar os pontos mais 
significativos, para que eles possam ser revistos. 
Não se constroem mais cidades; não se desenvolvem campanhas políticas; e 
não se declaram guerras sem levar em consideração as pessoas envolvidas, suas 
crenças, interesses, ideias e tradições, tudo aquilo que guia sua ação e motiva sua 
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conduta. A sociedade tem características que precisam ser conhecidas para que 
aqueles que nela atuam atinjam seus objetivos. Isso significa que nenhum setor da 
vida social prescinde dos conhecimentos sociológicos, pois a ação consciente e 
programada exige pesquisa, planejamento e método. É por isso que a sociologia faz 
parte dos programas básicos dos cursos universitários que preparam os mais 
diversos profissionais - de dentistas a artistas, de engenheiros a jornalistas - e por 
isso também o sociólogo integra equipes nos mais diversos setores da vida social. 
(COSTA, 2005, p.21) 
O mundo humano se torna cada vez mais complexo, exigindo sempre maior 
compreensão do lugar do homem e seus objetivos, ao contrário do mundo natural. 
Com o passar do tempo, as relações sociais se complexificam, no sentido de que 
novos elementos vão sendo agregados a cada experiência da coletividade. Tais 
elementos não apenas oferecem novos modos de entendimento, como também os 
exigem. Nesse sentido, a sociologia permite situar o homem em seu contexto de 
relações estabelecidas, entendendo-se o modo como foi possível chegar até ele. 
Seria muito simples entender a realidade social, caso ela obedecesse a padrões 
naturais que se repetissem dentro de certos ciclos, porém, nem todo fenômeno 
social tem repetição e tal realidade se mostra como um tecido no qual os fios se 
relacionam nem sempre diretamente. Enxergar com profundidade significa tentar 
perceber que nem sempre são visíveis os mecanismos que movimentam a sociedade 
e, a partir de tal constatação, deve-se trabalhar insistentemente para se desvendar 
as inter-relações ocultadas, muitas vezes, por desejos de classe. 
Nas palavras de Durkheim (1978, p.37): 
Todo o passado da humanidade contribuiu para estabelecer esse conjunto de 
princípios que dirigem a educação de hoje; toda nossa história aí deixou traços, como 
também os deixou a história dos povos que nos precederam. 
A educação é um fenômeno social, nunca finalizado. “Olhar a educação do 
ponto de vista da sociologia é compreender que se a pedagogia é o fundamento das 
práticas educacionais, as crenças, os valores e as normas sociais são os fundamentos 
da pedagogia.” (RODRIGUES, 2002, p.10) Assim, pode-se entender que nenhuma 
organização social é neutra, uma vez que tem suas raízes sempre fincadas em 
determinados objetivos. A preocupação que deve estar presente em um projeto de 
formação de educadores é a de saber até que ponto a pedagogia enxerga claramente 
esta relação com objetivos nem sempre claros, mas que delineiam suas ações. 
A Sociologia é a ciência que busca entender a sociedade a partir de certos 
conceitos e métodos que permitam aparecer o fenômeno social. Construindo-se uma 
analogia, se a educação fosse uma casa construída, a sociologia tentaria explicar a 
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casa a partir do material utilizado, desde as bases, tijolos e ferragem, dizendo por que 
a casa se sustenta em pé ou tende a ruir. Ou seja, os elementos sociais envolvidos na 
construção da educação como projeto dão a estrutura do que é a realidade da 
educação. Mas a casa não é apenas material e estrutura: ela obedece também a uma 
forma específica. 
A filosofia, completando a imagem trazida pela analogia, permite a reflexão 
sobre a forma dada à casa. Desde os fundamentos, é preciso entender de que modo a 
construção obedece a um projeto determinado e se tal projeto está relacionado 
diretamente à finalidade que se estabelece para a casa, além, é claro, de saber quem 
vai morar nela. 
Cabe à filosofia, entre outras coisas, examinar a concepção de humanidade que 
orienta a ação pedagógica, para que não se eduque a partir da noção abstrata e 
atemporal de “criança em si”, de “ser humano em si” [...]. O filósofo deve avaliar os 
currículos, as técnicas e os métodos para julgar se são adequados ou não aos fins 
propostos sem cair no tecnicismo, risco inevitável sempre que os meios são 
supervalorizados e se desconhecem as bases teóricas do agir. (ARANHA, 2006, p.25) 
A casa como um todo, de modo geral, é vista por qualquer pessoa. Significa dizer 
que a educação em sua situação visível mais geral - seja boa ou ruim - pode ser 
entendida pelo homem comum, sem grandes esforços de pensamento. 
Porém, entender de que modo elachegou a ser o que é não é tão simples. Juntas, 
filosofia e sociologia dão condições para que o homem perceba mais do que o que 
aparece primeiro, na superfície. 
Enfim, a educação não pode caminhar sozinha, sem se apoiar nos construtos 
teóricos, especialmente, da filosofia e da sociologia. Tais disciplinas não são simples 
adereços, elas fundamentam de forma sólida a ação pedagógica. Elas não dão 
respostas prontas e claras para as situações que se apresentam, mas permitem à 
educação (a todos os atores envolvidos no fazer educativo) uma reflexão mais eficaz. 
A educação não é neutra: ela constrói o homem que é permitido pelo contexto 
histórico e social. A sociologia auxilia exatamente na identificação dos elementos 
que compõem tal contexto. 
O homem que a educação deve realizar, em cada um de nós, não é o homem que 
a natureza fez, mas o homem que a sociedade quer que ele seja; e ela o quer conforme 
o reclame a sua economia interna, o seu equilíbrio. (DURKHEIM, 1978, p.81) 
 
 
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Campo epistemológico: campo delimitado de conceitos e métodos relacionados a 
uma determinada área do conhecimento. 
Fenômeno social: abrange extenso conjunto de fatos, ações, ocorrências e situações 
que, de algum modo, constroem a vivência social ou por ela são construídos. 
Filosofia: de difícil definição, o termo é costumeiramente entendido como “amor 
pela sabedoria”. É um modo de pensar baseado na razão, iniciado pelos gregos, que 
fundamentou o pensar racional do Ocidente. 
Filosofia social: área da filosofia que trata das questões relacionadas ao problema do 
âmbito social, à luz do significado da vivência social em relação àquilo que é a 
essência humana. 
Logos: conceito grego para aquilo que obedece a racionalidade. Um discurso que se 
faz pelo logos é a tradução de algo para a linguagem racional; significa trazer para a 
razão. 
 
 
Educar nunca é ato isolado. É, na verdade, algo que deve obedecer a um 
projeto social. Desse modo, não há professor que possa agir sempre sozinho, 
realizando seu caminho no magistério da maneira como bem entender: é preciso 
saber o que se pretende com a educação e de que modo tal intenção pode ser realizada 
nos diversos contextos que se apresentam em um mesmo grupo social. 
Importância singular há em entender que não basta ter uma vontade boa 
para bem realizar o ato. Ou seja, a um educador não basta ter boa intenção e querer 
bem-fazer seu trabalho: é preciso bem mais para que o sucesso seja alcançado. 
Ainda assim, é preciso ter clara a ideia do que seja o sucesso no fazer do ato 
educativo. 
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A realidade é sempre única, não havendo qualquer contradição em tudo o que 
ocorre. Isso significa dizer que uma árvore é sempre e simplesmente uma árvore; se 
alguém diz que ela é boa ou bonita, já é questão de interpretação (boa para quem ou 
exatamente para quê?). É claro, então, que os conflitos surgem por conta das 
diversas interpretações que são construídas sobre os fatos da realidade. As ideias, 
sim, podem ser contraditórias, e a análise delas em sua aplicação sobre a realidade é 
que pode permitir o sucesso nas ações. 
Pare e pense na concepção de mundo que você trouxe do aprendizado desde 
a infância. Possivelmente, o modo como você sempre interpretou a realidade veio 
povoado de ideias simples e comuns, do cotidiano e da vivência trazida pela inserção 
social proporcionada pela família. 
Para poder educar genuinamente, é preciso mais, pois é necessário entender 
de que modo as ideias se relacionam entre si (aprender a pensar melhor) e enxergar 
os elementos da sociedade que, na maioria das vezes, não são tão claros para o 
observador comum. 
Quem educa não pode ser um observador comum - daí a importância das 
formações filosófica e sociológica. 
Chamamos de cotidiano este espaço primeiramente experimentado com 
naturalidade. Este espaço cuja naturalidade possa ser desenhada na forma de mundo 
da vida. Naturalidade que precisa ser questionada, do contrário converte-se em 
engano e mito. As teorias críticas, sociológicas, antropológicas, históricas 
objetivaram até agora o cotidiano. (TIBURI, 2014, p. 21). 
Nenhuma interpretação do cotidiano é natural, mas fruto de um conjunto de 
pré-concepções da realidade - é antes vivência do que conceito e entendimento 
racional. Na maioria das vezes o cotidiano expressa um sentimento diante do real. 
Nesse sentido, o educador deve estar preparado para uma avaliação crítica diante 
dos mais diversos sentimentos que a ele se apresentarão na atividade do magistério 
na educação formal. 
Você já parou e prestou atenção no que é a educação formal? As sociedades 
em geral, pensando-se na realidade do século XXI, têm a educação formal como pré-
requisito para bem participar da vida social. Isso não significa que não existem 
experiências de educação não formal que alcancem sucesso. Mas a reflexão deve ser 
sobre o sistema educacional instituído: a organização de um sistema que segue 
determinadas diretrizes do que deve ser a educação, que se realiza em instituições 
que são as escolas, que dependem de diretores, coordenadores pedagógicos, 
professores e, é claro, de alunos. 
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Nessa sociedade, por vivenciar-se o entendimento de que “é normal que 
todos sempre vão à escola”, o sistema educacional parece mesmo ser algo natural, 
obedecendo a um curso da existência do ser humano, sem o qual não seria possível 
fazer história. E, muitas vezes, tendo tal ideia como diretriz, não se questiona o ato 
educativo instituído. Quando muito, você pode ter questionado uma ou outra 
situação específica que tenha sido mostrada pela mídia. Entretanto, é preciso mais - 
especialmente quando se pensa a formação daqueles que vão atuar como 
educadores. 
Por meio da educação, é possível enxergar o que uma sociedade cria como 
valor, pois, de certo modo, educar significa cuidar para que as pessoas entendam o 
mundo de uma maneira específica. Cada sociedade - cada cultura – enxerga o mundo 
de ângulos diversos. Assim, a educação é aquilo que mais próximo está da 
construção da identidade de um povo. 
Por isso, é importante saber que: 
1) educação é situação encarnada na realidade histórica e, assim, 2) conhecer 
a educação significa entender a cultura. Por exemplo, poder-se-ia querer pensar a 
educação apenas enquanto didática ou técnica de ensinar etc.; mas, ainda assim, 
seria preciso ter em mente que há “didáticas que funcionam” somente para certas 
realidades. 
Aprender sobre os fundamentos filosóficos da educação é trazer à luz os 
elementos que, embora construam o educar, não constituem o próprio fazer. Isso 
significa que é preciso pensar a relação entre teoria e prática para que o fazer 
educacional não seja algo que se faz sem direção, deixado à sorte, mas algo que se 
realiza a partir de um projeto que, por sua vez, carrega um sentido de mundo. Pense 
exemplos de práticas educativas que diferem umas das outras, mas que, no fundo, 
obedecem ao mesmo objetivo último de formação humana. 
No mesmo sentido, falar dos fundamentos sociológicos da educação 
significa tentar entender de que modo a realidade social influencia a educação e, ao 
mesmo tempo, por esta é influenciada. 
A educação tem variado infinitamente com o tempo e o meio. Nas cidades 
gregas e latinas, a educação conduzia o indivíduo a subordinar-se cegamente à 
coletividade, a tornar-se uma coisa da sociedade.Hoje, esforça-se em fazer dele 
personalidade autônoma. (DURKHEIM, 1978, p. 35). 
Que elementos são importantes para que a realidade possa ser enxergada 
mais claramente e, assim, para que um projeto educacional mais efetivo seja 
aplicado? O esforço reside na maior capacidade desenvolvida para relacionar teoria 
e prática: a teoria sem prática corre o risco de ser infrutífera, e a prática sem a teoria 
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facilmente se reduz a um fazer desmedido que não tem parâmetros do que seja o bem 
agir - significa fazer, acreditando que, naturalmente, as coisas concorrerão para o 
alcance dos objetivos. 
Como já diz o senso comum: “para quem não sabe aonde quer chegar, 
qualquer caminho serve...”. 
O Dicionário Básico de Filosofia (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1996, p. 218/260) 
diz que teoria é: 
“2. Modelo explicativo de um fenômeno ou conjunto de fenômenos que 
pretende estabelecer a verdade sobre esses fenômenos, determinar sua natureza 
[...]”. 
Prática, por sua vez, é aquilo: 
“1. Que diz respeito à ação. Ação que o homem exerce sobre as coisas, 
aplicação de um conhecimento em uma ação concreta, efetiva [...]”. 
O que é possível compreender de tais ideias? O que se pode dizer da relação 
teoria versus prática? Perceba que a prática é entendida como conhecimento 
aplicado a determinada ação - e não simplesmente a própria ação. Desse modo, é 
importante notar que uma boa prática carece sempre de um conhecimento que deve 
ser aplicado. Por sua vez, para que se possa bem aplicar um conhecimento, faz-se 
necessário saber a teoria. 
E você, conhece teorias da educação? Na verdade, são diversas as maneiras 
de se entender a prática educativa, pois, ao longo do tempo, muitos pensadores se 
debruçaram sobre os problemas que tocam a formação social das pessoas. 
E por que falar sobre “formação social”? Simplesmente porque não existe 
educação desligada de um grupo social. 
Educar é uma prática social intencionada, isto é, antecedida por um projeto 
teórico consciente que visa a mudanças de comportamentos, não só no educando, 
mas também no educador e na sociedade. Daí podermos considerar a ciência 
pedagógica inserida em um processo histórico-social sempre renovado e que nunca 
termina. (ARANHA, 2006, p. 34). 
Considerando-se que a sociedade nunca é algo pronto e terminado mas um 
fazer social perene, a educação é uma prática que sempre vai sendo moldada pelos 
aspectos sociais de um tempo. É uma prática intencionada, no sentido de sempre 
estar ligada a determinada concepção do que seja a sociedade e, nela, de quem é o 
homem que se deseja formar. Nesse sentido, o conhecimento das ciências da 
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educação e, de modo especial, da pedagogia, é constante construção; é caminho que 
se faz caminhando, revendo, revisando e reavaliando. 
A formação dos educadores deve passar pelo conhecimento de diferentes 
áreas para que se possa entendera educação dentro de um todo; ou seja, o ato 
educativo não é um processo isolado, mas totalmente ligado à realidade e a diversos 
outros pensamentos. 
“Ao pedagogo cabe equilibrar as diversas contribuições teóricas que 
enriquecem sua teoria e lhe dão rigor e objetividade (ARANHA, 2006, p. 37). 
Possivelmente você já pensou na atuação do educador como a pessoa que tem 
como centro de seu fazer a missão de auxiliar na formação de pessoas, no sentido de 
contribuir para que elas possam se realizar como seres humanos, com dignidade. 
Mas e a sua formação como educador? Como você a entende? 
Formar um educador não é algo simples e fácil. Não é algo como somente 
aprender a lidar com crianças, pois estamos falando em educador no sentido do 
indivíduo que vai atuar em diversas instituições, em múltiplas instâncias do educar 
e com diferentes tipos de pessoas. Nesse sentido é que se deve pensar na importância 
das diversas ciências ligadas à educação. 
A reflexão que aqui se objetiva é sobre o formar o educador. Qual a 
importância e em qual sentido se fala em formar? 
De modo algum tal ideia pode ser relacionada ao sentido de colocar em uma 
única forma; ou seja, se disséssemos que existe um único modo de ser professor - e 
que este deveria ser seguido -, estaríamos justamente caminhando para aquilo que a 
reflexão filosófica não é, a saber, o estabelecimento de uma verdade final. A 
formação deve ser entendida como processo perene, a partir do qual a pessoa 
entende a necessidade de agregar elementos e conhecimentos àquilo que ela é - o que, 
por sua vez, toca diretamente sua prática. 
E, de modo mais específico, a formação filosófica do educador é a abertura de 
um modo de refletir sobre os problemas que deve ser sempre revisitado. Isso quer 
dizer que o educador deve se preocupar constantemente com seu modo de pensar, 
para que possa melhorar enquanto pessoa e profissional. Para tanto, é preciso que o 
educador revisite seu conhecimento, enquanto sujeito que busca conhecer ou 
enquanto objeto que tem para ser conhecido. 
E, ao pensar, o que fazemos com as ideias? 
Quando pensamos, pomos em movimento o que nos vem da percepção, da 
imaginação, da memória; apreendemos o sentido das palavras; encadeamos e 
articulamos significações, algumas vindas de nossa experiência sensível, outras de 
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nosso raciocínio, outras formadas pelas relações entre imagens, palavras, 
lembranças e ideias anteriores. O pensamento apreende, compara, separa, analisa, 
reúne, ordena, sintetiza, conclui, reflete, decifra, interpreta, interroga. (CHAUI, 2005, 
p. 159). 
É pela experiência do pensamento que o educador vai sendo construído; sua 
formação deve contemplar o conhecimento crítico do que seja a educação e de como 
ela está organizada. Tal objetivo se justifica no sentido de que sejam formados 
profissionais mais conscientes de sua atividade, entendendo os jogos sociais 
(políticos, financeiros etc.) que tocam diretamente seu fazer. É tomar os elementos 
da percepção, da memória e da imaginação, como diz Chaui, tentando enxergar a 
realidade de modo diverso do habitual. 
A formação especificamente filosófica do educador tem, por sua vez, o 
objetivo de permitir ao indivíduo uma visão mais completa - totalizante - do 
fenômeno educativo. Na maioria das vezes, os problemas não podem ser reduzidos 
a fatos em si mesmos; eles, na verdade, devem ser entendidos de um modo que 
abarque o todo da educação, pois os diversos âmbitos da área educacional estão 
intrinsecamente ligados, relacionando-se constantemente. Por exemplo, isso 
possibilita enxergar situações que, embora diferentes, são consequências diretas de 
uma mesma postura político pedagógica; do mesmo modo, é possível entender que 
diferentes posturas podem trazer a mesma consequência para o fazer educativo. 
A atividade reflexiva do educador deve ocorrer no sentido de que sua ação 
seja o reflexo direto do pensamento. No entanto, não simplesmente o pensamento 
que estabelece uma verdade e quer executá-la, realizá-la; é a indicada relação de 
dobra e desdobra - é u m fazer constante que, já no fazer, se pensa o próprio fazer. 
Isso porque a educação não é algo pronto e terminado, e sim um caminho que se 
constrói no caminhar, e a reflexão sobre o caminho acontece exatamente enquanto 
se caminha. 
A filosofia da educação auxilia a enxergar que a atividade do educador não se 
resume à sala de aula, com seus alunos. 
O estar junto com os alunos é consequência de diversas atuaçõesde outros 
personagens sociais, mas é também causa de outras situações políticas e sociais. É 
preciso entender o importante papel do professor na sociedade e verificar de que 
modo ele vem sendo desprestigiado ao longo do tempo. Qual o sentido de tal situação 
e o que a motiva são indagações que merecem reflexão. A atuação do educador deve, 
portanto, dar conta de questionamentos mais amplos. 
A sociologia, na formação do educador, traz ângulos de visão diferenciados, 
que podem levara reflexões mais significativas e, por sua vez, a uma atuação 
pedagógica mais efetiva, sabendo analisar de modo mais apropriado cada situação. 
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Se é verdade que jamais olharemos um problema social com o 
distanciamento com que examinamos a composição de um mineral, também é 
verdade que a sociologia dispõe já de inúmeras técnicas de pesquisa cuja escolha 
pode garantir o sucesso da investigação e de medidas que venham a ser propostas a 
partir dela. (COSTA, 2005, p. 325). 
Significa entender que não é simples a tarefa de entendimento objetivo da 
realidade - dizer que se consegue tal façanha é algo questionável, pois quem poderia 
atestar que determinada interpretação é a mais correta entre todas as outras 
concorrentes? Não é possível fugir do problema social - ele toca o homem de todas 
as maneiras que se possa imaginar. 
Assim, o educador precisa ser formado com a maior amplidão de 
conhecimentos sociológicos possível. 
O professor é um profissional e, como tal, além da boa formação, deve ter 
garantidas condições mínimas para um trabalho decente: materiais adequados, 
reuniões pedagógicas, atualização permanente, plano de carreira, além de salários 
mais dignos. 
Essas modificações não dependem dos indivíduos isolados, mas só serão 
possíveis se os professores tomarem consciência política da sua situação e estiverem 
dispostos a se mobilizar como corpo coletivo, sempre que necessário, como grupo 
ativo em sua própria escola e/ou engajados em associações representativas de classe 
que defendam seus interesses. (ARANHA, 2006, p.45) 
Se o professor não tivera consciência mínima necessária para estar 
politicamente inserido em sua profissão, dificilmente dará conta de bem atuar. Isso 
não significa que ele deverá, necessariamente, assumir uma postura de luta diante 
da sociedade, mas implica que não pode ser passivo diante dos diversos fatores que 
afetam seu fazer. É importante entender que um sistema educacional regido pelo 
descaso do poder público pode muito bem ser projeto político para sustentar a 
exploração do homem pelo homem. 
A ação do professor é instrumento político e, nesse sentido, pode ser pensada 
como instrumento de libertação ou de aprisionamento daquelas pessoas que são 
dirigidas pelas ações dele. 
Instrumento de libertação quando possibilita um novo pensamento, 
preocupado com a verdade, questionando a realidade; instrumento de 
aprisionamento quando apenas corrobora a situação vigente, aceitando 
passivamente o que é politicamente determinado. Não existe uma prática educativa 
que não seja, de algum modo, política. 
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Portanto, a formação do educador não se restringe a conhecer diferentes 
ideias e correntes filosóficas ou sociológicas; ela tem a preocupação de fazer com que 
aquele que atua na educação conheça não apenas o explícito, mas o que está oculto 
e, às vezes, tem mais poder que aquele. Significa adquirir maior criticidade diante da 
realidade. 
Aprendendo a pensar melhor, o professor ensina a pensar melhor. E a prática 
da reflexão sobre os problemas não pode estar restrita a momentos politicamente 
delimitados para isso, pois somente uma reflexão que se torna rotina pode levar à 
conquista de uma nova atuação. 
Significa dizer que, quando existe o real objetivo de fazer com que a ação do 
educador transforme seus alunos em pessoas pensantes e críticas, é necessário que 
as atividades que propiciam o pensar sejam uma constante; a reflexão crítica apenas 
pode ser levada para fora da escola quando os alunos estenderem para seu dia a dia 
aquilo que realizam em ambiente escolar. 
Aprender e ensinar a pensar não implica adotar um objeto diferente daquele 
que se apresenta cotidianamente ao ser humano, implica, na verdade, como quis 
Sócrates, passar a perceber de outro modo aquele mundo que desde sempre aparece: 
Sócrates queria elevar a um conhecimento sólido e profundo não as coisas 
estranhas e inusitadas, mas aquilo que desde sempre o homem sabe: as coisas 
próximas, os utensílios de uso, a convivência humana, a cidade, o Estado, a nossa 
cotidianidade. Só perguntava acerca dessas realidades já conhecidas. Pisar sempre o 
mesmo lugar para pensar sempre o mesmo. Isso lhe parecia o mais difícil. (BUZZI, 
1983, p. 43). 
E também assim deve ser a busca do educador: refletir buscando decifrar o 
real mais próximo. E o seu mais próximo é exatamente tudo aquilo que constitui seu 
mundo da educação. 
 
Teoria versus prática: discussão filosófica que se volta para pensar os problemas 
envolvidos na relação entre teoria e prática nos diversos âmbitos do conhecimento. 
No geral, entende-se a necessidade de que haja equilíbrio entre ambas. 
Ciências ligadas à educação: de modo especial a sociologia e a psicologia; porém, ao 
entender a amplidão do ato educativo, diversos outros conhecimentos entram na 
conceituação. Por exemplo, a economia, que é de grande auxílio no entendimento 
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das relações econômicas presentes na sociedade, as quais afetam diretamente o ato 
educativo; ou as neurociências, que auxiliam no entendimento sobre as funções 
cerebrais. 
Criticidade: a atitude crítica, diferentemente do que se entende no cotidiano, é a não 
aceitação primária do que quer que seja: é não aceitar uma ideia ou um fato de modo 
simples e imediato, sem questioná-los. A criticidade é atitude que leva o homem a 
questionar; apenas depois da reflexão é que se torna possível tomar parte em algo ou 
optar por ele. 
 
 
Século XVIII e XIX - O contexto do surgimento da Sociologia Positivista 
Para compreender a perspectiva sociológica positivista, considerada uma 
das primeiras teorias reconhecidas cientificamente a explicar o homem como um 
ser social, é necessário ter em mente o contexto histórico, político e social na Europa 
a partir do século XVIII, o qual foi marcado pelos acontecimentos decorrentes do 
iluminismo e de duas importantes revoluções: A Revolução Francesa e a Revolução 
Industrial. 
O iluminismo pode ser entendido como um Movimento Intelectual e 
Filosófico que se desenvolveu ao longo do Século XVII, com o intuito de libertar os 
homens do tradicionalismo da Idade Média: valorizava a razão e a crença no 
progresso e na liberdade do pensamento (ZENI, 2010). 
Suas ideias e ideais formaram a base teórica necessária para a Revolução 
Francesa (1789), a qual pode ser considerada como um marco do início da Idade 
Contemporânea, pois além de originar a ideia de cidadania, acelerou o processo de 
industrialização (Revolução Industrial). 
Entre as principais transformações decorrentes da industrialização, pode-se 
citar como exemplos (DIAS, 2013; HOBSBAWN, 2009; ARANHA, 2006): 
 O desenvolvimento do sistema fabril em grande escala e a divisão do 
trabalho. 
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 Introdução de novas técnicas e aplicação de conhecimentos científicos 
que ampliaram a produtividade na agricultura. 
 O surgimento do navio a vapor e a construção de rodovias e ferrovias. 
 O carvão foi substituído por novas fontes de energia, como o petróleo 
e a eletricidade. 
 Migração dos trabalhadores do campo para a cidade: a vida social 
passou a se concentrar nas cidades, que surgiram sem um 
planejamento adequado. 
 Jornada de trabalho d e 14 a 1 6 horas, com mão de obra infantil e 
feminina. 
 Revoltas do operariado, insatisfeitos com as suas condições de 
trabalho. 
Assim, foi a partir deste cenário social nunca antes vislumbrado - 
preocupante para os pensadores da época de modo geral - que Augusto Comte (1798 
- 1857) começou a desenvolver a sua doutrina positivista. 
O autor também não via com bons olhos as mudanças que estavam 
ocorrendo, considerando que a sociedade se encontrava num estado de caos social e, 
portanto, a sua teoria ressaltava a importância da manutenção da ordem social, que 
se encontrava abalada (DIAS, 2013). 
A saída para tal situação estaria na Filosofia Positivista, a qual estaria 
encarregada de fornecer um conjunto de crenças comuns a todos os homens, o que 
resultaria em estabelecer a ordem social, a coesão e o equilíbrio. 
O progresso do conhecimento humano se realizaria por meio de três estados: 
o estado teológico, no qual o homem explica as coisas e os acontecimentos através 
de seres ou forças sobrenaturais; o estado metafísico, quando há o recurso a 
entidades abstratas e ideias que expliquem os fatos; e o estado positivo, quando o 
homem explica as relações entre as coisas e os acontecimentos pela formulação de 
leis, renunciando conhecer as causas e a natureza íntima das coisas. (MOTTA; 
BROLEZZI, 2008, p. 4.463) 
Constituindo-se como um ramo da Filosofia Positivista, a Sociologia - termo 
criado pelo próprio Comte - foi definida pelo mesmo como “uma física social, 
aplicando a ela os modelos da biologia para explicar a sociedade como um organismo 
coletivo” (ARANHA, 2006, p. 213). Seria uma ciência da sociedade que explicaria as 
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leis do mundo social, da mesma forma que as ciências naturais explicavam o 
funcionamento do mundo físico (GIDDENS, 2005). Para Comte, a sociedade era 
submetida a leis invariáveis, como a natureza também o era. 
Tendo em mente essa breve contextualização do surgimento da Sociologia e 
a imprescindível colaboração de Augusto Comte para a sua constituição enquanto 
ciência, veremos a seguir como podemos relacionar a Sociologia Positivista com a 
Educação, e qual foi a sua importância e contribuição para o desenvolvimento desta 
última, tanto no mundo, como no Brasil. 
O Positivismo e a Educação 
De acordo com Aranha (2006), a industrialização e o desenvolvimento das 
ciências trouxeram preocupações pontuais para a escola tradicional do século XIX: 
Por um lado, acentuou-se o dualismo escolar, que destina escolas de 
diferente qualidade para a elite e para o segmento popular operário; por outro, a 
necessidade de não restringir a formação dos jovens apenas às humanidades, mas 
estimular o estudo das ciências (ARANHA, 2006, p. 213). 
Frente a esse panorama, vejamos a seguir quais foram as análises e soluções 
dos positivistas para a educação, os quais atuaram de forma marcante no ideário das 
escolas estatais, sobretudo na luta a favor do ensino laico das ciências e contrária à 
escola tradicional humanista religiosa (ARANHA, 2006). 
Segundo Neto (1999), mesmo com a educação não sendo o enfoque principal 
do positivismo, a ideia de uma educação universal perpassou o pensamento de 
Comte de tal forma que o autor planejava escrever um Tratado sobre a Educação 
Universal, o que acabou não se consolidando em decorrência de sua morte (SILVA, 
2006). Com esse tratado, Comte planejava apresentar os conhecimentos em formato 
enciclopédico, indo ao encontro da teoria que foi apresentada a você anteriormente 
sobre o pensamento positivista: 
Para o autor citado, o positivismo era caracterizado como uma filosofia 
burguesa liberal, que possuía ao mesmo tempo cunho conservador e progressista. O 
positivismo teria, então, o objetivo de garantir que ocorresse a evolução da 
humanidade no sentido do progresso, reafirmando uma ordem preestabelecida 
(SILVA, 2006). Além disso, segundo o autor, todo ser humano iria passar por seus 
estágios. 
Para o autor, o principal papel da ciência seria o de assegurara consolidação 
da ordem para garantir o progresso da sociedade industrial. Assim, a ciência adquire 
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a forma de um saber acabado e o estado positivo considerado como última fase da 
evolução do conhecimento. (MOTTA; BROLEZZI, 2008, p. 4.664) 
De acordo com Augusto Comte, todos os indivíduos passam ao longo de suas 
vidas pelas mesmas etapas. Dessa forma, o pensamento fetichista da criança cederia 
lugar para a concepção metafísica da adolescência que, por fim, daria lugar ao estado 
positivo, fruto da maturidade (ARANHA, 2006). 
Para este autor, o método geral da educação positivista é dividido em duas 
fases: 
1. Antes de atingir a puberdade: preocupação com o concreto e com a prática 
da observação e de exercícios que irão facilitar a adaptação do corpo à ação habitual. 
2. A partir da puberdade: preocupação com a sistematização e com lições 
formais sobre ciências, seguindo uma classificação hierarquizada. 
A escola ideal positivista seria presa na ideia da técnica e só poderia ser 
garantida pela presença de um especialista. 
No caso, o educador seria o agente social que iria comandar a prática. A 
educação, entendida por Augusto Comte, seria aquela em que ocorre a integração 
entre o “homem” e o “humano”, e, entre ambos, existiria a figura do educador (NETO, 
1999). Nesse caso, o ensino em decorrência dessa interpretação racionalista 
preocupa-se em manter a reprodução da sociedade e coloca o aluno na posição de 
mero receptor de informações (MOTTA; BROLEZZI, 2008). 
Vejamos, a seguir, os pontos principais relacionados à teoria pedagógica do 
positivismo (NETO, 1999): 
1. Na educação deve existir uma relação hierárquica entre o educador e o 
educando, tendo o professor a função de fonte do conhecimento. 
2. A educação deve ser universal, ou seja, deve ser oferecida para todos, 
independente de gênero ou nível socioeconômico. 
3. A educação familiar - espontânea - é especialmente voltada para ensinar 
aos indivíduos a moral, dominando os impulsos egoístas. Essa educação é repassada 
principalmente pela mãe, que para o positivismo representa o poder espiritual na 
família. 
4. Depois da formação moral inicial, ocorre a educação sistemática, que será 
ministrada por filósofos educadores que irão preparar os indivíduos para a 
maturidade. 
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5. A educação pública deve complementar a educação espontânea, por meio 
da teoria e da prática. 
6. É necessária a valorização da estética e da arte. 
7. Deve ser valorizado o estudo de Línguas e da Literatura. 
8. Os professores devem dominar todas as ciências, ou seja, devem ser 
polivalentes. 
9. Os professores devem fazer prevalecer o ensino oral e estimular uma 
submissão ativa e voluntária por parte do estudante, e não uma discussão estéril e 
dispersiva. 
Para Comte, o Estado não poderia deixar de se interessar pela educação, dadaa sua função reguladora. Segundo Lucena (2010), tudo o que é relacionado à 
educação deveria ser submetido à influência estatal, ou seja, mesmo instituições 
privadas deveriam estar sob a sua fiscalização. Não significa que o Estado deva ser o 
único a controlar a educação, mas, sim, que deve ser responsável por ela: dessa 
forma, para o positivismo, a educação deveria ser pública e laica, ou seja, sem 
influência da igreja. 
De acordo com Aranha (2006), além de Comte, outros autores positivistas 
também devem ter suas contribuições ressaltadas. Entre eles, temos Herbert 
Spencer (1820 - 1903), o qual também possuía um cunho do evolucionismo de 
Charles Darwin. Para Spencer, a educação é como tudo no mundo: sofre um processo 
evolutivo em que o ser vai revelando suas potencialidades. 
Essa convicção baseia-se na ideia de progresso, cara ao ideário positivista, 
que parte do pressuposto segundo o qual as coisas têm em germe aquilo que elas 
serão, bastando existir condições para serem desencadeadas. 
Imbuído da concepção cientificista, Spencer escreveu a obra Educação, que 
conquistou muita popularidade. 
Considera o ensino das ciências o centro de toda educação, não só em termos 
de transmissão dos conhecimentos, como da formação mesma do espírito científico. 
Assim, a física, a química e a biologia seriam as mais importantes: interesse pelas 
questões utilitárias, em franca oposição ao ensino humanista tradicional. (ARANHA, 
2006) 
Outro autor importante, advindo da corrente positivista, foi Émile 
Durkheim (1858 - 1917), o qual estudou os chamados fatos sociais: ao invés de 
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analisar apenas os indivíduos, a Sociologia deveria analisar aspectos da vida social 
que determinam a ação destes indivíduos (DURKHEIM, 2002). 
Um Fato Social deve possuir as seguintes características: coercitividade, 
exterioridade e generalidade. A educação, por sua vez, pode se encaixar nessas três 
características (ATISANO, 2006): 
1. Coercitividade: A educação exerce uma coerção sobre o indivíduo, visto 
que ele é obrigado a incorporar os conteúdos, costumes e hábitos desenvolvidos na 
escola, para que seja aceito socialmente. 
2. Exterioridade: A educação que um indivíduo irá receber na escola é 
pensada e decidida antes mesmo de seu nascimento. Não cabe a ele decidir se será 
educado pelos padrões da sociedade, ou seja, é um fato exterior a ele. 
3. Generalidade: A educação possui um aspecto geral, visto que é um 
mecanismo adotado pela maior parte da sociedade. 
Assim como Comte, Durkheim também estava preocupado com a coesão 
social, com algo que mantivesse a sociedade unida e impedisse o caos social. Foi 
assim que ele chegou ao conceito de Solidariedade Social e Moral, a qual seria 
mantida se as pessoas se integrassem com sucesso em grupos sociais e fossem 
regidas por um conjunto de valores e costumes partilhados por esses grupos 
(DURKHEIM, 2002). 
Ambos os autores também compartilham da mesma opinião em relação à 
forma como a criança deve receber o conteúdo: a criança deve estar pronta para 
assimilar os conhecimentos e o professor deve estar preparado para ensinar. A 
criança deve obediência ao educador. Por fim, os autores também acreditam que a 
escola é uma chave primordial para o estabelecimento do equilíbrio social. 
No Brasil, o positivismo influenciou as medidas governamentais do início da 
República, sobretudo pelo cientificismo que marcou muitas vezes a escolha dos 
currículos escolares, devido à preocupação com a transmissão de um conteúdo 
enciclopédico, na tentativa de dar conta da imensa contribuição das ciências, 
sobretudo das ciências da natureza. Também sempre esteve subentendido nas 
práticas empiristas da educação e, de forma explícita, na década de 1970, por ocasião 
da tentativa de implantação da escola tecnicista. (ARANHA, 2006, p. 214) 
Por fim, temos ainda mais uma contribuição do positivismo: no século XX, a 
contribuição do positivismo ainda era vista na psicologia comportamentalista de 
Watson e Skinner, os quais serviram de pilar para muitas teorias pedagógicas 
(ARANHA, 2006). 
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Evolucionismo: Teoria desenvolvida inicialmente por Charles Darwin, que enfatiza 
que a sobrevivência das espécies está ligada à seleção natural. 
Fato Social: “Toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o 
indivíduo uma coerção exterior: ou então, que é geral no âmbito de uma dada 
sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas 
manifestações individuais” (DURKHEIM, 2002, p. 40). 
Positivistas: Perspectiva que defende que o estudo do mundo social deve ser 
conduzido de acordo com os princípios das ciências da natureza (GIDDENS, 2005). 
Revolução Francesa: Ocorreu na França em 1789, e foi inspirada pelos iluministas, 
que enalteceram os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. 
Sociologia: “Sociologia, em sua definição mais básica, pode ser entendida como o 
estudo científico do comportamento humano que é construído pela sociedade ou o 
estudo das interações humanas” (DIAS, 2013, p. 17). 
 
 
Ser o que se é parece algo natural. O homem é um animal que pensa - o 
“animal racional”, segundo Aristóteles. 
Ter a capacidade de pensar faz com que este homem reflita sobre toda a 
realidade, o que implica pensar não apenas no que está ao seu redor, mas inclusive 
refletir acerca de si próprio. O homem pensa sobre si e sobre o que o constitui, que 
pode ser entendido como sua essência. Mas esta tarefa se mostra de grande 
dificuldade, pois o ser humano é, talvez, um dos animais que nascem mais 
despreparados para a vida. Considerando-se que o ser humano possui sempre uma 
possibilidade de ser algo além do que já é, a concepção que ele tem de si é 
transformada constantemente. A questão que se coloca é sobre como pode ser 
possível falar seguramente de algo que não é pronto e terminado em seu ser. 
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Sobre tal problema, debruçam-se diversos ramos da ciência. Possivelmente, 
você já ouviu algo acerca das pesquisas da antropologia ou da sociologia, ou então já 
ficou sabendo do avanço nas pesquisas neurocientíficas - todas tentando desvendar 
o que é o ser humano enquanto indivíduo ou grupo de indivíduos que convivem e 
produzem aquilo que chamamos de cultura. Mas, mesmo com tantas descobertas, o 
ser humano ainda é uma incógnita, um “algo a desvendar” que a cada vez se mostra 
mais complexo em si mesmo e em suas interações com o mundo externo. 
A filosofia desenvolve reflexão sobre o homem desde muito tempo, antes do 
surgimento da própria ciência como modo de entender o mundo; isto porque o 
conhecimento que entendemos por “racional” desenvolveu-se aos poucos. Aquilo 
que é o objeto das ciências na atualidade, em geral, foi objeto de reflexão dos filósofos 
na antiguidade. Como exemplos, é possível pensar na biologia com o conceito de 
“vida”, na química e na especulação sobre os elementos que formam o mundo, na 
psicologia e no questionamento sobre a alma humana (enquanto sede de emoções), 
na matemática e nas relações numéricas (entes de razão) que podem ser 
identificadas na realidade etc. A vida, os elementos da natureza, a alma humana e as 
relações numéricas foram objetos da filosofia. Por sua vez, o ser humano foi - e ainda 
é - objeto da reflexão filosófica. 
 Na filosofia clássica grega o homem foi estudado a partir de uma 
perspectiva cosmocêntrica; 
 nafilosofia cristã, de uma perspectiva teocêntrica; 
 na filosofia moderna e contemporânea, de uma perspectiva 
antropocêntrica. 
(MONDIN, 1980, p. 10) 
Não sendo ciência, a filosofia fala do homem buscando entendê-lo por 
inteiro, conceituando-o. É importante ressaltar tal característica, pois ela pode ser 
entendida como uma diferença entre a filosofia e as ciências, já que cada ciência 
busca responder a questões relacionadas a um único âmbito da realidade. 
Conceituar dá segurança ao desejo que o homem tem de conhecer, fazendo com que 
as coisas possam ser presas em determinado entendimento. Conceituar é a tentativa 
de “guardar” as coisas em certas ideias que possam representá-las verdadeiramente 
no que são. 
Deste modo, a filosofia tenta conceituar o homem, para que ele possa ser 
entendido. O ramo do conhecimento filosófico que se dedica a refletir sobre o 
homem é a Antropologia Filosófica. Ao longo do tempo, este ramo do filosofar foi 
ganhando corpo à medida que os pensadores foram desenvolvendo suas ideias. 
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Mas é importante entender, como afirma a Profa. Viviane Mosé (2012, p. 30), 
que: 
A vontade de saber termina por revelar uma vontade de substituição da vida 
pelos códigos: o que os homens buscam não é conhecer, mas traduzir o desconhecido 
em conhecido; e se veem cada vez mais reduzidos à linguagem, aos conceitos, às 
imagens. 
Ou seja, ainda que se tente entender o ser humano a partir de um conceito, 
além de ser clara a impossibilidade de fazê-lo de modo completo (já que o ser humano 
não é pronto, não é terminado), é preciso saber que a realidade é sempre mais, 
apresentando-se em constantes e diferentes modos de aparecer. 
E por onde é possível começar o estudo sobre o homem? Você já tentou se 
entender como ser humano simplesmente? 
É verdadeiramente um exercício difícil de fazer, pois, para construir uma 
reflexão assim, é preciso deixar de lado aquilo que nos faz indivíduos; é difícil por 
exigir que enxerguemos além do individual vivido e aprendido. 
Há dois estados de espírito que são inimigos de uma autêntica investigação 
filosófica do homem. 
a) O estado de espírito de quem não quer admitir que o homem seja 
substancialmente diferente dos animais e que, por isso, recusa-se a reconhecer que 
o homem constitua um problema metafísico autêntico. 
b) O estado de espírito de quem aceita facilmente demais a exigência de um 
elemento metafísico no homem, como se a sua existência fosse imediatamente 
evidente. 
São os estados de espírito do materialista e do espiritualista. (MONDIN, 1980, 
p. 18-19) 
Para que seja alcançada a objetividade na reflexão, nenhum deles - 
materialista ou espiritualista - pode se fazer presente; 
são posturas que acabam por desviar a reflexão. Entendendo a diversidade de 
âmbitos a partir dos quais o homem pode ser entendido, é importante que um 
educador em formação saiba das dificuldades existentes em pensar exatamente o 
que é o homem. Nada pode ser assumido em primeira instância já como certo ou 
verdadeiro; o diálogo entre os discursos filosófico e científico deve ser constante, 
abrindo novas possibilidades de entendimento do fenômeno humano. 
E, diante das diversas conceituações que se pretendem definitivas, “cumpre 
ao filósofo lembrar e levar em consideração a ocorrência das sempre imprevisíveis 
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concretizações que o homem sempre pode fazer existir, na sua vitória contínua 
contra o nada, na sua marcha ininterrupta pelas vias do tempo” (LATERZA; RIOS, 
1971. p. 73). 
Deste modo, ao problematizar o ser humano, seus modos de existir exigem 
que a educação seja repensada constantemente, pois todo projeto educacional 
sempre é executado a partir de determinada ideia que se faça do homem, a partir de 
um modelo que se pretenda realizar. A educação em seu fazer, no contato direto 
professor/aluno, torna-se sempre mais humana quanto mais souber dos elementos 
que constituem o existir humano. Você pode observar que o cotidiano da vida 
humana mostra elementos novos a cada instante, a partir dos quais toda teoria já 
estabelecida pode ser revista. Uma teoria é uma conceituação dos fenômenos; é a 
tentativa de abarcar todas as possíveis ocorrências futuras em um único dizer. 
Isto mostra que a realidade é sempre mais do que as teorizações. As teorias 
são importantes, mas não suficientes; daí a importância de bem pensar acerca das 
diversas concepções elaboradas sobre o ser humano. 
Como exemplos, podem ser apresentadas as teorias a seguir: 
Essencialista: como indicado pelo nome, o conceito de “essência” é o centro 
ordenador. Busca-se, aqui, o entendimento de algo que possa ser tido como essência 
do ser humano. Neste sentido, as ações do ato educativo devem objetivar a 
construção do homem ideal. Teorias de base essencialista trazem “como 
característica o enfoque metafísico próprio da filosofia antiga, que acentuava a 
atitude teórica da análise dos conceitos universais (...) [buscando] desenvolver as 
potencialidades da natureza humana”. (ARANHA, 2006, p. 151) 
 
Naturalista: baseadas no conceito de “natureza”, as teorias naturalistas trazem 
elementos desenvolvidos a partir da Revolução Científica (séc. XVII). Naquele 
contexto, o conceito de “método” tinha grande peso, sendo a indicação do caminho 
a ser seguido para o alcance do conhecimento verdadeiro. Do mesmo modo que as 
ciências da natureza batalhavam pelo estabelecimento do método rigoroso, que 
permitisse o conhecimento das regularidades no mundo natural, as teorias 
antropológicas buscavam trazer à luz as regularidades relacionadas àquilo que é o 
ser humano. A tendência naturalista pode ser caracterizada pela “tentativa de 
adequar as ciências humanas ao método das ciências da natureza, que se baseia na 
experimentação, no controle e na generalização”. (ARANHA, 2006, p. 153) 
 
 
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Histórico-social: baseada nas filosofias de diversos pensadores contemporâneos, a 
ideia de “existência histórica” é chave para sua compreensão. O entendimento é o d 
e que o ser humano apenas pode ser compreendido dentro de um contexto, que não 
é único; significa saber que o homem é sempre influenciado pela realidade que o 
cerca, com suas características históricas. Tal realidade é mutável e se desenvolve no 
tempo, alterando as condições de desenvolvimento do homem. Vale destacar a: 
“ênfase do processo (nada é estático), na contradição (não há linearidade no 
desenvolvimento, que resulta do embate e do conflito) e no caráter social do 
engendramento humano (permeado pelas relações humanas e que por isso se 
expressa de modos diferentes ao longo da história).” (ARANHA, 2006, p. 154) 
O ser humano ainda pode ser pensado a partir de diferentes elementos que 
constituem seu modo de existir. Como referência, aqui é tomada a obra “O Homem, 
quem é ele?”, de Battista Mondin (1980), para desenvolver aquilo que o autor 
chamou de fenomenologia do homem. 
O homem é corpo (homo somaticus) e apenas consegue entender a si mesmo 
como corpo. Esta dimensão física faz com que ele interaja com o mundo que o cerca, 
dando condições de intervir na realidade. Mas, antes de sair de si em direção ao 
mundo, é o próprio mundo que vem ao homem pelo corpo, quando, pelos sentidos, 
é possível perceber a realidade. 
Este mesmo corpo também indica o estado de espírito, pelo modo como ele 
pode ser percebido (postura, condições de saúde etc.).É ainda por meio de seu corpo, 
enquanto limitação, que o ser humano transcende e pode pensar algo além; uma 
função ascética pode ser entendida quando o controle do corpo reforça a 
humanidade do homem. 
O homem é um ser vivente (homo vivens):“e\e é humano enquanto é vivo. 
Enquanto, porém, o fenômeno da vida é um dado certo e óbvio, o seu significado, a 
sua verdadeira natureza e a sua origem são coisas muito complexas, obscuras e 
misteriosas” (MONDIN, 1980, p. 43). O ser humano não apenas vive, mas tem 
consciência de tal fato, e a interpretação que dá ao seu viver é o que lhe permite ter 
determinadas experiências. Viver é um mistério, pois a vida não pode ser reduzida a 
mera função mecânica de elementos que se combinam de certa forma. Por meio da 
vida, é possível transcender para além do corpóreo até o espiritual. 
O homem conhece (homo sapiens) de diferentes modos, seja por meio dos 
sentidos, da intuição ou da razão. O conhecimento é a relação que se estabelece entre 
o homem - como sujeito - e tudo o que ele pode pensar – como objeto. O 
conhecimento é a apreensão mental que permite ao homem certa segurança em seu 
existir. 
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O homem é um ser de vontade (homo volens). Ainda que motivado por 
diversos elementos e ocorrências, o homem sempre age a partir de uma decisão; não 
há determinismo que o faça seguir ações pré-traçadas. O homem escolhe e sabe que 
pode assim fazer, pois é dotado de liberdade. Mesmo sem problematizar aqui o que 
seja tal liberdade, o homem sabe que pode fazer o que desejar; as consequências de 
sua decisão e de sua ação é que podem trazer-lhe problemas. A angústia relacionada 
à vontade vem da tamanha liberdade do homem, pois não necessariamente ele vai 
desejar o que é permitido no âmbito do social. 
O homem é um ser de linguagem (homo loquens), e ele fala justamente por 
estar no âmbito da linguagem - ele não cria a linguagem, simplesmente está nela. 
Pela linguagem, o homem nomeia seu mundo e comunica a percepção que tem dele. 
Linguagem não é língua, seja falada ou escrita, mas é a possibilidade de interagir com 
o mundo circundante; é a possibilidade de nomear e de instituir o mundo. 
O homem é um ser social e político (homo socialis), e tal característica aponta 
para a possibilidade que o ser humano tem de conviver com seus semelhantes e 
desenvolver uma vida que seja pautada pelas necessidades do grupo, e não apenas do 
indivíduo. Por conta de tal situação, regras são pensadas e leis elaboradas para que 
seja possível a realização coletiva. O homem recebe a vida da sociedade e nela se 
insere, de tal modo que a vida do indivíduo não pode ser entendida fora do âmbito 
do social. 
O homem é um ser cultural (homo culturalis). Isto significa que ele produz 
cultura, ou seja, que ele recebe o mundo no que chamamos de natureza e o modifica; 
o mundo do homem é o mundo moldado àquilo que propriamente é o ser humano. 
A cultura, como produto do homem, é necessariamente ostensiva do seu ser. 
E isso é verdade não só no sentido mais óbvio e imediato que da cultura de um dado 
indivíduo ou de uma determinada sociedade é possível chegar ao seu ser mais 
profundo e tirar conclusões legítimas com relação a ele. (MONDIN, 1980, p. 189) 
O homem trabalha e produz (homo faber). O mundo não permanece do modo 
como se apresenta ao homem, pois este o transforma: o ser humano modifica o 
existente, mas mais que isto, ele dá existência àquilo que ele entende como 
necessário. Coisas, objetos e instrumentos são fabricados a partir das técnicas que, 
ao longo do tempo, foram desenvolvidas. O “triunfo da técnica tornou o homem o 
soberano da natureza, capaz de dominar as forças impetuosas e desfrutá-las para as 
próprias exigências” (MONDIN, 1980, p. 199). Com seu fazer, o ser humano 
conquistou a possibilidade de não simplesmente aceitar aquilo que o mundo lhe 
oferece, mas dar origem àquilo que é de seu desejo. 
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Por outro lado, o homem também joga e se diverte (homo ludens). Apenas o 
ser humano joga e o objetivo do jogo “é o divertimento e nada mais do que o 
divertimento, e isso é suficiente para caracterizá-lo adequadamente, sem confundi-
lo com o estudo, com o trabalho e com iniciativas de ordem estética” (MONDIN, 
1980, p. 211). 
Por fim, mas não necessariamente o último elemento daquilo que é próprio 
do animal racional, o homem é um ser de religiosidade (homo religiosus). “Uma boa 
definição [de religião] (...) poderia ser a seguinte: ‘A religião é o conjunto de 
conhecimentos, de ações e de estruturas com que o homem exprime 
reconhecimento, dependência, veneração com relação ao Sagrado’” (MONDIN, 1980, 
p. 242). 
O ser humano não apenas tem crenças, mas também constrói um modo de 
organizar aquilo que é ideia comum relacionada à mesma crença. 
Você notou como o ser humano é muito mais complexo do que se costuma 
compreender? Ao falar sobre educação, você deve entender algo muito além do que 
simples regras de organização da educação instituída; é preciso pensar que, acima de 
tudo, o educar é cuidar para que aquilo que é o homem por inteiro possa se 
desenvolver. 
Todas as concepções aqui apresentadas marcaram de modo singular a 
construção das diversas teorias contemporâneas da educação. Se a formação do 
educador não passar pelo conhecimento antropológico-e, aqui, falamos da 
antropologia filosófica -, corre-se o risco de que a educação seja entendida como algo 
certeiro e último em seus objetivos, algo mecânico como uma técnica que 
simplesmente deve ser aprendida para ser executada. Ao aprender antropologia, o 
próprio educador identifica e revê suas concepções antropológicas. 
 
 
Ascética: ascese significa ação humana que busca alcançar as virtudes consideradas 
como superiores. 
Cultura: aquilo que é relacionado ao espírito humano; o conjunto de criações que 
marca o que é o âmbito do humano. Também pode ser entendida como fatores de 
requinte e de sensibilidade humana aos quais se chega (“ele é um ‘homem de 
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cultura’.”); e, ainda, pode ser pensada em oposição ao conceito de natureza (Cf. 
JAPIASSÚ, 1996, p. 61). 
Determinismo: a ideia de que existe, a partir de uma “essência humana”, um 
caminho pré-determinado para o homem. Nesse sentido, o homem não seria livre 
para fazer o que simplesmente quisesse, mas obedeceria sempre a fatores 
determinantes dos quais não poderia escapar. 
Essência: aquilo que faz com que algo seja o que é (“o homem é homem por ter a 
essência de homem”). Pode ser pensada como aquilo que, se for retirado de algo, este 
algo deixa de ser o que é; muitas vezes é pensada em oposição a “existência”. 
Fenômeno: aquilo que de algum modo aparece, que se mostra, à consciência. 
Interpretado de diversos modos ao longo da história do pensamento, pode ser 
entendido como o real (“aquilo que aparece é a realidade”) ou como imagem (“aquilo 
que aparece é imagem daquilo que realmente é”). 
Fenomenologia: de modo geral, é a reflexão sobre aquilo que foi entendido por 
“fenômeno” de acordo com cada época. Por exemplo, a fenomenologia em Kant trata 
do fenômeno como aquilo que aparece das coisas (que podem não ser as coisas 
mesmas); de outro lado, a fenomenologia em Husserl deve ser entendida como a 
ciência das essências. 
Teoria: conjunto de argumentos demonstrados racionalmente, com a finalidade de 
fundamentar determinada concep­ção; por exemplo, a teoria da relatividadeé um 
conjunto de demonstrações que têm o objetivo de corroborar uma ideia sobre a 
realidade. 
Transcender: ir além do que é entendido como limite, o que ultrapassa. Em alguns 
casos, a transcendência é entendida como algo superior à realidade humana. 
 
 
A pedagogia no Século XVIII - O Iluminismo e a Educação 
O iluminismo foi um Movimento Intelectual que ocorreu durante o século 
XVIII, na Inglaterra, França, Itália e Alemanha, e pretendia criar uma nova 
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sociedade, focada na Razão e na Ciência, criticando o dogmatismo e as doutrinas 
religiosas tradicionais. 
De acordo com Marrach (2009, p. 38), 
“é um pensamento que trabalha com paradoxos e dicotomias: razão e fé, luzes e 
sombra, ilustração e ignorância, direitos e privilégios, contrato social e absolutismo 
etc.”. 
O iluminismo trouxe consigo a consagração dos direitos civis e a ideia de 
renovar uma sociedade que até então colocava a fé enquanto o elemento central na 
vida humana. Com o foco na ciência e na razão, o iluminismo passa a oferecer aos 
indivíduos a possibilidade de desenvolvimento econômico e social a fim de que 
ocorra uma sociedade mais igualitária e elevada no âmbito cultural (BASSALOBRE, 
2010). De acordo com Aranha (2006), essa exaltação em relação à razão advém do 
Renascimento, no processo da secularização da consciência que antes era 
impregnada pela religiosidade medieval. 
Esse movimento foi permeado pelo debate existente entre empirismo e 
racionalismo: 
No racionalismo, o Iluminismo, encontrou seu método crítico e uma atitude 
demolidora da tradição, para alcançar a luz, a clareza e a distinção da razão. Já o 
empirismo, proporcionou procedimentos simples para a construção da realidade 
mediante o mecanicismo e o associacionismo (ZENI, 2010, p.4). 
De forma geral essa frase expressa perfeitamente o ideal iluminista: 
“Conquistar as almas, livrá-las das superstições e do mito, dar-lhes as luzes da razão 
e da ciência, erradicar o obscurantismo, conscientizar são os objetivos do 
Iluminismo e da Pedagogia” (MARRACH, 2009, p.39). 
No que concerne à educação, Zeni (2010) observa que neste período ocorreu 
uma ampla potencialização do problema educativo, o qual foi posto cada vez mais 
no centro da vida social. A escola aqui desponta como um espaço no qual os 
indivíduos irão se constituir enquanto cidadãos, e a proposta do 
conhecimento/educação para todos os extratos sociais era a forma ideal para 
melhorar a sociedade e torná-la mais justa, compreensiva e digna (BASSALOBRE, 
2010). 
Aqui, torna-se claro a posição defendida por Marrach (2009), ao afirmar que 
nota-se que a pedagogia iluminista sai do campo do filosófico para entrar no campo 
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político, rompendo com a ideia de educação elitizada e enciclopédica, deixando de 
ser privilégio de alguns, para se tornar direito de todos. 
Um dos esforços principais do iluminismo foi tornar a escola leiga e função do 
Estado, recomendando-se ainda que utilizassem as línguas vernáculas ao invés do 
latim, assim como, a predominância de uma pedagogia mais prática, focando as 
ciências, técnicas e oficios em detrimento do estudo estritamente das ciências 
humanas (ARANHA, 2006). 
São os iluministas, de fato, que delineiam uma renovação dos fins da 
educação, bem como dos métodos e depois das instituições, em primeiro lugar da 
escola, que deve reorganizar-se sobre bases estatais e segundo finalidades civis, 
devendo promover programas de estudo radicalmente novos, funcionais para a 
formação do homem moderno (mais livre, mais ativo, mais responsável na 
sociedade) e nutridos de “espírito burguês” (utilitário e científico) (CAMBI, 1999, 
p.336apudZENI, 2010, p.3). 
De acordo com Zeni (2010) foi na França que o Iluminismo produziu as 
teorias pedagógicas mais inovadoras e mais orgânicas, exprimindo também as 
soluções mais radicais. Entre os principais nomes que, embora não educadores, 
consideravam o ensino como veículo importante da razão no combate ao 
obscurantismo religioso, pode-se citar: Diderot, DAIembert, Voltaire, Helvetius e 
Rousseau, o qual será apresentado com mais detalhes a seguir. 
A pedagogia de Rousseau 
Entre as principais obras de Jean-Jacques Rousseau destacam-se “Discurso 
sobre a origem da desigualdade entre os homens”, “Do Contrato Social” e “Emílio ou 
da Educação”. 
De acordo com Aranha (2006), 
Rousseau ocupou um papel de destaque na filosofia política, visto que suas obras 
antecipam o ideário da Revolução Francesa, assim como no campo educacional, 
visto que seu pensamento irá constituir um marco na pedagogia contemporânea. 
Basicamente, sua teoria política parte do pressuposto de que o indivíduo em 
estado de natureza é bom, mas com o tempo, a sociedade o corrompe e elimina sua 
liberdade. Dessa forma ele prevê a existência de um pacto social, que institua um 
governo que não resulte na submissão do povo a ele, defendendo assim, a 
democracia direta: os governantes apenas executam a vontade do povo. 
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O cidadão para Rousseau é um ser ativo, autônomo e soberano e seria pela 
educação que se alcançaria a soberania popular (ARANHA, 2006). 
Costuma-se dizer que Rousseau provocou uma revolução copernica na 
pedagogia: assim como Copérnico inverteu o modelo astronômico, retirando a Terra 
do centro, Rousseau centralizou os interesses pedagógicos no aluno e não mais no 
professor. Mais que isso, ressaltou a especificidade da criança, que não devia ser mais 
encarada como um adulto em miniatura (ARANHA, 2006, p. 208). 
Dessa forma, pode-se compreender a importância que Rousseau possui para 
a educação: retirando o foco da formação do indivíduo para Deus, para colocá-lo na 
formação do indivíduo para si mesmo. E mediante isso, a educação agora passa a ser 
centrada nos interesses do aluno e não mais no do professor. 
Em sua obra sobre a Educação, “Emílio” o autor ressalta a importância de se 
buscar a sua verdadeira natureza, ou seja, a sua vocação. Ele considera importante 
dois tipos de educação (ARANHA, 2006). 
Educação Natural 
Na pedagogia naturalista de Rousseau deve-se buscar a espontaneidade 
original, livre da escravidão aos hábitos exteriores, garantindo que o indivíduo seja 
autônomo, dono de si mesmo. A educação natural procura-se afastar do 
intelectualismo forçado, visto que as pessoas também possuem sentidos, emoções, 
instintos e sentimentos, os quais são até mesmo anteriores ao pensar. 
Educação Negativa 
Por ser desconfiado da sociedade existente, Rousseau acreditava ser 
importante o preceptor afastar a criança do mundo corrompido, abstendo-se de 
abordar questões como a virtude e a verdade, a fim de não criar preconceitos e 
hábitos que impeçam o florescimento espontâneo da natureza da criança. 
De modo geral, para Rousseau o professor não deve impor o saber a criança, 
mas em contrapartida, não pode deixá-la por si só: é necessário haver um equilíbrio. 
Aprendendo a controlar-se no mundo físico e nas relações com as pessoas, aos 15 
anos começa para o jovem a educação moral propriamente dita. De posse da 
verdadeira razão, só então ele poderá observar as pessoas e suas paixões e também 
iniciar a instrução religiosa, porque falar precocemente de Deus com a criança é 
apenas lhe ensinar idolatria (ARANHA, 2006, p. 2009). 
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