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Matéria: Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação Assunto: Temas 1 ao 10 Curso de Pedagogia Licenciatura – 1º Período Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 2 de 68 A racionalidade é a capacidade humana que permite lidar com ideias, de modo a estabelecer relações entre elas e, assim, poder construir pensamentos. Dessa forma, entender o homem como animal racional significa saber de sua capacidade de pensar: ele é o único animal (até que se consiga demonstrar algo diverso) que estabelece uma relação com seu meio (e tudo o que nele está) transcendendo a dimensão físico/espacial/temporal. Por exemplo, ao olhar para uma paisagem, o homem tem condições de relacionar tudo o que vê com aquilo que já vivenciou antes e com o que pretende vivenciar enquanto outro animal apenas se daria conta de seu espaço circundante naquele único momento. “E o pensamento parece uma coisa à toa. Mas como é que a gente voa quando começa a pensar” Você conhece estes versos? Possivelmente sim, eles fazem parte da canção Felicidade, de autoria de Lupicínio Rodrigues. Esta canção traz algo importante para falarmos sobre o pensar: esta é uma ação que parece simples, comum e banal, no entanto, ela faz com que o homem se lance para algo além de si mesmo. “Pensar, todo mundo pensa”, é o que comumente se diz. Perceba, porém, que é comum se falar da atividade de pensar como “pensar em algo”, ou seja, o pensamento é sempre voltado para um objeto diverso de si. Mas seria possível algo diferente? Sim, e justamente aí reside a especificidade da filosofia. Pensar o pensamento (parece um pleonasmo) é atividade claramente filosófica, na tentativa de elucidar o que propriamente significa pensar. Para isso, é necessário que se adote postura firme e regrada. Dizendo de outro modo, significa que é preciso empenho para que o pensamento elucide algum problema e conheça o que são as coisas e os objetos. Porém, se o pensamento quer elucidar o que seja o próprio pensamento, é preciso maior atenção - justamente para que não se caia em um círculo vicioso, vazio e falacioso. A filosofia é a área do conhecimento que busca elucidar o mundo, começando pela problematização da própria capacidade de pensar. A experiência do homem no mundo traz problemas que precisam ser resolvidos. Aos poucos, com o passar do tempo, este homem percebeu que sua capacidade de pensar poderia ser aprimorada, não se restringindo ao que já sabia. Como diria a canção citada, o homem descobre que pode “voar cada vez mais alto” Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 3 de 68 com o pensamento. Filosofar é, assim, entender o pensamento e colocá-lo em uma regra que seja comum e possa ser seguida por todos os homens; filosofar é adequar o pensamento ao logos, que é, justamente, a razão, capacidade comum a todo homem. Dizendo de outro modo, logos é a linguagem na qual a realidade pode ser traduzida de modo a fazer com que todos os homens possam compreendê-la. Por isso, pode-se dizer que toda filosofia é pensamento, mas nem todo pensamento é filosofia. Filosofar é a busca pela compreensão da realidade (e tudo o que a compõe) por meio do pensar guiado pela razão. Desde séculos antes da era cristã (por volta do séc. VII), os homens têm se preocupado com esta reflexão mais apurada sobre a realidade. Neste momento, se percebeu a impossibilidade de simplesmente aceitar as imposições naturais e sociais. Era preciso pensar mais sobre a natureza em geral e, de modo especial, sobre a natureza humana e as relações que se estabeleciam. Para que exista um parâmetro de datação histórica, neste contexto é que se considera o nascimento da filosofia, o que ocorreu na Grécia. Esse novo tipo de reflexão foi chamado de filosofia por Pitágoras, matemático e um dos primeiros pensadores, que não ousou atribuir a si mesmo a denominação de “sábio” (sophos), mas de “amigo da sabedoria” (philo+sophos). Desse modo, os gregos dessacralizaram a natureza ao inventar conceitos e ao estimular o debate argumentativo. (ARANHA, 2006, p.22) Desde então, os homens (chamados “filósofos”) vão desenvolvendo suas ideias a partir de suas vivências históricas. Você, possivelmente, já ouviu falar de muitos deles, uma vez que suas ideias fundamentaram e fundamentam construções teóricas das ciências e concepções de mundo. É importante destacar, neste sentido, que os pensamentos nunca brotam do nada e aparecem aos pensadores: é o contexto que permite que as ideias se originem e os pensamentos sejam construídos. Assim, toda filosofia tem ligação com seu tempo. Ao se olhar para a história da humanidade, tem-se na linha do tempo uma sucessão de períodos que, ao se firmarem em suas características sociais e culturais, abriram caminho para que os pensadores desenvolvessem suas ideias. Assim, não parece difícil perceber que cada ideia é fruto de seu tempo, o que pode ser explicado por dois motivos (além da genialidade de seu autor): 1. A realidade social. Por exemplo, as ideias de Aristóteles não seriam construídas do modo como foram, se aquele pensador não tivesse vivido em uma sociedade dividida em classes e com grande parcela da população sendo escrava. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 4 de 68 Do mesmo modo, Marx não desenvolveria seus pensamentos como o fez, caso não vivenciasse uma realidade de extrema exploração dos trabalhadores pelo sistema capitalista. 2. O próprio desenvolvimento do conhecimento filosófico. Por exemplo, Aristóteles teria dado origem a ideias diferentes das quais desenvolveu, caso não fosse Platão seu antecessor, assim como as ideias de Marx talvez fossem diferentes, caso não fossem precedidas pelas de Hegel. Pelo que foi exposto, você percebe a importância de que um pensamento seja sempre contextualizado? Um problema muito comum entre os estudantes é tentar entender um pensamento unicamente em si mesmo: ele pode acabar parecendo sem sentido e apenas divagação. É evidente que, dependendo da época, alguns enfoques tiveram prioridade, de modo que, se de um lado pode ter havido restrição, não do interesse pela totalidade, mas devido à preferência de alguns tipos de reflexão, por outro lado surgiram novos campos de investigação filosófica. (ARANHA, 2006, p.23) Se você imaginar que no início da filosofia não havia conhecimento racional dividido em áreas nem conteúdos específicos de ciências diferentes, perceberá que o conhecimento era único. Assim, um pensador era, ao mesmo tempo, filósofo, matemático, químico, físico, poeta, etc. Mas, com o passar do tempo, esta situação foi alterada, pois cada contexto apresenta problemas específicos ao ser humano, exigindo dele que o pensamento sempre se renove e abarque as condições de existência que surgem. Deste modo, a filosofia foi desenvolvendo suas reflexões cada vez mais específicas sobre os mais diversos elementos da realidade e os pensadores tornaram-se cada vez mais especialistas em determinados problemas. Aristóteles distingue e classifica todos os saberes científicos (cuja totalidade é a Filosofia) tendo como critério a distinção entre ação e contemplação, isto é, diferencia as ciências conforme seus objetos e finalidades, sejam atividades produtivas, éticas e políticas, sejam puramente intelectuais, interessadas exclusivamente no conhecimento e sem preocupação com qualquer prática. (CHAUI, 2005, p.44) A especialização do conhecimento chegou ao ponto crítico no qual o conhecimento desenvolvido já não mais era totalmentefilosofia, e, aos poucos, as diversas ciências foram ganhando campo e corpo próprio dentro da filosofia, até o momento no qual constituíram um campo epistemológico totalmente independente. Um destes diversos campos que, ao longo da história, tornaram-se independentes foi a sociologia, que tomou como objeto de estudo a sociedade e o homem como ser social. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 5 de 68 O ser humano está inserido em uma realidade coletiva: seu mundo não é individual, ele está determinado por um contexto no qual há diversos seres humanos. A sociologia surge tratando de questões relacionadas diretamente ao fazer coletivo do homem na construção da realidade, analisando as situações históricas e o modo como o homem organiza sua vida em grupo. Antes de se constituir como ciência independente, a tentativa de trazer o logos para pensar a sociedade estava na área chamada filosofia social. De modo mais significativo, a filosofia positivista de Auguste Comte (1798-1857) foi a que abriu as portas para a sociologia. Este autor se utilizou do método das ciências experimentais (por conta do sucesso que conquistavam), aplicando-o para o entendimento da sociedade, procurando explicar a vida social com os mesmos instrumentos teóricos usados para explicar a vida natural. A maioria dos primeiros pensadores sociais positivistas permanece, pois, presa por uma reflexão de natureza filosófica sobre a história e a ação humanas. Procedimentos de natureza científica, análises sociológicas baseadas em fatos observados com maior sistematização teórica e metodologia de pesquisa só seriam introduzidos por Émile Durkheim e seu grupo [...]. (COSTA, 2005, p.74) É importante que você perceba que nenhuma ciência nasce pronta, da mesma forma que nenhuma se plenifica. O processo de desenvolvimento de qualquer ramo científico é lento e apenas pode ser mais bem percebido quando visto de longe pelo observador, que pode, então, perceber a des/continuidade entre as ideias que se sucedem. Para as ciências do homem, especialmente, tal processo é bem mais complexo do que se pode imaginar. O esforço da sociologia é pensar a sociedade, desde seu conceito mais amplo até os detalhes, de modo racional, obedecendo ao logos. Podem ser citados diversos pensadores que, ao longo do tempo, construíram o pensar sociológico, porém, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx são os autores que não podem deixar de ser citados, pois foram os que abriram caminhos de reflexão verdadeiramente científicos. Os pensadores da sociologia, desde sempre, têm como preocupação conhecer o âmbito político e social de modo profundo, entendendo de que modo cada fio que compõe o tecido social afeta este tecido como um todo. Sabendo quais forças agem - e de que modo o fazem -, o sociólogo tem condições de questionar os pontos mais significativos, para que eles possam ser revistos. Não se constroem mais cidades; não se desenvolvem campanhas políticas; e não se declaram guerras sem levar em consideração as pessoas envolvidas, suas crenças, interesses, ideias e tradições, tudo aquilo que guia sua ação e motiva sua Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 6 de 68 conduta. A sociedade tem características que precisam ser conhecidas para que aqueles que nela atuam atinjam seus objetivos. Isso significa que nenhum setor da vida social prescinde dos conhecimentos sociológicos, pois a ação consciente e programada exige pesquisa, planejamento e método. É por isso que a sociologia faz parte dos programas básicos dos cursos universitários que preparam os mais diversos profissionais - de dentistas a artistas, de engenheiros a jornalistas - e por isso também o sociólogo integra equipes nos mais diversos setores da vida social. (COSTA, 2005, p.21) O mundo humano se torna cada vez mais complexo, exigindo sempre maior compreensão do lugar do homem e seus objetivos, ao contrário do mundo natural. Com o passar do tempo, as relações sociais se complexificam, no sentido de que novos elementos vão sendo agregados a cada experiência da coletividade. Tais elementos não apenas oferecem novos modos de entendimento, como também os exigem. Nesse sentido, a sociologia permite situar o homem em seu contexto de relações estabelecidas, entendendo-se o modo como foi possível chegar até ele. Seria muito simples entender a realidade social, caso ela obedecesse a padrões naturais que se repetissem dentro de certos ciclos, porém, nem todo fenômeno social tem repetição e tal realidade se mostra como um tecido no qual os fios se relacionam nem sempre diretamente. Enxergar com profundidade significa tentar perceber que nem sempre são visíveis os mecanismos que movimentam a sociedade e, a partir de tal constatação, deve-se trabalhar insistentemente para se desvendar as inter-relações ocultadas, muitas vezes, por desejos de classe. Nas palavras de Durkheim (1978, p.37): Todo o passado da humanidade contribuiu para estabelecer esse conjunto de princípios que dirigem a educação de hoje; toda nossa história aí deixou traços, como também os deixou a história dos povos que nos precederam. A educação é um fenômeno social, nunca finalizado. “Olhar a educação do ponto de vista da sociologia é compreender que se a pedagogia é o fundamento das práticas educacionais, as crenças, os valores e as normas sociais são os fundamentos da pedagogia.” (RODRIGUES, 2002, p.10) Assim, pode-se entender que nenhuma organização social é neutra, uma vez que tem suas raízes sempre fincadas em determinados objetivos. A preocupação que deve estar presente em um projeto de formação de educadores é a de saber até que ponto a pedagogia enxerga claramente esta relação com objetivos nem sempre claros, mas que delineiam suas ações. A Sociologia é a ciência que busca entender a sociedade a partir de certos conceitos e métodos que permitam aparecer o fenômeno social. Construindo-se uma analogia, se a educação fosse uma casa construída, a sociologia tentaria explicar a Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 7 de 68 casa a partir do material utilizado, desde as bases, tijolos e ferragem, dizendo por que a casa se sustenta em pé ou tende a ruir. Ou seja, os elementos sociais envolvidos na construção da educação como projeto dão a estrutura do que é a realidade da educação. Mas a casa não é apenas material e estrutura: ela obedece também a uma forma específica. A filosofia, completando a imagem trazida pela analogia, permite a reflexão sobre a forma dada à casa. Desde os fundamentos, é preciso entender de que modo a construção obedece a um projeto determinado e se tal projeto está relacionado diretamente à finalidade que se estabelece para a casa, além, é claro, de saber quem vai morar nela. Cabe à filosofia, entre outras coisas, examinar a concepção de humanidade que orienta a ação pedagógica, para que não se eduque a partir da noção abstrata e atemporal de “criança em si”, de “ser humano em si” [...]. O filósofo deve avaliar os currículos, as técnicas e os métodos para julgar se são adequados ou não aos fins propostos sem cair no tecnicismo, risco inevitável sempre que os meios são supervalorizados e se desconhecem as bases teóricas do agir. (ARANHA, 2006, p.25) A casa como um todo, de modo geral, é vista por qualquer pessoa. Significa dizer que a educação em sua situação visível mais geral - seja boa ou ruim - pode ser entendida pelo homem comum, sem grandes esforços de pensamento. Porém, entender de que modo elachegou a ser o que é não é tão simples. Juntas, filosofia e sociologia dão condições para que o homem perceba mais do que o que aparece primeiro, na superfície. Enfim, a educação não pode caminhar sozinha, sem se apoiar nos construtos teóricos, especialmente, da filosofia e da sociologia. Tais disciplinas não são simples adereços, elas fundamentam de forma sólida a ação pedagógica. Elas não dão respostas prontas e claras para as situações que se apresentam, mas permitem à educação (a todos os atores envolvidos no fazer educativo) uma reflexão mais eficaz. A educação não é neutra: ela constrói o homem que é permitido pelo contexto histórico e social. A sociologia auxilia exatamente na identificação dos elementos que compõem tal contexto. O homem que a educação deve realizar, em cada um de nós, não é o homem que a natureza fez, mas o homem que a sociedade quer que ele seja; e ela o quer conforme o reclame a sua economia interna, o seu equilíbrio. (DURKHEIM, 1978, p.81) Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 8 de 68 Campo epistemológico: campo delimitado de conceitos e métodos relacionados a uma determinada área do conhecimento. Fenômeno social: abrange extenso conjunto de fatos, ações, ocorrências e situações que, de algum modo, constroem a vivência social ou por ela são construídos. Filosofia: de difícil definição, o termo é costumeiramente entendido como “amor pela sabedoria”. É um modo de pensar baseado na razão, iniciado pelos gregos, que fundamentou o pensar racional do Ocidente. Filosofia social: área da filosofia que trata das questões relacionadas ao problema do âmbito social, à luz do significado da vivência social em relação àquilo que é a essência humana. Logos: conceito grego para aquilo que obedece a racionalidade. Um discurso que se faz pelo logos é a tradução de algo para a linguagem racional; significa trazer para a razão. Educar nunca é ato isolado. É, na verdade, algo que deve obedecer a um projeto social. Desse modo, não há professor que possa agir sempre sozinho, realizando seu caminho no magistério da maneira como bem entender: é preciso saber o que se pretende com a educação e de que modo tal intenção pode ser realizada nos diversos contextos que se apresentam em um mesmo grupo social. Importância singular há em entender que não basta ter uma vontade boa para bem realizar o ato. Ou seja, a um educador não basta ter boa intenção e querer bem-fazer seu trabalho: é preciso bem mais para que o sucesso seja alcançado. Ainda assim, é preciso ter clara a ideia do que seja o sucesso no fazer do ato educativo. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 9 de 68 A realidade é sempre única, não havendo qualquer contradição em tudo o que ocorre. Isso significa dizer que uma árvore é sempre e simplesmente uma árvore; se alguém diz que ela é boa ou bonita, já é questão de interpretação (boa para quem ou exatamente para quê?). É claro, então, que os conflitos surgem por conta das diversas interpretações que são construídas sobre os fatos da realidade. As ideias, sim, podem ser contraditórias, e a análise delas em sua aplicação sobre a realidade é que pode permitir o sucesso nas ações. Pare e pense na concepção de mundo que você trouxe do aprendizado desde a infância. Possivelmente, o modo como você sempre interpretou a realidade veio povoado de ideias simples e comuns, do cotidiano e da vivência trazida pela inserção social proporcionada pela família. Para poder educar genuinamente, é preciso mais, pois é necessário entender de que modo as ideias se relacionam entre si (aprender a pensar melhor) e enxergar os elementos da sociedade que, na maioria das vezes, não são tão claros para o observador comum. Quem educa não pode ser um observador comum - daí a importância das formações filosófica e sociológica. Chamamos de cotidiano este espaço primeiramente experimentado com naturalidade. Este espaço cuja naturalidade possa ser desenhada na forma de mundo da vida. Naturalidade que precisa ser questionada, do contrário converte-se em engano e mito. As teorias críticas, sociológicas, antropológicas, históricas objetivaram até agora o cotidiano. (TIBURI, 2014, p. 21). Nenhuma interpretação do cotidiano é natural, mas fruto de um conjunto de pré-concepções da realidade - é antes vivência do que conceito e entendimento racional. Na maioria das vezes o cotidiano expressa um sentimento diante do real. Nesse sentido, o educador deve estar preparado para uma avaliação crítica diante dos mais diversos sentimentos que a ele se apresentarão na atividade do magistério na educação formal. Você já parou e prestou atenção no que é a educação formal? As sociedades em geral, pensando-se na realidade do século XXI, têm a educação formal como pré- requisito para bem participar da vida social. Isso não significa que não existem experiências de educação não formal que alcancem sucesso. Mas a reflexão deve ser sobre o sistema educacional instituído: a organização de um sistema que segue determinadas diretrizes do que deve ser a educação, que se realiza em instituições que são as escolas, que dependem de diretores, coordenadores pedagógicos, professores e, é claro, de alunos. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 10 de 68 Nessa sociedade, por vivenciar-se o entendimento de que “é normal que todos sempre vão à escola”, o sistema educacional parece mesmo ser algo natural, obedecendo a um curso da existência do ser humano, sem o qual não seria possível fazer história. E, muitas vezes, tendo tal ideia como diretriz, não se questiona o ato educativo instituído. Quando muito, você pode ter questionado uma ou outra situação específica que tenha sido mostrada pela mídia. Entretanto, é preciso mais - especialmente quando se pensa a formação daqueles que vão atuar como educadores. Por meio da educação, é possível enxergar o que uma sociedade cria como valor, pois, de certo modo, educar significa cuidar para que as pessoas entendam o mundo de uma maneira específica. Cada sociedade - cada cultura – enxerga o mundo de ângulos diversos. Assim, a educação é aquilo que mais próximo está da construção da identidade de um povo. Por isso, é importante saber que: 1) educação é situação encarnada na realidade histórica e, assim, 2) conhecer a educação significa entender a cultura. Por exemplo, poder-se-ia querer pensar a educação apenas enquanto didática ou técnica de ensinar etc.; mas, ainda assim, seria preciso ter em mente que há “didáticas que funcionam” somente para certas realidades. Aprender sobre os fundamentos filosóficos da educação é trazer à luz os elementos que, embora construam o educar, não constituem o próprio fazer. Isso significa que é preciso pensar a relação entre teoria e prática para que o fazer educacional não seja algo que se faz sem direção, deixado à sorte, mas algo que se realiza a partir de um projeto que, por sua vez, carrega um sentido de mundo. Pense exemplos de práticas educativas que diferem umas das outras, mas que, no fundo, obedecem ao mesmo objetivo último de formação humana. No mesmo sentido, falar dos fundamentos sociológicos da educação significa tentar entender de que modo a realidade social influencia a educação e, ao mesmo tempo, por esta é influenciada. A educação tem variado infinitamente com o tempo e o meio. Nas cidades gregas e latinas, a educação conduzia o indivíduo a subordinar-se cegamente à coletividade, a tornar-se uma coisa da sociedade.Hoje, esforça-se em fazer dele personalidade autônoma. (DURKHEIM, 1978, p. 35). Que elementos são importantes para que a realidade possa ser enxergada mais claramente e, assim, para que um projeto educacional mais efetivo seja aplicado? O esforço reside na maior capacidade desenvolvida para relacionar teoria e prática: a teoria sem prática corre o risco de ser infrutífera, e a prática sem a teoria Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 11 de 68 facilmente se reduz a um fazer desmedido que não tem parâmetros do que seja o bem agir - significa fazer, acreditando que, naturalmente, as coisas concorrerão para o alcance dos objetivos. Como já diz o senso comum: “para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve...”. O Dicionário Básico de Filosofia (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1996, p. 218/260) diz que teoria é: “2. Modelo explicativo de um fenômeno ou conjunto de fenômenos que pretende estabelecer a verdade sobre esses fenômenos, determinar sua natureza [...]”. Prática, por sua vez, é aquilo: “1. Que diz respeito à ação. Ação que o homem exerce sobre as coisas, aplicação de um conhecimento em uma ação concreta, efetiva [...]”. O que é possível compreender de tais ideias? O que se pode dizer da relação teoria versus prática? Perceba que a prática é entendida como conhecimento aplicado a determinada ação - e não simplesmente a própria ação. Desse modo, é importante notar que uma boa prática carece sempre de um conhecimento que deve ser aplicado. Por sua vez, para que se possa bem aplicar um conhecimento, faz-se necessário saber a teoria. E você, conhece teorias da educação? Na verdade, são diversas as maneiras de se entender a prática educativa, pois, ao longo do tempo, muitos pensadores se debruçaram sobre os problemas que tocam a formação social das pessoas. E por que falar sobre “formação social”? Simplesmente porque não existe educação desligada de um grupo social. Educar é uma prática social intencionada, isto é, antecedida por um projeto teórico consciente que visa a mudanças de comportamentos, não só no educando, mas também no educador e na sociedade. Daí podermos considerar a ciência pedagógica inserida em um processo histórico-social sempre renovado e que nunca termina. (ARANHA, 2006, p. 34). Considerando-se que a sociedade nunca é algo pronto e terminado mas um fazer social perene, a educação é uma prática que sempre vai sendo moldada pelos aspectos sociais de um tempo. É uma prática intencionada, no sentido de sempre estar ligada a determinada concepção do que seja a sociedade e, nela, de quem é o homem que se deseja formar. Nesse sentido, o conhecimento das ciências da Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 12 de 68 educação e, de modo especial, da pedagogia, é constante construção; é caminho que se faz caminhando, revendo, revisando e reavaliando. A formação dos educadores deve passar pelo conhecimento de diferentes áreas para que se possa entendera educação dentro de um todo; ou seja, o ato educativo não é um processo isolado, mas totalmente ligado à realidade e a diversos outros pensamentos. “Ao pedagogo cabe equilibrar as diversas contribuições teóricas que enriquecem sua teoria e lhe dão rigor e objetividade (ARANHA, 2006, p. 37). Possivelmente você já pensou na atuação do educador como a pessoa que tem como centro de seu fazer a missão de auxiliar na formação de pessoas, no sentido de contribuir para que elas possam se realizar como seres humanos, com dignidade. Mas e a sua formação como educador? Como você a entende? Formar um educador não é algo simples e fácil. Não é algo como somente aprender a lidar com crianças, pois estamos falando em educador no sentido do indivíduo que vai atuar em diversas instituições, em múltiplas instâncias do educar e com diferentes tipos de pessoas. Nesse sentido é que se deve pensar na importância das diversas ciências ligadas à educação. A reflexão que aqui se objetiva é sobre o formar o educador. Qual a importância e em qual sentido se fala em formar? De modo algum tal ideia pode ser relacionada ao sentido de colocar em uma única forma; ou seja, se disséssemos que existe um único modo de ser professor - e que este deveria ser seguido -, estaríamos justamente caminhando para aquilo que a reflexão filosófica não é, a saber, o estabelecimento de uma verdade final. A formação deve ser entendida como processo perene, a partir do qual a pessoa entende a necessidade de agregar elementos e conhecimentos àquilo que ela é - o que, por sua vez, toca diretamente sua prática. E, de modo mais específico, a formação filosófica do educador é a abertura de um modo de refletir sobre os problemas que deve ser sempre revisitado. Isso quer dizer que o educador deve se preocupar constantemente com seu modo de pensar, para que possa melhorar enquanto pessoa e profissional. Para tanto, é preciso que o educador revisite seu conhecimento, enquanto sujeito que busca conhecer ou enquanto objeto que tem para ser conhecido. E, ao pensar, o que fazemos com as ideias? Quando pensamos, pomos em movimento o que nos vem da percepção, da imaginação, da memória; apreendemos o sentido das palavras; encadeamos e articulamos significações, algumas vindas de nossa experiência sensível, outras de Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 13 de 68 nosso raciocínio, outras formadas pelas relações entre imagens, palavras, lembranças e ideias anteriores. O pensamento apreende, compara, separa, analisa, reúne, ordena, sintetiza, conclui, reflete, decifra, interpreta, interroga. (CHAUI, 2005, p. 159). É pela experiência do pensamento que o educador vai sendo construído; sua formação deve contemplar o conhecimento crítico do que seja a educação e de como ela está organizada. Tal objetivo se justifica no sentido de que sejam formados profissionais mais conscientes de sua atividade, entendendo os jogos sociais (políticos, financeiros etc.) que tocam diretamente seu fazer. É tomar os elementos da percepção, da memória e da imaginação, como diz Chaui, tentando enxergar a realidade de modo diverso do habitual. A formação especificamente filosófica do educador tem, por sua vez, o objetivo de permitir ao indivíduo uma visão mais completa - totalizante - do fenômeno educativo. Na maioria das vezes, os problemas não podem ser reduzidos a fatos em si mesmos; eles, na verdade, devem ser entendidos de um modo que abarque o todo da educação, pois os diversos âmbitos da área educacional estão intrinsecamente ligados, relacionando-se constantemente. Por exemplo, isso possibilita enxergar situações que, embora diferentes, são consequências diretas de uma mesma postura político pedagógica; do mesmo modo, é possível entender que diferentes posturas podem trazer a mesma consequência para o fazer educativo. A atividade reflexiva do educador deve ocorrer no sentido de que sua ação seja o reflexo direto do pensamento. No entanto, não simplesmente o pensamento que estabelece uma verdade e quer executá-la, realizá-la; é a indicada relação de dobra e desdobra - é u m fazer constante que, já no fazer, se pensa o próprio fazer. Isso porque a educação não é algo pronto e terminado, e sim um caminho que se constrói no caminhar, e a reflexão sobre o caminho acontece exatamente enquanto se caminha. A filosofia da educação auxilia a enxergar que a atividade do educador não se resume à sala de aula, com seus alunos. O estar junto com os alunos é consequência de diversas atuaçõesde outros personagens sociais, mas é também causa de outras situações políticas e sociais. É preciso entender o importante papel do professor na sociedade e verificar de que modo ele vem sendo desprestigiado ao longo do tempo. Qual o sentido de tal situação e o que a motiva são indagações que merecem reflexão. A atuação do educador deve, portanto, dar conta de questionamentos mais amplos. A sociologia, na formação do educador, traz ângulos de visão diferenciados, que podem levara reflexões mais significativas e, por sua vez, a uma atuação pedagógica mais efetiva, sabendo analisar de modo mais apropriado cada situação. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 14 de 68 Se é verdade que jamais olharemos um problema social com o distanciamento com que examinamos a composição de um mineral, também é verdade que a sociologia dispõe já de inúmeras técnicas de pesquisa cuja escolha pode garantir o sucesso da investigação e de medidas que venham a ser propostas a partir dela. (COSTA, 2005, p. 325). Significa entender que não é simples a tarefa de entendimento objetivo da realidade - dizer que se consegue tal façanha é algo questionável, pois quem poderia atestar que determinada interpretação é a mais correta entre todas as outras concorrentes? Não é possível fugir do problema social - ele toca o homem de todas as maneiras que se possa imaginar. Assim, o educador precisa ser formado com a maior amplidão de conhecimentos sociológicos possível. O professor é um profissional e, como tal, além da boa formação, deve ter garantidas condições mínimas para um trabalho decente: materiais adequados, reuniões pedagógicas, atualização permanente, plano de carreira, além de salários mais dignos. Essas modificações não dependem dos indivíduos isolados, mas só serão possíveis se os professores tomarem consciência política da sua situação e estiverem dispostos a se mobilizar como corpo coletivo, sempre que necessário, como grupo ativo em sua própria escola e/ou engajados em associações representativas de classe que defendam seus interesses. (ARANHA, 2006, p.45) Se o professor não tivera consciência mínima necessária para estar politicamente inserido em sua profissão, dificilmente dará conta de bem atuar. Isso não significa que ele deverá, necessariamente, assumir uma postura de luta diante da sociedade, mas implica que não pode ser passivo diante dos diversos fatores que afetam seu fazer. É importante entender que um sistema educacional regido pelo descaso do poder público pode muito bem ser projeto político para sustentar a exploração do homem pelo homem. A ação do professor é instrumento político e, nesse sentido, pode ser pensada como instrumento de libertação ou de aprisionamento daquelas pessoas que são dirigidas pelas ações dele. Instrumento de libertação quando possibilita um novo pensamento, preocupado com a verdade, questionando a realidade; instrumento de aprisionamento quando apenas corrobora a situação vigente, aceitando passivamente o que é politicamente determinado. Não existe uma prática educativa que não seja, de algum modo, política. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 15 de 68 Portanto, a formação do educador não se restringe a conhecer diferentes ideias e correntes filosóficas ou sociológicas; ela tem a preocupação de fazer com que aquele que atua na educação conheça não apenas o explícito, mas o que está oculto e, às vezes, tem mais poder que aquele. Significa adquirir maior criticidade diante da realidade. Aprendendo a pensar melhor, o professor ensina a pensar melhor. E a prática da reflexão sobre os problemas não pode estar restrita a momentos politicamente delimitados para isso, pois somente uma reflexão que se torna rotina pode levar à conquista de uma nova atuação. Significa dizer que, quando existe o real objetivo de fazer com que a ação do educador transforme seus alunos em pessoas pensantes e críticas, é necessário que as atividades que propiciam o pensar sejam uma constante; a reflexão crítica apenas pode ser levada para fora da escola quando os alunos estenderem para seu dia a dia aquilo que realizam em ambiente escolar. Aprender e ensinar a pensar não implica adotar um objeto diferente daquele que se apresenta cotidianamente ao ser humano, implica, na verdade, como quis Sócrates, passar a perceber de outro modo aquele mundo que desde sempre aparece: Sócrates queria elevar a um conhecimento sólido e profundo não as coisas estranhas e inusitadas, mas aquilo que desde sempre o homem sabe: as coisas próximas, os utensílios de uso, a convivência humana, a cidade, o Estado, a nossa cotidianidade. Só perguntava acerca dessas realidades já conhecidas. Pisar sempre o mesmo lugar para pensar sempre o mesmo. Isso lhe parecia o mais difícil. (BUZZI, 1983, p. 43). E também assim deve ser a busca do educador: refletir buscando decifrar o real mais próximo. E o seu mais próximo é exatamente tudo aquilo que constitui seu mundo da educação. Teoria versus prática: discussão filosófica que se volta para pensar os problemas envolvidos na relação entre teoria e prática nos diversos âmbitos do conhecimento. No geral, entende-se a necessidade de que haja equilíbrio entre ambas. Ciências ligadas à educação: de modo especial a sociologia e a psicologia; porém, ao entender a amplidão do ato educativo, diversos outros conhecimentos entram na conceituação. Por exemplo, a economia, que é de grande auxílio no entendimento Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 16 de 68 das relações econômicas presentes na sociedade, as quais afetam diretamente o ato educativo; ou as neurociências, que auxiliam no entendimento sobre as funções cerebrais. Criticidade: a atitude crítica, diferentemente do que se entende no cotidiano, é a não aceitação primária do que quer que seja: é não aceitar uma ideia ou um fato de modo simples e imediato, sem questioná-los. A criticidade é atitude que leva o homem a questionar; apenas depois da reflexão é que se torna possível tomar parte em algo ou optar por ele. Século XVIII e XIX - O contexto do surgimento da Sociologia Positivista Para compreender a perspectiva sociológica positivista, considerada uma das primeiras teorias reconhecidas cientificamente a explicar o homem como um ser social, é necessário ter em mente o contexto histórico, político e social na Europa a partir do século XVIII, o qual foi marcado pelos acontecimentos decorrentes do iluminismo e de duas importantes revoluções: A Revolução Francesa e a Revolução Industrial. O iluminismo pode ser entendido como um Movimento Intelectual e Filosófico que se desenvolveu ao longo do Século XVII, com o intuito de libertar os homens do tradicionalismo da Idade Média: valorizava a razão e a crença no progresso e na liberdade do pensamento (ZENI, 2010). Suas ideias e ideais formaram a base teórica necessária para a Revolução Francesa (1789), a qual pode ser considerada como um marco do início da Idade Contemporânea, pois além de originar a ideia de cidadania, acelerou o processo de industrialização (Revolução Industrial). Entre as principais transformações decorrentes da industrialização, pode-se citar como exemplos (DIAS, 2013; HOBSBAWN, 2009; ARANHA, 2006): O desenvolvimento do sistema fabril em grande escala e a divisão do trabalho. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicosda Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 17 de 68 Introdução de novas técnicas e aplicação de conhecimentos científicos que ampliaram a produtividade na agricultura. O surgimento do navio a vapor e a construção de rodovias e ferrovias. O carvão foi substituído por novas fontes de energia, como o petróleo e a eletricidade. Migração dos trabalhadores do campo para a cidade: a vida social passou a se concentrar nas cidades, que surgiram sem um planejamento adequado. Jornada de trabalho d e 14 a 1 6 horas, com mão de obra infantil e feminina. Revoltas do operariado, insatisfeitos com as suas condições de trabalho. Assim, foi a partir deste cenário social nunca antes vislumbrado - preocupante para os pensadores da época de modo geral - que Augusto Comte (1798 - 1857) começou a desenvolver a sua doutrina positivista. O autor também não via com bons olhos as mudanças que estavam ocorrendo, considerando que a sociedade se encontrava num estado de caos social e, portanto, a sua teoria ressaltava a importância da manutenção da ordem social, que se encontrava abalada (DIAS, 2013). A saída para tal situação estaria na Filosofia Positivista, a qual estaria encarregada de fornecer um conjunto de crenças comuns a todos os homens, o que resultaria em estabelecer a ordem social, a coesão e o equilíbrio. O progresso do conhecimento humano se realizaria por meio de três estados: o estado teológico, no qual o homem explica as coisas e os acontecimentos através de seres ou forças sobrenaturais; o estado metafísico, quando há o recurso a entidades abstratas e ideias que expliquem os fatos; e o estado positivo, quando o homem explica as relações entre as coisas e os acontecimentos pela formulação de leis, renunciando conhecer as causas e a natureza íntima das coisas. (MOTTA; BROLEZZI, 2008, p. 4.463) Constituindo-se como um ramo da Filosofia Positivista, a Sociologia - termo criado pelo próprio Comte - foi definida pelo mesmo como “uma física social, aplicando a ela os modelos da biologia para explicar a sociedade como um organismo coletivo” (ARANHA, 2006, p. 213). Seria uma ciência da sociedade que explicaria as Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 18 de 68 leis do mundo social, da mesma forma que as ciências naturais explicavam o funcionamento do mundo físico (GIDDENS, 2005). Para Comte, a sociedade era submetida a leis invariáveis, como a natureza também o era. Tendo em mente essa breve contextualização do surgimento da Sociologia e a imprescindível colaboração de Augusto Comte para a sua constituição enquanto ciência, veremos a seguir como podemos relacionar a Sociologia Positivista com a Educação, e qual foi a sua importância e contribuição para o desenvolvimento desta última, tanto no mundo, como no Brasil. O Positivismo e a Educação De acordo com Aranha (2006), a industrialização e o desenvolvimento das ciências trouxeram preocupações pontuais para a escola tradicional do século XIX: Por um lado, acentuou-se o dualismo escolar, que destina escolas de diferente qualidade para a elite e para o segmento popular operário; por outro, a necessidade de não restringir a formação dos jovens apenas às humanidades, mas estimular o estudo das ciências (ARANHA, 2006, p. 213). Frente a esse panorama, vejamos a seguir quais foram as análises e soluções dos positivistas para a educação, os quais atuaram de forma marcante no ideário das escolas estatais, sobretudo na luta a favor do ensino laico das ciências e contrária à escola tradicional humanista religiosa (ARANHA, 2006). Segundo Neto (1999), mesmo com a educação não sendo o enfoque principal do positivismo, a ideia de uma educação universal perpassou o pensamento de Comte de tal forma que o autor planejava escrever um Tratado sobre a Educação Universal, o que acabou não se consolidando em decorrência de sua morte (SILVA, 2006). Com esse tratado, Comte planejava apresentar os conhecimentos em formato enciclopédico, indo ao encontro da teoria que foi apresentada a você anteriormente sobre o pensamento positivista: Para o autor citado, o positivismo era caracterizado como uma filosofia burguesa liberal, que possuía ao mesmo tempo cunho conservador e progressista. O positivismo teria, então, o objetivo de garantir que ocorresse a evolução da humanidade no sentido do progresso, reafirmando uma ordem preestabelecida (SILVA, 2006). Além disso, segundo o autor, todo ser humano iria passar por seus estágios. Para o autor, o principal papel da ciência seria o de assegurara consolidação da ordem para garantir o progresso da sociedade industrial. Assim, a ciência adquire Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 19 de 68 a forma de um saber acabado e o estado positivo considerado como última fase da evolução do conhecimento. (MOTTA; BROLEZZI, 2008, p. 4.664) De acordo com Augusto Comte, todos os indivíduos passam ao longo de suas vidas pelas mesmas etapas. Dessa forma, o pensamento fetichista da criança cederia lugar para a concepção metafísica da adolescência que, por fim, daria lugar ao estado positivo, fruto da maturidade (ARANHA, 2006). Para este autor, o método geral da educação positivista é dividido em duas fases: 1. Antes de atingir a puberdade: preocupação com o concreto e com a prática da observação e de exercícios que irão facilitar a adaptação do corpo à ação habitual. 2. A partir da puberdade: preocupação com a sistematização e com lições formais sobre ciências, seguindo uma classificação hierarquizada. A escola ideal positivista seria presa na ideia da técnica e só poderia ser garantida pela presença de um especialista. No caso, o educador seria o agente social que iria comandar a prática. A educação, entendida por Augusto Comte, seria aquela em que ocorre a integração entre o “homem” e o “humano”, e, entre ambos, existiria a figura do educador (NETO, 1999). Nesse caso, o ensino em decorrência dessa interpretação racionalista preocupa-se em manter a reprodução da sociedade e coloca o aluno na posição de mero receptor de informações (MOTTA; BROLEZZI, 2008). Vejamos, a seguir, os pontos principais relacionados à teoria pedagógica do positivismo (NETO, 1999): 1. Na educação deve existir uma relação hierárquica entre o educador e o educando, tendo o professor a função de fonte do conhecimento. 2. A educação deve ser universal, ou seja, deve ser oferecida para todos, independente de gênero ou nível socioeconômico. 3. A educação familiar - espontânea - é especialmente voltada para ensinar aos indivíduos a moral, dominando os impulsos egoístas. Essa educação é repassada principalmente pela mãe, que para o positivismo representa o poder espiritual na família. 4. Depois da formação moral inicial, ocorre a educação sistemática, que será ministrada por filósofos educadores que irão preparar os indivíduos para a maturidade. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 20 de 68 5. A educação pública deve complementar a educação espontânea, por meio da teoria e da prática. 6. É necessária a valorização da estética e da arte. 7. Deve ser valorizado o estudo de Línguas e da Literatura. 8. Os professores devem dominar todas as ciências, ou seja, devem ser polivalentes. 9. Os professores devem fazer prevalecer o ensino oral e estimular uma submissão ativa e voluntária por parte do estudante, e não uma discussão estéril e dispersiva. Para Comte, o Estado não poderia deixar de se interessar pela educação, dadaa sua função reguladora. Segundo Lucena (2010), tudo o que é relacionado à educação deveria ser submetido à influência estatal, ou seja, mesmo instituições privadas deveriam estar sob a sua fiscalização. Não significa que o Estado deva ser o único a controlar a educação, mas, sim, que deve ser responsável por ela: dessa forma, para o positivismo, a educação deveria ser pública e laica, ou seja, sem influência da igreja. De acordo com Aranha (2006), além de Comte, outros autores positivistas também devem ter suas contribuições ressaltadas. Entre eles, temos Herbert Spencer (1820 - 1903), o qual também possuía um cunho do evolucionismo de Charles Darwin. Para Spencer, a educação é como tudo no mundo: sofre um processo evolutivo em que o ser vai revelando suas potencialidades. Essa convicção baseia-se na ideia de progresso, cara ao ideário positivista, que parte do pressuposto segundo o qual as coisas têm em germe aquilo que elas serão, bastando existir condições para serem desencadeadas. Imbuído da concepção cientificista, Spencer escreveu a obra Educação, que conquistou muita popularidade. Considera o ensino das ciências o centro de toda educação, não só em termos de transmissão dos conhecimentos, como da formação mesma do espírito científico. Assim, a física, a química e a biologia seriam as mais importantes: interesse pelas questões utilitárias, em franca oposição ao ensino humanista tradicional. (ARANHA, 2006) Outro autor importante, advindo da corrente positivista, foi Émile Durkheim (1858 - 1917), o qual estudou os chamados fatos sociais: ao invés de Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 21 de 68 analisar apenas os indivíduos, a Sociologia deveria analisar aspectos da vida social que determinam a ação destes indivíduos (DURKHEIM, 2002). Um Fato Social deve possuir as seguintes características: coercitividade, exterioridade e generalidade. A educação, por sua vez, pode se encaixar nessas três características (ATISANO, 2006): 1. Coercitividade: A educação exerce uma coerção sobre o indivíduo, visto que ele é obrigado a incorporar os conteúdos, costumes e hábitos desenvolvidos na escola, para que seja aceito socialmente. 2. Exterioridade: A educação que um indivíduo irá receber na escola é pensada e decidida antes mesmo de seu nascimento. Não cabe a ele decidir se será educado pelos padrões da sociedade, ou seja, é um fato exterior a ele. 3. Generalidade: A educação possui um aspecto geral, visto que é um mecanismo adotado pela maior parte da sociedade. Assim como Comte, Durkheim também estava preocupado com a coesão social, com algo que mantivesse a sociedade unida e impedisse o caos social. Foi assim que ele chegou ao conceito de Solidariedade Social e Moral, a qual seria mantida se as pessoas se integrassem com sucesso em grupos sociais e fossem regidas por um conjunto de valores e costumes partilhados por esses grupos (DURKHEIM, 2002). Ambos os autores também compartilham da mesma opinião em relação à forma como a criança deve receber o conteúdo: a criança deve estar pronta para assimilar os conhecimentos e o professor deve estar preparado para ensinar. A criança deve obediência ao educador. Por fim, os autores também acreditam que a escola é uma chave primordial para o estabelecimento do equilíbrio social. No Brasil, o positivismo influenciou as medidas governamentais do início da República, sobretudo pelo cientificismo que marcou muitas vezes a escolha dos currículos escolares, devido à preocupação com a transmissão de um conteúdo enciclopédico, na tentativa de dar conta da imensa contribuição das ciências, sobretudo das ciências da natureza. Também sempre esteve subentendido nas práticas empiristas da educação e, de forma explícita, na década de 1970, por ocasião da tentativa de implantação da escola tecnicista. (ARANHA, 2006, p. 214) Por fim, temos ainda mais uma contribuição do positivismo: no século XX, a contribuição do positivismo ainda era vista na psicologia comportamentalista de Watson e Skinner, os quais serviram de pilar para muitas teorias pedagógicas (ARANHA, 2006). Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 22 de 68 Evolucionismo: Teoria desenvolvida inicialmente por Charles Darwin, que enfatiza que a sobrevivência das espécies está ligada à seleção natural. Fato Social: “Toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior: ou então, que é geral no âmbito de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais” (DURKHEIM, 2002, p. 40). Positivistas: Perspectiva que defende que o estudo do mundo social deve ser conduzido de acordo com os princípios das ciências da natureza (GIDDENS, 2005). Revolução Francesa: Ocorreu na França em 1789, e foi inspirada pelos iluministas, que enalteceram os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Sociologia: “Sociologia, em sua definição mais básica, pode ser entendida como o estudo científico do comportamento humano que é construído pela sociedade ou o estudo das interações humanas” (DIAS, 2013, p. 17). Ser o que se é parece algo natural. O homem é um animal que pensa - o “animal racional”, segundo Aristóteles. Ter a capacidade de pensar faz com que este homem reflita sobre toda a realidade, o que implica pensar não apenas no que está ao seu redor, mas inclusive refletir acerca de si próprio. O homem pensa sobre si e sobre o que o constitui, que pode ser entendido como sua essência. Mas esta tarefa se mostra de grande dificuldade, pois o ser humano é, talvez, um dos animais que nascem mais despreparados para a vida. Considerando-se que o ser humano possui sempre uma possibilidade de ser algo além do que já é, a concepção que ele tem de si é transformada constantemente. A questão que se coloca é sobre como pode ser possível falar seguramente de algo que não é pronto e terminado em seu ser. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 23 de 68 Sobre tal problema, debruçam-se diversos ramos da ciência. Possivelmente, você já ouviu algo acerca das pesquisas da antropologia ou da sociologia, ou então já ficou sabendo do avanço nas pesquisas neurocientíficas - todas tentando desvendar o que é o ser humano enquanto indivíduo ou grupo de indivíduos que convivem e produzem aquilo que chamamos de cultura. Mas, mesmo com tantas descobertas, o ser humano ainda é uma incógnita, um “algo a desvendar” que a cada vez se mostra mais complexo em si mesmo e em suas interações com o mundo externo. A filosofia desenvolve reflexão sobre o homem desde muito tempo, antes do surgimento da própria ciência como modo de entender o mundo; isto porque o conhecimento que entendemos por “racional” desenvolveu-se aos poucos. Aquilo que é o objeto das ciências na atualidade, em geral, foi objeto de reflexão dos filósofos na antiguidade. Como exemplos, é possível pensar na biologia com o conceito de “vida”, na química e na especulação sobre os elementos que formam o mundo, na psicologia e no questionamento sobre a alma humana (enquanto sede de emoções), na matemática e nas relações numéricas (entes de razão) que podem ser identificadas na realidade etc. A vida, os elementos da natureza, a alma humana e as relações numéricas foram objetos da filosofia. Por sua vez, o ser humano foi - e ainda é - objeto da reflexão filosófica. Na filosofia clássica grega o homem foi estudado a partir de uma perspectiva cosmocêntrica; nafilosofia cristã, de uma perspectiva teocêntrica; na filosofia moderna e contemporânea, de uma perspectiva antropocêntrica. (MONDIN, 1980, p. 10) Não sendo ciência, a filosofia fala do homem buscando entendê-lo por inteiro, conceituando-o. É importante ressaltar tal característica, pois ela pode ser entendida como uma diferença entre a filosofia e as ciências, já que cada ciência busca responder a questões relacionadas a um único âmbito da realidade. Conceituar dá segurança ao desejo que o homem tem de conhecer, fazendo com que as coisas possam ser presas em determinado entendimento. Conceituar é a tentativa de “guardar” as coisas em certas ideias que possam representá-las verdadeiramente no que são. Deste modo, a filosofia tenta conceituar o homem, para que ele possa ser entendido. O ramo do conhecimento filosófico que se dedica a refletir sobre o homem é a Antropologia Filosófica. Ao longo do tempo, este ramo do filosofar foi ganhando corpo à medida que os pensadores foram desenvolvendo suas ideias. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 24 de 68 Mas é importante entender, como afirma a Profa. Viviane Mosé (2012, p. 30), que: A vontade de saber termina por revelar uma vontade de substituição da vida pelos códigos: o que os homens buscam não é conhecer, mas traduzir o desconhecido em conhecido; e se veem cada vez mais reduzidos à linguagem, aos conceitos, às imagens. Ou seja, ainda que se tente entender o ser humano a partir de um conceito, além de ser clara a impossibilidade de fazê-lo de modo completo (já que o ser humano não é pronto, não é terminado), é preciso saber que a realidade é sempre mais, apresentando-se em constantes e diferentes modos de aparecer. E por onde é possível começar o estudo sobre o homem? Você já tentou se entender como ser humano simplesmente? É verdadeiramente um exercício difícil de fazer, pois, para construir uma reflexão assim, é preciso deixar de lado aquilo que nos faz indivíduos; é difícil por exigir que enxerguemos além do individual vivido e aprendido. Há dois estados de espírito que são inimigos de uma autêntica investigação filosófica do homem. a) O estado de espírito de quem não quer admitir que o homem seja substancialmente diferente dos animais e que, por isso, recusa-se a reconhecer que o homem constitua um problema metafísico autêntico. b) O estado de espírito de quem aceita facilmente demais a exigência de um elemento metafísico no homem, como se a sua existência fosse imediatamente evidente. São os estados de espírito do materialista e do espiritualista. (MONDIN, 1980, p. 18-19) Para que seja alcançada a objetividade na reflexão, nenhum deles - materialista ou espiritualista - pode se fazer presente; são posturas que acabam por desviar a reflexão. Entendendo a diversidade de âmbitos a partir dos quais o homem pode ser entendido, é importante que um educador em formação saiba das dificuldades existentes em pensar exatamente o que é o homem. Nada pode ser assumido em primeira instância já como certo ou verdadeiro; o diálogo entre os discursos filosófico e científico deve ser constante, abrindo novas possibilidades de entendimento do fenômeno humano. E, diante das diversas conceituações que se pretendem definitivas, “cumpre ao filósofo lembrar e levar em consideração a ocorrência das sempre imprevisíveis Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 25 de 68 concretizações que o homem sempre pode fazer existir, na sua vitória contínua contra o nada, na sua marcha ininterrupta pelas vias do tempo” (LATERZA; RIOS, 1971. p. 73). Deste modo, ao problematizar o ser humano, seus modos de existir exigem que a educação seja repensada constantemente, pois todo projeto educacional sempre é executado a partir de determinada ideia que se faça do homem, a partir de um modelo que se pretenda realizar. A educação em seu fazer, no contato direto professor/aluno, torna-se sempre mais humana quanto mais souber dos elementos que constituem o existir humano. Você pode observar que o cotidiano da vida humana mostra elementos novos a cada instante, a partir dos quais toda teoria já estabelecida pode ser revista. Uma teoria é uma conceituação dos fenômenos; é a tentativa de abarcar todas as possíveis ocorrências futuras em um único dizer. Isto mostra que a realidade é sempre mais do que as teorizações. As teorias são importantes, mas não suficientes; daí a importância de bem pensar acerca das diversas concepções elaboradas sobre o ser humano. Como exemplos, podem ser apresentadas as teorias a seguir: Essencialista: como indicado pelo nome, o conceito de “essência” é o centro ordenador. Busca-se, aqui, o entendimento de algo que possa ser tido como essência do ser humano. Neste sentido, as ações do ato educativo devem objetivar a construção do homem ideal. Teorias de base essencialista trazem “como característica o enfoque metafísico próprio da filosofia antiga, que acentuava a atitude teórica da análise dos conceitos universais (...) [buscando] desenvolver as potencialidades da natureza humana”. (ARANHA, 2006, p. 151) Naturalista: baseadas no conceito de “natureza”, as teorias naturalistas trazem elementos desenvolvidos a partir da Revolução Científica (séc. XVII). Naquele contexto, o conceito de “método” tinha grande peso, sendo a indicação do caminho a ser seguido para o alcance do conhecimento verdadeiro. Do mesmo modo que as ciências da natureza batalhavam pelo estabelecimento do método rigoroso, que permitisse o conhecimento das regularidades no mundo natural, as teorias antropológicas buscavam trazer à luz as regularidades relacionadas àquilo que é o ser humano. A tendência naturalista pode ser caracterizada pela “tentativa de adequar as ciências humanas ao método das ciências da natureza, que se baseia na experimentação, no controle e na generalização”. (ARANHA, 2006, p. 153) Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 26 de 68 Histórico-social: baseada nas filosofias de diversos pensadores contemporâneos, a ideia de “existência histórica” é chave para sua compreensão. O entendimento é o d e que o ser humano apenas pode ser compreendido dentro de um contexto, que não é único; significa saber que o homem é sempre influenciado pela realidade que o cerca, com suas características históricas. Tal realidade é mutável e se desenvolve no tempo, alterando as condições de desenvolvimento do homem. Vale destacar a: “ênfase do processo (nada é estático), na contradição (não há linearidade no desenvolvimento, que resulta do embate e do conflito) e no caráter social do engendramento humano (permeado pelas relações humanas e que por isso se expressa de modos diferentes ao longo da história).” (ARANHA, 2006, p. 154) O ser humano ainda pode ser pensado a partir de diferentes elementos que constituem seu modo de existir. Como referência, aqui é tomada a obra “O Homem, quem é ele?”, de Battista Mondin (1980), para desenvolver aquilo que o autor chamou de fenomenologia do homem. O homem é corpo (homo somaticus) e apenas consegue entender a si mesmo como corpo. Esta dimensão física faz com que ele interaja com o mundo que o cerca, dando condições de intervir na realidade. Mas, antes de sair de si em direção ao mundo, é o próprio mundo que vem ao homem pelo corpo, quando, pelos sentidos, é possível perceber a realidade. Este mesmo corpo também indica o estado de espírito, pelo modo como ele pode ser percebido (postura, condições de saúde etc.).É ainda por meio de seu corpo, enquanto limitação, que o ser humano transcende e pode pensar algo além; uma função ascética pode ser entendida quando o controle do corpo reforça a humanidade do homem. O homem é um ser vivente (homo vivens):“e\e é humano enquanto é vivo. Enquanto, porém, o fenômeno da vida é um dado certo e óbvio, o seu significado, a sua verdadeira natureza e a sua origem são coisas muito complexas, obscuras e misteriosas” (MONDIN, 1980, p. 43). O ser humano não apenas vive, mas tem consciência de tal fato, e a interpretação que dá ao seu viver é o que lhe permite ter determinadas experiências. Viver é um mistério, pois a vida não pode ser reduzida a mera função mecânica de elementos que se combinam de certa forma. Por meio da vida, é possível transcender para além do corpóreo até o espiritual. O homem conhece (homo sapiens) de diferentes modos, seja por meio dos sentidos, da intuição ou da razão. O conhecimento é a relação que se estabelece entre o homem - como sujeito - e tudo o que ele pode pensar – como objeto. O conhecimento é a apreensão mental que permite ao homem certa segurança em seu existir. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 27 de 68 O homem é um ser de vontade (homo volens). Ainda que motivado por diversos elementos e ocorrências, o homem sempre age a partir de uma decisão; não há determinismo que o faça seguir ações pré-traçadas. O homem escolhe e sabe que pode assim fazer, pois é dotado de liberdade. Mesmo sem problematizar aqui o que seja tal liberdade, o homem sabe que pode fazer o que desejar; as consequências de sua decisão e de sua ação é que podem trazer-lhe problemas. A angústia relacionada à vontade vem da tamanha liberdade do homem, pois não necessariamente ele vai desejar o que é permitido no âmbito do social. O homem é um ser de linguagem (homo loquens), e ele fala justamente por estar no âmbito da linguagem - ele não cria a linguagem, simplesmente está nela. Pela linguagem, o homem nomeia seu mundo e comunica a percepção que tem dele. Linguagem não é língua, seja falada ou escrita, mas é a possibilidade de interagir com o mundo circundante; é a possibilidade de nomear e de instituir o mundo. O homem é um ser social e político (homo socialis), e tal característica aponta para a possibilidade que o ser humano tem de conviver com seus semelhantes e desenvolver uma vida que seja pautada pelas necessidades do grupo, e não apenas do indivíduo. Por conta de tal situação, regras são pensadas e leis elaboradas para que seja possível a realização coletiva. O homem recebe a vida da sociedade e nela se insere, de tal modo que a vida do indivíduo não pode ser entendida fora do âmbito do social. O homem é um ser cultural (homo culturalis). Isto significa que ele produz cultura, ou seja, que ele recebe o mundo no que chamamos de natureza e o modifica; o mundo do homem é o mundo moldado àquilo que propriamente é o ser humano. A cultura, como produto do homem, é necessariamente ostensiva do seu ser. E isso é verdade não só no sentido mais óbvio e imediato que da cultura de um dado indivíduo ou de uma determinada sociedade é possível chegar ao seu ser mais profundo e tirar conclusões legítimas com relação a ele. (MONDIN, 1980, p. 189) O homem trabalha e produz (homo faber). O mundo não permanece do modo como se apresenta ao homem, pois este o transforma: o ser humano modifica o existente, mas mais que isto, ele dá existência àquilo que ele entende como necessário. Coisas, objetos e instrumentos são fabricados a partir das técnicas que, ao longo do tempo, foram desenvolvidas. O “triunfo da técnica tornou o homem o soberano da natureza, capaz de dominar as forças impetuosas e desfrutá-las para as próprias exigências” (MONDIN, 1980, p. 199). Com seu fazer, o ser humano conquistou a possibilidade de não simplesmente aceitar aquilo que o mundo lhe oferece, mas dar origem àquilo que é de seu desejo. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 28 de 68 Por outro lado, o homem também joga e se diverte (homo ludens). Apenas o ser humano joga e o objetivo do jogo “é o divertimento e nada mais do que o divertimento, e isso é suficiente para caracterizá-lo adequadamente, sem confundi- lo com o estudo, com o trabalho e com iniciativas de ordem estética” (MONDIN, 1980, p. 211). Por fim, mas não necessariamente o último elemento daquilo que é próprio do animal racional, o homem é um ser de religiosidade (homo religiosus). “Uma boa definição [de religião] (...) poderia ser a seguinte: ‘A religião é o conjunto de conhecimentos, de ações e de estruturas com que o homem exprime reconhecimento, dependência, veneração com relação ao Sagrado’” (MONDIN, 1980, p. 242). O ser humano não apenas tem crenças, mas também constrói um modo de organizar aquilo que é ideia comum relacionada à mesma crença. Você notou como o ser humano é muito mais complexo do que se costuma compreender? Ao falar sobre educação, você deve entender algo muito além do que simples regras de organização da educação instituída; é preciso pensar que, acima de tudo, o educar é cuidar para que aquilo que é o homem por inteiro possa se desenvolver. Todas as concepções aqui apresentadas marcaram de modo singular a construção das diversas teorias contemporâneas da educação. Se a formação do educador não passar pelo conhecimento antropológico-e, aqui, falamos da antropologia filosófica -, corre-se o risco de que a educação seja entendida como algo certeiro e último em seus objetivos, algo mecânico como uma técnica que simplesmente deve ser aprendida para ser executada. Ao aprender antropologia, o próprio educador identifica e revê suas concepções antropológicas. Ascética: ascese significa ação humana que busca alcançar as virtudes consideradas como superiores. Cultura: aquilo que é relacionado ao espírito humano; o conjunto de criações que marca o que é o âmbito do humano. Também pode ser entendida como fatores de requinte e de sensibilidade humana aos quais se chega (“ele é um ‘homem de Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 29 de 68 cultura’.”); e, ainda, pode ser pensada em oposição ao conceito de natureza (Cf. JAPIASSÚ, 1996, p. 61). Determinismo: a ideia de que existe, a partir de uma “essência humana”, um caminho pré-determinado para o homem. Nesse sentido, o homem não seria livre para fazer o que simplesmente quisesse, mas obedeceria sempre a fatores determinantes dos quais não poderia escapar. Essência: aquilo que faz com que algo seja o que é (“o homem é homem por ter a essência de homem”). Pode ser pensada como aquilo que, se for retirado de algo, este algo deixa de ser o que é; muitas vezes é pensada em oposição a “existência”. Fenômeno: aquilo que de algum modo aparece, que se mostra, à consciência. Interpretado de diversos modos ao longo da história do pensamento, pode ser entendido como o real (“aquilo que aparece é a realidade”) ou como imagem (“aquilo que aparece é imagem daquilo que realmente é”). Fenomenologia: de modo geral, é a reflexão sobre aquilo que foi entendido por “fenômeno” de acordo com cada época. Por exemplo, a fenomenologia em Kant trata do fenômeno como aquilo que aparece das coisas (que podem não ser as coisas mesmas); de outro lado, a fenomenologia em Husserl deve ser entendida como a ciência das essências. Teoria: conjunto de argumentos demonstrados racionalmente, com a finalidade de fundamentar determinada concepção; por exemplo, a teoria da relatividadeé um conjunto de demonstrações que têm o objetivo de corroborar uma ideia sobre a realidade. Transcender: ir além do que é entendido como limite, o que ultrapassa. Em alguns casos, a transcendência é entendida como algo superior à realidade humana. A pedagogia no Século XVIII - O Iluminismo e a Educação O iluminismo foi um Movimento Intelectual que ocorreu durante o século XVIII, na Inglaterra, França, Itália e Alemanha, e pretendia criar uma nova Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 30 de 68 sociedade, focada na Razão e na Ciência, criticando o dogmatismo e as doutrinas religiosas tradicionais. De acordo com Marrach (2009, p. 38), “é um pensamento que trabalha com paradoxos e dicotomias: razão e fé, luzes e sombra, ilustração e ignorância, direitos e privilégios, contrato social e absolutismo etc.”. O iluminismo trouxe consigo a consagração dos direitos civis e a ideia de renovar uma sociedade que até então colocava a fé enquanto o elemento central na vida humana. Com o foco na ciência e na razão, o iluminismo passa a oferecer aos indivíduos a possibilidade de desenvolvimento econômico e social a fim de que ocorra uma sociedade mais igualitária e elevada no âmbito cultural (BASSALOBRE, 2010). De acordo com Aranha (2006), essa exaltação em relação à razão advém do Renascimento, no processo da secularização da consciência que antes era impregnada pela religiosidade medieval. Esse movimento foi permeado pelo debate existente entre empirismo e racionalismo: No racionalismo, o Iluminismo, encontrou seu método crítico e uma atitude demolidora da tradição, para alcançar a luz, a clareza e a distinção da razão. Já o empirismo, proporcionou procedimentos simples para a construção da realidade mediante o mecanicismo e o associacionismo (ZENI, 2010, p.4). De forma geral essa frase expressa perfeitamente o ideal iluminista: “Conquistar as almas, livrá-las das superstições e do mito, dar-lhes as luzes da razão e da ciência, erradicar o obscurantismo, conscientizar são os objetivos do Iluminismo e da Pedagogia” (MARRACH, 2009, p.39). No que concerne à educação, Zeni (2010) observa que neste período ocorreu uma ampla potencialização do problema educativo, o qual foi posto cada vez mais no centro da vida social. A escola aqui desponta como um espaço no qual os indivíduos irão se constituir enquanto cidadãos, e a proposta do conhecimento/educação para todos os extratos sociais era a forma ideal para melhorar a sociedade e torná-la mais justa, compreensiva e digna (BASSALOBRE, 2010). Aqui, torna-se claro a posição defendida por Marrach (2009), ao afirmar que nota-se que a pedagogia iluminista sai do campo do filosófico para entrar no campo Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 31 de 68 político, rompendo com a ideia de educação elitizada e enciclopédica, deixando de ser privilégio de alguns, para se tornar direito de todos. Um dos esforços principais do iluminismo foi tornar a escola leiga e função do Estado, recomendando-se ainda que utilizassem as línguas vernáculas ao invés do latim, assim como, a predominância de uma pedagogia mais prática, focando as ciências, técnicas e oficios em detrimento do estudo estritamente das ciências humanas (ARANHA, 2006). São os iluministas, de fato, que delineiam uma renovação dos fins da educação, bem como dos métodos e depois das instituições, em primeiro lugar da escola, que deve reorganizar-se sobre bases estatais e segundo finalidades civis, devendo promover programas de estudo radicalmente novos, funcionais para a formação do homem moderno (mais livre, mais ativo, mais responsável na sociedade) e nutridos de “espírito burguês” (utilitário e científico) (CAMBI, 1999, p.336apudZENI, 2010, p.3). De acordo com Zeni (2010) foi na França que o Iluminismo produziu as teorias pedagógicas mais inovadoras e mais orgânicas, exprimindo também as soluções mais radicais. Entre os principais nomes que, embora não educadores, consideravam o ensino como veículo importante da razão no combate ao obscurantismo religioso, pode-se citar: Diderot, DAIembert, Voltaire, Helvetius e Rousseau, o qual será apresentado com mais detalhes a seguir. A pedagogia de Rousseau Entre as principais obras de Jean-Jacques Rousseau destacam-se “Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens”, “Do Contrato Social” e “Emílio ou da Educação”. De acordo com Aranha (2006), Rousseau ocupou um papel de destaque na filosofia política, visto que suas obras antecipam o ideário da Revolução Francesa, assim como no campo educacional, visto que seu pensamento irá constituir um marco na pedagogia contemporânea. Basicamente, sua teoria política parte do pressuposto de que o indivíduo em estado de natureza é bom, mas com o tempo, a sociedade o corrompe e elimina sua liberdade. Dessa forma ele prevê a existência de um pacto social, que institua um governo que não resulte na submissão do povo a ele, defendendo assim, a democracia direta: os governantes apenas executam a vontade do povo. Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos Filosóficos e Sociológicos da Educação – Temas 1 ao 10........................ Página 32 de 68 O cidadão para Rousseau é um ser ativo, autônomo e soberano e seria pela educação que se alcançaria a soberania popular (ARANHA, 2006). Costuma-se dizer que Rousseau provocou uma revolução copernica na pedagogia: assim como Copérnico inverteu o modelo astronômico, retirando a Terra do centro, Rousseau centralizou os interesses pedagógicos no aluno e não mais no professor. Mais que isso, ressaltou a especificidade da criança, que não devia ser mais encarada como um adulto em miniatura (ARANHA, 2006, p. 208). Dessa forma, pode-se compreender a importância que Rousseau possui para a educação: retirando o foco da formação do indivíduo para Deus, para colocá-lo na formação do indivíduo para si mesmo. E mediante isso, a educação agora passa a ser centrada nos interesses do aluno e não mais no do professor. Em sua obra sobre a Educação, “Emílio” o autor ressalta a importância de se buscar a sua verdadeira natureza, ou seja, a sua vocação. Ele considera importante dois tipos de educação (ARANHA, 2006). Educação Natural Na pedagogia naturalista de Rousseau deve-se buscar a espontaneidade original, livre da escravidão aos hábitos exteriores, garantindo que o indivíduo seja autônomo, dono de si mesmo. A educação natural procura-se afastar do intelectualismo forçado, visto que as pessoas também possuem sentidos, emoções, instintos e sentimentos, os quais são até mesmo anteriores ao pensar. Educação Negativa Por ser desconfiado da sociedade existente, Rousseau acreditava ser importante o preceptor afastar a criança do mundo corrompido, abstendo-se de abordar questões como a virtude e a verdade, a fim de não criar preconceitos e hábitos que impeçam o florescimento espontâneo da natureza da criança. De modo geral, para Rousseau o professor não deve impor o saber a criança, mas em contrapartida, não pode deixá-la por si só: é necessário haver um equilíbrio. Aprendendo a controlar-se no mundo físico e nas relações com as pessoas, aos 15 anos começa para o jovem a educação moral propriamente dita. De posse da verdadeira razão, só então ele poderá observar as pessoas e suas paixões e também iniciar a instrução religiosa, porque falar precocemente de Deus com a criança é apenas lhe ensinar idolatria (ARANHA, 2006, p. 2009). Gostou? Então CLICA NO CURTIR e me ajude a continuar produzindo novos materiais Anhanguera – Pedagogia – Fundamentos
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