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(MeuAlfaMeOdeia) (HBMMTraduções) https://t.me/+DyDi1a1k4kYzM2Zh https://t.me/+tS2TdJTzVZUxZDg5 Sumário LIVRO 5 1: Cinco anos depois 2: Isso não pode ser real 3: Onde está Jeremy? 4: #AssassinatoNaCasaDaMatilha 5: Ambição de imprensa 6: Jeremy encontrado 7: Incomodados por sogros 8: Visitantes inesperados 9: Caminhando na cena do crime 10: Controvérsia do crisântemo 11: Um pássaro vermelho em uma árvore branca 11: Um pássaro vermelho em uma árvore branca 12: 0 Enigma do Tordo 13: A Desgraçada da Monica Birch 14: Disputa Funeral 15: 0 Funeral 16: Espírito Lupino 17: Uma ameaça para o Alfa 18: A Pesquisa 19: Interrogatório 20: Thanda 21: Retorno do Espião 22: RiffRaff 23: na pista de dança 24: Custódia Policial 25: Uma fenda de dúvida 26: Descobertas 27: Consequências 28: O Vídeo 29: O bem da Matilha 30: O Desafio: Parte Um 31: O Desafio: Parte Dois Anteriormente em Lobos do Milênio... A gravidez de Sienna foi confirmada por Jocelyn, que foi convidada a deixar o Retiro dos Curandeiros como resultado. Com ciúmes, Michelle revelou a todos que Sienna estava grávida e insistiu que ela e Josh também começassem sua família. Josh tornou-se obsessivo em sua busca por Konstantin e começou a envolver Michelle. Michelle abandona Sienna antes do chá de bebê conjunto para se juntar a Josh na caçada. Josh e Michelle encontraram um homem que afirma ter sido atacado por Konstantin enquanto trabalhava em um orfanato, e o vampiro havia levado uma criança. Nina e Jocelyn voltaram para a Casa da Matilha. Quando Aiden viu a ex-espiã, ele a atacou. Sienna se transformou para tentar intervir, mas esqueceu que lobisomens grávidas não podem se transformar. Sienna perdeu o bebê. Ela soube mais tarde que o motivo do aborto não foi porque ela se transformou, mas devido aos seus poderes divinos. Pessoas influenciadas por uma divindade são inférteis porque desequilibram a natureza Josh e Michelle voltaram para apoiar seus amigos. A busca de Josh por Konstantin levou-os a acreditar que Konstantin estava planejando um ataque a Raphael, o Alfa do Milênio. Eles partiram para Lumen, a capital da Matilha da Costa Oeste. Durante o confronto com Konstantin, Nina salvou a vida de Raphael. Rowan, o pai biológico de Sienna, se sacrificou para salvar Aiden. Sienna descobriu que era capaz de usar seus recém- descobertos poderes divinos para destruir Konstantin. Ela e Aiden decidiram adotar o bebê que Konstantin havia sequestrado e que era influenciado por alguma divindade. Eles o chamaram de Rowan, em homenagem ao pai biológico de Sienna. Capítulo 1 SIENNA O borbulhar rítmico da água doce batendo nas rochas e galhos era hipnótico. O fluxo contínuo estava frio para meus pés descalços enquanto eu deixava o rio girar em torno de cada dedo do pé. A fragrância da floresta me preencheu. O almíscar da terra úmida e das folhas caídas. Um toque de jasmim selvagem e madressilva. O rico aroma dos pinheiros. As florestas estavam vivas. Aquele era o único lugar que eu poderia ir para ficar longe de tudo. Minha própria fuga pessoal. Eu deixei minha mão dançar livremente em torno do pergaminho do meu caderno de desenho, delineando um rosto familiar que eu conhecia muito bem. Eu jamais esqueceria daquela mandíbula cinzelada, do físico musculoso e dos olhos verdes-dourados. Aiden. Meu companheiro. Cada pincelada do meu lápis o trazia mais em foco, desencadeando um desejo interno de correr minhas mãos sobre ele. Foi ali que tudo começou. Observando-o de longe, desenhei meu primeiro esboço dele há oito anos, assim como estava fazendo agora. Eu ainda conseguia me lembrar de como me senti envergonhada quando ele me pegou em flagrante, seus olhos inabaláveis fixos nos meus. Mesmo assim, ele sabia que estávamos destinados a ficar juntos. Eu gostaria que ele pudesse estar aqui comigo agora. Um calor formigante começando a se agitar por todo o meu corpo foi o primeiro sinal de que já era quase essa época do ano novamente. A Bruma. A água fria ajudou a suprimir o calor crescente de dentro, mas logo, nem mesmo isso seria capaz de extinguir meu desejo crescente. — Mamãe! — uma voz de criança gritou. E em um instante, aqueles desejos carnais desapareceram, dominados por uma sensação muito mais forte do que eu jamais imaginei. A maternidade. Um par de pés correu pela grama quando um querubim de pele caramelo e cabelo encaracolado pegou minha mão e olhou para mim com olhos arregalados. — O que foi, Rowan? — Eu disse carinhosamente. — Olha! — Ele exclamou, segurando um caracol gigante. — Uau! Que enorme! Quase não cabe na sua mão! Ao contrário de Michelle e do resto do pessoal, eu não tinha medo desse tipo de bicho. — O nome dele vai ser Vovó! — Ele disse com orgulho. — Vovó, o caracol? — Eu ri, — Tenho certeza de que seu avô de verdade ficará feliz em ouvir isso. Você pode dizer a ele quando o vir mais tarde hoje. Era difícil imaginar que ele tinha quase seis anos. Dizem que o tempo voa vendo seus filhos crescerem. Para mim, passou na velocidade da luz. — Posso levá-lo para casa? — Ele perguntou com aquele olhar de cachorro que caiu da mudança. — Olha, tenho certeza de que a família está sentindo falta dele. Por que você não o coloca de volta onde achou? Um olhar de decepção cruzou seu rosto, mas ele não discutiu e fez o que lhe foi dito. Ele era uma criança tão brilhante e curiosa. Eu o amava mais e mais a cada dia que passava. Eu tive minhas preocupações, a princípio, sobre se eu poderia ou não amá-lo como uma criança que era minha própria carne e sangue. Mas no momento em que ele olhou para cima e sorriu, esses medos instantaneamente desapareceram. — Vejo que você conheceu o novo amigo dele, — Selene disse, enquanto se aproximava de um bosque próximo com uma cesta de piquenique na mão. Vanessa e River, minhas únicas sobrinhas, estavam bem ao seu lado. — Desculpe o atraso. Alguém se recusou a calçar os sapatos, — ela disse brincando para River, que tinha acabado de fazer três anos. — Eu te entendo! — Eu ri. Meu cunhado veio correndo. — Ei! Então, eu preciso ir, ou vou me atrasar — Oi, Sienna! — Jeremy disse sem fôlego. — Existe alguma coisa que eu posso fazer antes de... — A gente se vira. — Foi mal por não poder ficar. — Tranquilo! — Eu respondi. — Eu já falei, está tudo bem, — Selene disse. — Vá fazer suas coisas de advogado. Ela se inclinou e beijou-o ternamente nos lábios, depois deu um beijinho no nariz. — Só não demore muito... preciso de você em casa às 7 horas, em ponto. — Minha reunião pode atrasar, mas farei o que puder. — Por favor, tente, Jeremy, — ela disse, inclinando-se ainda mais perto, — Eu já posso sentir a Bruma começando a surgir nessa cabecinha. E tenho algo especial reservado para você esta noite. Ele sorriu. — Eu mal posso esperar, — ele disse antes de beijar Selene mais uma vez. — Te amo. — 'Também te amo, — respondeu ela. E Jeremy partiu. Apesar de quantos anos se passaram, eu ainda não conseguia me acostumar com a ideia de aqueles dois ficarem loucos um com o outro, nem queria, mas me fez sorrir sabendo que eles eram felizes. Eles estavam juntos há muito mais tempo do que Aiden e eu. Adorei ver como, depois de todo aquele tempo, eles ainda estavam apaixonados um pelo outro. — Rowan fugiu por ali, — Selene apontou, direcionando seus filhos. — Por que vocês não vão brincar com ele? — Animados, fizeram o que lhes foi dito. — Não vejo a hora de começar a Bruma deste ano! — Ela continuou. — Eu tenho um monte de brinquedos da Passion Party que mal posso esperar para usar. Se tudo der certo, as crianças não interromperão, como têm o hábito de fazer. — Privacidadeé um luxo hoje em dia, — respondi. — E por isso que Rowan vai passar este fim de semana com os avós. — Não é uma má ideia, — disse ela, estendendo uma toalha de piquenique. — Vou deixá-lo depois do almoço. Que tal eu levar Vanessa e River também? Você sabe que mamãe e papai não vão se importar. — Ai, meu Deus! Isso seria ótimo! Obrigada! Isso me dará mais tempo para me preparar para esta noite, — ela sorriu. Eu cobri meus ouvidos. — Eu não quero ouvir sobre isso! Selene riu. Então, para minha surpresa, ela tirou uma garrafa de champanhe da cesta. — Olha o que eu achei! — Ela sorriu maliciosamente. — Não é nem meio-dia! — Achei que poderíamos comemorar mais cedo! Assim que Jeremy tiver a papelada final assinada, o Festival de Fertilidade será oficialmente cancelado, — disse ela, abrindo a rolha e lançando uma fonte de champanhe no ar. Ela rapidamente encheu duas taças de champanhe. O Festival da Fertilidade. Só de pensar nisso, minha pele se arrepiou. Era difícil acreditar que já foi considerado uma honra para um Alfa montar sua companheira na frente de toda a matilha. Era completamente degradante. Esta que vos fala tratou de acabar com isso anos atrás, mas ainda teve que passar por um monte de burocracia para que tudo estivesse de acordo com a lei. — Já era hora, — respondi. — Se não fosse por todos aqueles 'tradicionalistas' levantando barreiras a cada etapa do processo, ele teria sido abolido anos atrás. — Há uma diferença entre ser um 'tradicionalista' e um completo alienado! — Eu disse pegando um copo. Selene riu. — Eu vou beber a isso! — Disse ela, enquanto brindávamos e bebíamos. Mas não paramos. Nossos olhos se encontraram e bebemos todo o copo de um só gole. Tossimos e rimos quando terminamos. — Que tal outro? — Selene perguntou enquanto tentava me servir outro. — Calma! Vamos nos controlar! Eu não quero sair daqui cambaleando. — Tudo bem, seja uma fracote, — ela sorriu. Mas de repente, um calafrio percorreu minha espinha ao som de uma criança gritando. Selene e eu ficamos de pé e nos movemos em direção à chamada de socorro. Vanessa e River correram e agarraram a cintura da mãe. — O que foi? — Selene perguntou. — O que aconteceu? — Eles balançaram a cabeça e apontaram na direção de onde vieram. Saindo de um matagal sombreado, Rowan emergiu com algo nas mãos. Quando me aproximei, vi que ele segurava uma gambá morta. Sua carcaça podre estava coberta de caracóis e vermes. O cheiro era nauseante. Tive vontade de vomitar. — Rowan! O que você está fazendo com isso! — Exclamei: — Largue isso! Seu olhar era de confusão. — A cor dele sumiu. Cadê a cor dele...? Ele não se incomodou com os insetos rastejando em suas mãos. AIDEN — Onde eu assino? — Perguntei a Jeremy durante um almoço em um restaurante italiano recém-inaugurado. O advogado da Matilha me entregou uma papelada enorme e apontou para a linha em branco na última página. Tive orgulho de saber que uma única assinatura revogaria oficialmente o Festival da Fertilidade, a primeira de muitas tradições arcaicas. Eu não concordei com a postura dura de Sienna contra a cerimônia, no início, mas acabei aceitando sua linha de raciocínio. Ela sabia ser muito convincente. Em todos os sentidos. Limpei uma gota de suor da minha testa. Só de pensar em Sienna eu já sentia uma onda pulsante e um calor por todo o meu corpo. A Bruma estava de volta. E mais cedo do que o esperado. Não que eu estivesse reclamando. Eu só imaginava o que eu faria com Sienna no minuto em que chegasse em casa... — Alfa Aiden! — a voz penetrante de Gregory Singh entoou quando ele se aproximou da minha mesa. Merda... Minha Bruma diminuiu imediatamente. — Uma palavra, por favor, — disse ele enquanto se sentava sem ser convidado em uma cadeira vazia. — Você não vai se sentar... — Eu rosnei baixinho. Singh, uma figura imponente com herança do sul da Ásia, era o Beta de meu pai quando ele liderava a Matilha. Ele também foi o líder autoproclamado da facção — tradicionalista— recém-formada, que se autodenominava 'Vigilância dos Valores'. Seu grupo, antes na periferia do espectro político, era agora uma das vozes mais influentes. — Estou aqui porque— — Eu sei muito bem porque você está aqui. Você não vai me fazer mudar de ideia. — Sr. Singh, — Jeremy interrompeu, — O conselho votou... — Bem, as pessoas que represento pensam o contrário, — interrompeu Singh. — Essas instituições datam de centenas, senão milhares, de anos. Não podem ser desconsideradas por capricho. — Levar cinco anos para mudar uma lei dificilmente constitui um capricho, — respondeu Jeremy. — E não é só isso. Manter exibições humilhantes como esta vai contra o que esta Matilha representa, — eu respondi. — Você está acabando com a identidade da nossa Matilha, — Singh disse, friamente. — Esse desrespeito flagrante pela tradição é um tapa na cara de todos aqueles que vieram antes de nós. — Nossos antepassados não queriam que vivêssemos da mesma forma que eles, — continuei, — Eles queriam que nos melhorássemos — que avançássemos, não retrocedêssemos. Chute e grite o quanto quiser, mas é hora dessa Matilha chegar ao século 21. Em seguida, peguei minha caneta e assinei o documento. O Festival da Fertilidade não existia mais. — Pronto. Agora é oficial, — eu sorri. Apesar do rosto de pedra de Singh, eu sabia que ele estava cambaleando interiormente. Por um momento, seu olhar se manteve firme no meu, mas ele desviou o olhar um pouco antes de ser considerado uma ameaça. — Isso ainda não acabou, — disse ele, levantando-se, inesperadamente composto. — Minha assinatura diz o contrário. Tenha um bom dia. E depois disso, ele se virou e saiu. A questão do Festival da Fertilidade, e outras semelhantes, estavam se tomando mais problemáticas do que eu imaginava. Nunca subestime o poder da estupidez. *** SIENNA Depois de passar a maior parte do dia no rio, deixei todas as crianças com meus pais e comecei a voltar para a Casa da Matilha. Todo o tempo, eu não pude deixar de lembrar da cena que se desenrolou com Rowan. Não foi a primeira vez que ele exibiu um comportamento incomum — principalmente envolvendo trazer para casa e brincar com animais mortos. Pelo menos, era o que parecia que ele estava fazendo. Como ele encontra essas coisas? Enquanto continuava na estrada, senti minhas palmas ficarem úmidas e comecei a respirar mais rápido. Meu corpo inteiro foi atingido por desejos sexuais enormes por Aiden. Merda! Agora não! Eu ainda estava no meu carro. E dirigir sob o efeito da Bruma pode ser tão perigoso quanto dirigir embriagado, então eu tive que parar no acostamento até que pudesse recuperar o controle — pelo menos o tempo suficiente para voltar para a Casa da Matilha. Lá, meu companheiro poderia me devastar de todas as maneiras imagináveis. Peguei meu celular. Sienna: Leve essas bunda gostosa para a Casa da Matilha. Sienna: AGORA. Sienna: Eu preciso de você dentro de mim. Sienna: E não estou pedindo. Sienna: Estou mandando. Aiden: Bem, vou ter que verificar minha agenda... Sienna:... Sienna: Você quer foder ou não? Aiden: Diga o nome do lugar e eu estarei lá. Sienna: Me encontra no jardim da Casa da Matilha. Aiden: Estarei aí em 20 Aiden: Não acabe sem mim. Sienna: Sem promessas SIENNA Mas não pude esperar mais. Ainda no carro, esperando que essa sensação diminuísse, era demais. Eu queria rasgar minha pele. Meu lobo estava implorando para ser libertado. Incapaz de me conter por mais tempo, pulei para fora do carro, arranquei todas as minhas roupas e me transformei. Depois da transformação, corri pela floresta em direção à Casa da Matilha. Quanto mais pertoeu chegava de Aiden, mais intenso o sentimento se tomava. Aquilo me fez correr mais rápido. Arvores e arbustos passaram voando. Eu podia sentir outros lobos brumados ao redor também, mas eles sabiam que era melhor ficar longe de mim. Quando Cheguei à Casa da Matilha, o sol havia se posto e a lua estava em plena exibição. Ao passar pelo labirinto de sebes, o bebedouro e as inúmeras fileiras de tulipas me mostraram que eu havia entrado no jardim. Mas Aiden não estava à vista. Mudei de volta para a forma humana, meu corpo nu brilhando sob o luar. Enquanto eu continuava a busca frenética por meu companheiro, a terra macia se transformou em ladrilhos de mármore e eu me encontrei embaixo do terraço supervisionando o jardim. Com a sensação do desejo sexual oprimindo meus sentidos, não vi o obstáculo à minha frente, fazendo-me cair. Eu estremeci de dor. Havia um andaime próximo de um projeto de reforma, então, no início, presumi que tudo em que tropecei estava relacionado a isso. Mas era muito mole. Quando olhei mais de perto, percebi que estava olhando para a silhueta de uma pessoa — uma mulher. — Desculpa! Você está bem? Mas a figura não se moveu. Ela estava completamente imóvel. Quando coloquei minha palma em sua pele, estava fria ao toque. Verifiquei os sinais vitais, mas não encontrei pulso. Meu queixo caiu quando percebi que a cabeça da mulher estava torcida para trás, completamente quebrada. Seu cabelo obstruía seu rosto. Ai. meti deus. Quem é essa? Eu não queria olhar. Meu coração disparou quando estendi a mão e puxei seu cabelo para trás. Um grito de gelar o sangue ressoou na minha garganta quando percebi quem estava deitado aos meus pés. Selene! Capítulo 2 AIDEN Encontrei Sienna no jardim pelo som de seus gritos. Ela estava de joelhos segurando um corpo, balançando-o para frente e para trás. Ela ficava repetindo: — Não, não, não, não... — enquanto passava as mãos pelos cabelos da mulher, tentando confortá- los. — Sienna, o que foi? O que está acontecendo? Você se machucou? — Eu perguntei. Mas ela não respondeu. — Você viu o que aconteceu? Mas ainda nada enquanto ela continuava a soluçar e segurar o corpo com força. Seu comportamento tomava difícil determinar o que havia acontecido. Foi um acidente? Alguém fez de propósito? Enquanto meus olhos se ajustavam à escuridão, todo o ar em meus pulmões de repente saiu correndo quando ficou claro para quem eram as lágrimas de Sienna. Selene. Verificar o pulso dela confirmou o que eu já sabia. — Sienna, vamos colocá-la no chão. — Não! — Eu sinto muito. Mas ela se foi. — Não diga isso! Não diga isso, Aiden! Parei por um momento, sem saber o que fazer. Como Alfa, sentia uma conexão profunda com cada membro da Matilha. Qualquer perda de vida me feria muito, como se uma parte de mim fosse cortada. E o fato de ser a irmã de Sienna deitada aos meus pés... Senti como se meu coração tivesse se partido em dois. Eu estava à beira das lágrimas, mas consegui me conter. Eu precisava ser forte por Sienna. Haveria tempo para lamentar mais tarde. — Sienna... você precisa aceitar. É a única maneira de sabermos o que aconteceu. — Eu não posso! — ela gritou de volta. — Sim, você pode. Por favor... Ela continuou a soluçar enquanto eu a observava desmoronar por dentro. Minutos se passaram antes que ela cedesse e gentilmente colocasse o corpo quebrado de Selene de volta no chão. A forma como o pescoço de sua irmã estava dobrado era absolutamente horrível. Envolvi-me em torno de Sienna para cobrir seu corpo nu enquanto ela continuava olhando para o corpo sem vida. Ela derreteu em meus braços e se agarrou a mim, rasgando minha camisa enquanto chorava. Peguei meu celular. Aiden Venha para o jardim imediatamente. Aiden E traga toda a equipe de segurança também Josh Claro Josh o que foi? Aiden VEM LOGO. Logo, Josh e o resto da equipe de segurança da Matilha estavam em cena. Olhares de choque e horror percorreram todo o grupo quando perceberam a tragédia que havia acabado de acontecer. Sienna, compreensivelmente, não queria sair do lado da irmã. Parecia errado tentar afastá-la, como se aquilo a trouxesse de volta à realidade, então eu dei a ela espaço para deixá-la chorar. Era difícil dizer quanto tempo havia passado, mas ela finalmente encontrou forças para voltar para a Casa da Matilha. Continuamos a vasculhar a área para determinar a causa da morte. Concluiu-se que ela caiu da varanda superior — pelo meu palpite, uma queda de quase seis metros. Ver seu corpo sem vida enviou calafrios à minha espinha. Eu falei com ela menos de vinte e quatro horas atrás durante o jantar. Como isso pode ter acontecido? Eu estava devastado pela culpa. Ela, assim como a vida de todos os outros na Matilha, era minha responsabilidade. Meu coração partiu pela minha companheira. A dor que a consumia deve ser insuportável. Eu queria estender a mão e dizer a ela que tudo ia ficar bem, mas eu sabia que era mentira. A vida de Selene, assim como a vida de todos aqueles que a amavam, mudaria para sempre. Jurei naquele momento que faria tudo o que pudesse para descobrir o que aconteceu. SIENNA Eu não conseguia me mover. Sentei-me na sala de estar, enrolada apenas em um cobertor. Minhas lágrimas haviam escorrido, mas eu ainda podia sentir meu coração batendo forte no peito. Eu estava em perda total e completa. A luz âmbar que emanava da lareira lavava tudo com um brilho infernal. Sombras escuras lançadas pelas chamas dançaram ameaçadoramente nas paredes, envolvendo-me. Tirando sarro de mim. Foi um pesadelo do qual não havia como acordar. Pessoas ocupadas entravam e saíam, mas tudo era um borrão. Vozes falavam, mas eu não conseguia ouvir o que diziam. Eu tinha quase certeza de que Erica e Mia disseram algo para mim. — Sinto muito pela sua perda, — ou o que quer que as pessoas murmuram quando não sabem o que dizer. O tempo parou. Isso está realmente acontecendo? Sempre tentei estar um passo à frente de qualquer adversidade que surgisse em meu caminho, mas nada poderia ter me preparado para isso. Saber que o capítulo final de sua vida havia sido escrito parecia irreal. Era como se eu estivesse em uma realidade alternativa doente e fodida. Eu só queria rastejar para a cama com ela, como quando fiquei com medo quando era criança, e esperar que ela fizesse tudo ficar melhor. Minha mente continuava tendo visões de Selene caindo sobre o terraço e eu estendendo a mão para pegá-la, apenas para errar por meros centímetros. Se eu tivesse chegado lá mais cedo. Se eu não tivesse parado ao lado da estrada — Bruma de merda! O que ela estava fazendo lá em primeiro lugar? Um toque familiar roçou meu ombro nu quando um perfume floral me tirou dos meus pensamentos autodestrutivos. Meus olhos encontram os da minha amiga Michelle, que parecia radiante como sempre. Ela me pegou nos braços e segurou firme, sabendo exatamente do que eu precisava. - Eu sinto muito, Sienna... Não consigo imaginar o que você está passando. Se você precisar de qualquer coisa... — Obrigada... — eu consegui murmurar, e ela deixou por isso mesmo. Não demorou muito para que minha mãe e meu pai aparecessem com as crianças. Apesar dos olhos inchados e da voz trêmula de minha mãe, ela permaneceu tão composta quanto possível — claramente tentando ser a mais forte. Já meu pai era totalmente o contrário. Seus olhos estavam inchados e o rosto vermelho. Ele fez o seu melhor para estar ao lado dos filhos de Selene, dizendo a eles que tudo ia ficar bem, abraçando-os com amor... Mas até eles podiam ver que sua angústia interior combinava com a deles.Ele segurou minha mãe com força para se apoiar. Foi então que Rowan veio até mim e pegou minha mão, a única luz no fim deste túnel escuro. — Oi, querido... — eu disse amorosamente, colocando minha mão em sua bochecha. — Você está bem? A vovó e o vovó lhe contaram o que aconteceu? Ele assentiu. — Ela perdeu a cor. — Não entendi, — disse eu, — perdeu a cor? Ele estendeu o braço e apontou para mim. — Você tem uma cor. — Ele então começou a apontar ao redor da sala. — Vovó tem cor, vovó tem cor... Vanessa e River tem cor... Normalmente, eu poderia entender o que ele estava dizendo, mas ele estava sendo muito enigmático. Decidi não dar muita importância a isso, considerando apenas como fantasias infantis. — Parece que ele está falando sobre a aura de uma pessoa, — disse Michelle com entusiasmo, tentando ser útil. — Sério? — Eu disse, perplexa. Michelle ficou em silêncio. Eu sabia que ela gostava de astrologia, cartas de tarô e outras coisas, mas não conseguia lidar com suas tolices metafísicas agora. A presença do meu companheiro chamou minha atenção. Vê-lo novamente foi reconfortante, mas não o suficiente para tirar a dor. Eu disse a Rowan para ir passar um tempo com seus primos antes que eu fosse falar com Aiden. — Ei... como você está? — Ele perguntou, ternamente. Eu não respondi. — Desculpa. Pergunta idiota... — Ele disse desconfortavelmente. — Por que não vamos arranjar uma roupa pra você, — disse ele, apontando para o cobertor enrolado em mim. — Algo mais confortável II Novamente, eu não respondi. — Você tem razão. Eu sinto muito. Eu não quis dizer... Eu só queria dizer a você que Jocelyn está realizando a autópsia de Selene. Vamos ver se podemos entender o que aconteceu com ela. — Ela está morta, — eu disse com desdém, olhando para o nada. Aiden ficou em silêncio, claramente tentando encontrar as palavras certas. — Aiden... eu não queria... — Está tudo bem, — ele interrompeu. — Isso não é sobre mim. Enterrei meu rosto em seu peito, sentindo seu cheiro inebriante. Eu queria que ele me abraçasse e nunca mais me soltasse. — Tudo parece tão surreal... como se eu estivesse apenas existindo... como se não estivesse realmente aqui. — Eu posso ter empatia, — respondeu Aiden. — Eu me senti da mesma forma quando meu irmão morreu... Eu ainda sinto isso. Isso nunca passa. Eu gostaria de poder dizer que suas palavras foram reconfortantes, mas não foram. — Desculpe... provavelmente não é isso que você queria ouvir, — disse ele, timidamente. — Você não precisa se desculpar. Ele então beijou minha bochecha e passou as mãos pelo meu cabelo. A sensação trouxe um alívio temporário. Eu queria me perder em seu toque, mas meus pensamentos continuavam me levando de volta ao jardim. Vê-la jogada ali contorcida e desfigurada... Eu não conseguia tirar essa imagem da minha mente. E a dor que ela deve ter sentido... Pensar nisso tomava difícil respirar. Ela sempre fez parte da minha vida, desde o início. Ela era meu porto seguro. Minha confidente. Minha irmã. Mas naquele momento, ela se foi. Foi então que comecei a me sentir claustrofóbica e me afastei de Aiden. Ele tentou me puxar de volta, mas eu o afastei. — O que foi? — ele perguntou. — Eu não sei. Eu sinto como se tudo estivesse se fechando ao meu redor. A sensação começou a se intensificar. — Que tal pegarmos algo para você comer, — ele sugeriu. — Não. — Ou um pouco de chá quente... — Não quero comer nem beber nada, — disse eu, cada vez mais frustrada. — Bem, que tal encontrarmos algo novo para você vestir. Como eu disse, tenho certeza que você se sentirá melhor com... — EU DISSE QUE NÃO PRECISO DE NENHUMA ROUPA, PORRA! — PARA! POR FAVOR! Ele ficou em silêncio. Agora que eu tinha a atenção de todos, imediatamente me arrependi de minha explosão. — Olha... eu sinto muito. Eu não queria — eu sei que sua intenção foi boa, mas... Foi então que olhei ao redor da sala e vi aqueles rostos compridos olhando para mim, sem saber o que fazer comigo, até que meus olhos pousaram em minha mãe. Ela estendeu os braços, me chamando para ela. Minhas emoções tomaram conta quando corri e caí em seu abraço maternal. AIDEN Eu me senti impotente assistindo minha companheira. Eu gostaria que houvesse algo que eu pudesse fazer, mas eu sabia que só ela poderia achar o caminho para se recuperar. — Aiden, — uma voz suave me chamou por trás. Quando me virei, vi Jocelyn esperando por mim. Seus olhos estavam tão fundos quanto os de todos os outros. Nem mesmo a curandeira era imune à crueldade da morte. — Aiden, eu preciso te dizer uma coisa- — Espere, — eu disse, levando-a para fora do alcance da voz de Sienna. — Você descobriu algo? — Eu sussurrei. — Infelizmente, sim. Após um exame mais detalhado das feridas defensivas em suas mãos e... — Feridas defensivas?! — Eu exclamei. — O que isso deveria significar? Jocelyn respirou fundo. — Isso significa que a morte dela não foi um acidente. Capítulo 3 AIDEN As luzes fluorescentes da sala de exame ganharam vida, revelando o corpo pálido e nu de Selene deitado sobre uma mesa. Ela foi cortada e dissecada com incisões feitas em várias partes de seu corpo. Era difícil vê-la assim, especialmente a forma como seu pescoço se contorcia. Eu silenciosamente escapei com Jocelyn para impedir Sienna de saber o que eu estava fazendo. Eu sabia que ela iria querer vê-la, mas ela não estava em condições de vê-la assim... pelo menos por agora. Josh estava ao meu lado com a mão no meu ombro. Foi um alívio ter meu Beta ao meu lado. Apenas alguns raros estavam a par de me ver tão vulnerável. Nina também estava por perto, ajudando a limpar o sangue que havia derramado no chão. Não a tinha visto muito ultimamente. Pelo que pude perceber, ela passou a maior parte do tempo ali ajudando Jocelyn. — Como você pode ver, — Jocelyn disse, pegando uma das mãos de Selene, — As unhas de seu indicador e dedo médio foram dobradas para trás. Além disso, se você der uma olhada nas palmas das mãos, verá novas lacerações que não poderiam ter sido feitas desde a queda. — Você tem certeza disso? — Eu perguntei. — Se o que você está dizendo é verdade, isso significa que foi algo deliberado. — Sim, essa seria a conclusão lógica, — disse ela da maneira mais profissional que pôde, apesar de ter acabado de fazer a necropsia de uma amiga. — Suas lacerações e ferimentos na queda parecem ser o único abuso que ela recebeu. — — Apenas... — ' Eu zombei, correndo meus dedos pelo meu cabelo. — Ela perdeu algum pertence? — Pelo que eu posso dizer, — Jocelyn disse, apontando para uma mesa com os pertences de Selene. — Não parece haver nada faltando. A carteira dela ainda estava na bolsa, ela ainda tinha joias... nada parece fora do lugar. Parecia que minha mente estava mergulhada em ácido. Os eventos estavam acontecendo tão rapidamente que era difícil acreditar no que era real. Meu lobo estava gritando para ser lançado. Queria separar alguém. Mas quem? — Algum de vocês consegue pensar em uma boa razão para alguém querer machucá-la? — Eu perguntei. Mas Josh e Jocelyn estavam quietos. — Ela é uma das pessoas mais doces e atenciosas que conheço — conhecia... Por que diabos alguém iria querer matá-la?! Mas, novamente, minhas perguntas foram recebidas por um silêncio ensurdecedor. — Diga-me o que posso fazer, meu Alfa, — disse Josh de forma tranquilizadora. — Farei tudo o que puder para levar o assassino à justiça. Eu me virei e olhei diretamente nos olhos dele. — Eu preciso de você para ser meus olhos e ouvidos. Descubra quem fez isso. Não deixe pedra sobre pedra. — Ah, eu vou encontrá-los, — Josh respondeu com confiança, — Acredite,eles vão ter o que merecem. Ele me deu um tapa com firmeza nas costas e começou a sair, seus pés ecoando pelo chão de ladrilhos enquanto ele avançava. Mas então, ele inesperadamente se virou. — Ah, merda... — O quê? — Eu respondi. — Alguém falou com Jeremy? Ele ao menos sabe o que aconteceu? Porra. Ele estava certo. Com tudo o que aconteceu, eu tinha me esquecido completamente de Jeremy. — Difícil dizer... embora, mesmo que ele não tenha sido informado, ele está sem dúvida sentindo isso, — Jocelyn disse, olhando para baixo em direção ao corpo. O vínculo de acasalamento. Uma das forças mais fortes do universo. Uma conexão tão poderosa que, no minuto em que um dos parceiros morre, o outro murcha lentamente até que eles também não possam mais viver. Quando as pessoas são marcadas e acasaladas, é para toda a vida... literalmente. Uma tragédia inevitável que cai sobre todos os companheiros sobreviventes, como meu irmão. Vê-lo partir foi uma das experiências mais difíceis que já enfrentei. É por isso que temos protocolos e institutos de saúde mental para cuidar dos companheiros sobreviventes, para que possam viver seus últimos dias da maneira mais confortável possível. Se admitidos cedo o suficiente, muitas vezes podem evitar o risco de sofrer uma agonia muito maior. Uma descida à loucura. — Não se preocupe, Aiden. Eu vou encontrá-lo, — Josh disse com confiança. — Não. Eu preciso de você liderando a investigação. — Eu olhei para Jocelyn. — Posso contar com você para encontrar Jeremy? — Com certeza. Ele não deve estar longe, — ela respondeu. — Eu vou ajudar a procurar também, — Nina entrou na conversa. — Ótimo. — Eu concordei. — Ele vai precisar de toda a ajuda possível. SIENNA Todos ainda estavam reunidos na sala de estar quando terminei de colocar uma camiseta e uma calça de moletom. Meu rosto estava a maior bagunça, então tirei toda a minha maquiagem. Eu não me importava se as pessoas me vissem sem ela. Quando entrei nas câmaras, imediatamente me arrependi de voltar lá embaixo, pois todos os olhos se voltaram para mim. Olhares de tristeza e piedade estavam por toda parte. Eu odiava o jeito que eles olhavam, me colocando no centro das atenções. Eu sabia que ninguém queria fazer mal, mas a atenção que estava recebendo me fez sentir pequena e patética. Por trás, senti a presença de meu companheiro se aproximando. — Precisamos conversar, — ele sussurrou. Guiando-me para um canto despovoado da sala, ele me sentou e me contou sobre o que Jocelyn havia descoberto... que a morte de Selene não foi acidental. Ouvir a notícia me deixou em choque total e absoluto. Meu coração começou a bater forte. Eu não conseguia me mover. Eu podia sentir cada respiração. Teria sido uma coisa se ninguém fosse o culpado, mas saber que alguém intencionalmente lhe causou mal era inacreditável. Não fazia sentido. Quem iria querer machucá-la? Ela nunca fez mal a ninguém. Eu não conseguia parar de pensar em seus momentos finais — como ela deve ter ficado assustada. O único conforto que tive foi saber que as coisas não poderiam piorar. Eu tinha chegado ao fundo do poço com esta nova revelação. — A imprensa terá um prato cheio com isso, — eu disse. — Onde está Beatrice? — A Zeta da Matilha, encarregada de tudo que tinha a ver com relações públicas. — Ela ainda está em licença maternidade, — respondeu Aiden. — E ninguém pensou em encontrar um substituto? — Aiden ficou em silêncio. — Alguém precisa falar com eles logo para que possamos ir adiante. — Estou investigando. Felizmente, a história ainda não se espalhou. — Tudo bem, — ouvi a voz da minha mãe dizer, — Todo mundo pegou suas coisas? Quando me virei, vi Vanessa e River colocando suas mochilas. Eu me aproximei. — Onde você está indo? — Eu perguntei. — Está ficando tarde, — respondeu minha mãe. — As crianças deveriam dormir um pouco. Eles já sofreram o suficiente por hoje. Eu nem contei a eles sobre Jeremy ainda... Jeremy... eu quase esqueci completamente dele. Seu destino já estava selado. Outra tragédia esperando para acontecer. Só de pensar nisso, meu coração se partiu. — Mas eu já pedi para arrumarem um quarto para eles, — eu respondi. — Sim... mas, seu pai e eu sentimos que seria melhor afastá-los de tudo... isso. Por enquanto. — Você quer dizer, de mim? — Eu disse preocupada. — Sou totalmente capaz de cuidar deles. — Não foi isso que eu quis dizer, — ela respondeu rapidamente. — Eu só não queria que eles fossem um fardo extra em uma situação já tensa. Ela tentou se manter o mais firme possível, mas a julgar pela forma como seus lábios e voz tremeram, eu pude sentir a dor oculta que ela carregava. Não que eu a culpasse. Afinal, perder uma filha assim... Eu não sabia o que faria se algo assim acontecesse com Rowan. Como as pessoas seguem em frente? Não consigo imaginar como deve ser isso. — Além disso, vai ser bom ter meus netos por perto, — disse minha mãe, ajudando Vanessa e River a terminar de se arrumar. — Eu também quero ir, — disse Rowan a ela, quando ele se aproximou. — Tenho certeza que sim, querido, — respondeu minha mãe, — mas você é necessário aqui. Sua mamãe precisa que você cuide dela. — 'Mas eu também quero ir! — Ele gritou. — Rowan... — mamãe disse, claramente preocupada. — Foi um dia muito agitado. Talvez amanhã, ok? Ela então se inclinou para mim e sussurrou: — Sinto muito, mas simplesmente não posso... não agora. Já vai ser bem difícil cuidar desses dois. — Então eles podem ficar aqui— — Não, — ela interrompeu, — Eu preciso disso. E foi então que caiu a ficha. Ela precisava deles porque precisava de Selene. Tê-los em casa significava que uma parte dela ainda estava lá. Não pude evitar de me perguntar se ela sentiria o mesmo se fosse comigo. Ela deu à luz Selene. Eu era apenas um complemento. Será que ela pensa em segredo que a filha errada sobreviveu? Sei que era egoísmo contemplar essa possibilidade, mas não pude evitar. Então, respirei fundo e fiz o meu melhor para deixar de lado esses pensamentos. Eu provavelmente estava apenas deixando minha paranoia tomar conta de mim. Eu precisava dormir. — Tudo bem então... se você precisar de alguma coisa, não hesite em ligar. — Dei aos meus pais e às crianças um último abraço de despedida antes de irem para casa. Logo depois, todos os outros começaram a deixar a Casa da Matilha. Michelle ficou por mais tempo, sem surpresa. Era típico dela ser a última a comparecer aos eventos e a última a sair. Normalmente, eu achava irritante, mas desta vez me deu conforto. Quando todos foram embora, eu tranquei as portas do corredor e acompanhei Aiden até o sofá, sentando em seu colo em frente à lareira. Meu corpo parecia drenado. Nos abraçamos sem dizer uma palavra, deixando o crepitar das chamas ser nossa única música. O peso de tudo o que aconteceu fez minhas pálpebras pesarem. Comecei a cochilar, mas acordei sacudindo quando a silhueta de um menino se aproximou. — Oi, querido, — eu disse a ele. — Você gostaria de sentar com a mamãe e o papai? Mas ele não reagiu. Foi quando percebi que ele não estava olhando para nós, mas para algo atrás. — O que foi Rowan? Algo está errado? — Eu disse, virando- me para olhar. Um sorriso se espalhou por seu rosto. — Tia Sei... — ele disse, apontando por cima do meu ombro. — Rowan... tia Selene se foi. — Foi a primeira vez que eu tinha dito aquilo em voz alta. — Você entende? Uma expressão de confusão cruzou seu rosto. — Rowan? — Tia Sei disse para beber mais champanhe. Meu coração parou. Capítulo 4 Blog do Romi Chamic ASSASSINATO NA CASA DA MATILHA Em uma série de eventos chocantes ontem, o blog revelouum escândalo que se desenrolava na Pack House. Sienna Norwood, companheira de Aiden Norwood, que alguns dizem ser o Alfa mais fraco da Matilha da Costa Leste em um século, descobriu Selene Mercer-Gibbs, sua irmã, assassinada nos terrenos da Casa da Matilha... SIENNA Eu encarei a tela do meu laptop, com as bochechas coradas e as orelhas zumbindo. Isso não pode estar acontecendo. E de repente vi o nome de Selene na tela brilhante, bem ao lado da palavra — assassinada. —.. Minha garganta, dolorida de tanto chorar, doía, e eu pressionei a mão na boca. Por que isso é uma surpresa? Eu sabia que eles começariam a circular — aqueles abutres da mídia. Mas, de alguma forma, ver aquilo - #SeleneMercerGibbs era tendência no Latter, assim como #AssassinatoNaCasaDaMatilha. O latido original com o link para o artigo do blog tinha se tomado viral e sido compartilhado mais de quatrocentas vezes, e o número ainda estava subindo. Artigos idênticos estavam surgindo. Parecia que todos já estavam falando sobre isso e era muito cedo. Cliquei para ver os comentários. Era típico. Muitos dos artigos e latidos questionavam como a segurança frouxa na Casa da Matilha tinha permitido que tal coisa acontecesse. Esfreguei minhas têmporas e empurrei meus dedos em meu cabelo. Eu tinha sido fundamental para reduzir a segurança ao longo dos anos. O desejo de ser uma mãe superprotetora era grande, mas eu lutei contra isso. Eu queria que a vida de Rowan fosse o mais normal possível, e quem precisa de tanta segurança tendo poderes divinos para invocar? Pelo visto, Selene. Minha irmã, que não tinha poderes divinos para salvá-la quando ela precisou deles. Aí, Selene. Isso é tudo minha culpa. Deixei cair meu rosto em minhas mãos, permitindo que um soluço estremecesse através de mim enquanto meu cabelo ruivo e espesso caía para frente, uma cortina contra o mundo. Eu fiz uma careta com o latejar insuportável na minha garganta. Parecia a dor do meu remorso. Todo o meti poder, e não pude salvá-la. Eu te deixei vulnerável e você foi morta. Exceto por aquela sensação dolorida e inchada em meu esôfago, uma dormência se espalhou por mim e eu olhei para cima. Com o frio se infiltrando, comecei a ver as postagens com a #AssassinatoNaCasaDaMatilha. Cada vez que um novo latido de Selene surgia, eu estremecia. Sienna? ' Era Aiden, bonito em seu suéter de casimira roxo escuro e calça cinza, parado na porta da cozinha. Eu olhei para ele, o horror e dormência acumulados em torno do nó na minha garganta, obstruindo minhas cordas vocais. — Sienna, o que aconteceu? — Ele perguntou, se aproximando. Fechei os olhos com força e balancei a cabeça. — E simplesmente horrível, — eu sussurrei, meus olhos ainda fechados. Foi um alívio, percebi, não olhar para a tela. Os comentários desagradáveis. As fotos. Os artigos acusatórios. Senti, em vez de ver, Aiden virando-se para o meu ombro. O ar ao redor de seu corpo estava quente, e eu me inclinei contra a caxemira que cobria seu peito, esfregando meu rosto com minhas próprias mãos frias. — O quê? Que porra é essa? — Eu o ouvi rosnar. Eu abri meus olhos para ver a que ele estava reagindo. Essa foto horrível? Não. O artigo do blog. — Quem diabos essa pessoa 'Chamic' pensa que é? — Aiden fumegou. Ele se afastou de mim e eu senti a perda de sua proximidade como se fosse cair no vazio que ele deixou para trás. — Eu deveria fechar esse maldito blog! — Aiden continuou, cerrando e abrindo os punhos. Em dias melhores, eu teria argumentado. Eu o teria afastado da censura. Mas não consegui encontrar o testamento desta vez. Meus olhos voltaram para a tela, atraídos como ímãs relutantes. Toquei no botão para ver minha própria linha do tempo. Eu balancei minha cabeça, olhando para meu companheiro. Pessoas criticando Aiden não eram nenhuma novidade, e ele sempre permitiu isso — mais do que muitos alfas, na verdade. Mas eu tinha a sensação de que a generosidade de Aiden não suportaria o assassinato de Selene tão bem. Eu mesma tive vontade de alcançar a tela e agarrar o Curtis Paul e outros semelhantes, que estavam fazendo isso para atacar o Alfa da Matilha da Costa Leste. Aiden sem dúvida sentia o mesmo. — Soube dele? — Aiden perguntou, voltando-se para mim. Por um momento, não tive certeza de quem ele estava falando. Então eu olhei de volta para minha tela. Ah. O autor do blog, é claro. — Não conheço ninguém chamado Chamic. Você sabe que evito esse tipo de blog de qualquer maneira. — Algum novato, — disse Aiden, amargamente. — Tentando fazer sucesso com Selene. Verme. Suas mãos estavam em punhos ao lado do corpo, e ele respirou fundo, soltando o ar lentamente. Lágrimas picaram meus olhos e Aiden percebeu. Ele fechou a distância entre nós, estendendo a mão aberta para mim. — Ei, — ele disse. Quando peguei sua mão, ele me puxou para fora da cadeira e fechou o laptop. — Ei, vai ficar tudo bem. Vou encontrar esse Chamic e acabar com isso. — Ele é um ninguém. O Jornal da Matilha pode ir atrás dos canais apropriados se quiserem escrever artigos sobre o assunto. Esse cara, vamos nos livrar dele. Eu fui para seus braços e Aiden me segurou com força. — E tudo tão irreal. Eu sinto que estou boiando, — eu sussurrei. — Eu sei. Eu continuo esperando acordar. Com uma respiração profunda, me afastei o suficiente para encontrar seus olhos. — Você ouviu alguma coisa de Jeremy? Aiden balançou a cabeça. — Estou realmente preocupado. — Você não acha que ele... Balançando a cabeça novamente, Aiden disse: — Não. Ainda não. Nunca ouvi falar que acontecesse tão rápido. Temos que encontrá-lo. Talvez haja uma maneira... Eu suprimi uma careta. Quem era eu para discutir com a esperança de Aiden? Mas eu nunca tinha ouvido falar de um companheiro sobrevivendo à morte de seu parceiro. A ideia de Jeremy... sofrendo. Morrendo. Meus olhos turvaram e enxuguei as lágrimas. Como isso pode ser real? Como as coisas podem ser tão horríveis? Eu olhei o rosto de Aiden. Seus profundos olhos verdes. Sua mandíbula grisalha. A luz fria da manhã vinda da janela da cozinha iluminava suas maçãs do rosto e a linha suave de sua testa. Eu morreria, pensei. Eu simplesmente morreria. Imediatamente. Aiden parecia saber o que eu estava pensando. Ele agarrou minhas mãos e apertou-as com força, pressionando-as contra o peito. Eu podia sentir seu batimento cardíaco por baixo. Ele me soltou quando seu celular começou a vibrar. Por um instante, pensei em sugerir que desligássemos os aparelhos e nos enterrássemos na cama. Mas Rowan levantaria logo. Não havia como escapar neste dia. Eu senti uma dor de cabeça começando atrás dos meus olhos. Tudo estava muito claro. Aiden, parado a poucos metros de distância, murmurou em seu celular. Ele sentiu meu olhar e o encontrou. Ele estava me dando um sorriso que brilhou apenas em seu olhar, não em sua boca. Era um olhar caloroso e me senti um pouco menos à deriva. — Ok, estou indo, — disse ele, encerrando a ligação. — Estou saindo. — Tudo certo? — Sim, — disse ele, seus olhos demorando de uma forma que quase iluminou o calor da Bruma dentro de mim. Quase, mas a chama gotejou e apagou-se assim que tremeluziu. Como eu poderia me permitir sentir algum prazer quando Selene estava morta? — Jocelyn e Nina estão procurando por Jeremy, e Josh está tentando acompanhar o Esquadrão de Caçadores em colaboração com a polícia, então ele não está na Casa da Matilha. Eu deveria ir até lá. Talvez eu possa pesquisar mais sobre esse blog, — continuou Aiden. Aiden saiu da cozinha e foi para a sala de estar, cruzando para a porta da frente. — Você sabe que não precisa ir a lugar nenhum ou fazer nada hoje, — disseele enquanto verificava sua carteira e colocava seu celular no bolso interno de um blazer cinza que ele tinha vestido. — Eu acho que há uma criança de cinco anos que pode discordar, — eu disse, indo atrás dele. Aiden deu um pequeno sorriso e se virou para a porta, abrindo-a. A reação externa foi instantânea. Ficamos cegos e recuei. Luzes piscando. Repórteres berrando. Câmeras balançando para nos capturar. Um mar de paparazzi. Estávamos presos. MICHELLE Enquanto eu estacionava no final da garagem de Sienna e Aiden, eu só consegui entrar um pouco porque já havia muitos carros e vans lá. Meu coração disparou. Os flashes. As lentes apontaram para mim. Pessoas fazendo perguntas. É para isso que nasci. Estacionei e alisei minha saia azul marinho, tomando cuidado ao abrir a porta para exibir minhas pernas da melhor maneira possível. Flashes me recompensaram enquanto eu saía do Audi. O modelo do ano passado, infelizmente, mas ainda assim causaria uma impressão. — Michelle! Michelle! — Os repórteres chamavam. Música para meus ouvidos. — Michelle, é verdade que o Alfa suspeita que alguém em sua própria Matilha é o responsável? — Michelle, como está Sienna? Ela teve um colapso nervoso? — Michelle, onde está Jeremy? Dei a todos um sorriso cortês, mas não era o momento de dizer nada. Eu apresentei a eles algumas poses indiferentes enquanto subia para a casa. Eu mal tinha chegado à porta quando ela se abriu e Sienna me puxou para dentro. Sienna estava um caco. Olhos avermelhados e manchas nas bochechas. Uma bata toda amarrotada que já tinha sido bem melhor. Leggings. Ainda assim, quem poderia culpá-la, dadas as circunstâncias? — Ei, Si, — eu disse, dando um abraço nela. — Ah, Michelle! — Sienna disse, seus olhos brilhando. Sua voz estava rouca. Ela deve ter ficado acordada a noite toda chorando. — Que tal começarmos com um banho e algumas roupas limpas? — Eu sugeri. Não que ela fedesse. Muito. — Mas e aquelas — aquelas pessoas? — ela perguntou. Peguei as mãos de Sienna. Elas pareciam frias e quebradiças. — É o seguinte. Talvez eu vá lá e peça para eles desbloquearem a entrada da garagem. Dar a eles uma pequena coletiva de imprensa? Nesse momento, Aiden entrou e me deu um aceno. — O que você acha, Aiden? Devo ser seu secretário de imprensa não oficial? Beatrice está de licença maternidade, certo? Aiden semicerrou os olhos para mim. — Não tenho certeza, Michelle, — disse ele. — Bea tem todo um sistema. Ela sabe com quais repórteres falar e quais ignorar... — Quer dizer, eu sei que você está na revista há dois anos- — Dois não, três, — eu disse, mas mantive minha voz alegre. Aiden nunca prestou muita atenção em mim ou em meus esforços profissionais, e isso era irritante, mas não era hora de mostrar aborrecimento. — Ok, três, mas você é uma consultora de publicidade Gerente de publicidade. — Certo. Não é realmente um trabalho que interage com a imprensa... — Eu interajo com todo tipo de pessoa, — eu disse. — Tenho que ser assertiva, firme e diplomática... Aiden suspirou. Sienna inclinou a cabeça para ele, inclinando-se na minha direção. Obrigado, Si. E bom ter seu apoio. — Aiden, eu posso fazer isso, — disse eu, levantando minhas sobrancelhas e dando-lhe um pequeno sorriso. — Deixe-me fazer isso por vocês. Aiden suspirou. — Quer saber? Tá certo. Eu não me importaria de delegar tarefas de imprensa para alguém, com Bea fora. — Então está resolvido, — eu disse, com um arrepio subindo pela minha espinha. As coisas estavam muito desanimadoras agora, mas pelo menos eu tinha uma coisa para cuidar e fazer a diferença. — Eu cuido disso. Eu os deixei e saí para a varanda em estilo grego da mansão Norwood e olhei para os rostos e lentes brilhando em minha direção. Jogando meu cabelo castanho ondulado por cima do ombro, dei a eles meu melhor sorriso — sério e comedido. — Michelle! Michelle! — Todos eles começaram novamente. Eu levantei a palma da mão e os repórteres se acomodaram. — Bom dia a todos, — eu disse. — Eu espero que estejam bem. Como tenho certeza de que podem entender, esta é uma época muito difícil para os Norwoods. Eu mesma estou chocada — devastada — com o assassinato de Selene. Eu os tinha na palma da minha mão. Um rubor inesperado se espalhou por mim. Prendi minha respiração de surpresa. Prazer. Excitação. Luxúria. A Bruma! Agora?! — É verdade que Jeremy Gibbs está desaparecido, — consegui dizer. — Alfa Norwood colocou seu melhor pessoal nisso. Estamos todos muito preocupados e agradecemos as informações do público. Olhei diretamente para a maior câmera de TV. Uma onda de desejo mais forte percorreu meu corpo, fazendo-me sentir calor. Merda, isso não é bom. Capítulo 5 MICHELLE Meus lábios se separaram e uma respiração profunda percorreu meu corpo. — Por favor, se você vir alguma coisa... Jeremy Gibbs está perturbado e precisa de atenção médica imediatamente. Relate qualquer suspeita à Casa da Matilha imediatamente. As narinas de um dos repórteres na frente dilataram-se quando dei o número do telefone. Filho da puta. Estou produzindo feromônio. O pensamento apenas atiçou as chamas, no entanto. Eu preciso de Josh, pensei, lutando para esconder o quão excitada eu estava ficando. Todas aquelas câmeras. Todos aqueles microfones. Todos apontados para mim. — Michelle, o Alfa tem alguma pista do assassino? — Um homem com uma camisa listrada ligou. — Alfa Norwood tem seu melhor homem liderando a investigação — meu marido, o Beta Josh Daniels. — Apenas dizer o nome de Josh em voz alta me fez sentir um arrepio. Eu estava com tanto calor. Enfiei um dedo entre meu colarinho em forma de V e meu peito. — Michelle, dizem que Sienna desmaiou de tristeza. Você pode confirmar? Só querem saber de Aiden e Sienna. O pensamento amorteceu um pouco a Bruma, o que foi bom. Era muito difícil me concentrar quando meu corpo estava em chamas. — Sienna está compreensivelmente perturbada, — disse Michelle. — Ela está fazendo o melhor que pode em um momento difícil. Várias pessoas concordaram ao mesmo tempo, suas perguntas sobrepostas ininteligíveis. Tornou-se opressor. — Sem mais perguntas hoje, pessoal, — eu disse, levantando as duas mãos. — E só um recadinho — vocês estão bloqueando a entrada da garagem. Se não quiserem ser rebocados, movam seus veículos para que as pessoas possam entrar e sair, ok? Eu sorri e pisquei para eles. A série de flashes que se seguiu acendeu a Bruma novamente. Merda, eu preciso do Josh. Enquanto eu caminhava para o meu carro, liguei para ele. — Oi, amor, — disse ele quando atendeu. — Me encontre na Casa da Matilha, — eu disse, a voz ofegante de desejo. — Agora mesmo. *** Eu o empurrei contra a parede assim que chegamos em seu escritório. Sua boca estava no meu pescoço e desceu para o meu ombro, suas mãos em meus quadris, puxando a saia. Josh me agarrou e me girou para que minhas costas pressionassem a tinta fria da parede. Senti a picada de garras na pele das minhas coxas e meus olhos se abriram. Ele encontrou meu olhar — seus olhos estavam amarelados, mudando para lobo. Comecei a ofegar. Seu animalismo era tão excitante. — Porra, Josh, — eu engasguei quando ele puxou a saia para cima em volta da minha cintura e rasgou minha calcinha. Ele correu as garras de uma mão pela minha coxa, deslizando entre as minhas pernas, desenhando as pontas afiadas sobre a pele macia ali. Um grito escapou da minha boca e comecei a agarrar seu cinto. Ele tinha uma fivela grande e pesada e eu me esforcei para tirá-la. Eu sofria por ele. Eu tinha que tirar aquelas calças. Mas Josh estava de mau humor — agressivo. Ele bateu em minhas mãose tirou a fivela ele mesmo. Seu domínio me excitou. A Bruma cresceu dentro de mim como uma bolha. Eu o deixei me virar e me empurrar sobre sua pesada mesa de ébano. Ele arrancou minha blusa e quebrou o fecho de trás do meu sutiã, liberando meus seios. Normalmente, eu teria ficado puta — aquela blusa era Prada — mas eu queria tirar aquelas roupas, e não me importava como ele faria isso. — Ai, merda, — eu sibilei quando senti suas mãos — sem mais garras agora — deslizarem entre a minha bunda. Elas se moveram para baixo e afastaram minhas coxas. Comecei a choramingar enquanto ele explorava os lábios do meu sexo. — Josh... — eu respirei. Ele deslizou dois dedos dentro de mim. Depois, três. Eu ofeguei, separando minhas pernas mais, querendo seu pau. — Por favor... — Você quer que eu te foda, Michelle? — ele sussurrou em meu ouvido. Então ele puxou meu cabelo. — Você quer agora? — Sim! — Eu disse, o que fez a Bruma explodir em mim. Josh empurrou a palma da mão contra minhas costas, me curvando sobre a mesa. Este é um novo movimento. Havia algo novo nele. E eu gostei. Em seguida, seu volume pressionou meu sexo. Minha respiração ofegante acelerou. Fechei os olhos e ainda podia ver os flashes e as lentes de antes. Josh colocou dentro de mim. Duro. Um grito me escapou, e quando ele começou a meter, repetidamente, cada penetração me fazia gritar novamente. Era como ser selvagem. A linguagem se foi. Apenas ruídos inarticulados. Senti as garras novamente, nas costas e no quadril. Ele estava grunhindo enquanto empurrava. O som dele. A maneira como ele me preencheu, profundo e forte, com cada empurrão violento. A dor aumentou e meus gritos ficaram mais altos. As garras se cravaram e eu gozei, soltando um grito. O orgasmo passou por mim em ondas de choque. Ele fez um barulho sufocado, gozando também. Meu corpo estremeceu e eu gemia de prazer. — Michelle, — ele engasgou, enquanto a onda de Bruma diminuía. Estávamos esparramados sobre a mesa. Ele se retirou e caiu no chão. Eu deslizei para me juntar a ele. Sentamos no chão, lado a lado, encostados na mesa. Eu apertei sua mão. — Eles vão me deixar ajudá-los com a imprensa. — Aiden e Sienna? Como eles estão? — Como você esperaria. Sienna está um desastre e Aiden está caindo sobre si mesmo para tentar tomar as coisas melhores para ela de alguma forma. — Precisamos dele aqui na Casa da Matilha em algum momento hoje, — Josh disse com um toque de aborrecimento. — Quer dizer, eu entendo que ele precisa ajudar a companheira dele, mas ele tem responsabilidades com a Matilha. — Quando isso importou para Aiden? E tudo sobre Sienna. Sempre foi. Sienna e Rowan. Sim, — eu concordei. Josh se espreguiçou. — Sabe, há cada vez mais pessoas reclamando da ideia de Rowan ser herdeiro de Aiden. — A facção de Singh, — eu disse com um aceno de cabeça. — Sim, mas não só ele. Não apenas aquela multidão conservadora mais velha. Você ficaria surpreso com a quantidade de jovens lobos que estão embarcando neste movimento 'Somos Todos Puros'. Eu estava ciente. Tudo que você precisava fazer era prestar atenção no Latter para ver o desenrolar. A infertilidade de Sienna estava minando seriamente a legitimidade de Aiden como Alfa, e ele se recusava a reconhecer isso. — Rowan ainda não mostrou nenhum sinal de transformação, — eu disse. — Está tudo uma confusão, — disse Josh. SIENNA — Algumas vans de TV saíram, — disse Aiden, olhando pela janela do quarto enquanto eu estava no meu closet, enrolada em uma toalha, olhando para minhas roupas. — Parece que Lexa chegou para cuidar de Rowan também. Nossa, olhe para eles, se amontoando em volta dela, — ele acrescentou. — Eu acho que isso significa que você pode ir para a Casa da Matilha agora, — eu disse. Ele apareceu na porta do meu armário. — Eu acho, — ele disse. — Que não quero deixar você sozinha, ruivinha. Vem comigo? Eu fiz uma pequena careta. — Eu não quero sair por aí. Eu não posso enfrentar essas pessoas. — Vou mandar todos eles se foderem. Isso trouxe um sorriso inesperado ao meu rosto. — Não, — eu disse. — Não faça isso. Você disse a Michelle que a deixaria cuidar da imprensa. Ela ficaria tão desapontada se você fizesse todos irem embora. Aiden sorriu de volta para mim. — Verdade. — Eu gostaria que pudéssemos sair desta casa. É uma pena que não podemos simplesmente fugir pelos fundos. — Por que não? — Aiden disse. — Lexa está aqui. Vou descer e checar com ela, e então podemos decolar. — Decolar? — Eu ecoei. — Sim, — disse ele calorosamente, — Vamos dar uma corrida. *** Pulamos sobre um tronco caído, ombro a ombro, correndo pela floresta que conectava nossos terrenos privados aos da Casa da Matilha. Nós nos transformamos dentro de nossa casa. Em seguida, disparamos antes que qualquer um dos repórteres tivesse chance de reagir. A sensação de meus músculos trabalhando, o ar correndo sobre meu pelo, a liberdade de deixar para trás tudo que é humano — sem roupas, sem palavras e sem responsabilidades — era exatamente o que eu precisava. Aiden, com seus pelos pretos brilhando sempre que os raios de sol os atingiam, passou na minha frente e liderou o caminho por um tempo. Então, de brincadeira, mordi seus calcanhares, me permitindo esquecer tudo por um momento, e ser apenas uma loba. Aiden se virou e agarrou-me, brincando comigo. Eu me controlei e saltei sobre ele, jogando-o de lado, e rolamos juntos, como filhotes lutando. Quando a queda terminou, no entanto, estávamos ambos em corpos humanos novamente. Corpos humanos nus. Eu me senti tão bem, deitada em seus braços, minha pele leitosa contra seus tons de oliva. Seus olhos estavam semicerrados. Ele estava excitado. A Bruma estava pinicando as bordas da minha consciência e, desta vez, deixei o sentimento crescer. Pavor e tristeza espreitaram em torno dos meus pensamentos, mas me agarrei à alegria da corrida. Eu não queria enfrentar esses sentimentos novamente. Aiden passou a mão da minha bochecha, ao longo do meu pescoço, até a borda do meu ombro e, em seguida, desceu pela minha clavícula até a base da minha garganta. Eu arqueei minha cabeça para trás e ele beijou o local entre minhas clavículas. Sua boca era como veludo, e senti meus mamilos roçarem seu peito. O som de um galho quebrando foi o único aviso que recebemos. Capítulo 6 AIDEN Um borrão cinzento nos atingiu. Nós nos separamos e eu me transformei imediatamente. Rosnei e avancei para o lobo que nos atacou, mas na minha próxima respiração, tudo se encaixou no lugar. Jeremy. Ele estava louco de tristeza. Jeremy estava me mordendo, rosnando e fazendo barulhos de dor. Meu coração batia com o dele. Em circunstâncias normais, um ataque como aquele teria significado a morte para ele. Mas essas circunstâncias estavam longe de ser normais. Jeremy gritou e se lançou sobre mim — como um lobo selvagem preso em uma armadilha, ele estava atacando sem pensar. Ele estava tão louco, ele era realmente perigoso. Eu não tinha interesse em lutar com ele, mas precisava subjugá-lo. Como eu poderia fazer isso sem machucá-lo, e sem ele me machucar? Ou Sienna? Eu lancei um olhar para Sienna. Ela estava parada ao lado de uma árvore, observando. Pela expressão em seu rosto, ela o reconheceu também. Ela encontrou meus olhos e me deu um aceno de cabeça. Eu pulei, usando todo o meu peso para derrubar Jeremy. Ele sacudiu a cabeça e lutou, mas não havia estratégia em seus movimentos. Em seu melhor dia, Jeremy não poderia ter me derrubado. Mas naquele momento, ele estava me fazendo suar para conseguir pará-lo. Merda. Ele pegou minha perna dianteira e seus dentes rasgaram minha carne.Eu gritei e rosnei, mostrando as presas. Jeremy cavou na minha barriga com suas garras traseiras. Então, em um borrão de vermelho, Sienna entrou na briga. Não! Fique para trás! Mas ela o empurrou para longe de mim, e agora ela estava rolando com ele. Sienna! Usando meu ombro como um carneiro, eu a derrubei. Eu me virei e ataquei novamente, prendendo Jeremy. Eu apertei minhas mandíbulas em sua garganta, fazendo com que ele se parasse. Funcionou, mas e agora? Se eu o soltasse, ele provavelmente fugiria de novo. Merda. O que eu poderia fazer? SIENNA Jeremy. Meu deus. O som de um lobo chorando pode quebrar seu coração? Talvez, mas meu coração já estava partido. Seus gemidos apenas faziam os pedaços palpitarem. Estremecendo, observei enquanto Aiden dominava o lobo cinzento, prendendo-o e levando sua garganta em suas mandíbulas de pelo preto. Eles ficaram assim por um momento. Então me dei conta. O que Aiden poderia fazer? Jeremy estava louco. Ele não iria se comportar racionalmente se Aiden o deixasse ir. Eu não gostava de usar meu poder a menos que fosse necessário. Fazia pelo menos um ano desde a última vez. Mas esta ocasião exigia isso. Estreitando meus olhos, eu examinei as árvores e arbustos na área e me concentrei. Hesitei em uma bétula de casca branca — suas raízes eram rasas, mas eu queria algo mais macio. Por fim, me acomodei em uma amoreira. Concentrei-me em suas raízes, incentivando-os a brotar como se estivessem crescendo como mudas. Eles cavaram primeiro sob o solo, depois romperam a superfície, flexível e cheia de ervas daninhas. Como cobras finas, as raízes deslizaram pelo chão da floresta para onde Aiden segurava Jeremy. Enquanto eles se enrolavam em sua forma lupina, sua força foi deixando-o. Seu corpo se contorceu e ele se transformou em humano. Sua pele estava coberta de hematomas e arranhões. Estar na forma humana não o impediu de gemer de tristeza, no entanto. — Obrigado, — Aiden disse para mim enquanto eu comandava as raízes para se separarem da amoreira e terminar de envolver Jeremy. Não muito apertado, mas confortável o suficiente para impedi-lo de escapar. Seus olhos febris encontraram os meus. A dor era tão forte que tive que desviar o olhar. Eu me desconectei da árvore e senti uma onda de exaustão tomar conta de mim. Usar meus poderes sempre cobrava um preço. Com a minha próxima respiração, eu senti o início da dor em meus ossos. Eu suprimi um gemido e girei, tentando aliviar o desconforto, mas não havia como escapar da dor nos ossos depois de usar meus poderes. Felizmente, este foi apenas um pequeno ato. A dor não deveria ficar insuportável ou durar muito tempo. Eu esperei. Olhando para trás, para Aiden e Jeremy, vi que meu companheiro colocou a mão na testa de Jeremy. Um gesto de simpatia. Jeremy fechou os olhos. Sua respiração desacelerou e ele finalmente parou de fazer aqueles ruídos horríveis. — Acho que ele desmaiou, — disse Aiden. — Exausto. — Ele está descontrolado há quase vinte e quatro horas? — Sim, — reconheceu Aiden. — Vamos levá-lo para a Casa da Matilha, agora. JOCELYN Não é tão incomum quanto você poderia esperar, três pessoas, uma delas o Alfa, entrando na Casa da Matilha completamente nuas. Mas essa entrada causou um rebuliço. Felizmente, a maior parte da imprensa estava acampada no final do caminho, esperando, então eles perderam quando três pessoas nuas saíram da floresta. — Jocelyn! — Eu ouvi Aiden chamando do vasto salão que servia como um foyer para a Casa da Matilha. — Jocelyn! Corri para fora da biblioteca onde estava tentando encontrar algo — qualquer coisa — sobre o vínculo de acasalamento que condenava Jeremy a seguir Selene na morte. Eu vi o objeto da minha pesquisa, transportado entre Aiden e Sienna. Atrás deles, através da porta, uma pequena horda de repórteres estava atacando. Pressionei um dos botões do intercomunicador localizados em pontos estratégicos ao redor da Casa da Matilha. — Segurança! Sienna e Aiden tinham Jeremy envolto em raízes finas e retorcidas. Sienna havia usado seu poder. Eu olhei para ela. Ah, sim. A dor nos ossos já havia começado. Mas hoje, minha principal preocupação era Jeremy. Eu dei uma olhada para dois dos quatro seguranças que apareceram um momento depois. — Peguem uma maca, — eu disse a eles enquanto corria para o lado de Jeremy. Em pouco tempo, transferimos Jeremy para minha suíte médica. Os guardas me ajudaram a trocá-lo da maca por uma cama e usei minha tesoura cirúrgica para cortar as raízes dele. Eu estava tão feliz por finalmente tê-lo ali. Eu não achava que havia muito que eu pudesse fazer para salvá-lo, mas pelo menos eu poderia deixá-lo confortável enquanto tentava encontrar algo. Qualquer coisa. SIENNA De volta à Casa da Matilha. De volta onde Selene viveu seus últimos momentos. Eu me vesti sem pensar, puxando uma blusa branca e um moletom cor de damasco do armário da sala de estar. Olhando ao redor, pela primeira vez em minha vida, me perguntei se o espírito de uma pessoa perdura após a morte. Selene estava me observando agora? A ideia fez meu coração saltar até a garganta. Eu esperava que ela estivesse? Ou isso me apavorava? Meus sentimentos estavam uma bagunça — mais emaranhados do que as raízes em que envolvi Jeremy. Luto distorcido com culpa. Sinto muito, Selene. Sinto muito por não estar aqui para ajudá-lo. A culpa transformou-se em raiva. Quando eu descobrir quem fez isso, vou desmembrá-los. Aiden entrou então — ele acompanhou Jocelyn e os guardas para acomodar Jeremy. Sentei-me em um sofá e observei-o se vestir, incapaz de apreciar a visão dele como normalmente faria. Ele escolheu um suéter dourado tricotado com uma lã ligeiramente felpuda. Mohair, eu me perguntei? Selene saberia. Esse pensamento tocou meu coração. Eu engasguei com o inesperado disso. Era assim que seria de agora em diante? Associações aleatórias a Selene esfaqueando como facas quando eu menos esperava? Deus. Eu me senti à deriva. Se Selene estivesse ali, eu não poderia senti-la. Como eu teria outra chance de falar com ela? Em algum túmulo em um cemitério? Em uma fileira e coluna de sepulturas semelhantes? A imagem em minha mente era insuportável. Selene, enterrada sob uma lápide, uma entre centenas. — Eu a quero no terreno do Alfa, — eu disse em voz alta. Aiden piscou para mim, no meio do caminho puxando o suéter. — O terreno do Alfa? — Aiden disse, alisando-o sobre seu torso. Com esforço, superei a angústia que sentia. A dor nos ossos, ainda presente, na verdade ajudou com isso. — Sim, — eu disse, esticando uma perna. — Quero poder visitá-la lá, não no cemitério de Mahiganote. Michelle entrou na sala então. Ela estava usando uma blusa emprestada também, eu percebi, e me perguntei se ela havia se transformado recentemente. — Visitar quem e onde? — Disse ela, escovando o cabelo por cima do ombro. Eu vi seus olhos se voltarem para mim — observando o moletom, a camiseta branca básica. Desculpe, Michelle. Eu simplesmente não dou a mínima agora. — Selene, — eu disse em resposta a sua pergunta. — Eu não quero visitá-la em um cemitério normal. Eu quero um pouco de privacidade e algum controle sobre o espaço. Eu a quero no terreno do Alfa. Eu não posso acreditar. Como posso estar falando sobre em qual cemitério ir ei visitar Selene? Quando eu acordo desse pesadelo? Esfreguei minhas mãos nos braços, os ossos latejando por dentro. A exaustão me puxou para mais fundo no sofá. — Oh, Si, — disse Michelle. — Não acho que seja uma boa ideia. A imprensa terá um prato cheio. — A facção de Singh também não vai gostar, — disse Josh da porta. A dore o cansaço tomavam a perspectiva de discutir com eles esmagadora. — E da Selene que estamos falando, — eu disse. — Eu não me importo com o que a imprensa ou esse tal de Singh pensam. — Isso vai irritar um monte de gente, — disse Michelle. — As pessoas dirão que você está abusando de seu poder para seu próprio benefício. Isso vai contra a tradição. — Não seria a primeira vez que iríamos contra a tradição, — disse Aiden, dando um passo mais perto de mim. — Não vejo nada de errado com a ideia. Eu dei a ele um olhar agradecido, respirando profundamente. Tudo o que eu queria fazer agora era tirar uma soneca — me cobrir com cobertores e compressas quentes e acabar com a dor nos ossos. Mas então eu ouvi a voz de Rowan no corredor e a de Lexa. O que eles estavam fazendo aqui? Com esforço, me levantei e saí da sala de estar. Com certeza, Rowan estava correndo alguns metros à frente de Lexa, a jovem babá de cabelos cor de cobre. Rowan me viu e aumentou sua velocidade. Eu me preparei para ele me golpear. Ele não decepcionou. Meus ossos latejaram com o impacto, mas cerrei os dentes e sorri para ele. Meu filho de cinco anos olhou para mim, olhos verdes dançando com alegria, cachos negros como uma auréola ao redor do rosto. — Mamãe, — disse ele. — Tia Sellie queria vir ver você. Meu coração disparou. Eu olhei para cima e encontrei os olhos de Lexa. — Ele tem falado sobre a tia Sellie desde que o acordei, — ela disse, seus ombros arqueando um pouco. — Eu sinto muito. Eu simplesmente não conseguia pensar em mais o que fazer a não ser trazê-lo aqui. — Você tomou a decisão certa, — eu disse, esfregando um pouco o ombro de Rowan. Eu olhei de volta em seus olhos. Ele não parecia chateado. Pensei em espíritos novamente. E se Rowan realmente visse Selene, de alguma forma? Quando as coisas começaram a ficar tão desordenadas? Como posso estar me perguntando se meu filho está vendo o fantasma da minha irmã? Posso por favor acordar agora? — Que tal darmos um passeio? — Eu perguntei a ele. — Um passeio! Um passeio! — Rowan disse, pulando para cima e para baixo e pousando mais de uma vez no meu pé. Eu suprimi um estremecimento. Enquanto eu firmava Rowan, evitando que ele tropeçasse enquanto batia em meus pés, eu pensei no comentário que ele havia feito, me dizendo que Selene disse para beber mais champanhe. Algo está acontecendo com ele. Talvez algo a ver com os poderes divinos. Preciso descobrir mais, mas como posso fazer isso com tudo o que está acontecendo? Peguei meu celular. Sienna: Erica, preciso da sua ajuda com uma coisa. Erica: claro, o que você precisar. Sienna: Eu preciso saber mais sobre pessoas com habilidades especiais. Sienna: médiuns talvez Sienna: pessoas que podem fazer coisas fora do comum. Sienna: Você acha que pode dar uma fuçada nisso? Erica: Vou colocar minhas excelentes habilidades de pesquisa para trabalhar imediatamente, rs Sienna: veja se consegue descobrir alguma coisa sobre pessoas com poderes divinos, como eu Sienna: Eu quero saber quais outros poderes existem Erica: algum motivo em particular? Sienna: Estou preocupada com Rowan. Sienna: Ele está ficando maior agora e acho que seria bom ter uma ideia do que pode acontecer Sienna: mas deixa no sigilo. Erica: Entendi rs Erica: Não vou deixar ninguém saber. Sienna: Valeu, Erica. Erica: Fico feliz em ter algo que posso fazer para ajudar Erica: Te aviso assim que descobrir algo útil. AIDEN Jocelyn me encontrou em meu escritório. Eu estava sentado à minha mesa, sem fazer nada de útil. Muito ocupado ficando preocupado. — Aiden, — disse ela ao entrar. Não gostei da expressão em seu rosto. — O que foi? — 'Jeremy, — ela disse com sua voz suave. Eu não respondi, apenas me levantei para me aproximar. Meus olhos estavam fixos nela, desejando que ela dissesse qualquer coisa diferente do que eu sabia que ela diria. — Ele está mal, Aiden. Merda. — Eu não acho que vai demorar muito. — Não! — Eu lati e ela saltou um pouco. Jeremy e eu éramos amigos há mais tempo do que eu era Alfa. Contei mentalmente... dezoito anos. Ele não pode simplesmente morrer. Em voz alta, eu disse: — Não posso aceitar isso. — Aiden... — Tem que haver um jeito! Eu peguei suas mãos. Elas estavam quentes nas minhas, e ela encontrou meus olhos. Eu poderia dizer que ela queria a mesma coisa que eu. — Encontre uma maneira de salvá-lo, Jocelyn. Faça o que tiver que fazer. Capítulo 7 SIENNA Enquanto eu caminhava pelo jardim com Rowan, fiquei de olho em seu rosto, em busca de sinais de que ele viu coisas que eu não estava vendo. Eu observei seus olhos. Eu observei a maneira como ele se portava. Observei suas reações às imagens e sons que compartilhei com ele. Ele parecia normal. Apenas o típico Rowan, apontando as árvores que haviam adquirido cores vivas — vermelhas, laranjas, amarelas — para o outono. Quando contornamos a ala oeste da Casa da Matilha, vi uma Mercedes cinza passeando pela longa estrada. Eu conhecia aquele carro. Deus me ajude. São Charlotte e Daniel. Eu não sabia se tinha forças para enfrentá-los agora. A dor nos ossos era exaustiva. A morte de Selene pesou sobre mim como uma âncora. Eu não posso imaginar lidar com o comportamento passivo- agressivo de Charlotte e a estupidez esnobe de Daniel hoje. Voltando para dentro da Casa da Matilha, na sala de estar, encontrei Lexa e entreguei Rowan a ela. Assim que ela conduziu Rowan para fora, lancei um olhar para o bar cheio da sala. Eu bebo bem menos do que antes, mas em tempos de desespero... O cansaço causado pelo uso de meus poderes significava que uma bebida poderia me deixar tonta, mas a dor em meus ossos venceu minha cautela. Eu me servi de um uísque — puro — e tomei um longo gole, estremecendo um pouco. Não era minha bebida favorita, mas combinava com meu humor. Então eu fui para o escritório de Aiden, repousando o uísque em seu recipiente em forma de tulipa. Se Aiden tinha algo a dizer sobre eu beber no meio do dia, ele guardou para si mesmo. Ele sorriu para mim quando eu entrei. Felizmente sem saber no que estava por vir. Eu considerei avisá-lo, mas ele descobriria em um minuto de qualquer maneira. Cheguei apenas um momento antes dos meus sogros — tempo suficiente para me acomodar contra a parede perto da janela. Inclinar-se era minha melhor opção. Eu não queria sentar, apesar da minha dor. Não valia a pena permitir o desprezo de Charlotte Norwood. Mas também não gostava de ficar em pé, tentando esconder o quão desconfortável fisicamente estava. Além disso, dessa forma, talvez eu pudesse ignorá-los e olhar para a folhagem de outono. Ah, claro, Sienna. E um lobo tigrado mudará sua pelagem para manchas. — Aiden, Sienna, — Charlotte cantou. Eu olhei para ela enquanto ela entrava no escritório antes de seu marido. Ela usava o cabelo preto preso em um coque alto. Algumas gavinhas caíram em torno de um fino círculo de bronze, dando a ela o ar de uma deusa grega. Ela usava um casaquinho estilo Jackie-0 azul-celeste, com uma gola felpuda feita de pele de arminho. Sua saia lápis estava combinando. Atrás dela, Daniel a seguiu. O gosto de Daniel sempre foi um desafio quando se tratava de minhas sensibilidades. Um paletó de temo branco cobria sua calça azul marinho, e hoje ele estava vestindo uma gravata ascot verde-clara estampada com o que pareciam ser abacaxis. Ele se elevou sobre Charlotte, apesar de seus saltos. — Mãe, — disse Aiden. Em seguida, um aceno de cabeça para Daniel. — Pai. — Aiden, querido, — Charlotte começou, mas para minha surpresa, Daniel a ignorou. — Filho, — disse ele, com seu jeito sulista, culto e levemente macio de falar, — O que
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