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DESCRIÇÃO Compreensão da fisiopatologia do sistema respiratório e os fármacos de atuação broncodilatadora, anti- inflamatória, antitussígena, mucolítica e expectorante. PROPÓSITO Identificar a ação dos fármacos que atuam no sistema respiratório e que contribuem para a melhora nas funções respiratórias, como os broncodilatadores, que dilatam os brônquios a partir do relaxamento da musculatura brônquica; os fármacos com ação mucolítica e expectorante, que facilitam a fluidificação e a expectoração do muco, e os antitussígenos, que promovem a cessação da tosse. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever a fisiopatologia das doenças que acometem o trato respiratório, relacionando os fármacos para seu tratamento MÓDULO 2 Identificar a atuação dos agentes brocodilatadores e anti-inflamatórios esteroidais de administração inalatória, seus mecanismos de ação e efeitos adversos MÓDULO 3 Reconhecer a farmacologia dos antitussígenos, expectorantes e dos mucolíticos, bem como seus mecanismos de ação e contraindicações INTRODUÇÃO A farmacologia do sistema respiratório tem por objetivo estudar a utilização de fármacos que proporcionem mais conforto e facilidade para a passagem do ar e garantir a respiração completa. Muitos casos de doenças crônicas no Brasil estão diretamente relacionados ao trato respiratório, representando um impacto no desenvolvimento social e econômico devido a inúmeras internações, com altos índices de morbidade e mortalidade. Dessa forma, iniciativas de prevenção e controle são fundamentais no que tange à melhoria da qualidade de vida dos pacientes que são acometidos por patologias respiratórias. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda alguns manejos dos fatores de riscos, no intuito de diminuir agravos à saúde relacionados a doenças respiratórias, como: redução no consumo de tabaco e disponibilidade de medicamentos que tratem essas doenças. MORBIDADE E MORTALIDADE A morbidade monitora o perfil de adoecimento da população. A mortalidade reflete o número de mortes registradas em determinada população, em geral, ou causadas por um fato específico. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS) É uma agência das Nações Unidas especializada e relacionada a questões de saúde, que tem por objetivo maior a garantia dos mais altos padrões de saúde. MÓDULO 1 Descrever a fisiopatologia das doenças que acometem o trato respiratório, relacionando os fármacos para seu tratamento javascript:void(0) javascript:void(0) FISIOPATOLOGIA DAS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS Quando discutimos doenças respiratórias, nós as relacionamos a qualquer alteração acometida no trato respiratório superior ou inferior que traga desconforto, que poderá estar associada a processo inflamatório, congestionamento das vias nasais e aéreas, tosses e espirros. Assim, podemos dizer que as doenças respiratórias são patologias que acometem os órgãos e as estruturas do sistema respiratório, como fossas nasais, faringe, laringe, brônquios, traqueia, pulmões e alvéolos pulmonares. Essas doenças podem levar à inflamação, irritação de mucosa e até mesmo, em casos mais graves, obstrução das vias aéreas, de forma a dificultar a passagem do ar inspirado e/ou expirado. Neste contexto, é necessário tratamento com anti-inflamatórios esteroidais inalatórios, broncodilatadores, antitussígenos e mucolíticos. Para melhor compreensão da ação desses fármacos, precisamos retomar, mesmo que de forma breve, a fisiopatologia das doenças respiratórias. As principais doenças que acometem o sistema respiratório são: alergias respiratórias, asma, bronquite, sinusite, rinite, tuberculose, pneumonia e enfisema pulmonar. ALERGIAS RESPIRATÓRIAS A alergia é descrita como uma reação de hipersensibilidade tipo I ou hipersensibilidade imediata, ou seja, resultante de uma resposta anormal do sistema imunológico mediado por IgE. Leva a uma alteração do estado normal de uma pessoa, desencadeada por contato com sustâncias irritantes conhecidas como alérgenos. javascript:void(0) A exposição a alérgenos associada à susceptibilidade genética são fatores que determinarão as manifestações dos sintomas diretamente relacionados a crises alérgicas. As alergias respiratórias estão entre as doenças mais prevalentes dos últimos tempos, já que, a todo momento, estamos expostos a alérgenos inalantes, como a poeira domiciliar, pela presença de ácaros, além de fumaça, mofo, pelos de animais e pólen. Outros fatores também podem causar ou piorar as reações alérgicas, entre eles a presença de infecções virais, comuns em épocas mais frias do ano. É de suma importância compreender que a gravidade das manifestações alérgicas pode estar relacionada ao grau de exposição a esses agentes, que, quando em grau elevado, podem proporcionar o surgimento de asma e rinite. O paciente que sofre de alergias respiratórias deve estar ciente de que medidas de controle ambiental evitam o surgimento de sintomas alérgicos. Tais cuidados não só favorecem o controle da doença, mas também a prevenção das crises e, consequentemente, o uso de terapia medicamentosa. Vários estudos apontam a relação entre exposição, sensibilização atópica e desenvolvimento de doenças alérgicas como fatores determinantes para o agravo de manifestações clínicas exacerbadas e de difícil controle. IGE A imunoglobulina E é uma proteína presente em baixas concentrações no sangue e encontrada principalmente na membrana de superfícies de basófilos e mastócitos. As principais manifestações clínicas em pacientes com alergia respiratória são: OBSTRUÇÃO NASAL CORIZA TOSSE SECA PRURIDO NOS OLHOS, NO NARIZ E NA GARGANTA ESPIRROS FREQUENTES Para um tratamento adequado, o ideal é compreender o que desencadeou as manifestações clínicas. Assim, o paciente pode ser orientado a evitar exposição ao agente alergênico e, consequentemente, melhorar sua qualidade de vida. Muitos evitam utilizar medicação ou até mesmo abandonam o tratamento, temendo efeitos colaterais, como sonolência, taquicardia ou desenvolvimento de tolerância ao fármaco. Quando o paciente compreende os efeitos colaterais e o agravamento da doença, quando não é tratada corretamente, é possível controlar os sintomas e garantir qualidade de vida sem trazer nenhum impacto ao seu dia a dia. A base de tratamento para as manifestações respiratórias envolve o uso contínuo de corticoides inalatórios. Nos momentos de sintomas agudos, é comum a prescrição de broncodilatadores e, em alguns casos, antitussígenos. ASMA A asma é considerada uma das mais importantes doenças que afetam o trato respiratório em todo o mundo, e sua prevalência vem aumentando consideravelmente em muitos países. Estudos epidemiológicos tornam-se cada vez mais importantes para avaliar a gravidade da doença em diferentes regiões e faixas etárias e, a partir desses dados, devem ser tomadas medidas de saúde coletiva, a fim de conter seu avanço. A gravidade desta doença pode estar relacionada à falta de informação ou à não adesão ao tratamento, trazendo aumento dos custos diretos com medicamentos, aparelhos, internações, e custos indiretos, como queda no rendimento escolar e/ou no trabalho, devido à frequente ausência. Figura 1: Esquema ilustrando um tubo brônquico saudável e outro pouco saudável, com um problema respiratório constrito causado pelo aperto muscular respiratório — elementos de ilustração 3D. A asma é conhecida como uma doença inflamatória crônica, que leva a hiperresponsividade nas vias aéreas inferiores, inflamação ou alergias crônicas, que podem ser reversíveis de forma espontânea ou exigir uso de medicamentos, quando se apresenta de forma persistente. Essa patologia apresenta episódios de obstrução e inflamação brônquica decorrentes de edema, brocoespasmo e hipersecreção de várias intensidades. Manifestações típicas apresentadas pelos pacientes são: dispneia, sibilância e tosse. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) HIPERRESPONSIVIDADE Termo utilizado a fimde se referir a um aumento de sensibilidade em determinado local. EDEMA É definido como acúmulo de líquido no espaço intersticial. BROCOESPASMO É definido como estreitamento da luz brônquica em consequência da contração da musculatura dos brônquios, dificultando a passagem do ar. SIBILÂNCIA Manifestação típica de inflamação das vias aéreas, apresentando estreitamento e inchaço, dificultando a capacidade respiratória. A asma tem como principal fator fisiopatogênico a inflamação brônquica (Figura 2). É resultante de interações complexas entre células inflamatórias, mediadores e células estruturais das vias aéreas. Figura 2: Exemplo de um brônquio normal e brônquio obstruído por processo inflamatório na presença de muco, típico de paciente asmático. Os fatores desencadeantes da asma (alérgenos, sinusite, refluxo gastresofágico, uso de fármacos que favoreçam a broncoconstrição – betabloqueadores e ácido acetilsalicílico, por exemplo – e exposição ao frio) devem ser evitados pelos pacientes a fim de que novas crises não ocorram. Além disso, evidências apontam que atividades físicas em pacientes predispostos também podem desencadear crises agudas de asma. Porém, em muitos casos, esse tipo de evento é evitado com administração de antiasmáticos antes do exercício. ATENÇÃO A asma pode ser classificada segundo sua gravidade, levando-se em consideração a frequência e intensidade dos sintomas, função pulmonar e tolerância ao exercício. A asma poderá ser classificada como leve, moderada e grave, sendo a forma leve subdividida em intermitente ou persistente. Cabe ressaltar que, independentemente da gravidade, qualquer uma poderá ter exacerbações agudas. O tratamento farmacológico requer atenção em relação a uso crônico, com possibilidade de desfechos insatisfatórios, como eventos adversos e alto custo financeiro associado, que podem levar ao abandono do tratamento. A utilização de muitos medicamentos, seja para uso em exacerbações agudas da doença, seja para seu uso crônico, pode trazer ao paciente alguns riscos, como aumento de reações adversas. A incorporação de um grande arsenal medicamentoso pode levar o paciente ou seu cuidador, quando se trata de crianças, a erros quanto a dose, intervalo de administração e tempo de uso. Isso pode gerar danos à saúde e grande desperdício de recursos. Os corticoides de administração inalatória costumam estar presentes em prescrições para pacientes asmáticos. Apesar de apresentarem segurança previamente comprovada, esses fármacos podem ocasionar lesões locais, como irritação de mucosa, queimação, dor e até candidíase oral. A administração frequente e em altas doses possibilita que uma fração do fármaco atinja a circulação sistêmica, podendo causar alteração no crescimento e, com o passar dos anos, a osteoporose. Medidas não farmacológicas, como redução da exposição a alérgenos e à fumaça de cigarro, por exemplo, são coadjuvantes para evitar o agravamento dos sintomas. Porém, de forma geral, os fármacos constituem a contribuição mais eficaz e preventiva das crises agudas. Quando o quadro já está instalado, são eles que tirarão o paciente da crise, evitando muitas vezes a hospitalização. A base do tratamento da asma é o uso continuado de medicamentos com ação anti-inflamatória, os corticosteroides inalatórios. Pode-se associar também medicamentos de alívio, como os broncodilatadores. BRONQUITE Bronquite é uma doença inflamatória na árvore traqueobrônquica, que apresenta dano na dinâmica das vias aéreas levando a uma secreção brônquica mucosa excessiva, que pode ser mucoide ou mucopurulenta persistente ou intermitente, a qual leva a expectoração e a crises de tosse crônica (Figura 3). O paciente em crise normalmente apresenta-se dispneico, podendo sentir dor torácica ao respirar, muitas vezes associada a roncos e sibilância. Em alguns casos, pode haver febre baixa, mas febre alta ou prolongada é incomum e sugere gripe ou pneumonia. O tratamento recomendado para pacientes sintomáticos é apenas hidratação e analgésicos. O uso regular de alguns medicamentos mostra-se pouco responsivo, como é o caso de antitussígenos, mucolíticos e broncodilatadores. O uso de antitussígenos é primordial para pacientes que tenham dificuldade para dormir devido à tosse persistente. Figura 3: Ilustração de dois brônquios, um saudável e outro apresentando estreitamento de parede com excessiva concentração de muco, comum em pacientes com bronquite. SINUSITE A sinusite é uma patologia descrita como um processo inflamatório das mucosas dos seios paranasais e pode ser caracterizada em aguda e crônica. Essa inflamação normalmente ocorre pela presença de processos infecciosos, que facilitam a instalação de microrganismos oportunistas. Os sintomas mais comuns são dores de cabeça na área dos seios da face, que poderão ser de diferentes intensidades; obstrução nasal acompanhada de secreção amarelada ou esverdeada, dificultando a dinâmica da respiração, e, em alguns casos febre, coriza e tosse. Quando se discute o tratamento da sinusite, existe a necessidade de se conhecer o agente etiológico, pois, a partir de então, pode-se traçar a melhor conduta terapêutica, que pode conter antibiótico, antiviral ou antifúngico. Tratamento coadjuvante inclui anti-inflamatório esteroidal e não esteroidal, descongestionantes nasais por curto prazo e mucolíticos. RINITE A rinite é caracterizada por uma manifestação inflamatória difusa ou também por um processo hiperativo da mucosa nasal, que pode ser causada por agentes infecciosos, bem como por alergênicos ou hiper- reatividade, classificando-a como alérgica, não alérgica e infecciosa. É classificada também, de acordo com a duração dos sintomas, em intermitente e persistente, e, pela gravidade dos sintomas, em leve, moderada e grave. Os sintomas característicos da rinite são: Rinorreia (secreção nasal excessiva) Prurido Congestão nasal Espirros Em alguns casos, tosse seca Dispneia Disfonia É recomendado adotar medidas para o controle do ambiente e evitar alérgenos. No tratamento medicamentoso, deve-se fazer uso de anti-histamínicos, descongestionantes nasais, corticoides orais e corticoides tópicos nasais. TUBERCULOSE A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada por um bacilo, Mycobacterium tuberculosis, cuja forma de contágio se dá pelo ar por meio de gotículas expelidas pela tosse, por espirro e até mesmo pela fala da pessoa que está infectada. Ocorre um comprometimento pulmonar, porém existem casos de tuberculose extrapulmonar, aparecendo principalmente em indivíduos com comprometimento imunológico. O acometimento extrapulmonar pode envolver pleura e nódulos linfáticos. Os sintomas mais comuns da tuberculose são tosse seca ou até mesmo produtiva, febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento, cansaço/fadiga. Seu tratamento é bem longo, durando meses e com uso de antibióticos. Para os sintomas iniciais, como febre e tosse, podem ser prescritos antipiréticos, mucolíticos e antitussígenos — este último não poderá ser indicado em caso de tosse produtiva. javascript:void(0) TOSSE PRODUTIVA Tipo de tosse que está relacionada à produção de muco. PNEUMONIA Patologia ocasionada por agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos, que levam à infecção do trato respiratório inferior. Podem ser classificadas de acordo com a localização (infiltrado lobular, broncopneumonia, derrame pleural), tempo de evolução (aguda, subaguda e crônica), tipo de comprometimento, agente etiológico e local de aquisição (comunitária e hospitalar). Essa patologia pode causar obstrução das vias aéreas, levando à diminuição do transporte mucociliar e ao edema pulmonar. Os sintomas presentes poderão sofrer uma variação, dependendo do tipo de pneumonia, lembrando que essa mudança existe porque a doença pode ser causada por diferentes tipos de microrganismos. Os sintomas mais comuns são: febre, tosse, dor torácica, falta de ar, secreção de muco purulento de cor amareladaou esverdeada e prostração. ATENÇÃO O tratamento recomendado dependerá do agente etiológico, como antibióticos, no caso de infecção de origem bacteriana ou medicamentos que impeçam a evolução dos vírus que causam a infecção pulmonar. Para os sintomas mais comuns, como febre, tosse e secreção, recomenda-se o uso de analgésico, mucolítico e antitussígeno – este somente quando a tosse não for secretiva. ENFISEMA PULMONAR Enfisema pulmonar é uma patologia de acometimento do trato respiratório inferior, que leva à perda da elasticidade dos pulmões e pode, inclusive, causar comprometimento alveolar e alterações no parênquima pulmonar, devido a um processo inflamatório. Essa patologia faz parte do grupo de Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (DPOC), caracterizadas pela presença de obstrução do fluxo aéreo. Cabe ressaltar que tal obstrução, muitas vezes, mostra-se não reversível, no caso de processos inflamatórios crônicos e progressivos. ATENÇÃO É muito comum associar o enfisema ao tabagismo, já que sustâncias químicas ali contidas são inaladas e geram resposta inflamatória anormal nos pulmões. Entre os sintomas mais comuns do paciente com enfisema pulmonar, estão tosse, que ocorre de forma intermitente, dispneia e sibilância. O tratamento recomendado é a cessação do tabagismo, reabilitação pulmonar, broncodilatadores e corticosteroides sistêmicos. DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA A DPOC é uma doença que tem como características sintomas respiratórios crônicos e limitação do fluxo de ar nos pulmões. A principal causa dessa patologia é a exposição prolongada do indivíduo a partículas ou gases nocivos ao sistema respiratório, sendo a principal delas a exposição ao cigarro. Por este motivo, a DPOC acomete, principalmente, fumantes com mais de 40 nos e que consomem um ou mais maços de cigarro por dia durante um longo período (um ou mais anos). Outras fontes de gases e partículas danosas são fumaça originada de queima de lenha ou carvão, vapores industriais e poluição ambiental. ATENÇÃO O paciente com DPOC frequentemente apresenta manifestações clínicas de duas doenças já discutidas anteriormente: bronquite crônica e enfisema. Muitas vezes, o paciente apresenta sintomas de ambas, simultaneamente. Essa patologia está diretamente ligada ao processo inflamatório nos brônquios e alvéolos, desencadeado pelas toxinas que são inaladas. Os sintomas comumente apresentados pelos pacientes são: Sibilância Tosse crônica com ou sem expectoração Dispneia A dispneia é muito comum em casos mais avançados e piora com esforço físico. Nos casos graves, o paciente pode apresentar pneumotórax, episódios frequentes de descompensação aguda, insuficiência cardíaca direita e/ou insuficiência respiratória aguda ou crônica. Muitas vezes, o paciente é diagnosticado com a doença já em estado avançado, havendo a necessidade de oxigenioterapia. Assim que é diagnosticado, inicia-se o tratamento com broncodilatadores, corticoides, podendo também fazer associação de antibióticos. Ao discutirmos as principais patologias que acometem o sistema respiratório, podemos concluir que a realização de uma boa anamnese é fundamental no diagnóstico da patologia e, consequentemente, na melhor conduta terapêutica. ANAMNESE Entrevista realizada por um profissional de saúde no ato da consulta, a fim de obter informações importantes sobre a história atual e pregressa do paciente. SAIBA MAIS A DPOC é a terceira causa de morte no mundo, atrás apenas da cardiopatia isquêmica e do Acidente Vascular Cerebral (AVC). Estima-se que, até 2040, cerca de 4,4 milhões de pessoas irão a óbito ocasionado por DPOC. javascript:void(0) Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre a fisiopatologia das doenças respiratórias. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 2 Identificar a atuação dos agentes brocodilatadores e anti-inflamatórios esteroidais de administração inalatória, seus mecanismos de ação e efeitos adversos FÁRMACOS QUE ATUAM COMO AGENTES BRONCODILATADORES E ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS INALATÓRIOS Os fármacos broncodilatadores atuam na dilatação dos brônquios, levando ao seu relaxamento e, consequentemente, ao aumento do calibre das vias aéreas. Dessa forma, também atuam prevenindo a broncoconstrição e fornecem broncoproteção. São utilizados nos pacientes sintomáticos que apresentam dificuldades na dinâmica respiratória acometida por doenças pulmonares restritivas, como: Asma Bronquite crônica Enfisema pulmonar Os agentes broncodilatadores podem ser divididos em duas categorias: curta e longa durações. Os fármacos de curta duração são mais utilizados no alívio imediato dos sintomas, apresentando um tempo de ação curto. Já os de longa duração apresentam efeito mais duradouro, porém sua resposta inicial é mais lenta, sendo muito indicados na terapia de manutenção, e não no ápice da crise aguda. Além disso, também podem ser divididos em três classes principais: agonistas β2 adrenérgicos, teofilina (metilxantina) e agentes anticolinérgicos (antagonistas muscarínicos). DISPOSITIVOS INALATÓRIOS Antes de falarmos especificamente sobre os broncodilatadores, vale a pena discutir de forma breve os dispositivos inalatórios que auxiliam na administração de muitos broncodilatadores. São eles: Inaladores pressurizados doseáveis Inaladores de pó seco Inaladores de névoa suave Nebulizadores A via inalatória é recomendada para administração de fármacos no tratamento das doenças respiratórias. A escolha do melhor sistema de inalação segue a indicação clínica, as vantagens e desvantagens considerando cada paciente que irá utilizá-lo, objetivando a deposição do fármaco nas vias aéreas inferiores. Cada sistema que será apresentado tem uma técnica de inalação correta, que possibilita a otimização desses dispositivos. INALADORES PRESSURIZADOS DOSEÁVEIS Os inaladores pressurizados doseáveis, também chamados de pMDI (pressurized metered dose inhaler), são dispositivos de pequenas dimensões, de forma pressurizada, que liberam uma dose fixa de fármaco e seu propelente a partir de uma válvula de dose previamente calibrada. Esse tipo de dispositivo é bastante prescrito, não só em âmbito hospitalar, como em domicílio, por ser de fácil utilização, início de ação rápido em doses terapêuticas baixas e apresentar menos efeitos colaterais. Atualmente, o mercado farmacêutico já conta o pMDI de nova geração, que se diferencia por ser mais compacto e apresentar uma nuvem de aerossol mais prolongada; desse modo, proporciona melhor deposição pulmonar e menor deposição orofaríngea. Figura 4: Inaladores pressurizados doseáveis. INALADORES PRESSURIZADOS DOSEÁVEIS COM CÂMARA EXPANSORA Os pMDI também poderão ser acoplados com câmeras expansoras, já que, quando utilizadas, evita-se um problema bem comum de uso, que é a coordenação entre a ativação do inalador e a própria inalação. A câmara expansora é um tubo extensor com uma máscara facial e válvulas, que apresenta um comprimento variável entre 10 e 25 cm e volume entre 80 e 1200 mL. Tem por objetivo diminuir a velocidade do aerossol antes de atingir a boca, permitindo, dessa forma, que o propelente evapore e as partículas de calibre maior se depositem na parede da câmara. Assim, apenas as partículas de menor calibre atingirão as vias aéreas inferiores. Figura 5: Inaladores pressurizados doseáveis com câmara expansora. INALADORES DE PÓ SECO Os inaladores de pó seco (dry power inhaler – DPI) são dispositivos pequenos e fáceis para transporte, ativados pela inspiração. Na maioria das vezes, esses inaladores apresentam o fármaco na forma micronizada, o qual é misturado com partículas de maior dimensão, que são os veículos. Essas partículas evitam agregação, aumentando o fluxo e ajudando na dispersão. Cabe aqui ressaltar que a inalação está diretamente relacionada com a desagregação do pó e, consequentemente, com maior deposição de partículas no trato respiratório inferior e pouca na orofaringe. Esses dispositivos têm dois tiposbásicos, aqueles conhecidos como unidose, onde o fármaco encontra-se armazenado em cápsulas de pó em dose única, e os de multidose, em que os fármacos encontram-se em um reservatório com múltiplas doses. Comparando os dois dispositivos inaladores de pó seco, a unidose contém o fármaco incorporado em uma cápsula, que é perfurada antes da inalação; para isso, é necessário que o dispositivo seja carregado. Já os multidoses podem apresentar o fármaco em doses individualizadas. Para utilização desse dispositivo, é necessário um fluxo inspiratório entre 30 e 60 L por minuto. Assim, deve-se avaliar para quem o medicamento está sendo prescrito, pois normalmente crianças entre quatro e cinco anos apresentam dificuldade para alcançar esses fluxos. Figura 6: Inaladores de pó seco. INALADORES DE NÉVOA SUAVE Os inaladores de névoa suave (soft mist inhaler – SMI) são utilizados em um sistema de energia mecânica a partir de molas incorporadas no inalador, que normalmente cria uma nuvem de medicamentos. O paciente inala sem ajuda de um propelente e apresenta liberação do fármaco de forma lenta e com maior duração, obtendo maior concentração de fármacos nas vias aéreas inferiores, quando comparado aos outros dispositivos. Figura 7: Inaladores de névoa suave. NEBULIZADORES Os nebulizadores têm a função de converter os medicamentos na forma farmacêutica líquida, como soluções e/ou suspensões aquosa, em aerossol. O papel da nebulização é administrar o medicamento sobre a forma de vapor, que será inalado pelo paciente por meio de uma máscara facial conectada a um aparelho, cujo intuito é fazer com que as partículas de diferentes dimensões do fármaco atinjam as vias aéreas inferiores. Diante do exposto, fica compreendido que o pilar dos tratamentos das doenças respiratórias consiste na inalação de medicamentos, tanto em forma de névoa fina como em forma de aerossol. Os fármacos, uma vez inalados, exercem sua ação diretamente sobre os pulmões. É preciso destacar que as partículas superiores a 10 μm depositam-se principalmente na boca e orofaringe. Entre 5 e 10 μm podem depositar-se na zona de transição da orofaringe para as vias aéreas inferiores, e partículas menores que 5 μm chegam aos pulmões, podendo atingir os alvéolos. Figura 8: Nebulizador. RECEPTORES Β2 ADRENÉRGICOS O primeiro grupo de broncodilatadores que discutiremos são os agonistas dos receptores β2 adrenérgicos. Dentre todos os broncodilatadores inalatórios conhecidos, os agonistas β2 adrenérgicos são os mais empregados por apresentarem alta eficácia e menor efeito colateral quando utilizados corretamente pelos pacientes. Esse grupo farmacológico tem como representantes: fármacos com longa duração (salmeterol e formoterol), com resposta de até 12 horas, e de curta duração (salbutamol, terbutalina e fenoterol), com duração de 4 a 6 horas. ATENÇÃO Os agonistas β2 adrenérgicos sistêmicos, que têm ação curta e não apresentam seletividade, devem ser utilizados apenas como último recurso, como é o caso do isoproterenol. Os fármacos agonistas β2 adrenérgicos de curta duração são amplamente utilizados por via inalatória e bem eficazes no tratamento da asma. A ação farmacológica desta classe se dá devido ao seu antagonismo funcional de broncoconstrição. UM DOS RECURSOS INALATÓRIOS MAIS UTILIZADOS PARA ADMINISTRAÇÃO DESSES MEDICAMENTOS É O PMDI – PRESSURIZED METERED DOSE INHALER. O USO DESSE DISPOSITIVO OFERECE CONVENIÊNCIA E FACILIDADE NA ADMINISTRAÇÃO, ALÉM DE INÍCIO DE ATUAÇÃO RÁPIDO E SEM CAUSAR GRANDES EFEITOS COLATERAIS NO PACIENTE. Este grupo farmacológico apresenta como mecanismo de ação a ativação da via Gs-adenililciclase- AMPc-PKA sob os receptores agonistas β2 no músculo liso das vias respiratórias, que resultam em eventos fosforilativos, levando ao relaxamento da musculatura lisa brônquica. OS RECEPTORES Β2 ADRENÉRGICOS, FISIOLOGICAMENTE FALANDO, ESTÃO ACOPLADOS À PROTEÍNA G, E SUA ATIVAÇÃO LEVA À ESTIMULAÇÃO DA ADENILCICLASE E À PRODUÇÃO DE AMP CÍCLICO, QUE ATIVA A PROTEÍNA QUINASE A, PRODUZINDO A MAIORIA DOS EFEITOS CELULARES DESSE RECEPTOR. FATO IMPORTANTE É QUE ESSES RECEPTORES APRESENTAM SETE DOMÍNIOS INSERIDOS NA MEMBRANA CELULAR, DIFERENCIANDO, ASSIM, A DURAÇÃO FARMACOLÓGICA DE CADA FÁRMACO. Os broncodilatadores de curta duração estimulam domínios alcançados externamente, já os de longa duração precisam penetrar na membrana, justificando, desse modo, seu início de ação mais demorado. Destaca-se nesse grupo o formoterol, que apresenta longa duração e início rápido de ação por exibir os dois mecanismos. ATENÇÃO Os broncodilatadores agonistas β2 de curta duração são prescritos para tratamento e alívio dos sintomas da asma, sendo muito utilizados quando o paciente se ecnontra na manifestação aguda da doença. Já os de longa duração normalmente estão associados aos corticoides inalatórios no tratamento para melhor controle dos sintomas da doença. Uma das vantagens de se administrar esses fármacos por via inalatória é a redução de efeitos colaterais sistêmicos, evitando taquicardia e tremores, visto que esses medicamentos são parcialmente seletivos para os receptores β2 adrenérgicos. Esses fármacos concentram seu efeito diretamente sobre a musculatura brônquica. Desse modo, haverá pouca atuação sobre o sistema cardiovascular, evitando efeitos indesejáveis. No caso de tratamentos intensivos, tem-se empregado β2 agonistas adrenérgicos por via endovenosa. COMO JÁ ABORDAMOS ANTERIORMENTE, OS FÁRMACOS ADRENÉRGICOS DE LONGA DURAÇÃO TÊM EFEITO POR ATÉ 12 HORAS, COMO É O CASO DO SALMETEROL E DO FORMOTEROL. PORÉM, ESTE ÚLTIMO APRESENTA AÇÃO MAIS RÁPIDA, DE APROXIMADAMENTE UM MINUTO. JÁ O SALMETEROL TEM INÍCIO UM POUCO MAIS RETARDADO, EM TORNO DE 20 MINUTOS, APRESENTANDO PICO DE AÇÃO ENTRE DUAS E TRÊS HORAS. Os broncodilatadores inalatórios de curta duração, como o salbutamol, devem ser utilizados pontualmente, conforme a necessidade do paciente, evitando-se administração de forma contínua. Casos em que o uso desses fármacos é requerido frequentemente, uma terapia anti-inflamatória pode ser necessária. Além de seu efeito como broncodilatador agudo, os broncodilatadores inalatórios de curta duração são eficazes também na proteção contra alérgenos e até mesmo para broncoconstrição provocada por atividade física. ATENÇÃO Além desses fármacos descritos, também existem os inaladores combinados, que são uma associação dos broncodilatadores agonistas β2 adrenérgicos associados a corticoide. Como exemplo, temos a fluticasona associada ao salmeterol. Tal associação é amplamente utilizada no tratamento de asma e de DPOC por haver necessidade não só de broncodilatação, mas também de uma ação anti-inflamatória. Os principais efeitos colaterais decorrentes da utilização dos agonistas β2 adrenérgicos estão associados à dose e à estimulação extrapulmonar desses fármacos. Os efeitos incluem arritmias cardíacas e palpitações, tremores, agitação, náusea, diminuição dos níveis de potássio no sangue (hipocalemia) e hipoxemia, devido à vasodilatação pulmonar. Importante ressaltar, neste momento, que os efeitos colaterais descritos não são comuns com terapia inalada, mas, sim, com administração oral e intravenosa. METILXANTINAS As metilxantinas possuem ação broncodilatadora, tendo como principal representante a teofilina, que tem sido utilizada no tratamento da asma desde 1930, devido ao seu baixo custo. Na prática clínica, observamos a frequência de efeitos colaterais e sua baixa eficácia quando comparamos sua ação broncodilatadora à dos agonistas β2 inalatórios, e sua ação anti-inflamatória quando a comparamos aos corticoides inalatórios. Mediante isso, observa-se redução em seu uso. Porém, vale destacar que pacientes acometidos por DPOC e asma grave continuam utilizando esse fármaco. ATENÇÃO O mecanismo de ação da teofilina ainda não está bem elucidado. Sabe-se de sua ação broncodilatadora e outros efeitos que podem ser relevantes para DPOC e asma. Um ponto de atençãoem farmacoterapia com a teofilina é que, muitas vezes, esses efeitos são observados em altas concentrações, que excedem a faixa terapêutica recomendada. Agora, observaremos alguns de seus mecanismos de ação: INIBIÇÃO DAS FOSFODIESTERASE A teofilina é um inibidor não seletivo da fosfodiesterase (enzima que hidrolisa o AMPc e GMPc, que são mensageiros celular envolvidos, por exemplo, na proliferação celular e transcrição gênica). O bloqueio da fosfodiesterase previne a degradação de AMPc e GMPc. Esse fármaco apresenta baixa inibição à enzima quando utilizado em doses terapêuticas recomendadas. O aumento desses segundos mensageiros intracelulares é o responsável pela ação broncodilatadora. ANTAGONISMO DO RECEPTOR DE ADENOSINA Em concentrações terapêuticas, a teofilina antagoniza os receptores de adenosina. A adenosina pode causar broncoconstrição em pacientes asmáticos por meio de liberação de leucotrienos e histaminas. Estudos mostram que os efeitos anti-inflamatórios da teofilina não estão ligados ao antagonismo do receptor de adenosina, mas podem ser responsáveis por efeitos colaterais graves, como arritmias cardíacas e convulsões, por ativação de um subtipo de receptor conhecido como A2B. LIBERAÇÃO DE INTERLEUCINA-10 (IL10) Estudo mostram que a teofilina aumenta a liberação da interleucina-10 a partir de inibição da atividade da fosfodiesterase. A IL10 é uma citocina anti-inflamatória, que apresenta níveis reduzidos em pacientes asmáticos. EFEITOS SOBRE A TRANSCRIÇÃO DE GENES A teofilina impede a translocação dos fatores de transição pró-inflamatórios no núcleo, e, consequentemente, viabiliza uma redução da expressão de genes inflamatórios em pacientes que sofrem de asma e DPOC. EFEITO SOBRE A APOPTOSE A sobrevida aumentada dos granulócitos (células produzidas na medula óssea responsáveis pela defesa do organismo), devido à redução da apoptose em pacientes com asma, leva ao aumento da inflamação e ao agravamento da doença. O uso de teofilina induz a apoptose dessas células, colaborando com a redução da inflamação crônica. ATIVAÇÃO DA HISTONA DESACETILASE A teofilina ativa uma molécula chamada de histona desatilase 2, que é captada por receptores glicocorticoides e atua desativando genes inflamatórios. Como resultado, observa-se o aumento dos efeitos anti-inflamatórios gerados pelos glicocorticoides. OUTROS EFEITOS ENCONTRADOS A administração de teofilina acima da faixa terapêutica está associada a relevantes efeitos adversos, como: aumento das catecolaminas circulantes, inibição do influxo de cálcio em células inflamatórias, inibição dos efeitos da prostaglandina e antagonismo do fator de necrose tumoral. Apesar de todas essas ações descritas, a teofilina é um fármaco pouco prescrito, pois doses abaixo de 10 mg/L geram pouco efeito de broncodilatação, e doses acima de 20 mg/L apresentam benefícios, porém muitos efeitos colaterais. A faixa terapêutica segura seria entre 10-20 mg/L. Entretanto, estudos mais recentes vêm mostrando que doses abaixo de 10 mg/L apresentam efeitos antiasmáticos não relacionados aos de broncodilatação. Assim, doses entre 5-15 mg/L, atualmente, são as mais recomendadas. A GRANDE PERGUNTA QUE FICA É: QUANDO UTILIZAR A TEOFILINA, JÁ QUE ELA, EM DOSES TERAPÊUTICAS, APRESENTA POUCA RESPOSTA FARMACOLÓGICA, E, EM DOSES SUPRATERAPÊUTICAS, DEMONSTRA EFEITOS COLATERAIS PRONUNCIADOS? Mesmo em casos de asma aguda, em muitos pacientes, utiliza-se os agonistas β2 por via inalatória, e estes mostram-se mais eficazes do que a administração de aminofilina (complexo da teofilina com etilenodiamina) por via intravenosa. Portanto, seu uso só é justificado para pacientes não responsivos ou intolerantes aos agonistas β2. Vale destacar que a utilização habitualmente da teofilina por via inalatória não é indicada por não ser efetiva na broncodilatação e trazer, como consequência, muitos efeitos colaterais. O uso da teofilina também é justificado se for utilizada de forma concomitante com os β2 agonistas; quando estes são utilizados de forma isolada, não são suficientes para se obter efeito broncodilatador adequado. Outra aplicação farmacológica é a associação da teofilina, em baixas doses, e de corticoides inalatórios, proporcionando melhor controle dos sintomas e da função pulmonar, evitando, dessa forma, o aumento das doses de anti-inflamatórios esteroidais. Porém, esse tipo de terapia ainda é menos eficaz do que o uso de β2 agonista de longa duração (LABA). ATENÇÃO O uso da teofilina, por sua vez, pode apresentar para alguns pacientes um efeito protetor quanto à função pulmonar, uma vez que podem levar a uma menor deterioração quando utilizada concomitantemente com corticosteroides, efeito esse conhecido como poupador de esteroide. Tem-se observado a associação com corticoide no controle da asma persistente leve, embora os sintomas apresentem-se responsivos a doses baixas de corticosteroides inalatórios. Os LABA apresentam alto custo, por isso a teofilina pode ser o tratamento de escolha quando pensamos em tratamento adjuvante acessível à população por apresentar um custo menor. Quando discutimos a DPOC, a teofilina é utilizada como broncodilatadora, porém os fármacos mais prescritos são os anticolinérgicos inalatórios e os β2 agonistas adrenérgicos. Seu uso em conjunto com os broncodilatadores inalatórios de longa duração em pacientes mais graves demonstra boa resposta farmacológica. Seus efeitos colaterais estão diretamente relacionados à sua concentração plasmática, atualmente recomendada até 15 mg/L, porém alguns pacientes podem apresentar efeitos indesejáveis até mesmo em relação a doses terapêuticas recomendadas. Os efeitos adversos mais comuns, principalmente quando excede os 15 mg/L, são: Cefaleia, náuseas Vômitos Desconforto abdominal Irritabilidade Insônia Aumento da acidez estomacal devido à inibição da fosfodiesterase Em altas doses, pode causar arritmias cardíacas por inibição da fosfodiesterase 3 e antagonismo de receptores cardíacos α1, convulsões, encefalopatia tóxica, hipertermia, dano cerebral e até a morte. ANTAGONISTAS COLINÉRGICOS O mecanismo de ação deste grupo farmacológico se dá pela atuação de forma competitiva aos receptores colinérgicos muscarínicos do tipo M3, levando ao bloqueio dos efeitos da acetilcolina, à constrição da musculatura lisa brônquica e ao aumento da secreção traqueobrônquica. ATENÇÃO O anticolinérgico mais utilizado no Brasil é o brometo de ipratrópio. Esse fármaco apresenta uma resposta broncodilatadora desejável, porém com início de ação lento, com resposta máxima em 20-30 minutos após a inalação, podendo persistir em 6-8 horas. A ação broncodilatadora se dá pela inibição do tônus vagal das vias respiratórias, que se apresentam mais estreitas e, consequentemente, limitam o fluxo de ar, principalmente em pacientes portadores de asma e DPOC. Outro anticolinérgico é o brometo de oxitrópio, que apresenta um mecanismo sobre o receptor bem semelhante ao brometo de ipratrópio. Possui apresentação em dose mais elevada por inalação, apresentando, assim, efeito mais prolongado, sendo mais eficiente em asma noturna. Ainda para a escolha terapêutica, encontram-se no mercado os inaladores de combinação. Estes combinam, na mesma apresentação farmacêutica, um anticolinérgico e um agonista β2 adrenérgico, como é o caso do brometo de ipratrópio e salbutamol. Estudos demonstram efeitos aditivos frente ao aumento da dose somente do agonista β2 adrenérgico, podendo trazer menos efeitos colaterais. O brometo de tiotrópio é um antagonista colinérgico que se liga a todos os subtipos de receptores mucarínicos, porém com maior seletividade aos M1 e M3. Apresenta um tempo de ação mais longo, sendo indicado para administração diária, tornando-se, nos últimos anos, um broncodilatador de escolha para pacientes com DPOC. Se compararmos a ação broncodilatadora dessa classe farmacológica com os agonistas β2 adrenérgicos, percebemos que são menos eficazes e oferecem menosproteção contra estímulos provocatórios brônquicos. Sua ação se mostra responsiva em pacientes idosos portadores de asma, já que apresentam elemento fixo de obstrução das vias respiratórias, como diminuição da capacidade residual funcional, que leva à diminuição da complacência pulmonar e ao aumento da resistência vascular pulmonar. Os antagonistas muscarínicos são fármacos de escolha de uso adicional no controle da asma em pacientes não controlados com β2 agonista de longa duração. Apresentam eficácia na asma grave, porém no tratamento agudo e crônico podem ter efeito aditivo com os β2 agonistas, sendo então mais prescritos no controle dessa doença quando estes não se mostram adequados. Seu uso também pode ser considerado em pacientes que apresentam intolerância à teofilina ou que apresentem tremores causados pelos agonistas β2 adrenérgicos, principalmente pacientes idosos. Já na DPOC, esse grupo farmacológico mostra-se altamente eficaz, muitas vezes trazendo respostas superiores quando comparados aos agonistas β2 adrenérgicos. Essa resposta aumentada deve-se ao efeito inibitório sobre o tônus vagal, elemento este reversível da obstrução das vias aéreas. ESSE GRUPO FARMACOLÓGICO, QUANDO INALADO, NORMALMENTE É BEM TOLERADO PELOS PACIENTES POR APRESENTAR POUCA ABSORÇÃO SISTÊMICA. O BROMETO DE IPRATRÓPIO NÃO TEM DEMONSTRADO NENHUMA DEPURAÇÃO DO MUCO PRESENTE NAS VIAS AÉREAS DOS PACIENTES. ESSE FÁRMACO DEIXA UM SABOR AMARGO AO SER INALADO, FACILMENTE DETECTÁVEL. ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS INALATÓRIOS Os anti-inflamatórios esteroidais inalatórios são também conhecidos como corticoides inalatórios (CI), classe farmacológica muito prescrita para pacientes com sintomas agudos pouco responsivos aos broncodilatadores utilizados de forma isolada. Os CI atuam por ação anti-inflamatória nas vias aéreas e levam à diminuição da frequência e gravidade das exacerbações respiratórias, atuando na regulação de proteínas pró-inflamatórias, trazendo diminuição da hiperresponsividade brônquica. Os CI mais prescritos são dipropionato de beclometasona, budesonida, propionato de fluticasona, mometasona e ciclesonida. Os CI mais prescritos são dipropionato de beclometasona, budesonida, propionato de fluticasona, mometasona e ciclesonida. ATENÇÃO Quando comparamos os corticoides orais e os inalatórios, percebemos que estes últimos, por serem pouco absorvidos por via sistêmica, geram menos efeitos colaterais. É importante ressaltar que a mudança em qualquer aspecto quanto à formulação ou até mesmo ao dispositivo que é utilizado poderá alterar a deposição desses fármacos no trato respiratório inferior e, consequentemente, causará mais efeitos sistêmicos adversos. Os efeitos adversos mais comuns dessa classe farmacológica são melhor observados quando administram-se altas doses. São eles: Candidíase orofaríngea Disfonia Xerostomia Cáries dentárias (pela diminuição do fluxo salivar e acidificação do meio) Halitose e gengivite Em caso de uso prolongado e dose altas, poderá levar à supressão do eixo hipotalâmico, causando, por exemplo, a insuficiência adrenal, que será observada por náuseas, vômitos, dor abdominal, fraqueza e desidratação. Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre fármacos com atuação na melhora da obstrução brônquica. VERIFICANDO O APRENDIZADO MÓDULO 3 Reconhecer a farmacologia dos antitussígenos, expectorantes e dos mucolíticos, bem como seus mecanismos de ação e contraindicações FÁRMACOS COM ATUAÇÃO ANTITUSSÍGENA, EXPECTORANTE E MUCOLÍTICA Tossir é um reflexo de depuração para a proteção das vias aéreas frente à entrada de partículas do processo inspiratório, que pode ocorrer de forma voluntária e involuntária. Tal reflexo apresenta alguns benefícios, como: eliminação das secreções das vias aéreas, impedimento da broncoaspiração de alimentos, secreções e corpos estranhos, melhoria da passagem do ar nas vias aéreas e proteção contra arritmias potencialmente fatais, levando ao aumento da pressão intratorácica. A tosse compõe um sintoma que está presente em diversas patologias pulmonares e extrapulmonares e, quando exacerbada, altera a qualidade de vida do paciente de forma significativa, trazendo incontinência urinária, síncope de tosse e disfonia. Também poderá estar presente como efeito colateral de medicamentos para hipertensão – é o caso dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA). A tosse pode sofrer classificações, como: aguda, subaguda e crônica, e está relacionada ao grau de intensidade e duração no organismo do paciente. Além disso, pode ser classificada quanto à sua natureza em: não produtiva e produtiva. ATENÇÃO A tosse não produtiva, ou tosse seca, está ligada a uma condição viral, apresentando-se autolimitada. Já a produtiva apresenta uma hipersecreção, que leva à produção de escarro e ativa o reflexo da tosse. Para o seu tratamento, são prescritos antitussígenos, expectorantes e mucolíticos, de atuação isolada ou em associação – estes apresentam poucos estudos científicos que comprovem seu real ganho farmacológico. Assim, vamos discutir as diversas classes farmacológicas no manejo da tosse. FÁRMACOS ANTITUSSÍGENOS Os antitussígenos são fármacos que têm como propósito cessar ou inibir o estímulo no centro da tosse, sendo estes indicados em resposta à tosse seca ou não produtora de muco. Apresentam mecanismo de ação pouco compreensível e, muitas vezes, insatisfatório. Cabe destacar que a tosse é um reflexo responsivo. Logo, sua interrupção pode ser inadequada quando o paciente está acometido por infecção de origem bacteriana. O ideal é conhecer a causa da tosse subjacente e, a partir daí, tratá-la, sem precisar fazer uso de antitussígenos. Por exemplo, a asma tem como sintoma tosse crônica e, nesse caso, um bom tratamento seria o uso de corticoide inalatório. Por outro lado, se a tosse não for decorrente de crise asmática, o uso da corticoterapia não surtirá efeito, mas poderá responder à terapia anticolinérgica. A tosse associada a efeitos adversos dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) poderá ser cessada com a redução da dose ou pela substituição por outro fármaco antagonista dos receptores de adenosina (A1). Logo, podemos perceber que não necessariamente precisamos fazer uso de antitussígenos para melhor controle ou cessação da tosse. Ou seja, compreender sua causa ainda é o ideal. Segundo a II Diretrizes Brasileiras no Manejo da Tosse Crônica (2006), a melhor maneira de reverter o quadro de tosse é tratar a causa primária. Nesse caso, um medicamento paliativo, principalmente de uso noturno, pode ser uma alternativa para alívio do sintoma, porém com resultados pouco satisfatórios. Os antitussígenos tanto podem ter sua atuação em nível periférico quanto central. Os mais utilizados no manejo da tosse são: antitussígenos de ação periférica – dropropizina e seu enantiômero levodropropizina; os antitussígenos de ação central – dextrometorfano, clobutinol e o fendizoato de cloperastina; e ainda há os antitussígenos narcóticos – morfina, codeína e hidrocodona. A dropropizina e a levodropropizina são antitussígenos de ação periférica, que agem por inibição do arcorreflexo da tosse sobre as fibras C vagais, levando à redução da excitabilidade dos receptores traqueobrônquicos. A vantagem do enantiômero levodropropizina sobre a dropropizina se dá por não exercer efeitos significativos nos aparelhos cardiovascular e respiratório. Por ter atuação periférica, não causa efeitos colaterais secundários, como depressão respiratória e efeito emético. Apresenta alguns efeitos adversos, como: náusea, cansaço, fadiga, sonolência e leve palpitação. javascript:void(0) javascript:void(0) Os principais antitussígenos de ação central são: dextrometorfano, clobutinol e fendizoato de cloperastina, que agem suprimindo o centro de tosse no tronco encefálico. O dextrometorfano é agonista do receptor não opioide sigma-1 e antagonista do receptor N-metil-D- aspartato (NMDA) doglutamato. O clobutinol atua na diminuição da repolarização ventricular e é arritmogênico. O fendizoato de cloperastina também apresenta ação periférica, causando desensibilização das fibras vagais traqueobrônquicas. IECA (INIBIDORES DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA) Fármacos usados no tratamento da hipertensão arterial. ENANTIÔMERO Moléculas ditas como imagem especulares uma da outra, que não são sobreponíveis. Os efeitos adversos podem incluir: Sedação Dor de cabeça Broncoespasmo Náuseas Os antitussígenos narcóticos, como codeína, morfina e hidrocodona, agem nos receptores opioides agonistas mu (µ) e kappa (k), mas existem estudos que discutem sua ação periférica adicional sobre os receptores da tosse nas vias respiratórias. São os únicos fármacos com resposta mais satisfatória no controle da tosse, suprimindo o centro de tosse. Esses fármacos apresentam efeitos adversos clássicos dos opioides, como sedação, constipação e náuseas. Dentre eles, a hidrocodona destaca-se por apresentar menos efeitos colaterais gastrointestinais. Figura 9: Esquema de células e glândulas secretoras de muco nos brônquios. FÁRMACOS MUCOLÍTICOS O sistema mucociliar é responsável pelo transporte do muco, produzido por células específicas, conhecidas como células caliciformes, e pelas glândulas dos brônquios. Seu papel está diretamente relacionado à proteção do trato respiratório, como, por exemplo, contra impurezas por meio do transporte ciliar, de forma alternativa, e eliminando as secreções através de tosse e espirros. A mucosa do trato respiratório compreende desde as cavidades nasais até os bronquíolos respiratórios. Pode-se observar, ao longo do trato respiratório, a presença de um epitélio pseudoestratificado, composto por glândulas submucosas e células caliciformes, nas quais estão relacionadas a síntese de muco respiratório (Figura 9). Os cílios são responsáveis pela remoção das partículas estranhas e/ou indesejadas e que trazem agressão ao trato respiratório. Essa remoção é realizada a partir do transporte ciliar, no qual os cílios trabalham como propulsores do transporte mucociliar, ou até mesmo podendo haver a redução por tosse e pigarro. O material formado ou depositado ao longo das vias aéreas, quando expelido durante a expectoração, é conhecido como escarro. Assim, conseguimos compreender que, com o avanço da idade, muitos pacientes começam a apresentar mais problemas respiratórios, pois fisiologicamente o número de cílios por célula varia de 50 a 100 em indivíduos adultos; nos idosos, por sua vez, poderá haver diminuição desse quantitativo. O movimento ciliar está diretamente relacionado às propriedades reológicas do muco respiratório e é dependente destas, como viscosidade e elasticidade. Todo o revestimento do epitélio ciliado é composto por muco respiratório e fluido periciliar, que contém basicamente água, e essa concentração pode ser determinada por transporte ativo de sódio e cloro por meio do epitélio respiratório. COMO CARACTERÍSTICA, O MUCO APRESENTA DUAS FASES: FASE AQUOSA E FASE VISCOSA. EM SUA ETAPA INICIAL, O BATIMENTO CILIAR PASSA PELA FASE AQUOSA COM BASTANTE FACILIDADE PARA, DEPOIS, COM A PONTA DOS CÍLIOS, PASSAR PELA FASE VISCOSA. NESSE MOMENTO, SÃO PROPORCIONADOS ESTÍMULOS MECÂNICOS PARA O TRANSPORTE DESSE MUCO. Diferente do muco brônquico, o muco nasal apresenta diferenças em sua composição. Esse muco, além de conter composição semelhante ao muco localizado na região brônquica, também apresenta secreções provenientes de células lacrimais e água, além de macrófagos, basófilos, mastócitos e eosinófilos. A concentração e a presença dessas células inflamatórias estão diretamente relacionadas com o estado patológico do paciente. Logo, compreendemos que o aparelho mucociliar tem sua demanda aumentada à medida que se detecta um processo inflamatório nas vias aéreas, com a intenção de trazer maior proteção e remoção de partículas ou substâncias agressivas do trato respiratório. Os fármacos mucolíticos têm por objetivo melhorar a depuração mucociliar por meio de redução da viscosidade e da elasticidade do muco. O muco é produzido diariamente, porém, em alguns estados patológicos, pode causar aumento de forma exponencial. Apresenta-se como um coloide hidrofílico formado a partir da mistura de transudato, secreções do epitélio e das glândulas presentes na submucosa, e tem por ação promover manutenção e homeostasia do sistema respiratório, visto que este é constantemente exposto a diferentes agentes nocivos que percorrem o sistema respiratório, como os microrganismos e poluentes atmosféricos. Algumas patologias estão bem correlacionadas com aumento da produção de muco, como rinite alérgica, rinossinusites, bronquite crônica, fibrose cística e asma. Nessas condições patológicas, nota-se uma alteração bem significativa da composição do muco, apresentando agora um aspecto mais viscoelástico. Assim, quanto maior for a elasticidade, a viscosidade e a adesividade do muco, mais dificuldade haverá quanto à sua remoção. O acúmulo de muco está intimamente relacionado com infecções do trato respiratório, que podem ter causa bacteriana, micobacteriana ou fúngica. As infecções virais normalmente não levam ao aumento da viscosidade do muco. Ao contrário, apresentam secreção serosa, ou seja, formada por grande quantidade de água e eletrólitos, exibindo um aspecto aquoso e translúcido. A secreção mucoide, típica de paciente portador de bronquite crônica e asma brônquica, é viscosa e esbranquiçada. Já as secreções purulentas apresentam altas concentrações de leucócitos, altamente viscosas e de coloração amarelada a esverdeada, muito comum em infecções bacterianas. Por fim, a secreção mucopurulenta, que tem aspecto associado às secreções mucoide e purulenta. TRANSUDATO É um líquido não inflamatório com baixa concentração de proteína. É um ultrafiltrado do plasma sanguíneo. OS FÁRMACOS MUCOLÍTICOS MAIS PRESCRITOS SÃO: N- ACETILCISTEÍNA, CARBOCISTEÍNA, BROMEXINA E AMBROXOL. A N-acetilcisteína age de forma análoga à glutationa, tripeptídeo antioxidante importante na eliminação de substâncias tóxicas. Atua reduzindo as pontes de dissulfeto, que fazem a ligação das glicoproteínas a uma proteína (albumina) e a imunoglobulina do tipo IgA secretora, levando, então, a um efeito fluidificador das secreções mucosas e mucopurulentas. javascript:void(0) Por sua ação como antioxidante, pode levar à redução do processo inflamatório nas vias aéreas. Como efeitos adversos, podem-se observar: Estomatite Náuseas Vômitos Febre Rinorreia A carbocisteína regula a viscosidade das secreções mucosas do trato respiratório, por causar uma alteração na síntese das glicoproteínas do muco, tornando-a mais fluida, melhorando, assim, a depuração mucociliar. Os efeitos adversos mais comuns são: Náuseas Diarreia Desconforto gástrico O ambroxol e a bromexina atuam como mucolíticos. O ambroxol é um dos metabólitos da bromexina, possuindo atividade específica sobre o epitélio respiratório. É um agente mucolítico que leva à fluidificação do muco, além de aumentar a concentração de surfactante pulmonar, favorecendo, desse modo, a expectoração e o alívio da tosse. O ambroxol tem demostrado efeitos adversos graves em alguns pacientes, como reações anafiláticas e reações adversas cutâneas críticas. Esses efeitos também podem ser observados em bromexina. Os efeitos adversos mais comuns são manifestações gastrointestinais leves. FÁRMACOS EXPECTORANTES Os fármacos com ação expectorante têm por propósito a eliminação da secreção brônquica ao diminuir a viscosidade do muco por agentes mucolíticos e o aumento da fluidez pela elevação do conteúdo líquido. Esses fármacos promovem a eliminação da secreção brônquica a partir do escarro, trazendo alívio ao paciente quase que imediatamente, quando este apresenta uma tosse produtiva, dita “carregada”. Podemos, assim dizer, que todos os fármacos com ação mucolítica também respondem como expectorantes.Todavia, é importante destacar que os expectorantes agem na eliminação do muco, e os mucolíticos promovem a sua liquefação para, então, facilitar a expulsão. A fim de compreender melhor a atuação desses grupos farmacológicos, vamos analisar um caso clínico. CASO CLÍNICO B.R, 33 anos, tabagista e etilista social, procura um posto de saúde solicitando um medicamento para controlar sua tosse. Ela relata apresentar tosse bem secretiva, de coloração amarelo-esverdeada, com piora do estado de saúde há seis dias. A partir de então, teve febre de 39,2°C, associada a calafrios e tosse produtiva, com secreção purulenta. Descreve dispneia, o que a impossibilita de realizar grandes esforços. Ao iniciar a anamnese, o médico de plantão a questiona sobre sudorese e dor torácica, e a paciente nega. Em seu histórico familiar, não há parentes com doenças pulmonares ou neoplasias. A princípio, o médico desconfia de pneumonia ou até mesmo de tuberculose, porém exames complementares precisam ser solicitados, como radiografia do tórax. No resultado da radiografia, observa-se opacidade irregular do espaço aéreo em todo o pulmão direito. O pulmão esquerdo está claro e não há derrame pleural. Tais achados não apresentam imagens sugestivas de processo tuberculoso ativo. ATIVIDADE 1 DIANTE DO EXPOSTO, QUAL DEVERÁ SER A CONDUTA DO MÉDICO NESSE CASO? RESPOSTA Podemos estar diante de quadro infeccioso causado por bactéria como agente etiológico, já que estudamos, ao longo deste módulo, que as infecções bacterianas cursam com secreções purulentas altamente viscosas, de coloração amarelada a esverdeada. Essa infecção poderá evoluir para uma pneumonia, já que a paciente relatou apresentar febre alta, calafrios, tosse produtiva e dispneia, conforme já abordamos na fisiopatologia da doença no módulo 1. A conduta ideal a ser adotada pelo médico é o tratamento da causa primária, que, nesse caso, sugere ser uma pneumonia. ATIVIDADE 2 O MÉDICO PODERÁ PRESCREVER UM ANTITUSSÍGENO, CONFORME LHE FOI SOLICITADO? RESPOSTA javascript:void(0) javascript:void(0) O médico não deverá prescrever antitussígeno, já que a própria paciente descreve uma tosse altamente secretiva e purulenta, com coloração amarelo-esverdeada. Ao longo do nosso estudo, vimos que não deverá ser prescrito antitussígeno para pacientes que apresentem tosse secretiva, mas apenas para os que apresentarem tosse seca, já que a cessação da tosse poderá interromper esse mecanismo, e o catarro não será eliminado. O ideal é a prescrição de um mucolítico e expectorante, ajudando na maior fluidificação do muco e em sua consequente eliminação. ATIVIDADE 3 QUAL SERIA A MELHOR CONDUTA TERAPÊUTICA? RESPOSTA A melhor conduta terapêutica a ser adotada nesse caso é a prescrição de um antibiótico, com finalidade de tratar a pneumonia bacteriana. Também cabe a prescrição de um mucolítico e expectorante, no intuito de fluidificar e expectorar o muco. Não se deve esquecer de alertar a paciente que aumente a ingestão de água, o que irá ajudá-la a manter as vias aéreas hidratadas e diminuirá a irritação da garganta. javascript:void(0) Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre fármaco de origem natural no tratamento da tosse. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste tema, vimos que a farmacologia do sistema respiratório está diretamente relacionada à compreensão da fisiopatologia das doenças respiratórias e aos fármacos que atuam ao longo do trato respiratório. As doenças respiratórias acometem boa parte da população e, por isso, a terapia adequada é fundamental para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, além de reduzir a mortalidade por causa dessas doenças. Vimos também que os fármacos broncodilatadores levam ao aumento do calibre das vias aéreas pela dilatação dos brônquios e são classificados de acordo com a duração de seus efeitos: longa ou curta duração. Os anti-inflamatórios esteroidais, por sua vez, reduzem o processo inflamatório e, consequentemente, levam à diminuição dos sintomas respiratórios. Estudamos diferentes dispositivos e formulações inalatórias, pois a via preferencial para a administração desses fármacos é a inalatória. Por fim, foi possível estudar a ação dos antitussígenos, expectorantes e mucolíticos no tratamento da tosse, um sintoma muito frequente nas doenças respiratórias, e na eliminação do material depositado ao longo das vias aéreas. É importante destacar o papel do paciente na prevenção de grande parte das doenças respiratórias. Evitar a exposição a fatores desencadeantes e mudança de hábitos (por exemplo, deixar o tabagismo) podem reduzir a ocorrência de crises agudas de algumas doenças, como asma, e prevenir o desenvolvimento de outras, como DPOC e enfisema pulmonar. PODCAST AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS AGUIAR, R. et al. Terapêutica inalatória: Técnicas de inalação e dispositivos inalatórios. Ver. Port. Imunoalergologia, Lisboa, v. 25, n. 1, p. 9-26, mar. 2017. Consultado em meio eletrônico em: 18 ago. 2020. BALBANI, A. P. S. Tosse: neurofisiologia, métodos de pesquisa, terapia farmacológica e fonoaudiológica. Int. Arch. Otorhinolaryngol, São Paulo , v. 16, n. 2, p. 259-268, June 2012. GOODMAN; G. As bases farmacológicas da terapêutica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan/Mc Graw-Hill, 2012. GOODMAN. G. et al. As bases farmacológicas da terapêutica. 13. ed. Porto Alegre: AMHG, 2018. KATZUNG, B. G. Farmacologia Básica e Clínica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. JORNAL BRASILEIRO DE PNEUMOLOGIA. Recomendações para o manejo da asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia – 2020. 46(1), 2020. JORNAL BRASILEIRO DE PNEUMOLOGIA. II DIRETRIZES Brasileiras no Manejo da Tosse Crônica. 2006; 32 (Supl 6):S 403-S 446. Consultado em meio eletrônico em: 18 ago. 2020. JORNAL DE PNEUMOLOGIA. Capítulo III – tratamento, São Paulo, v. 28, supl. 1, p. 9-21, June 2002. LULLMANN, H. Farmacologia: texto e atlas. Tradução e revisão técnica de Augusto Langeloh. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. E-book. PAULA, C. S. Manejo da Tosse com medicamentos isentos de prescrição. Visão Acadêmica. v. 17, n. 2, Abr. - Jun./2016. RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J. M. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. EXPLORE+ Para você que se interessou por farmacologia do sistema respiratório, especificamente manejo da tosse, sugiro explorar um pouco mais esse universo. Indicamos a leitura do artigo Prescrição farmacêutica nos diferentes tipos de tosse, de Maria Josyanne Almeida de Oliveira, Ana Paula Moreira de Lima, Mariana Brito Lima, Samila Moreira de Freitas e Karla Bruna Nogueira Torres Barros, que discute esse tema. Ao longo do estudo, também discutimos os principais manejos no tratamento da asma. Para maior compreensão dessa patologia, que acomete muitas crianças e adolescentes, sugerimos a leitura do artigo Mortalidade por asma em crianças e adolescentes: uma causa de morte quase sempre evitável, de Raquel R. Pitchon, Cristina G. Alvim, Claudia R. Andrade, Laura M. B. F. Lasmar, Alvaro A. Cruz e Adriana P. Reis. CONTEUDISTA Cristiane Paiva Coelho Soares CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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