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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 90ª VARA DO TRABALHO DE HOGWARTS Autos nº 1598-73.2022.5.15.0090 ESTRELA DA MORTE, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ, com endereço na rua..., número..., cidade..., estado...., CEP ..., vem por meio de seu procurador signatário, procuração em anexo, com escritório profissional estabelecido à Rua..., nº..., cidade ..., estado ..., CEP: ..., onde recebe notificações e intimações, com fundamento no artigo 847 da CLT e artigo 300, CPC, oferecer CONTESTAÇÃO aos termos da Reclamatória Trabalhista movida por HERMIONE GRANGER, já devidamente qualificada nos autos, pelos fatos e fundamentos a seguir. I. PREJUDICIAL: PRESCRIÇÃO QUINQUENAL A Reclamante ajuizou a demanda no dia 17/08/2022. Assim, estão prescritos os pedidos anteriores a cinco anos do ajuizamento da ação, nos termos do artigo 7º, XXIX da CF e súmula 308, I do TST. Requer sejam extintos com resolução do mérito, nos termos do artigo 269, IV do CPC. II. MÉRITO A Reclamante foi admitido no dia 20 de março de 2009. Exercia a função de ... e seu salário era de R$ …. Ocorre que a reclamante ajuizou demanda alegando fatos incontroversos, conforme demonstrado a seguir: II.I DO DANO MORAL – REVISTAS A princípio vale salientar que não procede o pedido da autora em danos morais, porque a revista em bolsa não é considerada íntima, mas pessoal, e com isso decorre do poder diretivo e fiscalizador do empregador, conforme o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho: RECURSO DE REVISTA . DANO MORAL. REVISTA. OBJETOS PESSOAIS DOS EMPREGADOS. NÃO CONHECIMENTO. A jurisprudência deste colendo Tribunal Superior do Trabalho inclina-se no sentido de que a revista em objetos pessoais - bolsas e sacolas - dos empregados da empresa, realizada de modo impessoal, geral, sem contato físico ou exposição de sua intimidade, não submete o trabalhador a situação vexatória ou caracteriza humilhação, vez que decorre do poder diretivo e fiscalizador do empregador, revelando-se lícita a prática desse ato. Na hipótese , a egrégia Corte Regional consignou que restou incontroverso a realização de revista pessoal nos pertences dos empregados e terceirizados - bolsas, mochilas, sacolas e congêneres, sem qualquer contato físico, de modo impessoal, não ficando demonstrada a ocorrência de situações humilhantes e vexatórias. Logo, não há respaldo fático para entender-se configurado algum tipo de constrangimento ensejador de dano moral. Precedentes. Incidência dos óbices da Súmula nº 333 e do artigo 896, § 7º, da CLT. Recurso de revista de que não se conhece.(TST - RR: XXXXX20155170141, Relator: Guilherme Augusto Caputo Bastos, Data de Julgamento: 18/11/2020, 4ª Turma, Data de Publicação: 20/11/2020) RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. REVISTA NOS PERTENCES DE EMPREGADOS. PROCEDIMENTO GENERALIZADO E SEM CONTATO FÍSICO. Depreende-se do acórdão regional que as revistas de bolsas e pertences eram generalizadas e que não existia contato físico entre a pessoa que procedia à verificação e o empregado. A jurisprudência da SBDI-1 consolidou-se no sentido de que a revista indiscriminada em bolsas e sacolas, sem contato físico, não caracteriza ofensa à intimidade do trabalhador.Ressalva de entendimento do Relator. Recurso de revista conhecido por violação do artigo 5º, XXII, da CF/88 e provido. Tribunal Superior do Trabalho TST - RECURSO DE REVISTA: RR XXXXX-75.2014.5.05.0015 Embora a revista seja um direito subjetivo do empregador, decorre do direito fundamental de propriedade inserto do art. 5º, XXII da CF/88, e assim encontrando limites no texto constitucional conforme afirma o Tribunal Superior do Trabalho quando se tratar de uma revista humilhante e vexatória, e assim violando o direito a intimidade, honra e imagem das pessoas. Com isso é tolerável a revista pessoal desde que preserve a dignidade do trabalhador. Visto isto, no caso abordado, não há contato físico nem exposição visual de parte do corpo ou qualquer violação íntima, alem de ser feita em lugar reservado e separadamente, e assim não estando presentes os requisitos dos artigos 186 e 927 do Código Civil e do art. 5º, X da CF/88. Logo, não houve excesso no poder diretivo e fiscalizatório, pois a revista observou a ponderação de interesses. Apesar de ser indevido o pleito da Reclamante, por cautela, argumenta-se que o valor postulado é exagerado, pois não considera a capacidade econômica da Reclamada (empresa de pequeno porte), devendo ser reduzido para atender aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Requer a improcedência do pedido. II.II DO ASSÉDIO MORAL – ADVERTÊNCIA Uma mera advertência na presença de colegas não enseja ofensa à honra da autora, por não constituir situação vexatória, estando dentro dos limites do poder de direção do empregador, conforme art. 2º, CLT. O assédio moral fica configurado com atos reiterados e abusivos, discriminante, humilhante e constrangedor de situações, conforme jurisprudência do tribunal: RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA. ASSÉDIO MORAL. NÃO COMPROVAÇÃO. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. O assédio moral fica configurado quando há atos reiterados e abusivos, um processo discriminatório de situações humilhantes e constrangedoras. Nos termos dos arts. 818, I, da CLT e 373, I do CPC, o ônus da prova seria do autor o que dele não se desincumbiu, pois deixou de comprovar nos autos o alegado assédio. Assim, na ausência de prova específica da ocorrência do alegado assédio moral, resta indevida a indenização por danos morais. Recurso Ordinário da reclamada conhecido e provido. Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região TRT-11: XXXXX20185110003 A desavença esporádica não pode ser considerada assédio moral, estando ausentes os requisitos dos artigos 186 e 927 do Código Civil, bem como o requisito de reiteração de atos, posto que a conduta descrita aconteceu uma única vez e reconhecido o erro por parte do empregador. Apesar de ser indevido o pleito da Reclamante, por cautela, argumenta-se que o valor postulado é exagerado, pois não considera a capacidade econômica da Reclamada (empresa de pequeno porte), devendo ser reduzido para atender aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Requer a improcedência do pedido. II.III DO TICKET REFEIÇÃO E VALE TRANSPORTE Em caso de auxílio-doença previdenciário, o empregado é considerado em licença não remunerada, durante o prazo desse benefício, tendo em vista os dispostos nos artigos 476, da CLT e 59 da Lei 8.213/91. Conforme o artigo, a doença que acarrete o afastamento por mais de 15 (quinze) dias, acarreta a suspensão, isto significa que o contrato de trabalho está suspenso, ou seja, o empregado não faz jus aos benefícios que se relacionam com a prestação dos serviços, a exemplo do ticket refeição e vale transporte, diante disso não procede o pedido da autora. Requer a improcedência do pedido. II.IV DA DATA DO PAGAMENTO A OJ 159, SDI-1 do TST dispõe que: DATA DE PAGAMENTO. SALÁRIOS. ALTERAÇÃO. Diante da inexistência de previsão expressa em contrato ou em instrumento normativo, a alteração de data de pagamento pelo empregador não viola o art. 468 , desde que observado o parágrafo único , do art. 459 , ambos da CLT Conforme respaldado pelo Tribunal Superior do Trabalho: ALTERAÇÃO DA DATA DE PAGAMENTO DOS SALÁRIOS. A atual, notória e iterativa jurisprudência da C. SDI, por intermédio da Orientação Jurisprudencial nº 159, estabeleceu o entendimento de que, diante da inexistência de previsão expressa em contrato ou em instrumento normativo, a alteração da data de pagamento pelo empregador não viola o art. 468, desde que observado o parágrafo único do art. 459, ambos da CLT.Recurso provido. Tribunal Superior do Trabalho TST - RECURSO DE REVISTA: RR XXXXX-16.1997.5.04.5555 XXXXX-16.1997.5.04.5555 Diante disso, não procede o pedido da autora em relação a mudança da data de pagamento, pois estadentro do limite de tolerância legal, é alteração possível, não sendo considerada ilegal e, portanto, não viola o art. 468 da CLT. O limite legal estabelecido pelo art. 459, § 1° da CLT é até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencido, prazo este que foi atendido pela Reclamada. Requer a improcedência do pedido. III. REQUERIMENTOS FINAIS Assim sendo, requer acolhimento da prejudicial de prescrição quinquenal, e, no mérito, requer seja julgada totalmente improcedente a presente demanda, responsabilizando a autora pelas custas processuais e demais ônus de sucumbência. Requer a produção de todos os meios de prova em direito admitidos, tais como depoimento pessoal do reclamante, oitiva de testemunhas, juntada de documentos e perícia. Nestes termos, pede-se deferimento. Local e data. ADVOGADO OAB/ ...
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