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ALICE – MEDICINA – T4 AFOGAMENTO – SUPORTE BÁSICO DE VIDA DADOS • Evitável em 99% das vezes; • A cura do incidente afogamento é a prevenção; • A cada 84 min, um brasileiro morre afogado; • Adolescentes têm o maior risco de morte; • O Norte do Brasil tem a maior mortalidade; DEFINIÇÃO • É a aspiração de líquido causada por submersão ou imersão. O termo refere-se à entrada de líquido nas vias aéreas (traqueia, brônquios e/ou pulmões), e não deve ser confundido com “engolir água”. TERMINOLOGIA E DEFINIÇÃO • O afogamento ocorre em qualquer situação em que o líquido entra em contato com as vias aéreas da pessoa: - Imersão (água na face); - Submersão (abaixo da superfície do líquido); • Resgate é a pessoa socorrida da água, sem sinais de aspiração de líquido; • Cadáver por afogamento é a morte por afogamento, sem chances de iniciar reanimação, comprovada por tempo de submersão maior que 1h ou sinais evidentes de morte a mais de 1h como rigidez cadavérica, livores ou decomposição corporal; MECANISMOS DO AFOGAMENTO • Inicialmente, a vítima entra em contato com a água, prende voluntariamente a respiração e faz movimentos de todo o corpo, tentando desesperadamente nadar ou agarrar-se a alguma coisa; • Se não ocorrer o salvamento até essa fase, a vítima que prender a respiração atingirá seu limite e fará movimentos respiratórios involuntários, aspirando grande quantidade de água; • Essa entrada em grande quantidade de água nos pulmões piora a constrição das vias aéreas e haverá perda do surfactante (que mantém os alvéolos abertos); • Alteração na permeabilidade dos capilares pulmonares, com extravasamento de líquidos para os alvéolos e espeço intersticial (edema pulmonar); ALICE – MEDICINA – T4 • Ocorre inundação total dos pulmões com perda de consciência, apneia e consequente morte; CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO • Quanto ao tipo de água (importante para campanhas de prevenção): - Afogamento em água doce: piscinas, rios, lagos ou tanques; - Afogamento em água salgada: mar; - Afogamento em água salobra: encontro de água doce com o mar; - Afogamento em outros líquidos não corporais: tanque de óleo ou outro material; MECANISMOS DA LESÃO NO AFOGAMENTO • No afogamento, a função respiratória fica prejudicada pela entrada de líquido nas vias aéreas, interferindo na troca de oxigênio e gás carbônico de duas formas principais: 1. Obstrução parcial ou completa das vias aéreas superiores por uma coluna de líquido, nos casos de submersão súbita (crianças e casos de afogamento secundário); E/OU 2. Pela aspiração gradativa de líquido até os alvéolos (a vítima luta para não aspirar); • Estes dois mecanismos de lesão provocam a diminuição ou abolição da passagem do O2 para a circulação e do CO2 para o meio externo, e serão maiores ou menores de acordo com a quantidade e a velocidade em que o líquido foi aspirado; • Se o quadro de afogamento não for interrompido, esta redução de oxigênio levará a parada respiratória que consequentemente em segundos ou poucos minutos provocará a parada cardíaca; • Os afogamentos de água doce, mar ou salobra não necessitam de qualquer tratamento diferenciado entre si; FASES DO AFOGAMENTO • Inicialmente a pessoa apresenta pânico, com movimentos corporais de luta para tentar salvar-se da imersão; • A seguir, apresenta a seguinte sequência de situações: - Luta ineficaz; - Água penetra nas vias aéreas; - Espasmo da glote ou entrada de ar nos pulmões; - Hipóxia; - Perda de consciência; - Entrada de mais água nos pulmões; - A própria imersão provoca hipotermia que pode levar ao afogamento; CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO 1. Quanto à causa do afogamento: • Primária: quando não se encontram indícios de causa orgânica que tenha propiciado a imersão: - Pessoas sem treinamento na locomoção dentro da água; - Vítimas de quedas inadvertidas dentro da água, geralmente crianças menores na faixa etária entre os 2 aos 4 anos de idade; ALICE – MEDICINA – T4 • Secundária: nos casos em que houver um fator que impede o indivíduo de manter-se na superfície: - Intoxicações por drogas; - Ataque de epilepsias; - Descompensação cardíaca ou respiratória em indivíduos previamente doentes; - Trauma e acidentes de mergulho; - Hipotermia; 2. Quanto à gravidade do afogamento: • Resgate: vítima resgatada viva da água que não apresenta tosse ou espuma na boca e/ou nariz – pode ser liberada no local sem necessitar de atendimento médico após avaliação do socorrista, quando consciente; • Afogamento: pessoa resgatada da água que apresenta evidência de aspiração de líquido: tosse ou espuma na boca ou nariz – deve ter sua gravidade avaliada ao local do incidente, receber tratamento adequado e acionar se necessário uma equipe médica a prover suporte avançado de vida; CLASSIFICAÇÃO DE AFOGADOS - BLS RESGATE • Sem tosse ou espuma na boca ou nariz; • Libera para casa do próprio local, sem atendimento médico; GRAU 1 • Tosse, sem espuma na boca ou nariz; • Repouso, aquecimento e tranquilização. Usualmente, não há necessidade de oxigênio ou atendimento médico; GRAU 2 • Pouca espuma na boca/nariz; 1. Oxigênio – 5l/min via cânula nasal; 2. Repouso, aquecimento e tranquilização; 3. Posição lateral de segurança sob o lado direito; 4. Observação hospitalar; GRAU 3 • Grande quantidade de espuma na boca/nariz com pulso radial palpável; 1. Oxigênio via máscara facial a 15l/min; 2. Posição lateral de segurança sob o lado direito com a cabeça elevada acima do tronco; 3. Acione a ambulância para levar ao hospital (CTI); GRAU 4 • Grande quantidade de espuma na boca/nariz sem pulso radial palpável; 1. Oxigênio via máscara fácil a 15l/min; 2. Observe a respiração com atenção, pois pode ocorrer parada; 3. Posição lateral de segurança sob o lado direito; 4. Ambulância urgente para melhor ventilação e infusão venosa de líquidos; 5. Internação em hospital – CTI com urgência; GRAU 5 • Parada respiratória isolada; ALICE – MEDICINA – T4 1. Inicie imediatamente a ventilação artificial de emergência (5 ventilações artificiais); 2. Mantenha a ventilação artificial de 1 ventilação a cada 6s até o retorno espontâneo da respiração e cheque o pulso regularmente; 3. Após o retorno da ventilação, trate como grau 4; GRAU 6 • Parada respiratória; 1. Ressuscitação cardiopulmonar: 2 ventilações e 30 compressões ou 2 ventilações e 15 compressões se houverem 2 socorristas, até retornar à função cardiopulmonar, ou até a chegada da ambulância ou a exaustão do socorrista; 2. Use o desfibrilador automático se houver; 3. Não dar soco no precórdio – retarda o início das manobras; 4. Não comprimir o abdômen; 5. Iniciar RCP sempre quando: submersão menor que 1h ou desconhecido e em PCR sem rigidez cadavérica, decomposição corporal ou livores; 6. Após o sucesso da RCP, a vítima deve ser acompanhada com cuidado, pois pode haver outra parada dentro dos primeiros 30 min, trate como grau 4; • 3 fatores que estimulam a RCP no afogado: - O “reflexo” do mergulho; - A continuação da troca gasosa de O2- CO2 após a submersão; - A hipotermia; CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DO AFOGAMENTO E SEU TRATAMENTO BÁSICO • Cadáver: vítima com tempo de submersão acima de 1h ou com sinais físicos óbvios de morte (rigor mortis, livores e/ou decomposição corporal). Não iniciar ressuscitação e encaminhar o corpo ao IML. • Assim, durante a RCP, fique atento e verifique periodicamente se o afogado está ou não respondendo, o que será importante na decisão de parar ou prosseguir nas manobras; • O DEA não tem utilidade em casosde afogamento primário, pois a PCR é de causa respiratória e, portanto, ocorre em assitolia; CLASSIFICAÇÃO DO AFOGAMENTO - REVISÃO QUANTO VALE A PENA TENTAR RCP EM AFOGAMENTO? 1. Todos os afogados em PCR com um tempo de submersão inferior a 1h; ALICE – MEDICINA – T4 2. Todos os casos de PCR que não apresentem um ou mais dos sinais abaixo: - Rigidez cadavérica; - Decomposição corporal; - Presença de livores; SUPORTE AVANÇADO DE VIDA NO LOCAL • Resgate – ausência de tosse ou dificuldade respiratória: - Avaliar e liberar do local do acidente sem necessidade de cuidados médicos, caso não apresente nenhuma comorbidade ou doença associada; • Grau 1 – tosse com ausculta pulmonar normal: - Estes pacientes não necessitam de oxigênio ou suporte ventilatório e podem ser liberados a suas residências caso não exista comorbidades ou doença associada; • Grau 2 – ausculta pulmonar com estertores: - Vítimas com esse quadro necessitam apenas de 5l/min de oxigênio com cânula nasofaríngea e tem uma recuperação satisfatória em 6 a 24h com observação hospitalar; • Grau 3 – edema agudo de pulmão sem hipotensão arterial: - Vítimas com SaO2p > 90% em uso de oxigênio a 15l/min via máscara facial conseguem permanecer sem TOT e ventilação mecânica em apenas alguns casos; - A maioria dos casos necessitam de intubação e ventilação mecânica, observando-se os mesmos protocolos para os afogados grau 4; • Grau 4 – edema agudo de pulmão com hipotensão arterial: - Fornecer oxigênio com suporte de ventilação mecânica é a terapia de primeira linha; - Inicialmente, o oxigênio deve ser fornecido por máscara facial a 15l/min até que o tubo orotraqueal possa ser introduzido; - O afogado grau 4 necessita de intubação orotraqueal em todos os casos devido à necessidade de ventilação com pressão positiva; - Os pacientes nessa situação devem permanecer relaxados com drogas (sedativos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares); • Grau 5 – parada cardiorrespiratória: - A vítima em apneia exige ventilação artificial imediata; - Os protocolos de ventilação e oxigenação são os mesmos do grau 6, devem ser seguidos até que a respiração espontânea seja restaurada, o que usualmente ocorre após poucas ventilações e, então, seguir os protocolos para o grau 4; • Grau 6 – parada cardiorrespiratória: - Continuar as compressões cardíacas; - Manter a ventilação artificial com máscara de ressuscitação e suplemento de oxigênio até uma bolsa auto-inflável e oxigênio a 15l/min; - Assim que for possível, realizar a intubação orotraqueal; - A aspiração das vias aéreas antes da intubação é geralmente necessária, mas não deve ser excessiva a ponto de prejudicar a própria ventilação; - RCP dos afogados: uma relação de 2 ventilações para 30 compressões antes da inserção do TOT com socorrista ou 2 ALICE – MEDICINA – T4 ventilações para 15 compressões para 2 socorristas; - Desfibriladores externos podem ser utilizados para monitorar o ritmo cardíaco ainda na cena do incidente, porém, o ritmo mais comum nestes casos é a assistolia; - O acesso venoso periférico é a via preferencial para administrar droga; EMERGÊNCIA AQUÁTICA 1. Reconheça o afogado; 2. Entre na água; 3. Nado de aproximação; 4. Canivete; 5. Abordagem da vítima; 6. Nado reboque; 7. Retirada da piscina; CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA DO AFOGADO
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