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1 INTRODUÇÃO O abdome agudo é tido como um quadro de dor intensa, súbita e não traumática. • Responsável por 10% dos atendimentos em PA • Condições abdominais ou extra abdominais incluem o abdome agudo. • Pode ser uma condição cirúrgica ou não cirúrgica. • Até 25% dos pacientes podem sair sem diagnóstico preciso. TIPOS DE DOR SOMÁTICA – PARIETAL • Pele e peritônio parietal • Rápida, aguda e bem localizada A dor parietal é aquela aguda e bem localizada (ex. dor do dedinho). VISCERAL • Estímulo dos nociceptores viscerais • Lenta, mal definida, insidiosa, persistente, resposta vagal → logo, causa bradicardia, hipotensão e náuseas. Ocorre nas vísceras, logo ela é mais difusa porque a pessoa não consegue localizar onde dói. DOR REFERIDA • Dor percebida longe do estímulo de origem • O estímulo gerado pelo músculo atinge os mesmos que um dermátomo específico. Ex. a dor da nefrolitíase que irradia para a bolsa escrotal. LOCAIS DE IRRADIAÇÃO DA DOR REFERIDA: Ombro direito Fígado, vesícula biliar, diafragma direito. Ombro esquerdo Coração, baço, cauda do pâncreas, diafragma esquerdo. Bolsa escrotal Ureter. ABDOME AGUDO NÃO CIRÚRGICO Endócrinas e metabólicas: • Uremia • Cetoacidose diabética • Crise adissoniana • Porfiria intermitente aguda • Febre do mediterrâneo Hematológicas: • Crise falcêmica • Leucemia • Discrasias Toxinas e drogas: • Chumbo • Metais pesados • Animais peçonhentos, como escorpião, aranha viúva-negra. ABDOME AGUDO CIRÚRGICO TIPOS EXEMPLOS Hemorrágico • Prenhez ectópica rota • Sangramento abdominal • Hemorragia digestiva Inflamatório • Apendicite aguda • Colecistite aguda • Diverticulite aguda Perfurativo • Úlcera perfurada • Neoplasia perfurada • Síndrome de boerhaave Isquêmico • Isquemia mesentérica • Hérnia estrangulada Obstrutivo • Aderência e Brida • Corpo estranho • Volvo • Neoplasias AVALIAÇÃO DO ABDOME AGUDO • Onde? • Irradia? • Quando começou? • Quanto tempo demorou para chegar até aqui? • Como é? • Melhora? Piora? • Outros sintomas? LOCALIZAÇÃO Maior especificidade • Epigástrica → doenças gastroduodenais. • Hipocôndrio direito → doenças hepatobiliares. • Pélvica → doenças ginecológicas. ABDOME AGUDO 2 INTENSIDADE • Súbita sem sintomas prévios: isquemia, perfuração de víscera, rotura de aneurisma abdominal (acorda o paciente, incapacita). • Aumento progressivo da intensidade: “melhora-piora-melhora” – obstruções, colecistite, pancreatite. • Desconforto que depois se localiza em dor: apendicite, hérnia encarcerada, obstrução distal de cólon, diverticulite, perfuração bloqueada. FATORES DE MELHORA E PIORA • Melhora com alimentação: úlcera duodenal. • Piora com alimentação: úlcera gástrica, neoplasia de estômago, isquemia mesentérica. • Piora com movimentação: peritonite. CURIOSIDADES Obs. Paciente que prefere ficar quieto → lembrar de peritonite. Vômitos: Podem ser consequência da dor ou da própria doença. • Muito vômito e pouca distensão abdominal: obstrução proximal de delgado • Vômitos claros: obstrução acima da ampola de vater. • Vômitos biliosos: obstrução abaixo da ampola de vater. • Obstrução colônica: vômitos são raros. Dor abdominal: • Dor abdominal + icterícia: hepatobiliares. • Dor abdominal + hematúria: urológicas. • Dor abdominal + amenorreia: ectópica. SEMIOLOGIA INSPEÇÃO • Cicatrizes • Hérnias • Massas/ tumorações • Distensão abdominal • Sempre expor o abdome completamente AUSCULTA Realizar antes da percussão. • Silencio: íleo paralítico, abdome agudo obstrutivo (quadro avançado). • Aumentados: gastroenterite, abdome obstrutivo – timbre metálico (quadro agudo). PERCUSSÃO • Timpanismo • Macicez PALPAÇÃO • Iniciar distante da dor • Ponto mais importante do exame abdominal • Descompressão dolorosa • Iniciar palpando superficial e palpar profundamente EXAMES COMPLEMENTARES • Laboratoriais: hemograma completo, uréia, creatinina, eletrólitos, glicemia, amilase, lipase, beta-HCG, TGO, TGP, bilirrubinas, FA e GGT. • Radiografia de abdome agudo – AP, em ortostase e decúbito. • Tomografia: uso criterioso, pancreatite e diverticulite • Ressonância magnética: uso criterioso, avaliação de doenças das vias biliares. DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO 1. Abdome agudo perfurativo 2. Abdome agudo obstrutivo 3. Abdome agudo inflamatório 4. Abdome agudo hemorrágico 5. Abdome agudo isquêmico 3 ABDOME AGUDO INFLAMATÓRIO • Tipo mais comum de abdome agudo. • Inicio insidioso com sinais iniciais vagos. • Dor inicialmente mal localizada (visceral), com posterior localização (somática). • Comum a palpação de massa abdominal (plastrão). • Apendicite constitui a causa cirúrgica mais comum. o Apendicite o Colecistite o Colangite o DIP o Diverticulite o Linfadenite mesentérica o Pielonefrite o Gastroenterite ABDOME AGUDO PERFURATIVO • Dor de início súbito e intensa • Perfuração de víscera oca com extravasamento do conteúdo contido no TGI. • Exame físico abdominal exuberante (abdome em tábua). • Piora clínica rápida → sepse. • Raio X com pneumoperitônio em 80% dos casos. • Úlcera péptica é a principal causa. • Indicar cirurgia com maior brevidade possível. o Úlcera péptica o Neoplasia o Corpo estranho – deglutido ou introduzido o Doença inflamatória intestinal – crohn o Megacólon tóxico o Iatrogênica ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO • Dor abdominal do tipo cólica • Distensão, parada na eliminação de flatos e fezes, náuseas e vômitos • Delgado x cólon • Tardiamente: isquemia e perfuração • Bridas e aderências são a causa mais comum • Radiografia de abdome é o diagnóstico o Bridas e aderências o Hérnias parietais e internas o Neoplasia – causa mais comum em cólon o Estenoses – crohn, actínnica o Volvo o Intussuscepção o Íleo biliar o Corpo estranho, benzoar, bolo de áscaris o Funcional: íleo paralítico, síndrome de olgivie • Conduta inicial: dieta zero, hidratação, analgesia. ABDOME AGUDO VASCULAR/ISQUÊMICO • Doença grave com alta mortalidade – até 80%. • Lesão isquêmica inicial – arterial ou venosa • Dor abdominal inicialmente muito intensa • Exame abdominal inespecífico • Piora clínica rápida, sepse, instabilidade hemodinâmica. • Fatores de risco: idoso, doença aterosclerótica, AIM recente, arritmias cardíacas – fibrilação atrial, fenômenos tromboembólicos prévios, tabagismo, neoplasias, uso de ACO, doenças hematológicas, trombofilia. • Arteriografia – padrão-ouro, diagnóstica e terapêutica, contraindicada em casos de peritonite e instabilidade hemodinâmica. • Angiotomografia e angiorressonância. ABDOME AGUDO HEMORRÁGICO • Dor de início súbito, de intensidade variável • Sinais de perda volêmica: taquicardia, palidez, hipotensão arterial, agitação, torpor • Exame físico abdominal com peritonite • Causas mais comum: traumas, pós- operatório, complicação pós- procedimentos, como biópsia hepática. • Mulheres em idade fértil: gravidez ectópica rôta. • Exames: queda de Hb/Ht, imagem com líquido livre, B-HCG+ • Tratamento: cirurgia imediata na maioria dos casos
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