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ESTUDO DE CASO João, ex-pedreiro, desempregado há 10 anos, contribuiu para o INSS por 14 anos, entre 1996 e 2010. Hoje, aos 60 anos sofreu um acidente vascular cerebral que o deixou total e indefinidamente incapacitado. Ele reside com sua esposa, Maria, que recebe um salário mínimo a título de aposentadoria por idade. Teria ele como obter um benefício assistencial a pessoa com deficiência, sabendo-se que sua casa apresenta razoáveis condições físicas e ele tem dois filhos casados que moram nos Estados Unidos, que trabalham e recebem relativamente bem? Número do Tema: 12 Situação: Acórdão publicado Ramo Direito: Benefício Assistencial (Art. 203,V CF/88), Benefícios em Espécie, DIREITO PREVIDENCIÁRIO Controvérsia: Discute-se se a renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo gera presunção absoluta ou relativa de miserabilidade para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada. Tese Fixada: O limite mínimo previsto no art. 20, § 3º, da Lei 8.742/93 ('considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa com deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo') gera, para a concessão do benefício assistencial, uma presunção absoluta de miserabilidade. Observações: OBS1. Em 06/07/2017, a 3ª Seção deste Regional determinou, "nos processos em que se discuta se a renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo gera presunção absoluta ou relativa de miserabilidade para fins de concessão do benefício de prestação continuada, em trâmite na Justiça Federal da 4ª Região (incluindo juízo comum federal, juizados especiais federais e juízo comum estadual no exercício da competência delegada): I - o normal prosseguimento da instrução dos processos em trâmite no primeiro grau somente até a conclusão para sentença; II - a suspensão, a partir da data do presente julgamento, dos processos já sentenciados ou já remetidos a este Tribunal Regional Federal ou às Turmas Recursais; III - o normal prosseguimento de atos ou medidas tendentes à concessão ou à efetivação de tutela provisória". OBS2. Há recurso especial pendente (não admitido pelo Ministro Relator como representativo da controvérsia). Processo IRDR: 50130367920174040000/TRF4 - Relator: LUÍS ALBERTO D AZEVEDO AURVALLE Processos Representativos: 50209761920144047108/RS Processos REsp/RE: Datas: Afetação Julgamento Acórdão Publicado Trânsito Julgado 06/07/2017 21/02/2018 22/02/2018 RECURSO CÍVEL Nº 5004120-59.2019.4.04.7122/RS RELATOR: JUIZ FEDERAL DANIEL MACHADO DA ROCHA “Caso concreto Entendo que o recurso não merece provimento. A autora é pessoa idosa, maior de 65 anos de idade, de modo que, para fazer jus ao benefício assistencial, necessita comprovar que não possui condições de prover a própria subsistência nem de tê-la provida por sua família. Em relação ao requisito econômico, segundo o estudo social, a autora vive com se marido, que recebe uma aposentadoria e uma pensão por morte, no valor de um salário mínimo cada um. Desse modo, a renda mensal per capta é superior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo, o que afasta a presunção absoluta de miserabilidade, conforme a tese firmada pelo TRF4 pelo rido do IRDR. Competia, pois, a parte autora comprovar sua condição de miserabilidade. Todavia, o estudo social e o levantamento fotográfico indicam que o grupo familiar reside em imóvel simples, mas não vivem em situação de miserabilidade. Assim, evidencia-se que a parte autora está bem amparado por seu marido, não sendo verificada situação de vulnerabilidade, tampouco de miserabilidade, o que impede a concessão do benefício assistencial.” RECURSO CÍVEL Nº 5061875-78.2017.4.04.7100/RS RELATOR: JUIZ FEDERAL DANIEL MACHADO DA ROCHA “Caso concreto Entendo que o recurso merece provimento. O perito, em seu laudo (evento 34), concluiu que a parte autora apresenta Cardiopatia isquêmica (I 25), doença que acarreta impedimento de longo prazo e incapacidade permanente para o exercício de atividade laboral. Em relação ao requisito econômico, segundo o estudo social, autora vive sozinha, recebendo o valor de R$ 91,00 do programa Bolsa Família. Nesse contexto, tratando-se de renda inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo, há presunção absoluta de miserabilidade, conforme a tese firmada pelo TRF4 pelo rido do IRDR. Assim, como demonstra a análise supra, há que se reconhecer preenchido o requisito econômico, para a concessão do benefício.”