Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ILUSTRÍSSIMO SENHOR GERENTE EXECUTIVO DA AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DO INSS EM MOSSORÒ – RIO GRANDE DO NORTE Resp. NB 516.652.743-3 Assunto: Indicio de irregularidade na manutenção do Benefício de Prestação Continuada – BPC (fonte: Apuração – NOTA TÉCNICA Nº 1/2020) Rozenaide Dantas de Andrade e Silva, Rua Riachuelo, B: Bom Jardim n:447 , vem, perante Vossa Senhoria apresentar DEFESA ADMINISTRATIVA em face NB 516.652.743-3 (Apuração – NOTA TÉCNICA Nº 1/2020), com base nos seguintes fatos e fundamentos jurídicos: I – RESUMO DOS FATOS Em síntese, no dia XXXXXXXXXXXX, a notificada recebeu a notificação NB 516.652.743-3 (Apuração – NOTA TÉCNICA Nº 1/2020), relatando que foram identificados indícios e irregularidade no recebimento do benefício BPC nº NB 516.652.743-3, facultando um prazo de 30 dias para que a mesma apresentasse defesa por escrito. Atentando à referida notificação, percebe-se que o motivo que implicou na presente verificação de irregularidade foi a constatação da condição socioeconômica supostamente alheia à de miserabilidade, em virtude do companheiro da notificada, Sr. Francivan Nunes da Silva, receber de Auxílio Doença no valor de R$ 1.045. Entretanto, tal alegação é completamente equivocada. Isto, pois os valores eventualmente auferidos pelo Sr. Francivan é benefício previdenciário e não têm o condão de descaracterizar o estado de miséria em que está inserido o grupo familiar da beneficiária, pois, não se trata de renda. É importante relatar que o mesmo não recebe mais nenhum tipo de benefício por parte desta autarquia. A saber, a família é composta por 2 integrantes: a notificada e seu esposo. Neste sentido, é evidente a condição de miserabilidade vivenciada pelo grupo familiar, eis que a renda é insuficiente para garantir a mínima subsistência da família, ainda mais quando são dois idosos um que faz tratamento para o combate e controle do Câncer e outro enfermo. Basta uma simples análise dos documentos acostados, contas de energia no valor de R$ 119,03, de água no valor de R$ 79,11,11. Além de despesas com alimentação e medicamentos que superam o valor de R$ 600,00. Sendo assim, tem-se que na verdade, a renda que sobeja à sobrevivência da notificada e o companheiro é o mísero valor de R$ 320,00. Ou seja, dessa maneira é perceptível a condição de miserabilidade da mesma, sendo inconcebível a suspensão de seu benefício. II.1 – DA MANUTENÇÃO DO BENEFÍCIO Como dito na síntese fática, segundo o INSS, a irregularidade apontada é em virtude do recebimento de Auxílio Doença no valor de R$ 1.045,00, recebida pelo companheiro da notificada, Sr.Francivan. Acontece que para fins do recebimento de benefício de prestação continuada, não deve ser considerado no cálculo da renda da família o benefício, previdenciário ou assistencial, concedido a outro ente familiar. Assim já decidiu a 1ª seção do STJ, que estendeu o entendimento aos portadores de deficiência, em julgamento de recurso sob rito do repetitivo (tema 640), a condição legal já prevista a idosos: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RENDA FAMILIAR PER CAPITA PARA FINS DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA A PESSOA COM DEFICIÊNCIA. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008- STJ). TEMA 640. Na mesma senda, o Supremo Tribunal Federal, na condição de guardião da Carta Magna, a qual enuncia como fundamento da República a dignidade da pessoa humana e como objetivo fundamental erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais, CONFIRMOU o entendimento que o benefício obtido por idoso deve ser desconsiderados no cálculo da renda per capita quando do levantamento da situação de miserabilidade, ao julgar o Agravo Regimental no AI 672.694, in verbis: AGRAVO REGIMENTAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. Lei 10.741/2003, art. 34, parágrafo único. LEI 8.742/1993, art. 20, § 3º. A Turma Recursal de origem não afastou o critério estabelecido no art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993, ao julgar procedente o pedido de concessão de benefício assistencial nos termos do Estatuto do Idoso. Decisão em conformidade com o decidido por esta Corte no julgamento da ADI 1.232, rel. min. Ilmar Galvão. O acórdão recorrido não declarou a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. Impossibilidade de seguimento do recurso fundado na alínea b do inciso III do art. 102 da Constituição Federal. Agravo regimental a que se nega provimento. (STF - AI: 672694 PR, Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Data de Julgamento: 10/08/2010, Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-185 DIVULG 30-09-2010 PUBLIC 01-10-2010 EMENT VOL-02417-09 PP- 01989). Diante da decisão em análise, restou claro que que para fins do recebimento de benefício de prestação continuada, não deve ser considerado no cálculo da renda da família o benefício, previdenciário ou assistencial, concedido a outro ente familiar. Além do mais, é firmado o entendimento no TRF4 que é o critério salarial não é uníssono para fins concessão do BPC, visto que se faz necessária análise do conjunto probatório do direito da notificada, nos termos do julgado ora colacionado. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. CONCESSÃO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. MANUTENÇÃO. REQUISITO ECONÔMICO. RENDA PER CAPITA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO. CRITÉRIO INCONSTITUCIONAL. Afigura-se arbitrário o indeferimento de benefício assistencial de pessoa incapaz com base tão somente no fato da renda per capita da família superar o equivalente a ¼ do salário mínimo. Demonstrada a probabilidade do direito almejado tanto em relação à incapacidade do postulante quanto em relação ao requisito socioeconômico, cabível a antecipação de tutela. Havendo elementos que evidenciem a probabilidade do direito almejado bem como o risco pela demora na entrega da prestação jurisdicional, cabível a concessão da tutela de urgência para imediata concessão do benefício. Hipótese em que não desconstituídos os fundamentos da decisão agravada que reputou atendidos os requisitos necessários para justificar a tutela de urgência. (TRF-4 - AG: 50515114120164040000 5051511-41.2016.404.0000, Relator: ROGERIO FAVRETO, Data de Julgamento: 11/04/2017, QUINTA TURMA). Por sim, cabe destacar que o Sr. Francivan não recebe mais nenhum benefício por parte desta autarquia, sendo assim inadmissível a suspensão do BPC da beneficiária que utiliza o mesmo para fins de sobrevivência como demostrado. III – CONSIDERAÇÕES FINAIS Ante o exposto, pede-se: a) Que seja reconhecida a regularidade na concessão do NB 516.652.743-3 ; b) Que seja mantido o recebimento do NB 516.652.743-3;. Nestes termos, Pede deferimento. Mossoró, 09 de Abril de 2021.
Compartilhar