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Louyse Jerônimo de Morais 2 Louyse Jerônimo de Morais ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MAMA ...................................................................................................................... 3 ANATOMIA ..................................................................................................................................................................... 3 SEMIOLOGIA .................................................................................................................................................................. 4 FISIOLOGIA .................................................................................................................................................................... 5 EXAMES COMPLEMENTARES EM MASTOLOGIA .................................................................................................... 6 PROPEDÊUTICA .............................................................................................................................................................. 6 MAMOGRAFIA ................................................................................................................................................................ 6 ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA ......................................................................................................................................... 7 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA............................................................................................................................................... 7 LESÕES NÃO PALPÁVEIS .................................................................................................................................................. 7 DOENÇAS BENIGNAS DAS MAMAS ....................................................................................................................... 8 MASTITE ....................................................................................................................................................................... 8 ABSCESSO SUBAREOLAR CRÔNICO RECIDIVANTE ................................................................................................................. 8 NÓDULOS BENIGNOS ...................................................................................................................................................... 8 DERRAMES PAPILARES .................................................................................................................................................... 9 ECZEMA AREOLAR ....................................................................................................................................................... 10 MASTALGIA................................................................................................................................................................. 10 CÂNCER DE MAMA............................................................................................................................................ 11 EPIDEMIOLOGIA........................................................................................................................................................... 11 FATORES DE RISCO ...................................................................................................................................................... 11 RASTREAMENTO .......................................................................................................................................................... 11 CLÍNICA ...................................................................................................................................................................... 11 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAIS ......................................................................................................................................... 11 TIPOS HISTOLÓGICOS ................................................................................................................................................... 12 IMUNO-HISTOQUÍMICA .................................................................................................................................................. 12 TRATAMENTO .............................................................................................................................................................. 12 FATORES PROGNÓSTICOS ............................................................................................................................................. 13 CASOS ESPECIAIS ........................................................................................................................................................ 13 3 Louyse Jerônimo de Morais Anatomia A mama é uma glândula sudorípara modificada, que fica localizada entre a segunda e a sexta costela. Temos, basicamente, uma estrutura na mama que é funcional. Tradicionalmente, a mama tem por função a amamentação. Se for pegar só a parte funcional, teremos as estruturas dos lóbulos mamários, que vão produzir o leite, e temos os túbulos, que são “canos” que conduzem o leite até o complexo mamilar. Esse é o famoso parênquima mamário. A mama é como se fosse uma couve-flor invertida, com lóbulos e ductos desembocando no mamilo. Em volta do tecido parenquimatoso, temos outras estruturas, sendo gordura a principal delas. Além disso, também há vasos sanguíneos, vasos linfáticos e ligamentos suspensores, por exemplo. Chamamos tudo isso de estroma mamário. Com o tempo, ao chegar perto do climatério, a mama sofre lipossubstituição, ou seja, transformação de parênquima em estroma. Por conta disso, mulheres mais jovens tem uma mama bem mais densa. Aplicação clínica: a mamografia vai ter uma acurácia maior em pacientes com mais idade, porque ela é boa para as mamas lipossubstituídas. Irrigação da mama É dada principalmente pela artéria torácica interna, que é ramo da subclávia – cerca de 2/3 da irrigação da mama é pela torácica interna, enquanto que o 1/3 restante é irrigado pela artéria torácica lateral. Drenagem da mama A drenagem venosa será feita por vasos com esse mesmo nome, sendo veias, obviamente. Drenagem linfática A via de metástase principal do câncer de mama são os linfonodos, daí a importância dessas estruturas no nosso estudo. A drenagem linfática da mama é uma rede que vai de superficial para profundo. Então, primeiramente vai haver uma drenagem superficial, que segue para a rede profunda, sendo que cerca de 90 a 95% da drenagem linfática vai para a axila. Isso tudo ocorre unidirecionalmente. • Pesquisa de linfonodo sentinela: injeta o corante azul patente na região subareolar e faz uma massagem suave por mais ou menos 7 minutos. Com isso, o corante migra para o plexo profundo e depois para a axila, em direção ao linfonodo sentinela. Qual a importância dos linfonodos axilares? Porque essa é a principal via de metástase do câncer de mama. Níveis de BERG Ao fazer esvaziamento axilar, tem-se feito menos isso, porque trabalhos mostram que em algumas situações ele não melhora sobrevida global ou livre de doença, mas quando precisa fazer, dividimos em três níveis (níveis de BERG). • Nível I: linfonodos laterais ao músculo peitoral menor. • Nível II: ficam embaixo do músculo peitoral menor. • Nível III: ficam mediais ao músculo peitoral menor. Quando precisa fazer esvaziamento axilar radical, retira-se todos esses linfonodos. Temos os músculos peitoral maior e menor. Entre eles, existe uma cadeia linfática denominada linfonodos de Rotter. Eventualmente, o azul patente pode migrar para esses linfonodos. 4 Louyse Jerônimo de Morais Inervação • Nervo de Bell ou torácico longo: é aquele que vai inervar o músculo serrátil anterior. Esse músculo mantém a escápulana parede torácica. Quando faz o esvaziamento axilar, eventualmente, pode-se lesar acidentalmente o nervo de Bell. Se isso acontecer, a mulher vai ficar com a escápula alada. Essa é uma sequela definitiva que pode acontecer depois de uma lesão acidental no transoperatório do torácico longo. A paciente vai colocar as mãos na parede e a escápula vai formar uma elevação secundária no dorso. Como a função do músculo é justamente estabilizar a escápula na parede torácica, ao perder a função, a mulher fica com escápula alada. O tratamento é feito com fisioterapia, mas acaba sendo uma sequela definitiva. • Intercostobraquial: quando lesa, a paciente pode ficar com parestesias na face interna do braço. É comum de lesar se fizer uma linfadenectomia radical, mas costuma ser algo transitório. Semiologia Dividimos a mama em quatro quadrantes. Anomalias do desenvolvimento 1. Politelia: mamilos acessórios. Telos = mamilo; poli = vários. Quando somos embriões, existe uma linha láctea que vai da axila até a virilha. Ela vai regredindo até deixar células apenas na região mamilar normal. Contudo, pode ficar alguma célula perdida ao longo do território da linha láctea (abdome, axila, virilha etc.). 2. Atelia: ausência de complexo aureolo-mamilar. 3. Polimastia: mama acessória Na grande maioria das vezes, ocorre na axila. Quando a paciente entra na puberdade, pelo estímulo estrogênico, cresce uma maminha nas células que ficaram no território da linha láctea. Precisa retirar as mamas acessórias? Não faz sentido, porque o risco de câncer de mama é o mesmo da mama tópica. Se a paciente não estiver incomodada e não tiver prejuízo estético, pode manter. Quando for amamentar, pode produzir leite na axila. Tem risco de fazer galactocele etc. 5 Louyse Jerônimo de Morais 4. Amastia: ausência congênita de desenvolvimento de tecido mamário. 5. Simastia: confluência medial das mamas. Não existe separação das mamas na região esternal. 6. Síndrome de Poland Essa síndrome se manifesta por ausência de desenvolvimento da mama + ausência de desenvolvimento dos músculos peitorais. Geralmente, associada com outras malformações, sendo sindactilia a principal delas. 7. Amazia: apenas o complexo aureolo-mamilar, mas não tem mama atrás. Fisiologia Ciclo gravídico-puerperal • Prolactina: hormônio que produz o leite, começando a elevar já durante a gravidez. Isso faz com que os lóbulos mamários comecem a produzir leite, só que os hormônios placentários (especialmente o estriol) vão bloquear os receptores de prolactina da mama, para evitar produção de leite durante a gestação. Ao retirar a placenta, os hormônios placentários também cessam, então o bloqueio que estava sendo feito acaba. Nesse momento, a prolactina começa a agir, produzindo leite e iniciando o processo de amamentação. • Ocitocina: causa a ejeção do leite. Função biológica do leite • Colostro: primeiros dias. É diferente do leite porque tem mais proteínas e menos gordura. 6 Louyse Jerônimo de Morais Propedêutica • Autoexame: Ministério da Saúde não recomenda, pois gera muitas consultas desnecessárias e não muda morbimortalidade ou diagnóstico precoce. • Exame clínico: não é indicado de rotina. Deve ser feito se o médico se sentir apto. Mamografia • Recomendação: entre 50-69 anos, a cada 2 anos. Estratégias de prevenção • Primordial: não deixar estabelecer os fatores de risco. Só o fato de ser mulher já é um fator de risco. • Primária: uma vez tendo fatores de risco, evitar que a doença surja. • Secundária: diagnóstico precoce. É aí que entra a mamografia. • Terciária Mamografia É um exame de baixo custo, em que se faz duas incidências na mama – craniocaudal e mediolateral. Para analisar o exame, deve-se posiciona-lo imaginando a paciente em posição anatômica. Incidência mediolateral: sempre se enxerga o músculo peitoral. Observa quadrantes superior e inferior. Incidência craniocaudal: não enxerga o músculo peitoral. Observa quadrantes lateral e medial. Classificação de BI-RADS • BI-RADS 0: mama muito densa, sendo comum em mulheres jovens. Exame insatisfatório, necessitando de complementação. Geralmente, isso é feito com ultrassonografia, mas pode ser feita, por exemplo, com compressão focada. • BI-RADS 1: mamografia normal. • BI-RADS 2: alterações benignas – microcalcificações esparsas, áreas ainda não bem lipossubstituídas etc. A conduta é repetir o exame em dois anos. • BI-RADS 3: alterações provavelmente benignas. A chance de ser um achado maligno é < 2%. A conduta é repetir o exame em 6 meses. Segue acompanhando de 6 em 6 meses por 2-3 anos. • BI-RADS 4: alterações suspeitas. A chance de câncer de mama é de 2 a 95%. Requer amostragem histológica com AGULHA GROSSA, sendo a mesma conduta independentemente da subdivisão. o 4A: baixa suspeita (2 a 10%) o 4B: intermediária (10 a 50%) o 4C: alta suspeita (50 a 95%) • BI-RADS 5: alterações altamente suspeitas (>95%), como os nódulos espiculados. A conduta é fazer biópsia COM AGULHA GROSSA, para ter o diagnóstico histológico. • BI-RADS 6: já tem diagnóstico histológico, com resultado de câncer de mama e faz mamografia depois. Por exemplo, se fizer quimioterapia neoadjuvante e fizer nova mamografia antes da cirurgia. BI-RADS 3 acima: imagem típica de fibroadenoma calcificado. Tem tudo para ser benigno, mas não dá para ter certeza absoluta. 7 Louyse Jerônimo de Morais Acima, temos um BI-RADS 5, por conta de um nódulo irregular espiculado radiopaco, o qual tem mais de 95% de chance de ser um câncer de mama. A biópsia é feita com agulha grossa, que retira fragmentos de tecido desse nódulo para fazer o diagnóstico do câncer de mama. Ultrassonografia mamária Adequada para mamas densas, sendo um método complementar à mamografia. Não deve ser indicado como rastreamento. • Propriedade: diferenciar nódulos sólidos de císticos. Os cistos são anecoicos. • Pacientes jovens de alto risco Ressonância magnética É um exame que é efeito com o contraste de gadolínio. Indicações • Mulheres jovens com história familiar positiva; é o exame com maior acurácia nesses casos. • Ruptura de prótese de silicone: sinal de Linguini • Suspeita de câncer oculto: axila positiva, mas nenhuma achado na mamografia. • Suspeita de multicentricidade • Rastreamento em pacientes de alto risco: a partir de 25 anos de idade, pacientes portadoras de mutação de BRCA1 ou BRCA2. Lesões não palpáveis Microcalcificações • Não suspeitas: esparsas, grosseiras, bem redondas. • Suspeitas: agrupadas, irregulares, formato de letras (pleomorfismo). Qual vai ser a conduta? Precisa de um procedimento para remover essas microcalficicações. Tamanho variado / distribuição linear (câncer vai crescendo e fazendo necrose no trajeto do ducto). Biópsia cirúrgica • Agulhamento: coloca uma agulha exatamente na área de microcalcificações da mama. Faz isso olhando pela mamografia. Essa agulha tem um arpão na ponta, que fica fixo na mama. A paciente sobe para o bloco cirúrgico e faz ressecção dessa parte marcada com agulha. Depois que resseca, faz radiografia da peça. Isso vai para o patologista, que vai dizer se é câncer ou não. • ROLL: medicina nuclear, injeta radiofármaco que detecta a lesão e faz com que se retire a peça. • Outras formas: estereotaxia, mamotomia (sistema a vácuo acoplado em uma agulha, em que se retira a área com as microcalcificações). 8 Louyse Jerônimo de Morais Mastite Consiste na invasão dos ductos por germes cutâneos, que costuma ocorrer em puérperas. É comum quando há fissura no mamilo por pega incorreta, tornando-se uma porta de entrada para o S. aureus, gerando edema, calor e rubor. Pode acontecer forada amamentação também, especialmente quando existe algum tipo de trauma mamilar. O antibiótico de escolha é a cefalexina. Abscesso subareolar crônico recidivante Também chamado de doença de Zuskas. São processos inflamatórios com eritema, calor, rubor e flutuação, gerando abscessos na mama. A grande origem é o tabagismo. O hábito de fumar faz com que o epitélio dos ductos mamários se estratifique, obstruindo a luz do ducto mamário, o que acumula células mortas e debris celulares, que ficam em estase e acabam infectado. Drena espontaneamente, a paciente fica bem por um tempo e depois recidiva. Conduta • Cefalexina + AINE • Drenagem: quando não drena de forma espontânea. • Cessar tabagismo: principal tratamento. • Excisão de ductos principais: remoção dos ductos terminais da mama, através de excisão periareolar 180°. Não é garantia de que vai melhorar, mas pode ajudar. O grande problema é que se a paciente quiser engravidar e amamentar, a probabilidade de sucesso na amamentação vai ser menor. Durante o processo agudo, temos que drenar e entrar com ATB. Depois que o processo esfria, faz excisão de ductos principais. Nódulos benignos Epidemiologia Cistos – involução lobular Quando a mulher tem mais de 35 anos, estando próximo do período do climatério, o corpo entende que não vai ter mais amamentação e vai transformar a glândula mamária em gordura, de forma fisiológica. • Lóbulo: produz leite. • Ducto: carreia o leite. Ao invés de se transformar em gordura, pode se transformar em cisto – cheio de líquido com debris celulares encapsulados. É comum em paciente pré- menopausa e a clínica é a presença de um nódulo doloroso que cresceu rapidamente, de consistência firme. • Conduta: pedir exame de imagem, que pode ser mamografia e/ou ultrassonografia. Ultrassonografia • Macrocisto: < 1 cm. Conduta conservadora. • Macrocisto: ≥ 1 cm 9 Louyse Jerônimo de Morais o Paciente assintomática: conduta conservadora. o Paciente sintomática: PAAF. Apresentação do cisto: margens regulares e anecoico. Fibroadenoma • Incidência: 15 a 35 anos. • 10% bilaterais e 10% múltiplos • Tumor misto: envolve parênquima e estroma. Surgem pelo estímulo estrogênico. O estrogênio que faz isso é o endógeno. Portanto, não precisa parar de tomar anticoncepcional caso a mulher tome e tenha fibroadenoma. Clínica Nódulo não doloroso, com limites precisos e consistência fibroelástica, sendo móvel à palpação. Geralmente, tem até 3 cm. • Conduta frente a uma paciente por volta de 20 anos com nódulo com características de fibroadenoma: antigamente, era sempre PAAF. Hoje em dia, faz exame de imagem, sendo USG o ideal. USG: nódulo com margens regulares e maior eixo paralelo à pele da paciente. • Conduta: biópsia excisional ou controle clínico. Se a paciente não estiver incomodada, não precisa retirar, mas apenas fazer controle clínico. Tumor phyllodes Vem de folha. No microscópio, tem aspecto que parece uma folha. • Faixa etária: 35-45 anos • 70 a 95% dos tumores benignos • Bilateralidade 30% • Tumor do parênquima e estroma com alta celularidade. Clínica Apresenta-se como um nódulo indolor, de consistência fibroelástica, com crescimento rápido e que atinge grandes dimensões. Se não tirar logo, pode acabar deformando a mama da paciente. • Conduta: ressecção com margens, mastectomia. Derrames papilares Perguntar: espontâneo ou provocado? A maioria das vezes é provocado. Se provocado, não tem valor clínico, só investiga se for espontâneo. • Fisiológico: multiductal, multicolorido, provocado, bilateral. A primeira coisa é excluir galactorreia, então investiga dosando a prolactina. Se não for leite, tem que ver se tem nódulo palpável – pois indica investigação – ou se é derrame isolado. Neste último caso, pela característica do derrame, pode-se presumir qual é a possível causa. Tipos de derrame papilar • Sanguinolento: geralmente é unilateral e uniductal. A causa mais comum é uma proliferação dentro do ducto mamário, como se fosse verrucosa, chamado papiloma intraductal. É uma alteração benigna da mama, extremamente friável, por isso que sangra com facilidade. A conduta é fazer um exame de imagem, para excluir câncer de mama, e fazer 10 Louyse Jerônimo de Morais uma ressecção do ducto que contém o papiloma intraductal. • Esverdeado: geralmente é bilateral. Corresponde a um dilatação dos ductos terminais da mama, chamada de ectasia ductal. É comum ocorrer após os 40 anos, porque os ductos vão se dilatar e acumula um líquido esverdeado, que costuma sair dos dois lados. A conduta é fazer exame de imagem, para excluir câncer, depois tranquiliza a paciente dizendo que é algo benigno, e faz ressecção do ducto acometido. • Água de rocha / aquosa: é um derrame suspeito. Deve-se fazer mamografia/USG e tratar com exérese dos ductos terminais. Eczema areolar É uma doença dermatológica, que acontece na aréola e no mamilo. Trata-se de uma dermatite descamativa, com clínica de prurido e bordos indefinidos. Geralmente, é bilateral e responde ao tratamento com corticosteroide. Faz diagnóstico diferencial com carcinoma de Paget. • Carcinoma de Paget: unilateral, margens definidas, causa destruição do complexo aureolo-mamilar e não responde ao corticoide tópico. A conduta, nesse caso, é fazer biópsia. Mastalgia Mastalgia cíclica Queixa mais comum. É a dor na mama que tem relação com o ciclo menstrual. É normal e a conduta é tranquilizar a paciente, explicando que é algo comum, que não é câncer de mama. Algumas mulheres têm muito mais sensibilidade, devido a uma resposta anômala aos estímulos dolorosos à mama no período pré-menstrual. É importante evitar estimulantes, xantinas e fumo. Usar sutiã apertado. Drogas: o ideal é não medicar. • Óleo de prímula, ácido gamalinoleico, extrato de borragem • Vitamina E • Tamoxifeno: 10 mg, bloqueia receptor de estrogênio na mama e melhora mastalgia. • Análogo GnRH Mastalgia acíclica • Esteatonecrose: trauma na mama causa necrose de gordura. • Ectasia ductal • Macrocistos mamários 11 Louyse Jerônimo de Morais Epidemiologia Excetuando o câncer de pele não melanoma, nas mulheres, o câncer de mama é a neoplasia mais comum. Fatores de risco • Idade avançada • Sexo feminino • História familiar: especialmente familiares de primeiro grau com câncer de mama antes dos 50 anos de vida. Nesse caso, suspeita-se de alguma mutação genética envolvida. o BRCA-1 e 2: são genes supressores tumorais que, quando mutados, aumenta a chance de câncer de mama na família. o Gene p53 o Gene pTEN • Menarca precoce e menopausa tardia • Nuligestação • Primeira gestação tardia • Ausência de amamentação • Irradiação do tórax antes dos 30 anos • Terapia hormonal • Anticoncepcional oral: numericamente, é um aumento muito baixo. • Obesidade • Aumento da densidade mamária na mamografia (pós-menopausa) • Consumo de álcool BRCA-1 e 2 • Herança autossômica dominante • Alta penetrância • Mais de 50% dos cânceres de mama hereditários ocorrem devido à presença desses genes • Risco acumulativo • BRCA-1: mama 72%, ovário 44% • BRCA-2: mama 69%, ovário 17% Gene Tp53 Quando tem mutação, a pessoa vai portar uma síndrome denominada Li-Fraumeni. O p53 é o “guardião do genoma”, porque quando há erro na divisão celular, ele funciona como um reparador. Na presença de mutação nesse gene supressor tumoral, as células perdem o controle de sua divisão e há formação de neoplasia. Ele está localizado no cromossomo 17. Relaciona-se com maior chance de: câncer de mama, osteossarcoma, sarcomas de partes moles, leucemias, tumores adrenais. Síndrome de Cowden • Mutação no gene PTEN • Herança autossômica dominante• Câncer de mama e tireoide • 25% a 50% lifetime risk: chance de ter câncer de mama ao longo da vida é de 25 a 50% Apenas 10 a 15% dos cânceres de mama têm causa genética, o restante tem relação com mutação adquirida ao longo da vida (câncer de mama esporádico). Rastreamento • Pacientes de baixo risco: mamografia 50-69 anos a cada 2 anos. • Pacientes de alto risco: RNM a partir dos 25 anos anualmente. Aos 30 anos, associar mamografia. O ideal é fazer a MMG seis meses depois da RNM. • Paciente com mutação confirmada: mastectomia redutora de risco é uma opção. Recomenda-se fazer em idade jovem. Depois que engravidar, faz salpingooforectomia bilateral. Clínica Geralmente, aparece como um nódulo, mas pode ser um achado mamográfico em rastreamento. Muito raramente, pode se manifestar como um derrame papilar. • Diagnóstico: core biopsy – retira fragmentos do nódulo. Sempre que tiver discordância entre exames, considerar BI-RADS mais alto. Diagnóstico diferenciais • Fibroadenoma: mulher jovem, fibroelástico. 12 Louyse Jerônimo de Morais • Trauma na mama: esteatonecrose. Na mamografia, pode aparecer como um nódulo espiculado. • Tumor phillodes: não costuma fazer úlcera na pele como cresce, ao contrário do câncer de mama. • Processos inflamatórios da mama Tipos histológicos • Ductal: maioria dos casos. São células tumorais que crescem dentro do ducto. Se não passar a membrana basal, não tem capacidade de gerar metástases (carcinoma ductal in situ). À medida que cresce, vai começando a gerar necrose, que fica depositada no trajeto do ducto. Se for fazer mamografia, vai enxergar microcalcificações, que nada mais são do que necrose do tumor dentro do trajeto do ducto, por isso costumam ficar em disposição linear. Se o tumor continuar crescendo e ultrapassar a membrana basal, ele já se torna um carcinoma ductal infiltrante ou invasor. Nesse momento, ele já tem capacidade de gerar metástases à distância. Na mamografia, vai se manifestar como nódulos, com raias laterais (espículas). • Lobular: é menos frequente. O grande problema é que ele pode crescer de forma importante e não aparecer tão fácil na mamografia, ou pode ser confundido com outra coisa, como uma esteatonecrose, por exemplo. • Outros tipos Outra classificação • Carcinoma invasivo do tipo não especial: seria o ductal infiltrante. • Carcinoma invasivo do tipo especial: lobular infiltrante. Imuno-histoquímica Consegue ver, na peça de biópsia, as características do tumor, especialmente se há receptores hormonais. • Ki-67: índice de mitose do tumor. Quanto mais alto, pior o prognóstico. O ponto de corte é 14%. • Receptores hormonais: quando positivos, indicam melhor prognóstico. o RE: receptor de estrogênio. o RP: receptor de progesterona. • Her-2 (c-erb-B2): é uma proteína de membrana da célula. Quando a célula a expressa, leva um sinal para o núcleo para que a célula se multiplique. Quanto mais expresso, pior o prognóstico. Subtipos moleculares: ajuda a entender o prognóstico. • RE e RP positivos, com HER-2 negativo e Ki67 < 14%: luminal A. É o que tem melhor prognóstico, sendo mais comum em mulheres de idade mais avançada, pós-menopausa. • RE e RP positivos, com HER-2 negativo, mas Ki67 ≥ 14%: luminal B. • RE e RP positivos ou negativos, mas HER-2 positivo: tipo molecular HER-2. • RE e RP negativos, com HER-2 negativo: triplo negativo. Do ponto de vista molecular, é chamado de basal. Maior chance de metástases e de progressão rápida de tumor. Costuma surgir em pacientes jovens e com mutação de BRCA. Tratamento Opções cirúrgicas • Mastectomia: cirurgia radical. • Setorectomia ou quadrantectomia: cirurgia conservadora da mama. Sempre precisa tirar o tumor, mas com uma margem de segurança. Tem que fazer radioterapia depois. Cirurgia radical vs. conservadora • Relação tumor/mama: se for menor que 1/5 da mama, indica cirurgia conservadora. • Gestantes: não pode fazer radioterapia, então indica fazer mastectomia. A exceção é o terceiro trimestre, porque pode fazer radioterapia depois que resolver a gestação. o Não se interrompe gestação para tratar câncer de mama. • Tumor multicêntrico: indica cirurgia radical. • Radioterapia prévia: tem que fazer mastectomia. Axila Tem que fazer a pesquisa do linfonodo sentinela, através da técnica do azul patente ou com radiofármaco (tecnécio). Depois de retirar, faz 13 Louyse Jerônimo de Morais transoperatório de congelação e o patologista vai dizer se há ou não células tumorais no linfonodo. Linfonodo sentinela positivo Não fazer linfadenectomia se: setorectomia (pois vai fazer radioterapia depois), tumores até 5 cm, até dois linfonodos positivos, primeira intervenção (ex.: não pode ter feito QT neoadjuvante, pois essa terá sido a primeira intervenção, e não a cirurgia). Tratamento adjuvante Radioterapia • Sempre indicada em cirurgia conservadora • Cirurgia radical: limites comprometidos, tumor atingindo pele e parede torácica, mais de quatro linfonodos positivos. Quimioterapia • Antraciclinas • Taxanos • Possíveis indicações: linfonodo axilar positivo, idade da paciente (pacientes jovens), imuno- histoquímica. Quimioterapia neoadjuvante: faz em caso de tumores volumosos, triplo negativos e para teste da sensibilidade in vivo. Hormonioterapia • Tamoxifeno: antagonista do estrogênio na mama. • Inibidores de aromatase: anastrazol, letrozol. o Só podem ser usados em pacientes pós-menopausa. Imunoterapia • Trastuzumabe: ele é uma terapia alvo, usada em pacientes com expressão do HER-2. É usado por um ano. Carcinoma in situ As células ainda não passaram a membrana basal. Nessa situação, se o diagnóstico foi por uma biópsia, faz setorectomia retirando a porção in situ, geralmente com agulhamento. Não precisa fazer linfonodo sentinela, mas precisa fazer radioterapia. Fatores prognósticos Recidiva local • Estado das margens • Grau nuclear • Tamanho do tumor • Tipo histológico Recidiva sistêmica • Status axilar é o principal fator Casos especiais Carcinoma inflamatório O câncer produz células tumorais que embolizam através de vasos linfáticos na pele da paciente, assemelhando-se a uma mastite. Não melhora com o tratamento antimicrobiano. O que fazer? • Exame de imagem (mamografia): se não tiver nódulo, faz biópsia da pele, pegando um pouco de subcutâneo junto. • Tratamento: quimioterapia neoadjuvante e mastectomia sempre. Carcinoma de Paget • Afeta aréola e mamilo • Diagnóstico diferencial com eczema areolar: no Paget, ocorre destruição do complexo aureolo- mamilar e não responde ao corticoide. 14 Louyse Jerônimo de Morais • Tratamento: centralectomia (setorectomia central) com retirada do complexo aureolo- mamilar + margem de segurança Câncer de mama no homem • Epidemiologia: 1 ♂:135 ♀ • BRCA 2 • Sempre cirurgia radical Câncer de mama na gestante Costuma ser um diagnóstico tardio, por conta das modificações no organismo materno. Lembrar que gestante não pode fazer radioterapia.