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G R A D U A Ç Ã O ME. DANIELE ALMEIDA LOPES Cinesiologia e Biomecânica dos Pés Híbrido GRADUAÇÃO Cinesiologia e Biomecânica dos Pés ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! Me. Daniele Almeida Lopes http:// FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. LOPES, Daniele Almeida. Cinesiologia e Biomecânica dos Pés. Daniele Almeida Lopes. Impressão - 2020 Maringá - PR.: UniCesumar, 2020. 128 p. “Graduação - EaD”. 1. Cinesiologia 2. Biomecânica 3. Pés. CDD - 22 ed. 612.76 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-152-6 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Fotos: Shutterstock Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional Equipe Produção de Materiais NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi DIREÇÃO UNICESUMAR EXPEDIENTE BOAS-VINDAS Reitor Wilson de Matos Silva Neste mundo globalizado e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer educação de qualidade, mas também, acima de tudo, gerar a conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em quatro pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos para os cursos híbridos, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Olá! Meu nome é Daniele, mas todos me chamam de Dani! Bom, vou contar um pouquinho sobre minha história e quan- do decidi me tornar professora. Sempre gostei muito de ir para sítios, por isso, meu primeiro vestibular foi para agrono- mia, mas acabei optando por não seguir em frente, pois a família não me apoiava. A partir daí, comecei a frequentar uma academia que tinha um grande número de idosos que, durante as aulas, necessi- tavam de auxílio para realizar as ativida- des e, como havia apenas um professor, sempre me disponibilizava a ajudar. Esse contato com os idosos me despertou uma vontade de escolher um curso da área da saúde, então optei pela Fisioterapia, pois meu desejo era trabalhar com a reabilita- ção de idosos. No decorrer da faculdade, senti vontade de me tornar professora, sendo que jamais imaginei ter essa profis- são! Me formei em 2010 e, a partir daí, fiz mestrado e especializações. Atualmente, sou professora tanto em cursos de nível técnico como superior e pós-graduação. Ministro aulas presenciais e na modalida- de a distância para turmas de Podologia, Estética, Fisioterapia e Enfermagem. En- contrei-me nessa área, pois amo minha profissão! Currículo Lattes disponível em: http:// lattes.cnpq.br/6549827349549634 Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. MEU CURRÍCULO MINHA HISTÓRIA Sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o apli- cativo Unicesumar Experience. Aproxime seu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. PODCAST: professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. PÍLULA DE APRENDIZAGEM: uma dose extra de conhecimento é sempre bem- vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido. PENSANDO JUNTOS: ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! EXPLORANDO IDEIAS: com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. EU INDICO: enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliarão a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store IMERSÃO RECURSOS DE APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 9 67 37 95 7 Cinesiologia e Biomecânica dos Membros Inferiores CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA DOS PÉS Aspectos Biomecânicos e Cinesiológicos da Marcha Humana Sistema Locomotor de Tornozelo e Pé Postura Humana e Alterações Biomecânicas 1 3 2 4 PROVOCAÇÕES INICIAIS INICIAIS PROVOCAÇÕES Como profissional da área de saúde e bem-estar, você deverá compreender que a podologia é uma área que se baseia em conhecimentos científicos e técnicos voltados não apenas para o cuidado dos pés, mas que se preocupa e promove ações que proporcionam saúde, conforto, e que melhoram a qualidade de vida e bem-estar geral de seus pacientes. Suponha que você já seja um podólogo(a) formado(a) e atuante. Imagine uma situação: você recebe um paciente e, durante a avaliação, ele relata ter diabetes tipo 2, no entanto, não faz o controle adequa- damente. Durante o exame físico, você observa que o seu paciente apresenta uma ferida pequena no calcanhar esquerdo, impossibilitando-o de fazer os movimentos necessários para que possa andar, ou seja, ele está com restrição de movimentos, e essa limitação dificulta, principalmente, o início da marcha. Além disso, você também verifica a presença de calos no dorso dos dedos dos pés e que o paciente se locomove pisando “para dentro”. CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA DOS PÉS INICIAIS PROVOCAÇÕES Diante dessa situação, quais seriam as condutas que você tomaria como profissional? Bom, primei- ramente, deve orientar seu paciente com relação aos riscos e complicações de uma diabetes tipo 2 descompensada. Ainda assim, como podólogo(a), deverá dispensar atenção no cuidado com a ferida, já que essa condição está alterando toda a biomecânica do seu paciente até o ponto de impossibilitá-lo de andar, lembrando que são indispensáveis as orientações com relação ao tipo de calçado adequado. Você, como podólogo(a), também deverá avaliar a possibilidade de prescrever uma palmilha para a correçãoe/ou melhora da pisada. A disciplina de cinesiologia e biomecânica abordará questões importantes, como os conceitos básicos de cinesiologia e biomecânica aplicados a tornozelo e pé; os aspectos da amputação de membro infe- rior; particularidades da marcha humana; e as alterações biomecânicas de membro inferior; isso para que você, como futuro(a) podólogo(a), possa determinar, com excelência, ações voltadas à prevenção, ao diagnóstico, ao tratamento e à reabilitação dos inúmeros distúrbios que possam acometer os pés, respaldado sempre em conhecimento técnico-científico. Ficou entusiasmado(a)? Convido você para mergulhar e se aprofundar nesse universo de conhecimento. Vamos lá? CINESIOLOGIA E BIOMECÂNICA DOS PÉS 1 OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM Cinesiologia e Biomecânica dos Membros Inferiores Me. Daniele Almeida Lopes Oportunidades de Aprendizagem: Na Unidade 1, você terá a oportunidade de aprofundar a problematização sobre o tema Cinesiologia, além de ajustar os conceitos sobre Goniometria Clínica com a prática durante o exame físico podológico. Também iremos discutir sobre o tema da Biomecânica Básica de Tornozelo e Pé, interpretando os conceitos e identificando os fatores que interferem na temática. Você ainda terá a possibilidade de relacionar os principais aspectos que envolvem a Amputação de Membros Inferiores, identificando as causas (fatores etiológicos), os níveis de amputação, as complicações e analisar a atuação do profissional podólogo na prevenção dessa conduta. 10 UNICESUMAR Olá, aluno(a)! Bom, primeiramente, quero saber: você já ouviu falar sobre Cinesiologia e Biomecâni- ca? Já parou para pensar como e onde esses termos se aplicam na Podologia? Qual a importância da compreensão desses conceitos na prática podológica? Irei dar uma dica! Imagine-se em uma situação de atendimento, em que você, como podólogo(a), depara-se com um paciente e, no exame físico po- dológico, observa uma significativa restrição de movimento na articulação do tornozelo esquerdo, a qual está prejudicando a marcha do seu paciente. Como você quantificaria essa restrição? Qual a importância dessa informação para o(a) podólogo(a)? É fundamental que você, como futuro(a) profissional da área, saiba que a quantificação das limita- ções articulares irá favorecer um melhor planejamento do tratamento podológico, possibilitando que determine um protocolo de atendimento adequado e adaptado às necessidades do seu cliente. A Cinesiologia nada mais é do que o estudo dos princípios de anatomia, fisiologia e mecânica que envolvem todos os movimentos do corpo. Lembrando que os movimentos de tornozelo e pé são essen- ciais para uma efetiva locomoção e para a realização de diversas atividades do dia a dia, sendo por isso o conhecimento desse processo extremamente importante para a sua futura atuação como podólogo(a). O objetivo de estudar as questões que envolvem a cinesiologia no cuidado em saúde é compreen- der o movimento e as forças que agem sobre o corpo e aprender como a manipulação dessas forças contribuem para evitar o surgimento de lesões e para restabelecer a função, promovendo um melhor desempenho corporal. Além disso, a quantificação das limitações articulares do seu cliente favorece um melhor planejamento do tratamento podológico, considerando a mobilidade do paciente. Os fundamentos da Cinesiologia e da Biomecânica com ênfase na aplicação clínica para o pro- fissional da saúde é um conhecimento fundamental para você, já que lhe proporcionará uma valiosa habilidade de diagnóstico e planejamento da conduta podológica, melhorando, consequentemente, o desempenho físico do seu paciente. Agora que você já está um pouco mais ambientado com o tema, proponho um exercício: vá até uma Academia da Terceira Idade (ATI) ou locais voltados para a prática de atividade física de sua cidade e verifique como grande parte dos idosos apresenta restrições articulares durante a execução dos movimentos. Quais os possíveis fatores que contribuem para essas restrições articulares e as possíveis consequências dessa redução das amplitudes de movimentos na população idosa? Como se saiu no exercício? Conseguiu visualizar a diminuição da amplitude de movimento? As restrições articulares nos idosos resultam na diminuição da amplitude de diversos movimentos. Tal fato pode ser decorrente de uma série de fatores associados ao próprio envelhecimento, como as disfunções articulares e musculoesqueléticas inerentes ao aumento da idade. Essas restrições resultam numa locomoção mais lenta, além de uma menor mobilidade para executar diversas tarefas diárias. Dessa maneira, a amplitude de movimento deve ser considerada durante o exame físico podológico, independentemente da idade do seu paciente, lembrando que uma amplitude de movimento normal de tornozelo e pé é essencial para uma caminhada rápida e eficaz. Sabemos que a cinesiologia e a biomecânica estão relacionadas com os movimentos que ocorrem no nosso corpo e, por meio do seu estudo, podemos compreender e melhorar possíveis disfunções que possam acometer os pés. O movimento articular significa vida, sendo de extrema importância para a manutenção da saúde e do bem-estar de todas as pessoas. Sendo assim, reflita comigo sobre os pontos-chave dessa situação: 11 UNIDADE 1 • A cinesiologia e a biomecânica são ciências que descrevem, estudam e avaliam todos os fatores que envolvem os movimentos do corpo. • O entendimento da cinesiologia e da biomecânica dos pés favorece um melhor desempenho físico para os seus pacientes. • A compreensão dos movimentos de tornozelo e pé são essenciais para a caminhada, inclusive para a prática podológica. • As restrições de movimentos dificultam a execução de várias tarefas do dia a dia, inclusive a locomoção, por isso devem ser avaliadas e consideradas. É importante que, no decorrer de todos nossos estudos, você faça um diário de bordo, que nada mais é do que o registro das experiências vivenciadas, bem como de tudo que você compreendeu. Essa prática facilitará seu processo de aprendizagem, além de auxiliar na organização dos seus estudos. D IÁ R IO D E B O R D O Bom, anteriormente já tivemos um contato inicial com o termo Cinesiologia, no entanto, neste momento, aprofundaremos as questões que envolvem esse conceito. A cinesiologia pode ser definida como o estudo dos princípios de anatomia, fisiologia e mecânica em relação aos movimentos do corpo humano (FLOYD, 2016). É importante falarmos que não se trata de um estudo unidimensional que exige o aprendizado de listas de fatos sobre a estrutura anatômica; em 12 UNICESUMAR vez disso, trata-se do estudo do movimento. Grande parte das avaliações cinesiológicas é classificada como qualitativa, uma vez que abrange a análise de um movimento e apresenta, de maneira detalhada, as habilidades, bem como o reconhecimento das ações musculares para a execução do movimento (HOUGLUM; BERTOTI, 2014). Por exemplo, numa avaliação cinesiológica, considerando-se a ação de levantar-se de uma cadeira, os movimentos executados para a conclusão dessa ação seriam: extensão da articulação do quadril e joelhos e a flexão plantar por meio dos conjuntos musculares dos isquiotibiais, quadríceps femoral e tríceps sural, na devida ordem. Dessa forma, o objetivo de estudar cinesiologia no cuidado em saúde é compreender o movimento e as forças que agem sobre o corpo humano e aprender como a mani- pulação dessas forças contribuem para evitar o surgimento de lesões, bem como para restabelecer a função e promover o melhor desempenho corporal do seu paciente. É imprescindível que você, futuro (a) profissional, que está iniciando seu processo de formação à cinesiologia, inicie esse exercício com um ponto de referência para entender melhor o sistema musculoesquelético; os seus planos de movimento; a classificação das articulações; a terminolo- gia do movimento articular; entre outros; e para isso temos que retomar. Existe uma posição de referência(específica), estudada na disciplina de Anatomia Humana, que serve de base para a descrição dos movimentos articulares, conhecida também como posição anatômica. Nessa disposição, você pode observar que o sujeito se encontra ereto, em posição ortostática (em pé), com a face voltada para frente, com os membros superiores estendidos paralelos ao tronco e com as palmas das mãos voltadas para frente. Os membros inferiores devem estar unidos e com os dedos dos pés também direcionados para frente (FLOYD, 2016; NORDIN; FRANKEL, 2014). Figura 1 - Posição anatômica 13 UNIDADE 1 É importante termos em mente que toda descrição anatômica é feita considerando o indivíduo em posição anatômica; além disso, a partir desse ponto de referência, serão definidos todos os movimentos do corpo, os planos que ocorrem os movimentos e, até mesmo, a identificação das inúmeras patologias e alterações biomecânicas e cinesiológicas. A partir de agora, iremos rever alguns conceitos estudados em Anatomia Humana, para fundamen- tar os estudos na biomecânica dos segmentos distais, sendo eles: de normalidade, variação anatômica, anomalia e monstruosidade. O entendimento desses conceitos é essencial para você, futuro podólogo, pois irá ajudá-lo, durante sua prática profissional a identificar e diagnosticar os mais diversos distúrbios biomecânicos e cinesiológicos que possam acometer todo o corpo, inclusive os pés. • Normalidade: esse conceito é entendido como uma faixa ampla de indivíduos que apre- sentam condições ideais de saúde. Em outras palavras, o conceito normalidade indica lo- calização, forma e função mais frequentes em uma determinada estrutura no ser humano. Dessa maneira, normalidade anatômica se refere às estruturas que são estatisticamente mais frequentes numa população, por exemplo, o indivíduo apresentar características como dois olhos, um nariz, uma boca, dois ouvidos, duas pernas, cinco dedos em cada uma das mãos e pés. (MIRANDA NETO, 2006; DANGELO; FATTINI, 2011). Figura 2 - Normalidade anatômica 14 UNICESUMAR • Variação anatômica: esse conceito está re- lacionado à existência de pequenas diferenças (variações) morfológi- cas; no entanto, essas di- ferenças não interferem na função do indivíduo. Um exemplo é a varia- ção anatômica dos pés, pois existem pés que apresentam formatos diferentes (tamanho dos dedos, por exemplo), contudo, normalmente, essa variação não inter- fere no funcionamento do próprio pé (MIRAN- DA NETO, 2006; DAN- GELO; FATTINI, 2011). Tipo Egípcio Tipo Grego Tipo Romano • Anomalia: o conceito refere uma variação no formato ou na forma da estrutura anatômica, as quais resultam em pre- juízo na função, entre- tanto, o indivíduo pode viver normalmente. Por exemplo, tem-se a polidactalia, que está relacionada ao maior número de dedos (MI- RANDA NETO, 2006). Figura 3 - Variação anatômica de pés Figura 4 - Polidactalia podal 15 UNIDADE 1 • Monstruosidade: esse outro conceito anatô- mico apresenta uma anomalia acentuada (exorbitante), que gera grandes mudanças na conformação corporal e, até mesmo, podem ser incompatíveis com a vida. Um exemplo é a anencefalia, isto é, quando não há o desenvolvimento do encéfalo (MIRANDA NETO, 2006; DANGE- LO; FATTINI, 2011). Figura 5 - Anencefalia É importante que sejamos capazes de nos orientar no corpo humano. De certa forma, podemos ima- ginar algo como dar e receber indicações de como ir de uma localidade geográfica a outra e, para isso, usamos termos como direita, esquerda, sul, oeste etc. No entanto, existem termos que utilizamos para indicar direções anatômicas, sendo assim, você, como futuro profissional de saúde, deve entender esses termos, já que, muitas vezes, eles são utilizados como pontos de referência para descrever uma situação, uma posição e, até mesmo, a direção de órgãos ou segmentos do nosso corpo. Ainda assim, esses termos permitem que você localize um ponto específico na superfície ou mesmo no interior do corpo (FLOYD, 2016; HOUGLUM; BERTOTI, 2014; DANGELO; FATTINI, 2011). A seguir, veremos os principais termos anatômicos e suas respectivas definições, os quais, muitas vezes, são empregados durante a prática podológica: • Anterior: na frente ou na parte da frente. • Anteroinferior: na frente e abaixo. • Anterolateral: na frente e voltado para o lado de fora (para a lateral). • Anteromedial: na frente e em direção à linha mediana (ao meio). • Anteroposterior: relacionado às partes da frente e trás. • Anterosuperior: na frente e acima. • Bilateral: relacionados aos lados direito e esquerdo do corpo ou de uma estrutura do corpo, como os membros direito e esquerdo. • Caudal: abaixo em relação à outra estrutura; inferior. • Cefálico: acima em relação à outra estrutura; mais elevado; superior. • Contralateral: pertencente ou relacionado ao lado oposto. • Distal: estrutura afastada do seu ponto de origem, ou seja, da raiz do membro (superior ou inferior). Por exemplo, a mão é considerada uma estrutura distal, quando comparada ao braço, já que se encontra mais distante do seu ponto de origem. 16 UNICESUMAR • Dorsal (dorso): relacionado às costas; localizado próximo, sobre ou em direção à parte de trás; relacionado também à parte superior do pé. • Inferior: abaixo em relação à outra estrutura; caudal. • Inferolateral: abaixo e voltado para o lado de fora (lateral). • Inferomedial: abaixo e em direção à linha mediana (meio). • Homolateral ou ipsilateral: referente ao que se encontra do mesmo lado do corpo ou de outra estrutura. • Medial: mais próximo do plano ou linha mediana (meio). • Mediano: situado exatamente no meio. • Plantar: relacionado à superfície inferior do pé. • Podálico: para baixo, em direção aos pés. • Posterior: por trás, atrás ou nas costas. • Posteroinferior: atrás e abaixo. • Posterolateral: atrás e voltado para a lateral (lado de fora). • Posteromedial: atrás e medial (voltado para o lado de dentro). • Posterosuperior: atrás e acima. • Proximal: estrutura mais próxima do seu ponto de origem, ou seja, da raiz do membro (superior ou inferior). Por exemplo, o braço é considerado um componente proximal, quando comparado a mão, já que se encontra mais próximo do seu ponto de origem. • Superior: acima em relação à outra estrutura; mais elevado; cefálico. • Superolateral: acima e voltado para a lateral (lado de fora). • Superomedial: acima e em direção à linha mediana (meio). Inferior Superior Direita Esquerda Anterior Posterior Visão Lateral Visão Frontal Proximal Distal Medial Lateral Caudal (Ventral) (Dorsal) Cranial Proximal Distal Figura 6 - Termos anatômicos mais utilizados na prática clínica Conhecer e saber sobre os pla- nos de movimento proporciona um melhor entendimento en- tre os profissionais da área da saúde, já que a nomenclatura cinesiológica é universal. Além disso, é importante que você compreenda esses planos, pois durante a sua atuação clínica, esse conhecimento te dará su- porte no momento de realizar uma análise cinesiológica, ou seja, uma avaliação dos movi- mentos de pé, por exemplo, de maneira adequada, já que os re- sultados dessa análise podem interferir diretamente no diag- nóstico e no tratamento podo- lógico. Dessa maneira, diversos 17 UNIDADE 1 autores classificam os planos de movimento em: frontal (coronal), sagital e horizontal (transversal), e seus eixos correspondentes incluem os eixos de movimento anteroposterior, medial-lateral e supe- rior-inferior, respectivamente (VAN DE GRAAFF, 2003; FLOYD, 2016). Plano Sagital Plano Coronal Plano Transversal A seguir, aprofundaremos os conhecimentos acerca desses três planos de movimento. O plano de movimento sagital se estende vertical- mente ao longo do corpo, fragmentando-o em direita e esquerda. Fotograficamente, trata-se de uma visão lateral. Os exemplos mais claros de movimentos que acontecem no plano sagital são os de fle- xão e extensão (por exemplo, de pescoço, tronco, cotovelo e muitos outros), além dos movimentosde dorsiflexão e flexão plantar (VAN DE GRAAFF, 2003; HOUGLUM; BERTOTI, 2014).Figura 7 - Planos de movimentos vistos na posição anatômica Flexão plantar Dorsi�exão Figura 8 - Movimentos de dorsiflexão e flexão plantar do tornozelo O plano frontal, também conhe- cido como coronal, estende-se longitudinalmente ao corpo e o separa em duas partes: anterior (frente) e posterior (trás). Os movimentos acontecem ao re- dor de um eixo anteroposterior, perpendicular ao plano frontal. Os movimentos que ocorrem no plano frontal são: abdução e adução (por exemplo, de quadril, ombro e dedos); desvio ulnar e radial (um tipo de adução e ab- dução do punho) e flexão lateral ou inclinação de pescoço e tron- co (VAN DE GRAAFF, 2003; HOUGLUM; BERTOTI, 2014). 18 UNICESUMAR Você já se deparou com o termo deambular ou deambulação? A deambulação é a ação de deambular ou marchar, que significa andar (locomover). Uma deformidade no pé, por exem- plo o dedo em garra, em malho ou em martelo ou, até mesmo, uma calosidade plantar, pode comprometer a deambulação do paciente. O plano horizontal, também denominado plano transversal, estende-se no sentido transversal do corpo, dividindo-o em partes superior (cefálica) e inferior (caudal ou podálica). Os movimentos que ocorrem neste plano são: rotação medial e lateral (ombro e quadril); pronação e supinação de antebraço; eversão e inversão do pé (VAN DE GRAAFF, 2003; HOUGLUM; BERTOTI, 2014; McGINNIS, 2015). Abdução horizontal Adução horizontal Figura 9 - Adução e abdução de ombro Inversão Eversão Figura 10 - Movimentos de inversão e eversão do pé ocorrem no plano horizontal Fonte: Tortora e Derrickson (2017, p. 173). Os movimentos corporais são essenciais, pois permitem a rea- lização da maioria das atividades do nosso dia a dia, como deambu- lar, correr, sentar, levantar, agachar, alcançar um objeto, entre outros. O conhecimento a respeito dos movimentos, especificamente do complexo tornozelo-pé, irá te aju- dar a conhecer de forma muito melhor o corpo humano, além de possibilitar a identificação de restrições ou excessos de movimentos, os quais podem contribuir para o apa- recimento de diversas podopatias e vice-versa. Os movimentos do tornozelo e pé acontecem nos três planos, sendo eles, frontal, transversal e sagital, conforme falamos anteriormente (HOUGLUM; BERTOTI, 2014). 19 UNIDADE 1 A seguir, abordaremos os movimentos que ocorrem no complexo tornozelo-pé, cujo conhecimento é de extrema importância para você, aluno(a), futuro(a) podólogo(a) (FLOYD, 2016). A adução de tornozelo e pé refere-se ao movimento medial do pé sentido linha mediana (meio), ou seja, os dedos apontam para dentro. A abdução de tornozelo e pé é o movimento lateral do pé, ou seja, de distanciamento da linha mediana (meio). Nesse movimento, os dedos se direcionam para fora, em direção à lateral do corpo (FLOYD, 2016). Adução Abdução A flexão dos dedos dos pés está relacionada ao movimento de curvatura dos dedos, que resul- ta na redução do ângulo das articulações dos dedos (interfalangeanas e metatarsofalangea- nas) com a aproximação dos ossos, ou seja, é o movimento dos dedos do pé sentido planta do pé (dedos se aproximam da planta do pé). E a extensão dos dedos dos pés é o movimento de estiramento dos dedos, que resulta no aumento do ângulo das articulações dos dedos (interfa- langeanas e metatarsofalangeanas) com o afas- tamento dos ossos, isto é, eles vão em direção ao dorso do pé (FLOYD, 2016). A circundação do tornozelo é o movimento circular do tornozelo, que retrata um arco ou um cone. Esse movimento pode ser também conhecido como circunflexão. O movimento de eversão do pé consiste em girar a planta do pé para fora, ou seja, sentido lateral. Um exemplo é colocar-se em pé com o peso apoiado sobre a borda interna do pé. O movimento de inversão do pé consiste em girar a planta do pé para dentro, isto é, sentido linha mediana (meio). Um exemplo é colocar-se em pé com o peso apoiado sobre a borda externa do pé (FLOYD, 2016). Figura 11 - Adução e abdução do tornozelo e pé Fonte: Hamill e Knutzen (2012, p. 14). Figura 12 - Extensão e flexão dos dedos dos pés, respectivamente Fonte: Bontrager e Lampignano (2014). 20 UNICESUMAR Você já se deparou com o termo artelho? São termos anatômicos utilizados para se referir aos dedos dos pés e das mãos. Portanto, se você se deparar com a terminologia “artelhos” saiba que é sinônimo de dedos. No caso dos dedos dos pés, apenas o 1º dedo, vulgarmente chamado de dedão do pé, apresenta denominação específica, sendo chamado de hálux, os outros dedos podem ser denominados 2º, 3º, 4º e 5º artelhos. O movimento flexão dorsal também é conhecido como dorsiflexão e se refere ao movimento de fle- xão do tornozelo, em que o dorso do pé se movimenta em direção à região anterior da tíbia no plano sagital. A flexão plantar é o movimento de extensão do tornozelo, em que o pé e os artelhos se afastam do corpo no plano sagital (FLOYD, 2016; MARIEB; HOEHN, 2009). Inversão do tornozelo Eversão do tornozelo Figura 13 - Movimentos de inversão e eversão do tornozelo e pé Fonte: Houglum e Bertoti (2014, p. 8). Dorsi�exão Flexão Plantar Figura 14 - Movimentos de dorsiflexão e flexão plantar Seguindo com nossas definições, a pronação é o movimento do pé e do tornozelo resultante de uma combinação dos movimentos de dorsiflexão, eversão subtalar (entre tálus e calcâneo) e abdução da parte anterior do pé (movimento em que a ponta do pé vira para fora, sentido lateral). A supinação consiste num movimento de pé e do tornozelo resultante de uma combinação dos movimentos de flexão plantar, inversão subtalar e adução da parte anterior do pé (movimento em que a ponta do pé está virada para dentro, sentido linha mediana) (FLOYD, 2016; NORDIN; FRANKEL, 2014). A área pela qual uma articulação pode se movimentar de forma livre e sem dor se denomina am- plitude de movimento (ADM). É importante ressaltarmos que a medida da ADM é um item essencial no exame físico podológico, já que, a partir dessas mensurações, o podólogo é capaz de reconhecer e caracterizar as restrições e/ou excessos de movimentos. A palavra goniometria tem origem grega, em que “gonia” significa ângulo e “metria” quer dizer medida – é uma medida clínica muito relevante, aplicada para definir a quantidade de movimento articular tanto ativo como passivo (HOUGLUM; BERTOTI, 2014; HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016). 21 UNIDADE 1 REALIDADE AUMENTADA para dentro, supinação. para fora, pronação. Figura 15 - Supinação e pronação do pé Fonte: Calais-Germain e Lamotte (2010, p. 237). Movimentos articulares do complexo tornozelo e pé. A goniometria mede a posição relativa de dois segmentos ósseos. Essa prática é um modo de medida e registro do movimento osteocinemático disponível na articulação. Apesar de equipamentos sofisticados de análise do movimento articular estarem disponíveis em laboratórios aprimorados, o goniômetro manual é a ferramenta usada com maior frequência. Confira as Figuras 16 e 17. Figura 16 - Aplicação de goniômetro manual 22 UNICESUMAR Sugiro que você faça a leitura do manual Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), publicado pelo Ministério da Saúde. A PNPS tem como base um conceito ampliado de saúde e dispõe sobre a promoção da saúde como um conjunto de ferramentas e me- canismos para promovê-la. A compreensão do manual irá favorecer o conhecimento a respeito do seu papel na sociedade, como profissional da saúde, no âmbito da promoção e do cuidado em saúde. Confira! O goniômetro quantifica a ADM da articulação em cada plano de movimento. A medida goniométrica é uma ferramenta útil para o profissional de saú- de, como o podólogo, principal- mente na avaliação e no registro do progresso ou da alteração no movimento durante o tratamen- to de condições patológicos que acometem os pés (FLOYD, 2016). O conhecimento a respei- to das medidas goniométricas especificamente do complexotornozelo e pé são essenciais para os podólogos, já que é uma Figura 17 - Utilização do goniômetro para medir a amplitude da dorsiflexão profissão baseada no estudo aprofundado das questões que envolvem esse complexo. Essas informa- ções permitem que o podólogo esteja apto para promover, prevenir, identificar e, até mesmo, tratar dos mais variados distúrbios que acometem os pés, inclusive dos articulares. Dessa maneira, foram determinados valores goniométricos (médias) que podem ser utilizados como referência para a ADM articular normal aproximada em adultos saudáveis, uma vez que ainda não foram determinadas tabelas normativas padronizadas, comparando todas as variáveis envolvidas, como sexo, idade, forma física, tipo de movimento (ativo ou passivo), entre outros (HOUGLUM; BERTOTI, 2014). No entanto, em virtude das variações individuais na forma e no tipo físico das pessoas, é útil empregar valores padronizados como referência, mas o mais importante é utilizar o “normal” do próprio indivíduo para uma comparação confiável, medindo o segmento do membro não envolvido ou contralateral, desde que este esteja presente e não esteja enfraquecido ou lesado (HOUGLUM; BERTOTI, 2014). Sendo assim, o Quadro 1 evidencia as médias das amplitudes de movimento das articulações do tornozelo e pé, as quais são de interesse e determinam o atendimento podológico. 23 UNIDADE 1 SEGMENTOS MOVIMENTO ADM Tornozelo Flexão plantar Dorsiflexão 50 graus 15 a 20 graus Articulação Transversa do Tarso e Arti- culação Talocalcânea Inversão Eversão 20 a 30 graus 5 a 15 graus Articulação Metatarsofalangeana do Hálux Flexão Extensão Abdução Adução 45 graus 70 graus Varia entre 5 a 25 graus Varia entre 5 a 25 graus Articulação Interfalangeana do Hálux Flexão Extensão 90 graus 0 grau 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Articulações Metatarsofa- langeanas Flexão Extensão Abdução Adução 40 graus 40 graus Varia entre 5 a 25 graus Varia entre 5 a 25 graus 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Articulações Interfalangea- nas Proximais Flexão Extensão 35 graus 0 grau 2ª, 3ª, 4ª e 5ª Articulações Interfalangea- nas Distais Flexão Extensão 60 graus 30 graus Quadro 1 – Médias de amplitudes de movimento das articulações do tornozelo e pé Fonte: adaptado de Floyd (2016). É importante enfatizarmos que as amplitudes de movimentos consideradas normais podem se modificar de acordo com estrutura óssea; a hipertrofia muscular; os níveis de gordura corporal; a integridade de estruturas anatômicas, como os ligamentos; bem como o sexo e a faixa etária. Portanto, essas questões devem ser levadas em consideração ao se realizar a goniometria. Por exemplo, indivíduos magros e com lassidão articular normal podem ter maior ADM comparado a indivíduos obesos ou com desen- volvimento muscular maior (músculos hipertrofiados) (FLOYD, 2016; NORDIN; FRANKEL, 2014). Dessa forma, a prática da goniometria é de extrema importância no campo da podologia, visto que auxilia o podólogo a quantificar as limitações ou excessos articulares do cliente, contribuindo para um melhor planejamento da conduta terapêutica podológica. Além disso, os valores provenientes das medi- ções goniométricas servem também para acompanhar e avaliar a efetividade das intervenções podológicas propostas; sendo assim, no exame físico podológico, o profissional deve executar a goniometria, uma vez que limitações de ADMs podem contribuir diretamente para o aparecimento de diversas podopatias, por exemplo, úlceras plantares, esporão de calcâneo, metatarsalgia, fascite plantar, entre outras. A biomecânica está relacionada com o estudo e a avaliação das forças criadas pelo corpo e o efeito dessas forças sobre esse organismo (HOUGLUM; BERTOTI, 2014). É importante ressaltarmos que o entendimento dessas forças é essencial na área da saúde, para que o profissional esteja apto para compreender e detectar condições estáticas e dinâmicas do movimento corporal, seja esse movimento fisiológico ou anormal, uma vez que essas questões facilitam o diagnóstico e as intervenções podoló- gicas. Além disso, esse conhecimento permite que o profissional podólogo também atue na prevenção de lesões e disfunções do movimento dos membros inferiores. Dessa maneira, a biomecânica é cola- boradora para compreender a saúde do movimento. 24 UNICESUMAR Por exemplo, ao avaliarmos o movimento requerido para levantar-se de uma cadeira, no entanto, com uma visão biomecânica, seria identificado e quantificado as forças articulares que atuam no qua- dril, joelho, tornozelo e pé, além da força entre o pé e o solo, para que ocorra a execução do movimento de elevação do corpo e consequente recuo da cadeira (HALL, 2016). Como você sabe, a disciplina é de interesse de futuros podólogos, portanto, enfatizaremos o estudo dos fatores que envolvem a bio- mecânica dos pés. Esse conhecimento é de extrema importância para o podólogo, já que proporciona uma valiosa habilidade de diagnóstico, além de proporcionar bases para melhorar o desempenho físico do paciente. Como sabemos, utilizamos os músculos para aplicar força nos ossos aos quais eles estão conectados e gerar, controlar ou impedir o movimento das articulações que eles cruzam. Em geral, utilizamos os ossos, como os das mãos para segurar, empurrar ou puxar um objeto; e usamos uma série de ossos e articulações para aplicar força por meio dos músculos e afetar a posição do objeto. Ao fazer isso, esta- mos utilizando uma série de máquinas simples para realizar as tarefas. As máquinas são usadas para elevar ou intensificar a força empregada na execução de uma tarefa ou para oferecer uma vantagem mecânica (FLOYD, 2016; HALL, 2016). A vantagem mecânica proporcionada pelas máquinas nos permite empregar uma força ou um esforço relativamente pequeno, para mover uma resistência muito maior. As máquinas funcionam de quatro maneiras: 1- para equilibrar múltiplas forças; 2- para aumentar a quantidade de força na ten- tativa de diminuir a força total necessária para suprir uma resistência; 3- para aumentar a amplitude e a velocidade de movimento de modo a deslocar a resistência por uma distância maior ou de forma mais rápida do que as forças usadas; e 4- para modificar o sentido da força aplicada (HALL, 2016; HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016). As máquinas simples são a alavanca; a roda e o eixo; a polia; o plano inclinado; o parafuso e a cunha. A organização do sistema musculoesquelético oferece três tipos de máquinas geradoras de movimento, sendo elas: alavancas, roda/eixos e polias, as quais abordaremos a seguir. A alavanca é a forma mais comum de máquina simples encontrada no corpo humano. Pode ser difícil visualizar o próprio corpo como um sistema de alavancas, mas, na verdade, é exatamente isso que acontece, já que os movimentos ocorrem mediante o uso organizado de um sistema de alavancas. Embora não se possam mudar as alavancas anatômicas, ao se conhecer bem o sistema, é plausível utilizá-las de maneira mais eficiente para potencializar os esforços musculares e também no intuito de evitar lesões (DUFOUR; PILLU, 2016). Uma alavanca é definida como uma barra rígida que roda em volta de um eixo de rotação (fulcro). O eixo é o ponto de rotação em torno do qual a alavanca se move. Esta gira em torno do eixo como resultado da força (esforço) que é empregada para provocar o seu movimento contra uma resistência (carga ou peso). No nosso corpo, os ossos representam as barras, as articulações são os eixos e os mús- culos se contraem para aplicar a força. A resistência pode variar de máximo a mínimo. Sendo assim, para que possamos ter o movimento da alavanca, a força precisa ser maior que a resistência (DUFOUR; PILLU, 2016; HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016): As alavancas podem ser classificadas de três formas: alavanca de primeira, segunda e terceira classe, conforme veremos a seguir. Na alavanca de primeira classe, o eixo está posicionado em algum ponto entre a força e a resistência. A resistência e a força são exercidas no mesmo sentido. Veja: 25 UNIDADE1 Na alavanca de segunda classe, a resistência está posicionada entre o eixo e a força. Nesse caso, a resistência e a força são aplicadas em sentidos contrários. Um exemplo são os músculos gastrocnêmio e sóleo (músculos da panturrilha) no movimento de flexão plantar para elevar o corpo sobre a ponta dos pés (FLOYD, 2016). Equilíbrio Amplitude de movimento F = Força E = Eixo R = Resistência F E R R EF F E R R EF F Figura 18 - Alavancas de primeira classe Fonte: Floyd (2016, p. 73). Segunda classe Força Resistência Apoio R F Figura 19 - Alavancas de segunda classe Fonte: a autora. Na alavanca de terceira classe, a força se encontra entre o eixo e a resistência. Nesse caso, a resistência e a força são aplicadas em direções opostas (FLOYD, 2016). F E R Figura 20 - Alavancas de terceira classe Fonte: Floyd (2016, p. 74). 26 UNICESUMAR Sendo assim, podemos utilizar nosso sistema de alavancas anatômicas para obter uma vantagem mecânica que melhore a realização de movimen- tos simples ou complexos. As polias simples possuem um eixo fixo e fun- cionam para mudar o sentido efetivo da aplicação de força. Diversos aparelhos de levantamento de força utilizam polias para modificar a direção da força resistiva, ou seja, para alterar a direção de uma força. No corpo humano, um excelente exemplo é o maléolo lateral, que age como uma polia em torno da qual corre o tendão do músculo fibular longo. Ao se contrair, o músculo fibular longo faz tração sentido ao seu ventre muscular. Como o tendão do músculo fibular longo utiliza o maléolo late- ral como polia, a força se transmite à face plantar, ocasionando os movimentos de eversão ou flexão plantar (FLOYD, 2016; DUFOUR; PILLU, 2016). Um corpo é estável quando a linha de gravi- dade passa pelo centro de sua base de sustentação (base de apoio para o corpo). A base de susten- tação consiste na área sobre a qual os pontos de contato do corpo e qualquer objeto permanecem em busca de sustentação. Por exemplo, se você fica em pé, com os pés separados, na largura dos ombros, sua base de sustentação é a área sob seus pés e área do solo entre eles. Se o paciente com um gesso na perna utilizar muletas para se lo- comover, ele estará mais estável, pois sua base de sustentação inclui a área entre os pés e se estende até os pontos de contato entre as muletas e o solo (HOUGLUM; BERTOTI, 2014; HALL, 2016). Quanto maior é a base de sustentação, mais es- tável está o sujeito. Sendo assim, quanto menor é a base de sustentação, menos estável se torna o indi- víduo. Essa é uma das razões porque é mais difícil permanecer sobre uma perna do que sobre as duas. Dessa forma, a estabilidade aumenta com uma base de sustentação maior, a qual reduz as chances de perder o equilíbrio ou ser derrubado por forças ex- ternas (HOUGLUM; BERTOTI, 2014; HALL, 2016). Músculo �bular longo Maléolo lateral Figura 21 - Maléolo lateral: atua como uma polia para o tendão do músculo fibular longo Fonte: Floyd (2016, p. 81). Apoio normal Base de sustentação maior Aplicação de força Aplicação de força lateral A base de sustentação aumenta com muletas Apoio para aumentar a estabilidade contra força anterior Apoio para aumentar a estabilidade contra força lateral Figura 22 - Variações na base de sustentação Fonte: Houglum e Bertoti (2014, p. 57). 27 UNIDADE 1 No entanto, uma base de sustentação grande, às vezes, pode ser vantajosa e, outras vezes, não. Por exemplo, um levantador de peso, que ergue uma grande barra olímpica acima da cabeça, deve ter uma ampla base de sustentação para lhe oferecer a estabilidade necessária no intuito de permanecer com o peso acima da cabeça e manter seu próprio peso e o da barra dentro da base de sustentação. Porém, um jogador de vôlei, que deve se mover de maneira rápida para fora de sua base de sustenta- ção, não quer uma base ampla, pois o movimento deve ocorrer repentinamente e em qualquer direção, portanto, o jogador deve estar pronto. Uma grande base de sustentação para esse jogador prolonga seu tempo sobre a base e atrasa sua resposta para atingir a bola (HOUGLUM; BERTOTI, 2014). Independentemente do tamanho da base de sustentação ou da atividade que o indivíduo executa, a presença dos dois pés, para o apoio de nosso corpo, durante a posição ortostática ou na execução dos movimentos é, sem dúvida, muito importante, conforme já citado, trazendo dificuldades para aqueles que, por algum motivo, perdem alguma parte do membro inferior. O termo para estes casos é amputação, sendo descrito como a retirada parcial ou total de um membro do corpo. As amputações de membros inferiores são muito mais rotineiras, dessa forma, abordaremos as principais questões de interesse da podologia. Um dos principais fatores que contribuem para a amputação de membro inferior é uma condição denominada doença vascular periférica (DVP), especialmente nos casos em que essa condição está relacionada ao hábito de fumar e a diabetes des- compensada (MAGEE, 2010). Grandes melhorias no diagnóstico não invasivo, revascularização e técnicas de cicatrização de feridas, como as que cabem à podologia, têm reduzido a incidência geral das amputações por doença vascular. No entanto, em países desenvolvidos, 7 de cada 10 amputações que são executadas, decorrem de diabetes descontrolada. Diversas pesquisas demonstram que entre 49 a 85% de problemas nos pés poderiam ser evitados se fossem tomadas medidas apropriadas de prevenção (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010). É importante enfatizarmos que existe uma área da podologia que se concentra no estudo, prevenção e tratamento de condições que podem resultar em amputações, como o pé diabético e outras condições vasculares. A integração dos podólogos nos cuidados em saúde primários é extremamente importante para diminuir o aparecimento das úlceras diabéticas e, consequentemente, as taxas de amputação e internações hospitalares (BEGA; LAROSA, 2010). Figura 23 - Úlcera diabética em pé direito 28 UNICESUMAR Dessa forma, o desempenho das funções inerentes ao podólogo é primordial para impedir o surgimento de complicações em pés com alterações vasculares e sistêmicas, uma vez que, quando não tratadas, essas lesões podem resultar em sérias consequências, como gangrena e consequente amputação. A amputação é um fator que altera toda a biomecânica e cinesiologia do aparelho locomotor, levando a uma série de alterações, como de marcha; de movimento; de equilíbrio; de posicionamento e funcionamento do membro inferior residual, entre outros. A podologia contribui de maneira significativa tanto na prevenção, como no tratamento de úlceras de pés diabéticos, evitando a evolução para uma amputação (BEGA, 2014). Conforme vimos anteriormente, os estudos retratam uma elevação significativa de amputação em su- jeitos portadores de diabetes, o que determina aos podólogos um papel essencial se estiverem em contato com esses pacientes. O podólogo apresenta atribuições imprescindíveis no que se refere à análise clínica, por meio da verificação física para constatar as condições dos pés; investigação da circulação sanguínea, da biomecânica, da cinesiologia e da função sensitiva dos pés; prevenção e tratamento das complicações; e orientações a respeito dos cuidados com o pé de risco (BEGA; LAROSA, 2010; BEGA, 2014). Após uma amputação de membro inferior, o profissional pode se depa- rar com uma complicação denominada dor fantasma, a qual é descrita como uma sensação dolorosa percebida na área ausente do corpo, no caso de uma amputação. Essa condição é um tanto frequente, entre- tanto, é incerta no que se refere às razões que a predispõe; intensida- de; periodicidade; período e duração; aspecto da dor; exacerbação por fatores internos ou externos; ou o tipo da sensação dolorosa percebida (MAGEE, 2010). Nos casos em que a amputação de membro inferior é neces- sária, se indicado, o paciente deve ser orientado a fazer o uso de recursos auxiliares de deambulação, como muletas, prótesesou cadeiras de rodas, no intuito de preservar o má- ximo de locomobilidade. A maioria das pessoas com amputações de membro inferior pode ser auxiliada a retornar para uma vida plena e útil após a perda do membro. Um programa de atendimento pós-operatório que leve em conta as neces- sidades físicas e emocionais facilitará a adaptação e o re- torno às atividades diárias (O’SULLIVAN; SCHMITZ, 2010; MAGEE, 2010). Compressão causada pela faixa apertada Dor em facada Cãimbra muscular Dor penetrante/choque Queimação Posição não natural Membro faltante 29 UNIDADE 1 Você provavelmente já ouviu falar ou conhece algum caso de amputação de membro por causa da Diabetes tipo 2, mas o que é esta doença e como ela evolui a ponto de ser necessária uma amputação? Qual o seu papel como profissional da Podologia na prevenção? Você vai descobrir tudo isso neste podcast, confira! Estimado(a) aluno(a)! Nesta unidade, você pôde entender a diferen- ça básica dos conceitos de cinesiologia e biomecânica, e os itens impor- tantes que envolvem a compreensão desses conceitos. É importante que você tenha em mente que o entendimento desses termos é de extrema importância para que possamos dar continuidade na disciplina. Além disso, as alterações cinesiológicas e biomecânicas que possam acometer os pés interferem diretamente no aparecimento de diversas podopatias, e o entendimento desses conceitos é imprescindível para determinar um tratamento podológico adequado ao seu paciente. Além disso, você pôde compreender a goniometria clínica direcio- nada a tornozelo e pé e pôde entender que a prática da goniometria é essencial no campo da podologia, visto que ajuda o podólogo a quan- tificar as limitações articulares, contribuindo para um melhor planeja- mento da conduta terapêutica podológica. Ainda, foi possível entender que limitações e/ou alterações das amplitudes de movimentos podem contribuir diretamente para o desenvolvimento de grande parte das podopatias. Por fim, foi possível aprender sobre os principais aspectos relacionados à amputação de membro inferior, como sua definição, causas e complicações, bem como a atuação do podólogo para evitar possíveis amputações. Agora, chegou a sua vez de colocar todo o seu conhecimento em prática! Imagine que você já seja um podólogo formado e, durante sua atuação profissional, ao atender um paciente, inicialmente você percebe que ele está com dificuldades para andar. Durante a anamnese, o paciente relata ter uma calosidade muito grande na região plantar, e isso é o que está prejudicando sua deambulação. O paciente diz que não está conseguindo apoiar a ponta do pé no chão. Sendo assim, você, como profissional da saúde, ao solicitar que o paciente ande, consegue identificar qual movimento está sendo restringido pela calosidade? Você pensou em alguma ferramenta para quantificar essa restrição? Conforme vimos no decorrer da unidade, é importante que você, como futuro(a) podólogo(a), durante o atendimento podológico, especial- mente no decorrer do exame físico, considere os aspectos cinesiológicos e biomecânicos de todo o corpo, especialmente dos membros inferiores. Nessa situação, você pode solici- tar para que o seu paciente execu- te os movimentos que precisam ser analisados, já que a queixa apresentada pode estar contri- buindo significativamente para as restrições de movimentos. Para isso, você tem à disposição uma ferramenta muito útil, de baixo custo e de fácil manipulação, que é a goniometria manual. A partir dela, você conseguirá quantificar essas restrições articulares. A partir daí, você irá determi- nar um protocolo de atendimen- to para tratar a calosidade e, no decorrer do tratamento, a gonio- metria não deve ser descartada, aliás, as mensurações deverão ser feitas novamente, com uma deter- minada periodicidade, pois essa prática lhe dará base para avaliar a progressão das amplitudes de movimentos. Sendo assim, essa ferramenta respalda você, como profissional, com relação à efetivi- dade do protocolo de atendimen- to que você escolheu para o seu paciente. 30 UNICESUMAR Agora, imagine-se atuando em uma situação em que: um paciente, do sexo feminino, 70 anos e com queixa de micose no hálux. A paciente não relata sinais e sintomas, no entanto, o que mais a incomoda é o aspecto amarelado da unha. No decorrer da anamnese, ela relata que é diabética dependente de insulina há mais de 20 anos, mas que nos últimos tempos não vem tomando a medicação de maneira adequada, pois se cansou das agulhadas. Você, ao realizar o exame físico, além da micose severa, observa também um machucado no dedo mínimo do pé. Quando você questiona a paciente, ela lhe fala que não sente a lesão. A partir daí, você, como pro- fissional de saúde, tomaria quais condutas iniciais? Com base no histórico da paciente, você pensou nas possíveis complicações? Neste caso, além do tratamento podológico convencional para a micose, você deve esclarecer a importância de a paciente procurar um médico para retomar suas medicações e controlar a diabetes. Você também deve orientá-la que, se caso sua diabetes não for controlada, a ferida no dedinho do pé pode aumentar e piorar, em decorrência, muitas vezes, do atrito com o calçado, podendo evoluir para uma infecção, aumentando o risco de amputação. Você também deve apresentar e explicar os recur- sos podológicos que atuam na cicatrização da ferida, que será muito benéfico para evitar infecções e possíveis amputações. Você sabe que a podologia é uma área auxiliar da medicina voltada ao estudo aprofundado, pre- venção, diagnóstico e tratamento das mais diversas doenças que acometem os pés. Para isso, para que você seja um profissional de destaque e renome, sua formação deve ser baseada nos conhecimentos de anatomia, fisiologia, cinesiologia, biomecânica, bem como da fisiopatologia das mais variadas afecções que acometem e/ou interferem na estrutura anatômica e consequente funcionamento dos pés. Isso contribuirá significativamente para que você esteja preparado para o atendimento eficaz dos mais variados casos que possam aparecer durante sua carreira como podólogo. 31 M A P A M EN TA L Cinesiologia e Biomecânica dos Membros Inferiores Biomecânica Alavancas Polias Base de sustentação Amputação de membro inferior Atuação podológica Goniometria clínica Goiometria de tornozelo e pé Cinesiologia Posição anatômica Conceitos anatômicos Movimentos de tornozelo e pé Planos de movimento Terminologia anatômica A construção de um mapa mental torna mais fácil a organização e a compreensão dos conteúdos que foram abordados nesta unidade. Dessa forma, iniciei o nosso mapa men- tal com os conceitos centrais desta unidade, a partir daí, é essencial que você preencha o mapa com informações, como frases de ligação, que se associem a esses conceitos. É importante que você dê continuidade ao mapa mental, pois essa prática irá lhe ajudar a memorizar os principais pontos estudados. A G O R A É C O M V O C Ê 32 1. A partir da goniometria, podemos ter uma medida clínica muito importante, utilizada para definir a quantidade de movimento articular tanto ativo como passivo, já que mede a posição relativa de dois segmentos ósseos. Dessa forma, qual a importância da goniometria clínica no exame físico podológico? 2. A compreensão dos movimentos articulares, principalmente no que se refere ao tornozelo e pé, é muito importante no âmbito da podologia, uma vez que restrições nos movimentos podem estar associadas a inúmeras podopatias. Dessa maneira, no que se refere aos movimentos que ocorrem no complexo tornozelo-pé, assinale a alternativa correta. a) A dorsiflexão é o movimento de extensão do tornozelo, em que o dorso do pé se afasta da região anterior da tíbia. b) A flexão plantar é o movimento de extensão do tornozelo, em que o pé e os dedos se afastam do corpo no plano sagital. c) Tornozelo e pé não realizam o movimento de supinação. d) O movimento de eversãoconsiste em girar a planta do pé para dentro, isto é, sentido linha mediana. e) A extensão dos dedos dos pés resulta na redução do ângulo articular, já que o movimento dos dedos do pé ocorre em direção à planta do pé. 3. Geralmente, os movimentos produzidos pelo nosso corpo são extremamente complexos e heterogêneos, já que podem ser executados nas mais distintas direções. Os movimentos cor- porais podem ser executados em três diferentes planos imaginários. Dessa maneira, assinale a alternativa correspondente. a) Plano sagital, plano frontal (coronal) e plano transversal (horizontal). b) Plano sagital, plano mediano e plano superior. c) Plano frontal (coronal), plano proximal e plano distal. d) Plano transversal (horizontal), plano sagital e plano lateral. e) Plano dorsal, plano ventral e plano anterolateral. C O N FI R A S U A S R ES P O ST A S 33 1. A prática da goniometria é essencial no exame físico podológico, pois auxilia o podólogo a quantificar as limitações ou excessos articulares do cliente, contribuindo para um melhor planejamento da conduta terapêutica podológica, no intuito de proporcionar maior mobilidade para o paciente. Além disso, os valo- res provenientes das medições goniométricas servem, também, para acompanhar e avaliar a efetividade das intervenções podológicas propostas. Dessa maneira, no exame físico podológico, o profissional deve realizar a goniometria, já que as alterações nas amplitudes de movimentos podem favorecer diretamente para o surgimento de inúmeras podopatias. 2. B. O movimento de flexão plantar é caracterizado pela extensão do tornozelo, sendo assim, durante o movimento o pé se afasta do corpo no plano sagital, movendo-se em direção ao solo. 3. A. Na posição anatômica, os movimentos corporais ocorrem em três planos referenciais, sendo eles: plano sagital; plano frontal ou coronal; e o plano transversal ou horizontal. R EF ER ÊN C IA S 34 BEGA, A. Tratado de podologia. 2. ed. São Paulo: Yendis, 2014. BEGA, A.; LAROSA, P. R. R. Podologia. Bases clínicas e anatômicas. São Paulo: Martinari, 2010. BONTRAGER, K. L.; LAMPIGNANO, J. P. Manual prático de técnicas e posicionamento radiográfico. 8. ed. São Paulo: Elsevier, 2014. CALAIS-GERMAIN, B.; LAMOTTE, A. Anatomia para o movimento. São Paulo: Manole, 2010. Volume 2. DANGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia humana. Sistêmica e segmentar. 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2011. DUFOUR, M.; PILLU, M. Biomecânica funcional. São Paulo: Manole, 2016. FLOYD, R. T. Manual de cinesiologia estrutural. 19. ed. São Paulo: Manole, 2016. HALL, S. J. Biomecânica básica. 7. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2016. HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M. Bases biomecânicas do movimento humano. 3. ed. São Paulo: Manole, 2012. HAMILL, J.; KNUTZEN, K. M.; DERRICK, T. R. Bases biomecânicas do movimento humano. 4. ed. São Paulo: Manole, 2016. HOUGLUM, P. A.; BERTOTI, D. B. Cinesiologia clínica de Brunnstrom. 6. ed. São Paulo: Manole, 2014. MAGEE, D. J. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. São Paulo: Manole, 2010. MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. McGINNIS, P. M. Biomecânica do esporte e do exercício. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. MIRANDA NETO, M. H. Anatomia humana. Aprendizagem dinâmica. Maringá: Clichetec, 2006. NORDIN, M.; FRANKEL, V. H. 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Você conhecerá e será capaz de identificar as principais carac- terísticas anatômicas e funcionais do tecido ósseo, bem como os ossos que cons- tituem o tornozelo e pé e suas especificidades anatômicas e, também, explorar a importância e a formação dos arcos plantares e a divisão clínica dos pés. Terá, ainda, a oportunidade de investigar, conhecer e identificar as principais articulações que formam o tornozelo e pé, além de suas particularidades anatômicas, sendo capaz de visualizar e analisar os principais músculos que formam o complexo tornozelo e pé e suas principais características, tais como origem, inserção e ação muscular, e explorar o entendimento sobre determinadas propriedades musculares. Além disso, aprofundará o conhecimento sobre a formação, a função e a importância de um notável componente anatômico do pé, denominado fáscia plantar. 38 UNICESUMAR Imagine que você, já na condição de podólogo, está realizando um atendimento de uma paciente obesa e, durante a anamnese, ela relata que na maior parte do tempo trabalha em pé, queixando-se de dor intensa, do tipo “facada” debaixo do pé, e diz que a dor é perto do calcanhar, mas que se estende até próximo aos dedos. No exame físico podológico, quando você realiza a palpação da planta do pé, a paciente sente ainda mais dor e você observa que ela está andando com dificuldades. Durante o exame clínico, é possível ver que a paciente também apresenta o pé desabado, ou seja, que toca por inteiro o chão. Inicialmente, você consegue identificar quais estruturas estão comprometidas? Será que uma condição pode estar influenciando diretamente no aparecimento da outra? Diante desse exemplo, já pensou sobre sua importância, como futuro profissional da saúde, ao compreender de maneira aprofundada os componentes ósseos, articulares e musculares do sistema locomotor de tornozelo e pé, bem como a relação entre eles? De que forma esse conhecimento irá contribuir para sua formação e conduta podológica? Como você sabe, os pés constituem os pilares de sustentação do nosso corpo, pois são eles que suportam todo o peso corporal, além de atuarem na locomoção e proporcionar ao ser humano a possibilidade de ficar na posição em pé. Por esses e outros motivos, os pés estão sujeitos a lesões e desgastes, já que sofrem elevadas tensões. O aprofundamento do estudo sobre os constituintes anatômicos de tornozelo e pé, especialmente os ósseos, articulares e musculares, é de extrema relevância, já que qualifica e respalda você, futuro(a) podólogo(a), para atuar no cuidado dos pés. Além disso, esse estudo te dará total suporte para identificar, de maneira precisa, as inúmeras lesões que possam acometer o sistema locomotor de tornozelo e pé, tanto por meio da observação como da anatomia palpatória. A palpação das estruturas anatômicas vai te auxiliar não só a identificar as estruturas desse complexo, mas também a detectar possíveis podopatias. Por isso, o exame físico podológico é uma ferramenta essencial para auxiliar um bom podólogo a traçar um diagnóstico podológico mais eficaz. O entendimento do mecanismo de funcionamento dos pés, bem como dos elementos anatômicos do sistema locomotor aplicado a tornozelo e pé, incluindo as relações entre os componentes ós- seos, articulares e musculares, é fundamental para que você possa entender a complexidade cinesiológica e biomecânica dos pés. Você estará apto para promover medidas orientativas com relação ao complexo tornozelo e pé, a fim de detectar e, quando couber à podologia, traçar protocolos de atendimento adequados para as inúmeras podopatias que possam acometer esse complexo. 39 UNIDADE 2 Agora que você já está um pouco mais familiarizado com o tema, peça a algum amigo ou familiar para que você possa realizar a palpação, ou seja, o toque dos pés. A partir daí, observe e busque sentir, pormeio dessa palpação, as diferentes texturas, consistências e formatos das estruturas anatômicas que formam os pés. Aproveite também para notar, realizar e sentir os mais diversos movimentos articulares dos pés. Como se saiu no exercício? Conseguiu visualizar e ter a percepção tátil dos distintos elementos anatômicos que constituem os pés? O conhecimento dos elementos que compõem o aparelho locomotor de tornozelo e pé, bem como suas relações, é essencial para sua atuação como futuro(a) podólogo(a), já que irá ajudar na análise e na interpretação de achados referentes à consistência, textura, formato e movimentação das estrutu- ras corporais investigadas a partir do aparelho locomotor de pé. Sendo assim, reflita comigo sobre os pontos-chave dessa situação: • Os pés integram o pilar de sustentação do corpo; são eles que suportam todo nosso peso, por isso são extremamente suscetíveis à ocorrência de danos. • A partir da palpação e da observação dos pés, é possível identificar os mais diversos componentes anatômicos do sistema locomotor. Essa prática irá te auxiliar a encontrar a causa e estabelecer o diagnóstico para um possível problema. • Para adquirir essa compreensão, é fundamental que você domine as características ósseas, articulares e musculares do complexo tornozelo e pé. Esse conhecimento permite localizar as estruturas anatômicas e ter uma atuação podológica precisa e objetiva. • O cuidado para manter o funcionamento adequado dos componentes ósseos, articulares e musculares do pé permite não apenas a movimentação efetiva, mas, claramente, evita o apare- cimento de diversas podopatias. Neste momento, registre, em seu Diário de Bordo, a experiência vivenciada até aqui, e acrescente tudo o que você compreendeu. Qual a importância para você, futuro(a) profissional podólogo(a), estudar e entender as particularidades ósseas, articulares e musculares do complexo tornozelo-pé? Além disso, de que forma esses conhecimentos contribuem para a compreensão da complexidade cinesiológica e biomecânica que envolvem os pés? Sendo assim, o registro das ideias e dos conceitos, por meio do Diário de Bordo, facili- tará seu processo de aprendizagem, além de favorecer a organização e a memorização dos seus estudos. A partir de agora, dedicaremo-nos a compreender as particularidades que envolvem o fun- cionamento dos pés. Este tema te capacitará profissionalmente para identificar e diagnosticar, de maneira precisa, as diferentes disfunções que possam acometer a estrutura anatômica e a funcio- nalidade dos pés. Sendo assim, é importante que você sempre tenha em mente que a podologia é uma área da saúde que estuda e atua nos mais variados cuidados aos pés. Erroneamente, como muitos pensam, sua atuação não é voltada somente para fins estéticos, trata-se, na verdade, de uma ciência dirigida para a prevenção, investigação, diagnóstico e tratamento das inúmeras podopatias. É importante que você saiba que os pés compõem o único ponto básico do sistema locomotor, que possibilita, a nós, seres humanos, permanecermos na postura bípede, ou seja, na posição em pé (erguida), claro que, conjuntamente com os músculos que exercem função na cabeça, tronco, quadril e membros inferiores. Dessa maneira, qualquer modificação no posicionamento bípede implica um prejuízo em todos os componentes que colaboram para a dinâmica corporal (DORNELES et al., 2011). 40 UNICESUMAR Os pés integram o pilar de sustentação do corpo, são eles que apoiam toda carga corporal, por isso são extremamente suscetíveis a profun- das tensões e consequentes lesões. Existe uma rede de músculos, fáscias, tendões e ligamentos que trabalham de forma integrada, proporcio- nando a movimentação, o suporte e a manuten- ção dos ossos do pé na posição correta. Ainda assim, auxiliam na manutenção do equilíbrio, nas situações em que somos expostos a superfí- cies irregulares, provendo a propulsão, elastici- dade e flexibilidade essenciais para andar, saltar e correr (DORNELES et al., 2011). Com base na estrutura anatômica, o pé apresenta movimentos independentes nas re- giões anterior e posterior, o que confere uma extraordinária capacidade de torção. Na planta do pé, o tecido adiposo subcutâneo age como um minicoxim, o qual atua promovendo o amortecimento de forças externas, a distri- buição da tensão de forma uniforme em toda a superfície de apoio e a adaptação dos pés nas mais variadas condições ambientais. Apesar do esqueleto do pé apresentar uma firmeza significativa – o que dá a resistência para uma série de impactos – ele também tem condições de se adaptar de acordo às necessidades, por meio do auxílio de suas estruturas conjuntivas associadas (WEINECK, 2013). Como falamos anteriormente, o pé é o prin- cipal suporte do peso do corpo. Ainda assim, os pés apresentam diferentes atribuições: uma em estática, quando o sujeito está imóvel e na posição em pé; e outra em dinâmica, quando o sujeito está se movimentando. A função estática corresponde à disseminação de forças que o peso corporal faz incorrer sobre os pés. A fun- ção dinâmica é altamente complexa, visto que abrange o conhecimento dos aspectos biomecâ- nicos e cinesiológicos dos pés e do corpo como um todo (MIRANDA, 2001). De maneira simplificada, o pé pode ser re- portado como um “motor ativo”, pois propi- cia a propulsão (impulsão) para a caminhada, corridas, saltos etc., isto é, opera como uma alavanca. A função dinâmica também exerce uma participação importante, pois suaviza as pressões impostas aos pés durante o ciclo da marcha, corrida, salto, entre outros. O pé pode ser designado como um “técnico especializa- do”, pois viabiliza o ajustamento a movimentos complexos e específicos (MIRANDA, 2001). O pé humano se configura numa fonte inces- sante de estímulos sensitivos, que resultam do to- que do pé com o meio ambiente e que, por meio do sistema nervoso, elaboram dados primordiais para que o indivíduo conserve o equilíbrio ao longo do ciclo da marcha e durante as ativida- des diárias. Como se pode concluir, o pé é uma estrutura de elevada relevância para o corpo, pois propicia uma relação e/ou interação entre o corpo e o meio externo que o cerca, viabili- zando a realização de movimentos e a percepção de estímulos que são emitidos pelo meio afora (MOORE; DALLEY, 2007; MANFIO, 2001). Sendo assim, para que você possa entender a complexidade cinesiológica e biomecânica que envolvem os pés, a seguir, iremos abordar os aspectos ósseos, articulares e musculares, enfati- zando as principais particularidades do comple- xo tornozelo-pé, sobre o qual o entendimento é de extrema importância para sua profissão. Com relação às particularidades ósseas, a partir de agora, faremos uma breve revisão de determinadas questões relacionadas ao siste- ma esquelético, e daquelas características dos pés, uma vez que seu estudo é de fundamental importância para um profissional da Podolo- gia, já que dará base para atuar por meio da observação e, até mesmo, da anatomia palpa- tória, permitindo uma localização precisa das estruturas anatômicas ósseas que compõem os 41 UNIDADE 2 pés, facilitando, posteriormente, um diagnóstico podológico preciso. Com isso, você realizará um atendimento podológico de qualidade, favorecendo a saúde do seu paciente, além de ser um diferencial para você mesmo, no âmbito profissional. É importante recapitularmos que o sistema esquelético é composto por um conjunto de ossos e cartilagens, os quais se conectam para formar a estrutura de um indivíduo. O esqueleto huma- no é composto por, aproximadamente, 206 ossos. O número exato de ossos e suas características específicas variam eventualmente de uma pessoa para outra. Além disso, apresentam uma série de funções, entre as quais podemos destacar, segundo Tomita (2016) e Miranda Neto (2006): • Proteger os tecidos e órgãos internos, como coração, pulmões, encéfalo, medula espinal etc. • Sustentar e dar conformação ao corpo. • Proporcionar superfície parafixação de músculos, ligamentos e tendões. • Permitir a movimentação ao corpo, juntamente com o sistema articular e muscular. • Produzir células sanguíneas por meio da medula óssea vermelha, pois o osso é considerado um órgão hematopoiético. • Armazenar íons, principalmente o cálcio e o fósforo, e gordura por meio da medula óssea amarela. Embora os ossos sejam muito variáveis em forma e tamanho, podem ser classificados em cinco categorias principais: longos, curtos, achatados (chatos), irregulares e sesamoides. Nesta unidade, falaremos a respeito dos ossos curtos, longos e dos ossos sesamoides, já que suas particularidades são importantes para o estudo do sistema esquelético dos pés. Os ossos curtos são semelhantes a um cubo. O comprimento e a largura de um osso curto são praticamente iguais. Esses ossos favorecem a absorção de choques, por exemplo a ação dos ossos do tarso, durante a marcha, corrida, atividade física etc. Os ossos do tipo longo apresentam com- primento maior comparado a sua largura e espessura. As falanges e os metatarsos são exemplos de ossos longos (MIRANDA NETO, 2006). Figura 1 - Exemplo de ossos curtos: ossos do tarso. Exemplo de ossos longos: falanges e metatarsos Os ossos do tipo sesamoides são aqueles localizados no interior de tendões, áreas em que há atrito e tensão, como na palma da mão e planta dos pés. Por exemplo, existem pequenos ossos sesamoides no interior dos tendões flexores do hálux. Ocasionalmente, eles são denominados ossos acessórios e podem estar presentes em números que variam de pessoa para pessoa, e encontram-se com maior frequência nas articulações menores das extremidades distais dos pés (MIRANDA NETO, 2006). 42 UNICESUMAR A partir de agora, vamos nos aprofundar a res- peito das características anatômicas dos ossos que compõem o complexo tornozelo e pé, ou seja, o Sistema Esquelético de Tornozelo e Pé. O esqueleto humano pode ser distinguido em apendicular e axial. O esqueleto apendicular é constituído pelos apêndices: membros supe- rior e inferior. O esqueleto axial é composto pelo crânio, coluna vertebral, costelas e osso esterno. O Quadro 1 desmembra, detalhada e especifi- camente, o esqueleto apendicular, referente ao membro inferior, relatando a região e os nomes comuns e específicos de pé, os quais são de in- teresse para você, futuro(a) podólogo(a). Osso sesamóide Figura 2 - Osso sesamoide do hálux Esqueleto Nome da região Nome comum Sub-região Nome da região específica Nome comum da região específica Apendicular Membros in-feriores Podal Pé Tálus Tornozelo Calcânea Calcanhar Dorso Peito do pé Tarsal Curva ou arco do pé Plantar Planta do pé Digital Dedo do pé Quadro 1 - Partes e regiões do pé Fonte: adaptado de Floyd (2016). O pé é composto por 26 ossos e outros ossos considerados acessórios, já que podem não estar presentes em todos os pés, entretanto, quando expostos a situações estressantes e de atrito, podem resultar no aparecimento de disfunções que dificultam a deambulação. Possuímos três grupos de ossos que for- mam os pés: tarso, metatarso e falanges; embora semelhantes aos ossos das mãos, os ossos do pé têm diferenças estruturais que servem para suportar o peso do corpo e proporcionar força de alavanca e mobilidade durante a marcha (VAN DE GRAAFF, 2003). O tarso é constituído por 7 ossos distribuídos em 2 fileiras: 1- proximal (sendo os ossos: tálus e calcâneo) e 2- distal (sendo os ossos: navicular; cuboide; e cuneiformes medial, intermédio e lateral). O metatarso é formado por 5 ossos metatarsianos que são elencados na direção medial para lateral em I, II, III, IV e V e correspondem aos dedos dos pés (MIRANDA NETO, 2006; VAN DE GRAAFF, 2003). Com relação aos dedos dos pés, o primeiro dedo, vulgarmente chamado de dedão, anatomicamente é denominado hálux. Os dedos dos pés são compostos por 14 falanges, sendo que o hálux apresenta apenas 2 (a falange proximal e a distal) e os outros dedos, II, III, IV e V (mínimo/dedinho) são forma- dos por 3 falanges cada um com: falange distal, falange média e falange proximal (TOMITA, 2016). 43 UNIDADE 2 Calcâneo Calcâneo Cuboide Cubóide Cuneiforme Lateral MetatarsosMetatarsos Falanges Falanges Navicular Navicular Tálus Tálus Proximal Média Distal Cuneiforme Lateral Cuneiforme Medial Cuneiforme Intermédio Cuneiforme Intermédio Figura 3 - Ossos do pé (visão superior e lateral) O tálus é um osso superior e posterior do pé; na região denominada tróclea do tálus, articula-se com a tíbia medialmente e com a fíbula lateralmente. O tálus se articula com a tíbia e a fíbula para formar a articulação do tornozelo. Inferiormente, ele está articulado ao osso calcâneo e anteriormente ao osso navicular. O calcâneo, osso mais volumoso dos ossos do tarso, está localizado na região posterior e inferior do pé, proporcionando o apoio do pé ao solo. Sendo assim, o calcâneo favorece o suporte esquelético para o calcanhar e tem um grande prolongamento posterior, denominado tuberosidade do calcâneo, para fixação dos músculos da panturrilha. É um osso que superiormente se articula com o tálus por meio de uma projeção medial chamada sustentáculo do tálus. Anteriormente, o calcâneo se articula com o osso cuboide (VAN DE GRAAFF, 2003; BEGA; LAROSA, 2010). Segundo os mesmos autores, o navicular é um osso medial e ocupa a segunda fileira dos ossos do tarso e seu formato se assemelha a um chapéu. O navicular se articula posteriormente ao tálus e ante- riormente com os ossos cuneiformes medial, intermédio e lateral. A região lateral do osso navicular se articula com o osso cuboide. Este também ocupa a segunda fileira dos ossos do tarso, formando sua parte lateral. Articula-se posteriormente com o osso calcâneo, medialmente com o osso navicular e o cuneiforme lateral e anteriormente com o 4º e 5º metatarsos. No que podemos considerar como uma terceira fileira dos ossos do tarso localizada anteroinfe- riormente, encontramos os ossos cuneiforme medial, cuneiforme intermédio e cuneiforme lateral. O cuneiforme medial é o maior comparado aos outros dois e articula-se posteriormente ao osso navi- cular, anteriormente ao 1º metatarso e lateralmente ao cuneiforme intermédio. O osso cuneiforme intermédio, por sua vez, está articulado posteriormente com o osso navicular, medialmente com o cuneiforme medial, anteriormente com o 2º metatarso e lateralmente com o osso cuneiforme lateral (VAN DE GRAAFF, 2003; BEGA; LAROSA, 2010). O osso cuneiforme lateral está articulado posteriormente com o navicular, anteriormente com o 3º metatarso, medialmente com o cuneiforme intermédio e lateralmente com o osso cuboide. Os ossos do metatarso e as falanges são similares em nome e em quantidade aos metacarpos e falanges das mãos. No entanto, eles diferem na forma, em decorrência da sua função de suportar peso. Os cinco ossos que formam o metatarso se articulam distalmente com as falanges proximais, correspondentes do 1º ao 5º 44 UNICESUMAR dedo. O 1º metatarso é maior comparado aos outros metatarsos, já que apresenta importante papel na sustentação do peso corporal (VAN DE GRAAFF, 2003; BEGA; LAROSA, 2010). Cada metatarso é dividido em base, corpo e cabeça. As bases proximais do 1º, 2º e 3º metatarsos se articulam proximalmente com os ossos cuneiformes. As cabeças dos metatarsos se articulam distal- mente com as falanges proximais do 1º ao 5º dedo. As articulações proximais são chamadas articula- ções tarsometatarsais (entre os ossos do tarso e os metatarsos); e as articulações distais são designadas articulações metatarsofalangeanas (entre os ossos do metatarso e as falanges proximais), conforme veremos posteriormente (VAN DE GRAAFF, 2003; TOMITA, 2016). Ossos da FalangeOssos do MetatarsoOssos do Tarso Cabeça do 5º Metatarso Tuberosidade do 5º Metatarso Osso Cuboide Tuberosidade do Osso Cuboide Tróclea Fibular Sulco do Tendão do Músculo Fibular Longo Seio do Tarso (Sulco Talocalcâneo) Tuberosidade do Calcâneo Corpo do Calcâneo Processo
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