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Atuação do psicólogo no âmbito educacional

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Atuação do psicólogo no âmbito educacional
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Na formação do psicólogo, é possível conhecer uma série de teorias que têm como objetivo compreender as subjetividades e os comportamentos humanos. Para construir suas práticas, é importante que o profissional busque determinados conhecimentos.
No caso da atuação do psicólogo escolar, quais campos/conhecimentos são essenciais para a construção de suas práticas? 
A. 
Aprendizagem e desenvolvimento.
As teorias da aprendizagem e as teorias sobre o desenvolvimento humano são referências básicas para orientar o conhecimento e a prática do profissional psicólogo que atua no âmbito escolar. Saber como os sujeitos aprendem e como se dão os processos de desenvolvimento ajuda o profissional a conhecer e acompanhar os alunos. Esses campos de conhecimento, teorias da aprendizagem e do desenvolvimento humano, são fundamentais para a atuação do psicólogo escolar, porém várias outras as tangenciam, mas não são indispensáveis para a sua ação. A personalidade, o caráter e a ética fazem parte da formação do psicólogo, mas são mais utilizados na abordagem clínica, psicoterápica, o que não acontece na escola. Alunos, pais e professores são parte da comunidade escolar e do trabalho do psicólogo, mas são sujeitos que ele irá aprender a conhecer e trabalhar com eles dentro de seu âmbito de ação. Psicologia, personalidade e aprendizagem são também conhecimentos necessários ao psicólogo em geral, não especificamente ao escolar. Pedagogia e educação são áreas de conhecimento que intersectam com o trabalho do psicólogo na escola, mas são independentes, com um aporte teórico e de intervenção próprios.
 
As teorias sobre a aprendizagem são inúmeras, desde as que enfatizam aspectos biológicos do desenvolvimento até as que consideram fatores ambientais e socioeconômicos dos sujeitos envolvidos no processo. Autores como Piaget, Vigotsky, entre outros, elaboraram teorias e propostas de intervenção na escola, buscando entender os sujeitos e seus modos de aprender.
Isso posto, qual é a visão de Edouard Claparède sobre como a psicologia deve olhar a aprendizagem?
B. 
O autor defendia uma abordagem funcionalista da psicologia.
Édouard Claparède defendia uma abordagem funcionalista da psicologia, ou seja, para ele, o pensamento seria uma atividade biológica a serviço do organismo, com funções de adaptação ao ambiente. Semelhante à sua concepção funcionalista, está a aplicação de testes para a medida de inteligência ou outras funções mentais. Se avaliada unicamente por instrumentos, sem o conhecimento do sujeito em questão, a psicologia escolar é funcionalista, baseada em dados quantitativos. A teoria da carência cultural foca no contexto social, mas por meio da culpabilização e da discriminação de crianças mais vulneráveis. Essa abordagem se desenvolveu nos Estados Unidos para tentar justificar diferenças sociais e culturais, hierarquizando capacidades de aprendizagem. Diferentemente dessa abordagem, outros autores buscaram entender as inter-relações entre o sujeito que aprende e o seu contexto, de forma a não colocar no sujeito toda a responsabilidade por suas dificuldades, mas a reprodução do fracasso pelas instituições educacionais.
Podemos identificar elementos sobre o processo de ensinar e aprender que são importantes para o conhecimento do psicólogo que atua no contexto escolar. Leia as afirmativas a seguir:
I. O processo de ensinar e aprender é o encontro de diferentes subjetividades e propicia uma interação dialógica.
II. Haverá um momento em que aquele que ensina se torna desnecessário.
III. A superação da assimetria do encontro (professor-aluno) implica a razão e a existência do encontro.
IV. No caso do ensino, trata-se de o aprendente tomar posse de um saber que o diferencia de seu ensinante.
Assinale a alternativa correta.
E. 
Todas as afirmativas ​​​​​​​estão corretas.
O processo de ensinar e aprender é o encontro de diferentes subjetividades que propicia uma interação dialógica que supera a assimetria que originou o encontro. Esta superação implica a razão e a existência do encontro. No caso do ensino, trata-se de o aprendente tomar posse de um saber que o diferencia de seu ensinante. Eis o momento em que aquele que pretende ensinar se torna desnecessário, marcando o término de uma relação que continua em outros horizontes, mas que possibilitou a ambos retirarem daí benefícios inegáveis (professor e aluno).
 
A partir de novos estudos e também devido a mudanças nos contextos históricos, sociais e culturais das sociedades, a psicologia reconstrói suas formas de entender a sua contribuição no contexto escolar, propondo, assim, novas práticas.
Em relação ao final da primeira metade do século XX (em especial, a partir de 1970), qual prática passa a ser entendida como mais efetiva pela psicologia da educação?
E. 
Dar ênfase nos fatores ambientais e socioeconômicos, minimizando os fatores biológicos.
Um novo marco surgiu na década de 1970, quando se buscavam novas explicações para o comportamento escolar. Nesse período, o foco dado aos problemas de aprendizagem mudou. Minimizaram-se os fatores biológicos e deu-se ênfase aos fatores ambientais e socioeconômicos. Deixou-se de pensar em “[...] objetivos ajustatórios ou discriminatórios para [se] pensar nos processos educacionais de um modo mais amplo” (BARBOSA; SOUZA, 2012, p. 170). Os fatores ambientais e socioeconômicos dizem respeito ao contexto de nascimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes e seus impactos na aprendizagem — incluindo desde escolas sem recursos, países que investem pouco em educação e cuidados básicos da população até problemas constituintes dos sujeitos, como deficiências, carências nutricionais e econômicas, ambiente violento, falta de estrutura familiar, entre outros. Portanto, a educação, hoje, entende a aprendizagem de forma diferente, contextualizada. Não utiliza mais testes como o instrumento prioritário para conhecer e prever o desenvolvimento dos estudantes. Logo, busca não patologizar estudantes por meio de diagnósticos clínicos; não segrega estudantes com deficiências ou transtornos do desenvolvimento, em escolas e classes especiais; a escola busca ser inclusiva; segue uma ética mais restrita, que não permite experimentos com seres humanos.
A psicologia escolar seguiu um longo percurso até os dias atuais, quando passou pela prevalência de abordagens teóricas funcionalistas, com características individualistas, de diagnóstico e deterministas do futuro dos estudantes. Essas marcas são difíceis de serem superadas em alguns ambientes, mas a prevalência hoje é de um enfoque mais crítico das influências sociais, econômicas e culturais na aprendizagem. Um dos pontos de discussão e síntese na psicologia escolar é a relação ensino e aprendizagem.
De que forma o psicólogo no âmbito escolar pode buscar a organização do trabalho pedagógico, visando a um melhor relacionamento professor-aluno em sala de aula? 
E. 
Trabalhando de forma conjunta com a comunidade escolar e reconhecendo os processos subjetivos que envolvem a aprendizagem.
As práticas patologizantes e categorizantes não devem ser características de um fazer psicológico no século XXI. A compreensão do trabalho do psicólogo escolar como uma extensão de atendimentos clínicos com uso de testes psicológicos e medicamentos para lidar com as queixas escolares é uma antiga realidade que precisa ser superada. Entende-se a importância do trabalho em conjunto com a comunidade escolar a partir da compreensão das complexidades dos processos subjetivos que envolvem a aprendizagem, assim como o entendimento das relações sociais e institucionais estabelecidas no âmbito escolar. Para que isso ocorra, ao psicólogo não é solicitado que diagnostique estudantes com dificuldades de aprendizagem ou comportamento, que os avalie por meio de testagens, e somente por meio delas, que interprete as dificuldades dos alunos de forma contextual, sem rotular capacidades, que não individualize problemas que podem ser coletivos, incentivando a discriminação de sujeitos específicos;nem o contrário, tratando estudantes bem-sucedidos de forma individualizada e privilegiada. O êxito do trabalho do psicólogo escolar depende do quanto ele se envolve e conhece a comunidade onde está inserido, utilizando suas habilidades profissionais para compreender e auxiliar relacionamentos grupais e intergrupais, entendendo a escola e o processo de aprendizagem como processual, contextual, inclusivo, passível de ser sempre revisto, discutido e aprimorado.

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