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Bianca Correia S. Uninove SBC 2023.1 Questões Norteadoras 1) Qual é a função do metabolismo de fármacos? 2) Como pode variar a atividade de um metabólito em relação ao fármaco original? 3) Quais enzimas estão envolvidas no metabolismo de fármacos? 4) O que são enzimas promíscuas e quais as consequências da falta de seletividade das CYP’s 5) Qual a diferença entre o metabolismo de 1a fase e de 2a fase 6) Quais são as principais vias de excreção? 7) Quais os fatores que interferem na excreção urinária? Biotransformação O fármaco depende de se desprender da albumina para que possa ser metabolizado. A biotransformação não inativa o fármaco de uma única vez Finalidade da metabolização - facilitar a excreção do fármaco (a grande maioria só é eliminada após metabolizada mas há exceções) - inativação dos fármacos (para moléculas ativas) - aumenta ou reduz ação terapêutica - aumento da toxicidade do fármaco Locais de biotransformação dos fármacos Principal órgão: Fígado Ex: diazepam deve ser administrado com muito cuidado pois necessita de muita metabolização para que seja excretado, principalmente em pacientes com hepatopatias. A metabolização tem como função: Inativar um fármaco Ativar um fármaco Formar um metabólito tóxico Reações de biotransformação Fase I - enzimático Fase II - não enzimática (conjugação) Resumindo: - Alguns fármacos realizam fase I e fase II; - Alguns fármacos realizam fase I apenas; - Alguns fármacos realizam fase II apenas; - Alguns fármacos não realizam nenhuma dela; - Alguns fármacos realizam várias vias de metabolização alternativamente. Fase I - Metabolismo oxidativo/reducional Reações de fase I Oxidases de função mista (monooxigenase – CYP450) - Reações de oxidação e redução. (Enzimas microssomais - Retículo Endoplasmático) Requer - Citocromo P450 (Enzima Cyp450); - Hemeproteína; - NADPH e NADPH-P450 redutase (flavoproteína) - Oxigênio molecular Outras enzimas: • Álcool desidrogenase • Aldeído desidrogenase • Peroxidases • Colinesterases plasmáticas; • Monoaminoxidase (MAO) (Enzimas não-microssomais - lisossomo, plasma sanguíneo, bactérias intestinais Citocromo P450 Em humanos, as três principais CYP1, CYP2, CYP3 são as principais envolvidas no metabolismo de fármacos no fígado. A maioria dos fármacos são metabolizados por CYP2D6 e CYP3A4. Na fase I ocorre oxidação ou redução do fármaco Na fase II ocorre conjugação do fármaco Fase II - Conjugação ● Adição de conjugados aos pontos da molécula onde ocorreram as reações de fase I; ● Conjugados: Produtos de diversos metabolismos (ex.: glicose), aminoácidos; ● Reações mediadas por enzimas transferases, que transferem estes grupos para o fármaco: ex: UDP-glicuronil-transferase, acetil-CoA Prednisona é pró-fármaco, prednisolona é fármaco ativo (fármaco ativo tem ação mais rápida por não depender de ainda ser metabolizado) Fatores que alteram ometabolismo - IDADE; - DOENÇAS; - GENÉTICA; - GÊNERO; - PERÍODO NEONATAL - GESTAÇÃO - FATORES AMBIENTAIS ○ INDUÇÃO E INIBIÇÃO ENZIMÁTICA ○ DIETA Indução enzimática Alguns fármacos ↑ atividade de enzimas microssomais de oxidase e conjugação, quando administrados repetidamente. O que é? ↑ da atividade de enzimas hepáticas (ex.: Cyp450) No que resulta? ↑ da metabolização: ↓ da concentração plasmática da droga; ↓ do efeito. Qual a estratégia terapêutica? ↑ gradativo de dose para obter o mesmo efeito terapêutico Ex: diclofenaco → indutor de CYP3A4 varfarina → metabolizada por CYP3A4 → ↓ Acelera metabolização realizado por CYP3A4, diminuindo a biodisponibilidade do fármaco ***Caso seja necessária a administração de dois fármacos de uso crônico, a dose pode ser ajustada, aumentando fármaco com metabolização acelerada (para atingir efeito terapêutico). Inibição enzimática Inibição de enzimas microssomais, resultando em ↓ atividade dos sistemas de oxidação microssomal com administração repetitiva. O que é? Inibição da atividade das enzimas hepáticas (ex.: Cyp450) - competição ou fármaco inibidor); No que resulta? ↓ da metabolização: ↑ da concentração plasmática da droga; ↑ do efeito (Toxicidade); Qual a estratégia terapêutica? Ajuste de dose (↓ da dose) Ex: amoxicilina → inibidor de CYP3A4 varfarina → metabolizada por CYP3A4 → ↑ Diminui metabolização realizado por CYP3A4, aumentando o armazenamento do fármaco sem que sofra metabolismo. Indução cruzada da CYP450 e interações medicamentosas Excreção Principal via de excreção é a urina Circulação Entero-hepática Metabólito após cair na bile e alcançar o intestino, o metabólito inativo sofre transformações pela flora intestinal, tornando-se um metabólito ativo, retornando à circulação. Fármacos depositados na vesícula e excretados pela bile podem ser e reativados (ex.: beta-glicuronidase produzida por bactérias da microbiota, que remove conjugados como o glicuronídeo), e assim reabsorvidos com atividade na circulação. Excreção renal Filtração glomerular • Fluxo sanguíneo • PM do fármaco (difusão moléculas com PM < 20 kDa Albumina PM = 68 kDa) • Passagem de fármaco livre (não-ligado à proteínas plasmáticas) Secreção tubular • Mecanismo de transporte ativo Difusão através do túbulo renal e reabsorção Tubular • Difusão passiva pelo epitélio tubular • Grau de ionização favorece a reabsorção do fármaco (quando não ionizado é reabsorvido) - 20% do fluxo plasmático renal é filtrado pelo glomérulo; - 80% dos fármacos que chegam ao rim passam pelo túbulo proximal; - Túbulo proximal: carreadores independentes, transportador de drogas ácidas (OAT - ânions orgânicos) e transportador de bases orgânicas (OCT - cátions orgânicos), Glicoproteína P (Tipo ABC - ATP binding cassete - ↑ saída de fármaco da célula); Secreção tubular Transferência de moléculas por sistemas carreadores não seletivos que realizam transporte de moléculas Mecanismo mais efetivo para eliminação renal de substâncias (fármacos ligados à proteínas plasmáticas) - Máxima depuração sanguínea! Fármacos podem competir entre si pelo mesmo transportador, havendo interação medicamentosa para excreção, podendo haver excreção de um fármaco e reabsorção do outro. Caso os dois fármacos sejam consumidos juntos, pode ocorrer toxicidade pelo fármaco que não está sendo excretado. Excreção - Grau de ionização Excreção: ↑↑↑ grau de ionização HA →H+ + A (absorção) (excreção) BH → B + H+ (excreção) (absorção) A REGRA É CLARA: Para fármacos ácidos ou bases fracas, o grau de ionização depende do pH, assim: - Substâncias básicas são reabsorvidas em urina básica, mas rapidamente excretadas em urina ácida. - Substâncias ácidas são reabsorvidas em urina ácida, mas rapidamente excretadas em urina alcalina Clearance: grau de depuração Aumento do clearance: eliminação maior Diminuição de clearance: reabsorção maior Estado de equilíbrio e eliminação de fármacos Esquema de administração de doses: Quanto menores e mais frequentes as doses, mas se aproxima ao esquema de infusão contínua e menores as oscilações na concentração plasmática. Em geral, o estado de equilíbrio - steady state (taxa de biodisponibilidade = taxa de eliminação do fármaco) é alcançado após 3 a 5 meias-vidas. Clearance renal: Medida da capacidade do organismo em eliminar um fármaco. Calculada pela capacidade de biotransformação de todos os órgãos metabolizados (depuração renal e depuração hepática) na unidade de tempo: [Clr = (Cu x Vu )/ Cp] Em geral, o tempo para a eliminação do fármaco do organismo é de 5x sua meia-vida. Ex: fármaco com meia vida de 5h, leva 25h para que ocorra sua excreção por completo. Caso clínico Sr. T.W. de 66 anos apresenta fibrilação atrial crônica e por isto faz uso contínuo do anticoagulante Varfarina (Marevan®). Um dia, após um jantar, o Sr T.W. passou mal, apresentou diarreia e vômito e foi levado ao hospital. Para o tratamento da infecção do trato digestório, foi prescrito o antibiótico Sulfametoxazol-Trimetoprima (Bactrim®) por 7 dias. Após 4 dias do tratamento, o Sr T.W. estava bem melhor, no entanto após sair de uma reunião tropeçou e caiu. Após algumas horasnotou a presença de diversos hematomas e procurou o setor de emergência novamente. O médico de plantão suspendeu o uso do antibiótico devido este fármaco interferir no metabolismo da Varfarina. Como o Bactrim® interferiu no metabolismo da Varfarina? Por que isto é possível? R: Por apresentar uma maior interação a proteína plasmática, e Qual foi o resultado na resposta terapêutica de ambos os medicamentos? R: Interação medicamentosa por competição pela mesma enzima podem potencializar ou inibir atuação da enzima citocromo p450 indutores enzimáticos aceleram a metabolização de certos fármacos de modo que um medicamento pode acelerar a metabolização de outro, por interação medicamentosa. Continuação do caso clínico K.W. estava extremamente chateada com o reaparecimento de convulsões que a deixava confusa, cansada e apática depois das crises e resolveu aumentar por conta própria a dose do medicamento. Após 5 dias, começou a apresentar tremores, espasmos musculares e foi levada ao hospital com suspeita de intoxicação por altas doses de Oxcarbazepina. Levando em conta que a Oxcarbazepina é um fármaco ácido, qual a estratégia terapêutica utilizada pela equipe médica para aumentar a excreção do fármaco? Por quê? R: Alcalinizando a urina para excreção do fármaco, pois se ele estiver na sua forma não ionizada (ácido) ele é reabsorvido. Considerando que a meia-vida da Oxcarbamazepina é de aproximadamente 9h, qual o tempo esperado para que o organismo promova a eliminação completa de uma dose do fármaco? R: 45h (9x5).
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