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SAÚDE DO ADOLESCENTE CAMILA SANTIAGO SAÚDE DO ADOLESCENTE | MEDICINA 07: Anemias carenciais Anemia: diminuição da quantidade de hemoglobina e hematócrito em uma unidade de volume de sangue abaixo do nível considerado normal para a idade e sexo Anemias carenciais: são aquelas secundárias a falta de um ou mais elementos imprescindíveis à formação de glóbulos vermelhos - Ferro, folatos, vitamina B12, vitamina E (RN) - Mecanismo de ação dos elementos que fazem a citoformação dos glóbulos vermelhos: Entram na constituição química da hemoglobina (ferro) Fazem parte de um sistema enzimático importante na síntese proteica ou especificamente na síntese da hemoglobina Anemia ferropriva - O ferro é o mais importante nutriente não calórico. Ele entra na constituição química da hemoglobina e faz parte da molécula de enzima. O quadro de anemia é sempre proporcional a sua carência Características do ferro: - Não há via de excreção - Seu metabolismo ocorre em circuito fechado - Absorção visa apenas recuperar ferro perdido Perdas médias de ferro: - Sexo masculino: 1 mg/dia - Sexo feminino: 2 mg/dia - A cada menstruação: 30 mg de ferro Períodos de maior necessidade de absorção: - Gestação - Fase de crescimento Carência de ferro na infância: - Logo após o nascimento, a necessidade de ferro é nula, e seu estoque dura até 12 semanas Causas mais comuns na carência: - Dietética (maus hábitos alimentares) Causas orgânicas: - Hipocloridria gástrica - Agentes patológicos que provocam trânsito intestinal rápido (alergia) - Malformações intestinais Outras causas mais frequentes: - Pequenas e crônicas perdas hemorrágicas no tubo digestivo Fases de carência de ferro: 1º carência de ferro sem anemia - Balanço negativo → leva a utilização do ferro armazenado → leva a síntese de hemoglobina 2º alterações morfológicas das hemácias - Hemácias hipocrômicas e microcíticas 3º presença da anemia - Carência de ferro leva a deformação dos eritrócitos, causando anemia moderada ou acentuada Carência de ferro na adolescência: - Provavelmente representa a doença nutricional mais frequente - Causa mais comum de anemia nesse período - Grave problema no Brasil Incidência: 10% dos adolescentes do sexo masculino e 5% do sexo feminino apresentam deficiência de ferro Causas: - Necessidade aumentada - Perdas sanguíneas após a menarca - Dieta pobre em ferro SAÚDE DO ADOLESCENTE CAMILA SANTIAGO SAÚDE DO ADOLESCENTE | MEDICINA Diagnóstico - História: antecedentes, inquérito alimentar, sintomas, infecções de repetição ou patologias, anemia famílias - Exame físico: estadiamento da maturação sexual, palidez, desnutrição - Diagnóstico laboratorial Avaliação clínica: Palidez, letargia, fadiga, anorexia, disfagia, glossite, estomatite, perversão do apetite, fagofagia, diminuição da atividade músculo esquelética, aumento da tendência de infecções (principalmente virais), alteração no rendimento escolar Investigação laboratorial: nenhum exame isolado pode identificar a deficiência de ferro, mas combinados podem estabelecer o diagnóstico com segurança - Hemoglobina - Hematócrito - V.C.M (volume corpuscular médio) - R.D.W - Ferro sérico - TIBC (capacidade de transporte de ferro) - Saturação de transferência - Protoporfirina eritrocitária livre - Ferritina sérica (estoque de Fe) Interpretação diagnóstica de anemia (exceto período neonatal): Normal: - 06 meses a 06 anos: Hb 11g/ dl; Ht = 33% - 06 anos até o estirão puberal: Hb 11,5g/ dl; Ht = 35% Anêmico: Hemoglobina menor 12 g/ dl e hematócrito menor que 35% no sexo feminino Hemoglobina 12,5 g/ dl e Ht menor que 35% para o sexo masculino. Diagnóstico laboratorial: - CHCM: ↓ (hipocromia) - VCM: ↓ (microcitose) - Ferritina sérica baixa - Ferro sérico baixo - Transferrina alta - Saturação de transferrina baixa - % de sideroblastos: ‘’gold standard’’ Tratamento: dietético e medicamentoso Alimentos ricos em ferro por ordem descrente: - Fígado - Carne - Feijão - Ameixas cozidas - Pão enriquecido - Galinha ou peru cozido - Vegetais cozidos - Ervilhas - Cereais - Ovos Tratamento medicamentoso: - Sais ferrosos (sulfato ferroso) - Complexo férrico hidropolimaltosado - Dose terapêutica: 3 – 5 mg / kg / dia Dose máxima = 200 mg de ferro elementar fracionado em 2 a 3 tomadas por dia até ingerir nível de hemoglobina normal Após atingir os níveis normais de hemoglobina, manter o tratamento até que os depósitos de ferro se normalizem - Casos graves: transfusão de concentrado de glóbulos em doses: 2 a 3 ml/kg SAÚDE DO ADOLESCENTE CAMILA SANTIAGO SAÚDE DO ADOLESCENTE | MEDICINA - Administração de ferro parenteral: pouco usado devido a reações anafiláticas Terapêutica eficaz: - Ocorrer reticulocitose de 2 a 10% (cinco a dez dias após a início do tratamento) - Aumento dos níveis de hemoglobina (2 g/dl) após 2 a 3 semanas Insucesso terapêutico: Diagnóstico incorreto, não adesão ao tratamento, preparação do ferro inefetiva, absorção ineficiente, perda sanguínea maior que a reposição, intercorrência de infecção, inflamação ou neoplasia Diagnóstico diferencial: síndromes talassêmicas, anemias hereditárias, anemia de doença crônica Anemias megaloblásticas Causas mais comuns: 1. Deficiência de cobalamina: vit B12 2. Deficiência de folatos 3. Deficiência de cobalamina e folato associadas 1. Vitamina B 12: - É um nutriente não calórico, imprescindível a síntese de quase todas as proteínas dos organismos animais e também das bactérias - Age como coenzima - Importante para a síntese do grupo heme - Síntese de proteínas e ácidos nucleicos - A ação dos folatos depende de sua presença Carência: - Afeta todo o organismo pela sua importante ação na síntese de proteínas em geral e particularmente dos ácidos nucleicos - Sua deficiência leva a modificação nos ciclos vitais de todos os elementos dos órgãos hematopoiéticos Carência de vitamina B 12 Fisiopatologia: - Causa: má absorção de vit. B12 - Consequência: falta do fator intrínseco (patologias da mucosa gástrica), problemas de absorção a nível de íleo Quadro clínico: - Palidez progressiva - Anorexia - Ardor na língua (atrofia das papilas) - Perturbações visuais - Anemia agrava-se rapidamente - Lesões neurológicas Mielopatia e neuropatia simétricas Degeneração axonal com perda de mielina Sintomas: - Parestesia nos pés - Depressão - Irritabilidade - Comprometimento da memória 2. Deficiência de folatos: - Atualmente é o mais frequente causador de anemia megaloblástica - Possui ação importante na síntese de proteínas e ácidos nucleicos Absorção: - Crianças: absorção diária de 100 mcg/ ml - Disponível na alimentação = 600 a 800 mcg/ dl - Estoques: 6 a 20 mcg, armazenamento dura aproximadamente 4 meses - A maior absorção ocorre no duodeno - Sua absorção é ativa Fontes: - Alimentos de origem vegetal (folhas verdes e frutas) SAÚDE DO ADOLESCENTE CAMILA SANTIAGO SAÚDE DO ADOLESCENTE | MEDICINA - Levedo - Fonte animal mais rica: fígado Diagnóstico: Clínico: - Idêntico à carência de vitamina B12, exceto pelas lesões neurológicas Laboratorial: - HB baixa - HT baixo - VCM alto - CHCM normal - Retículos séricos baixos Mielograma Exame útil para o diagnóstico de deficiência de folato: - Dosagem de ácido fólico sérico = baixo. Exame útil para o diagnóstico de deficiência de vit. B12: - Dosagem de cobalamina sérica = baixa Teste de Schiling: diagnóstico do déficit de absorção oral da vit. B12 Tratamento - Importante fazer o diagnóstico diferencial entre deficiência de cobalamina e folato - Doses farmacológicas de vit. B12 corrige a deficiência de ácido fólico e vice-versa - O tratamentocom ácido fólico melhora a anemia, mas não trata manifestações neurológicas 1. Deficiência de vitamina B12 - Ciano ou hidroxicobalamina, por via IM, na dose de 1000 microgramas em dias alternados até normalização da Hb e Ht - Se tiver manifestações neurológicas, 5000 microgramas a cada 2 semanas nos seis primeiros meses - Fase de manutenção: Nos casos de anemia perniciosa, a manutenção é por toda a vida. Dose de 1000 microgramas por mês no primeiro ano Posteriormente 5000 microgramas ao ano 2. Deficiência de ácido fólico - Administrar ácido fólico = 1 cp de 5 mg/dia até melhora dos níveis de Hb e Ht, desde que o fator causal tenha sido eliminado 3. Deficiência de vitamina B6 Funções: - É o termo de designação de 3 piridinas – piroxidina, piridoxal, piridoxamina - São convertidas em forma biologicamente ativa → fosfato de piridoxal ou piridoxamina - Metabolismo de aminoácidos - Síntese de niacina - Síntese de proteínas biologicamente importantes → prostaglandinas, HEME, neurotransmissores - Participação na função imune - Metabolismo de carboidratos - Estoques são baixos, 50% da B6 presente na fosforilase muscular A deficiência é rara, existe larga distribuição nos alimentos Causa: - Mais comum na síndrome de má absorção, como a fibrose cística e a doença celíaca - Alcoolismo - Hemodiálise - Tratamentos longos com isoniazida e hidralzina inativam os complexos com piridoxal-fosfato, anticonvulsivantes e corticosteroides Quadro clínico: - Cansaço e sonolência - Dermatite e rachaduras nos cantos das bocas SAÚDE DO ADOLESCENTE CAMILA SANTIAGO SAÚDE DO ADOLESCENTE | MEDICINA - Anorexia - Insuficiência de crescimento - Diarreia e/ou vômitos - Queda de cabelo - Crises convulsivas Quadro laboratorial: - O diagnóstico da deficiência de vitamina B6 geralmente é clinico - Não há um único exame laboratorial aceito para verificar o estado de vitamina B6 - Dosagem de fosfato de piridoxina sérico é o mais comum Tratamento: - Correção da causa - Suplementação de vitamina B6 - Em geral 50 a 100 mg de piridoxina por via oral 1x/dia corrige a deficiência - Pacientes que tomam isoniazida devem também receber 30 a 50 mg 1x/dia por VO de piridoxina
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