Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Milena Marques 145 Neuro – Doenças Musculares e da Junção Mioneural Introdução: O diagnóstico em neurologia deve seguir as seguintes etapas: • Diagnóstico sindrômico – A principal queixa dos pacientes com doenças musculares ou da junção mioneural vai ser FRAQUEZA • Diagnostico topográfico – O problema vai estar no músculo ou na junção mioneural. • Diagnostico etiológico e nosológico Unidade motora: Qualquer entidade que afeta as fibras musculares ou a junção neuromuscular são doenças dessa natureza. Alterações da fibra muscular vão gerar aumentos bruscos da enzima CPK no sangue (por destruição muscular) Anatomia da fibra muscular: 1. Hereditárias: • Distrofias musculares o Distrofinopatias o Distrofias cintura-membros o Distrofias musculares congênitas • Miopatias congênitas • Distrofias miotônicas • Canalopatias →mutação do canal de Rianodina (canal de cálcio) → hipertermia maligna. • Miopatias metabólicas primárias o Glicogenoses o Lipidoses • Mitocondriopatias Teste do EXOMA → sequência de éxons (estruturas que codificam uma mensagem) para determinar a mutação do paciente que tem repercussão na proteína. 2. Adquiridas • Miopatias inflamatórias o Idiopáticas o Síndrome de sobreposição • Miopatias endócrinas • Miopatia tóxicas e induzidas por drogas • Miosites infecciosas → paciente se queixa de mialgia; • Miopatia associada a doenças sistêmicas Doenças mais comuns: • Adquiridas o Neuropatias periféricas → diabetes (grande causa de neuropatia diabética), álcool e deficiência de B12 Obs.: pré-diabético 100-126 pode já existir uma alteração na ENM. o Guillan Barre – polirradiculoneuropatia pós infecciosa (em torno de 4 semanas) o Miastenia gravis – ataque imune no receptor de acetilcolina (quadros de fraqueza e fatigabilidade) Milena Marques 145 o Polimiosite o ELA • Hereditárias o Atrofia muscular espinhal (AME) o Neuropatias hereditárias: CMT o Miastenia congênita o Distrofia de Duchenne (distrofinopatia) Quadro clínico • Fraqueza muscular o Geralmente é uma fraqueza proximal o Marcha anserina (instabilidade do tronco) • Fadiga • Mialgia e câimbras • Atrofia/ hipertrofia • Rigidez muscular • Hipotonia • Ptose palpebral / oftalmoparesia • Intolerância ao exercício • Contratura/deformidades • Disfagia e dispneia • Mioglobinúria → a destruição maciça do musculo → mioglobina no sangue → eliminação renal → mioglobinúria • Hiperextensibilidade Mandamentos em Miopatias 1. Aqui sofre quem mais trabalha – miopatias tendem a ter um padrão proximal → Acometimento dos músculos de sustentação (os mais exigidos) que são os músculos proximais → dificuldade de subir escadas, estender roupas... 2. Se existe suspeita de alteração em JNM – procurar fatigabilidade → a história de iniciar o dia bem e termina o dia cansado e fadigado. 3. Se existem alterações tróficas ao exame + fraqueza – pensar em distrofinopatias (perguntar sempre do histórico familiar) 4. Miopatias podem estar dentro do contexto de doenças multissistêmica → doenças reumatológicas como dermatomiosite, lúpus... 5. Se trabalhador não recebe, ele não trabalha – defeitos metabólicos (matriz energética) podem cursar com miopatia. → sistemas que dependem de muita energia: cérebro, músculo e rim. A mutação fosfofrutoquinase-1 (enzima alostérica) não permite a geração de energia da via glicolítica (energia rápida). → paciente vai relatar intolerância a exercícios de alta intensidade. Mutação na via glicolítica → miopatia caracterizada por intolerância de exercícios de alta intensidade, jejum prolongado ou altas cargas de estresse. Mutação da via da glicogenólise (quebra do glicogênio) → mutação da enzima miofosforilase → doença de McArdle → paciente vai referir também que tem intolerância ao exercício de alta intensidade. Mutação da carnitina- acetiltransferase → dificuldade de exercício prolongado (metabolismo dos ácidos graxos) Milena Marques 145 Avaliação diagnóstica: • História clínica e familiar (cosanguinidade) • Exame físico • Avaliação laboratorial → importante para diagnóstico diferencial o HMG, bioquímica sérica, exame de urina, CPK, ALDOLASE, TGP, TGP, sorologias e perfil metabólico • ENMG → exame fundamental!!! • RNM de músculo • Biopsia muscular • Biopsia do nervo • Análise do DNA → exoma História • perguntar ao paciente sobre suas queixas • idade de início: antenatal/ nascimento/ infância/ vida adulta • importante questionar sobre gestação, nascimento e DNPM o movimentos fetais o complicações na gravidez e perinatais, evidencia de sofrimento fetal, insuficiência respiratória ou necessidade de reanimação pós nascimento, hipotonia neonatal, choro fraco ou dificuldade de sucção • Marcos do desenvolvimento da criança • Sintomas de apresentação o Fraqueza, dor, câimbras, distúrbios da marcha, quedas o Dificuldades apresentadas: ▪ Há dificuldade de subir escadas? ▪ Há dificuldade de se deslocar do chão para ortostase? ▪ Desempenho para atividades esportivas? ▪ Dificuldade com tarefas manuais? Tem apresentado queda? o há sintomas cardíacos? Respiratórios? Surdez? o Sintomas cognitivos? Como é a linguagem? Questionar desempenho escolar • Velocidade de progressão: lenta, rápida ou flutuante • Se há história familiar positiva → Heredograma. o Autossômica dominante o Autossômica recessiva → miopatias endócrinas o Ligada ao X → distrofia de Duchenne o Herança materna → mitocondriopatias • Antecedentes mórbidos • Uso de medicações Estatinas, amiodarona e corticoide. → medicamento que pode dar miopatia (é bem frequente) Exame clínico • Inspeção o Lordose, escoliose e outras deformidades, atrofia muscular, hipertrofia/pseudo- hipertrofia, contrações musculares anormais (fasciculações) • Habilidades motoras o Marcha: normal, se na ponta dos dedos, calcanhar, anserina? Escarvante? Simétrica? Assimétrica? o Subir escadas o Levantar braços Milena Marques 145 o Manobra de Gowers (típico de fraqueza proximal) → levantar miopático o Escapula alada o Flexão da coluna o Miotonia → contração mantida durante o reflexo. o Reflexos osteotendinosos o Gradação da força muscular o Examine olhos, lingua e pele o Pseudo-hipertrofia de panturrilha → deposito de colágeno. o Prova de Mingazzini ocular → miastenia gravis o Macroglossia o Musculatura cervical → pescoço caído OBS – dermatomiosite → deve ser feito rastreio paraneoplásico. Miastenia Gravis • Doença autoimune → ocorre bloqueio do receptor de acetilcolina na fenda sináptica → paciente tem fraqueza com FATIGABILIDADE • Quadro clínico o Diplopia (fraqueza dos músculos oculares extrínsecos) o Fraqueza proximal o Disfagia • Exames para diagnóstico o ENMG – PADRÃO DECREMENTAL (PROVA) o ANTICORPO ANTIACETILCOLINA ▪ Positivo → confirma ▪ Negativo → não afasta a doença o Avaliar se tem TIMOMA → local produtor de linfócitos T • Tratamento o Sintomático → inibição da acetilcolinesterase o Mestion (bloqueio temporário da acetilcolinesterase) → teste terapêutico o Imunossupressão para tratamento da doença autoimune ▪ Corticoide + azatioprina (devido a latência de 4-6 semanas da azatioprina) • Crise miastênica o Parada do tratamento ou pode ocorrer por mediações, infecções e eventos estressores (como grandes cirurgias) o Tratamento- imunoglobulina ou plasmaferese. Milena Marques 145 Síndrome de Guillan – Barré • Mais frequente causa de fraqueza flácida aguda no mundo • 20-30% com casos graves com comprometimento respiratório • Éuma polirradiculopatia arreflexa • Tem uma instalação aguda ou subaguda • Prodromos – infecção precedente o C.jejuni (infecção diarreica) → anticorpos contra GM1 e GD1 o Outros – cirurgia, gravidez, câncer e vacinações • Fisiopatologia o Mimetismo molecular da proteína do vírus na bainha de mielina do Sistema nervoso • ENMG – BLOQUEIO DE CONDUÇÃO. • Diagnóstico o Fraqueza progressiva nos 4 membros, arreflexia o progressivo em até 4 semanas o critérios adicionais ▪ disautonomia → arritmias malignas (interna em UTI) ▪ sintomas motores ▪ ausência de febre ▪ simetria ▪ dissociação albuminocitológica → na punção cel < 50 e muita proteína ▪ RNM – realce em raízes lombares e equina.
Compartilhar