Buscar

TEMA 09 AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO HABEAS CORPUS Aula I Conceito, origem e natureza jurídica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO 8: JÚRI, NULIDADES, 
RECURSOS E AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO 
 
TEMA 9 – AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO – 
HABEAS CORPUS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Conceito, origem e natureza jurídica: 
 
Conceito e origem: 
 
“Trata-se de ação de ordem constitucional, que consiste em proporcionar acesso célere ao 
Poder Judiciário contra atos que violem a liberdade de locomoção” (André Ramos 
Tavares). 
“Trata-se de ação de natureza constitucional, destinada a coibir qualquer ilegalidade ou 
abuso de poder voltado à constrição da liberdade de locomoção” (Nucci). 
 
 Nosso conceito jurídico: O habeas corpus é uma ação constitucional orientada à tutela da 
liberdade de locomoção. 
 
A origem etimológica da expressão “habeas corpus” é “tomar o corpo”, em uma análise literal. 
Entende-se, nesse passo, que se toma a pessoa presa para apresentá-la ao juiz a fim de que seja 
julgada. 
 
No que atina à origem histórica, tudo começou na Inglaterra, com a sobrevinda da Magna Carta, 
em 15 de junho de 1215, elaborada pelo Rei João Sem-Terra. 
 
João Sem-Terra (John Lackland) possuía esse nome porque, como filho mais novo do Rei 
Henrique II, não possuía terras significativas enquanto jovem. 
 
O Rei João, impopular, encontrava-se pressionado pelos barões, senhores medievais donos de 
vastas terras e dotados de forte influência política naquele período histórico. Diante do perigo real 
de ser afastado do trono, João-Sem-Terra viu-se obrigado a assinar um documento (Magna Carta) 
que previa direitos e privilégios aos barões (extensíveis, em certos pontos, a todos os súditos), o 
qual resultou em uma maior estabilidade de governo. Todavia, não houve muito sucesso com a 
Magna Carta, pois ambos os lados não cumpriram o acordo, culminando em uma guerra civil, 
terminada somente com a morte do rei João durante campanha de guerra, por doença. 
 
A Magna Carta previu, pela primeira vez, a garantia do devido processo legal (due process of law) 
aos indivíduos, no caso, súditos da Coroa, consistindo nos barões (aristocracia), membros do clero 
e homens livres em geral. Tal previsão de garantia ao devido processo legal é considerada o 
embrião do habeas corpus, já que, a partir de então, todo cidadão acusado de um crime, ou 
Aula I – Conceito, Origem e Natureza Jurídica 
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
simplesmente preso, tinha direito a se defender em um processo perante uma autoridade judiciária 
(muitas vezes ainda confundida com a figura do Rei ou, até mesmo, com a Igreja). 
 
Ao longo dos séculos seguintes, houve uma tangível evolução da figura do habeas corpus, o qual 
passou a ser rotineiramente utilizado, culminando na criação do Habeas Corpus Amendment Act, 
de 1679, com a previsão da figura específica para a tutela da liberdade de locomoção (ir e vir; 
ficar; e reunir-se pacificamente). Aí tivemos a primeira previsão legal expressa da figura do habeas 
corpus, que antes era lastreada no direito consuetudinário inglês (e na própria Magna Carta, por 
óbvio). 
 
Já no Brasil, a primeira previsão do habeas corpus ocorreu no Código de Processo Penal de 1.832, 
ao passo que a primeira previsão constitucional foi efetivada somente em 1.891 (art. 72, § 22), 
adquirindo status constitucional. 
 
À época, na ausência de outros instrumentos de garantia, a doutrina entendia que o habeas corpus 
poderia ser utilizado contra lesão a qualquer liberdade ou direito, tese esta que restou adotada 
pelo STF, no julgamento do HC nº 3.187 de 1.912, sedimentando a então conhecida “doutrina 
brasileira do habeas corpus”, capitaneada por Rui Barbosa. 
 
Contudo, uma Emenda Constitucional de 1.926 fez referência expressa ao habeas corpus como 
instrumento exclusivo para a tutela do direito de locomoção, denotando especificidade ao instituto 
em questão. 
 
Na Constituição Federal de 1.889, o habeas corpus encontrava-se previsto no art. 5º, inciso LXVIII, 
nos seguintes termos: “Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar 
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso 
de poder”. 
 
No plano infraconstitucional, vige a previsão constante no art. 647 do Código de Processo Penal, 
in verbis: “Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer 
violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”. 
 
Natureza jurídica: 
 
O habeas corpus possui natureza jurídica de ação constitucional penal. 
 
Trata-se, portanto, de uma ação de conhecimento (não é recurso, malgrado o CPP dispor sobre 
o instituto no capítulo destinado aos recursos – falta de técnica legislativa). Por tal motivo, possui 
todos os requisitos e características de uma ação judicial, como as condições da ação, os 
pressupostos processuais e a possibilidade de decisão liminar. 
 
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
 
É também, sob outro aspecto, uma garantia constitucional, no sentido de assegurar a fruição 
dos direitos individuais, possuindo, assim, também natureza jurídica de direito fundamental de 
primeira dimensão (ou geração). 
 
Embora não se trate de sua natureza jurídica propriamente dita, convém destacar o fato de a 
doutrina classificar o habeas corpus (ao lado do mandado de segurança, do habeas data e do 
mandado de injunção) como remédio constitucional ou remédio heroico, por se tratar de um meio 
posto à disposição dos indivíduos para provocar a intervenção das autoridades competentes, com 
o fim de sanar ilegalidade e abuso em prejuízo de direitos e garantias individuais – com enfoque 
no direito de locomoção, no caso do habeas corpus. 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
“Após todo este desenvolvimento sobre a ideia de liberdade do homem, não só frente ao particular, 
mas frente ao Estado como um todo, e as severas imposições arbitrárias feitas pelo rei absolutista 
João Sem Terra, fizeram com os barões ingleses o obrigaram, em 15 de Junho de 1215, a assinar 
a Magna Charta of Libertatum, escrita em Latim, pois era o idioma oficial da Corte, cujo capítulo 
XXIX afirmava que, nenhum homem livre será detido, feito prisioneiro, posto fora da lei ou exilado 
nem de forma alguma arruinado (privado de seus bens), nem iremos nem mandaremos alguém 
contra ele, exceto mediante julgamento de seus pares e de acordo com a lei da terra. 
 
Contudo, mesmo após a assinatura deste consagrado documento, continuaram havendo os 
arbítrios do governante, que levaram à imposição dos Habeas corpus Act de 1679 e, finalmente 
de 1816. (...).” 
 
Para a íntegra do texto, segue o respectivo link: 
Habeas Corpus: De sua formação embrionária até a Constituição Federal de 1988 - Análise 
histórico-jurídica 
 
JURISPRUDÊNCIA 
 
“O habeas corpus tem como escopo a proteção da liberdade de locomoçãoe seu cabimento tem 
parâmetros constitucionalmente estabelecidos, justificando-se a impetração sempre que alguém 
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de ir e vir, por 
ilegalidade ou abuso de poder, sendo inadequado o writ quando utilizado com a finalidade de 
proteger outros direitos. Precedente: HC (AgR) 82.880/SP, Pleno, DJ 16.05.2003.” (STF, 
HC101136 AGR-ED-RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, j. 21.8.2012); 
“O habeas corpus não é a via adequada para discussão de autoria do crime de tráfico ou 
desclassificação para o delito de porte de substância para uso próprio, questões estas que 
demandam exame fático-probatório, incompatível com a via estreita do writ, ação constitucional 
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10990
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10990
de rito célere e de cognição sumária.” (STJ, HC 408.795/MG, Rel. Ministro JOEL ILAN 
PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2017, DJe 26/10/2017); 
“Não vislumbro nenhuma violação ao direito de locomoção, diante da pretensão de fornecimento 
da substância fosfoetanolamina sintética. O plenário do Supremo Tribunal Federal reiteradamente 
tem assentado que o remédio objetiva a proteção da liberdade de locomoção e seu cabimento 
tem parâmetros constitucionalmente estabelecidos, justificando-se a impetração sempre que 
alguém sofrer, ou se achar ameaçado de sofrer, violência ou coação em sua liberdade de ir e vir, 
por ilegalidade ou abuso de poder.” (STJ, AgInt no HC 356.758/SP, Rel. Ministra REGINA 
HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/06/2017, DJe 09/06/2017). 
 
FONTE BIBLIOGRÁFICA 
 
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 16ª ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2017. Notas aos arts. 647 a 667. 
 
______. Habeas corpus. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. 
 
TORON, Alberto Zacharias. Habeas corpus: controle do devido processo legal - questões 
controvertidas e de processamento do writ. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. 
 
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 35ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 
4. p. 635-692. 
 
PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 967-988. 
 
BUSANA, Dante. O habeas corpus no Brasil. São Paulo, Atlas, 2009. 
 
MIRANDA, Pontes de. História e prática do habeas-corpus: direito constitucional 
processual comparado. 3ª ed. São Paulo: Bookseller, 2007. 2 v. 
 
 
 
 
 
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8
07
62
38
92
73
8

Continue navegando