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07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 MÓDULO 8: JÚRI, NULIDADES, RECURSOS E AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO TEMA 9 – AÇÕES DE IMPUGNAÇÃO – HABEAS CORPUS 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 RESUMO Conceito, origem e natureza jurídica: Conceito e origem: “Trata-se de ação de ordem constitucional, que consiste em proporcionar acesso célere ao Poder Judiciário contra atos que violem a liberdade de locomoção” (André Ramos Tavares). “Trata-se de ação de natureza constitucional, destinada a coibir qualquer ilegalidade ou abuso de poder voltado à constrição da liberdade de locomoção” (Nucci). Nosso conceito jurídico: O habeas corpus é uma ação constitucional orientada à tutela da liberdade de locomoção. A origem etimológica da expressão “habeas corpus” é “tomar o corpo”, em uma análise literal. Entende-se, nesse passo, que se toma a pessoa presa para apresentá-la ao juiz a fim de que seja julgada. No que atina à origem histórica, tudo começou na Inglaterra, com a sobrevinda da Magna Carta, em 15 de junho de 1215, elaborada pelo Rei João Sem-Terra. João Sem-Terra (John Lackland) possuía esse nome porque, como filho mais novo do Rei Henrique II, não possuía terras significativas enquanto jovem. O Rei João, impopular, encontrava-se pressionado pelos barões, senhores medievais donos de vastas terras e dotados de forte influência política naquele período histórico. Diante do perigo real de ser afastado do trono, João-Sem-Terra viu-se obrigado a assinar um documento (Magna Carta) que previa direitos e privilégios aos barões (extensíveis, em certos pontos, a todos os súditos), o qual resultou em uma maior estabilidade de governo. Todavia, não houve muito sucesso com a Magna Carta, pois ambos os lados não cumpriram o acordo, culminando em uma guerra civil, terminada somente com a morte do rei João durante campanha de guerra, por doença. A Magna Carta previu, pela primeira vez, a garantia do devido processo legal (due process of law) aos indivíduos, no caso, súditos da Coroa, consistindo nos barões (aristocracia), membros do clero e homens livres em geral. Tal previsão de garantia ao devido processo legal é considerada o embrião do habeas corpus, já que, a partir de então, todo cidadão acusado de um crime, ou Aula I – Conceito, Origem e Natureza Jurídica 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 simplesmente preso, tinha direito a se defender em um processo perante uma autoridade judiciária (muitas vezes ainda confundida com a figura do Rei ou, até mesmo, com a Igreja). Ao longo dos séculos seguintes, houve uma tangível evolução da figura do habeas corpus, o qual passou a ser rotineiramente utilizado, culminando na criação do Habeas Corpus Amendment Act, de 1679, com a previsão da figura específica para a tutela da liberdade de locomoção (ir e vir; ficar; e reunir-se pacificamente). Aí tivemos a primeira previsão legal expressa da figura do habeas corpus, que antes era lastreada no direito consuetudinário inglês (e na própria Magna Carta, por óbvio). Já no Brasil, a primeira previsão do habeas corpus ocorreu no Código de Processo Penal de 1.832, ao passo que a primeira previsão constitucional foi efetivada somente em 1.891 (art. 72, § 22), adquirindo status constitucional. À época, na ausência de outros instrumentos de garantia, a doutrina entendia que o habeas corpus poderia ser utilizado contra lesão a qualquer liberdade ou direito, tese esta que restou adotada pelo STF, no julgamento do HC nº 3.187 de 1.912, sedimentando a então conhecida “doutrina brasileira do habeas corpus”, capitaneada por Rui Barbosa. Contudo, uma Emenda Constitucional de 1.926 fez referência expressa ao habeas corpus como instrumento exclusivo para a tutela do direito de locomoção, denotando especificidade ao instituto em questão. Na Constituição Federal de 1.889, o habeas corpus encontrava-se previsto no art. 5º, inciso LXVIII, nos seguintes termos: “Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. No plano infraconstitucional, vige a previsão constante no art. 647 do Código de Processo Penal, in verbis: “Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar”. Natureza jurídica: O habeas corpus possui natureza jurídica de ação constitucional penal. Trata-se, portanto, de uma ação de conhecimento (não é recurso, malgrado o CPP dispor sobre o instituto no capítulo destinado aos recursos – falta de técnica legislativa). Por tal motivo, possui todos os requisitos e características de uma ação judicial, como as condições da ação, os pressupostos processuais e a possibilidade de decisão liminar. 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 É também, sob outro aspecto, uma garantia constitucional, no sentido de assegurar a fruição dos direitos individuais, possuindo, assim, também natureza jurídica de direito fundamental de primeira dimensão (ou geração). Embora não se trate de sua natureza jurídica propriamente dita, convém destacar o fato de a doutrina classificar o habeas corpus (ao lado do mandado de segurança, do habeas data e do mandado de injunção) como remédio constitucional ou remédio heroico, por se tratar de um meio posto à disposição dos indivíduos para provocar a intervenção das autoridades competentes, com o fim de sanar ilegalidade e abuso em prejuízo de direitos e garantias individuais – com enfoque no direito de locomoção, no caso do habeas corpus. LEITURA COMPLEMENTAR “Após todo este desenvolvimento sobre a ideia de liberdade do homem, não só frente ao particular, mas frente ao Estado como um todo, e as severas imposições arbitrárias feitas pelo rei absolutista João Sem Terra, fizeram com os barões ingleses o obrigaram, em 15 de Junho de 1215, a assinar a Magna Charta of Libertatum, escrita em Latim, pois era o idioma oficial da Corte, cujo capítulo XXIX afirmava que, nenhum homem livre será detido, feito prisioneiro, posto fora da lei ou exilado nem de forma alguma arruinado (privado de seus bens), nem iremos nem mandaremos alguém contra ele, exceto mediante julgamento de seus pares e de acordo com a lei da terra. Contudo, mesmo após a assinatura deste consagrado documento, continuaram havendo os arbítrios do governante, que levaram à imposição dos Habeas corpus Act de 1679 e, finalmente de 1816. (...).” Para a íntegra do texto, segue o respectivo link: Habeas Corpus: De sua formação embrionária até a Constituição Federal de 1988 - Análise histórico-jurídica JURISPRUDÊNCIA “O habeas corpus tem como escopo a proteção da liberdade de locomoçãoe seu cabimento tem parâmetros constitucionalmente estabelecidos, justificando-se a impetração sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de ir e vir, por ilegalidade ou abuso de poder, sendo inadequado o writ quando utilizado com a finalidade de proteger outros direitos. Precedente: HC (AgR) 82.880/SP, Pleno, DJ 16.05.2003.” (STF, HC101136 AGR-ED-RJ, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, j. 21.8.2012); “O habeas corpus não é a via adequada para discussão de autoria do crime de tráfico ou desclassificação para o delito de porte de substância para uso próprio, questões estas que demandam exame fático-probatório, incompatível com a via estreita do writ, ação constitucional 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10990 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10990 de rito célere e de cognição sumária.” (STJ, HC 408.795/MG, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2017, DJe 26/10/2017); “Não vislumbro nenhuma violação ao direito de locomoção, diante da pretensão de fornecimento da substância fosfoetanolamina sintética. O plenário do Supremo Tribunal Federal reiteradamente tem assentado que o remédio objetiva a proteção da liberdade de locomoção e seu cabimento tem parâmetros constitucionalmente estabelecidos, justificando-se a impetração sempre que alguém sofrer, ou se achar ameaçado de sofrer, violência ou coação em sua liberdade de ir e vir, por ilegalidade ou abuso de poder.” (STJ, AgInt no HC 356.758/SP, Rel. Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/06/2017, DJe 09/06/2017). FONTE BIBLIOGRÁFICA NUCCI, Guilherme de Souza. Código de processo penal comentado. 16ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Notas aos arts. 647 a 667. ______. Habeas corpus. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2017. TORON, Alberto Zacharias. Habeas corpus: controle do devido processo legal - questões controvertidas e de processamento do writ. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo penal. 35ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013. v. 4. p. 635-692. PACELLI, Eugênio. Curso de processo penal. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 967-988. BUSANA, Dante. O habeas corpus no Brasil. São Paulo, Atlas, 2009. MIRANDA, Pontes de. História e prática do habeas-corpus: direito constitucional processual comparado. 3ª ed. São Paulo: Bookseller, 2007. 2 v. 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8 07 62 38 92 73 8
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