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2 Princípios de Assepsia Cirúrgica

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Princípios de Assepsia Cirúrgica 
 
Conceitos 
- Contaminação: entrada de microorganismos em 
algum objeto, material ou ambiente. 
- Infecção: Processo pelo qual ocorre invasão 
por microorganismos com ou sem doença 
manifestada. 
- Direta: Agente infeccioso é transmitido pelo 
profissional ou pessoal auxiliar, através das 
suas mãos ou instrumentos contaminados ao 
paciente, ou o paciente transmite ao 
profissional por meio de secreções orgânicas. 
- Cruzada: Agente infeccioso é transmitido de 
um paciente para outro através das mãos do 
profissional ou equipamentos e instrumental 
contaminada 
 
Infecção 
- Primária (uma pessoa com um vírus como 
um resfriado pode ter uma infecção bacteriana 
no peito, como bronquite) ou por intervenção 
cirúrgica 
 
Exógeno: 
- Fora do corpo do animal 
- Centro cirúrgico 
- Equipe cirúrgica 
- Materiais e instrumentos 
 
Endógeno: 
- Toda vez que mexe em órgãos cavitários tem 
que se forrar primeiro para depois expor o 
órgão (ex- intestino, útero, vesícula) no caso 
de vasar algo não cair dentro da cavidade 
abdominal 
- Contaminação endógena= piometra 
 
 
Classificação das Feridas Operatórias: 
Limpa: 
- Ferida limpa= manobra eletiva (cirurgia sem 
emergência)- castração= cirurgia limpa 
- Sem falha na técnica asséptica 
- Sem inflamação aguda 
- Sem contato com trato gastro intestinal, 
urogenital e respiratório 
- Tudo que entra no organismo por via externa 
e contaminante. Ex: vesícula urinária tem 
contato com o externo através das partes 
genitais ligados pela uretra 
 
Limpa contaminada: 
- Acesso ao trato gastrointestinal, urogenital e 
respiratório, sem contaminação (não houve 
queda de liquido do intestino ou da vesícula 
urinaria caindo na cavidade abdominal) 
- Cirurgia de fratura sem contato com meio 
esterno, mas a pele foi machucada 
- Pequena falha na técnica asséptica 
 
Contaminada: 
- Fratura exposta= ostiomielite 
- Fratura traumática recente (- 4 horas) 
- Derramamento de trato gastrointestinal, 
urogenital 
- Grande falha na técnica asséptica 
 
Suja: 
- Ferida traumática (+4 horas) 
- Presença de corpos estranhos 
- Vísceras perfuradas 
* Caso de útero que estourou com filhote 
macerado 
* Ocitocina (promove contrações uterinas)- 
tempo de ação 10 min. Muito usado 
irregularmente, pois se a cadela está com 
filhote preso na passagem usar a ocitocina vai 
piorar o estado da cachorra 
- Infecção bacteriana aguda ou pus 
- Risco iminente de morte 
- Extremamente contaminado 
- Tecidos limpos para acesso contaminado 
• Um abcesso tira o tecido necrosado e 
tecido limpo em volta 
- Se não tiver um tecido viável e sadio não vai 
receber cel de defesa para combater a 
infecção 
• Provocar isquemia provoca infecção 
 
Tempo de exposição tecidual interfere na 
infecção cirúrgica: 
- O risco de infecção dobra a cada hora em 
que a ferida fica exposta na sala cirúrgica= 
mais tempo aberto mais exposição a bactérias 
- Em toda cirurgia é usado antibiótico nos 
animais, pois o animal não tem a consciência 
que ele realizou uma cirurgia e esta com 
pontos e precisa ficar em repouso a partir do 
momento em que não sentir mais dor. 
 
Lesão tecidual, redução da irrigação 
sanguínea local e presença de material 
estranho inibem mecanismos locais de defesa 
e contribuem para o desenvolvimento de 
infecção. 
- Corpos estranhos: material de sutura, drenos, 
implantes ortopédicos potencializam as 
infecções. 
- Traumatismos, espaços mortos e variações 
de perfusão tecidual produzem hipóxia, 
reduzindo a ação leucocitária 
* Espaço morto- área abaixo da epiderme que 
tem um vão e o organismo preenche com 
liquido que é a forma mais rápida. 
Traumatismo causa muito espaço morto 
- Na cirurgia fazer o ponto na fáscia lata da 
musculatura ligando a epiderme para não criar 
um espaço morto. 
 
Terminologia 
Infecções cirúrgicas- podem acontecer ate 30 
dias de pós operatório 
• Implantes- até 1 ano pós cirúrgico. 
Pinos, placas, fixador externo 
(atravessa o osso de um lado para o 
outro- corpo rejeita) 
• Solução de continuidade (corte na 
pele)- ferida superficial ou profunda 
 
Assepsia: ausência de bactéria em tecido vivo 
- Prevenir a contaminação de tecidos durante 
a intervenção cirúrgica, evitando, dessa forma, 
a infecção da ferida 
- Conjunto de procedimentos e cuidados na 
limpeza do animal 
• Sem contaminação 
 
Esterilização: ausência de patógenos em 
estruturas não vivas 
Desinfecção: diminuir ao máximo 
microrganismos, mas não acabar- desinfecção 
de aparelhos 
Antissepsia: tirar as bactérias e 
microrganismos em sua maior quantidade 
utilizando produtos químicos 
• Mãos e braços do cirurgião durante 
preparação cutânea 
 
Esterilização: 
- Elimina completamente microrganismos, 
incluindo bactérias, vírus e esporos sobre os 
objetos: 
• Avental cirúrgico, compressas, 
instrumental, pano de campo..) 
• Uso de métodos físicos ou químicos 
 
Desinfecção: 
- Destruição de grande parte dos 
microrganismos patogênicos presente no 
ambiente cirúrgico 
• Mesa, janela, piso, paredes, aparelhos 
 
Prevenção das Infecções Cirúrgicas 
1- Seleção e preparação do paciente 
cirúrgico: deixar o animal limpo 
2- Preparação da equipe cirúrgica 
3- Preparação do material e equipamentos 
cirúrgicos 
4- Preparações das instalações cirúrgicas- 
 
- Técnica operatória adequada e correto pós 
operatório 
 
Esterilização: 
- Calor seco – estufa 
- Calor úmido – autoclave 
- Gás – formaldeído, óxido de etileno 
- Imersão – metanal-etanol, aldeído glutárico 
- Radiação – raios gama 
- Filtragem – filtros com microporos 
Germicidas: 
- Antissépticos e desinfetantes 
Equipe cirúrgica: 
- Banho 
- Roupas 
- Mãos e antebraços 
Paciente: 
- Tricotomia 
- Antissepsia 
Ambiente hospitalar: 
- Área crítica 
- Área semicrítica 
- Área não crítica 
 
Paciente 
- História clinica e exame físico completo 
- Avaliações laboratoriais 
- Defesas do hospedeiro devem ser corrigidas: 
• Desidratação, anemia, imunodeficiência 
 
- Diminuição da defesa do hospedeiro 
• Leucopenia 
• Desnutrição 
• Traumatismos 
• Queimaduras 
• Neoplasias 
• Idade 
• Tecidos necrosados 
• Corticoides em excesso 
• Diabetes mellitos 
- Se atentar ao fluxo sanguíneo e oxigenação 
- Depois da anestesia acontece escapatória de 
fezes e urina devido o relaxamento do 
esfíncter 
- Jejum 
• Filhote não pode fazer jejum pois 
desidratam rápido e perdem 
temperatura rápido 
• Tempo de jejum 
o Pequeno: 8 horas 
o Médio: 10 horas: 
o Grande: 12 horas 
o Gigante: 14 horas 
• Neonato só pode ser operado no 
intervalo das mamadas 
 
Classificação do estado físico: 
 
- Base para escolher o tipo de anestesia a ser 
usada 
- Desfavorável: animal com torção gástrica a 
mais de 24 horas 
 
Profilaxia quanto ao paciente: 
• Flora bacteriana residente 
(Staphylococcus epidermides, 
Corynebacterium spp., Micrococcus 
spp., Pityrosporum spp., etc) 
• Superfície pelo e pele, interior de 
folículo piloso, gld. sebácea, camadas 
corneificadas pele e subcutâneo 
• Flora bacteriana transitória 
(Staphylococcus aureus, Streptococcus, 
spp., Escherichia coli, etc) 
 
- Banho prévio 
- Tosa 
- Tricotomia (remoção dos pelos)- controle 
bacteriano 
• Raspar o pelo para o degermante entrar 
nos folículos 
- Transporte 
- Posicionamento do paciente 
- Antissepsia 
- Colocação dos panos de campo 
 
Antissépticos 
- Degermante Clorexidine 4% 
- Degermante PVPI 10% 
- Tintura de iodo 2% 
- Álcool isopropílico a 90% 
- Álcool etílico a 70% 
- Antissepsia da pele 
- Antissepsia prévia 
- Antissepsia definitiva 
- Antissepsia das mucosas 
* Começou a limpeza com o degermante 
clorexidine vai terminar a limpeza com 
degermante alcoólico 
* Começou a limpeza com o degermante PVPI, 
termina com iodo 
*Não pode misturar degermanteclorexidine 
com PVPI, pois um inibe a ação do outro 
* Antissepsia previa: feito com animal 
anestesiado enquanto o veterinário paramenta 
 
Com gaze estéril, embebida em solução 
antisséptica, atingindo toda área tricotomizada, 
começando sempre pelo local proposto para 
incisão e terminando nas margens da área 
tricotomizada (do centro para periferia) 
- Sempre em movimento contínuos, nunca 
retornando com a gaze da periferia para centro 
- Repetir com o sabão degermante até gaze 
sair sem sujidades 
- Após isso fazer a mesma sistemática com a 
solução alcoólica 
 
 
Campos cirúrgicos: 
- Pode ser de tecido (reutilizável) ou 
descartável (sintético ou adesivos), sempre 
estéril 
- São responsáveis por isolar a área a ser 
operada e já estéril de outras partes 
contaminadas 
- É utilizado no paciente e na mesa de 
instrumentação 
- Pode ser usado mais de um formando um 
quadrante ou isolado na forma fenestrada 
 
 
Colocação do pano de campo: 
- Inicia-se sua colocação após preparação da 
pele do paciente por um integrante da equipe 
estéril 
- São colocados 1 a 1 formando um quadrante 
ao redor da área desejada, totalizando 4 panos 
cirúrgicos) 
- Prendê-los com pinças (pinça de backhaus- 
perfura a pele) e não movimentar mais p/ não 
carrear bactérias 
- Hoje em dia mais utilizada a sutura para 
prender o pano na pele 
 
Retirada dos panos: 
- Proteção e umidificação do campo operatório. 
- Irrigação e sucção 
- Descarte de instrumentos e materiais 
contaminados. 
 
Equipe Cirúrgica: 
- Todos paramentados (roupão ou avental) 
- Luvas cirúrgicas 
- Anestesista não precisa estar paramentado, 
mas precisa estar com pijama cirúrgico e 
máscara 
- Realizar assepsia das mãos, antebraços e 
cotovelos 
- Luva furada deve ser realizada a troca na 
hora: se tiver mexido no intestino também faz 
a troca de paramentação 
 
• Cirurgião 
• Auxiliar 
• Instrumentador 
• Anestesista- acaba sendo um volante 
• Volante 
 
Vestimenta Cirúrgica: 
- Pijama cirúrgico (Uso exclusivo do centro 
cirúrgico); calça e camiseta 
- Gorro 
- Máscara 
- Pró-pé 
- Todas acima independente da sua função no 
centro cirúrgico 
- Luva 
- Avental cirúrgico (cirurgião, auxiliar e 
instrumentador) 
- Só paramenta quem participa da cirurgia 
 
Preparação Cutânea: 
- Indicado para cirurgião, auxiliar e 
instrumentador 
- Visa a escovação das mãos e antebraços 
para antissepsia com uso de escova, sabão 
e/ou detergentes antissépticos. 
- Objetivo: remoção mecânica da sujeira, 
redução da carga bacteriana transitória 
(oriundas do ambiente e das membranas 
mucosas), redução da carga microbiana 
residente (que faz parte da flora normal) e 
impedir a multiplicação desses microrganismos 
residentes por um determinado tempo 
- Propagação de bactérias é maior no período 
de 30 a 90 min. após banho e começa a 
diminuir, normalizando-se após 2 horas 
- Principais características dos antissépticos: 
ação rápida, largo espectro de ação, não 
irritante, ação bacteriostático eficiente 
 
 
 
Disposição da Equipe Cirúrgica: 
- Cirurgião destro sempre do lado direito da 
mesa 
- Em sua frente sempre o auxiliar 
- Cranial ao animal; anestesista e volante 
- Caudal ao paciente; instrumentador 
 
 
Materiais e Equipamentos: 
- Limpeza e esterilização dos materiais 
cirúrgicos 
- Enrolar o material em pano de campo 
- Caixa fechada só pode colocar na estufa 
- Fitas de esterilização 
- Material cirúrgico limpos e livres de sujidades 
antes de serem embalados 
- Rigorosa limpeza após seu uso, remover 
sangue, restos teciduais, coágulos, 
- Métodos de limpeza: manual, lavador 
automático e ultra-som 
- Manual: com escova de cerda dura e 
detergente 
 
Esterilização: 
Físicos: 
- Calor: estufa ou autoclave 
- Filtração e radiação: agulha, fio, compressa 
de gaze 
Químicos: 
- Desinfetantes: óxido de etileno, peróxido de 
hidrogênio, formoldeído, e B- propiolactona 
 
Físicos: 
Esterilização pelo calor: 
- O calor tanto seco (estufa- desgasta mais o 
material, mais tempo, risco de queimar pela 
alta temperatura) quanto úmido (mais eficiente, 
mata mais com um tempo e temperatura 
menores), leva a morte dos microrganismos 
pela desnaturação ou destruição das proteínas 
celulares, mas, quando a umidade está 
presente, a morte ocorre em uma temperatura 
mais baixa e em menor intervalo de tempo, 
pois umidade acelera o processo de 
desnaturação 
- Vapor d'água sob pressão: 
• Utiliza-se autoclave 
• Mais confiável e utilizada hoje em dia 
• Alto poder de penetração 
• Eficiência antimicrobiana 
• Baixo custo 
- Vapor quente produzido pelo aquecimento da 
água destrói microrganismos pela coagulação 
e desnaturação das proteínas celulares 
- Vapor quente é mantido sob pressão p/ 
atingir temperatura mais elevada 
- Precisa haver contato direto do material com 
o vapor 
- Vapor penetra no pacote e aquece o material 
através da condensação e por isso fica 
levemente umedecido 
- Grau cirúrgico: embalagem dos materiais, 
colocado na autoclave, com o lado de papel 
para cima e lado de plástico para baixo 
- Caixa de material ou perfurada ou aberta 
- Não super lotar pois não haverá circulação 
de vapor adequada 
- Após ligar autoclave contagem do tempo 
começa quando se atinge a temperatura 
desejada 
- Relação tempo/ temperatura é de 20-30min. 
A 120 a 130C 
- Utiliza-se água deionizada no processo: não 
estraga o material cirúrgico 
- Para verificar eficácia utiliza-se indicadores 
que sofrem alteração física/biológica em 
relação resposta a combinação 
tempo/temperatura= fitas autoclave: cor da fira 
muda com a esterilização 
 
Corrente de ar quente: 
- Estufa; calor seco 
• Método antigo e ultrapassado 
• Material submetido a uma temperatura 
de 180-200C por 30 min. 
• Mais usado na esterilização de vidrais 
ou materiais de difícil penetração vapor 
(vaselina, gorduras, óleos) 
 
Radiação ionizante: 
- São radiações de pequeno comprimento de onda, 
de altíssima energia e penetrabilidade 
- Utilizada p/ material cirúrgico descartável (fio, 
agulha, seringa, aventais, luvas...) 
- Elevado custo e restrita ao uso comercial 
 
Químicos: 
- Esterilização ocorre por contato direto com 
algum produto químico: 
• Formol 
• Glutaldeído: 20 min e o material está 
esterilizado 
Gás: 
- Material é exposto ao gás dentro de uma 
câmara 
- Mais utilizado é o óxido de etileno (se dá por 
alteração no DNA, onde ocorre mutação das 
células) 
Química a frio: 
- Material submerso em uma solução química 
- Tempo varia de acordo com o químico 
- Maioria não elimina esporos e vírus 
- Não recomendada para material cirúrgico 
- Recomendado p/ material odontológico, 
remoção de pontos cutâneos, cateter, material 
anestésico 
 
 
Profilaxia- sala de cirurgia: 
- Sala de cirurgia contaminada (piotórax, 
fístulas perianais, torção gástrica, piometra, 
odonto...) 
- Sala de cirurgia estéril (ortopedia, cirurgias 
de tórax, abdômen, sem contaminação prévia 
existente) 
- Diminuir infecção hospitalar 
- Limpar com amônia 
- Centro cirúrgico deve ter azulejo nas paredes 
Rotina diária de limpeza: 
- Limpeza superficial dos equipamentos 
(monitor, bisturi elétrico, anestesia) 
- Móveis (mesa, bancadas, calhas, suporte 
soro) 
- Tecido umedecido com desinfetante p/ 
móveis e equipamentos e esfregão no chão 
com desinfetante 
 
Após última cirurgia do dia: 
- Realizar troca dos sacos plásticos de lixo 
- Limpeza e desinfecção mais completa dos 
equipamentos, móveis e sala, incluindo janelas 
e portas

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