Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM IDOSOS AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - De acordo com o IBGE, o Brasil apresenta uma tendência ao envelhecimento, entre 2012 e 2017 apresenta um crescimento de +18% de idosos (30,2 milhões). - Embora os idosos tendem a se apaixonar e se relacionar menos que os jovens, muitos idosos ainda continuam tendo relações no âmbito amoroso e erótico. · Isso se deve aos avanços na qualidade de vida dos idosos, que amplifica a vida sexual de tais - Sexualidade no idoso ainda é um grande TABU · Interferência negativa na vivência sexual do idoso por parte da família, profissionais de saúde e os próprios idosos - A sexualidade é um direito humano, contribui para a plenitude em todas as fases da vida - Um estudo recente mostrou que houve aumento de idosos fazendo uso de remédios para ereção, assim aumentando o número de relações sexuais Riscos para IST na população idosa - A cultura em geral não dá importância a sexualidade no idoso – afastamento da sociedade em relação ao tema (risco para IST’s nos idosos) - Falta promoção de saúde focando na prevenção e educação dos idosos · Apesar de existirem diversas políticas para outros grupos específicos: usuários de drogas injetáveis, presidiários, profissionais do sexo. - Falta de informação da população idosa · Profissionais de saúde não são preparados para levantarem questões a respeito da sexualidade na pessoa idosa · A saúde sexual da pessoa idosa é subestimada, carregada de preconceitos e ignorância, sendo negligenciada até nos pontos de saúde pelos profissionais - Queda imunológica decorrente do envelhecimento - É preciso entender que o aumento da idade não elimina o desejo sexual nos idosos; - Tendência de com o aumento da idade, haver uma diminuição do uso de preservativo, principalmente por não se temer a concepção. - Todos os fatores mencionados culminaram em um aumento nas taxas de IST’s nos idosos de forma geral; - As IST estão em todas as classes sociais e idades, mas, os números de casos de AIDS na terceira idade no Brasil cresceu como em nenhuma outra faixa etária, ultrapassando o número de casos entre adolescentes de 15 a 19 anos; · O aumento do número de novos casos de HIV entre 2007 e 2017 foi de 657% - Estudo de Ferreira, C.O. et al. · Estudo feito em dados secundários de um centro que realizou testagem de IST’s para idosos; n = 233 · Maioria dos pacientes (76%) relatou relação sexual como tipo de exposição · Entre esses idosos, cerca de 72% tinham parceiro fixo; · Dos idosos que não tinham parceiro fixo, apenas 32% relataram sempre usar preservativo; · Dos idosos com parceiro fixo 94% relataram não utilizar preservativo; · Prevalência foi de 25% de IST’s · Hepatite C (10,73%), hepatite B (8,58%), sífilis (7,73%) e HIV (3,43). - Estudo de Brito, et al · Estudo feito em duas unidades de saúde da família em um município da Paraíba; · 40% dos idosos apontaram o preservativo como método de prevenção para HIV; · 20% não souberam responder; · Cerca de 29,2% pontuou que as medidas a se tomar seriam não se relacionar com profissionais do sexo, não beijar pessoas que tenham IST, e não usar o mesmo assento; · 65,5% desses idosos tinham apenas nível fundamental incompleto · Influência educacional no não conhecimento de medidas de prevenção para IST’s Consequência clínicas e psicológicas das IST’s - As repercussões das IST’s são negativas e afetam tanto a saúde física quanto a mental, provocando um conjunto de desregulações no indivíduo idoso e ocasionando o declínio: cotidiano, psicológico, social, financeiro e em relações familiares - É descrito que o diagnóstico de IST’s no idoso pode gerar: · Tristeza, não aceitação do diagnóstico, solidão, isolamento social, afastamento das pessoas do seu cotidiano, vergonha, constrangimento devido à idade e a contaminação HEPATITES - Fatores associados · Vulnerabilidade individual · Nível socioeconômico e escolar · Cronicidade das hepatites · Hemoderivados entre 1980-1990 / uso de drogas compartilhadas · Relutância dos profissionais da saúde e idosos em abordar o assunto · Relutância na utilização de métodos de barreira · Municípios mais distantes - dificuldade no acesso ao sistema de saúde · Reduzida resposta vacinal e baixa eficácia do sistema imune · Diminuição das reservas funcionais · Polifarmácia · Subnotificação Hepatite B - É um vírus de DNA – hepaDNAvírus - Maior transmissão entre 20-39 anos · Transmissão – vertical, transfusional, sexual, parenteral - Quadro clínico: mal-estar geral, náuseas, vômito, anorexia, artralgias e febrículas, além de icterícia. - Sorologia · S – Superfície · HbsAg – primeiro marcador a aparecer · Anti-Hbs – indica proteção contra o vírus · C – Core · Anti-Hbc IgM – doença aguda · Anti-Hbc IgG ou Anti-Hbc total (c/ IgM negativo) – contato com o vírus · E – Replicação viral · HbeAg – replicação ativa · Anti-Hbe – sem replicação ativa - Formas clínicas · Hepatite aguda – 20% ictéricos, 20-30 dias os sintomas somem e o AgHbS tem que sumir em até 6 meses · Hepatite crônica – 5 a 10% dos adultos, com AgHbS por mais de 6 meses · Hepatite fulminante – 1% dos pacientes com HBV, e 12% das hepatites agudas - Integração do DNA ao DNA do hepatócito: cccDNA · Vírus latente pelo resto da vida · Não se utiliza o termo cura Tratamento - HBV aguda · Sintomáticos e suporte · Antivirais apenas em casos de insuficiência hepática - HBV crônica · Objetivo: reduzir risco de cirrose e hepatocarcinoma · Interferon gama – não cirróticos · Tenofovir – 1ª escolha · Entecavir – IRA/cirróticos · TAF – em implantação - Prevenção da reativação viral · Pacientes com quimioterapia (QT) · Pacientes que usarão imunossupressores/ “MAB” · Situações · Hepatite B crônica replicante · Portador inativo (HbsAg e Anti-Hbc positivos, HbeAg negativo) · Hepatite “curada” – Anti-Hbs positivo com Anti-Hbc positivo · Iniciar tratamento antes do início da imunossupressão - Indicações de tratamento – outras condições · Hepatite aguda grave · Reativação de hepatite B crônica · Cirrose/insuficiência hepática · História familiar de carcinoma hepatocelular · Manifestações extra-hepáticas – artrite e vasculites · Coinfecção HIV/HBV ou HCV/HBV · Biópsia hepática METAVIR maior ou igual A2F2 · Elastografia >7kPa - Vacina da Hepatite B · A qualquer momento da vida do paciente, se nunca vacinado · Serve para proteção contra hepatite delta em áreas endêmicas · 3 doses – 0, 2 e 6 meses · HIV + - são 4 doses – 0, 1, 2 e 6 · Controle – Anti-HBS >10 (garante imunidade) Hepatite C - É um vírus de RNA do gênero Hepacivírus - Tem transmissão: parenteral, transfusional, vertical e percutânea, ou não identificada (40%) - Cronifica em até 85% dos casos - Quando clínico – icterícia, náusea, colúria e dor no quadrante superior direito + histórico de risco. - Habitualmente, a hepatite C é descoberta em sua fase crônica e, como os sintomas são muitas vezes escassos e inespecíficos, a doença pode evoluir durante décadas sem diagnóstico. - Fatores de risco · Transfusão de sangue ou transplantes de órgãos antes de 1992 · Uso de drogas injetáveis · Múltiplos parceiros sexuais · Hemodiálise longo prazo · Tatuagens, piercings e manicure · Nascimento de mães infectadas - Como é feito o diagnóstico? · Faz o Anti-HCV se vier positivo, faz o PCR-carga viral · Se PCR negativo – HCV descartada · Se PCR positivo – faz a genotipagem (para tratamento), biópsia ou elastografia · Se o Anti-HCV vier negativo, repete o exame em 30-60 dias se mantém o risco - 20% dos pacientes evoluem para a cirrose, e 5% desses para o Carcinoma Hepatocelular. Tratamento - Todos pacientes devem ser tratados, e se usa antivirais de ação direta - O genótipo 1 tem melhor resposta, diferente do genótipo 3 que não tem uma resposta tão boa assim - O esquema de tratamento varia de 8, 12, 16 ou 24 semanas - Controle do tratamento: · PCR HCV após 12 semanas · F3/F4 acompanhado vida · Pode ocorrer nova infecção HIV E AIDS EM IDOSOS - Aumento do número de idosos com HIV por dois motivos: · Envelhecimento de pessoas com HIV · Aumento da notificação dos casos de HIVem idosos - Segundo o IBGE, a incidência de aids está em torno de 2,1 % entre os idosos, que vem crescendo com o tempo - Aumento de sobrevida e na qualidade de vida dos idosos com HIV por conta de: · Avanço das tecnologias de diagnóstico e assistência em HIV/aids · Política brasileira de acesso universal à terapia Anti-Retroviral (TARV) - Conduta diante do resultado do teste negativo? · Reforçar medidas de prevenção · Explicar o significado do resultado negativo, reforçando que a testagem não evita a transmissão em novas exposições. · Verificar a possibilidade de janela imunológica caso tenha ocorrido alguma exposição de risco nas 4 semanas que antecederam a realização do teste; · Reforçar a importância da testagem do parceiro fixo - Conduta diante do resultado do teste positivo? · É preciso entender que é uma notícia de grande impacto emocional · É fundamental que o profissional esteja preparado para oferecer apoio emocional · Importante: · Reafirmar o sigilo absoluto · Esclarecer dúvidas · Lembrar que o resultado não significa morte, enfatizando a melhora na terapêutica vigente · Reafirmar a importância de acompanhamento médico e psicológico · Informar a importância de testar parceiros · Indicar grupos de apoio Manifestações clínicas - Os sintomas iniciais da doença são inespecíficos · É comum o aparecimento de febre, sudorese, fadiga, perda de peso, anorexia, náuseas, diarreia persistente, tosse, faringite e linfoadenomegalia. - As manifestações clínicas mais comuns nos idosos são demências e infecções oportunistas por pneumonia, herpes-zóster e tuberculose - Importante o diagnóstico precoce e o encaminhamento para o tratamento específico em casos com viremia elevada ou diminuição dos níveis de linfócitos do tipo CD4, normalmente com valores de 750 a 1.000/mm3. Tratamento no idoso - Tratamento dificultado por condições fisiológicas do idoso, tais como: · Nível de albumina · Função renal · Função hepática - O arsenal terapêutico não difere daquele utilizado nos pacientes mais jovens - O principal objetivo da terapia antirretroviral é retardar a progressão da imunodeficiência e/ou restaurar a imunidade ao máximo possível, aumentando o tempo e a qualidade de vida dos indivíduos idosos infectados pelo HIV - O inicio imediato da TARV está recomendado para todos os pacientes PVHIV independentemente do seu estágio clínico e/ou imunológico. - Situações de priorização do tratamento: sintomas, gestantes, CD4<350, TB ativa, coinfecção HIV-hepatite virais e risco cardiovascular elevado. - A TARV nunca deve ser iniciada de imediato, concomitante ao início do tratamento tuberculostático. A prioridade é iniciar o tratamento anti-TB. - Esquema inicial para paciente virgem: TDF (inibidor de transcriptase reversa análogo de nucleotídeo) + 3TC (inibidor de transcriptase reversa análogo de nucleosídeo) + DTG (inibidor de integrase) - Esquema alternativo: TDF + 3TC + EFV (inibidor de transcriptase reversa não análogo de nucleosídeo) - Esquema inicial TB “não grave”: alternativo - Esquema inicial de TB “grave” ou gestante: TDF + 3TC + RAL (inibidor de integrasse – Raltegravir) - Prevenção da infecção pelo HIV · Estímulo ao acesso e utilização correta dos preservativos masculino e feminino; · Testagem, diagnóstico e tratamento por meio de procedimentos que levem em consideração as necessidades desse grupo populacional. · Inclusão e aumento da prevenção de DST-HIV/AIDS na rede de Atenção Básica. · Fomento da mobilização de organizações da sociedade civil e do protagonismo, para a realização de trabalhos preventivos específicos para idosos. · Articulação intra e intersetoriais para a garantia de ampliação e continuidade das ações. - Lembrar que o serviço de saúde deve garantir confidencialidade e acesso humanizado para o usuário que seja realizar o teste para o HIV e para o portador de DST/HIV/Aids. SIFILIS EM IDOSOS - Causada pelo agente Treponema pallidum - Associação com infecção por HIV - Duas grandes fases da doença – sífilis recente (primária, secundária e latente recente) e sífilis tardia (latente tardia e terciária) · Sífilis recente – até um ano de evolução · Sífilis tardia – mais de um ano de evolução - Formas clínicas · Primária – cancro duro · Incubação de 10-90 dias · Secundária – condiloma plano (cutâneo-mucosa), roséolo, lesão plantar/palmar e madarose. · 6 semanas a 6 meses após a cicatrização do cancro · Terciária – goma sifilítica, tabes dorsalis (corno posterior da medula), aneurisma e artropatia de Charcot. - A maioria das pessoas com sífilis são assintomáticas, quando não tratada, a sífilis pode evoluir para formas mais graves comprometendo o SNC e CV. - A transmissibilidade da sífilis é maior nos estágios iniciais da doença (sífilis primária e secundária) diminuindo com o passar do tempo. - Toda erupção cutânea sem causa determinada deve ser investigada com testes para sífilis. Diagnóstico - Exames · Diretos – realiza a pesquisa ou detecção do T. pallidum, que incluem o 1) exame em campo escuro, 2) Pesquisa direta com material corado · Imunológicos – são os mais usados, e caracterizam pela pesquisa de anticorpos em amostras de sangue total, soro ou plasma, que incluem o 1) testes treponêmicos (teste de hemaglutinação, imunofluorescência indireta e ensaios imunoenzimáticos) e 2) testes não treponêmicos (VDLR, RPR e USR). - Exame em campo escuro – padrão ouro na 1ª - Sorologia treponêmica – teste rápido, FTA-Abs - Sorologia não-treponêmica (VDRL) – é o último a positivar - Iniciamos a investigação pelo teste treponêmico (Teste Rápido) que é o 1º a ficar reagente · TR positivo -> Solicita o Teste não treponêmico - Para diagnóstico pelo MS · VDRL positivo e Teste rápido positivo · Gestante – apenas 1 positivo começo o tratamento · Controle de cura – VDRL trimestral, exceto gestante que o controle é mensal. Tratamento - Penicilina benzatina · Primária, secundária ou latente recente – 1 dose de 2,4 milhões UI ou IM, DU. · Terciária/ duração indeterminada – 3 doses de 2,4 milhões UI ou IM. · Dessensibilização se alergia à penicilina benzatina. · Exclusivamente IM – região ventro-glútea é a via preferencial, outros locais alternativos são o vasto lateral da coxa e o dorso glúteo. · Se silicone – opta-se pelo tratamento alternativo - O intervalo entre as doses é de 1 semana, se em gestantes ultrapassar esse intervalo, deve-se recomeçar o esquema. Em pessoas normais, só recomeça se acima de 2 semanas. - O monitoramento pós-tratamento é indicado para todos os pacientes, para determinar se ocorreu a resposta adequada ao tratamento. - Reação de Jarish-Herxheimer – consiste na exacerbação das lesões cutâneas, febre, mal-estar, cefaleia e artralgia nas primeiras 24h após o tratamento. · Não é comum, mas as pessoas devem ser orientadas, e não há preocupação, pois regridem de 12-24h. · Dá para ser controlada com analgésicos comuns, conforme necessidade sem descontinuar a penicilina. · Em gestantes pode causar aborto, mas o risco de aborto pela infecção é maior.
Compartilhar