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P á g i n a | 1 TUBERCULOSE NA INFÂNCIA Diferentemente do que muitos pensam, a tuberculose ainda é um problema de saúde pública, principalmente em países subdesenvolvidos. Infecção causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Este, por sua vez, é uma micobactéria de baixo peso molecular, portanto, tem alta capacidade de dispersão pelo ar. É uma doença de transmissão aérea e se instala a partir da inalação de aerossóis oriundos das vias aéreas, durante a fala, espirro ou tosse das pessoas com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), que lançam no ar partículas em forma de aerossóis contendo bacilos. Quando o Mycobacterium tuberculosis é inalado, tende a se alojar principalmente nos ápices pulmonares. Isso acontece, pois nesses locais existe um maior fluxo de ar e a micobactéria tem baixo peso, sendo influenciada pela gravidade. . Um indivíduo pode ter sido contaminado pela micobactéria, porém nunca desenvolver a doença. O Mycobacterium tuberculosis é um germe intracelular obrigatório que necessita das células humanas para replicação. A partir dessa replicação terá surgimento de mediadores inflamatórios levando a aglomeração de células e formando uma carapaça ao redor do agente. Essa lesão é um granuloma com fibrose caseosa central, sendo característica de tuberculose. Quando tiver uma biópsia com resultado demonstrando granuloma, pensar em tuberculose Na criança pode se alojar no brônquio ( aumento de linfonodos perihilares) e fazer uma síndrome do lobo médio (por uma atalectasia) FATORES DESENCADEANTES PARA O DESENVOLVIMENTO DA TUBERCULOSE: ▪ Grande tempo de exposição ao patógeno; ▪ Exposição a uma grande quantidade de patógenos; ▪ Sistema imunológico deprimido: como trata-se de um parasita intracelular obrigatório, o patógeno necessita da célula do portador para fazer replicação e tornar o indivíduo doente. Dessa forma, para não desenvolver a tuberculose, o sistema imunológico precisa estar bem ativo e funcionante. Se o sistema imunológico estiver forte e for exposto a pequena quantidade de micobactéria, por um curto período de tempo, pode se tornar portador, porém nunca desenvolver a doença. Entretanto, por se tratar de infecção oportunista, depressão no sistema imunológico e exposição alta ao patógeno, pode fazer com que evolua com a sintomatologia da doença. ** Na década de 80, com o surgimento do HIV, a tuberculose, que tinha sido aparentemente controlada, voltou a ser um problema de saúde pública, pois ela está ligada a pacientes com imunodepressão. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA TUBERCULOSE NA INFÂNCIA: ▪ Tosse persistente – por mais de duas semanas; ▪ Febre persistente; ▪ Perda de peso; ▪ Alteração das curvas de crescimento (queda no gráfico pondero-estatural); ▪ Irritabilidade; ▪ Inapetência; ▪ Quadro arrastado, que não melhora; 80% dos casos na infância cursam com a forma respiratória e os outros 20% cursam com a forma extra respiratória (forma biliar, meningite tuberculosa, entre outras). DIAGNÓSTICO: No adulto, considera um indivíduo bacilífero quando consegue identificar o bacilo em 3 amostras de escarro. Como a criança tem dificuldade de escarrar e geralmente são paucibacilíferas (carregam poucos P á g i n a | 2 bacilos), não realiza esse exame. Pode realizar uma baciloscopia no lavado gástrico da criança (que nem sempre está disponível). Se conseguir isolar o bacilo, recebe diagnóstico, porém, por ser um exame pouco sensível, se o bacilo não conseguir ser isolado, NÃO DESCARTA diagnóstico de tuberculose. QUADRO CLÍNICO QUADRO RADIOLÓGICO CONTATO DE ADULTO COM TUBERCULOSE PROVA TUBERCULÍNICA ESTADO NUTRICIONAL Febre ou sintomas como tosse, adinamia, expectoração, emagrecimento, sudorese por 2 ou mais semanas. 15 pontos Adenomegalia hilar ou padrão miliar; e/ou Condensação ou infiltrado (com ou sem escavação) inalterado por 2 ou mais semanas; e/ou Condensação ou infiltrado (com ou sem escavação) por 2 semanas ou mais evoluindo com piora ou sem melhora com antibióticos para germes comuns. 15 pontos Próximo, nos últimos 2 anos 10 pontos PT entre 5-9 mm 5 pontos PT ≥ 10 mm 10 pontos Desnutrição grave (peso < percentil 10) 5 pontos Assintomático ou com sintomas há menos de 2 semanas 0 pontos Condensação ou infiltrado de qualquer tipo por menos de 2 semanas 5 pontos Ocasional ou negativo 0 pontos PT < 5 mm 0 pontos Peso ≥ percentil 10 0 pontos Infecção respiratória com melhora após uso de antibióticos para germes comuns ou sem antibióticos. -10 pontos Radiografia normal -10 pontos ▪ ≥ 40 pontos – muito provável – recomenda-se iniciar tratamento; ▪ 30 – 35 pontos – diagnóstico possível/provável – orienta-se iniciar tratamento a critério médico; ▪ < 25 pontos – diagnóstico pouco provável – deve-se prosseguir com investigação na criança. Deverá ser feito diagnóstico diferencial com outras doenças pulmonares e podem ser empregados métodos complementares de diagnóstico, como baciloscopias e cultura de escarro induzido ou de levado gástrico, broncoscopia, exame histopatológico de punções, etc. ** No diagnóstico “provável”, geralmente o médico opta por começar o tratamento imediatamente se houver caso índice positivo (contactante domiciliar). Caso não tenha, é comum realizar observação e tentar a busca por outros diagnósticos diferenciais. Crianças < 6 anos com baciloscopia do lavado gástrico negativa ou que não fez esse exame, podem receber diagnóstico com base: P á g i n a | 3 ▪ Em critérios epidemiológicos: se existe outra pessoa doente na família; ▪ Em critérios radiológicos: qualquer alteração radiológica que persista por duas semanas ou mais, mesmo com antibioticoterapia; **Qualquer lesão do tipo “granuloma com necrose caseosa central” deve ser investigada, pois na grande maioria das vezes trata-se de um quadro de tuberculose, independentemente do órgão que está alojado. ▪ Em critérios clínicos: sintomatologia típica (manifestações citadas acima); ▪ PPD (teste tuberculínico): não faz diagnóstico, mas ajuda, pois, mostra o quanto a criança foi exposta ao patógeno. Através dos critérios acima, classificamos a tuberculose como “muito provável”, “provável” e “pouco provável”. GRANULOMA COM NECROSE CASEOSA CENTRAL: Trata-se de uma lesão típica de micobactérias. Não necessariamente se trata de tuberculose, mas na maioria das vezes sim. Essa lesão se forma, pois o parasita intracelular obrigatório, de forma capsulada, penetra na célula, arrebentando o seu núcleo e provocando necrose. ** Cavitação é um tipo de granuloma. VACINA BCG: É uma vacina preparada com a micobactéria na sua forma atenuada, enfraquecida. Tem a função de prevenir as duas formas graves da doença miliar (sistêmica) e meningite tuberculosa. Geralmente é aplicada logo após o nascimento, na maternidade. ** Se for feito PPD em uma criança com menos de 2 anos de idade, podemos encontrar um falso resultado positivo, decorrente da vacinação. TRATAMENTO: ▪ < 10 anos: o Fase intensiva (2 meses): RIFAMPICINA + PIRAZAMIDA + ISONIAZIDA; o Fase de manutenção (4 meses): RIFAMPICINA + ISONIAZIDA; ** Não utiliza etambutol. ▪ >10 anos: o Fase intensiva (2 meses): RIFAMPICINA + PIRAZAMIDA + ISONIAZIDA + ETAMBUTOL; o Fase de manutenção: RIFAMPICINA + ISONIAZIDA; QUIMIOPROFILAXIA: É feita SEMPRE que tiver contato domiciliar com paciente com tuberculose. É feita com isoniazida durante pelo menos 2 meses. O tempo de quimioprofilaxia depende da adesão do contactante domiciliar ao tratamento MÃES BACILÍFERAS: ▪ Incentiva amamentação com uso de máscara. NÃO é contraindicado amamentar. ▪ Postergar a vacina BCG. ▪ Faz quimioprofilaxia com isoniazida por 2 meses, enquanto a mãe é tratada. ▪ Após quimioprofilaxia, faz um raio-x de tórax e prova tuberculínica – se vierem inalterados, administra a vacina. Tuberculose latente: tratada com isoniazida isolada.
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