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PROCESSO DE PRODUÇÃO DE SÓLIDOS ORAIS Prof. Sebastian Rinaldi Neto COMPRIMIDOS CONCEITO Preparações farmacêuticas de consistência sólida, forma variada, obtidas agregando por meio de pressão várias substâncias medicamentosas secas e podendo ou não encontrar-se envolvida por revestimentos. VANTAGENS Precisão na dosagem Formas farmacêutica sólida mais estável que a líquida Excelente conservação (baixo teor de umidade inibe crescimento microbiano) Facilidade de transporte, administração simples, conveniente, segura Fáceis de serem produzidas em larga escala, o que torna o produto barato DESVANTAGENS Fármacos pouco solúveis apresentam baixa absorção Fármacos com sabor amargo, cheiro desagradável ou sensíveis ao oxigênio ou a umidade Fármacos que causem efeitos de irritação local (danos a mucosa gástrica) CLASSIFICAÇÃO DOS COMPRIMIDOS Comprimidos para ingestão e desintegração estomacal: são os comprimidos comuns; Comprimidos mastigáveis: começa a desintegrar-se na boca. Normalmente são os antiácidos; Comprimidos para ingestão com desintegração intestinal: são as drágeas c/desintegração entérica; Comprimidos sublinguais: dissolução na boca (são de uso oral porém não são deglutidos); CLASSIFICAÇÃO DOS COMPRIMIDOS Comprimidos de implante: são colocados sob a pele para serem absorvidos; Comprimidos efervescentes: devem ser dissolvidos antes de ingeridos; Comprimidos destinados a formar soluções. Destinam-se a desinfecção. Apresentam forma diferente da discoide e são coloridos PRODUÇÃO DE COMPRIMIDOS EXIGÊNCIAS NECESSÁRIAS: Teste de Dissolução; Tempo de Desintegração (30 minutos no máximo); Dureza Adequada Influi na desintegração); Aspecto Atraente; Dosagem exata da base medicamentosa( 5%). ADJUVANTES OU EXCIPIENTES São substâncias, normalmente inertes, que entram numa formulação de comprimidos com uma função definida; Servem para diluir, aglutinar, facilitar a desintegração e a dissolução, evitar aderência aos punções e matrizes, e facilitar o escoamento do granulado no distribuidor da máquina de comprimir. ADJUVANTES OU EXCIPIENTES ADJUVANTE TECNOLÓGICOS São compostos adicionados à substância ativa para conferir ao produto as características de compressibilidade ou para facilitar a cedência do fármaco; Sua inclusão é praticamente obrigatória, como é o caso dos diluentes, aglutinantes, lubrificantes e desintegrantes. ADJUVANTE FACULTATIVOS São adicionados devido à natureza específica do fármaco, como é o caso dos absorventes, dos molhantes, dos tampões ou para aumentar a adesão do doente à terapêutica , como os aromatizantes, edulcorantes e corantes. TIPOS DE ADJUVANTES 1) DILUENTES: São substâncias inertes, que se adicionam aos pós a comprimir com a finalidade de originarem comprimidos de peso adequado, quando os princípios ativos são empregados em pequenas quantidades. 2) ABSORVENTES: Tem como finalidade absorver a água dos extratos ou fixar certos princípios ativos, como as essências. Além do amido, pós vegetais, lactose, carbonato de magnésio, caulim, podemos citar, ainda, o gel de sílica pulverizado, muito leve e de poros largos, que o AEROSIL e o CABOSIL (absorvem 200% de água e continuam com aspecto seco). TIPOS DE ADJUVANTES 3) AGLUTINANTES: são utilizados na forma de pó, solução ou dispersão (mais eficiente). Os principais exemplos são: sacarose, amido, goma arábica, gelatina, Polivinilpirrolidona (PVP), pectina, alginatos, metilcelulose (400) carboximetilcelulose, ácido esteárico. 4) DESINTEGRANTES: são utilizados para acelerar a desintegração ou a dissolução dos comprimidos na água ou nos líquidos do organismo (máximo 30 min). É mais eficaz juntar o desintegrante ao granulado já pronto (o tempo de desintegração não deve ultrapassar de 30 minutos). MECANISMO DE AÇÃO DOS DESINTEGRANTES a) Absorvem água Ex: amido, derivados da celulose etc b) Reagem com a água (ou líquido estomacal) Ex: misturas efervescentes c) Dissolvem-se na água Ex: lactose, glicose etc TIPOS DE ADJUVANTES 5) LUBRIFICANTES: São substâncias capazes de assegurarem um completo enchimento da matriz e de evitar a aderência dos pós as peças da máquina de comprimir; Devem ser adicionados ao granulado já seco; Empregam-se associações de lubrificantes deslizantes (talco) com lubrificantes do tipo antiaderentes (estearato de magnésio). a) Lubrificante do tipo deslizante: talco, amido, parafina, vaselina sólida e líquida, silicones e carbowaxes; b) Lubrificante do tipo Antiaderente: esterarato de magnésio, ácido esteárico etc. TIPO DE ADJUVANTES 6) MOLHANTES: a maioria destes compostos, por terem propriedades tensoativas, provoca um aumento na velocidade de degradação dos comprimidos, que se embebem mais facilmente pela água. Também dificultam a liberação de pós tóxicos durante a compressão. Ex: lauril sulfato de sódio, tween 80 e sais de trietanolamina. 7) TAMPÕES: as vezes é necessário mantermos estável o pH da fórmula. Para isto, usamos fosfatos alcalinos, carbonato de cálcio, glicinato de alumínio, citrato de Sódio e trissilicato de magnésio. Ex: o glicinato de alumínio impede a hidrólise do AAS. TIPO DE ADJUVANTES 8) CORANTES: A coloração dos comprimidos tem por finalidade melhorar a aparência e diferenciar os comprimidos tóxicos. COR SUBSTÂNCIA Branca Carbonato de Cálcio Branca Dióxido de Titânio Amarela Riboflavina Amarela Curcumina Laranja Betacaroteno Laranja Urucum Vermelha Cochonilha Vermelha Eritrosina Verde Clorofila Azul Azul Brilhante Preta Carvão Ativo segundo Farmacopeia Brasileira TIPO DE ADJUVANTES 9) EDULCORANTES: utilizados para corrigir o gosto de determinadas formulações. Ex: - Energéticos: açucares; - Não Energéticos: sacarina, aspartamo, ciclamato de sódio e ciclamato de cálcio. 10) AROMATIZANTES: a sua utilização normalmente é complementar a dos edulcorantes, empregando-se várias essências, como as de limão, hortelã-pimenta, cereja etc. PRODUÇÃO DE COMPRIMIDOS FLUIDEZ – escoamento livre do alimentador para a matriz da máquina de compressão/ pode ser melhorada pela adição de lubrificantes e deslizantes. COMPRESSIBILIDADE – pós ou grânulos devem formar uma unidade compacta após compressão/ pode ser melhorada pela adição de aglutinante seco ou úmido. PRODUÇÃO DE COMPRIMIDOS Obtidos por compressão de pós e grânulos utilizando matriz e punções. Grânulos tem melhor fluidez e compressibilidade que os pós e por isso são utilizados na fabricação de comprimidos. POR QUE GRANULAR O MATERIAL PARTICULADO ANTES DA COMPRESSÃO? Aumentar a densidade bruta da mistura do material particulado, assegurando que o volume requerido possa ser alimentado na matriz; Aumentar a fluidez para reduzir variação de peso e melhorar uniformidade de conteúdo; Aumentar compactabilidade do material particulado pela adição de uma solução aglutinante, a qual deve ser efetivamente distribuída na superfície das partículas; Minimizar formação de poeiras (aumento do tamanho da partícula) – reduz exposição do operador e melhora o rendimento. COMPRIMIDOS MISTURA DOS CONSTITUINTES As misturas dos pós pode processar-se por: Difusão: consiste numa redistribuição das partículas individualizadas ao acaso; Convecção: é um movimento e grupos de partículas adjacentes, de um lugar para outro; Deslocação por deslizamento: é a mudança da configuração dos componentes mediante o deslizamento da mistura segundo planos definidos. COMPRIMIDOS MISTURA DOS CONSTTUINTES Estes três mecanismos ocorrem simultaneamente durante o período de mistura, sendo a difusão aquele que mais rapidamente contribui para a homogeneização. O ideal de uma mistura é representado pelo desenho abaixo. Mistura perfeita Mistura imperfeita (%) DE VOLUME DE PÓS EM RELAÇÃO A CAPACIDADE DO MISTURADOR TEMPOS DE MISTURA NECESSÁRIO (min) 50 10 65 14 70 18 75 24 80 40 (mistura não ficou homogenia)COMPRIMIDOS COMPRESSÃO Para se preparar um comprimido é necessário submeter o produto a uma pressão exercida entre os dois punções no interior da matriz, cujo fundo é o próprio punção inferior; O peso do comprimido é dado pelo volume de granulado que fica aprisionado no sistema punção-matrizes e depende do punção inferior. O peso de um comprimido raras vezes é absolutamente idêntico ao seguinte; Quando falamos em pesos iguais queremos referir a pesos semelhantes, mas dentro dos limites de tolerância aceitos pela legislação atual. COMPRIMIDOS COMPRESSÃO A dureza de um comprimido resulta da pressão exercida sobre o granulado e depende do punção superior; O excesso de pressão pode ocasionar excesso de dureza o que vai dificultar a desintegração e influir na dissolução MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DE COMPRIMIDOS COMPRESSÃO DIRETA GRANULAÇÃO VIA SECA GRANULAÇAO VIA ÚMIDA COMPRESSÃO DIRETA As substâncias diretamente compressíveis, que são poucas, devem possuir densidade suficiente para escoar livremente do distribuidor da máquina e encher a matriz, não devem provocar atritos na compressora e se apresentarem num estado cristalino tal que permita a fácil coesão dos cristais entre si; Poucas substâncias se enquadram neste processo de fabricação, porém com auxílio dos novos excipientes existentes no mercado, atualmente, como por exemplo, a celulose microcristalina, podemos conseguir sucesso por este processo. COMPRESSÃO DIRETA A maioria dos fármacos precisa de granulação para produzir comprimidos; Compressão direta exige excipientes com propriedades de fluidez e compressibilidade; Diluente: Lactose Spray-drying, celulose microcristalina, alfa- lactose mono-hidratada e fosfato de cálcio dibásico; Desintegrantes: amido para compressão direta (pré-gelatinizado); Lubrificante: estearato de magnésio e talco. COMPRESSÃO DIRETA Exemplo de substâncias diretamente compreensíveis Ácido bórico Urotropina Bicarbonato de sódio Citrato de cafeína Vitamina C Sulfato de cobre Ácido Acetil Salisílico COMPRESSÃO DIRETA Tamisação Fármaco Misturador Diluente Diluente é um material inerte com finalidade de dar volume a mistura Compactação Comprimido COMPRESSÃO DIRETA VANTAGENS Menor número de processos (mistura e compressão) tornando a produção mais rápida e barata; Elimina exposição ao calor e umidade Estabilidade aumentada (não envolve água); Dissolução mais rápida devido à rápida desintegração em suas partículas primárias. GRANULAÇÃO VIA SECA Processo utilizado para comprimir substâncias que apresentam as seguintes características: Higroscópicas ou alteráveis em presença de umidade; Termolábeis; Apresentam incompatibilidades entre os constituintes devido a presença de água na sua composição. GRANULAÇÃO VIA SECA ComprimidoCompactação Tamisação Fármaco Misturador MALAXAGEM - É um processo utilizado na manteiga para que esta apresente uma textura uniforme e cremosa em substituição a um aspecto granulado inicial. Trituração CALIBRAÇÃO PARA GRÂNULOS IRREGULARES Misturador Adição de lubrificantes Compactação GRANULAÇÃO VIA SECA ADIÇÃO DE LUBRIFICANTE Facilitar a compressão Promover uma melhor ejeção do comprimido reduzindo o atrito Diminuir a adesão do material às matrizes e punções Melhorar o escoamento de pós e granulados Conferem brilho aos comprimidos Exemplo: Ácido esteárico, talco, estearato de magnésio GRANULAÇÃO VIA SECA DUPLA COMPRESSÃO OU BRIQUETAGEM Técnica usada quando: Fármaco sensível ao calor, umidade Ex: aspirina, vitaminas; Compactação dos componentes da formulação através de um processo de moagem e calibração antes da compressão final; Elimina as etapas de adição de aglutinantes e secagem do granulado; Por esse método, o ativo e o diluente precisam ter propriedades coesivas para formar os comprimidos. Coesão: que liga ou une; adesão. GRANULAÇÃO VIA ÚMIDA Tem por objetivo conseguir a formação de grânulos por adição de um líquido aglutinante; O umedecimento costuma fazer-se numa máquina misturadora provida de um sistema de agitação helicoidal ou planetário; Líquido de umedecimento: água , álcool etílico, éter contendo substâncias gordas numa proporção de l6%, álcool isopropílico com 5% de amido, goma de amido etc. GRANULAÇÃO VIA ÚMIDA Comprimido Tamisação Fármaco Misturador AGLOMERAÇÃO Junto a mistura adiciona-se líquido ou solução aglutinantes Misturador Adição de lubrificantes compactadorGRANULAÇÃO Formação de granulados SECAGEM CALIBRAÇÃO GRANULAÇÃO VIA ÚMIDA Produção de massa úmida, calibração e secagem; Permite produzir grânulos por ligação dos pós juntamente com um material aglutinante; Emprega-se uma solução, suspensão ou pasta contendo um aglutinante que é adicionado a mistura de pós. GRANULAÇÃO VIA ÚMIDA 1ª Fase: umedecimento dos pós (água, etanol, álcool isopropílico com 5% amido. Formação de pontes líquidas entre as partículas e resistência dessas ligações. Essas forças são responsáveis pela formação inicial dos grânulos e a sua dureza; Adição de aglutinante é indispensável; A duração da etapa depende: - Propriedades de molhagem da mistura dos pós e do líquido de granulação; - Eficiência do misturador. GRANULAÇÃO VIA ÚMIDA 2ª Fase: granulação da massa úmida. Conversão da massa úmida em agregados através de moinhos ou martelos ou granulador oscilante equipados com redes de orifícios grandes; O tipo de tamis ou placa perfurada se escolhe dependendo do peso do comprimido que se deseja obter; O grânulo melhora o escoamento dos materiais. Nº de malhas por cm2 do tamis Diâmetro dos punções Peso do comprimido (g) 25 16 0,9 – 1,0 36 14-15 0,7 - 0,9 42 12-13 0,4 – 0,7 64 10-11 0,2 – 0,4 81 8-9 0,12 – 0,2 100 6-7 0,06 – 0,12 225 5 < 0,6Fonte: Prista GRANULAÇÃO VIA ÚMIDA 3ª Fase: secagem do granulado obtido. Interessa para uma perfeita compressão a existência de uma quantidade ótima de água, que é variável para cada comprimido; Atua como agente de ligação; - Granulado muito seco comprimido friável (que se quebra facilmente) - Granulado muito úmido pode causar rupturas nos revestimentos que serão aplicados posteriormente Secador de leito Fluidizado 4-5 horas a 40-50ºC GRANULAÇÃO VIA ÚMIDA 4ª Fase: Calibração dos grânulos. Tamanho da malha depende: - Equipamento de moagem utilizado; - Diâmetro e peso do comprimido a ser produzido. Tolera-se de 10% a 20% das partículas menores que a média!
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