Buscar

Capítulo 2_ Psicologia na Educação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 21 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
 
 
Psicologia da 
Educação 
 
 
Unidade Nº 2 - O 
desenvolvimento humano e o 
processo de aprendizagem 
 
 
 
 
Ana Cristina Bassler 
 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
 
Introdução 
Vamos dar início a mais uma unidade de aprendizagem. Teremos a 
oportunidade de conhecer e ampliar o conhecimento sobre quatro estudiosos que 
contribuíram de maneira relevante com a Psicologia da Educação e que trouxeram 
uma nova perspectiva sobre o desenvolvimento humano, divergindo da ideia do 
behaviorismo. 
Em sua teoria, Jean Piaget fala sobre o desenvolvimento do sujeito em função 
da sua interação com o contexto de vida nas diferentes etapas do desenvolvimento. 
Vigotsky traz em sua teoria postulados sobre o funcionamento intelectual. Wallon 
aponta os estágios do desenvolvimento. 
Carl Rogers, em sua teoria do desenvolvimento do sujeito, nos faz refletir sobre 
a saúde e o bem estar como centro das nossas relações, diferente dos demais 
estudiosos que focavam na doença. 
 Preparado para conhecer novas teorias relacionadas à evolução do 
aprendizado? 
1. Piaget: psicogênese do desenvolvimento humano 
Jean Piaget foi um estudioso que trouxe à luz a psicologia cognitiva, que tem 
como base os processos mentais superiores como a percepção, formação de 
conceitos, solução de problemas e tomada de decisão. 
Diferente do behaviorismo, no qual os estudos se baseiam na observação do 
comportamento, a psicologia cognitiva estudou como a energia dos acontecimentos 
transforma as experiências em algo significativo para o indivíduo. Muitas experiências 
com animais foram feitas também, mas tópicos de aprendizagem como a leitura e a 
linguagem foram investigados em seres humanos, visto que não haveria como 
investigar tais assuntos em ratos ou pombos. 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
A teoria cognitiva demonstra como processos mentais trazem entradas e saídas 
para nosso desenvolvimento, de que forma a mente entende as situações que lhe são 
apresentadas e quais suas consequências. 
Um dos pontos que representa esta teoria é a do processamento da informação 
como se fosse um computador. Uma informação é recebida e transformada em outra 
de acordo com quem a está recebendo e da forma como ele percebe e processa tal 
informação. 
 
 
Fonte: medium.com/neworder/seu-cerebro-nao-e-um-computador-7ee6a1d0d75a 
 
Outros pontos que são fortemente considerados na teoria cognitiva são: 
● a aprendizagem atual se baseia na aprendizagem anterior, ou seja, o que foi 
aprendido anteriormente tem relevância na maneira como os conhecimentos 
adquiridos posteriormente são interiorizados, diferenciando desta forma o 
aprendizado para cada pessoa; 
● como cada pessoa é única e possui características inatas, crenças, interesses e 
experiências de vida singulares, em uma mesma situação cada um aprende 
coisas diferentes. 
 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
Como participante ativo no processo de aprendizagem, o indivíduo deve se 
esforçar para descobrir e analisar novos conceitos e utilizar estratégias para absorver 
o aprendizado. 
 
 
 
 
Você quer ver? – Ao assistir o vídeo em espanhol “Cómo aprende nuestro cérebro” 
você terá uma visão dos principais conceitos da teoria cognitiva. Acesse o vídeo aqui. 
 
 
Piaget teve uma fantástica contribuição e influência na psicologia da educação. 
Seus estudos estavam baseados na representação mental e no desenvolvimento 
intelectual da criança. Mediante observações sistemáticas ele realizou pesquisas de 
como as crianças elaboram seu processo de conhecimento para a construção da 
inteligência e sua adaptação ao meio. 
Lakomy (2012) aborda quatro fatores que Piaget considerou como responsáveis 
pelo desenvolvimento cognitivo do aprendiz. O primeiro deles é o fator biológico que 
faz referência à maturidade do intelecto para poder receber determinado 
conhecimento. Por exemplo, uma criança só consegue desenhar uma letra se 
apresentar prontidão para esta atividade. 
O segundo aspecto é a vivência de exercícios e atividades que contribuem para 
a ação da criança sobre os objetos. O terceiro aspecto relevante são as relações sociais 
que acontecem por meio da linguagem e educação. Por fim, o equilíbrio necessário 
para encontrar respostas para novos desafios. No processo de assimilação, há primeiro 
um desequilíbrio para depois integrar o novo conhecimento. 
Mas como acontece o desenvolvimento da inteligência, segundo Piaget? 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
Quando a criança começa a se relacionar com as pessoas e cenários à sua volta, 
ela começa a agir efetivamente na realidade que a envolve. Este agir não significa 
somente uma ação externa. O pensamento e as conexões feitas mentalmente fazem 
parte deste aspecto também. 
 Para agir é necessário o que Lakomy (2012) chamou de esquema de ação. Isto 
significa que é necessário elucidar e organizar seus comportamentos para que, 
repetidamente, coloque-os em prática em diferentes situações. Vamos imaginar a cena 
do bebê jogando um objeto no chão quando a mãe, o pai ou a avó está por perto. 
Cada um pode ter uma reação diferente e a mesma pessoa também pode apresentar 
reações diferentes dependendo do dia. Ao realizar estas conexões o bebê começa a 
mobilizar seus esquemas de ação e vai modificando-a. 
 Esta troca com o meio gera o desenvolvimento da inteligência por meio das 
adaptações que vão sendo geradas. Quando a criança se depara com uma nova 
situação há um desequilíbrio, pois ela não sabe como lidar. Então ela procura dentro 
dos seus aprendizados anteriores de que maneira ela pode lidar com aquela situação, 
adequando seu comportamento e voltando ao estado de equilíbrio. 
 Esta estabilidade depende de dois mecanismos – a assimilação e a acomodação. 
Por assimilação podemos compreender a introjeção de novos conhecimentos gerados 
pelas experiências vividas. A acomodação é uma reorganização daquilo que já foi 
incorporado como aprendizado. Podemos fazer uma analogia como uma caixa que 
contém vários brinquedos e é necessário guardar mais um, sendo necessário 
reorganizar aqueles que já estão lá. 
 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
 
Fonte: mundodesofia.pt/banco-caixas-vinho/ 
 
 A cada etapa, a criança desenvolve uma série de habilidades e conexões 
mentais que vão se somando até que sua estrutura cognitiva esteja completa. 
 
1.1. Estágios do Desenvolvimento Infantil 
 
Piaget definiu quatro estágios do desenvolvimento cognitivo, conforme 
descrito abaixo: 
Estágio Sensório-Motor: etapa que vai de 0 aos 2 anos. Aqui as ações 
representam reflexos básicos já que não há estrutura para ligar a ação e as sensações 
a uma representatividade mental. Importante porém ressaltar que é uma fase essencial 
para o desenvolvimento das próximas. 
Estágio Pré-Operatório: etapa que vai dos 2 aos 7 anos. A criança consegue 
estabelecer a diferença entre o significante e seu significado. Por exemplo, ao ouvir o 
latido de um cachorro ela pensa no animal e o imita. 
Estágio das Operações Concretas: etapa que vai dos 7 aos 13 anos. A criança já 
é capaz de realizar uma ação de maneira lógica que foi interiorizada em algum 
momento. Já consegue ter um pensamento reversível como em contas matemáticas ( 
2 x 3 = 6 ou 6 ÷ 2 = 6) mesmo que ainda seja necessário o concreto. Já consegue 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
coordenar estapossibilidade com outras ações, pois admite a possibilidade de uma 
inversão e coordenação com outras intrínsecas. Mas ainda precisa do concreto para 
realizar essas operações, embora já esteja apta a considerar o ponto de vista do outro, 
sendo que está saindo do egocentrismo. 
Estágio Operatório – Formal: etapa que vai dos 13 anos em diante. Nesta fase 
vivida pelo adolescente já é possível pensar de maneira lógica, mesmo quando a 
realidade não é compatível com o pensamento. Funções como proporções, 
probabilidades, hipóteses e deduções complexas e abstratas acontecem de maneira 
natural. 
Por meio da construção e passagem por estes quatro estágios, a cognição é 
desenvolvida e passa a ser utilizada em toda a vida adulta, desde que existam 
estímulos que fortaleçam os ap 
 
1.2. Reflexos da concepção construtivista no processo ensino-
aprendizagem 
 
Para o construtivismo o conhecimento é edificado pelo resultado das 
experiências do aluno. No aprendizado da língua portuguesa, Piaget foi claro ao dizer 
que a origem do pensamento é anterior à linguagem. Sendo assim, somente a 
linguagem não é suficiente para explicar o que se passa em nossa mente. 
Durante o desenvolvimento da linguagem, cabe ao educador compreender o 
material produzido e respeitar as ideias, estejam elas certas ou erradas, 
compreendendo que é desta forma que se gera o progresso. Ler e propor atividades 
que estimulem a escrita deve fazer parte deste cenário. A alfabetização não ocorre 
isolada da escrita, portanto, introduzir a leitura de palavras sem a escrita não gera 
aprendizado. 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
 
Fonte: novaescola.org.br/conteudo/2491/por-que-as-criancas-devem-aprender-a-escrever-
com-letra-de-forma-para-depois-passar-para-a-cursiva 
 
Cabe ao professor, como mediador do processo ensino-aprendizagem levar o 
aluno na busca pessoal de novos conhecimentos, busca da solução de problemas e a 
discussão das suas ideias em grupo, defendendo seu ponto de vista. 
2. Vigotsky: o aprendizado como um processo social 
Para Vygotsky, teórico contemporâneo de Piaget, o contexto social e o 
desenvolvimento cognitivo caminham juntos. Dentre os vários conceitos e estudos, o 
ponto alto foi demonstrar a importância da fala no desenvolvimento do indivíduo. 
Durante todo seu estudo, ele busca compreender a maneira como os processos 
psicológicos acontecem e de que forma a genética influencia no desenvolvimento 
humano. 
Ao longo do desenvolvimento da criança, a assimilação de novos conceitos é 
transformada quando há uma interação com outras pessoas. Mas esta relação se 
diferencia de acordo com o ambiente e cultura em que a criança está inserida. 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
Outro ponto elencado por Vygotsky é que a cognição está vinculada à 
maturidade orgânica representada por instrumentos de origem física e de origem 
simbólica. Seus experimentos demonstram que a fala é tão necessária quanto as outras 
formas de expressão e de ação. 
Por meio de experimentos, ele concluiu que “os homens precisam de signos 
para aprender” (Lakomy, 2012, pg 40). Símbolos ou sinais contribuem para um 
aprendizado mais efetivo e são utilizados para lembrar o que é dito. Ao realizar 
estudos com crianças a partir de figuras, a associação da linguagem com o objeto 
acontecia de forma mais efetiva. 
 
 
Fonte: https://www.ideiacriativa.org/2016/07/fichas-para-imprimir-com-figuras-
e.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+IdeiaCriativa+(IDEIA+C
RIATIVA) 
 
Além disto, a linguagem orienta o comportamento social das crianças, ou seja, 
a partir do momento em que há a correlação de um objeto à percepção do que este 
objeto representa, ela começa a compreender a realidade à sua volta. 
O desenvolvimento da fala ocorre em três fases: 
Fase da fala social (até os 3 anos): de forma não estruturada, a fala acompanha as 
ações infantis, demonstrando a dificuldade que existe para resolver problemas. 
Fase da fala egocêntrica ( dos 3 aos 6 anos) : nesta fase a criança fala antes de 
agir, informando o que irá fazer antes da ação efetiva. 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
Fase da fala interior (após os 6 anos): já existe um ajuste entre a fala externa e 
interna. Nesta fase, já existe a percepção do seu comportamento de acordo com 
seu pensamento. 
Outro conceito que veio por meio dos estudos de Vygotsky é a zona de 
desenvolvimento proximal – espaço que existe entre o que a criança sabe e o que ela 
precisa saber para se chegar naquele ponto do seu desenvolvimento. Neste contexto, 
existe um espaço entre o real e o potencial, que deve ser trabalhado e estimulado pelo 
professor. 
Vamos pensar no exemplo de uma criança amarrando os sapatos. De acordo com 
sua idade, ela precisará de ajuda para realizar esta atividade. Mas por volta dos 8 ou 9 
anos ela já deverá ter habilidade suficiente para amarrar seus sapatos sozinha. 
De acordo com Oliveira (2010), Vygotsky denomina esta capacidade de realizar 
tarefas de maneira independente de desenvolvimento real, que tem como 
característica principal aquilo que já foi conquistado pela criança. O desenvolvimento 
potencial representa a capacidade de realizar tarefas com ajuda dos mais velhos. 
Existem crianças que não têm condições de realizar determinada tarefa sem a 
supervisão e auxílio de um adulto, com dicas ou exemplos. 
 
 2.1. Pensamento e linguagem: contribuições para a 
compreensã 
de sentidos e significados 
 
Vygotsky deixou o legado de que a linguagem é o principal meio das relações 
sociais, uma vez que é por meio das palavras que nosso pensamento se torna explícito. 
A linguagem tem, além da função de contribuir para o convívio com outras pessoas, o 
poder de compartilhar o pensamento, tornando-o geral e comum àqueles que estão 
à nossa volta. 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
 Ao longo da construção da história do indivíduo, por meio do desenvolvimento 
de funções psicológicas superiores, como por exemplo pensar e ponderar sobre o que 
o pensamento representa, cada ser vai sendo formado. 
De maneira oposta à teoria de Piaget, para Vygotsky o desenvolvimento – 
principalmente o psicológico e mental – depende da aprendizagem, na medida em 
que se dá por processos de internalização de conceitos, que são promovidos pela 
aprendizagem social, principalmente aquela planejada no meio escolar. 
 Vamos voltar ao exemplo do amarrar os sapatos. Ensinar para uma criança que 
já sabe como fazer não traz efeitos, assim como também não é efetivo ensinar esta 
ação para uma criança de 6 meses, pois esta habilidade está muito distante do 
desenvolvimento de suas funções psicológicas. Porém uma criança de 5 ou 6 anos será 
beneficiada com este aprendizado, pois o processo de desenvolvimento deste 
processo já se iniciou. 
 
 
Você quer ver? O filme “Escola da Vida” demonstra como a relação entre professor e 
aluno pode ser eficaz na construção do conhecimento individual. Assista o vídeo 
acessando aqui. 
 
 
Dentro do ambiente escolar este exemplo é fácil de ser observado, já que o 
aprendizado é o impulsionador do desenvolvimento. Quando o professor conhece o 
nível de desenvolvimento individual dos seus alunos, as atividades devem ser 
direcionadas não para o que já foi alcançado, mas sim para o que ainda não foi. 
Tomando como ponto inicial o desenvolvimento real do indivíduo, devem ser 
determinados conhecimentos e habilidades para aquela faixa etária e apresentados 
em forma de atividades individuais e em equipe. Deve-se levar em consideraçãotambém o ambiente em que a criança está inserida. Se ela vive em um ambiente rural 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
e tem contato com diversos animais como vacas e galinhas, é mais fácil ensinar 
conteúdos referentes a estes animais do que para crianças que ainda não tiveram a 
oportunidade de ver um desses bichos “ao vivo”. 
 
Embora Vygotsky enfatize o papel da intervenção no desenvolvimento, seu 
objetivo é trabalhar com a importância do meio cultural e das relações entre 
indivíduos na definição de um percurso de desenvolvimento da pessoa 
humana, e não propor uma pedagogia diretiva, autoritária. (OLIVEIRA, 2011, pg 
64) 
 
O brincar de faz de conta é outra atividade que contribui para o 
desenvolvimento do pensamento e da linguagem infantil. Este momento de entrar em 
contato com o imaginário desperta a relação do objeto com o que ele significa naquele 
momento, e não necessariamente com o objeto em si. Se a criança tem uma tampa de 
panela em mãos e na brincadeira ela representa um volante de carro, é assim que a 
criança fará a relação do significado do objeto com seu pensamento. 
Assim, promover atividades dentro do ambiente escolar que favoreçam o 
envolvimento da criança em brincadeiras de “faz de conta” contribui de maneira 
efetiva para a evolução dos processos psicológicos superiores. 
Veremos no próximo tópico as contribuições de Henry Wallon para a psicologia 
da educação. 
 
3. A afetividade de Henry Wallon: desenvolvimento 
intelectual pelo corpo e pelas emoções 
Wallon desenvolveu a teoria da afetividade, trazendo esta dimensão ao lugar 
central do processo de aprendizagem. Sua cooperação foi no sentido de entender 
como a afeição contribui para o desenvolvimento pessoal e cognitivo do indivíduo, 
fornecendo o primeiro e mais importante vínculo entre as pessoas. É por meio da 
afetividade que a pouca habilidade cognitiva no início da vida provê a sobrevivência 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
dos bebês. Nesta teoria, afetividade e inteligência se desenvolvem juntas desde o 
primeiro ano de vida. 
Wallon focaliza a afetividade em sua totalidade, considerando sua relação com 
a emoção, o sentimento e a paixão, bem como o papel determinante no 
desenvolvimento da personalidade. 
Mas como a afetividade se manifesta? 
O bebê, quando vem ao mundo, só consegue se comunicar pelo choro. O choro 
pode ser interpretado de diferentes maneiras. Para Freud, o choro representa a 
angústia da separação da mãe; já o fisiologista entende o choro como uma ação física 
que acompanha os reflexos respiratórios. Mais tarde pode representar dor ou fome. 
A influência que o choro provoca no ambiente em que o bebê vive acaba por 
definir as ligações afetivas que são estabelecidas. Existe uma diversidade de emoções 
que vão sendo demonstradas a partir da maturação funcional do ser. Justamente pela 
etapa da maturação física, algumas manifestações como a agressão, a ameaça ou o 
medo aparecem, mesmo em crianças que nunca foram agredidas ou ameaçadas. 
A constituição da emoção é uma função arcaica e interna. Efeitos externos 
podem sim despertar emoções reais e mobilizam reações que estão relacionadas à 
situação que a gerou. É inevitável que as influências afetivas que rodeiam a criança 
desde o berço tenham sobre sua evolução mental uma ação determinante, 
despertando o desenvolvimento espontâneo das estruturas nervosas, gerando a fusão 
do biológico com o social. 
Um bom exemplo é o sorriso. No início, o sorriso nada mais é do que um 
estímulo dos músculos faciais, que aos poucos vai passando a exprimir uma reação de 
alegria e felicidade ao ver ou ouvir uma voz conhecida. Este ato aproxima as pessoas 
do bebê, que aos poucos vai percebendo o efeito que o sorrir gera. 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
3.1. Estágios do desenvolvimento 
A partir de estudos, Wallon definiu estágios do desenvolvimento infantil 
baseados na interação e não especificamente na cronologia. 
1. Estágio impulsivo-emocional: estágio predominantemente afetivo, no qual a 
criança está imersa no mundo e não consegue se distinguir dele. Apresenta 
movimentos descoordenados, pois sua coordenação motora não está bem 
desenvolvida. O ambiente facilita para que a mesma desenvolva suas habilidades 
funcionais, passando da desordem gestual às emoções diferenciadas. 
2. Estágio sensório-motor e projetivo: estágio predominantemente cercado dos 
fenômenos cognitivos, no qual os pensamentos são demonstrados por atos motores. 
A inteligência se apresenta de duas formas – a prática, obtida pela interação de objetos 
com o próprio corpo, e a discursiva, que ocorre pela imitação e apropriação da 
linguagem. 
3. Estágio do personalismo: marcado pela constituição da autoconsciência e de 
situações de oposição ao adulto. Nesta fase é comum surgirem crises negativas, 
como “não quero”, “não vou”, “não faço”. 
4. Estágio Categorial: período no qual se evidencia a abstração de conceitos 
concretos e categorização dos processos mentais. Percebe-se que há mais razão 
do que emoção nas ações. 
5. Estágio da Adolescência: época das transformações físicas e psicológicas, na 
qual a afetividade se torna mais ampla. Busca pela autoafirmação e 
desenvolvimento sexual. Há muitos conflitos, sejam eles internos ou externos. 
 
 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
Você quer ler? A leitura do livro Evolução psicológica da criança escrita por Henry 
Wallon em 1941 vai ampliar o entendimento das particularidades do seu raciocínio e 
estilo de seus textos. É um livro que apresenta de forma resumida os aspectos centrais 
da sua teoria do conhecimento. Dividido em três partes, aborda sobre a infância e seu 
estudo, as atividades da criança e sua evolução mental e os níveis funcionais 
(afetividade, ato motor, inteligência, pessoa). 
 
De acordo com Lakomi (2012, pg 65) “a afetividade dá lugar ao 
desenvolvimento cognitivo quando a criança começa a construir sua realidade pela 
inteligência prática os das situações”. Ou seja, há momentos totalmente afetivos e 
outros totalmente cognitivos. Como precisa existir uma integração entre ambos para 
que o desenvolvimento aconteça, pode haver momentos em que a afetividade se 
racionalize, diferenciando sua forma de se manifestar. 
A afetividade então passa a ser manifestada de forma oral e depois escrita. Na 
adolescência, em que se exige respeito e igualdade de direitos, o jovem pode se sentir 
não amado, se estas exigências não forem satisfeitas. Ao se definir como sujeito da 
sua história e capaz de assumir diferentes papéis sociais a inteligência afetiva deve 
direcionar suas escolhas. 
3.2 Teoria da Afetividade na educação 
Wallon entendia que a educação deveria considerar a criança como um ser 
completo, trabalhando a parte motora, afetiva e cognitiva de forma conjunta. Quando 
um dos campos não se desenvolve adequadamente, os demais sofrem o impacto. 
Ao professor cabe a responsabilidade de observar e trabalhar com o 
desenvolvimento da criança como a criança que é, e não sob o ponto de vista do 
adulto. Autonomia, curiosidade, expressão de ideias são ações que devem permear as 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
atividades educativas. A transformação do que se aprendeu e sua representatividade 
deve ser sempre valorizada. 
Outro ponto de atenção é lembrar que a criança se espelha em quem faz parte 
da sua convivência, por meio da imitação e de referenciais. Portanto, é relevante que 
o adulto observe se o comportamento da criança não é um reflexo do seu próprio 
comportamento. A oposição às regrase situações impostas ao grupo podem surgir 
como uma maneira de buscar a diferenciação baseada em suas próprias opiniões. 
Assim, o adulto que conduz o processo de aprendizagem deverá estar atento e 
consciente desta forma de agir do aprendiz. 
Como mediador da educação, cabe ao professor conhecer e saber como agir 
junto aos alunos e principalmente respeitar as características e peculiaridades das 
mesmas, tendo-se também como referência seus estágios de desenvolvimento. 
Veremos no próximo tópico mais uma teoria relacionada ao desenvolvimento 
e a aprendizagem - a teoria humanista de Carl Rogers. 
4. O humanismo de Carl Rogers: uma psicologia 
voltada para o desenvolvimento da pessoa. 
Uma nova teoria nascia em meados do século XX em contraposição às teorias 
da aprendizagem que pregavam o determinismo ambiental ou os instintos mais 
primitivos. 
Carl Rogers trouxe à luz a teoria humanista que estava alicerçada na filosofia 
existencialista, que tem como direcionador a busca individual para encontrar as razões 
e motivos da existência pessoal, além de exercer liberdade com responsabilidade. Os 
humanistas entendem que cada indivíduo tem capacidade e discernimento para fazer 
as melhores escolhas para seu desenvolvimento pessoal. 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
Para a teoria rogeriana a força motriz está na capacidade constante de 
atualização e a busca pela autonomia. Comunidades se desenvolvem justamente pelas 
forças independentes e do desejo de cada integrante se tornar cada dia melhor. Viver 
em harmonia consigo mesmo, encontrando aquilo que necessita para seu bem estar 
e com o entorno social, passa a ser o objetivo de vida, segundo este autor. 
Porém, o ambiente tem a tendência de valorizar e atender as demandas se o 
indivíduo provar que merece. Receber um abraço e um carinho pelo bom 
comportamento é um exemplo desta consideração positiva condicional e gera um 
parâmetro individual de valoração de si. Ao se sentir ameaçado e pressionada no 
conflito “o que sou” versus “o que devo ser”, nascem a incongruência e as defesas 
psicológicas do indivíduo. 
 
Você quer ver? O desenho animado A Família do Futuro (2007) nos apresenta Lewis, 
um jovem com muitas ideias à frente do seu tempo. Durante o filme fica evidente a 
maneira como ele demonstra a capacidade de buscar de maneira criativa e inovadora 
uma solução para seu problema, vivenciando os acertos e erros. 
 
Considerando que todo indivíduo é bom, tem potencial para crescer e está em 
busca do seu melhor sempre, Carl Rogers gerou um novo olhar sobre as teorias do 
desenvolvimento, entregando a cada um a tarefa de buscar a evolução constante. 
4.1 Método não diretivo 
O método não diretivo representa o papel do professor como um facilitador e 
com poucas interferências no processo de aprendizagem. Para que ele seja capaz de 
assumir esta postura são necessários três requisitos, conforme Tavares (2007). Estes 
requisitos são congruência, empatia e respeito. 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
Estar em consonância com o aprendiz, compreender que ele possui 
sentimentos, desejos e crenças diferentes dos demais e considerar estas diferenças de 
maneira positiva são ações fundamentais para que o educador possa permitir ao aluno 
se tornar uma pessoa que efetivamente possa exercer de maneira útil seu papel na 
sociedade. 
A valorização acontece pelo indivíduo, considerando o que ele faz, como ele 
constrói os pensamentos e não apenas pela sua inteligência. 
4.2 Educação formal 
No contexto educacional, Rogers não determinou regras ou práticas de ensino. 
O papel do educador é o de oportunizar novas experiências, gerar um ambiente onde 
o aprendiz sinta-se seguro para viver e expressar seus desejos e intuições e 
compreender a importância de viver o aqui e agora. 
 E como se processa o aprendizado nesta teoria? Cada um aprende o que 
entende que deve aprender – seja por necessidade ou por desejo pessoal. Mais do 
que acumular conhecimentos, o aprender gera mudanças no comportamento atual e 
na direção de futuro. 
A forma de avaliação, diferente das metodologias tradicionais, é a auto 
avaliação, onde cada um faz uma análise pessoal e quantifica se o seu 
desenvolvimento foi satisfatório ou não. 
Por apresentar a característica não diretiva, algumas objeções foram levantadas, 
como por exemplo :se o aluno é o responsável por determinar o que quer aprender, 
poderá ser criado um ambiente com um limiar de liberdade muito amplo, gerando 
indisciplina e desinteresse pelas aulas. 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
Síntese 
Chegamos ao fim de mais uma unidade de ensino. Diferentes pontos de vista 
foram apresentados e pudemos entender um pouco mais sobre os conceitos e 
contribuições das teorias construtivista, da afetividade e humanista para o 
desenvolvimento e aprendizado. 
Quanto aprendizado não é mesmo? Mas você consegue diferenciar cada uma 
das teorias? Qual a importância de cada uma para o contexto escolar? Diante das 
teorias apresentadas, qual delas é mais significativa para você? 
 No quadro abaixo vamos verificar os pontos principais de cada teoria, levando 
em consideração o indivíduo, sua relação com o aprendizado e o papel do educador 
neste cenário. 
 
Autor Jean Piaget Vygotsky Wallon Rogers 
Teoria Construtivista Construtivista Afetividade Humanista 
Palavra chave Construção do 
conhecimento 
Interação social Afeto Bem estar 
Como o 
aprendizado se 
estabelece 
Utilizando os 
conhecimentos 
prévios 
Do individual 
para o social 
Do social para o 
individual 
Dos interesses 
pessoais para a 
sociedade 
Responsabilidade 
do educador 
Descentralizar o 
conhecimento 
prévio para que o 
aluno possa 
ampliar seu 
conhecimento 
Intervir para que 
o aluno se 
aproxime do seu 
potencial 
Respeitar a 
história do 
aprendiz e 
entender as 
expectativas de 
futuro 
Apoiar as 
necessidades e 
ampliar as 
oportunidades de 
conhecimento. 
Fonte: produzido pela autora (2019) 
 
 O papel desempenhado pelo professor nos dias de hoje pode e deve se utilizar 
de todos os estudos apresentados, trazendo para a sala de aula uma combinação das 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
teorias. Pesquisas mostram que o aprendiz do futuro deve ter 3 competências 
desenvolvidas: 
1. Competência Cognitiva: relacionada às estratégias e processos de aprendizado que 
levem à utilização da criatividade, memória e pensamento crítico. 
2. Relações intrapessoais: relação com a capacidade de lidar com emoções e moldar 
comportamentos para atingir objetivos. 
3. Relações interpessoais: envolve a habilidade de expressar ideias, interpretar e 
responder aos estímulos de outras pessoas. 
 Sendo assim, cabe ao professor buscar constante aperfeiçoamento e 
desenvolvimento para contribuir com a formação do sujeito. 
 
Na próxima unidade vamos conhecer os desafios da aprendizagem significativa 
de David Ausubel e o ensino centrado no aprendiz. Veremos de forma bem detalhada 
como a passagem pela fase da infância é determinante para a construção do futuro 
do indivíduo. Te espero lá! 
 
 
 
 
Psicologia da Educação - Unidade Nº 2 - Título da Unidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia 
GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento 
infantil/Izabel Galvão. - Petrópolis, RJ ; Vozes, 1995. - (Educação e conhecimento) 
 
LAKOMY, Ana Maria. Teorias cognitivas da aprendizagem. Curitiba: Intersaberes, 2014.OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-
histórico. 5ª ed. São Paulo: Scipione, 2010. 
 
TAVARES, José at all. Manual de Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. 
Porto, Portugal: Porto Editora, 2007

Outros materiais