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MONITORAÇÃO E PLANOS ANESTÉSICOS Prof. Dr. Felipe S. Andrade Disciplina de Anestesiologia PRINCIPIOS DE MONITORAÇÃO ANESTÉSICA • Monitoração é o aspecto mais importante da anestesia • Reconhecer um problema e intervir antes que transforme em consequências irreversíveis é o propósito de monitoração • Implica no conhecimento da fisiologia normal e dos efeitos dos fármacos anestésicos. PRINCÍPIOS DE MONITORAÇÃO ANESTÉSICA • Profundidade Anestésica • Estado cardiovascular • Estado respiratório • Oxigenação • Anestesista • Registro de informações PRINCÍPIOS DE MONITORAÇÃO ANESTÉSICA ACVA Monitoring Guidelines JAVMA, Vol.206, No7, 936-937 • Garantir que o fluxo sangüíneo para os tecidos esteja adequado • Assegurar concentração de oxigênio adequada no sangue arterial do paciente • Assegurar que a ventilação do paciente está mantida adequadamente • Registrar variáveis monitoradas em intervalos regulares (ex 5 - 10 min) ACVA Monitoring Guidelines JAVMA, Vol.206, No.7, 936-937 • Manter registro legal dos eventos • Garantir que um indivíduo responsável esta atento ao estado do paciente em todo tempo de anestesia, e está preparado tanto para intervir, quando indicado, quanto para alertar o veterinário responsável sobre mudanças na condição do paciente Profundidade Anestésica • Grande parte baseada na descrição de pacientes submetidos a anestesia por éter (Planos de Guedel) • Descrito em termos de estágios progressivamente profundos e planos anestésicos • Baseado em alterações: • tonus muscular somático • padrão respiratório • sinais oculares Estágios e planos anestésicos de Guedel • Estágio I: estágio de excitação voluntário • Estágio II: delírio e excitação involuntário • Estágio III: anestesia propriamente dita • Dividido em 4 planos anestésicos • Estágio IV: depressão profunda, choque bulbar e morte Estágio I - excitação voluntária • Aplicação anestésico até perda da consciência • Início da analgesia - presença de sensação dolorosa ao estímulo • Medo, estresse - micção e defecação • Liberação de adrenalina - taquicardia e midríase • Respiração irregular Estágio II - delírio • Inibição dos centro inibitórios e liberação dos centros excitatórios • Incoordenação motora • Tosse e vômito • Micção e defecação • Reação anormal aos estímulos externos - sonoros, luminosos e táteis • Respiração irregular, taquicardia • Vocalização: ganidos, uivos, relinchos • Salivação abundante - ruminantes/felinos Estágio II - delírio Estágio III - Perda de consciência • 1o Plano • Respiração regular, ritmica, menor FR e maior amplitude respiratória • Tônus muscular presente - porém reduzido • Protrusão de 3a pálpebra no cães • Reflexos oculares PRESENTES • Presença de movimentação do globo ocular: nistagmo e lacrimejamento (equinos) Nistagmo • Movimento lateral do globo ocular Estágio III - Perda de consciência • 2o Plano • Respiração profunda e ritmica • Relaxamento muscular intenso • Centralização do globo ocular /rotação ventro-medial (cães) • Queda FC e PA • Ausência de reflexo interdigitais Estágio III - Perda de consciência • 3o Plano • Respiração superficial - queda FR e Vt • Relaxamento muscular intenso • Centralização do globo ocular - reflexo corneal + • Início de midríase - reflexo pupilar + • Ausência de reflexo interdigitais Estágio III - Perda de consciência • 4o Plano • Confunde-se com o IV Estágio • Respiração superficial e taquipneica • inicio apneia e cianose • midríase • reflexo corneal ausente • depressão cardiovascular Estágio IV - choque bulbar e morte • Parada respiratória • Parada cardíaca • Hipotermia acentuada • Midríase agônica • Respiração agônica Qual o estágio e o plano cirúrgico mais adequado? Reflexo palpebral • Tocar gentilmente o canto lateral / medial da pálpebra • paciente muito superficial: pisca • paciente em plano adequado: não pisca ou pisca levemente • paciente muito profundo: não pisca Reflexo corneal • Tocar pálpebra superior, realizando uma leve compressão da córnea • paciente plano superficial: pisca • paciente em plano adequado: pisca • paciente muito profundo: não pisca Posicionamento do globo ocular • Plano superficial • olhos rotacionados ventralmente e mediamente ou dorsalmente e lateralmente • Plano moderado • olhos ligeiramente ventrais mas posicionados centralizados • Plano profundo • olhos centralizados com pupila dilatada Relaxamento muscular • Tônus de mandíbula • Abrir a boca e determinar a resistencia • Paciente superficial: alta resistência • Paciente profundo: ausência de resistência Monitoração da profundidade anestésica • “Os anestésicos inalatórios produzem inconsciência (hipnose), no entanto são analgésicos pobres (não bloqueiam a nocicepção)” Quais são os sinais que a analgesia durante a anestesia inalatória é pobre? • Resposta hemodinâmica excessiva ao estímulo cirúrgico (taquicardia/hipertensão) • Necessidade de concentração de anestésico muito elevada para manter plano cirúrgico Profundidade anestésica • Sistema Cardiovascular • Frequência cardíaca (FC) e pressão arterial (PA) Sistema Cardiovascular FC PA Plano Superficial Aumentadas Plano Profundo Diminuídas Interpretar considerando outros fatores que podem influenciar FC e PA Profundidade anestésica • Sistema Respiratório • Frequência respiratória (FR) e Volume corrente (Vt) Sistema Respiratório FR Vt Plano Superficial Aumentada (taquipneia) Amplo Plano Profundo Diminuida (bradipneia) Reduzido Interpretar considerando outros fatores que podem influenciar FR e Vt Profundidade Anestésica • Conceito moderno • Plano superficial, adequado e profundo • Plano Superficial • reflexo palpebral e corneal presentes • bulbo ocular centralizado • nistagmo • lacrimejamento • relaxamento muscular adequado • salivação • ativação cardiopulmonar Profundidade Anestésica • Plano adequado • reflexos palpebral (+)/(-) e corneal (++) • bulbo ocular rotacionado • pupilas em miose • relaxamento muscular adequado • salivação • depressão cardiopulmonar discreta Profundidade Anestésica • Plano profundo • reflexos palpebral e corneal ausentes • bulbo ocular centralizado • pupilas em midríase • depressão cardiopulmonar intensa • Apneia • Hipotensão arterial E na Anestesia Dissociativa?? Anestesia Dissociativa • Estágios • Fase A • salivação • midríase • hiperatividade • consciência • Fase B • inconsciencia • incoordenação • Fase C • analgesia • amnésia • hipertonia muscular Monitoração Cardiovascular • Garantir perfusão tecidual suficiente para suprir metabolismo aeróbico Monitoração Cardiovascular • Frequência e ritmo cardíaco • Pressão arterial • Direta • Indireta Monitoração cardiovascular Frequência Cardíaca • Taquicardia • Plano inadequado - dor e desconforto • Hipotensão arterial • Hipóxia • Anemia • Febre • Fármacos (tiopental, dissociativos, catecolaminas, atropina) Monitoração cardiovascular Frequência Cardíaca • Bradicardia • Aumento tonus vagal • Hipotermia • Hipertensão • Hipóxia • Fármacos (opióides, agonistas alfa 2 adrenérgico) Monitoração cardiovascular ECG • Apresenta apenas atividade elétrica • Arritmias • Isquemia • Desequilíbrio eletrolítico (K, Ca e Mg) • Não mostra • Débito cardíaco • Perfusão tecidual • Atividade funcional cardíaca Monitoração cardiovascular ECG Monitoração cardiovascular Perfusão Tecidual • Palpação pulso arterial • frequência • ritmo • intensidade • Tempo de preenchimento capilar (1 a 2 seg) • coloração de mucosas/vísceras • pálida, rósea, congesta, cianótica • Débito urinário (perfusão renal) Débito Urinário • Como avaliar??? • Sondagem e esvaziamento da bexiga • avaliar hora a hora • 0,5 - 2 ml/kg/hora Monitoração cardiovascular Pressão Arterial Monitoração cardiovascular Pressão Arterial• Pulsátil • Sistólica - máxima (contração ventricular e ejeção) 100-160 mmHg • Diastólica - mínima (RVS) 60 - 90 mmHg • Média = PAD + 1/3 (PAS-PAD) Pressão Arterial Métodos de avaliação • Direto ou Invasivo • cateterização de artéria periférica • transdutor (PAS, PAM e PAD) ou manômetro (PAM) • Indireto ou Não Invasivo • Oscilométrico • Doppler Pressão Arterial Método direto ou invasivo • Indicações • Cirurgias de grande porte ou perda sanguínea • pacientes graves • incapacidade de medida indireta • Cateterização arterial • a. facial • a. femoral • a. metacarpica/metatársica • a. auricular Pressão Arterial Método direto ou invasivo Pressão Arterial Método direto ou invasivo • Artérias Equino • a. facial • a. facial transversa • a. metatársica dorsal Pressão Arterial Método direto ou invasivo • Vantagens • método altamente confiável (Gold Standard) • preciso mesmo em hipotensão intensa • acesso rápido para realização de exames • Desvantagens • requer habilidade do anestesista para punção e canulação arterial Pressão Arterial Método não invasivo Método Não Invasivo Doppler • Princípios de funcionamento • Sensor sobre artéria periférica • Detecção do som pulsação arterial • Manômetro com manômetro aneróide proximal ao sensor • Oclusão do fluxo arterial inflando manguito • Desinflar lentamente • Retorno do fluxo PAS Método Não Invasivo Oscilométrico Pressão Arterial Oscilométrico • Vantagens • Fornece PAS, PAM e PAD • Prático e fácil • Util para avaliação de tendências ao longo da anestesia • Desvantagens • Erros devido a arritmias • Falha em presença de bradiarritmias • Falha em hipotensão grave • Falha em animais < 10 Kg Manguito vs Acurácia • Ideal: largura do manguito = 40-50% da circunferência do membro • Manguito > que o ideal: subestima PA • Manguito < que o ideal: superestima PA Pressão Arterial • Medida PA —— Elemento chave na anestesiologia • Hipotensão • PAS = ou < 90 mmHg • PAM = ou < 60 mmHg • Aumenta incidência de complicações • Miopatias pós anestésicas nos equinos Métodos Monitoração Respiratória • Ventilação • FR, padrão respiratório • Volume corrente/minuto • Pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial (PaCO2) • Capnometria/Capnografia • Oxigenação • Coloração das mucosas • Pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO2) • Oximetria de pulso (SpO2) Como monitorar a ventilação? • Observação parede torácica ou balão reservatório • Estetoscópio esofágico • Ventilometria • Capnometria/capnografia • Análise de gases sanguíneos Como monitorar a ventilação? • Estetoscópio esofágico • possível aferir FR e FC Como monitorar a ventilação? • Capnometria/Capnografia • Fração de dióxido de carbono expirado (EtCO2) • Avaliação da ventilação • Integridade via aérea e circuito anestésico • Função cardiopulmonar Como monitorar a ventilação? • Capnometria/Capnografia Como monitorar a ventilação? • Capnometria/Capnografia Capnometria • Aumento gradativo • hipoventilação • reinalação • exaustão da cal sodada • hipertermia maligna • Ausência de CO2 expirado • intubação esofágica • apnéia • Redução gradativa • hiperventilação • hipoperfhusão pulmonar • perda pelo circuito • Redução subita • parada cardíaca • obstrução via aérea • desconexão do circuito Capnografia Como monitorar a ventilação? • Análise de gases sanguíneos - PaCO2 • hemogasometria arterial • Valores normais • PaCO2 35 - 45 mmHg Como monitorar a oxigenação? • Observação da coloração das mucosas • Oximetria de pulso • Análise de gases sanguíneos (PaO2) • Saturação de oxi-hemoglobina (SaO2) Coloração de mucosas • Róseas • Hiperemica - vasodilatação / choque séptico • Pálida; Cinza - vasoconstrição; anemia • Azuladas - hipóxia Oximetria de pulso • Método não invasivo contínuo • Fornece saturação da hemoglobina no sangue arterial • Valores normais • >92% - ar ambiente • 95-100% - oxigênio Oximetria de pulso • Local: • Língua, orelha, vulva, interdigital e cauda Oximetria de pulso • SpO2 baixa?? • hipoventilação; apnéia • obstrução via aérea • perda ou inadequado suprimento de oxigênio para o circuito • redução perfusão Fatores que afetam a leitura • movimentação do paciente • baixa perfusão periférica • baixa saturação • anemia • interferencia luminosa: foco cirurgico, sol… • posicionamento do sensor em membro com manguito de pressão arterial Analise de gases sanguíneos (PaO2) Saturação da oxi-hemoglobina (SaO2) • Gasometria arterial • método mais acurado • necessita de amostra de sangue arterial • equipamentos caros!! • afere conteúdo de oxigênio arterial (PaO2) • afere saturação direta da hemoglobina (SaO2) Temperatura • Fatores que predispõem perda calor no paciente anestesiado • idade • temperatura ambiente (>23oC) • exposição cavidade • lavagem cavidades/vísceras com soluções frias Temperatura • Consequências da hipotermia • recuperação anestésica prolongada • arritmias • ausência de reflexos e resposta a dor • depressão SNC e miocárdio • distúrbios coagulação
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