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LETRAS CONCEIÇÃO EVARISTO KAROLYNE DA SILVA CARDOSO 20201301984 CABO FRIO, RJ – 2022 “A pobreza no Brasil tem cor” – Conceição Evaristo Maria Firmina foi e é um dos marcos da literatura afro-brasileira, sendo mulher e negra sua vida não foi nada fácil, ainda mais para a época em que nasceu (1822). Desconhecida até 1962 quando Horácio de almeida encontrou no Rio de Janeiro um exemplar de Úrsula e assim começou a ter seu conhecimento. Cada uma das escritoras da literatura afro-brasileira, mesmo em épocas diferentes lutaram muito para vencer o preconceito e tratar desse assunto de forma tão intensa. Uma dessas mulheres é a Conceição Evaristo, que além de romancista, poetisa foi também professora. Suas obras são caracterizadas pelo protagonismo feminino e denúncias de descriminação racial. Conceição Evaristo, assim como Maria Firmino, conseguiu dar voz para seus personagens através da escrita. Embora, em sua infância não fora rodeada de palavras, Conceição viveu em um lar oralizado onde sua mãe e suas tias contavam diversas histórias. Sendo uma mulher negra e de origem humilde, Conceição Evaristo sentiu em suas peles como os negros eram tratados em seus país, com suas escrita trouxe valorização da cultura negra e trouxe átona diversas situações injusta de nossa sociedade, abordou misoginia, racismo, suas construção de uma sociedade problemática vem por meio de suas personagens, geralmente marginalizados, sofredores, pessoas de periferias, sua sensibilidade política traz voz para os silenciados, dando suas próprias perspectivas. Ao contar suas histórias, Conceição Evaristo ainda faz contribuições históricas, dando o “outro lado da moeda”. Ela apresenta situações de outro ponto de vista, mostra mulheres erotizadas sendo o que são, mulheres que precisam por alimento em suas casas. Ao contar a de Ponciá no romance “Ponciá Vicêncio” é nítido o foco em que Conceição Evaristo tem de reconstruir antigas contradições históricas. Ponciá é uma mulher negra que sai do seu ciclo familiar e vai para a cidade grande em busca de uma vida melhor. Lá acaba vivendo em situação de rua até que depois consegue um emprego como doméstica, já seu irmão que tinha o sonho de ser soldado, acaba trabalhando limpando a delegacia, já que não sabia ler e devido ao racismo existente na sociedade. Conceição Evaristo é tudo em que a sociedade escravista jamais pensou que seria possível, ela traz produções críticas, mostra que pessoas negras são inteligentes, intelectuais e donos de pensamentos críticos. “O imaginário brasileiro, pelo racismo, não consegue reconhecer que as mulheres negras são intelectuais.”- Conceição Evaristo A sociedade ainda hoje precisa ser “descolonizado” em certos pensamentos, o racismo continua aqui. Segundo dados do governo 77% de pessoas que vivem em extrema pobreza são negros; destes 40% são mulheres negras e 37% homens negros. E através disso podemos entender o foco da Conceição em seus personagens ser na maioria mulheres negras. O homem negro ainda é visto pela sociedade com forte, ótimos para trabalhos braçais, talvez por isso tenham mais “opções” ainda que mínimas. Já as mulheres negras, por muitos consideradas apenas fetiches ou apenas boas em limpar e cozinhar, só que muitas dessas mulheres que vão trabalhar em casa de famílias sofrem preconceito lá mesmo. Muitas são acusadas de roubo, muitas ouvem e aturam coisas por não terem opções de bons empregos. Após a Lei Áurea surgir, muitos negros comemoravam sua “liberdade”, só que liberdade sem condições ainda era uma prisão que os seguiria. Ao ser criado leis, os deixaram nas margens de uma sociedade que achava um absurdo pagar qualquer quantia para um negro, que até o dia anterior era sua propriedade. Com isso, o desemprego já começou acontecer para essas pessoas, sem condições mínimas essas pessoas vistas marginalizadas pelas pessoas tiveram que sair das cidades, alguns montando vilarejos em meio as florestas, outros indo para morros mais afastados da cidade, já que nas cidades constantemente eram denunciados por vadiagem e vagabundagem, sem mesmo terem feito algo. A sociedade “libertou” os escravos, mas não garantiu sua permanência na mesma. Sem condições e opções de frequentar escolas, a população negra vivia de trabalhos como domésticas, vendedores ambulantes, e outros empregos assim. Muitas ex-escravas eram tratadas como prostitutas e seriam uma ameaça trabalhar em residências. Além de construir uma história Conceição Evaristo nos traz o termo “escrevivência” que segundo ela aponta para uma dupla dimensão: é a vida que se escreve na vivência de cada pessoa, assim como cada um escreve o mundo que enfrenta. Conceição Evaristo muito ensina sobre sua missão no mundo literário, trazendo pontos que por muitos não a devida importância, em sua escrita ela faz denúncias e dá a voz de muitos silenciados. Sua missão é expor a desigualdade social, o racismo, a misoginia entranhada na sociedade. É mostrar o que deveria estar estampado em todo lugar, é dar dignidade e valor para a cultura negra e mostrar que o país tem uma dívida inimaginável com toda população afro-brasileira. Frases de Conceição Evaristo A seguir, vamos ler algumas frases de Conceição Evaristo, retiradas de entrevista publicada no Correio do Povo, em 2021: “Conheço mulheres negras cheias de sonhos e de competência que trabalham, trabalham, trabalham e ficam pelo caminho.” “A pobreza no Brasil tem cor.” “É muito mais fácil para um sujeito branco pobre ascender do que para um sujeito negro pobre.” “A sociedade brasileira e as suas instituições são racistas.” “O homem negro brasileiro, em determinadas situações, equipara-se ao branco na hora de exercer o machismo.” “Homens e mulheres negros estão sempre em situação de suspeição.” “O fato de eu ser escritora e ter um doutorado não me deixa imune ao racismo brasileiro.” Referências ARAÚJO, Giselle. Conceição Evaristo: Foco na cultura afro-brasileira. Disponível em: <http://www.santaluzianet.com/modules/news/article>. BARBOSA, Maria José Somerlate. Prefácio. In: Ponciá Vicêncio. Belo Horizonte: Mazza, 2003. DUARTE, E. de A. 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