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AVA 2 - Literatura e outras séries culturais

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Universidade Veiga de Almeida
Licenciatura em Letras: Habilitação Português e Inglês
Polo Tijuca - EAD
BEATRIZ DE ASSIS DE CARVALHO
LITERATURA E OUTRAS SÉRIES CULTURAIS
Entrega da Avaliação – Trabalho da Disciplina [AVA 2]
RIO DE JANEIRO
2022
Raquel,
Minha grande amiga, como vai? Há meses que não nos falamos e não marcamos um encontro. Devido a pandemia e com a sua mudança para outro estado ficamos afastadas, mas eu sinto saudades suas, do nosso momento de jogar conversa fora, das nossas piadas bobas enquanto relembramos nossa infância e adolescência. Mas agora estamos adultas e cheias de responsabilidades das quais não imaginávamos que teríamos naquela época, por isso lhe escrevo, porque sei que é a única que poderá entender meus sentimentos.
Durante a matéria da faculdade, Literatura e Outras Séries Culturais, nos foi pedido para que lêssemos o conto “Olhos D’Água” de Conceição Evaristo para fazer um resumo. Enquanto lia, o eu lírico sempre se fazia a seguinte pergunta: “De que cor eram os olhos de minha mãe?”. Fiquei refletindo sobre esse questionamento que se repete ao longo do texto; como esquecer a cor dos olhos da sua mãe? Mas acredito que essa seja a intenção da autora, fazer com os leitores reflitam arduamente sobre isso.
Refletir sobre esse mantra presente no conto, me fez pensar na minha mãe e qual cor os olhos dela tem. Você sabe, minha mãe passou por diversas dificuldades na vida. Sendo a maior delas o abandono do marido que a deixou cuidando sozinha de suas duas filhas e, pior, morando em outro estado, longe de parentes, sem nenhum amparo. Me identifiquei com a história do narrador do conto porque eu também vivi sozinha com a minha mãe e irmã passando por diversos maus-bocados: sem luz e sem comida. Nessa época, por incrível que pareça, foi quando eu não via minha mãe chorar. Pelo contrário, ela fazia o seu melhor para nos fazer felizes em tempos tão tristes. 
Essa história também me lembrou o livro “Superação” da autora Stephanie Land, que virou uma série da Netflix intitulada “Maid”. Conta a história de uma mãe solo que deixou o marido por medo da sua agressividade por conta do excesso com bebidas e drogas. Para proteger se a e sua filha, ela conseguiu um trabalho como diarista e abrigo através de um programa para mulheres que sofreram violência doméstica. Nem preciso dizer que ela passou por diversas dificuldades, como dormir em uma estação de balsas com sua filha só para poder trabalhar no dia seguinte.
Enfim, essa personagem me lembra muito da minha própria mãe assim como a mãe do narrador do conto. Para mim, essas três mulheres têm muitas coisas em comum, e a partir da minha reflexão, todas teriam os olhos “d’água” que é a conclusão que o narrador chega ao final da história. Contudo, ao mesmo tempo, acredito que seja uma conclusão vaga para a cor dos olhos da minha mãe.
Se analisarmos melhor, pensemos no nome da minha mãe que é Renata. Esse nome significa "renascida" ou "ressuscitada", mas se formos para uma interpretação metafórica, pode ser “aquela que sobrevive”. Então, para mim, é isso. Minha mãe tem os olhos “castanhos- sobreviventes”. Assim como o seu nome, assim como os seus olhos, ela é uma guerreira que lutou muitas guerras e sobreviveu.
Você presenciou boa parte dessa história ao meu lado, então gostaria de saber o que você achou dessa reflexão que pode ser até um pouco fora da caixinha? Bom, isso é uma coisa que eu sempre fui e prova disso são os vários romances que escrevi, mas nunca terminei. Estou ansiosa para a sua resposta.
Obrigada por ler meus devaneios até aqui. Sim, eu sei que você leu porque é fã número um da minha escrita, segundo você mesma. Por favor, me atualize das suas novidades e como anda a vida em Natal e os detalhes para o seu casamento. Nossa, como crescemos rápido! Uma grande para você e sua família. Sinto saudades de todos.
Com carinho,
Beatriz
REFERÊNCIAS:
EVARISTO, Conceição. Olhos d’Água. Editora Pallas. 1ª Ed, 2014
LAND, Stephanie. Superação. Editora Alta Life. 1ª Ed, 2020

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