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Anatomia e Fisiologia Animal 8 - SISTEMA DIGESTÓRIO O sistema ou aparelho digestivo (também chamado sistema digestório) é o sistema que, nos animais, é responsável por obter dos alimentos ingeridos os nutrientes necessários às diferentes funções do organismo, como: crescimento, energia para reprodução, locomoção, etc. Dentre suas funções estão: ingestão, mastigação, digestão, absorção de nutrientes e a eliminação de resíduos sólidos. Ele é composto pela boca, dentes, língua faringe, esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto, ânus e glândulas acessórias (glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas). Boca: apreensão do alimento e inicio da digestão química e física, onde ocorre redução do tamanho das partículas de alimento que são misturadas à saliva (insalivação) para a formação do “bolo alimentar” (figura 8.1). Figura 8.1. Representação da boca de um cão Dentes e língua: estruturas que auxiliam a digestão. Os dentes reduzem o tamanho das partículas e promovem aumento da superfície de contato do alimento para a degradação química e microbiológica. A língua movimenta o alimento dentro da cavidade oral (boca) e desloca o mesmo para o esôfago. Auxilia na trituração e deglutição de alimentos (figura 8.2 e 8.3). Figura 8.2. Dentes de carnívoro Figura 8.3. Representação da língua de suíno, bovino e eqüino. Fonte: http://vet107ufv.blogspot.com.br/2012/06/organizacao-do-sistema-digestorio-o.html Faringe: via comum para alimentos e passagem do ar (figura 8.4). Figura 8.4. Faringe de um caprino. Visão medial do corte da cabeça de um caprino no plano sagital mediano, Esôfago: transporte do alimento da boca para o estômago (figura 8.5). Figura 8.5. Representação do esôfago de um bovino Estômago: estocagem/armazenamento e digestão dos alimentos. Nele ocorre secreção do suco gástrico, que faz a digestão química dos alimentos. Nos não ruminantes é relativamente simples, apenas 1 compartimento (monogástricos); nos ruminantes é complexo, apresentando 4 compartimentos (figura 8.6). Figura 8.6. Representação do estômago de diversos animais. Fonte: http://vet107ufv.blogspot.com.br/2012/06/organizacao-do-sistema-digestorio-o.html Intestino delgado: possui a função de digestão e absorção dos alimentos. O intestino delgado é constituído de três partes: duodeno, jejuno e íleo. A digestão, nessa parte, é realizada por secreções do intestino e pela secreção de substâncias por dois órgãos acessórios: o fígado e o pâncreas através de ductos que são ligados diretamente no intestino delgado. O fígado secreta a bile, que emulsifica as gorduras, ajudando na sua digestão e absorção. O pâncreas libera o suco pancreático, que contém enzimas que digerem os macronutrientes (figura 8.7). Intestino grosso: responsável pela absorção de água e sais. Também é o local onde ocorre a síntese de algumas vitaminas por ação de bactérias intestinais. O intestino grosso pode ser dividido em ceco, cólon e reto. Aproximadamente, 80% da água ingerida é absorvida no cólon (figura 8.7). Figura 8.7. Representação do intestino de um herbívoro e um carnívoro. Fonte: http://www.vestibulandoweb.com.br/biologia/sistema-digestivo.asp De acordo com o tipo de alimentação, os animais classificam-se em: Carnívoros: animais cuja alimentação é de origem animal. O cão e o gato são carnívoros por excelência. O trato gastrointestinal é proporcionalmente curto em relação ao comprimento do corpo (relação 1:5). Sua alimentação consiste basicamente de alimentos ricos em nutrientes de alta digestibilidade. Herbívoros: animais cuja alimentação é de origem vegetal. Dentre estes, destacam-se o cavalo, bovino, ovinos, caprinos e o coelho. Os herbívoros apresentam um tubo digestivo de maior comprimento e maior complexidade, importantes para a decomposição de alimentos de baixa digestibilidade (celulose, hemicelulose, etc). Onívoros: são colocados em posição intermediária, pois sua alimentação pode ser tanto de origem vegetal quanto animal. Os suínos são considerados representantes desta classe. O trato gastrointestinal dos onívoros é consideravelmente mais longo que dos carnívoros e mais curto que dos herbívoros. Nos animais carnívoros e onívoros, a digestão é basicamente química (enzimática). O suíno adulto, em condições de campo, pode ter um pouco de digestão microbiana. Nos herbívoros, a digestão é microbiana e enzimática. De acordo com o sistema digestório, os animais podem ser considerados como monogástricos ou ruminantes. Monogástricos: são os animais não ruminantes que apresentam um estômago simples (mono=1 gástrico= digestão), com uma capacidade de armazenamento pequena e, portanto o fornecimento de alimentos deve ser constante. Existem monogástricos carnívoros como o cão e o gato; herbívoros como o coelho e o cavalo; e onívoros como as aves e os suínos (figura 8.8 e 8.10). Figura 8.8. Representação de um estômago de monogástrico. Fonte: http://vet107ufv.blogspot.com.br/2012/06/organizacao-do-sistema-digestorio-o.html Ruminantes são mamíferos herbívoros que possuem vários compartimentos gástricos, por isso, também denominados de poligástricos. O estômago dos ruminantes possuem quatro compartimentos: rúmen (aglandular), retículo (aglandular), omaso (aglandular), e abomaso (glandular – digestão química) (figura 8.9 e 8.10). O termo ruminante vem do fato destes animais ruminarem, isto é, ingerem o alimento e após um período eles o regurgitam para a boca, onde ele é de novo mastigado e deglutido. Figura 8.9. Desenho esquemático de um estômago de ruminante. Fonte:http://cwx.prenhall.com/bookbind/pubbooks/brock/chapter14/objectives/deluxe-content.html http://cwx.prenhall.com/bookbind/pubbooks/brock/chapter14/objectives/deluxe-content.html Figura 8.10. Desenho esquemático de um estômago de um eqüino e de um bovino. Fonte: http://www.mundoequestre.com.br/os-cavalos-sao-animais-ruminantes/ Os ruminantes fazem a apreensão dos alimentos com o auxilio da língua. Após um breve período de mastigação, ocorre a deglutição, chegando o alimento ao primeiro compartimento, o rúmen. Este é o maior de todos os compartimentos, e é onde ocorre a digestão microbiana. Em seguida, o alimento passa para o segundo compartimento (o menor de todos), o retículo, e nele, ocorre à formação de pequenos bolos de alimentos que retornam para a cavidade oral do animal para ser ruminado (remastigação) e, novamente deglutido. Ao retornar para o estômago, o alimento dirige-se para o omaso, para que ocorra a reabsorção da água presente no bolo alimentar. Em seguida, este bolo cai no compartimento chamado de estômago verdadeiro, o abomaso. Este compartimento é funcionalmente comparável ao estômago de animais não- ruminantes, e é nele que o bolo alimentar será digerido pelas enzimas presentes neste compartimento, que são produzidas por glândulas existentes na parede do abomaso. Deste modo, o bolo passa para o intestino delgado dos ruminantes, sofrendo a ação de outras enzimas do trato digestivo. Nos recém-nascidos, este processo de digestão possui algumas diferenças. O rúmen e o retículo comunicam-se através da goteira esofágica. Quando o animal é adulto, esta goteira está aberta, sendo assim, ocorre à passagem do alimento por todos os compartimentos do estômago. Já nos filhotes, o movimento de sucção do leite faz com que a goteira esofágica se dobre, fazendo com que o leite passe diretamente para o abomaso. Sendo assim, o leite sofrerá a ação apenas das enzimas secretadas no abomaso. http://www.mundoequestre.com.br/os-cavalos-sao-animais-ruminantes/