Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Escola de Ciências da Saúde Curso: Psicologia Unidade Curricular: Psicofarmacologia Aula: Esquizofrenia e Antipsicóticos Prof. Leonardo Brito Lopes e Silva Plano de Aula Temas abordados: • Fisiopatologia da esquizofrenia • Sinais e sintomas • Tratamento farmacológico • Classes de fármacos antipsicóticos Referências: • RANG e DALE. Farmacologia. 7ª ed. Elsevier, 2012 • David GOLAN. Princípios de farmacologia. 2ª ed. Guanabara-Koogan, 2000 • STHAL. Psicofarmacologia. 4ª ed. 2013 Objetivos de aprendizagem: • Entender a neurobiologia esquizofrenia e relacionar aos sintomas. • Entender o mecanismo de ação dos fármacos antipsicóticos. Transtornos Psicóticos Os transtornos psicóticos são um conjunto de doenças mentais graves, nas quais a psicose é o traço sintomatológico mais marcante. Os transtornos psicóticos ão patologias bastante debilitantes, que comprometem aspectos cognitivos, emocionais e sociais, podendo levar a uma incapacidade grave quando não tratada. São caracterizados por distúrbios nos processos mentais, perda de contato com a realidade e ruptura entre pensamentos e emoções. A esquizofrenia é o principal tipo de transtorno psicótico. Emil Kraepelin (1856 – 1926) Defendia que doenças psiquiátricas estão relacionadas com disfunções fisiológicas. Descreveu a Demência precoce em seu tratado de psiquiatria (1908) Paul Eugen Bleuler (1857 – 1939) Em 1908 introduziu o termo Esquizofrenia (do grego, mente dividida). Em 1911 publicou sua monografia “Demência precoce ou o grupo das esquizofrenias” Esquizofrenia • Doença mental crônica de início insidioso e curso evolutivo variável • A principal característica é a psicose, uma combinação complexa de sinais e sintomas • Bastante debilitante, compromete aspectos cognitivos, emocionais e sociais • Causada por fatores genéticos e ambientais • Prevalência: 1% na população. Emerge no final da adolescência e início da vida adulta Desordem do pensamento Distúrbios nos processos mentais Perda de contato com a realidade Ruptura entre pensamento e emoção Sinais e Sintomas Sintomas Negativos •Embotamento afetivo •Avolição (Incapacidade de iniciar ou manter uma ação) •Anedonia (Sensação e busca pelo prazer diminuída) •Alogia (Pobreza de discurso) •Comportamento antissocial Outros sintomas • Déficits cognitivos ✓ Processamento da informação ✓ Atenção ✓ Resolução de problemas • Distúrbios de sono ✓ Insônia ✓ Inversão de ciclo Sintomas Positivos •Delírio •Alucinação •Agitação psicomotora •Pensamento e discurso desorganizados •Comportamento motor desorganizado Evolução Breier et al. Am J Psychiatry 1994; 151:20-26 Fatores Genéticos Alterações neuroquímicas: genes associados a receptores, síntese e metabolismo de NTs e etc. Fatores Ambientais Estresse Psicossocial: Prejuízos no processo de neurodesenvolvimento DISFUNÇÃO NEUROFISIOLÓGICA Fisiopatologia Mecanismos Dopaminérgicos Aumento da atividade dopaminérgica na via Mesolímbica → Sintomas positivos Redução da atividade dopaminérgica na via Mesocortical → Sintomas negativos Evidências: Antagonistas dopaminérgicos controla sintomas positivos Agonistas dopaminérgicos exacerbam sintomas em pacientes ou produz quadro semelhante em indivíduos saudáveis Córtex frontal Núcleo Accumbens e estriado dorsal Mecanismos Glutamatérgicos Uma disfunção em circuitos Glutamatérgicos corticais desencadeiam as disfunções nas vias dopaminérgicas causadoras dos sintomas. Evidências: Os antipsicóticos são eficazes apenas sobre os sintomas positivos Em modelos animais, a hipofunção glutamatérgica produz endofenótipos da esquizofrenia (“comportamentos do tipo esquizofrênico”) Antagonismo Glutamatérgicos induz quadro semelhante aos sintomas positivos, negativos e cognitivos em indivíduos saudáveis e exacerba sintomas em pacientes Via glutamatérgica cortical Via dopaminérgica mesocortical Via dopaminérgica mesolímbica Sintomas negativos Sintomas positivos Fisiopatologia Eventos Adversos Precoce Pré-Natal (complicações na gravidez) Desnutrição Infecção Peri-Natal (complicações no parto) Hipóxia Hemorragia Tardio Estresse Psicossocial Separação Trauma Mecanismos de neurodesenvolvimento A esquizofrenia está relacionada a prejuízos nos processos de desenvolvimento neuronal Evidências: Indivíduos que desenvolveram esquizofrenia possuem maior probabilidade de ter sofrido eventos adversos durante o neurodesenvolvimento Estudos clínicos e de neuroimagem mostram alterações anatomofuncionais em pacientes Fisiopatologia Fármacos Antipsicóticos Evolução do tratamento da esquizofrenia Antipsicóticos Típicos ou de 1ª geração Clorpromazina; Flufenazina; Flupentixol; Haloperidol • Antagonistas Dopaminérgicos D2 • Eficazes apenas contra os sintomas positivos • Muito úteis em eventos agudos • Mais efeitos colaterais, principalmente motores • Via mesolímbica super estimulada • Sintomas positivos DA Antipsicótico de 1ª geração Antagonismo DAminérgico Reduz atividade da via mesolímbica • Via mesolímbica normalizada • Sintomas positivos controlados Sist. LímbicoVTA Melhora dos sintomas positivos • Ajuda a controlar apenas os sintomas positivos • Não atua sobre sintomas negativos nem cognitivos • Pode piorar alguns desses outros sintomas • Possuem efeitos colaterais motores importantes Antipsicótico típico Receptor dopaminpergico D2 Dopamina DA Normal Acinesia Bradicinesia Rigidez Tremor DA parkinsonismo DA tolerância ao parkinsonismo Substância Negra Estriado DA Movimentos Orofaciais Discinesia Tardia Discinesia tardia Desenvolve-se depois de meses ou anos de uso crônico de antipsicóticos; Presente em 20-40% dos pacientes tratados com antipsicóticos de 1ª ger.; Induz movimentos involuntários na face, língua, tronco e extremidades; Intensamente incapacitantes. Efeitos Adversos Muito efeitos adversos, principalmente motores • Parkinsonismo iatrogênico (bloqueio de RD2 no estriado) • Discinesia tardia (Aumento da expressão de RD2 no estriado) • Aumento na produção de prolactina (bloqueio de RD2 na via túbero-infundibular) • Ganho de peso • Efeitos autonômicos Antipsicóticos Típicos ou de 1ª geração Clozapina; Risperidona; Olanzapina; Quetiapina; Amisulprida; Ziprasidona • Atua em outros receptores (Antagonistas dopaminérgicos e serotonérgicos) • Menos efeitos colaterais motores (Antagonismo de receptores de 5-HT2a: Evita efeitos colaterais motores de curto prazo; Rápida dissociação: evita efeitos colaterais motores tardios) • Efeito colateral: Síndrome metabólica Antipsicóticos Atípicos ou de 2ª geração • Via mesolímbica super estimulada • Sintomas positivos DA Antipsicótico de 2ª geração Antagonismo DAminérgico Reduz atividade da via mesolímbica • Via mesolímbica normalizada • Sintomas positivos controlados Clozapina: único com efeito sobre sintomas negativos e indicado para pacientes refratários estriado Antipsicóticos atípicos Antagonismo de receptores de 5-HT2a Evita efeitos colaterais motores de curto prazo Antipsicóticos atípicos Serotonina Receptor 5HT2 Receptor D2 Dopamina Receptor inibitório pré-sináptico Inibe liberação de neurotransmissor Via Nigroestriatal normal: Controle motor normal Bloqueio da via Nigroestriatal: prejuízo motor Parkinsonismo iatrogênico Controle motor normalizado D2 D2 D2 Antipsicóticos Atípicos Rápida dissociação: evita efeitos colaterais motores tardios DA DA DA Discinesia tardia Alternância entre bloqueio e ativação do receptor Evita up-regulation de receptores Efeitos Adversos Menos efeitos adversos que os Antipsicóticos de 1ª geração. • Agranulocitose (clozapina) • Ganho de peso • Problemas cardiovasculares • Diabetes Melitus tipo II • Aumento do colesterol Antipsicóticos Atípicos ou de 2ª geração O paciente precisa fazer um acompanhamento clínico para monitorar parâmetros metabólicos, cardiovasculares e hematológicos. • Nova perspectivano tratamento da Esquizofrenia • Eficácia contra sintomas negativos e positivos • Poucos efeitos adversos • Agonista parcial de receptores D2 e 5HT1A • Antagonista de receptores 5HT2A • Atua em outros receptores Aripiprazol; Ziprazidona Antipsicóticos de 3ª geração Antipsicóticos de 3ª geração são agonistas parciais de receptores dopaminérgicos Dificuldades no tratamento • Muitos pacientes não reconhecem ter a doença • Não é aconselhável confrontar e discutir sobre os delírios e alucinações do paciente • Deve-se buscar estratégias para melhorar a adesão ao tratamento • Os efeitos colaterais são importantes causadores de abandono do tratamento • Não existe cura para a esquizofrenia. O tratamento farmacológico deve ser realizado por toda a vida. • Com um adequado tratamento farmacológico e psicossocial o paciente pode levar uma vida normal, produtiva e independente. O que preciso saber: 1. Quais as funções da via mesolímbica e mesocortical. 2. Quais as disfunções levam aos sintomas positivos e negativos na esquizofrenia. 3. Qual o principal mecanismo de ação dos antipsicóticos. 4. Por que os antipsicóticos atuam melhor nos sintomas positivos. 5. Quais as vantagens e desvantagens dos antipsicóticos de 1ª e 2ª geração. 6. Qual a grande vantagem dos antipsicóticos de 3ª geração. 7. Quais as dificuldades do tratamento da esquizofrenia. Slide 1: Escola de Ciências da Saúde Slide 2: Plano de Aula Slide 3: Transtornos Psicóticos Slide 4: Esquizofrenia Slide 6: Sinais e Sintomas Slide 7: Evolução Slide 8 Slide 9: Fisiopatologia Slide 10 Slide 11: Fisiopatologia Slide 19: Fármacos Antipsicóticos Slide 20: Antipsicóticos Típicos ou de 1ª geração Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24: Antipsicóticos Atípicos ou de 2ª geração Slide 25 Slide 26 Slide 27: Antipsicóticos Atípicos ou de 2ª geração Slide 28: Antipsicóticos de 3ª geração Slide 29 Slide 30 Slide 31: Dificuldades no tratamento Slide 32: O que preciso saber:
Compartilhar