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CardíaCa e ToráCiCa Prof.ª Emmanuella Costa de Azevedo Mello TéCniCas de insTrumenTação CirúrgiCa em Cirurgia VasCular, Indaial – 2022 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof.ª Emmanuella Costa de Azevedo Mello Copyright © UNIASSELVI 2022 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI. Núcleo de Educação a Distância. MELLO, Emmanuella Costa de Azevedo. Técnicas de Instrumentação Cirúrgica em Cirurgia Vascular, Cardíaca e Torácica. Emmanuella Costa de Azevedo Mello. Indaial - SC: Arqué, 2022. 203p. ISBN 978-65-5466-195-9 ISBN Digital 978-65-5466-191-1 “Graduação - EaD”. 1. Procedimento 2. Cirúrgico 3. Equipamentos CDD 617.9 Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Caros estudantes, bem-vindos à disciplina Técnicas de Instrumentação Cirúrgica em Cirurgia Vascular, Cardíaca e Torácica! Neste estudo, aprenderemos que a organização e a funcionalidade de um centro cirúrgico dependem de um bom planejamento físico e de projetos complementares, como elétrico, hidráulico, sanitário, fluido/mecânico, climatização, incêndio e luminotécnico. Na Unidade 1, falaremos do centro cirúrgico no contexto hospitalar, com aspectos do planejamento físico, técnica de degermação das mãos, paramentação, uso de luvas estéreis, limpeza e conservação de materiais cirúrgicos e embalagens, além do preparo e da função do instrumentador cirúrgico. Além disso, compreenderemos a montagem das mesas auxiliares, a disposição da equipe cirúrgica, a antissepsia do campo cirúrgico, a sinalização e o trânsito dos instrumentos cirúrgicos e a dinâmica do conjunto cirúrgico, incluindo a anatomia e a fisiologia do sistema cardiovascular e do sistema respiratório e da musculatura acessória do tórax. Em seguida, na Unidade 2, estudaremos as técnicas de instrumentação cirúrgica em cirurgia cardiovascular, com as patologias que geram esse tipo de cirurgia, como: doenças valvares, aterosclerótica coronariana e congênitas, arritmias, endocardites e urgências cirúrgicas do sistema cardiovascular. Abordaremos as principais cirurgias cardiovasculares, além da montagem de mesa e do posicionamento na sala de cirurgia, com instrumentais cirúrgicos, agulhas e fios de sutura e equipamentos utilizados para o manejo de uma cirurgia cardiovascular. Por fim, na Unidade 3, aprenderemos as técnicas de instrumentação cirúrgica em cirurgia torácica, com as patologias que geram esse tipo de cirurgia, como: enfisema pulmonar, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (dpoc), fibrose e necrose pulmonares, derrame pleural, nódulos e câncer de pulmão e urgências cirúrgicas torácicas. Estudaremos as principais cirurgias torácicas, como lobectomia, pneumonectomia, segmentectomia anatômica, ressecção sublobar, redutora do volume pulmonar, toracotomia, esternotomia, mediastinoscopia, do mediastino e de tumores da parede torácica. Analisaremos a montagem da mesa e o posicionamento na sala de cirurgia, com tipos e porte cirúrgico em uma cirurgia torácica e os instrumentais cirúrgicos, agulhas e fios de sutura e equipamentos utilizados para o manejo de uma cirurgia torácica. Bons estudos! Prof.ª Emmanuella Costa de Azevedo Mello APRESENTAÇÃO GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! Olá, acadêmico! 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Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! QR CODE SUMÁRIO UNIDADE 1 — CENTRO CIRÚRGICO NO CONTEXTO HOSPITALAR ........................1 TÓPICO 1 — PLANEJAMENTO FÍSICO DO CENTRO CIRÚRGICO ........................... 3 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O CENTRO CIRÚRGICO ...............................4 2.1 ÁREAS CRÍTICAS, SEMICRÍTICAS E NÃO CRÍTICAS NO CENTRO CIRÚRGICO ...... 4 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS E DO FLUXO DA UNIDADE DE CENTRO CIRÚRGICO ............................................................................................................................6 3 TÉCNICA DE DEGERMAÇÃO DAS MÃOS, PARAMENTAÇÃO, TÉCNICA DE USO DE LUVAS ESTÉREIS, LIMPEZA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAIS CIRÚRGICOS E EMBALAGENS ............................................................................8 3.1 TÉCNICA DE DEGERMAÇÃO DAS MÃOS ..........................................................................9 3.1.1 Técnica de uso de luvas estéreis ............................................................................12 3.2 LIMPEZA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAIS CIRÚRGICOS E EMBALAGENS ........13 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 15 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 16 TÓPICO2 — PREPARO E FUNÇÃO DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO ............ 19 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 19 2 MESAS CIRÚRGICAS.......................................................................................... 19 2.1 TIPOS DE MESAS CIRÚRGICAS .......................................................................................21 2.2 DISPOSIÇÃO DA EQUIPE CIRÚRGICA .......................................................................... 23 2.3 CAMPO CIRÚRGICO ......................................................................................................... 24 3 DINÂMICA DO CONJUNTO CIRÚRGICO ............................................................25 3.1 SINALIZAÇÃO E TRÂNSITO DOS INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS ............................ 26 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................28 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................30 TÓPICO 3 — ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR E DOS SISTEMA RESPIRATÓRIO E MUSCULATURA ACESSÓRIA DO TÓRAX .........................................................................................33 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................33 2 ANATOMIA E FISIOLOGIA SISTEMA CARDIOVASCULAR .................................34 2.1 MORFOLOGIA EXTERNA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ......................................34 2.1.1 Sistema e regulação ................................................................................................. 36 2.2 MORFOLOGIA INTERNA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ...................................... 36 2.3 GRANDES VASOS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ................................................38 3 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO ................................. 41 3.1 MORFOLOGIA EXTERNA SISTEMA RESPIRATÓRIO .................................................... 42 3.2 MORFOLOGIA INTERNA SISTEMA RESPIRATÓRIO ....................................................43 3.3 MUSCULATURA ACESSÓRIA DO TÓRAX ..................................................................... 47 LEITURA COMPLEMENTAR ..................................................................................49 RESUMO DO TÓPICO 3 .......................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................63 REFERÊNCIAS .......................................................................................................65 UNIDADE 2 — TÉCNICAS DE INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA EM CIRURGIA CARDIOVASCULAR ........................................................................ 67 TÓPICO 1 — PATOLOGIAS QUE GERAM CIRURGIA CARDIOVASCULAR .............69 1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................69 2 DOENÇAS QUE GERAM CIRURGIA CARDIOVASCULAR ...................................69 2.1 DOENÇAS VALVARES ........................................................................................................ 70 2.2 DOENÇA ATEROSCLERÓTICA CORONARIANA ............................................................72 2.3 DOENÇAS CONGÊNITAS ...................................................................................................75 2.4 ARRITMIAS .......................................................................................................................... 78 2.5 ENDOCARDITES .................................................................................................................79 2.6 URGÊNCIAS CIRÚRGICAS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ...................................79 RESUMO DO TÓPICO 1 ..........................................................................................86 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................87 TÓPICO 2 — PRINCIPAIS CIRURGIAS CARDIOVASCULARES .............................89 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................89 2 PRINCIPAIS CIRURGIAS CARDIOVASCULARES ..............................................89 2.1 FECHAMENTO PERCUTÂNEO DE FORAME OVAL PATENTE (FOP) ........................90 2.2 REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO......................................................................... 92 2.3 IMPLANTE TRANSCATETER DE VALVA AÓRTICA ...................................................... 92 2.4 CORREÇÃO ENDOVASCULAR DO ANEURISMA DA AORTA ..................................... 95 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................98 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................99 TÓPICO 3 — MONTAGEM DE MESA E POSICIONAMENTO NA SALA DE CIRURGIA ........................................................................................ 101 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 101 2 INSTRUMENTAIS CIRURGICOS, AGULHAS, FIOS DE SUTURA E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO MANEJO DE CIRURGIA CARDIOVASCULAR ..........................................................................................102 2.1 INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS ..................................................................................... 102 2.2 CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA ................................................................................ 106 2.3 MONTAGEM DA SALA CIRÚRGICA ...............................................................................107 2.4 EQUIPAMENTOS DA SALA CIRÚRGICA ...................................................................... 108 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 110 RESUMO DO TÓPICO 3 .........................................................................................119 AUTOATIVIDADE .................................................................................................120 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 122 UNIDADE 3 — TÉCNICAS DE INSTRUMENTAÇÃO CIRÚRGICA EM CIRURGIA TORÁCICA ................................................................................... 125 TÓPICO 1 — PATOLOGIAS QUE RESULTAM EM CIRURGIA TORÁCICA ............. 127 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 127 2 DOENÇAS RESPIRATÓRIAS QUE CAUSAM ALTERAÇÕES DO TECIDO PULMONAR ...................................................................................................... 127 2.1 FIBROSE E NECROSE PULMONAR ............................................................................... 128 3 DERRAME PLEURAL ........................................................................................ 132 4 DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) ................................. 135 5 NÓDULOS E CÂNCER PULMONAR ..................................................................138 5.1 TUMORES DA PAREDE TORÁCICA ............................................................................... 142 6 URGÊNCIAS CIRÚRGICAS TORÁCICAS ..........................................................143 6.1 DRENAGEM DE TÓRAX ................................................................................................... 146 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................150 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................151 TÓPICO 2 — PRINCIPAIS CIRURGIAS TORÁCICAS ........................................... 153 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................153 2 PROCEDIMENTO CIRÚRGICOS E INVASIVOS UTILIZADOS EM DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA DAS PATOLOGIAS TORÁCICAS ................. 153 2.1 BRONCOSCOPIA ............................................................................................................... 153 2.2 MEDIASTINOSCOPIA........................................................................................................157 2.2.1 Cirurgia do mediastino .......................................................................................... 159 3 TORACOTOMIA E ESTERNOTOMIA ................................................................. 159 3.1 CIRURGIA TORÁCICA VIDEOASSISTIDA (CTVA) ........................................................ 162 3.2 CIRURGIA COM AUXÍLIO DA ROBÓTICA ..................................................................... 164 4 PNEUMONECTOMIA E LOBECTOMIA ............................................................. 165 5 SEGMENTECTOMIA ANATÔMICA E RESSECÇÃO SUBLOBAR ...................... 167 6 CIRURGIA REDUTORA DO VOLUME PULMONAR............................................ 169 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 172 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 173 TÓPICO 3 — MONTAGEM DA MESA E POSICIONAMENTO NA SALA DE CIRURGIA TORÁCICA ..................................................................... 175 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 175 2 TIPOS E PORTE CIRÚRGICO EM CIRURGIA TORÁCICA.................................. 175 2.1 POSIÇÃO DO PACIENTE DURANTE A CIRURGIA TORÁCICA ................................... 177 3 INSTRUMENTAIS CIRÚRGICOS, AGULHAS E FIOS DE SUTURA E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO MANEJO DE CIRURGIA TORÁCICA ............ 178 3.1 CAMPOS CIRÚRGICOS UTILIZADOS EM PROCEDIMENTOS NO TÓRAX ...............178 3.2 INSTRUMENTAÇÃO GERAL PARA CIRURGIA TORÁCICA ........................................ 181 3.3 MATERIAIS UTILIZADOS COM MAIS FREQUÊNCIA NAS CIRURGIAS TORÁCICAS ...................................................................................................................... 185 3.3.1 Instrumentação endoscópica .............................................................................187 3.4 AGULHAS E FIOS DE SUTURA NOS PROCEDIMENTOS .........................................187 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................189 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 193 AUTOATIVIDADE .................................................................................................194 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 197 1 UNIDADE 1 — CENTRO CIRÚRGICO NO CONTEXTO HOSPITALAR OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer o planejamento físico de um centro cirúrgico; • aplicar, corretamente, as técnicas de esterilização, assepsia e antissepsia para o preparo de um ambiente cirúrgico; • compreender os tipos e os portes cirúrgicos; • identificar posições cirúrgicas relacionadas a cada tipo de cirurgia; • reconhecer o tipo de cirurgia pela terminologia cirúrgica. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – PLANEJAMENTO FÍSICO DO CENTRO CIRÚRGICO TÓPICO 2 – PREPARO E FUNÇÃO DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO TÓPICO 3 – ANATOMIA E FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR E DO SISTEMA RESPIRATÓRIO E MUSCULATURA ACESSÓRIA DO TÓRAX Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 PLANEJAMENTO FÍSICO DO CENTRO CIRÚRGICO TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O Centro Cirúrgico (CC) é uma unidade hospitalar na qual são executados procedimentos anestésico-cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, tanto em caráter eletivo quanto emergencial. Esse ambiente, marcadamente, de intervenções invasivas e de recursos materiais com altas precisão e eficácia, requer profissionais habilitados para contemplar diferentes necessidades do usuário diante da elevada densidade tecnológica e da variedade de situações que conferem uma dinâmica peculiar de assistência à saúde (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). A organização e a funcionalidade de um CC dependem de um bom planejamento físico e dos projetos complementares, como elétrico, hidráulico, sanitário, fluido/ mecânico, climatização, incêndio e luminotécnico. Para Nunes (2003), é necessário que os materiais de construção sejam de boa qualidade para suportar a higienização e o desgaste do tempo, visto que, qualquer forma, em um centro cirúrgico, demanda tempo, o que ocasiona, diretamente, a suspenção de cirurgias. De acordo com a legislação brasileira, a distribuição da capacidade do CC é baseada na quantidade de leitos que o hospital disponibiliza, assim, é feito um cálculo proporcional de leitos cirúrgicos e da sala de operação. Determina-se que é preciso uma sala de operação a cada 50 leitos não especializados, ou 15 leitos cirúrgicos. Para o dimensionamento ideal, deve-se levar em consideração alguns aspectos, como: horário de funcionamento do CC, especialidade cirúrgica (cardiologia, neurocirurgia, ortopedia etc.), duração média da cirurgia, número de cirurgias por dia, hospital-escola, e quantidades de artigos médicos e instrumentais cirúrgicos disponíveis (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). Acadêmico, no Tópico 1, abordaremos as considerações gerais de um centro cirúrgico; as áreas críticas, semicríticas e não críticas; as classificações das áreas e do fluxo da unidade de centro cirúrgico; a técnica de degermação das mãos; a paramentação; a técnica de uso de luvas estéreis; e a limpeza e a conservação de materiais cirúrgicos e embalagens. 4 2 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE O CENTRO CIRÚRGICO O Centro Cirúrgico (CC) é o local destinado à realização de procedimentos anestésicos cirúrgicos e recuperações pós-anestésica e operatória imediatas. Tem, como objetivo primordial, a assistência, de forma integral, a pacientes que são submetidos a procedimentos cirúrgicos (ROSA, 2009; POSSARI, 2004). Para Marques (2005), a história da cirurgia, ainda, não é bem compreendida, pois existem lacunas que não foram preenchidas. O que se sabe é que, originalmente, era empírica, e quem a praticava eram os indivíduos que se compadeciam dos doentes. Entretanto, hoje, envolve a interdisciplinaridade, o que auxilia a construção de novos saberes e o sucesso da cirurgia. Na antiguidade, os primeiros CC tinham, como finalidade, apenas, a facilitação do trabalho da equipe médica. Somente, na modernidade, começou-se a utilização de salas cirúrgicas e das demais áreas do CC (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). Além da atividade cirúrgica, o CC, também, tem, como responsabilidades, o processamento e a esterilização dos materiais que são utilizados em um ato cirúrgico. Coutinho e Lopes (2014) afirmam que a criação da Central de Material e Esterilização (CME) surgiu devido ao desenvolvimento de técnicas cirúrgicas e de materiais utilizados em atos. Assim, a CME é um local destinado ao preparo, esterilização, armazenamento e distribuição dos materiais para abastecer o CC. 2.1 ÁREAS CRÍTICAS, SEMICRÍTICAS E NÃO CRÍTICAS NO CENTRO CIRÚRGICO O CC é uma unidade que tem grande destaque dentro do contexto hospitalar, devido às finalidades e à complexidade da assistência prestada ao paciente (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). Ele possui características e elementos especializados, o que determina a funcionalidade dele, para isso, éuma das unidades hospitalares com o maior número de regras e restrições, como local de circulação e postura dos profissionais. Sabe-se que o não cumprimento das regras e das restrições pode levar à incidência de erros e danos severos para os pacientes, ou, até mesmo, para o profissional que está exercendo a atividade em questão (COUTINHO; LOPES, 2014). A literatura aponta que o CC é o local hospitalar mais asséptico possível, para isso, a utilização das regras e das restrições é necessária para se evitarem contaminações e danos aos pacientes. As atividades referentes ao CC vão além do ato cirúrgico em si, envolvem procedimentos diagnósticos; estéticos; cirúrgicos, como tratamento primário ou paliativo; e qualquer procedimento que necessite de um ambiente estéril (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). 5 Os setores do CC abarcam um conjunto de áreas que são interdependentes, que seguem a legislação vigente. Os profissionais que atuam nessa área têm, como responsabilidades, o acompanhamento, o tratamento, o estabelecimento da recuperação do paciente após um procedimento anestésico cirúrgico, com a avaliação da condição física e dos reflexos neurológicos e motores dele (COUTINHO; LOPES, 2014). Por ser um ambiente no qual existe um maior risco de transmissão de infecções, devido aos tipos de procedimentos realizados, o CC é dividido em áreas específicas, sendo uma área isolada da circulação geral, que deve possuir acesso de forma facilitada e rápida a setores, como emergências e unidade de terapia intensiva. É preciso a utilização de técnicas assépticas, com o objetivo de controlar o ambiente e, consequentemente, diminuir o risco de contaminações (ARRUDA, 2020; BRUNNER; SUDDARTH, 2020). A associação internacional de enfermeiros perioperatória recomenda que o CC seja dividido em três áreas: área irrestrita ou não restrita; que diz respeito à área de circulação geral; semirrestrita, que necessita da utilização de uma roupa privativa; e restrita, que se refere à sala cirúrgica, que é um ambiente estéril. Figura 1 – Profissional paramentado Fonte: http://twixar.me/QtMm. Acesso em: 24 abr. 2021. A utilização de roupas privativas, no CC, é uma ferramenta importante, tendo em vista que diminui as formas de contaminação do ambiente e possíveis infecções das cirurgias. 6 2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS E DO FLUXO DA UNIDADE DE CENTRO CIRÚRGICO A forma organizacional do CC é considerada um sistema complexo, que reconhece a interação entre as pessoas e a tecnologia. Ela é composta por metas e valores, que abordam desde a filosofia da instituição até a parte estrutural, como divisão de tarefas, hierarquias, fluxogramas, normas e rotinas, assim como regulamentos e regimentos. A parte psicossocial está, diretamente, relacionada às interações, aspirações, expectativas e opiniões (ARRUDA, 2020). Afirma-se que, para que o CC funcione de forma correta e consiga alcançar metas, é de suma importância que haja uma integração entre a unidade e todos os serviços que dão suporte, como laboratórios, radiologia, banco de sangue, farmácia, transporte, fornecedores, manutenção etc. Vale ressaltar que o CC corresponde à área do ambiente cirúrgico na qual um ato cirúrgico é, efetivamente, realizado, e o planejamento físico da unidade deve ser feito por toda a equipe: arquitetos, engenheiros, enfermeiros, médicos e administradores. ATENÇÃO Os conceitos e as definições referentes às normas e às instalações em unidades de saúde estão definidos na portaria do Ministério da Saúde n. 30/1977, que afirma que o CC é um conjunto de elementos que são destinados para procedimentos cirúrgicos e para a recuperação anestésica. Já a portaria n. 400/1983, revogada pela portaria n. 1884/1994, e que, posteriormente, foi substituída pela Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) n. 50/2002, amplia os conceitos de CC ao trazer, além do procedimento cirúrgico e da recuperação anestésica, o pós-operatório imediato (ALMEIDA, 2020). O CC tem dependências para funcionar de maneira interligada, ao permitir que os procedimentos sejam realizados de forma segura e asséptica. As dependências são: corredores internos, depósito de materiais, vestiários, área para escovação, depósito de equipamentos, laboratório para anatomia e radiologia, recepção, copa e salas de espera e de apoio (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). Coutinho e Lopes (2014) afirmam que o fluxo ordenado e adequado, no CC, auxilia na contenção e na diminuição de riscos de contaminação. Arruda (2020) afirma que áreas, como pisos, paredes e superfícies fixas, não apresentam riscos significativos para a transmissão de infecções, mas, se, após a limpeza, essas áreas permanecem úmidas, frias, ou, até mesmo, molhadas, podem facilitar a proliferação de microrganismos. 7 A RDC n. 307 contém algumas recomendações referentes aos espaços físicos das salas cirúrgicas. As recomendações quanto aos tamanhos das salas são classificadas, como: pequenas (20 m2), médias (25 m2) e grandes (36 m2). Os pisos e os tetos revestidos de material liso; as paredes com os cantos arredondados; as portas com visor de vidro ou de plástico; os corredores com largura mínima de 2 m; os ralos proibidos em ambientes nos quais os pacientes são operados; e lavabos cirúrgicos com torneiras com comando para o fechamento da água. Já os acabamentos dos pisos, teto e paredes devem ser resistentes às lavagens (ARRUDA, 2020). Figura 2 – Sala operatória Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sala_operatoria.JPG. Acesso em: 24 abr. 2021. O cuidado, ao escolher os materiais utilizados no CC, deve ser a proporcionar uma superfície monolítica, ou seja, com um menor número possível de rachaduras ou frestas, o que nos lembra de que materiais, como PVC, poliuretano e tintas à base de epóxi, podem ser utilizados, desde que sejam resistentes a lavagens. Vejamos a seguir uma lista: • Piso: deve ser de uma cor que facilite a limpeza; de material resistente ao calor, ao impacto, à umidade e a soluções corrosivas; não poroso; e sem rejuntes absorvíveis. Não pode ultrapassar 4% de absorção, por exemplo, cimento sem qualquer aditivo antiabsorvente. Deve ter uma boa condutibilidade elétrica (eletricidade estática – aterramento) e não refletir luz. • Rodapé: a junção entre piso, parede e rodapé deve permitir a total limpeza do canto formado (arredondamento acentuado e de difícil execução, e, nem sempre, facilita a limpeza). Deve estar alinhado de modo a não ter ressaltos entre o rodapé e a parede, a fim de evitar, assim, o acúmulo de sujeira em um local de difícil limpeza. • Paredes: devem ser lisas, planas e sem saliências; de material durável e lavável; resistentes à umidade e a produtos desinfetantes, com uma cor que diminua a reverberação luminosa. • Tubulação: não pode ser aparente; embutida é o correto. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Sala_operatoria.JPG 8 • Forro: proibido forro falso removível; deve ser lavável, acústico (para diminuir ruídos), contínuo e com placas fixas. • Portas, janelas e iluminação: material lavável, durável e de boa qualidade, resistente e não poroso. • Portas: preferencialmente, de correr, ou do tipo vaivém, com visor, sem maçanetas, ou com maçanetas do tipo alavanca ou similares. • Janelas e iluminação: janelas lacradas, com sistema de persiana embutido entre vidros ou similares. Iluminação por meio de lâmpadas fluorescentes e foco cirúrgico (nas salas de operação). Salas de apoio podem contar com uma iluminação externa, através de janelas (lacradas). 3 TÉCNICA DE DEGERMAÇÃO DAS MÃOS, PARAMENTAÇÃO, TÉCNICA DE USO DE LUVAS ESTÉREIS, LIMPEZA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAIS CIRÚRGICOS E EMBALAGENS O ambiente cirúrgico possui uma aparência rude e de temperatura fria. Nesse local, os profissionais utilizam a paramentação setorial (uniforme privativo), de maneira que possam circular dentro dessa área. Esses profissionais, pela atuaçãocirúrgica em um campo operatório, devem adotar medidas de precauções, com a utilização da paramentação cirúrgica, a fim de seguir todas as técnicas assépticas e evitar, dessa forma, a contaminação de todo o material estéril (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). No centro cirúrgico, a paramentação é dividida em setorial e cirúrgica. A setorial consiste em roupas padronizadas para os profissionais do setor, o que pode se caracterizar como fardamento. As vestimentas são conhecidas como jaleco (camisa e calça), geralmente, confeccionado de tecido de algodão ou de brim, com uso privativo no centro cirúrgico. Os macacões podem ser utilizados também, conforme estabelecido pelo setor (COUTINHO; LOPES, 2014). À paramentação setorial, são acrescidos máscara; gorro, ou touca; e propés (revestimento de sapatos descartável). Esse último possui caráter opcional, e, em alguns serviços, a opção é por sapatos fechados de borracha, com uso exclusivo para centro cirúrgico (ARRUDA, 2020). Considera-se paramentação cirúrgica a etapa executada pelos componentes da equipe operatória, com a utilização das técnicas assépticas na degermação (escovação), na secagem das mãos com compressa (estéril), no vestir o capote, no calçar as luvas (cirúrgicas) e no descalçar as luvas ao fim (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). 9 Independentemente da paramentação setorial ou cirúrgica torna-se necessário a troca da vestimenta por parte da equipe de saúde que atua no CC, pelas roupas padronizadas utilizadas nesse setor. Dessa forma, as barreiras contra a invasão de micro-organismos nos locais cirúrgicos estarão asseguradas bem como a proteção dos profissionais contra a exposição de sangue, fluídos ou tecidos orgânicos presentes nos procedimentos cirúrgicos (ARRUDA, 2020). 3.1 TÉCNICA DE DEGERMAÇÃO DAS MÃOS A degermação é considerada a primeira técnica utilizada pela equipe cirúrgica que estará em contato direto com o ato operatório. Ela tem a finalidade de remover o maior número possível de micro-organismos transitórios patogênicos ou não da pele, sendo o principal fator a redução da flora bacteriana da pele (ARRUDA, 2020). Do ponto de vista da flora bacteriana, a mão é a área mais nobre durante o ato cirúrgico, nela é encontrada dois tipos de flora bacteriana: a flora bacteriana transitória e flora bacteriana residente. A primeira é constituída por micro-organismos localizados nas unhas, região subungueal, dobras da pele, espaço interdigitais. Essa flora é de fácil remoção e são geralmente patogênicas. A remoção ocorre com a lavagem básica das mãos (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). Já na flora bacteriana residente, os microrganismos encontram-se alojados nas regiões mais profundas da pele, glândulas sebáceas e folículos pilosos. Elas são difíceis de serem removidas e, geralmente, formada por microrganismos não patogênicos. A remoção de parte desse tipo de flora ocorre com a utilização de antisséptico associado ao uso de escova (COUTINHO; LOPES, 2014). Tanto a flora bacteriana transitória quanto a residente são submetidas ao processo de degermação (escovação). O processo consiste na utilização de uma escova dupla face, a qual de um lado encontram-se as cerdas e do lado oposto as esponjas. As escovas poderão vir em embalagem contendo o produto químico antisséptico, que deverá entrar em contato com as mãos, antebraços e cotovelos para a realização da fricção durante a degermação. Na concepção dos autores a degermação é a primeira etapa da paramentação cirúrgica, seguida da secagem, do vestir capote e de calçar luvas e ao final do procedimento cirúrgico descalçar as luvas. Vejamos o seguinte passo a passo da técnica de degermação: • abrir a torneira e realizar uma lavagem básica das mãos, antebraços e cotovelos com antisséptico degermante adotado pelo serviço de centro cirúrgico; • abrir, cuidadosamente, a embalagem do pacote de escovas e retirar uma escova, atentar para não tocar com a escova na torneira, sensores, paredes do lavabo ou similares, deve-se segurar a escova em uma das extremidades; • molhar as cerdas com antisséptico, caso a escova não venha com o produto químico; 10 • elencar uma das mãos e iniciar a degermação (escovação) pelas pontas dos dedos (unhas juntas) no sentido de vai e vem, admite-se escovar primeiramente a mão de maior domínio; • sequenciar a degermação espalmando a mão escolhida, colocando-a o mais vertical possível na altura do seu queixo; iniciar a escovação pela face ventral da mão, pelo dedo mínimo e em cada espaço interdigitais, sequenciando os demais dedos; • degermar a face dorsal da mão seguindo a mesma sequência estabelecida para a degermação da face ventral da mão, citada anteriormente; • friccionar a esponja da escova em todo o antebraço porção anteroposterior e de forma circular ou helicoidal, considerando no processo as dobras ungueais do cotovelo (pregas do cotovelo); • passar a escova para a outra mão e realizar o procedimento da mesma forma utilizada no primeiro membro; • desprezar a escova dentro do lavabo, na mesma altura que ocorreu a degermação, permanecendo com as mãos erguidas ao nível da cintura, para evitar respingos nas áreas degermadas; • proceder ao enxágue de cada membro, iniciando pelas mãos, depois o antebraço e cotovelos, as mãos deverão estar em forma de concha; • fechar a torneira do lavabo com o cotovelo, em caso de sensores utilizá-los, sem tocar as mãos nesse equipamento, por fim, aplicar por mais uma vez, de forma opcional, a solução degermante nas mãos, antebraços e cotovelos, pois os poros foram dilatados e a solução química (antisséptico) atuará nesse local; • manter os antebraços afastados dos braços e as mãos fechadas, distanciar esses membros da paramentação setorial (farda do centro cirúrgico), pois essa encontra- se contaminada, os cotovelos deverão permanecer ao nível da cintura após a degermação; • entrar de costas na sala de cirurgia para evitar contaminação, caso ocorra algum tipo de contato acidental com qualquer profissional que encontrar-se saindo da sala. Antes de proceder com a técnica de degermação, o componente da equipe cirúrgica deve ter alguns cuidados, como: remover joias; manter unhas curtas; limpas e sem esmalte, e a máscara no rosto devidamente posicionada. Iniciar com a lavagem básica das mãos para só depois iniciar a degermação em um lavabo de aço inoxidável (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). Após a chegada do componente cirúrgico na sala de cirurgia, (já degermado), este se encaminha para efetuar a secagem por meio de compressa posicionada dentro do capote existente na mesa de campos cirúrgicos, luvas cirúrgicas e capotes (COUTINHO; LOPES, 2014). 11 Figura 3 – Passo a passo da antissepsia pré-operatória das mãos Fonte: https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/cartaz_sepsia.pdf. Acesso em: 24 abr. 2021. Os capotes devem estar acondicionados em pacotes estéreis e dispostos em mesa específica dentro da sala de cirurgia para que o cirurgião e sua equipe possam se paramentar. Devem ser disponibilizados em vários tamanhos, de acordo com os manequins dos usuários, devem começar na área final do pescoço, cobrir completamente o tronco, membros superiores até o punho e membros inferiores até abaixo dos joelhos com livre movimentação (COUTINHO; LOPES, 2014). Os punhos do capote devem ser de tecido elástico, com o objetivo de comprimir suavemente toda a circunferência do punho do profissional e ainda conter pequena argola de tecido de forma que o polegar fique retido no capote, inviabilizando a subida da manga e exposição do antebraço, esse artifício evita a contaminação dos braços, se desnudos (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). Existem ainda capotes descartáveis, porém o uso ainda não é indicado para procedimentos cirúrgicos prolongados em consequência da porosidade do tecido. Tecidos de brim ou algodão são os preferidos, pois dificultam a passagem de sangue, secreções e/ou fluidos. Esses tecidos são mais quentes e causam desconfortona equipe cirúrgica. https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/cartaz_sepsia.pdf 12 3.1.1 Técnica de uso de luvas estéreis Para calçar as luvas cirúrgicas, deve-se respeitar a técnica correta, evitando dessa forma a contaminação durante o procedimento. As luvas promovem uma barreira para a contaminação e devem ser calçadas logo após vestir o capote. Vejamos o seguinte passo a passo da técnica para calçar luvas: • abrir o envelope sempre na mesa dos capotes e campos, excluir a possibilidade de calçar as luvas na mesa do instrumentador; • posicionar o envelope das luvas com os punhos voltados para o componente cirúrgico que está se calçando; • manter a posição das mãos de forma a anatômica, ou seja, os polegares deverão se posicionar para fora, e as mãos deverão se encontrar espalmadas; • abrir o envelope pegando nas extremidades que se encontram dobradas, sem tocar na porção externa do envelope, objetivando evitar a contaminação; • retirar uma das luvas do envelope com a mão contrária a que irá calçar, deve- se segurar a luva pelo punho dobrado na margem de segurança; • inserir a mão a ser calçada em posição anatômica (polegar para fora), inserindo os dedos nos espaços correspondentes, após os dedos se posicionarem, soltar as luvas e deixar o punho dobrado; • calçar a luva da mão oposta, com auxílio da mão enluvada, pegando por dentro do punho dobrado da luva a ser calçada, tocando-a apenas pelo lado de dentro do punho e mantendo a dobra do punho da luva a ser calçada; • retirar a luva do envelope, colocando a mão a ser calçada, devendo inserir os dedos nos espaços correspondentes, observar para não tocar a mão enluvada na mão desnuda; • calçar a luva com auxílio da mão esquerda, puxando até cobrir o punho da manga do capote, cobrir o punho da mão oposta da mesma forma, o punho do capote deverá se manter coberto com a luva durante todo o procedimento cirúrgico; • manter as mãos enluvadas para o alto, cotovelos acima do nível da cintura, com os dedos entrelaçados até o início da cirurgia ou naqueles momentos que o instrumentador estiver em parada da entrega dos instrumentos. A retirada das luvas acontece após o término da cirurgia ou se é contaminada durante o ato cirúrgico, requerendo, nesse caso, a substituição. Passo a passo da técnica para descalçar as luvas: retirar a primeira luva com a mão dominante pegando a face externa da luva da mão oposta; Retirar a luva da outra mão, com a mão dominante já desenluvada, pegando pela porção interna sem, contudo, tocar a mão desenluvada na área externa da luva, deslocar puxando a luva pela porção externa; Retirar a segunda luva colocando a mão desenluvada por dentro (na porção interna). NOTA 13 3.2 LIMPEZA E CONSERVAÇÃO DE MATERIAIS CIRÚRGICOS E EMBALAGENS Sendo a primeira etapa nos processos de desinfecção e esterilização, o processo de limpeza é crucial, pois reduz consideravelmente a carga microbiana de artigos, equipamentos, superfícies etc. Dependendo do material, é nesta etapa que são extraídos os contaminantes orgânicos como fluídos biológicos (sangue e endotoxinas) e resíduos inorgânicos. A limpeza e a esterilização do material cirúrgico devem ser realizadas antes de qualquer procedimento cirúrgico, inclusive, os instrumentais novos seguem o mesmo padrão de limpeza e esterilização. Os instrumentais cirúrgicos devem ser utilizados apenas para seu fim, pois a utilização dos instrumentais para outros fins pode causar diminuição da vida útil do instrumento, como também fraturas e deformações (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). Coutinho e Lopes (2014) explicam que é necessário que após a cirurgia remover toda sujidade, resíduos de sangue, secreção, tecido ou ossos, não se pode deixar os instrumentais secar sobre a superfície. Para os instrumentos que são compostos de várias peças é importante que sejam feitos os desmontes, retirando toda a sujidade, sempre utilizando produtos adequados e seguindo as orientações do fabricante. Na manipulação para limpeza e esterilização dos instrumentais cirúrgicos é preciso utilizar os equipamentos de proteção individual para evitar acidentes e contaminação do profissional. Dentre outras coisas, a padronização dos procedimentos de limpeza e a desinfecção dos instrumentos visam garantir maior durabilidade. Em consonância com esse objetivo, são desenvolvidas orientações sobre cuidados e procedimentos para os profissionais envolvidos no reprocessamento e uso de instrumentos cirúrgicos (ARRUDA, 2020). É necessário a implantação de um programa de educação permanente em saúde para assegurar o correto manuseio dos artigos. O principal intuito é a segurança do paciente, abrangendo todos os profissionais que atuam na área e buscando mudanças no fluxo de trabalho por meio do reconhecimento, participação, compartilhamento e aplicação do conhecimento científico na prática profissional, como fator essencial no reconhecimento e valorização dos profissionais e no combate à infecção. IMPORTANTE 14 A limpeza consiste em mergulhar em uma solução detergente em água quente imediatamente após o instrumento não estar mais em uso. O limpador deve ser usado na concentração e tempo especificados pelo fabricante. A temperatura da água deve ser mantida entre 35°C e 45°C, pois acima desta temperatura as enzimas dos detergentes podem não funcionar de forma adequada. O processo tem como principal objetivo a remoção dos resíduos orgânico ou químicos que ficam nos instrumentais (BRUNNER; SUDDARTH, 2020). Arruda (2020) afirma, que apesar do método de limpeza utilizado, ele precisa ser iniciado o mais rápido possível, pois o passar do tempo pode dificultar a remoção da sujidade que se encontra no instrumental. Em seguida, a limpeza completa dos instrumentos, seja por lavagem manual, seja por ultrassônica, deve-se realizar uma lavagem para remover completamente qualquer resíduo de espuma. Para uma melhor limpeza dos referidos instrumentos, estes devem ser abertos e fechados várias vezes durante esse processo. Recomenda- se usar água DDD a uma temperatura de 40ºC a 60ºC para facilitar a secagem. Com a finalização do enxágue dos instrumentais, estes devem ser totalmente secos com um tecido macio, absorvente e de algodão, ou um jato de ar comprimido, evitando assim que os instrumentais sequem naturalmente (COUTINHO; LOPES, 2014). Ao finalizar a limpeza de todo o material, é necessário fazer uma avaliação de cada peça, avaliando presença de sujidade, materiais danificados, com vestígios de corrosão. Esses materiais, que apresentarem algum dos pontos mencionados, precisam retornar para o processo de limpeza novamente, ou para conserto ou assistência técnica recomendada pelo fabricante. Quando os materiais ainda têm condições ideais de uso são submetidos a um processo de revitalização. No processo de revitalização e lubrificação é utilizado um produto neutro, solúvel em água, que atua formando uma película protetora na superfície dos metais, que evita danos e evita o aparecimento de pontos de oxidação sobre eles. Deve ser atóxico e permeável ao vapor, portanto não há necessidade de removê-lo antes do processo de esterilização. O uso de vaselina não é recomendado, pois cria uma fina camada na superfície do metal, na qual os esporos podem resistir à esterilização. Após o processo de renovação, os instrumentos são enviados para embalagem e esterilização (BRUNNER; SUDDATH, 2020). 15 Neste tópico, você aprendeu: • O Centro Cirúrgico (CC) é uma unidade hospitalar onde são executados procedimentos anestésico-cirúrgicos, diagnósticos e terapêuticos, tanto em caráter eletivo quanto emergencial. • De acordo com as recomendações da Association of Operative Registered Nurses (AORN), é importante que existam três áreas devidamente designadas dentro do centro cirúrgico: área irrestrita ou não restrita, área semirrestrita e área restrita. • Sistema organizacional do Centro Cirúrgico com base em uma concepçãosistêmica pode ser considerado um sistema sociotécnico-estruturado, composto por cinco subsistemas: metas e valores, tecnológico, estrutural, psicossocial e administrativo. • A Portaria Ministerial n. 30, de 1977, aprova conceitos e definições referentes a normas de instalações em unidades de saúde e afirma que a unidade de centro cirúrgico e um conjunto de elementos que se destinam a atividades cirúrgicas e de recuperação anestésica. • O fluxo de circulação adequado ajuda a conter e diminuir os riscos de contaminação, que podem ser ocasionados por materiais já utilizados, dejetos de pacientes, instrumentais cirúrgicos (tanto os sujos quanto os limpos), trânsito de pessoas devidamente paramentadas etc. • No centro cirúrgico, a paramentação é dividida em: paramentação setorial e paramentação cirúrgica. • A degermação é considerada a primeira técnica utilizada pela equipe cirúrgica que estará em contato direto com o ato operatório, ela tem por finalidade remover o maior número possível de micro-organismos transitórios patogênicos ou não da pele, tendo como principal fator a redução da flora bacteriana da pele. • Sendo a primeira etapa nos processos de desinfecção e esterilização, o processo de limpeza é crucial, pois reduz consideravelmente a carga microbiana de artigos, equipamentos, superfícies etc.; dependendo do material, é nesta etapa que são extraídos os contaminantes orgânicos como fluídos biológicos (sangue e endotoxinas) e resíduos inorgânicos. RESUMO DO TÓPICO 1 16 1 O Centro Cirúrgico (C.C.) pode ser considerado uma das unidades mais complexas do hospital pela sua especialidade, presença constante de estresse e a possibilidade de risco à saúde aos quais os pacientes estão sujeitos ao serem submetidos à intervenção cirúrgica e à recuperação anestésica. É considerado local de grande necessidade de organização complexa devido às suas características e assistência especializadas. Portanto, o CC é constituído de um conjunto de áreas e instalações que permite efetuar a cirurgia nas melhores condições de segurança para o paciente e de conforto para equipe que o assiste. Entre as finalidades do CC, podemos citar: a) ( ) Realizar procedimentos cirúrgicos e devolver os pacientes as suas unidades de origem nas melhores condições possíveis de integridade; servir de campo de estágio para formação, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos; servir de local para desenvolver programas e projetos de pesquisa voltados para o desenvolvimento científico e, especialmente, para o aprimoramento de novas técnicas cirúrgicas e assépticas; realizar procedimentos a pacientes não cirúrgicos que necessitam utilizar suas dependências em função de sua aparelhagem. b) ( ) Realizar procedimentos cirúrgicos e devolver os pacientes as suas unidades de origem nas melhores condições possíveis de integridade; prestar assistência integral ao paciente desde a sua internação até a alta, prestando cuidados clínicos e acompanhamento de doenças crônicas no ambulatório; realizar procedimentos a pacientes não cirúrgicos que necessitam utilizar suas dependências em função de sua aparelhagem. c) ( ) Realizar procedimentos cirúrgicos e devolver os pacientes as suas unidades de origem nas melhores condições possíveis de integridade; prestar assistência integral ao paciente desde a sua internação até a alta, prestando cuidados clínicos e acompanhamento de doenças crônicas no ambulatório; desenvolver programas e projetos de pesquisa. d) ( ) origem nas melhores condições possíveis de integridade; prestar a assistência de enfermagem ambulatorial. 2 Considerando as recomendações para a área física de uma unidade de Centro Cirúrgico - CC, analise as afirmativas a seguir: I- No CC deve haver áreas restritas com limites na circulação de pessoal e uso de uniformes privativos completos. II- Não existem áreas não-restritas, com circulação livre de pessoal em uma unidade de CC. III- São exemplos de áreas semi restritas: o expurgo, secretaria, copa entre outras. AUTOATIVIDADE 17 IV- A sala cirúrgica de grande porte é geralmente destinada às cirurgias cardíacas, ortopédicas e neurológicas. V- As paredes de um centro cirúrgico devem ser laváveis, de cor clara, com cantos arredondados. Estão CORRETAS as afirmativas: a) ( ) I, II, III e V, apenas. b) ( ) I, II e IV, apenas. c) ( ) I, II e III, apenas. d) ( ) I, III, IV e V, apenas. 3 A antissepsia cirúrgica das mãos é um procedimento realizado no ambiente cirúrgico a fim de evitar Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC), eliminando a microbiota transitória e reduzindo a microbiota residente das mãos e braços dos profissionais que participam da cirurgia. De acordo com as recomendações da ANVISA, assinale a alternativa CORRETA sobre a técnica de antissepsia cirúrgica das mãos: a) ( ) Deve ser realizada, exclusivamente, com o antisséptico degermante de Clorexidina 2%. b) ( ) A técnica de antissepsia cirúrgica envolve dedos, palma e dorso das mãos, unhas, punhos, antebraços, cotovelos, braços e ombros c) ( ) O tempo do procedimento deve ser de três a cinco minutos para a primeira cirurgia do dia, e de dois a três minutos para as cirurgias subsequentes, se realizadas dentro de uma hora após a primeira fricção. d) ( ) O enxágue deve ocorrer no sentido proximal-distal, iniciando nos braços e finalizando nas mãos. 4 A antissepsia cirúrgica das mãos é um procedimento realizado no ambiente cirúrgico a fim de evitar Infecção do Sítio Cirúrgico (ISC), eliminando a microbiota transitória e reduzindo a microbiota residente das mãos e braços dos profissionais que participam da cirurgia. De acordo com as recomendações da ANVISA, descreva a técnica de antissepsia cirúrgica das mãos. 5 Considerando a circulação de pessoal e equipamentos, com vistas a prevenir a infecção e propiciar conforto e segurança ao paciente e equipe cirúrgica, classifica- se a unidade de centro cirúrgico em relação à estrutura física e dinâmica de funcionamento da unidade em áreas. Quais são as áreas? 18 19 PREPARO E FUNÇÃO DO INSTRUMENTADOR CIRÚRGICO UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO É importante que o cirurgião conheça de forma integral a anatomia e a fisiologia da região que será realizada o procedimento cirúrgico, assim como todas as manobras, instrumentais que serão utilizados, e as possíveis intercorrências. Para o sucesso da cirurgia é necessário fazer manobras manuais ou instrumentais, denominadas técnicas cirúrgicas, além de envolver os cuidados com a esterilização do material, a harmonia da equipe cirúrgica e a prevenção de infecção do sítio cirúrgico (MARQUES, 2005). As técnicas cirúrgicas são divididas em duas partes: fundamentais e especiais. As fundamentais também podem ser chamadas de básicas ou gerais, envolvem o estudo físico do ambiente cirúrgico, cuidados contra a infecção hospitalar, os instrumentos e seu manuseio, manobras cirúrgicas básicas. Já as especiais, que também podem ser chamadas de especializadas, envolvem a ordenação das manobras executadas para o tratamento operatório, com particular atenção aos tempos da cirurgia. Acadêmico, no Tópico 2, abordaremos a montagem das mesas cirúrgicas, os tipos de mesas cirúrgicas, a disposição da equipe cirúrgica e os campos cirúrgicos, assim como a dinâmica do conjunto cirúrgico, sinalização e trânsito dos instrumentais cirúrgicos. 2 MESAS CIRÚRGICAS A preparação da mesa envolve a disposição dos instrumentos cirúrgicos de forma lógica para racionalizar e ser eficaz no trabalho da equipe cirúrgica. Todos os instrumentos de mesa servirão para todo o procedimento e devem ser organizados e dispostos de forma compatível com a duração do procedimento e possíveis complicações. Para montar a mesa cirúrgica, a instrumentadora, já vestida, escolhe a sala menos movimentada da sala e começa sistematicamente a organizar a mesa cirúrgica. Um localcomum encontrado em alguns centros cirúrgicos é a mesa do instrumentador abaixo do paciente, eliminando assim a presença do instrumentador (ARRUDA, 2020). Rosa (2009) afirma que a posição da mesa pode também estar a 90º da mesa cirúrgica, ao lado do cirurgião, nesses casos não há a necessidade do instrumentador. Na intenção de amortecer choques e também criar uma barreira antibacteriana, coloca- se sobre a mesa um campo impermeável e estéril. 20 Figura 4 - Mesa cirúrgica auxiliar Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Surgical_instruments_11.JPG. Acesso em: 24 abr. 2021. Os instrumentos cirúrgicos são dispostos de forma ordenada, de acordo com o tempo de operação. Existem várias formas de disposição dos instrumentais sobre a mesa, mas independentemente da forma utilizada, deve-se observar que o processo cirúrgico é dividido em dierése, hemostasia e síntese. Esse entendimento ajudará o pessoal do instrumento a organizar o material adequadamente. O corte longitudinal refere-se às principais ferramentas de corte, abertura, dissecção e corte das estruturas a serem operadas, incluindo: bisturis, cabos de bisturis, bisturis elétricos, ruginas, tesouras etc. A hemostasia visa parar o sangramento temporária ou permanentemente. Instrumentos como pinças Kelly, Halsted, Crile etc. podem ser usados durante este procedimento. Na fase de síntese, o objetivo é reparar estruturas danificadas, as principais ferramentas utilizadas são: pinças, dentes de rato, pinças de dissecação, porta-agulhas Mayo Hegar comum, suturas e agulhas. Instrumentos auxiliares podem ser usados durante a cirurgia e geralmente variam de acordo com a especialidade cirúrgica. Uma disposição básica do instrumental sobre a mesa seria dividi-la em quatro quadrantes. O quadrante proximal inferior o mais próximo do instrumentador e o distal superior mais afastado deste. NOTA https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Surgical_instruments_11.JPG 21 Seguindo a lógica do tempo operatório, os instrumentos de diálise são colocados no quadrante inferior proximal; hemostático distal inferior; sintético proximal superior, principalmente distal superior. Gazes, compressas e instrumentos maiores podem ser dispostos entre os quadrantes (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). É importante ressaltar que esta é uma recomendação básica de montagem, não uma regra para instrumentação. Este deve ser livre para se montar. É importante facilitar e agilizar o trabalho de instrumentação. Recomenda-se que os instrumentos mais delicados e menores sejam colocados mais próximos do instrumento. Por exemplo, as pinças Halsted devem vir primeiro sobre as pinças Allis. 2.1 TIPOS DE MESAS CIRÚRGICAS A mesa cirúrgica é um equipamento permanente utilizado para dispor os instrumentos cirúrgicos, bem como outros materiais necessários no transcorrer da cirurgia; como: fios cirúrgicos, gazes, seringas, afastadores de grande porte, compressas, cuba com soro e outros materiais necessários de acordo com o tipo de cirurgia (ARRUDA, 2020). As mesas cirúrgicas são utilizadas para dispor os instrumentos cirúrgicos. Existem várias técnicas para a montagem do instrumental neste equipamento, a escolha vai depender do instrumentador cirúrgico, portanto, este profissional deverá sempre seguir os tempos cirúrgicos, de forma a metodizar as etapas a serem seguidas durante o ato cirúrgico. A mesa deve ser conduzida pelo instrumentador de forma organizada, sempre limpa, seca do início ao fim da cirurgia, como se não tivesse sido utilizada (ARRUDA, 2020). Do ponto de vista do tipo da mesa, essa pode ser retangular, quadrada ou semicircular, todas possuem o mesmo objetivo, ou seja, dispor o material cirúrgico, todavia, quanto maior o número de instrumentos a serem utilizados na cirurgia maior a necessidade de mais espaço na mesa e, consequentemente, o acréscimo de outra mesa como medida de suporte. Importante ressaltar que a mesa retangular oferece maior espaço para a distribuição do material cirúrgico (CARVALHO; BIANCHINI, 2016). Durante um procedimento cirúrgico e dependendo da necessidade de mais uma mesa para pôr o instrumental. O instrumentador cirúrgico solicita ao circulante a introdução de outra mesa para o mesmo ato cirúrgico. Dessa forma, terá mais condições de dispor todo o material, sem oferecer risco de queda dos instrumentos da mesa devido à superlotação de instrumentos (ARRUDA, 2020). A mesa retangular é a mais utilizada, pois oferece maior espaço para a distribuição do instrumental cirúrgico, facilitando o trabalho do instrumentador cirúrgico. Quanto à mesa semicircular, essa oferece menos espaço, mas possui a vantagem de melhor encaixe quando posicionada para o ato cirúrgico. A mesa semicircular é menos utilizada por causa da inconveniência de espaço para a disposição de material cirúrgico. No entanto, tanto a mesa retangular quanto a mesa semicircular, o instrumentador cirúrgico poderá dispor os instrumentos seguindo a mesma posição (ARRUDA, 2020). 22 Na maioria das salas de cirurgias, os instrumentos de menores portes são dispostos na Mesa de Mayo, de maneira planejada, padronizada, organizada e funcional para manter a continuidade quando o instrumentador original for substituído por outro. A Mesa de Mayo se apresenta com um pequeno diâmetro, é prática e se aplica para um quantitativo pequeno de instrumentos cirúrgicos. Pode ser utilizada para a colocação de instrumentos de pequeno porte, médio porte e grande porte. Esse tipo de mesa também pode ser utilizado para outros fins, como para colocar a alimentação do paciente, o material para o cateterismo vesical, cateterismo nasogástrico, curativos, retirada de pontos, entre outras utilizações (CARVALHO; BIANCHINI, 2016). Quanto à bandeja para este tipo de mesa, ela possui em média 0,51m x 0,35m, sendo de aço inoxidável. Possui um tripé regulável, que facilita sua colocação por cima do paciente quando o caso requer. NOTA Na mesa básica, o instrumentador deve permanecer atrás dela, fazendo um ângulo perpendicular à mesa cirúrgica. Esse tipo de montagem de mesa é utilizado para os aprendentes da instrumentação cirúrgica, de maneira a padronizar, uniformizar e facilitar o ato da instrumentação em dupla, até que os aprendentes adquiram confiança e passam a se conduzirem sozinhos nas instrumentações cirúrgicas subsequentes (ARRUDA, 2020). Na mesa para o cirurgião instrumentar, o instrumental cirúrgico deve ser disposto pelo cirurgião, seguindo os tempos cirúrgicos. Dessa forma, ele terá condições de manusear os instrumentos e utilizá-los na cavidade durante todo o ato operatório. Enfatiza-se que nesse tipo de operacionalização a economia de tempo no transcorrer da cirurgia ficará prejudicada (CARVALHO; BIANCHINI, 2016). A posição do instrumental na mesa deverá seguir como parâmetro os anéis das pinças, que deverão estar voltados para o cirurgião. Cada profissional adotará uma conduta própria para o desempenho dessa função de instrumentador cirúrgico. Portanto, não há modelo intransigente, cada profissional escolherá a montagem de sua mesa, desde que respeite os tempos cirúrgicos e possua o domínio dos nomes dos instrumentos, bem como sua localização na mesa (ARRUDA, 2020). Nos casos de mesa para instrumentar videolaparoscopia, o material é específico para esse fim, devendo ser posicionado na mesa na área destinada para exérese. No entanto, outros instrumentos cirúrgicos deverão ser acrescidos a essa mesa, como o do tempo de diérese, hemostasia e síntese (CARVALHO; BIANCHINI, 2016). 23 2.2 DISPOSIÇÃO DA EQUIPE CIRÚRGICA O centro cirúrgico precisa de uma organização e é necessário que nele atuem pessoas que canalizem o alcance de objetivos, por meio do trabalho em equipe. O objetivo principal deve ser fornecer o melhor atendimento possível para todos os pacientes que necessitam de anestesia. O trabalho em equipe deve ser harmonioso e baseado no respeito entre cada membro e todos os pacientes, com o objetivo de garantir a segurançado paciente e a eficácia dos procedimentos anestésicos (CARVALHO; BIANCHINI, 2016). Na equipe, cada especialista tem um papel e responsabilidades bem definidas durante a operação. Todos devem ser qualificados para os trabalhos que vão fazer. Eles precisam entender seus deveres para que não haja sobreposição ou falta de ação. Os especialistas devem buscar trabalhar de forma coordenada para que sempre prevaleça o profissionalismo e a eficiência da ação cirúrgica. Existem três equipes principais que atuam no CC: a equipe cirúrgica, a equipe do anestesista e a equipe de enfermagem. Além desses funcionários, em outras instituições, também trabalham nesta unidade técnicos de raio X e de laboratório, cirurgiões, médicos e todos os que fazem trabalho de apoio. No entanto, neste capítulo, serão explicadas as atribuições dos três grupos já destacados (ARRUDA, 2020). As equipes médicas são compostas basicamente por cirurgiões e seus auxiliares ou auxiliares (equipe cirúrgica) e a equipe de anestesiologistas é composta por anestesiologistas e, em algumas instituições, por um auxiliar de anestesia. A equipe de enfermagem é composta por um enfermeiro (gerente/coordenador e suporte), um especialista em enfermagem (sala cirúrgica rotativa) e um especialista cirúrgico (CARVALHO; BIANCHINI, 2016). O instrumentador cirúrgico deve chegar à sala operatória com pelo menos trinta minutos de antecedência em relação ao horário marcado para a cirurgia que vai instrumentar. Assim, poderá separar, com calma, com a circulante, todo o material a ser utilizado durante o ato cirúrgico. NOTA O planejamento adotado pela equipe cirúrgica é um fator importante no planejamento da movimentação e direção da cirurgia. Na cirurgia supraumbilical, o cirurgião está à direita do paciente, o primeiro assistente e o instrutor na posição oposta. A mesa do instrumentador deve ficar próxima aos pés do operador, e a mesa do assistente, se necessário, atrás do assistente. Na cirurgia infraumbilical, a posição é oposta à da equipe cirúrgica, que mantém a relação anterior. 24 Se a distribuição de determinada área for aceita entre os objetos do grupo, ela não será alterada. Normalmente, a auxiliar de enfermagem e o auxiliar ficam na frente do cirurgião, do outro lado da mesa de operação. Costuma-se dizer que o cirurgião tem a melhor visão da operação, pois está em uma posição onde lhe é permitido ver todos os detalhes do procedimento, para que possa realizá-lo com rapidez e eficiência. É claro que, dependendo do tipo de cirurgia, o cirurgião optará por ser colocado de um lado ou do outro da mesa de operação. Cabe ao instrumentista perguntar-lhe onde vai se instalar e onde prefere montar a mesa de instrumentos. É também uma oportunidade para nos lembrar que qualquer dúvida que o cirurgião possa ter deve ser esclarecida imediatamente pelo cirurgião ou outro membro da equipe, a menos que isso revele uma verdade constrangedora ao especialista. O anestesista e todos os seus equipamentos não estéreis ficam do lado que não será usado levianamente pela equipe, limitando seu espaço com a colocação de campos cirúrgicos (ARRUDA, 2020). 2.3 CAMPO CIRÚRGICO Os campos cirúrgicos são capazes de prevenir infecções do sítio cirúrgico, atuando como barreira contra a migração de microrganismos da pele para a incisão cirúrgica. A sua utilização remonta ao final do século XIX e, desde essa altura até os dias atuais, foram criados vários tipos de campos. Os campos, de acordo com sua composição, são utilizados, principalmente para algodão (reciclagem) e plástico (resíduos). O algodão permite o processamento, e seu uso deve ser feito com cuidado, pois é necessário garantir sua integridade e sua instabilidade em líquidos antes de colocá-los no local de trabalho. Os campos descartáveis desempenham a mesma função dos campos descartáveis, sendo capazes de impedir a entrada de bactérias e fluidos através do tecido. Além dessa classificação, os campos podem ser classificados como um ou dois, padrão ou fenestrada, e sua escolha dependerá do tipo de cirurgia a ser realizada (CARVALHO; BIANCHINI, 2016). A colocação de campos cirúrgicos precede todo o procedimento cirúrgico. Ela pode diferir em seu modo, porém o resultado final é sempre o mesmo. O objetivo da colocação é preparar uma área estéril ao redor do local a ser trabalhado, acima das mesas de trabalho. Portanto, é necessário que o próprio campo seja estéril; por isso, é importante que os campos permaneçam protegidos acima da altura da cintura, antes de serem colocados na região que irá trabalhar. Uma vez colocados ali, os panos não devem ser aproximados da região a ser trabalhada, pois suas extremidades ficam abaixo do nível estéril e podem contaminar a área. Recomenda-se que, neste caso, o campo seja substituído por outro (BROOKS, 1980). 25 Os campos são considerados estéreis apenas em sua parte superior. Quaisquer materiais que ultrapassem os limites estabelecidos pelos campos são considerados contaminados e não devem ser trazidos para o campo estéril. A definição de áreas estéreis e não estéreis é resultado do cuidado e bom senso durante a cirurgia por parte de todos os profissionais. Ao final da operação, os campos não devem ser sacudidos ou jogados, pois podem espalhar pequenos insetos e sujeira (ARRUDA, 2020). Existem muitas variações na disposição dos campos na cirurgia, dependendo da área a ser tratada. Alguns exemplos podem ajudar a entender: a cirurgia ginecológica, em que a paciente está em posição de litotomia, requer a cobertura dos lados inferiores dos membros inferiores; a cirurgia de cabeça e pescoço usa um campo cirúrgico apenas para cobrir o couro cabeludo e o cabelo do paciente. Na cirurgia do membro um campo é colocado sob o membro e suas partes distal e proximal são circundadas por outros campos. Os campos fenestrados podem ser utilizados em casos de pequenos procedimentos cirúrgicos, como dissecção venosa e remoção de tumor de pele (CARVALHO; BIANCHINI, 2016). 3 DINÂMICA DO CONJUNTO CIRÚRGICO O ato cirúrgico de sucesso depende de um conjunto de processos e habilidades, entre eles, instrumentos cirúrgicos adequados em uma disposição que traga facilidade e agilidade ao procedimento são parte importante do ato cirúrgico. Atualmente, devemos ampliar o conceito de técnica cirúrgica para além dos passos operatórios, pois uma boa técnica cirúrgica depende de uma boa interação com a equipe, com um bom instrumental e boa anestesia. Esse conceito se mostra importante no sentido de participar ativamente dos protocolos de cirurgia segura, na sua etapa inicial quando se chega o instrumental disponível (CARVALHO; BIANCHINI, 2016). Ademais, o uso padronizado de uma mesa de instrumentalização proporciona um ambiente mais reprodutível e educativo para a formação de um residente na área cirúrgica. Estudos também mostram que a revisão sobre os instrumentais necessários para o ato cirúrgico pode reduzir custos, na medida em que se evitam gastos com esterilização de material não utilizado (ARRUDA, 2020). Dessa forma, a montagem de uma mesa de instrumentação organizada, um bom instrumental e um assistente com domínio dos processos da técnica cirúrgica podem fazer uma grande diferença na fluidez do ato operatório. 26 3.1 SINALIZAÇÃO E TRÂNSITO DOS INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS A harmonia completa da execução das manobras e procedimentos é essencial, visando à eficiência, à rapidez e à beleza da ação cirúrgica. Portanto, devem existir compreensão e conhecimento mútuos entre os membros da equipe. Caso contrário, acidentes com a passagem errada do bisturi ou agulhas de sutura, por exemplo, podem causar sérios danos ao sítio cirúrgico. Nesse contexto, é importante estudar os principais sinais comuns adotados no campo cirúrgico para diminuir o número de movimentos desnecessários, o tempo da cirurgia e proporcionar um aspecto de beleza e organizaçãodo conjunto (ARRUDA, 2020). A compressa cirúrgica é aplicada à mão, dedos unidos (MONTEIRO; SANTANA, 2006). O instrumentador deve aproximar a mão do solicitante, segurando firmemente os lados opostos da compressa (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). Solicita-se a tesoura, estende-se os dedos indicador e médio com movimento de aproximação e separação, repetidamente, e os demais dedos são dobrados. Se a tesoura for curva, os dedos indicador e médio devem ser curvados (MONTERIO; SANTANA, 2006). O cirurgião pega uma tesoura da mesa com a ponta voltada para a face da mão, pressionando-a entre o polegar e o indicador dobrados, com a mão estendida. Em um movimento circular em um plano horizontal, ele entrega o instrumento ao suplicante, pressionando sua mão aberta, garantindo assim que o instrumento não caia (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). A tesoura é devolvida na direção oposta e em sequência. A pega adequada da tesoura, como a pinça, envolve a apresentação do dedo anelar em um dos anéis de metal, do polegar no outro e do dedo indicador na mesma expressão (MONTEIRO; SANTANA, 2006). O instrumentador deve manter os dedos da mão levemente dobrados e juntos, fazendo um movimento de pêndulo. Em seguida, ele vai virar a mão e estendê-la com o antebraço em supinação para pegar o cabo da lâmina do bisturi (MONTEIRO; SANTANA, 2006). Para entregar a ferramenta, o instrumentador deve pegar o cabo do lado não cortado e fazer um movimento de arco circular e colocar o cabo na mão do advogado, que receberá a ferramenta com a lâmina voltada para cima, e definir um novo círculo, aproximando a lâmina da pele (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). Para utilizá-lo, o cirurgião deve segurar o bisturi com o polegar e o indicador da mão dominante, como um lápis (MONTEIRO; SANATANA, 2006). A outra mão deve segurar o tecido para separá-lo. A restauração é feita de forma diferente e na ordem inversa. É solicitado com os três últimos dedos juntos e levemente flexionados, o polegar e o dedo indicador estendidos em um movimento de aproximação e separação. A enfermeira da ressecção entrega ao advogado uma ferramenta que segura a ponta do carimbo entre o dedo indicador e o polegar, segurando-o próximo à base. A restauração é feita da mesma forma (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). A pega correta da pinça anatômica e do dente do rato é a mesma: como lápis (MONTEIRO; SANTANA, 2006). 27 Com o anelar e o dedo mínimo flexionados e os demais dedos estendidos, o advogado pede o fórceps de Kelly (MONTEIRO; SANTANA, 2006). As pinças são pedidas com a mão fechada, com o dedo indicador acima do polegar, como um sinal de figo. Para evitar danificar as luvas, é recomendável pegar a ferramenta com a mão direita, suas pontas afiadas saem no meio do dedo anelar. A força de preensão, como Allis, Babcock e assim por diante, é necessária quando os dedos mínimo, anelar e médio são flexionados e o indicador e o polegar são trocados, como ao puxar o gatilho, e devem ser marcados em sequência, indicando o nome do instrumento requeridos. A entrega dos instrumentos é a mesma de todos os instrumentos com anéis e cremalheiras, movimentos circulares, pronunciados à mão e a pressão do instrumento na mão do solicitante. A chamada é feita com a mão estendida apontando e as pontas dos dedos juntas e dobradas. A corda é colocada atrás dos dedos, segurada em sua extremidade pelo instrumentista (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). Com os quatro últimos dedos juntos e semifletidos e o polegar parcialmente fletido no lado oposto, faz-se pequenos movimentos de rotação para solicitar o porta-agulha (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). O instrumentador deve entregar o instrumental montado com o fio e agulha corretas. É entregue por sua base, seguro entre o dedo indicador e polegar direito, com a agulha voltada para cima e direita. O movimento é o mesmo que de outro instrumental de anel: movimento circular no plano horizontal, com a mão em pronação. A devolução é realizada com movimento inverso. A empunhadura é a mesma adotada para pinças hemostáticas e tesouras. Com o dedo indicador e médio semifletidos e os restantes totalmente fletidos, faz-se o movimento de afastar com as duas mãos, imitando o movimento realizado com os ramos do afastador (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). Solicita-se, com os dedos juntos, estirados e em ângulo reto, em relação ao resto da mão. Solicitado com o dedo indicador semifletido e demais dedos totalmente fletidos. O instrumental é entregue ao solicitador segurado por uma de suas extremidades, pelo dedo indicador e polegar (MARGARIDO; TOLOSA, 2001). 28 Neste tópico, você aprendeu: • O cirurgião, então, deve conhecer inteiramente a anatomia da região a ser operada, as manobras, os materiais utilizados e as intercorrências que podem acometer o paciente quando indicada a cirurgia. • As manobras manuais ou instrumentais necessárias para o sucesso da operação são denominadas coletivamente de técnica cirúrgica ou metodização cirúrgica. • A preparação da mesa consiste no ato de dispor os instrumentos cirúrgicos de forma lógica, de forma a racionalizar e tornar eficaz o trabalho da equipe cirúrgica. Os instrumentos de todas as mesas vão atender a todo o ato operatório e deverão estar organizados e dispostos de tal forma que atendam aos tempos cirúrgicos e possíveis intercorrências. • Há diversas maneiras de dispor o instrumental à mesa, entretanto, independentemente da maneira adotada deve-se saber que os procedimentos cirúrgicos se dividem em diérese, hemostasia e síntese. • Uma disposição básica do instrumental sobre a mesa seria dividir está em quatro quadrantes. O quadrante proximal inferior o mais próximo do instrumentador e o distal superior mais afastado deste. • A mesa cirúrgica é um equipamento permanente utilizado para dispor os instrumentos cirúrgicos, bem como outros materiais necessários no transcorrer da cirurgia; como: fios cirúrgicos; gazes; seringas; afastadores de grande porte; compressas; cuba com soro; e outros materiais necessários de acordo com o tipo de cirurgia. • A posição do instrumental na mesa deverá seguir como parâmetro os anéis das pinças, onde estes deverão estar voltados para o cirurgião. • Em uma equipe, cada profissional tem suas funções e responsabilidades bem definidas, durante a cirurgia. Todos devem estar habilitados para as atividades que venham a exercer. • Os campos cirúrgicos são capazes de prevenir infecções do sítio cirúrgico, agindo como barreira contra a migração de micro-organismos da pele para o interior da incisão cirúrgica. • Os campos, quanto a sua composição, mais utilizados são os de origem do algodão (reutilizáveis) e os de plástico (descartáveis). RESUMO DO TÓPICO 2 29 • O ato cirúrgico de sucesso depende de um conjunto de processos e habilidades; dentre eles, instrumentos cirúrgicos adequados em uma disposição que traga facilidade e agilidade ao procedimento são parte importante do ato cirúrgico. • Para a eficiência, rapidez e beleza do ato cirúrgico é importante a perfeita harmonia da execução de manobras e procedimentos. Para tanto é necessário que haja entrosamento e conhecimento entre os membros da equipe. 30 1 A distribuição dos instrumentais na mesa cirúrgica para melhor acompanhamento dos tempos cirúrgicos e facilitar a instrumentação é aquela em que: a) ( ) Os instrumentais menores são colocados na parte inferior da mesa, os médios, no centro, e os maiores, na parte superior. b) ( ) Os instrumentais são distribuídos na seguinte ordem: diérese, preensão, hemostasia, exposição, especial e síntese. c) ( ) Os instrumentais são dispostos de acordo com as suas características, devendo ficar na parte superior da mesa os traumáticos e, na parte inferior, os não traumáticos. d) ( ) Os instrumentais são dispostos na ordem em que o instrumentador melhor se adapte, sem especificação rigorosa da ordem. 2 Durante a devolução de instrumental à mesa cirúrgica, para atender às boas práticas
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