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Microbiologia VETERINÁRIA Toxinfecção x Infecção x Intoxicação Toxinfecção: São doenças que resultam da in- gestão de alimentos que apresentam organis- mos prejudiciais à saúde e que liberam subs- tâncias tóxicas. Exemplo: cólera. Infecções: São doenças que resultam da in- gestão de um alimento que contenha organis- mos prejudiciais à saúde. Exemplo: salmone- lose, hepatite viral tipo A e toxoplasmose. Intoxicações: Ocorrem quando uma pessoa in- gere alimentos com substâncias tóxicas, in- cluindo as toxinas produzidas por microrga- nismos, como bactérias e fungos. Exemplo: bo- tulismo, intoxicação estafilocócica e por toxi- nas produzidas por fungos; 1) Salmonella Crescem entre 5°C e 47°C, conseguem resistir à um pH baixo (4,5 - 9), são destruídas à 66°C e com congelamento. Seus principais reserva- tórios são aves, ovos, bovinos e suínos. Princi- pais sorotipos encontrados em alimentos são: S. typhimurium e S. enteritidis. O perído de in- cubação ocorre nos humanos e dura de 5-72h, e podem ou não produzir toxinas. As formas de infecção para o homem são a in- gestão de alimentos crus infectados, consumo de leite e derivados infectados, contaminação cruzada e infecção de pessoa para pessoa. Medidas de Controle: Pasteurização, vigilân- cia, educação e higiene. Características da Doença ➮ Febre tifóide Presente apenas nos humanos (S. typhi), ocorre em quadros clínicos graves de infecção. Há a multiplicação de S. typhi dentro dos macrófa- gos. Os principais alimentos causadores da in- fecção são: vegetais e leite cru, ovos e maris- cos. Tratamento com antibióticos. ➮ Febre entérica Causada por S. paratyphi. Possui o mecanismo de invasão parecido com a febre tifóide, com quadros clínicos mais brandos. Duração de no máximo três semanas. ➮ Salmonelose Acomete homens e animais, e é causada pela S. enteretidis. Os sinais clínicos aparecem de- pois de 13 - 36h da exposição e são parecidos em homens e animais. Nos humanos imunossu- primidos, os quadros podem ser mais graves. A eliminação é por via das fezes, sangue e leite. Mecanismos de Patogenicidade Produção de enterotoxinas e endotoxinas. Nú- mero de células viáveis para causar infecção é em torno de > 100.000.000, com exceções. Epidemiologia É a principal bactéria envolvida em surtos ali- mentares, pode se desenvolver principalmente em leite cru ou mal pasteurizado. O uso de produtos de Exclusão Competitiva no Brasil iniciou-se em 1993 em alguns casos, on- de detectava-se a presença de aves positivas. O termo “Exclusão Competitiva”, é usado para descrever a inabilidade de uma população de microorganismos se estabelecer no intestino devido à presença de outra população. Efeito biológico: As bactérias anaeróbias de produtos de EC promovem um ambiente de baixa tensão de oxigênio, desfavorecendo o crescimento de bactérias enteropatogênicas, principalmente as Salmonellas. 2) Clostidium botulinum Se apresentam na forma de bacilos gram posi- tivos. Realizam produção de esporos e são or- ganismos anaeróbios estritos. Microbiologia VETERINÁRIA Realizam produção das toxinas A, B, C, D, E, F e G. A, B e F afetam o homem, causando o bo- tulismo. C e D afetam os animais. As temperaturas de multiplicação ficam entre 3 - 10°C e 40 - 50°C. O PI dura, em média, de 12 a 36h. O nome da doença deriva do latim botulus, de salsicha. Isso se deve ao fato de que o germe causador do botulismo foi inicialmente encon- trado na salsicha. O botulismo clássico é uma intoxicação grave, de origem alimentar. É causada pela toxina do bacilo Clostridium botulinum, podendo ser ad- quirida pela ingestão de alimentos contami- nados. O botulismo infantil é uma infecção potencial- mente fatal que provoca fraqueza muscular. Se desenvolve em bebês que ingerem alimen- tos contendo esporos da bactéria Clostridium botulinum. O botulismo de feridas ocorre quando a ba- ctéria Clostridium botulinum contamina uma ferida ou é introduzida em outros tecidos. Den- tro da ferida, as bactérias produzem toxinas que são absorvidas pela corrente sanguínea. Os sinais clínicos são semelhantes em todos os casos. Há presença de vômitos, diarréia, fra- queza muscular, fadiga e paralisia do músculo diafragma. Mecanismos de Patogenicidade Ocorre a produção de toxinas com efeito neu- rotóxico, ou seja, substâncias químicas alta- mente tóxicas que envenenam o sistema ner- voso central do corpo e impedem que ele fun- cione adequadamente. As toxinas necessitam de ativação por protea- ses, e há perda de proteínas plasmáticas para a luz intestinal. Epidemiologia De incidência rara, possui ampla distribuição ambiental. O principal Clostridium é o do tipo A. Sua presença é notificada no intestino dos animais, o tipo E é mais comum em pescados. Os principais surtos se devem à conservas ve- getais e mel. Medidas de Controle Evitar a germinação de esporos, para que não contaminem os alimentos. Além disso, há im- portante papel da microbiota competitiva com bactérias lácticas. Ademais, pode-se realizar adição de nitritos e nitratos na carne, utiliza- dos para inibir o crescimento do Clostridium. O tratamento térmico é efetivo contra as célu- las vegetativas, para esporos, só altas tempe- raturas. Congelamento e refrigeração não tem nenhuma ação. 3) Clostridium perfringens Encontrado na forma de bacilo gram positivo, é um organismo anaeróbio facultativo. É pro- dutor de esporos e viabiliza a produção de 4 toxinas: alfa, beta, epsílon e iota. Existem cinco cepas de de C. perfringens: A, B, C, D e E. A cepa A é capaz de produzir as quatro toxinas. As cepas B e C produzem as toxinas beta. B e D produzem as toxinas epsí- lon e E produz a toxina iota. Multiplicam-se em altas temperaturas, inclusi- ve, a produção de esporos ocorre nesse meio. Requerem mais cuidado com resfriamento ina- dequado. Causam toxinfecção e enterite necrótica. Os principais sintomas envolvem náuseas, dores abdominais, diarréia, vômito e febre. Surgem após doze horas de ingestão. Microbiologia VETERINÁRIA Mecanismos de Patogenicidade Formação das enterotoxinas ocorre no momen- to da produção de esporos. O processo de es- porulação ocorre principalmente no intestino. Não resistem ao pH baixo do estômago e nem a ação de enzimas digestivas. Epidemiologia Estão presentes no solo, no intestino do homem e dos animais. São responsáveis por inúmeros surtos alimentares, principalmente através do consumo de alimentos crus e processados. A carne bovina e carne de frango estão ligadas aos principais casos de surto. Medidas de Controle Podem ser controladas através do tratamento térmico, porém, os esporos são capazes de re- sistir à temperaturas de cozimento e ainda são estimulados pelo aquecimento. 4) Listeria monocytogenes Apresentadas na forma de bacilos gram positi- vos e não produzem esporos. Suportam repeti- dos congelamentos e descongelamentos, além de sobreviverem ao nitrato de sódio e NaCl. São multiplicadas em macrófagos, atingindo outras áreas do SNC (meningite, osteomielite). Atingem camadas mais profundas do intestino. Os sintomas mais comuns incluem fadiga, mal estar e abortos espontâneos. O quadro é agra- vante em gestantes, recém-nascidos e imunos- suprimidos. O período de incubação varia de dias à sema- nas. Epidemiologia Seus reservatórios incluem o homem, o ambien- te e os animais. Foi observado isolamento de Listeria em leite cru e pasteurizado, queijos, carnes e produtos de origem vegetal. Medidas de Controle Incluem limpeza e sanificação dos equipamen- tos e utensílios. Deve-se evitar a contamina- ção cruzada. 5) Staphylococcus aureus Se apresentam no formato de cocos gram po- sitivos. Estão associados à doenças estafilo- cócicas e crescem entre 7 - 48°C. Realizam a produção de enterotoxinas que crescem em temperaturas de 40 - 45°C. A intoxicação ocorre a partir da ingestão de toxinas já formadas. Os principais sinais clíni- cos envolvem vômito, diarréias e dores abdo- minais. Seu PI é bastante variável. Epidemiologia Seus principais reservatórios são oshomens e os animais. As principais fontes contaminado- ras envolvem leite, cremes, atum, frango, quei- jos e batata. Mecanismos de Patogenicidade Realizam a produção de enterotoxinas termor- resistentes. As enterotoxinas podem ser inati- vadas com o processo de enlatamento. Quantidades de enterotoxinas que podem le- var a casos de intoxicação variam e as princi- pais ações das toxinas são: emética, diarréica e enteretite. Medidas de Controle São de eliminação difícil, exigem educação e orientação. A higiene do manipulador é impor- tante e podem envolver tratamento térmico a- dequado e refrigeração adequada.
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