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Resumo de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica - DPOC

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Dpoc 
 
 
 DPOC é uma síndrome 
caracterizada por obstrução fixa das vias 
aéreas inferiores, de modo irreversível 
e com caráter progressivo de 
destruição do parênquima pulmonar. 
 Estão incluídos nessa doença os 
pacientes com bronquite obstrutiva 
crônica e enfisema pulmonar. 
 
 
EPIDEMIOLOGIA 
 
- Predominante no sexo masculino; 
- Predominante na QUINTA ou sexta 
década de vida. 
 
 
FATORES DE RISCO 
 
- Tabagismo: o tabagismo é o principal 
fator de risco. 90% dos pacientes com 
DPOC tem história de tabagismo. 15% 
dos pacientes com carga-tabagica de 1 
maço/dia tem DPOC no futuro e 25% 
com 2 maços/dia também tem. O 
cigarro hipertrofia as células de muco, 
promove a ativação de macrófagos que 
recrutam neutrófilos, inibem a alfa-1- 
antitripsina que inibe elastase. 
 
- ASMA e DPOC: podem coexistir, 
caracterizando a síndrome de 
sobreposição asma-dpoc. Nesse caso, há 
uma patologia diferente, com o 
acumulo de linfócitos CD8 citotoxicos, 
macrófagos e neutrófilos, estimulando 
fibrose. 
 
- Outros fatores: fumantes passivos, 
exposição à poluição ambiente, crianças 
cuja mãe fuma na gestação. 
 
- Deficiência de alfa-1-antitripsina: essa 
enzima degrada a elastase de 
neutrófilos. Pessoas que possuem 
doença genética, como homozigotos 
para o gene Z tem redução dessa 
enzima, e deixa a elastase degradar o 
parênquima pulmonar. 
 
 
FISIOPATOLOGIA 
 
Achados histopatológicos 
- BRONQUITE OBSTRUTIVA CRÔNICA: 
hipertrofia e hiperplasia das glândulas 
submucosas e aumento das células 
caliciformes nas vias aéreas proximais; 
espessamento da parede brônquica das 
vias aéreas distais, por edema e fibrose 
(bronquiolite obliterante). 
 
- ENFISEMA PULMONAR: alargamento 
dos espaços aéreos distais aos 
bronquíolos, devido à destruição de 
septos alveolares. Pode ser centroacinar 
o mais comum, cujo alargamento 
ocorre nos bronquíolos, na região 
central do ácino. Ou panacinar 
ocorrendo de modo espalhado pelo 
ácino, mais comum na deficiência de 
alfa-1-antitripsina. Como a parede 
brônquica perde sua parede elástica, 
ela perde sustentação e diminui seu 
lumen, não permitindo a passagem de 
ar. Com o pulmão com pouca 
elasticidade ou com obstrução de 
lumen por obliteração ocorre pouco 
efluxo de ar, tornando o ar aprisionado 
e o pulmão hiperinsuflado. Assim é 
comum o paciente apresentar o tórax 
em tonel: 
 
 
DISTURBIOS DA TROCA GASOSA 
 
 Os pacientes com DPOC 
começam a possuir distúrbios de trocas 
gasosas, primeiro ocorre um efeito 
shunt devido à perfusão, mas 
defeituosa ventilação. Isso começa a 
propiciar uma hipoxemia, pois a 
hematose não ocorre suficientemente. 
A diferença alvéolo-arterial desses 
pacientes é alta > 15 mmHg. Com o 
tempo esses pacientes começam a 
reter CO2, devido a um aumento do 
espaço morto fisiológico, 
dessensibilização bulbar e diminuição 
do volume residual. Isso faz com que a 
Pco2 aumente e eles entrem em 
acidose respiratória crônica. Os rins 
atuam para tentar compensar e o 
bicarbonato aumenta, mantendo o pH 
parcialmente equilibrado. Contudo com 
o tempo isso pode descompensar. 
 Pacientes com retenção de CO2 
nunca devem ser hiperventilados, pois 
isso desloca o sangue pra áreas de 
hipoventilação e diminui o sangue das 
áreas hiperventiladas, aumentando o 
espaço morto fisiológico. 
 
COR PULMONALE 
 Cor pulmonale é uma disfunção 
do ventrículo direito por um distúrbio 
pulmonar. Na DPOC a redução de 
oxigênio alveolar propicia 
vasoconstrição, desviando o fluxo de 
sangue pra alvéolos mais ventilados. Na 
DPOC com hipóxia difusa, há uma 
vasoconstrição e remodelamento difuso, 
aumentando a pressão arterial 
pulmonar, gerando uma HAP. Quando 
esse valor supera 50 mmHg, ocorre 
falência sistólica do ventrículo direito, 
podendo gerar congestão sistêmica, 
diminuição do debito cardíaco, elevação 
da pressão venosa central. 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRIA CLÍNICA 
 
Clinica: dispneia aos pequenos esforços, 
tosse produtiva principalmente matinal. 
 
 Exame físico: Percussão com 
hipertimpanismo e expansibilidade 
diminuida. Aumento do tempo de 
expiração em relação à inspiração. 
Eritrocianose: A hipoxemia crônica leva 
ao aumento da produção de eritrócitos, 
gerando eritrocitose e uma coloração 
pletórica avermelhada pelo aumento da 
eritropoietina renal. Além disso, a 
dessaturação pode gerar uma cianose. 
A mistura entre a coloração vermelha e 
azulada gera a eritrocianose. 
 
Tórax em tonel: devido à 
hiperinssuflação pulmonar. 
 
- Bronquitico: esses pacientes podem 
se apresentar com um padrão do tipo 
blue bloaters ou inchados azuis, 
apresentando cor pulmonale, congestão, 
edema de MMII, turgência jugular, 
murmúrio vesicular diminuído, rico em 
ruídos adventícios. Apresentam-se com 
cianose devido a hipoxemia. 
 
- Enfisematoso: pode apresentar um 
padrão do tipo pink puffers ou 
sopradores róseos com tórax em tonel, 
magros, dispneia expiratória, pletora, 
sem cor pulmonale e edemas, 
diminuição do murmúrio e sem ruídos 
adventícios. 
 
 
 
 
 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
 
Principal: índice de tiffeneau < 0,7 sem 
alteração com prova broncodilatadora. 
 
Hemograma: 
- Pode aparecer hematócrito 
aumentado devido eritrocitose (> 55%). 
 
Gasometria: 
- Hipercapnia (PCO2 > 35-45 mmHg) 
- Hipoxemia (PO2 < 80 mmHg) 
- Acidose respiratória crônica 
 
Critérios para pedir gasometria: 
- Agudização de hipoxemia/hipercapnia 
respiratória 
- VEF1 < 40% 
- Sinais de acometimento ventricular 
direito 
 
Eletrocardiograma: 
São encontrados sinais de sobrecarga 
cardíaca direita: 
- Aumento da voltagem de P > 2,5 mV 
- V1 positiva 
- Desvio de eixo pra direita 
- Graus de bloqueio de ramo direito 
 
Radiografia: 
 
- Hiperinsuflação pulmonar (mais de 8 
arcos costais, hipertransparencia); 
- Coração em gota; 
- Aumento dos espaços intercostais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prova de função pulmonar: espirometria 
 A espirometria é essencial pro 
diagnóstico de DPOC. O diagnóstico é 
dado da seguinte maneira: 
 
VEF1/CVF < 70% sem reatividade com 
prova brônquica 
 
 O VEF1 é importante para avaliar 
grau de risco, um VEF1 diminuido indica 
um prognostico pior. Isso porque a 
sintomatologia é variável dependendo 
da atividade física do paciente. 
 No paciente com DPOC, 
recomenda-se avaliação espirométrica a 
cada no máximo 1 ano. 
 
Tomografia 
 É indicada para aqueles 
pacientes que vão realizar 
procedimento cirúrgico, para identificar 
locais de enfisema para a ressecação. 
 
 
EXACERBAÇÃO 
 
 Os principais desencadeadores 
de exacerbação são as infecções de 
vias aéreas superiores. Qualquer 
alteração do muco deve ser suspeitada 
e na duvida iniciado o antibiótico. 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA 
 
Intensidade dos sintomas 
 A intensidade dos sintomas é 
importante para identificar o 
tratamento: 
Podem ser usados a escala de mMRC 
ou CAT 
 
O mandatório pro mMRC é andar mais lento 
que pessoas da mesma idade ou precisar 
parar em terrano plano. Apenas com isso já 
se sabe que o mMRC é maior que 2. 
 
Grau de obstrução das vias aereas 
 Como citado, o VEF1 representa 
muito o grau de obstrução. Isso é 
impotante para avaliar em leve, 
moderada, grave e muito grave. 
GOLD I Leve >= 80% 
GOLD II Moderada >= 50% 
GOLD III Grave >= 30% 
GOLD IV Muito 
Grave 
< 30% 
 
 
TRATAMENTO 
 
O objetivo do tratamento é diminuir 
sintomatologia e melhorar a sobrevida. 
 
Existem 3 condutas para melhorar 
sobrevida do paciente: 
- Cessar tabagismo 
- Oxigenoterapia em hipoxemia 
- Cirurgia pneumorredutora 
 
TABAGISMO 
 Todo paciente com DPOC deve 
ser instruído a cessar o tabagismo. 
Pode ser utilizada a Escala de 
Fangerstrom para avaliar o nível de 
tabagismo e o médico deve aconselhar 
a cessá-lo. 
 
 As medicações devem ser 
associadas com a força de vontade do 
paciente e tratam a fissura. 
 Entre elas estão: 
- Bupropiona: inibidor da receptação de 
dopamina e noradrenalina; 
- Vareniclina: antagonista de receptor 
nicotínico. 
 
O uso de nicotina por adesivos, spray, 
pastilhas, gomas de mascar também 
ajuda. 
 
Tratamento farmacológicocrônico 
O tratamento farmacológico cronico 
conforme as orientações do GINA 
2023, se baseia em categorizar os 
pacientes em A, B e E conforme 
exacerbação, internação e sintomalogia 
pelos scores mMRC e CAT: 
>= 2 exacerbações 
moderadas ou >= 1 
internação 
 
E 
0-1 exacerbação 
moderada 
A B 
 Mmrc 0-1 
ou 
CAT < 10 
Mmrc >=2 
Ou CAT >= 
10 
 
Conforme a classificação, podemos 
tratar a forma crônica: 
 
A SABA/SAMA/LAMA/LABA 
B LABA + LAMA 
E LABA + LAMA + CI* 
O corticoide inalatório deve ser 
associado se eosinófilos > 300 ou asma 
associada. 
 
SABA: salbutamol, fenoterol, terbutalina 
SAMA: ipratrópio 
LABA: formoterol, salmeterol, 
indacaterol, olodaterol 
LAMA: tiotrópio, glicopirronio, clidínio 
CI: beclometasona, budesonida, 
fluticasona, mometasona 
 
 
 
Tratamento não farmacológico 
Dieta, atividades físicas, cessação do 
tabagismo e etilismo, perda de peso, 
reabilitação pulmonar, vacinação contra 
influenza e pneumococo. 
 
OXIGENOTERAPIA DOMICILIAR 
PaO2 <= 55 mmHg ou SaO2 <= 88% 
em repouso 
(PaO2 >55 e <60 ou SaO2 = 88%) + 
(cor pulmonale ou hematócrito > 55%) 
em repouso 
 
 
CPAP noturno 
É indicado nos pacientes com DPOC e 
apneia obstrutiva do sono. 
 
Cirurgia pneumorredutora 
 É indicada em pacientes 
enfisematosos, geralmente em porções 
pulmonares superiores e não 
ultrapassando 20-30% do volume 
pulmonar. 
 Contra-indicação: enfisema 
difuso e VEF1 < 20% e capacidade de 
difusão de CO < 20% 
 
 
TRATAMENTO DAS EXACERBAÇÕES 
 
A exacerbação irá apresentar os sinais 
cardinais: 
- Tosse e aumento da dispneia 
- Maior quantidade de muco 
- Mudança característica do muco 
 
Pode haver alterações sistêmicas como 
febre, mialgia, astenia, vomito... 
 
Na exacerbação a conduta 
farmacológica é: 
- SABA 1 puff a cada hora nas 
primeiras 2-3h seguida de 1 a cada 
hora a cada 2-4h de acordo com a 
clinica. 
- SAMA em casos graves e refratários; 
- Corticoide sistêmico prenisona ou 
prednisolona VO ou IV por 5-7 dias; 
- Antibiotico se alterações de muco ou 
ventilação mecânica. 
 
- Ventilação não invasiva pode ser feita 
em casos de acidose respiratória, 
dispneia com esforço e fadiga e 
hipoxemia refratária a suplementação 
de O2 
 
- Intubação para casos de redução 
grave de consciência, arritmias graves, 
aspiração maciça

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