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AULA 1 GESTÃO DE PESSOAS Profª Janete Schmidmeier 2 CONVERSA INICIAL As relações comerciais e as estruturas organizacionais estão passando por momentos de grandes mudanças em nível mundial e, consequentemente, os modelos de gestão de pessoas estão seguindo as mesmas tendências, a fim de garantir a vantagem competitiva das organizações. E é justamente este o tema desta disciplina, a gestão de pessoas e os seus novos rumos, reponsabilidades, necessidades, entre tantos outros assuntos relevantes. E, ao tratar de gestão de pessoas, a primeira questão a ser considerada é a descentralização da responsabilidade por gerir o capital humano e intelectual nas equipes e organizações. Nos antigos paradigmas organizacionais, a responsabilidade pela gestão dos recursos humanos era de exclusividade da área de recursos humanos; hoje, os profissionais dessa área estão se colocando no papel de consultores internos e a responsabilidade por gerir as pessoas e suas interações no grupo está sendo descentralizada, passando a ser de responsabilidade dos gestores de pessoas. É por isso que alguns temas que eram de interesse exclusivo dos profissionais que atuavam na área de recursos humanos, tais como recrutamento e seleção, gestão de carreiras, qualidade de vida no trabalho, avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento passaram a ser foco de estudo dos gestores que atuam em todas as áreas da organização. Portanto, nesta disciplina, trataremos dos subsistemas de recursos humanos com a lente da liderança, ou seja, dos gestores responsáveis por gerir os talentos humanos de suas equipes, e garantir que as políticas e práticas de RH estejam alinhadas à cultura organizacional, bem como sejam coerentes com o planejamento estratégico da organização. Afinal, segundo Chiavenato (2015, p. 5): “[...] o antigo RH tradicional era centralizador e monopolizador: selecionava, treinava, avaliava e remunerava as pessoas de acordo com os seus cargos e suas políticas e processos internos. Agora, quem cuida disso são os executivos: os atuais gestores de pessoas”. Se vocês concordam com esses argumentos e com os novos papéis dos líderes e da área de RH no que tange à gestão das pessoas, estão convidados a participar dessa jornada, em que trataremos dos principais temas que interferem na qualidade de atuação dos gestores e das pessoas que atuam na empresa, e 3 no alcance de patamares superiores de performance individual, dos grupos e da organização. TEMA 1 – GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES “Você pode sonhar, projetar, criar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo, mas é preciso pessoas para tornar o sonho realidade.” (Walt Disney) Para iniciar os nossos conteúdos, vamos tratar dos conceitos fundamentais que envolvem a gestão de pessoas. Segundo Chiavenato (2015, p. 11), gestão de pessoas é o “conjunto integrado de atividades de especialistas e gestores – como agregar, aplicar, recompensar, desenvolver, manter e monitorar pessoas – no sentido de proporcionar competências e competitividade à organização”. Já Romero (2013, p. 17) defende que “gestão de pessoas é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos colaboradores/servidores e das organizações”. Um dos principais pontos de convergência entre os profissionais que atuam como gestores de pessoas é a importância dessas pessoas, que compõe a parte “viva” da organização, na garantia da manutenção de sua vantagem competitiva no mercado. Portanto, é vital dedicar especial atenção ao capital humano, a fim de garantir estágios superiores de comprometimento com os resultados organizacionais e o sucesso do negócio. Porém, essa visão da importância dos recursos humanos para as organizações é bastante recente. Se analisarmos a evolução dos modelos de gestão, podemos perceber que, recentemente, as pessoas eram consideradas como materiais, quase como máquinas, e o seu potencial intelectual era pouco valorizado; em muitos casos, até desencorajado. No entanto, essa realidade está se modificando. O avanço tecnológico tem mudado esse cenário, uma vez que as funções operacionais têm sido absorvidas pelos processos automatizados, impulsionando a adaptação da forma de gerir pessoas com foco em competências muito ligadas à adaptação às mudanças, flexibilidade, inovação, alterando, dessa forma, o papel das pessoas nas equipes e organizações. Falando em evolução, é importante conhecer algumas das mudanças estruturais que ocorreram ao longo do desenvolvimento dos sistemas de gestão nas organizações. Uma das teorias utilizadas para evidenciar essa evolução é 4 defendida por Chiavenato (2015) e apresenta a diferença entre os modelos mecanicistas e orgânicos, conforme figura a seguir. Quadro 1 – Modelos tecnicista e orgânico Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2015, p. 29. Crédito: rudall30/Jirsak/Shutterstock No Quadro 1, é possível constatar a evolução do papel dos indivíduos no processo de tomada de decisão, tornando os processos muito mais participativos, integradores, descentralizados e horizontais. E por que é tão importante conhecer as teorias que tratam da evolução dos paradigmas que se referem à gestão organizacional? Existem algumas razões que motivam essa análise, dentre elas: (1) entender qual o nível de maturidade dos sistemas de gestão da organização em que atuamos, a fim de auxiliar na definição de políticas, processos, práticas e ferramentas de gestão adequadas à organização; (2) garantir o alinhamento entre os objetivos estratégicos, táticos e operacionais e a coerência entre eles; (3) permitir a análise do nível de conhecimento adquirido ao longo do tempo e a melhoria das estratégias de gestão desse conhecimento; (4) esclarecer os aspectos que estão gerando gargalos e atrapalhando o desenvolvimento do MODELO MECANICISTA - A estrutura vertical é dominante - Tarefas especializadas e rotineiras - Comunicação vertical - Ênfase em regras e regulamentos - Departamentalização - Poucos processos de integração - Decisões centralizadas - Controles rígidos MODELO ORGÂNICO - A estrutura horizontal é dominante - Tarefas compartilhadas e inovadoras - Comunicação horizontal e face a face - Ênfase nas pessoas - Equipes e forças-tarefa - Muitos processos integradores - Decisões descentralizadas - Ênfase em metas e resultados 5 negócio e das pessoas; (5) ajudar a direcionar os esforços para os processos e áreas com maior potencial de crescimento de performance. Após a realização do diagnóstico do nível de maturidade da organização e de suas características culturais, é importante que o gestor conheça o seu papel diante das pessoas que atuam em sua equipe e utilizar os subsistemas de RH como base, garantindo o seu envolvimento como gestor em todos os elementos que influenciam a qualidade, a retenção e a motivação dos talentos de sua equipe. Segundo Chiavenato (2016, p. 3), existem cinco subsistemas na área de RH, conforme quadro a seguir. Quadro 2 – Subsistemas na área de RH Fonte: Chiavenato, 2016, p. 3. Durante a disciplina, vamos nos aprofundar em alguns desses subsistemas no sentido de compreender quais processos e políticas de gestão de pessoas garantem que os melhores profissionais ocupem os cargos mais adequados e se mantenham motivados em contribuir para o alcance das metas sob sua responsabilidade. Provisão de Recursos Humanos Pesquisa de mercado Recrutamento Seleção Integração Aplicação de Recursos Humanos Análise e descrição de cargos Planejamento e alocação de recursos humanos Plano de carreira Avaliação de desempenho Manutenção de Recursos Humanos Administração de salários Benefícios sociais Higiene e segurança do trabalho Relações trabalhistas Desenvolvimento de Recursos HumanosTreinamento Desenvolvimento de recursos humanos Desenvolvimento organizacional Monitoração de Recursos Humanos Banco de dados Sistema de informação Auditoria de recursos humanos 6 Leitura complementar Leia a seção 1.7 do livro Gestão de Pessoas e Talentos, de Janete Knapik, disponível na Biblioteca Virtual. (KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: IBPEX, 2008). TEMA 2 – EVOLUÇÃO DA GESTÃO DE PESSOAS NAS ORGANIZAÇÕES “Uma organização só se mantém viva porque é gerida por pessoas, com pessoas e para pessoas.” (Autor desconhecido). Como já introduzimos no tema 1, a evolução da gestão de pessoas é uma realidade na maioria das organizações que estão mantendo sua vantagem competitiva no mercado. Mas o que tem mudado nas relações pessoais por conta dessa evolução? Figura 1 – Evolução da gestão de pessoas Crédito: Sdecoret/Shutterstock. A primeira mudança que deve ser considerada, em se tratando de gestão de pessoas, é a análise do avanço da visão sobre os recursos humanos, mudando a lente de visão acerca das pessoas de energia muscular e custo para a organização para diferenciais competitivos e investimento para organização. Segundo Chiavenato (2015), as principais transformações que estão ocorrendo na gestão das organizações e das pessoas podem ser analisadas utilizando os parâmetros a seguir. Trabalho físico versus trabalho mental, em que as atividades estão deixando de apresentar características repetitivas e imitativas, passando a apresentar características criativas e inovadoras. Padronização versus diversidade, em que as diferenças entre os indivíduos são valorizadas como fonte de ideias inovadoras e ampliação de mercados. 7 Trabalho individual versus trabalho em equipe, em que conceitos da nova economia, como colaboração, interação e comunicação, se tornaram impulsionadores de resultados positivos. Reter talentos versus aplicar talentos, em que o principal motivador para a retenção dos talentos está na adequação entre desafios, aptidões, fatores motivadores e constate desenvolvimento. Gerentes versus líderes e coaches, alterando consideravelmente o perfil dos gestores, que estão se tornando democráticos, incentivadores e renovadores. T&D versus aprendizagem organizacional, em que a responsabilidade pelo desenvolvimento das pessoas está mais descentralizada, envolvendo a área de RH, mas também os gestores e o colaborador como responsável pelo seu autodesenvolvimento. Gestão do capital humano, em que “cada executivo passou a ser inserido no esforço conjunto de cultivar e desenvolver continuamente o talento humano” (p. 6). Percebe-se que, nos argumentos utilizados pelo autor, o papel dos líderes, a aprendizagem, a interação e a colaboração estão em evidência, caracterizando o novo paradigma da gestão de pessoas. Outra teoria da evolução da visão e foco da gestão de pessoas é apresentada por Knapik (2008) conforme o Quadro 3. Quadro 3 – Teoria da visão e foco da gestão de pessoas Fonte: Knapik, 2008, p. 52. DEPARTAMENTO PESSOAL Gestão focada na burocracia e no controle das pessoas. A empresa é mais centralizadora, e o RH é visto como órgão fiscalizador. ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS Gestão mais dinâmica e focada no desenvolvimento da motivação das pessoas. Preocupa-se com o interesse dos colaboradores. GESTÃO DE PESSOAS Gestão focada no geren- ciamento com e para as pessoas. Considera os colaboradores como talentos dotados de capacidades, habilidades e intenção de levar a empresa ao sucesso. 8 Outra perspectiva bastante atual é a defendida por Quinn (2017). Nela, os autores analisam a evolução dos modelos de gestão e podemos, claramente, perceber como cada um desses modelos direciona a forma com que as pessoas são lideradas e motivadas. Vamos destacar os modelos e as características que se relacionam com a gestão de pessoas, propriamente dita. Modelo de Meta Racional: critérios definitivos para a eficácia da organização são a produtividade e o lucro, e direção clara leva a resultados produtivos. Os colaboradores são selecionados de modo sistemático para que se ajustem ao trabalho, sendo incentivados a cumprir as metas de produtividade definidas pela organização. As operações são planejadas cuidadosamente afim de evitar desperdício de recursos e aumentar a produtividade. Modelo do Processo Interno: complementar ao modelo de meta racional, os critérios vigentes são a estabilidade e continuidade com ênfase em processos, como a definição de responsabilidades, medição e documentação. Espera-se que os gestores monitorem os fluxos de trabalho para garantir eficiência e efetividade. A atuação dos colaboradores é direcionada por regras e padrões rígidos, aplicados a todos de maneira uniforme, sem qualquer tipo de questionamento. Foco na hierarquia de autoridade vertical. Modelo de Relações Humanas: esse modelo emergiu da necessidade de prestar atenção não apenas à eficiência e produção, mas também às necessidades das pessoas que atuavam nas empresas, com ênfase nos relacionamentos e processos informais e sua influência no desempenho dos grupos humanos. Nesse modelo, espera-se que os gerentes sejam empáticos e abertos às opiniões dos funcionários, tendo como atividades principais orientar pessoas e facilitar os processos das equipes. Modelo de Sistema Aberto: marcada pela mudança da economia de produtos para a economia de serviços, com ênfase no questionamento sobre como gerenciar em um mundo de rápida transformação, ambíguo e competitivo, que faz uso intenso do conhecimento. Os principais critérios são adaptabilidade e suporte externo. Nesse modelo, os gestores vivem em ambientes imprevisíveis e tem pouco tempo para organizar e planejar, sendo obrigados a tomar decisões rápidas. Além de ser criativo e inovador, espera-se que o gerente use poder e influência para iniciar e sustentar a 9 mudança na organização. Os colaboradores são convidados a participar dos processos de criação e tomada de decisão. Nesta teoria acerca da evolução dos modelos de gestão e das relações entre colaboradores, gestores e organização, é possível perceber um crescente de valorização das pessoas como determinantes na condução e melhoria dos processos, na tomada de decisões, na sugestão de inovações e ideias, na construção do conhecimento etc. Leitura complementar A Involves, desenvolvedora do software para gestão de trade marketing Agile Promoter, é destaque em gestão de pessoas. Em 2017, foi eleita como a melhor empresa para trabalhar em Santa Catarina pelo Great Place to Work (GPTW), além de ocupar a terceira posição no ranking nacional de tecnologia. A conquista é consequência de políticas inovadoras voltadas à qualidade de vida, motivação e integração de toda a equipe. Algumas das práticas adotadas pela empresa em gestão de pessoas é o Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR); a avaliação semestral de desempenho, chamada de Metamorfose Ambulante (em referência à música de Raul Seixas, já que Música é um dos valores da Involves); e as Cíclicas, que são reuniões trimestrais para conectar todo o time emocionalmente, desenvolvendo o espírito dos “involvidos” – como os colaboradores se chamam internamente – e alinhar os objetivos. “Nós oferecemos uma série de atividades para reter talentos com foco na qualidade de vida, que vão desde horários flexíveis até o incentivo do consumo de frutas e momentos de relaxamento com instrumentos musicais, jogos de tabuleiro e video game no ambiente de trabalho”, conta Ana Paula Panichi, psicóloga da Involves. Disponível em: <https://www.mundorh.com.br/empresas-destacam-suas-acoes- inovadoras-em-rh/>. Acesso em: 28 maio 2019. TEMA 3 – PARTICULARIDADES DA GESTÃO DE PESSOAS NO CONTEXTO ATUAL “O certo, o errado e o absoluto fazem com que as pessoas tenham dificuldadeem enxergar essa conexão do trabalho com o propósito.” (Pallaes, 2018, p. 20) Uma vez que a gestão de pessoas está em evolução constante em direção a um modelo mais orgânico, participativo, colaborativo, que valoriza a autonomia, 10 a proatividade, o engajamento e a criatividade, os gestores de pessoas têm assumido alguns desafios diários, dentre eles (Marques, 2018): Garantir que todas as necessidades dos membros de sua equipe sejam atendidas – gerenciando por meio de valores e necessidades; Gerir todo o time da empresa com eficiência para administrar os conflitos – gestão de conflitos; Construir e gerir a cultura organizacional – alinhamento cultural; Aperfeiçoar os processos internos de forma constante – gestão da diversidade organizacional; Treinar e desenvolver os colaboradores – metodologias ativas nas ações de treinamento e desenvolvimento; Incentivar os planos de carreira e de desenvolvimento pessoal dos funcionários – processos de autoconhecimento e autonomia; Prezar pela comunicação clara, ágil e eficiente aos colaboradores – comunicação assertiva e empática. Figura 2 – Alavancar os resultados individuais Crédito: Olivier Le Moal/Shutterstock. Baseado nesses desafios, vamos tratar de cada uma das ferramentas propostas no sentido de alavancar os resultados individuais e garantir um maior senso de pertencimento no grupo. O gerenciamento por meio dos valores e necessidades tem sido tratado por vários autores contemporâneos que defendem a necessidade de trabalhar o conceito de ampliação da consciência, a fim de humanizar as relações por meio do uso da empatia e aumentar o desempenho por meio do alinhamento entre valores e comportamentos individuais e organizacionais. A gestão de conflitos é uma necessidade em se tratando de gestão de pessoas já que é praticamente impossível evitar conflitos dentro das equipes. É da natureza humana discordar, e discordâncias são de fato saudáveis quando 11 abordadas corretamente. Eliminar totalmente o conflito causaria seus próprios problemas, ou seja, não haveria diversidade de opinião e não haveria como capturar e corrigir planos e políticas imperfeitos. Já o alinhamento cultural refere-se ao quanto os colaboradores e a liderança “estão na mesma página” em relação ao objetivo e aos valores centrais de uma organização. O alinhamento entre a cultura organizacional e a cultura pessoal amplia a motivação para atingir as metas organizacionais e garantir que a missão seja implementada. A gestão da diversidade organizacional também é elencada como um dos pontos nevrálgicos da gestão de pessoas. A globalização impulsionou a criação orgânica de equipes e organizações imersas em um contexto de diversidade e, consequentemente, conflitos dentro dos times, os quais passaram a ter uma configuração muito mais heterogênea. Tal realidade tem exigido dos gestores o desenvolvimento de estratégias de gestão dessa diversidade, a fim de garantir que o conflito seja transformado em instrumento de inovação e criatividade. Nas políticas de treinamento e desenvolvimento, as recentes descobertas sobre a efetividade das metodologias ativas nos processos de aprendizagem têm elevado o nível das ações de T&D. Os gestores de pessoas têm utilizado jogos, experiências vivenciais, discussões direcionadas, construção coletiva de conhecimento para garantir o acesso a comportamentos instalados e direcionar os processos no sentido de reforçar comportamentos positivos e reduzir ou alterar comportamentos negativos. Ainda, processos de autoconhecimento e autonomia estão nas principais pautas de processos de desenvolvimento, bem como a comunicação assertiva e empática. Ambos trabalham com sentimentos, valores, necessidades individuais e como todos esses elementos estão alinhados com a organização. Concluindo, “as pessoas querem igualdade, justiça, abertura e transparência; elas querem ser responsáveis e arcar com todas as consequências de suas vidas; querem confiar e querem que confiem nelas. Elas também querem trabalhar em organizações que sejam vistas como éticas e que façam a coisa certa aos olhos da sociedade. Elas querem se sentir orgulhosas da organização para a qual trabalham” (Barrett, 2018, p. 15). 12 Saiba mais Para conhecer mais sobre as particularidades da gestão de pessoas, leia o artigo “Bird Box: para o que você tem fechado os olhos na gestão de pessoas?”, de Isabel Holanda. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/bird-box-para-o- que-voce-tem-fechado-os-olhos-na-gestao-de-pessoas/>. TEMA 4 – TENDÊNCIAS FUTURAS DA GESTÃO DE PESSOAS “A falta de colaboração é fator crítico para as organizações brasileiras porque afeta muito a eficácia e a eficiência da organização.” (Abreu, 2018, p. 14) O aumento do investimento por parte das organizações na gestão das pessoas é a grande tendência futura, uma vez que essas organizações estão percebendo que o seu grande diferencial competitivo são as pessoas que atuam em seu quadro de colaboradores. A transformação digital, ou seja, a tecnologia, está facilitando e permitindo o acesso à automatização de rotinas e processos, permitindo às pessoas o acesso a papéis mais estratégicos dentro da estrutura organizacional. Segundo Carvalho (2016, p. 24), existem 10 tendências globais de capital humano de acordo com o estudo da Deloitte. Estrutura organizacional: os negócios têm se reinventado para operar como “redes de equipes”, como resposta aos novos desafios. A prontidão da liderança: os líderes de todas as gerações, gêneros e culturas têm sido bem empoderados para conduzir organizações ao redor do mundo? Cultura organizacional: o impacto da cultura nos negócios é incontestável, e novas ferramentas podem auxiliar líderes a mensurar e gerir o alinhamento da cultura em direção aos objetivos do negócio. Engajamento: na construção da relação entre empregador e empregado, os profissionais tornam-se, de certa maneira, voluntários, a serem “reengajados” e “rerrecrutados” diariamente. Aprendizado: as áreas de aprendizagem corporativa estão deixando o papel de provedoras de treinamentos para tornarem-se gestoras de conteúdo e facilitadoras de experiências. 13 Design thinking: o design thinking se contrapõe à complexidade desnecessária do ambiente de trabalho, colocando a experiência do profissional em primeiro plano. RH: conforme as empresas se transformam, as respectivas mudanças em curso precisam ser consideradas no papel exercido pelas áreas de RH. Analytics: o RH tem a chance de demonstrar o retorno sobre o investimento (ROI) em seus esforços de analytics, construindo o business case para maiores investimentos. RH digital: dispositivos portáteis e outras tecnologias possibilitam que o RH revolucione a experiência dos profissionais por meio de novas plataformas digitais. Força de trabalho: redes de profissionais que trabalham sem qualquer vínculo empregatício – assim como o crescente uso de tecnologias – estão remodelando a equação da gestão de talentos. A Consultoria Santo Caos, que trabalha o engajamento interno nas organizações, sugere quatro ideias inovadoras para a gestão das pessoas. Use a tecnologia a seu favor: use canais digitais na busca de talentos, promoção de relacionamento entre funcionários e destes com a empresa. Inove com foco em talentos: por meio da descentralização dos processos de seleção e foco no perfil inovador dos candidatos. Não fique preso aos concorrentes: além de ações de benchmarking, os profissionais de gestão de pessoas devem estar abertos e buscar várias fontes de ideias e inovações. Aposte na diversidade: a gestão da diversidade está sendo considerada uma das maiores tendências em gestão de pessoas. Portanto, segundo as tendências futuras da Gestão de Pessoas, percebe- se que o ambiente organizacional,caracterizado pelo dinamismo, tem motivado os gestores de pessoas a buscar soluções inovadoras no sentido de aproveitar o avanço tecnológico disponível e conciliar o aumento do desempenho com a satisfação pessoal de cada componente da sua equipe. 14 Leitura complementar No sentido de ampliar seu conhecimento sobre as tendências futuras ao gerir pessoas, leia a seção 6.1 e 6.2 (p. 96-105) do livro Gestão de pessoas: conceitos e estratégias, disponível na Biblioteca Virtual. (ROMERO, S. M. T.; COSTA E SILVA, S.; KOPS, L. M. Gestão de pessoas: conceitos e estratégias. Curitiba: InterSaberes, 2013.) TEMA 5 – GESTÃO ESTRATÉGICA DE PESSOAS “Estratégia sem tática é o caminho mais lento à vitória. Tática sem estratégia é o barulho antes da derrota.” (Sun Tzŭ) A partir dos conteúdos já trabalhados, é possível concluir que o papel de gestão de pessoas está cada vez mais estratégico para as áreas e as organizações. Mas, afinal, a que se refere exatamente o termo “gestão estratégica de pessoas”? Para Albuquerque (2003, p. 35), “a administração estratégica de pessoas serve como pano de fundo para promover mudanças organizacionais e é o instrumento adequado para dar respostas aos desafios do ambiente empresarial”. Já para Wittmann et al. (2011), a gestão estratégica de pessoas é o trabalho desempenhado pelos gestores de negócios da empresa (profissional que tem o controle total das ações e recursos da empresa, tais como área comercial, financeira, estatística, marketing, contabilidade, além de ser uma referência como liderança para todos na própria organização), tendo um auxílio e sendo alicerçado pelo setor de Recursos Humanos com o propósito de melhorar desempenhos e atingir metas no qual estejam inseridas tanto as necessidades individuais dos colaboradores quanto as necessidades da organização e sociedade. E, por fim, Mascarenhas (2008) define gestão estratégica de pessoas como toda e qualquer mobilização, orientação, direcionamento e administração do fator humano ao elaborar uma estratégia para a organização envolvendo o setor de Recursos Humanos e garantindo que todos na organização tenham percepção das estratégias e caminhem com a empresa. Percebe-se que os conceitos apresentados evidenciam a necessidade de uma gestão estratégia de pessoas a fim de promover mudanças, dar resposta aos desafios, melhorar desempenhos, alinhar necessidades individuais e 15 organizacionais e comunicar, de maneira clara, as estratégias organizacionais no sentido de todos os colaboradores caminharem na mesma direção. Para garantir resultados extraordinários, é necessário que as estratégias de gestão de pessoas estejam alinhadas com as demais estratégias da organização. Ao tratar de gestão estratégica de pessoas, a responsável por “orquestrar” o processo junto dos gestores é a área de gestão de pessoas, uma vez que é a área responsável por planejar essas políticas e processos. Segundo Chiavenato (2016), para garantir um planejamento de gestão de pessoas coerente e alinhado com as estratégias da área e da organização, é necessário que os gestores e os profissionais da área de gestão de pessoas trabalhem juntos. As etapas sugeridas pelo autor para a elaboração de um planejamento estratégico baseado em competências são: Definir as competências organizacionais básicas, ou seja, as competências requeridas para executar a estratégia de negócios da organização; Definir o conjunto de práticas de RH para cada competência, ou seja, a definição das práticas de RH que podem desenvolver as competências individuais, dos grupos e organizacionais; Integrar as competências organizacionais básicas, ou seja, priorizar as competências e práticas de RH e garantir seu alinhamento; Desenhar os planos de implementação das competências, ou seja, estabelecer os planos de ação e a estratégia de implantação das práticas de RH. A nova formatação da área de recursos humanos, com características mais estratégicas para a organização, é definida como gestão estratégica de pessoas e tem como funções: 1. Ajudar a organização a atingir sua missão; 2. Propiciar meios para a realização dos objetivos da empresa; 3. Atribuir equilíbrio entre as expectativas das empresas e dos colaboradores; 4. Gerir a produtividade e a qualidade; 5. Criar métodos para melhorar o desempenho individual e organizacional; 6. Desenvolver e reter talentos; 7. Garantir a motivação e o comprometimento dos colaboradores; 8. Garantir um ambiente de trabalho saudável; 9. Gerir mudanças organizacionais. https://www.ibccoaching.com.br/portal/importancia-dos-indicadores-de-produtividade-nos-processos-de-uma-empresa/ 16 São muitos os desafios, tanto dos profissionais da área de gestão de pessoas quanto dos próprios gestores nas áreas, para garantir o alinhamento estratégico na gestão de pessoas. Segundo estudo da consultoria Lee Hecht Harrison (LHH), o nível de comprometimento da liderança com a gestão de pessoas é crucial para 70% dos 1.160 executivos consultados. Em tempos de digitalização e de uma nova geração entrando no mercado de trabalho, é preciso levar em consideração questões como humanização do ambiente, novas formas de produtividade, constante aprendizado, adaptação às tecnologias que surgem, uma cultura interna que evite conflitos e que valorize o ser humano, além de um plano de carreira motivador. E que tudo isso, é claro, influencie na boa performance das empresas (Mundo RH, 2018). 17 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G. A gestão estratégica de pessoas. As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. ABREU, V. Por mais líderes com mindset digital e colaborativo. Revista Melhor, ano 25, n. 362, p. 14, 2018. BARRETT, R. A organização dirigida por valores: liberando o potencial humano para a performance e a lucratividade. São Paulo: Alta Books, 2018. CARVALHO, G. Cuidar (bem) do que é seu. Revista Melhor, ano 24, n. 349, 2016. CHIAVENATO, I. Desempenho humano nas empresas: como desenhar cargos e avaliar o desempenho para alcançar resultados. 7. ed. Barueri, SP: Manole, 2016. _____. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. Barueri, SP: Manole, 2015. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: IBPEX, 2008. MARQUES, J. R. A importância da gestão de pessoas nas organizações. Portal IBC, 14 set. 2018. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/rh- gestao-pessoas/importancia-gestao-pessoas-organizacoes/>. Acesso em: 29 maio 2019. MASCARENHAS, A. O. Gestão estratégica de pessoas: evolução, teoria e crítica. São Paulo: Cengage Learning, 2008. EMPRESAS destacam suas ações inovadoras em RH. Mundo RH, 1 jun. 2018. Disponível em: <https://www.mundorh.com.br/empresas-destacam-suas-acoes- inovadoras-em-rh/>. Acesso em: 29 maio 2019. PALLAES, A. Uma nova conexão com o trabalho. Revista Melhor, ano 26, n. 363, 2018. QUINN, R. Competências gerenciais: a abordagem de valores concorrentes na gestão. São Paulo: Elsevier Brasil, 2017. ROMERO, S. M. T. Gestão de pessoas: conceitos e estratégias. Curitiba: InterSaberes, 2013. 18 WITTMANN, M. L.; LUBECK, R. M.; SILVA, M. S.; XAVIER, N. R. Uma visão não linear pelo prisma da complexidade sabre o ambiente da estratégia empresarial. Anpad 3Es, 2011. AULA 2 GESTÃO DE PESSOAS Profª Janete Schmidmeier 2 CONVERSA INICIAL Na aula anterior, tratamos dos conceitos que envolvem a gestão de pessoas no cenário organizacional em que atuamos, bem como algumas particularidades e tendências futuras. Tivemos, ainda, a oportunidade de conhecer os subsistemas da área de gestão de pessoas e entender o papel do gestor de pessoas, no sentido de implementar as políticas e programas e garantir a qualidade de todos os processos. Nesta aula, iremos nos aprofundar em algumas dasfunções tanto da área de Gestão de Pessoas quanto do próprio gestor e entender o papel de cada um dentro desses processos. Destacamos para esta aula os processos de atração e seleção de pessoas; gestão de carreiras, remuneração e benefícios; qualidade de vida e saúde ocupacional; treinamento e desenvolvimento de pessoas; e aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Espero que você aproveite muito os conteúdos que serão explorados em cada tema. TEMA 1 – ATRAÇÃO E SELEÇÃO DE PESSOAS “O talento vence jogos, mas só o trabalho em equipe vence campeonatos”. (Michael Jordan) Para iniciar nossa discussão sobre atração e seleção de pessoas, vamos analisar alguns dados interessantes. De acordo com uma pesquisa da Talenses, consultoria de recrutamento e seleção, realizada com mais de 2.500 profissionais de diferentes níveis hierárquicos (de analistas a presidentes), sobre os fatores que os atrairiam para uma nova oportunidade profissional, a combinação entre salário e bônus é apontada por 84% dos analistas e 82% de coordenadores e gerentes respondentes como o ponto mais importante para uma mudança profissional. Para os diretores, VPs e presidentes entrevistados, apenas 57% a consideram relevante para a decisão de uma mudança. Mais relevantes do que a remuneração, esse grupo de profissionais valoriza o ambiente de trabalho e o clima organizacional (67%), os desafios (62%), a cultura organizacional (62%) e a perspectiva atual do negócio (58%). (Remuneração..., 2018). Portanto, ao recrutar e selecionar candidatos para determinado cargo, é importante analisar os fatores motivadores de cada um e adequar os processos neste sentido. 3 Créditos: Andrey_Popov/ Shutterstock As técnicas utilizadas nos processos de recrutamento estão em constante inovação, algumas delas são técnicas antigas e agora estão sendo implementadas por diferentes mídias. Alguns dos métodos mais populares e inovadores demonstrados para alcançar potenciais candidatos e talentos são: • Desafios criativos na identificação de candidatos improváveis – Quando os recrutadores contratam pessoas, uma coisa a ter em mente é que as habilidades podem ser ensinadas, mas as atitudes não podem. • Tecnologia de vídeo – O vídeo fornece um toque pessoal e permite que um relacionamento comece em um nível face a face em vez de uma voz em um telefone ou um nome em uma pilha de currículos. • Plataforma móvel – Devido à mobilidade ser realizada à mão, a taxa de resposta é alta e permite mais flexibilidade nas maneiras de alcançar esses candidatos qualificados. • Mídias sociais e redes profissionais – Esses canais online alteraram a forma como os recrutadores encontram as habilidades e o talento que estão procurando. • Big Data – Recrutadores estão usando software especializado para analisar milhares de aplicativos e currículos. Essas ferramentas ajudam a filtrar todas as informações por habilidades e qualificações. • Técnicas estranhas e bem-sucedidas – Em recentes tentativas de alcançar candidatos, os recrutadores estão começando a aplicar formas não convencionais de encontrar os candidatos ideais. E, para concluir a discussão sobre recrutamento, seguem mais algumas dicas para um recrutamento eficaz: 4 • Divulgar as vagas de sua empresa de forma eficiente; • Oferecer um local de trabalho atraente; • Filtrar bem o perfil dos candidatos antes das entrevistas pessoais; • Estimular o senso de responsabilidade; • Valorizar a sua rede de funcionários. A próxima etapa, após recrutar os candidatos à vaga, é a seleção. Para conseguir selecionar os melhores talentos, as organizações estão deixando de dar aos gerentes de área e profissionais de RH a responsabilidade direta e muitas vezes exclusiva pelas decisões de contratação. A seleção está sendo conduzida por grupos funcionais cruzados e focada em competências de liderança, tanto quanto em habilidades profissionais. Isso pode ajudar a garantir uma abordagem mais diversificada à seleção e diminuir a subjetividade do processo. Outras ações são fundamentais na garantia da qualidade e assertividade nos processos de seleção. Dentre elas, podemos destacar: • Defina as atribuições do cargo e o perfil da vaga; • Planeje o recrutamento e seleção de pessoas; • Tenha cuidados especiais na entrevista – Questione sobre metas, desempenhos e opinião sobre outros empregos. Tenha atenção também à postura, ao modo de falar e à expressão corporal; • Realize dinâmicas – Quando estrategicamente elaborada, a dinâmica em grupo é uma ferramenta muito eficiente para a contratação de excelentes colaboradores; • Tenha uma comunicação clara com os candidatos; • Dialoguem sobre práticas e experiências anteriores. Saiba mais Na prática organizacional Um exemplo de sucesso é o Grupo Votorantim — multinacional brasileira —, que desenvolveu um sistema de mapeamento capaz de cruzar dados reais de pessoas que se enquadram nos requisitos exigidos pela empresa. A partir daí, acontece uma abordagem dos profissionais apontados pela ferramenta de recrutamento e seleção. Para isso, a empresa envia uma comunicação para o escolhido, perguntando se desejaria participar do processo seletivo da instituição. 5 Segundo a empresa, normalmente a maioria dos contatados aceita o convite e, visto que já haviam passado por uma triagem rigorosa, a possibilidade de estarem aptos para serem contratados pela empresa é bem alta. Saiba mais em: 17 DICAS para acertar no recrutamento e seleção de pessoas. Gupy, 2018. Disponível em: <https://www.gupy.io/blog/acertar-selecao-de-pessoas>. Acesso em: 31 jul. 2019. A indústria de recrutamento e seleção está evoluindo, mas para se diferenciar e obter vantagens competitivas é necessário melhorar continuamente o desenvolvimento de novas formas de alcançar e engajar o talento que a organização está procurando. Encontrar a contratação certa é uma tarefa multifacetada que exige que os recrutadores descartem as técnicas tradicionais que estão se tornando obsoletas. TEMA 2 – GESTÃO DE CARREIRAS, REMUNERAÇÃO E BENEFÍCIOS “A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo.” (Peter Drucker) A gestão de carreira, no passado, era definida como promoção para o próximo nível gerencial. Os “planos” de carreira de quinze anos eram comuns. Porém, o cenário atual está diferente em dois sentidos. Primeiro, poucos são os profissionais que se mantêm em uma organização por tanto tempo para poder se beneficiar de planos de carreira definitivos e longos. Segundo, a responsabilidade pela gestão de carreira passou a ser do próprio profissional, com o apoio do seu gestor e de profissionais da área de gestão de pessoas. Em nível organizacional, podemos definir a gestão de carreira como um processo que impulsiona os funcionários a entenderem e desenvolverem melhor as suas habilidades e interesses profissionais, usando essas habilidades e interesses de forma mais eficaz, tanto dentro da empresa quanto depois de saírem dela. 6 Atividades específicas de gerenciamento de carreira podem incluir o fornecimento de avaliações realistas orientadas para a carreira, a publicação de vagas abertas e a oferta de atividades formais de desenvolvimento de carreira. O desenvolvimento de carreira engloba uma série de atividades ao longo da vida que contribuem para a exploração, estabelecimento, sucesso e realização da carreira de uma pessoa. O Planejamento de carreira é o processo deliberado por meio do qual o profissional se torna consciente de suas habilidades pessoais, interesses, conhecimentos, motivações e outras características; adquire informações sobre oportunidades e escolhas; identifica objetivos relacionados à carreira; e estabelece planos de ação para atingir metas específicas. Resumindo, a gestão de carreira é um planejamento consciente das etapas, planos, metas e ações que um profissional deve tomarno sentido de garantir sua realização profissional e financeira. Créditos: Hyejin Kang/ Shutterstock E como a realização financeira é parte fundamental de uma carreira de sucesso e atua como fator motivador para o alcance de melhores resultados, vamos tratar de remuneração e seus componentes. Quando tratamos de remuneração, o primeiro argumento a ser considerado é que o indivíduo “está disposto a investir o seu melhor à medida que obtém retornos justos e adequados ao seu investimento pessoal. Por isso, a forma de gerenciar a remuneração e as recompensas é fator primordial de atração, captação, retenção e manutenção das pessoas” (Stadler et al., 2014, p. 31). E quais os componentes da remuneração? Analise o quadro a seguir: 7 Quadro 2 – Componentes da remuneração Fonte: Stadler et al., 2014, p. 33 Vale lembrar que os fatores que motivam a busca por melhores resultados por parte dos colaboradores não englobam somente a remuneração financeira, ou seja, envolve fatores como: oportunidades de desenvolvimento, estabilidade no emprego, orgulho de pertencer a determinada empresa, reconhecimento e autoestima, qualidade de vida, oportunidades de encarreiramento, bom relacionamento, autonomia, cultura e clima organizacional. Assim, baseado neste argumento, é importante conhecer o que é e a diferença entre o sistema de remuneração tradicional e o sistema de remuneração estratégica. O sistema de remuneração tradicional tem como base para a remuneração a contribuição do cargo para os objetivos organizacionais e não como o indivíduo o desempenha. Este tipo de remuneração é viável em um ambiente estável, sem mudanças tecnológicas e de mercado. Porém, esta não é uma realidade comum no cenário organizacional atual. Portanto, as organizações estão privilegiando o sistema de remuneração estratégica, no qual a remuneração é vinculada ao desempenho individual do profissional e as compensações adicionais ao salário são feitas por meio de adicionais, bonificações, recompensas financeiras etc. O que é importante destacar neste tipo de remuneração é que um dos seus princípios é remunerar de forma distinta os profissionais que mais contribuem para o sucesso da organização. Saiba mais Para conhecer mais sobre a remuneração estratégica, leia o artigo SISTEMAS de Remuneração Tradicionais e a Remuneração Estratégica. Carreiras, S.d. Disponível em: <https://carreiras.empregos.com.br/seu- emprego/sistemas-de-remuneracao-tradicionais-e-a-remuneracao-estrategica/> Remuneração Fixa • Salário mensal • Salário por obra (empreitada, projeto) Remuneração Variável • Participação nos lucros e resultados (PLR) • Bônus e Ações Benefícios e Serviços • Seguro de vida e seguro saúde • Vale transporte 8 Acesso em: 16 jul. 2019. Assista também ao vídeo sobre esta temática acessando o material on-line. TEMA 3 – QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE OCUPACIONAL Um colaborador competente, mas deprimido e com baixa autoestima se torna improdutivo. (Chiavenato, 2008) Quando falamos de gestão de pessoas, os líderes buscam ampliar o comprometimento dos integrantes de sua equipe, a fim de melhorar os resultados individuais, do grupo e da organização. E uma das formas de aumentar este comprometimento é por meio da Qualidade de Vida do Trabalho – QVT. A área de gestão de pessoas é responsável por desenvolver procedimentos que estimulem os colaboradores a trabalharem motivados por meio da satisfação pessoal. Mas, para garantir a assertividade destes procedimentos, é fundamental identificar as necessidades dos colaboradores e os fatores que estão prejudicando a sua qualidade de vida no ambiente profissional. Mas, afinal, qual a definição de qualidade de vida no trabalho? Segundo definição de Albuquerque (2003, p. 2), QVT é “um conjunto de ações de uma empresa que envolve diagnóstico e implantação de melhorias e inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condições plenas de desenvolvimento humano para e durante a realização do trabalho”. De acordo com França (1997, p. 80), “QVT é o conjunto de ações de uma empresa que envolvem a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho”. Já está claro que garantir a QVT dos colaboradores impulsiona os fatores motivacionais no sentido de garantir melhores resultados. Vamos, então, conhecer mais detalhadamente os benefícios de se investir em QVT, sendo eles: • Aumento da produtividade, devido ao engajamento dos colaboradores; • Maior satisfação dos clientes, aumentando a clientela; • Mais reconhecimento e confiança, conquistando bons fornecedores e parceiros; • Redução da rotatividade e do absenteísmo, o que evita prejuízo na economia; • Retenção de talentos, isto é, com QVT na empresa, o capital humano de qualidade permanece; • Redução de gastos com saúde e afastamento dos colaboradores; 9 • Clima organizacional mais favorável, o que permite mais produtividade, menos conflitos, melhora na imagem da empresa. (A importância..., 2019). Quando analisamos os fatores que promovem a qualidade de vida no trabalho, a saúde ocupacional é um dos principais. E o que é saúde ocupacional? A saúde ocupacional trata, basicamente, da redução ou extinção de riscos para a saúde do colaborador em seu ambiente de trabalho. Dentre estes riscos, devem ser considerados os riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos, bem como condições estressantes que podem prejudicar a integridade física e mental dos indivíduos. Portanto, o desafio dos gestores e profissionais da área de gestão de pessoas é promover condições que atendam às necessidades físicas e emocionais dos colaboradores. Segundo Knapik (2012, p. 280), “as empresas estão sentindo os efeitos do estresse e despertando o interesse dos gestores por programas de QVT, pensando na satisfação do empregado e no aumento da produtividade”. Concluindo, os colaboradores de uma organização desempenham suas atividades por vários motivos, ou seja, para suprir suas necessidades – retorno financeiro, necessidade de crescimento, realização pessoal. Portanto, o desafio dos gestores de pessoas está em observar as necessidades pessoais dos membros de suas equipes e direcionar suas estratégias de gestão na busca da satisfação destas necessidades, mantendo a QVT e sua saúde física e mental. Saiba mais Para conhecer mais sobre qualidade de vida no trabalho, leia o Capítulo 5, páginas 85 a 88, do livro Gestão de pessoas: conceitos e estratégias, de Sonia Mara Romero, disponível na Biblioteca Virtual. Além disso, assista ao vídeo sobre esta temática, acessando o material on- line. TEMA 4 – TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS “As pessoas são diversas e têm diferentes formas de aprender e de se engajar, de interpretar as informações, de se comunicar e de gerar sentido pessoal.” (Larissa, 2019) Para iniciar nosso estudo sobre treinamento e desenvolvimento – T&D, vamos analisar a evolução da visão e importância dada ao T&D pelos gestores e organizações. 10 Chiavenato (2015) explora a mudança de paradigma em relação ao treinamento e desenvolvimento de pessoas elencando a diferença de foco entre organizações tradicionais com uma cultura de obediência e organizações contemporâneas com uma cultura de compromisso, conforme quadro a seguir: Figura 3 – Cultura de obediência e cultura de compromisso Fonte: Chiavenato, 2015, p. 53 Levando em consideração esta evolução, é possível perceber que, na cultura do compromisso, existe uma mudança de foco de responsabilidade no que tange aos processos de aprendizado, trazendo a responsabilidade para o próprio profissional, com apoio da área de gestão de pessoas e dos líderes de equipe. Segundo Knapik (2012, p. 297), “as mudanças nos programas de T&D são incrementais, buscando atender às necessidades de novas competências exigidas pelos novosmodelos de gestão”. Assim, falando em competências e papel dos líderes, uma das principais competências exigidas do gestor de pessoas é o “treinamento da equipe, ou seja, o contínuo treinamento e desenvolvimento dos participantes da equipe, reduzindo suas dissonâncias, incrementando as comunicações e enriquecendo o conhecimento, habilidades e competências” (Chiavenato, 2015, p. 120). Treinamento e desenvolvimento são os processos utilizados para incrementar o desenvolvimento profissional e pessoas, mas existem diferenças entre ações de treinamento e ações de desenvolvimento. O treinamento tem por objetivo preparar o profissional para realizar uma atividade específica, com resultados a curto prazo. Já o desenvolvimento tem por objetivo preparar o profissional para desafios futuros, a médio e longo prazos. 11 Os processos de treinamento e desenvolvimento podem ter diversos objetivos envolvidos, dentre eles a transmissão de informações, desenvolvimento de habilidades, comportamentos e atitudes e desenvolvimento de conceitos. O importante para o gestor de pessoas é se envolver na elaboração do plano de T&D de sua equipe e garantir a qualidade dos processos e o incremento dos resultados individuais e da equipe após a realização dos processos de treinamento e desenvolvimento. Um dos fatores de sucesso no T&D é o seu planejamento minucioso. Romero (2013) sugere as seguintes etapas de elaboração de um plano de treinamento: • Identificação das necessidades de T&D (diagnóstico); • Planejamento e programação das ações de T&D; • Execução da ação de T&D; • Avaliação dos Resultados. Este último item, a avaliação dos resultados de T&D, tem estado no foco de inúmeras discussões acerca da efetividade das ações, ou seja, o quanto as intervenções para treinar e desenvolver os profissionais e equipes estão surtindo o resultado esperado no dia a dia da equipe. Um dos métodos utilizados para garantir a eficácia das ações de T&D é o Modelo 6D’s, desenvolvido por Wick et al. (2011), no qual são apresentadas 6 disciplinas que transformam educação em resultados para o negócio, por meio de etapas no processo de T&D, sendo eles: • D1 – Determinar os resultados para o negócio; • D2 – Desenhar uma experiência completa; • D3 – Direcionar a aplicação para a prática; • D4 – Definir a transferência do aprendizado para o dia a dia; • D5 – Dar apoio à performance; • D6 – Documentar os resultados. Os processos que utilizam o modelo 6D’s ampliam a experiência dos treinamentos e ações de desenvolvimento para além das “salas de aula”, tendo como foco a aplicabilidade do conteúdo para a melhoria da performance e dos resultados, ou seja, preocupa-se com uma experiência expandida. 12 Ademais, ao tratar da questão da experiência expandida, outro modelo bastante atual determina as etapas de uma experiência de aprendizagem completa, conforme figura a seguir: Figura 4 – Experiência de Aprendizagem Completa Fonte: Orlean, 2018, p. 17 Saiba mais Para um maior aprofundamento nos modelos e métodos de T&D, leia as páginas 201 a 203 do livro Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas, de Idalberto Chiavenato, disponível na Biblioteca Virtual. Além disso, assista ao vídeo sobre esta temática, acessando o material on- line. TEMA 5 – APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL E GESTÃO DO CONHECIMENTO “Gerenciamento é substituir músculo por pensamentos, folclore e superstição por conhecimento, e força por cooperação.” (Peter Drucker) Em vários dos temas tratados até o momento, o processo de constantes mudanças pelas quais as organizações estão passando ficou evidente. Assim, a aprendizagem organizacional tem relação direta com estas mudanças no cenário que impulsionam as mudanças nas organizações. Mas, antes de iniciar o estudo da relação entre a aprendizagem organizacional e as mudanças que ocorrem nas organizações, é importante ressaltar que as organizações aprendem. Segundo Takahashi (2015), esta é uma forma ilustrativa de tratar o tema, pois são os indivíduos que aprendem, e o que Ouvir falar sobre o programa Convocação ou inscrição Preparação Intervenção, aplicação Transferência do aprendizado e prática com apoio Resultados alcançados Experiência de Aprendizagem Completa Foco tradicional de T&D 13 ocorre nas organizações é um processo de aprendizado. Este processo ocorre por conta das mudanças e dos fluxos de conhecimento que permeiam o ambiente organizacional. Portanto, aprendizagem organizacional “refere-se a como a aprendizagem acontece na organização, isto é, às habilidades e processos de construção e utilização do conhecimento” (Bitencourt, 2001, p. 70). Complementando, Fisher e White (2000, p. 245) argumentam que “a aprendizagem organizacional é um processo reflexivo, desempenhado por membros em todos os níveis da organização que envolve a coleta de informações dos ambientes externo e interno, [nos quais] essas informações são filtradas através de um o processo de sensemaking coletivo, que resulta em interpretações compartilhadas que podem ser usadas para instigar ações, resultando em mudanças duradouras no comportamento da organização e nas teorias em uso”. Além disso, como todo o processo de aprendizagem organizacional envolve algum processo de mudança, existem, segundo Simart (2017), quatro estágios, os quais compreendem: 1. aprendizagem individual; 2. validação da aprendizagem; 3. estruturação da aprendizagem; 4. aprovação da aprendizagem. Ademais, é importante conhecer os processos de aprendizagem organizacional e a própria cultura da organização e equipe em que atuamos. Segundo Takahashi (2015), a cultura e a postura organizacional perante os momentos de mudança podem facilitar ou inibir os processos de aprendizagem e em que medida a organização absorve e utiliza o conhecimento. Assim, neste momento, que tal conhecer um pouco mais sobre a relação de aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento? Para Prange (2001), toda aprendizagem organizacional envolve algum tipo de conhecimento, ou seja, a aprendizagem só pode ser analisada no ambiente organizacional considerando a noção de conhecimento e sua institucionalização. Vamos iniciar conceituando o que é o conhecimento organizacional. Para Probst et al. (2002, p. 29), conhecimento “inclui tanto a teoria quanto a prática, as regras do dia a dia e as instruções de como agir. O conhecimento baseia-se em dados e informações, mas, ao contrário deles, está sempre ligado a pessoas”. 14 O conhecimento é dividido em conhecimento tácito e conhecimento explícito. O conhecimento tácito envolve o conhecimento adquirido por meio das experiências vividas, sendo, portanto, mais subjetivo, e tendo seu desenvolvimento vinculado à observação e à prática. Já o conhecimento explícito está associado ao conhecimento adquirido por meio de metodologias, gráficos, livros, treinamentos etc. Trata-se do conhecimento baseado na racionalidade e em processos formais de aprendizado. Independentemente do tipo de conhecimento, ele é de extrema importância para a consolidação das melhores práticas. Portanto, as organizações precisam geri-lo para garantir suas vantagens competitivas, ou seja, precisam desenvolver uma gestão do conhecimento. Segundo Falcão e Bresciani Filho (1999), a gestão do conhecimento é o processo organizacional consciente e sistemático de coleta, organização, compartilhamento e análise do acervo de conhecimento usado para atingir objetivos. Segundo Takahashi (2015), existem inúmeros modelos de gestão do conhecimento. Um dos mais difundidos é o modelo de Block (1998, p. 188), sendo que “este modelo está baseado em quatro dimensões: conteúdo (conhecimento estratégico relevante), cultura (modelos mentais e padrões de regras), processo (sequênciade atividades) e infraestrutura (sistemas de informações)”. O modelo de Block (1998) apresenta as etapas do processo de gestão do conhecimento, sendo elas: • Definir o objetivo do conhecimento; • Identificar o conhecimento disponível; • Registrar o conhecimento; • Disseminar o conhecimento; • Utilizar o conhecimento. Enfim, a aprendizagem organizacional e a gestão do conhecimento têm estado nas pautas de discussão nas organizações, a fim de impulsionar os processos de inovação e adaptação às mudanças de tecnologia e do mercado, e com o objetivo de garantir a manutenção de sua vantagem competitiva. 15 Saiba mais Para um maior aprofundamento sobre o tema, leia o Capítulo 7, páginas 173 a 190 do livro Competências, Aprendizagem Organizacional e Gestão do Conhecimento, de Adriane Roseli Wunsch, disponível na Biblioteca Virtual. Além disso, assista ao vídeo do tema no material on-line. 16 REFERÊNCIAS ALBURQUERQUE, L.-F. Estratégia de Recursos Humanos e Gestão de Qualidade de Vida no Trabalho: o stress e a expansão do conceito de qualidade total. São Paulo: Curso avançado de Gestão empresarial em qualidade de vida: FEA/USP, 2003. A IMPORTÂNCIA da qualidade de vida no trabalho. Blog Segurança do Trabalho, 2019. Disponível em: <https://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/2017/02/aimportanciadaqualidade -de-vida-no-trabalho.html>. Acesso em: 5 ago. 2019. BITENCOURT, C. C. A gestão de competências gerenciais: a contribuição da aprendizagem organizacional. RAE, v. 44, n. 1, 2001. CHIAVENATO, I. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. 5. ed. Barueri, SP: Manole, 2015. _____. Gestão de pessoas. 3. ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2008. 17 DICAS para acertar no recrutamento e seleção de pessoas. GUPY, 2018. Disponível em: <https://www.gupy.io/blog/acertar-selecao-de-pessoas>. Acesso em: 5 ago. 2019. FALCÃO, S. D.; BRESCIANI FILHO, E. Gestão do conhecimento. Revista da III Jornada de Produção Científica das Universidades Católicas do Centro- Oeste, Goiânia, v. 2, 1999. FISHER, S. R.; WHITE, M. A. Downsizing in a learning organization: Are there hidden costs? Academy of Management Review, 2000, v. 25, n. 1, p. 244-251. FRANÇA, A. C. L. Qualidade de vida no trabalho: conceitos, abordagens, inovações e desafios nas empresas brasileiras. Revista Brasileira de Medicina Psicossomática. Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 79-83, abr./mai./jun., 1997. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: InterSaberes, 2012. LARISSA, A. Precisamos falar sobre humanização da gestão de pessoas. Blueprintt, 2019. Disponível em: <https://blueprintt.co/blog/humanizacao-do-rh>. Acesso em: 5 ago. 2019. 17 ORLEAN, D. Avaliando Ações de treinamento e desenvolvimento. Disponível em: <https://docplayer.com.br/9901996-Avaliando-acoes-de-treinamento-e- desenvolvimento-daniel-orlean.html>. Acesso em: 31 jul. 2019. PRANGE, C. Aprendizagem organizacional: desesperadamente em busca de teorias. São Paulo: Atlas, 2001, p. 41-63. PROBST, G.; RAUB, S. R. Gestão do conhecimento: os elementos constitutivos do sucesso. Porto Alegre: Bookman, 2002. REMUNERAÇÃO é o principal fator de atração de profissionais. Revista Melhor, 24 maio 2018. Disponível em: <https://revistamelhor.com.br/remuneracao-e-o- principal-fator-de-atracao-de-profissionais-de-diversos-niveis-hierarquicos>. Acesso em: 30 jul. 2019. ROMERO, S. M. T. Gestão de pessoas: conceitos e estratégias. Curitiba: InterSaberes, 2013. SIMARD, A. Organizational Learning: From individual learning to organizational change. In: JAZIRI-BOUAGINA, D.; JAMIL, G. L. (Ed.). Handbook of Research on Tacit Knowledge Management for Organizational Success. IGI Global, 2017. STADLER, A.; PAMPOLINI, C. P. G. Gestão de pessoas: estratégias de competitividade. Curitiba: InterSaberes, 2014. TAKAHACHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: InterSaberes, 2015. WICK, C.; POLLOCK, R.; JEFFERSON, A. 6Ds: as seis disciplinas que transformam educação em resultados para o negócio. São Paulo: Évora, 2011. AULA 3 GESTÃO DE PESSOAS Prof.ª Janete Schmidmeier 2 CONTEXTUALIZANDO No universo organizacional atual, dois tópicos são considerados de grande relevância para a manutenção da competitividade organizacional: a gestão do desempenho e a gestão por competências. Esses tópicos, que serão o assunto desta aula, envolvem diretamente a gestão de pessoas e a performance individual e organizacional. Quando tratamos de gestão e avaliação do desempenho, é preciso fazer um diagnóstico prévio na organização do nível de maturidade gerencial, definir os objetivos esperados da avaliação e estimar o tamanho e os recursos disponíveis para conduzir o processo. Só após esse diagnóstico é possível definir o método e o tipo de avaliação adequado à estrutura organizacional a fim de gerar os melhores resultados. Ao analisar a possibilidade de implementar a gestão por competências, além dos quesitos mencionados, é necessária uma mudança cultural na organização para que a espinha dorsal de todos os processos e políticas sejam as competências essenciais e organizacionais das áreas e individuais. Consequentemente, todos os processos e políticas de gestão de pessoas também devem ser balizados por essa espinha dorsal, este pilar de competências. TEMA 1 – GESTÃO E AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO “Toda a avaliação é um processo para julgar ou estimular o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa.” Idalberto Chiavenato Um dos comportamentos naturais ao ser humano e à sociedade é a análise e o acompanhamento do desempenho humano. Quem de nós nunca teceu um julgamento sobre o desempenho de um amigo, de um colega de trabalho, de um gestor ou de um subordinado? Dentro das organizações não é diferente: esse é um comportamento natural e necessário para a garantia de resultados satisfatórios do indivíduo e da equipe. As organizações de alto desempenho consideram as pessoas suas maiores fontes de vantagem competitiva, por isso buscam, em suas estratégias internas, ampliar o comprometimento de seus recursos humanos com os resultados organizacionais por meio de sistemas de gestão que avaliem, 3 desenvolvam e motivem os funcionários a buscarem os melhores resultados pessoais, do grupo e da organização. Segundo Macedo (2015), a avaliação de desempenho é o processo que tem por objetivo medir o desempenho do funcionário a fim de avaliar a contribuição de cada um para o alcance dos objetivos da instituição. Chiavenato (2016, p. 113) define que a “avaliação de desempenho pode colaborar na determinação e no desenvolvimento de uma política adequada de RH às necessidades da organização”, ou seja, além de avaliar o desempenho individual, as ferramentas de avaliação de desempenho auxiliam os gestores e a área de gestão de pessoas a melhorarem os processos e as políticas internas de gestão. Além dos dois objetivos já citados, Pontes (2014) complementa com outros, que devem ser considerados ao definir pela implantação de um modelo de avaliação de desempenho. Entre eles estão os seguintes: tornar dinâmico o planejamento da empresa; conseguir melhorias na empresa voltadas à produtividade, à qualidade e à satisfação dos clientes, bem como em relação aos aspectos econômicos e financeiros; melhorar as competências das pessoas e da empresa; desenvolver pessoas; estabelecer os resultados esperados das pessoas na organização; melhorar a comunicação entre os níveis hierárquicos da organização, criando um clima de diálogo construtivo e eliminando dissonâncias, ansiedades e incertezas; dar orientação constante sobre o desempenho das pessoas, buscando melhorias; tornar claro queos resultados são conseguidos por intermédio da atuação de todo o corpo empresarial; estabelecer um clima de confiança, motivação e cooperação entre os membros das equipes de trabalho; servir como instrumento propagador de programas de qualidade e, conforme o método adotado, do próprio instrumento de gestão da qualidade; 4 servir como importante instrumento coadjuvante em decisões de carreira, salários e participação nos resultados da empresa; servir como instrumento para o levantamento de necessidades de treinamento e desenvolvimento; identificar talentos, como processo conjunto com o instrumento avaliação de potencial. Com base nesses objetivos e no potencial de ganhos que a avaliação de desempenho pode proporcionar aos gestores e demais áreas, é fundamental que a organizações tenham um processo de gestão do desempenho bem estruturado e disseminado em todas as áreas. Mas qual é a diferença entre avaliação de desempenho e gestão do desempenho? A avaliação é uma das etapas da gestão do desempenho, a qual engloba também a análise e a definição das expectativas dos clientes, as competências, os valores, a cultura da organização e os diferenciais dos seus produtos e serviços. Já a gestão do desempenho trata de todas as ações e iniciativas dentro das organizações no sentido de garantir e gerenciar o desempenho profissional, dentre as quais podemos elencar: a definição de funções, a fixação dos objetivos individuais, o apoio aos indivíduos e respectivo acompanhamento, a avaliação de desempenho, a formação para diversas competências, a remuneração em função do desempenho e a formação e o desenvolvimento das pessoas (Ghermandi, 2018). Concluindo, a gestão do desempenho, bem como a avaliação propriamente dita, deve ser uma das principais pautas no que tange à gestão de pessoas no ambiente organizacional, uma vez que garante a avaliação do curso que está sendo tomado, bem como permite a correção ou alteração da rota. TEMA 2 – MODELOS E TIPOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Quando você avalia o desempenho profissional, procure as causas. Reconheça e recompense aqueles que dão resultados. Ache as causas por que o desempenho é bom e por que o desempenho não é bom. Ram Charan 5 Para iniciar as discussões deste tema, vamos utilizar um argumento de Chiavenato (2016, p. 115), o qual apresenta que a avaliação do desempenho não pode restringir-se ao simples julgamento superficial e unilateral do chefe a respeito do comportamento funcional do subordinado no passado. É preciso descer a um nível maior de profundidade, localizar causas e estabelecer perspectivas de comum acordo com o avaliado. No trecho, o autor defende a atenção a alguns cuidados ao avaliar o desempenho de um colaborador, reforçando a necessidade de uma análise profunda sobre as causas e estratégias de melhoria do desempenho. Porém, muitas organizações ainda utilizam a ferramenta como instrumento de julgamento superficial, focando apenas no desempenho passado. A avaliação de desempenho, como as demais ferramentas de gestão de pessoas, também tem passado por evoluções nos últimos tempos. Na visão mecanicista, o funcionário era avaliado, controlado e punido, já na visão mais estratégica e orgânica, os resultados individuais são analisados com base: na adequação do funcionário ao cargo; na atuação da liderança; no investimento da organização em treinamento e desenvolvimento; na efetividade do feedback; na definição conjunta e clara dos objetivos pessoais, entre outros. É importante ressaltar que cada organização tem uma maturidade diferente em seus sistemas de gestão, e esse nível de maturidade deve ser considerado ao definir como gerir o desempenho na organização em que atuamos. Outros elementos que devem ser considerados são os objetivos a serem alcançados, o tamanho da organização, a sua cultura, a política de gestão de pessoas e as características dos cargos envolvidos. Ou seja, existe um modelo de avaliação de desempenho ideal para cada organização. A primeira análise que faremos, nesse sentido, aborda a ênfase dada a cada um dos métodos de avaliação de desempenho, conforme quadro a seguir: 6 Quadro 1 – Classificação dos métodos de avaliação de desempenho Métodos clássicos Métodos contemporâneos Ênfase da avaliação: passado Ênfase da avaliação: futuro Ênfase da avaliação: passado e futuro Ênfase da avaliação: futuro Pesquisa de campo; Incidentes críticos; Frases descritivas; Escala gráfica; Escolha forçada; Comparação binária; Atribuição de graus. Avaliação por objetivos; Avaliação por atividades. Avaliação por competências. Acompanhamento e avaliação de resultados. Fonte: Adaptado de Pontes (2014, p. 46). Outra análise, também desenvolvida por Pontes (2014), avalia a objetividade de cada um dos métodos existentes no mercado, conforme a Figura 1. Figura 1 – Escala de objetividade dos métodos de avaliação Fonte: Adaptado de Pontes (2014, p. 47). Outra questão a ser considerada ao optar por um modelo de avaliação de desempenho é o tipo de avaliação, o que é definido por quem é o responsável direto por avaliar o profissional. Segundo Chiavenato (2016, p. 119), “modernamente, a tendência é deslocar gradativamente a responsabilidade pela avaliação de desempenho para o próprio indivíduo com a participação gerencial na negociação consensual de objetivos a serem perseguidos pelo indivíduo com a ajuda e apoio do gerente”. No entanto, como não atuamos em uma realidade organizacional tão madura, caracterizada pela total autonomia e responsabilidade do profissional pelo seu desempenho e desenvolvimento, algumas questões devem nortear a 7 decisão pelo tipo de avaliação de desempenho e, mais especificamente, a decisão de quem será ou serão os avaliadores. Gil (2000, p. 150) elenca os possíveis responsáveis pela avaliação de desempenho de maneira geral, sendo eles: o gerente que, de certa forma, é o responsável pelo desempenho do seu subordinado; o próprio empregado, desde que a empresa determine parâmetros objetivos para que não haja subjetivismos e distorções pessoais; a equipe de trabalho, que define as metas e os objetivos a alcançar e avalia os membros; a comissão de avaliação, composta de membros escolhidos de diferentes órgãos; os subordinados em uma “avaliação invertida”, em que são eles quem avaliam os seus chefes, dando a possibilidade de ele saber o que seus subordinados pensam a seu respeito; o órgão de Recursos Humanos, onde somente o órgão avalia os empregados; o entorno do avaliado, por meio da avaliação 360°, a qual é feita por todos que têm algum tipo de interação profissional com o avaliado. Saiba mais Para conhecer os métodos e os tipos de avaliação, leia o capítulo 3 (p. 67- 84) do livro Técnicas e métodos de avaliação de desempenho, de Cley Jonir Foster Jardeweski e Gustavo Luiz Jardeweski, disponível na Biblioteca Virtual. TEMA 3 – GESTÃO POR COMPETÊNCIAS A eficiência do líder é comprovada quando enxergamos os reflexos de suas virtudes e competências multiplicando-se em meio à sua equipe. Alison Aparecido Ferreira A gestão por competências é um gerenciamento baseado no equilíbrio das qualificações reais dos profissionais e nos requisitos de qualificação exigidos pelos cargos e funções, ou seja, trata-se de uma abordagem por meio da qual as organizações gerenciam as competências existentes e as exigidas para a garantia do alto desempenho, tanto a nível individual, grupal ou ao nível da organização (Melgar-Sasieta; Beppler; Pacheco, 2011). Outra definição de gestão por competências relaciona essa estratégia com a própria gestão de pessoas nas áreas e na organização, apresentando que a gestão por competências pode ser definida como um processo contínuo baseado naestratégia da empresa e que apresenta em sua estrutura a necessidade de um redirecionamento das políticas e dos processos de gestão de pessoas e um foco https://www.pensador.com/autor/alison_aparecido_ferreira/ 8 nos processos de treinamento e desenvolvimento dos profissionais (Ruano, 2003). A base desse modelo de gestão é o modelo por competências, que descreve os requisitos para o trabalho e permite compará-los com o conhecimento, a habilidade e as atitudes reais do indivíduo. Porém, antes de tratar da gestão por competências, vamos relembrar os conceitos básicos sobre competências individuais. Segundo Fleury e Fleury (2000), competência é saber agir de maneira responsável, implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo. De acordo com Chiavenato (2015, p. 10), a competência individual é formada por quatro elementos, que são os seguintes: Conhecimento – é o saber e depende da aprendizagem. Para este conhecimento ser útil, ele precisa ser aplicado, isto é, transformado em ação. Habilidade – é o saber fazer, ou seja, é a capacidade de utilizar de maneira eficiente e eficaz o conhecimento para agregar valor; Julgamento – saber analisar e decidir, ou seja, trata do julgamento do profissional de onde, como e quando os conhecimentos e habilidades serão aplicados; Atitude – saber fazer acontecer, ou seja, “conhecimentos, habilidade e julgamento requerem atitudes das pessoas para que possam ser colocados em prática”. Existem vários modelos de gestão por competências, cada qual com suas singularidades. Dentre eles, um dos mais utilizados é o Modelo de Gestão por Competência de Brandão (2012), que apresenta as seguintes fases de implantação: 1. Formulação da estratégia organizacional definir missão, visão de futuro e objetivos estratégicos; estabelecer indicadores de desempenho e metas. 2. Mapeamento de competências identificar as competências necessárias; inventariar as competências existentes; mapear o gap de competências e planejar a captação e/ou o desenvolvimento. 3. Captação de competências selecionar competências externas; 9 admitir, alocar e integrar. 4. Desenvolvimento de competências definir mecanismo de desenvolvimento; disponibilizar e orientar aproveitamento. 5. Acompanhamento e avaliação acompanhar e apurar os resultados alcançados; comparar resultados alcançados com resultados esperados. 6. Retribuição reconhecer e premiar o bom desempenho; remunerar por competências. Outro modelo que apresenta as fases para a gestão por competências destaca cinco etapas para a implantação do modelo, conforme Quadro 2: Quadro 2 – Gestão por competências Fonte: Chiavenato (2015, p. 13) O importante a verificar nos dois modelos mostrados é a necessidade de mapear as competências necessárias e existentes e de formular uma estratégia para reduzir o gap entre elas, afinal, “saber alcançar a competitividade não depende apenas de conquistar, reter, aplicar, desenvolver, motivar e recompensar talentos, mas, principalmente, de gerir competências e alcançar resultados significativos por meio delas.” (Chiavenato, 2015, p. 8). •Avaliação daquilo que a empresa sabe fazer melhor que a concorrência e que lhe assegura competitividade em um mundo em constante transformação Diagnóstico das competências essenciais (core competence) •Avaliação daquilo que cada área da empresa sabe fazer melhor e que lhe assegura vantagens competitivas Elaboração da matriz de competências para cada área da empresa •Definição apurada do significado de cada competência, a fim de assegurar compreensão e consonância por parte de todos Descrição das competências da empresa e de cada área •Definição de objetivos a alcançar e métricas a respeito da construção e aplicação e do desempenho das competências Definição de objetivos e indicadores de desempenho • Como incluir as competências em todas as atividades internas e externas da empresa para assegurar a competitividade do negócio Formulação dos planos operacionais 10 Saiba mais Para um melhor entendimento sobre gestão por competências, leia o artigo “5 motivos para gerenciar as competências de sua empresa”, disponível no link: https://blogdaqualidade.com.br/5-motivos-para-gerenciar-as-competencias-da- sua-empresa/. TEMA 4 – GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS É necessária a profissionalização, é necessária uma competência profissional em nós para atingirmos nosso objetivo, cumprir bem nossa missão. Ronaldo Pereira A propagação da gestão por competências tem impulsionado inúmeras mudanças na área de gestão de pessoas, principalmente no que tange à mudança de foco, tanto da própria área quanto dos gestores, para os processos de gerenciamento das competências que impulsiona, consequentemente, o desempenho profissional. Portanto, os modelos de gestão por competência tornaram-se a base para funções de gestão de pessoas, tais como: recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, gerenciamento de desempenho, remuneração etc. Os modelos de competência incluem especificamente os seguintes elementos: nomes das competências e definições detalhadas; descrições das atividades e dos comportamentos associados a cada competência; diagrama de apresentação do modelo de gestão por competências. No modelo de gestão por competências, ficam descritos todas as práticas, os processos e as políticas existentes na organização, inclusive as que envolvem a gestão de pessoas. Para Knapik (2012, p. 164), a adoção de um modelo de gestão por competências passa a ser um recurso estratégico nas empresas e, se bem conduzida, facilita o gerenciamento dos negócios. É importante que a área de gestão de pessoas tenha clareza sobre sua visão empresarial e sobre os resultados que pretende alcançar, para que defina as competências que agregam valor aos negócios. 11 Por isso, é preciso haver uma coerência entre os processos de todas as áreas da organização e, principalmente, nos processos e nas ferramentas da área de gestão de pessoas. Nesse sentido, Knapik (2012, p. 183) cita algumas das ferramentas de gestão de pessoas baseada em competências, sendo elas: roteiro de entrevista comportamental (indicador de competências) de seleção, para identificar os candidatos que possuem as capacidades (conhecimentos, habilidades e atitudes) valorizados pela empresa; identificação das competências a serem desenvolvidas nos colaboradores e criação de um plano de treinamento e desenvolvimento; elaboração de uma ferramenta de avaliação de desempenho dos colaboradores com foco em competências; criação de um programa de recompensas, remuneração e carreira por competências. Outros pesquisadores dos modelos de gestão por competências, Carbone et al. (2009), enumeram as aplicações do mapeamento de competências na gestão organizacional e de pessoas, sendo eles (p. 75-76): orientação estratégica das ações de gestão de pessoas; diagnóstico setorial ou individual; identificação de lacunas, ou gaps, de competências; identificação das necessidades de aprendizagem; sistematização da capacitação profissional; formulação de objetivos instrucionais; orientação profissional e de carreira; subsídio a ações de alocação, recrutamento e seleção; reconhecimento, promoção e premiação; remuneração por competências; endomarketing para estimular o autodesenvolvimento; orientação aos sistemas de compartilhamento de competências. Na organização, nas áreas e para os gestores, os modelos gestão por competência ajudam a melhorar o direcionamento nos processos de recrutamento e seleção, desenvolver conhecimentos e habilidades que levem a melhorar a eficácia e produtividade, fornecer uma estrutura consistente
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