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DEFINIÇÕES Trata-se de uma disfunção no funcionamento de órgãos e sistemas, secundária à resposta inflamatória desregulada a uma infecção. O foco da infecção pode estar localizado em apenas um órgão. A resposta do organismo para combater o agente infeccioso que provoca uma resposta inflamatória sistêmica descontrolada, não regulada e autossustentável responsável pela lesão celular e disfunções orgânicas atribuídas à sepse. Sepsis-3 (definição 2016): Infecção, disfunção orgânica e resposta imune do hospedeiro desregulada. Fatores de risco: Extremos de idade, doenças imunossupressoras, câncer, diabetes, medicamentos imunossupressores, abuso de álcool, cateteres venosos ou outras condições que envolvam integridade cutânea. A síndrome é associada com declínio cognitivo e funcional novos e persistentes em idosos, redução da capacidade dos sobreviventes de viverem sozinhos e aumento do risco de doenças psiquiátricas em sobreviventes e seus familiares. Principais agentes: Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli. IDENTIFICAÇÃO qSOFA: Identifica pacientes com suspeita de infecção que apresenta probabilidade de estadia prolongada em UTI ou de morte em sua internação. 2 pontos ou mais – Maior probabilidade de disfunção orgânica. FR ≥22 mov/min. Alteração do nível de consciência. PAS ≤100mmHg. Não usar o qSOFA para diagnóstico de sepse. * Score NEWS para suspeita de sepse Pontuação >4 no score NEWS: alta suspeita de sepse. DIAGNÓSTICO Quadro Clínico – Suspeita de Infecção: Temperatura >38,3ºC ou <36ºC; FC > 90 bpm; Taquipneia, FR >20 ipm; Sinais e sintomas específicos do foco infeccioso: Dispneia, tosse; Disúria, polaciúria; Dor abdominal; Secreção purulenta em escaras; Achados que podem ser modificados: Uso de medicamentos: Antitérmicos, beta-bloqueadores, etc. Idade: Idosos tendem a ser oligossintomáticos. Doenças pré-existentes: DPOC, etc. Deve-se solicitar dois pares de hemoculturas (meios de cultura para anaeróbio e aeróbio) colhidos de dois sítios diferentes para todos os pacientes com suspeita de sepse, preferencialmente antes da administração de antibióticos. Labs para avaliação de disfunções orgânicas: Respiratória Gasometria arterial Hepática BTF Renal Creatinina Hematológica Contagem de plaquetas Metabólica Lactato A USG POCUS (Point-of-care) tem ganhado importância na sepse, pois pode indicar o diagnóstico etiológico (pneumonia, pielonefrite, apendicite, etc), presença de complicações (disfunção miocárdica) e orientar o tratamento (reposição volêmica). Critérios diagnósticos na sepse: Sepse: Infecção suspeita ou confirmada + aumento de, pelo menos, 2 pontos no SOFA. Choque séptico: Necessidade de vasopressor para PAM=65 + lactato >2 mmol/L (18 mg/dL) na ausência de hipovolemia. CHOQUE Hipotensão Sinais clínicos de hipoperfusão tecidual: Oligúria, alteração do sensório e sinais cutâneos. Taquicardia Taquipneia Acidose metabólica Hiperlactatemia Mottling tem correlação com mortalidade da sepse; Livedo Achados laboratoriais iniciais: Leucocitose >12.000 ou leucopenia <4.000; Contagem de leucócitos normais com mais de 10% de formas imaturas. Trombocitopenia (plaquetas <100.000); Hipoglicemia (glicemia > 140 mg/dL na ausência de diabetes); Hipoxemia arterial: [PaO2]/[FiO2] < 300. Aumento da creatinina >0,5 mg/dL; Hiperbilirrubinemia; Aumento das provas de atividade inflamatória (PCR, Procalcitonina, proadrenomedulina); Hiperlactatemia – quando maior que 2 mmol/L (>18 mg/dL) na admissão do paciente, realizar uma segunda dosagem 2-4 horas após o início da ressuscitação volêmica, como avaliador de medidas já implantadas e indicador de prognóstico. TRATAMENTO Monitorização contínua dos parâmetros vitais; Manter vias aéreas pérvias e oxigenação adequada; Acesso venoso + exames laboratoriais; Recuperação rápida da perfusão – Administração de Cristaloide (preferência com Ringer Lactato); 30mL/kg, iniciar na primeira hora e terminar nas primeiras 3 horas. Ressucitação volêmica: Bolus de 500mL, monitorizando hemodinâmica, SatO2 e ausculta pulmonar. Maiores volumes não apresentaram benefícios. Antibioticoterapia precoce; Se não alcançar PAM=65mmHg com fluidos, realizar o uso de vasopressores: Utilizar a noradrenalina, que pode ser feita em acesso venoso periférico. A adição de uma segunda ou terceira droga à noradrenalina pode ser necessária (como epinefrina, dobutamina ou vasopressina), com dados controversos para auxiliar na seleção do agente. *Pacientes hipertensos crônicos possivelmente se beneficiam de manter PAM entre 80-85 mmHg. A antibioticoterapia deve iniciar o mais precoce possível em choque séptico ou alta probabilidade de sepse (no máximo 1h). Quando sepse possível sem choque, administrar ATB dentro de 3 horas a partir do momento em que a sepse foi reconhecida pela primeira vez. A ATBterapia deve ser direcionada para o foco suspeito de infecção. Sem resposta à terapêutica inicial: Checar possibilidade de outros diagnósticos (IAM, TEP, etc), realizar acesso venoso central, fazer uso de corticoides, inotrópicos e/ou transfusão. ► Corticoides: Para adultos com choque séptico e necessidade contínua de terapia vasopressora, iniciar uso de corticosteroides IV (hidrocortisona IV 200mg/dL – 50mg de 6/6h). ► Transfusão: Deve ser reservada para paciente com Hb ≤7g/dL. As exceções incluem choque hemorrágico concomitante ou isquemia miocárdica ativa, que têm indicações específicas de hemotransfusão. ► Terapia Antifúngica Empírica: Não é justificada em pacientes não neutropênicos. Os principais fatores de risco para infecção fúngica são cirurgia recente, nutrição parenteral, tratamento antimicrobiano ou hospitalização prolongada, quimioterapia, transplante, insuficiência renal ou hepática crônica, diabetes, dispositivos vasculares, choque séptico ou colonização prévia por Candida spp. Em pacientes neutropênicos ou com forte suspeita de Candida ou Aspergillus, equinocandinas (para Candida) ou voriconazol (para Aspergillus) são medicações de escolha. ► Infusão de BIC: Não é isenta de riscos em pacientes com acidose láctica e só deve ser realizada em pacientes com acidose metabólica grave (pH <7,1 e BIC <7, mEq/L). Eletrólitos (principalmente cálcio iônico) e nova gasometria devem ser solicitados após 30-60 minutos da infusão. ► Glicemia: Manter glicemia sérica <180 mg/dL, se necessário com insulina de ação rápida. ► Profilaxia de TEV: Utilizar em pacientes com mobilidade reduzida. Enoxaparina 40mg SC 1x/dia ou heparina 5.000U SC, 3x/dia. ► Vitamina C: Não tem bom embasamento na literatura. INTERNAÇÃO UTI: Pacientes em choque séptico ou em insuficiência respiratória com necessidade de vasopressores ou de VM. Enfermaria: Pacientes sem choque e que respondem bem à ATBterapia.
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