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Psicologia do Trabalho
Fatores Psicossociais e Atividade Profissional
Responsável pelo Conteúdo:
Profa. Ms. Flávia Alves Ribeiro Monclùs Romanek
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
5
Un
id
ad
e
Fatores Psicossociais e Atividade Profissional
O objetivo é que você, pós-graduando, valorize conceitos que fundamentam 
a prática de identificação, diagnóstico e prevenção dos males psicossociais no 
ambiente profissional. 
Bem-vindo à disciplina Psicologia do Trabalho do Curso de Pós-graduação em Enfermagem do 
Trabalho. Que tal começarmos a trabalhar? Então, vamos conhecer um pouco sobre o assunto 
a ser abordado:
Nesta Unidade, discutiremos os conceitos fundamentais que se relacionam à Psicologia do 
Trabalho para a Enfermagem, ou seja, o que são fatores psicossociais e como podem afetar 
ou influenciar o trabalho de Enfermagem e o processo de cuidados em relação ao profissional 
dessa área.
Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
•	 Desenvolvimento
Fonte: iStock/G
etty Im
ages
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Unidade: Fatores Psicossociais e Atividade Profissional
Este instrumento presentemente apresentado se propõe à abordagem dos conceitos 
referentes aos elementos de ordem emocional e social que interferem ou podem influenciar no 
desenvolvimento da atividade profissional.
O desenvolvimento das atividades profissionais se destaca como elemento relacionado à 
saúde mental.
Isto posto, a Psicologia do Trabalho para a Enfermagem compreende processo de cuidados 
em relação ao profissional dessa área.
Além disso, o material sugerido para leitura é:
•	 Heloani,	J.R.;		Capitão,	C.G.	Saúde mental e psicologia do trabalho. SÃO PAULO EM 
PERSPECTIVA, 17(2) 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2.
Nessa leitura escrita acima, é possível se elencar que o trabalho, quando relacionado aos 
desconfortos emocionais e sociais, pode estar envolto em ambiente de desmotivação, desânimo, 
diminuição na qualidade do trabalho, faltas, licenças e afastamentos.
Contextualização
http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2
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Fatores psicossociais, que eu chamo por vezes emocionais, simplesmente, são todos os 
elementos não físicos, não palpáveis, mas que são muito importantes para o desenvolvimento 
de uma tarefa. Motivação, por exemplo, é certamente um fator psicossocial que te impulsiona a 
cursar esta pós-graduação, não é mesmo?
Abordaremos alguns conceitos básicos, tais como:
•	 saúde	laboral/	mental;	
•	 clima	ou	cultura	organizacional;	
•	 hierarquia;	e
•	 competências	do	enfermeiro	no	processo	de	Psicologia	do	Trabalho.
Vamos	 refletir	 inicialmente	 sobre	 este	 trecho,	 de	 (Heloani,	 Capitão,	 2003)	
disponível em http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2: 
“...as condições e as exigências do mercado de trabalho na 
atualidade rotinizam e amortecem o sentido da vida, deixando 
no corpo as marcas do sofrimento, que se manifestam nas mais 
variadas doenças classificadas como ocupacionais, além de atentar 
contra a saúde mental”.
Na	fala	escrita	acima,	podemos	sugerir	que	o	trabalho	em	si	não	causa	doença;	pelo	contrário,	
o	problema	 são	os	desconfortos	emocionais	e	 sociais	a	que	o	profissional	 está	 sujeito;	 estes	
sim podem desencadear desmotivação, desânimo, diminuição na qualidade do trabalho, faltas, 
licenças e afastamentos. Aliás, enquanto líderes, não gostamos que isso aconteça, pois interfere 
de forma negativa no desempenho da equipe e, portanto, no resultado do serviço que prestamos.
Vale destacar que Saúde laboral/mental foi uma proposta iniciada na Administração por 
Elthon Mayo e Kurt Lewin como teorias que focam o desenvolvimento do recurso humano, 
ou	seja,	pessoas	como	bens	mais	valiosos	que	uma	empresa	possui.	Herbert	Ross	aprimorou	
esse conceito, inserindo o comportamento a ser trabalhado pela equipe (administração e 
funcionários) (Kuazaqui, 2008).
Em outras palavras, a saúde mental no trabalho se relaciona aos fatores do ambiente:
•	 maneira	de	trabalhar;	
•	 metas	estabelecidas;
•	 forma	de	gerenciar;	
•	 forma	de	liderar;	
•	 forma	de	se	comunicar;	
•	 forma	de	se	relacionar;	e	
•	 aos	fatores	laborais	que	interferem	na	ocorrência	de	estresse	e	doenças	mentais	no	trabalho.
Desenvolvimento
http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2
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Unidade: Fatores Psicossociais e Atividade Profissional
Para ilustrar a importância da saúde mental no contexto do trabalho, ressalto 
uma pesquisa que foi elaborada por enfermeiras em um hospital público de 
Salvador em 2003. A pesquisadora objetivou analisar a relação entre demanda 
psicológica, ou seja, o quanto do aspecto emocional de 502 trabalhadoras 
de Enfermagem as atividades no serviço exigiam e quanto elas referiram ter 
controle sobre o seu trabalho nestas situações. O resultado alcançado foi que 
as profissionais de Enfermagem sofriam de distúrbios mentais e por isso não 
desempenhavam suas atividades com o devido controle (Araújo, Aquino, 
Menezes, Santos et al, 2003). A pesquisa está disponível em www.researchgate.
net/trabalhoenfermagem/004635240927b38bce.
O estudo citado acima nos faz refletir sobre a influência do trabalho na saúde mental e vice-
versa. Além disso, as autoras sugerem que propostas sejam elaboradas pela administração 
em conjunto com representantes dos trabalhadores, e por que não dizer, com a enfermeira do 
trabalho para amenizar o impacto da doença mental no desempenho do trabalhador, evitando 
intercorrências?
Uma forma efetiva de evitar que essas intercorrências aconteçam é conhecermos o clima 
organizacional, ou seja, a forma como a instituição funciona além das normas e rotinas oficiais 
que constam dos manuais de procedimentos na percepção e no modo de fazer dos trabalhadores.
O sistema de valores e comportamentos dos trabalhadores de uma instituição é:
•	 uma	imagem	do	cenário;	
•	 como	funciona;	
•	 como	as	pessoas	se	relacionam;	
•	 como	as	pessoas	observam	seu	trabalho;	
•	 como	as	pessoas	percebem	sua	chefia	e	o	“todo”	do	lugar.	
Isso quer dizer que devemos reconhecer o clima para compreender a situação que pode 
desencadear os problemas emocionais do trabalhador e afetando o seu trabalho.
É importante que este conceito esteja claro: clima organizacional é o modo como 
o	processo	de	 trabalho	acontece	além	do	manual	operacional;	 pode	 incluir	 as	
relações dos profissionais entre si e com a chefia. Então, é fundamental conhecer 
que ele existe e pode interferir na saúde emocional no trabalho.
Para que você tenha uma ideia e com o objetivo de entender o que os profissionais de 
Enfermagem compreendem sobre o clima organizacional em uma instituição com alta 
rotatividade de profissionais, conheça uma pesquisa desenvolvida por Aquino Perossi em 2013 
(disponível em http://www.cqh.org.br), a qual constatou que salário e falta de oportunidade em 
relação ao desenvolvimento dos profissionais eram causas possíveis de pedidos de demissão. 
Isto é interferência de clima organizacional no trabalho.
www.researchgate.net/trabalhoenfermagem/004635240927b38bce
www.researchgate.net/trabalhoenfermagem/004635240927b38bce
http://www.cqh.org.br
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A esta altura, você pode estar se perguntando: mas como eu posso interferir no 
clima organizacional? A resposta a essa pergunta é a seguinte: o nosso papel é 
levantar a opinião dos trabalhadores sobre o clima organizacional para que possam 
falar, discutir e admitir que os problemas existem e sempre acontecerão pontos a 
serem melhorados. Entretanto, isso não significa que eles não tenham satisfação 
no desenvolvimento das suas atividades ou não as executem. Ao contrário, esse 
reconhecimento deve servir de motivação para que a situação melhore.
Além disso, você deve lembrar que a missão (aquilo que os colaboradores têm que fazer na 
instituição), a visão (o que a instituição almeja) e a filosofia (o significado do serviço executado 
na instituição) também devem ser levados em consideração, pois influenciam na saúde no 
trabalho;	afinal	é	importante	que	se	trabalhe	em	um	local	que	segue	princípios	com	os	quaisse	
está de acordo, não é mesmo?
Essas autoras, que eu citei no parágrafo acima, colocam além da importância de se conhecer 
a opinião dos profissionais sobre o processo de trabalho, que esta discussão com a Enfermagem 
do trabalho e com os profissionais da administração da instituição aconteça periodicamente, 
envolvendo propostas de sugestões para a melhoria das questões dificultosas. 
Lembrando: todo o problema pode ser procedido de uma solução, ou seja, estimule os 
trabalhadores a exporem aquilo que lhes incomoda, mas peça também que lhes traga soluções 
ou formas que podem significar resolução. Eles se sentirão importantes, com poder e valorizados 
e isso significa certamente que as condições emocionais do funcionário podem ser preservadas 
de modo que o trabalho seja realizado com qualidade e zelo.
Além disso, você deve motivar o trabalho em equipe, as discussões sobre problemas e 
soluções em grupo, pois quando o trabalhador divide experiências e expectativas em relação ao 
serviço	tende	a	superar	dificuldades,	a	se	motivar	para	superá-las,	propor	e	buscar	alternativas;	
isto é saúde no trabalho (e para o trabalho).
Outro estudo (disponível em http://www.scielo.cl/pdf/cienf/v19n2/art_08.pdf), que 
vale a pena informar a você, foi desenvolvido por um grupo de enfermeiras professoras 
de uma faculdade no México. Elas questionaram 195 enfermeiras que trabalhavam 
em um hospital acerca da opinião delas sobre crescimento e desenvolvimento 
profissional em relação ao clima organizacional e cultura de segurança do paciente 
(Castañeda-Hidalgo,	Hernandéz,	Salinas,	Zuñiga	et	al,	2013).	
Os resultados foram interessantes e coincidem com o que estamos discutindo nesta aula: o 
grupo de enfermeiras trabalhadoras percebe que, quando o clima organizacional se relaciona 
ao	aprendizado	do	funcionário,	não	se	adota	condutas	punitivas	(mas	sim	de	orientação);	em	
caso de erros, fornece recursos para o desenvolvimento das tarefas e favorece a comunicação, 
o trabalho tem maior qualidade e satisfação.
http://www.scielo.cl/pdf/cienf/v19n2/art_08.pdf
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Unidade: Fatores Psicossociais e Atividade Profissional
A liderança participativa, que estimula o trabalhador a desenvolver o seu melhor, faz 
parte do clima organizacional. Assim, por meio dela é possível evitar problemas emocionais 
do trabalhador, motivando-o a se comunicar, interagir e não se constranger na presença de 
chefes ou supervisores, de acordo com (Garcia, Viña, Luna, Gomez, 2004). O texto escrito está 
disponível em http://bvs.sld.cu/revistas/gme/pub/vol.6.(2)_06/.
Liderança... ouvimos sobre esse conceito, essa ferramenta desde a graduação! E continuarei 
a frisar a importância dela nesta disciplina!! Para gravar o mantra: “Liderança é a capacidade 
de induzir as pessoas a cumprirem suas tarefas com zelo e qualidade”.
Os funcionários podem até não estar diretamente sob a sua supervisão, mas isto não quer 
dizer, de jeito nenhum, que você não possa exercer um pouco que seja da sua liderança 
para	prevenir	males	psicossociais	da	parte	do	trabalhador;	aliás	uma	estratégia	interessante	é	
estimular a liderança do grupo, desenvolvendo dinâmicas, discussões nas quais eles possam se 
colocar, expor suas opiniões, interagir com os colegas e, assim, se motivarem continuamente a 
trabalharem com o zelo que almejamos. Que liderança forte!
Ao falarmos de clima organizacional e liderança, lembrei-me do outro conceito fundamental 
que faz parte desta Unidade: a hierarquia.
Há	um	 tempo,	o	conceito	de	hierarquia	esteve	vinculado	ao	autoritarismo	e	chefia	 sem	
liderança. Depois, esse princípio foi totalmente abandonado, dando lugar ao liberalismo, 
relações de trabalho horizontais, sem hierarquia de um sobre o outro e... Atualmente, a 
sugestão é que a hierarquia exista sim, até porque ela direciona quem tem poder de decisão, 
quem intermedeia conflitos, quem resolve em uma análise e assim organiza de maneira 
estruturada o processo de trabalho.
O importante sobre hierarquia e como ela pode ser utilizada em favor da saúde emocional do 
trabalhador e, portanto, da própria empresa é o modo como ela deve ser (e não necessariamente 
é), praticada.
Lembra-se	das	autoras	que	eu	citei	 lá	no	começo	do	 texto?	 (Heloani,	Capitão,	
2003) disponível em http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2. 
Pois bem, elas têm uma opinião que eu concordo e creio que você também tenderá a isto: as 
empresas são gerenciadas por pessoas que não passam tempo suficiente nela a ponto de gerar 
vínculo	com	os	 trabalhadores,	 representarem	segurança	e	conquistarem	o	respeito	do	grupo;	
isto pode gerar no trabalhador que está sob essa hierarquia uma impressão de que: 
 · 	 o	 líder	 não	 se	 apega;	 portanto,	 não	 se	 compromete.	 Então,	 todo	 chefe	 pode	 nos	
descartar;	insegurança!	
 · 	a	instituição	muda	o	quadro	de	pessoal	de	tempos	em	tempos;	insegurança!
Percebe que estou em todo o momento colocando o papel da instituição em conjunto com o da 
administração? E você, que está próximo de se tornar o enfermeiro do trabalho desta instituição, 
estará, literalmente, intermediando estas relações, afinal, precisa promover saúde, prevenir doença 
e controlar o absenteísmo em um ambiente de trabalho motivador e produtivo. Ufa!!
http://bvs.sld.cu/revistas/gme/pub/vol.6.(2)_06/
http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2
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Quando eu escrevo “intermediar”, estou me referindo ao fato de que você tem a 
responsabilidade e, para te auxiliar neste futuro processo sugiro (e a literatura que discutimos 
até agora, também) que há necessidade de sensibilizar os dois lados envolvidos, trabalhador e 
administração, de que hierarquia pode ser usada a favor de todos e tornar o clima organizacional 
(percebe como os conceitos vão se relacionando?).
A conversa seria mais ou menos esta: “o trabalhador passa a maior parte do seu 
tempo no ambiente profissional, correto? Então, se este ambiente demonstrar 
que existem conflitos, excesso de autoridade e desapego à função ou ao cargo, 
ele talvez se ausente mais, adoeça mais, trabalhe menos e com menor qualidade, 
o que pode gerar prejuízo para a empresa e para o trabalhador. Quem ganha 
com isso?”
Percebendo que a matemática não fecha capaz que a sensibilização aconteça. Então, desse 
conceito, quero que você grave: hierarquia não significa apenas relações de poder, mas sim 
relações de exemplo, de liderança e de capacidade de induzir o trabalhador naquilo que é 
correto em um ambiente saudável, evitando, assim, desconforto emocional. Esta matemática, 
para mim, é positiva e para você?
Sempre recomendo, em minhas aulas, a leitura e a discussão sobre os textos de (Chiavenato, 
2004). Ele nos coloca algumas considerações sobre as estruturas de trabalho atualmente sobre 
as quais quero que você reflita: 
 · As instituições de trabalho são como seres vivos, ou seja, cada parte é responsável 
por uma tarefa que juntas compõem um processo. Se uma falhar ou simplesmente não 
desempenhar o papel esperado... problemas à vista, queda na produtividade, autoridade 
excessiva, desmotivação, afastamento, licença, falta.
 · 	O	trabalho	desempenhado	nas	empresas	é	dinâmico,	muda	constantemente;	o	que	requer	
do profissional certo ambiente de trabalho propício para este desempenho e, de novo, se 
há doença mental relacionada ao trabalho não há produção. Novamente, a Enfermagem 
do trabalho tem uma contribuição importante no sentido de elaborar programas sobre 
esse assunto e discutir esse tema com representantes tanto da administração quanto dos 
trabalhadores. Você é fundamental!!
 · A rotina a ser compreendida é que não há rotina, ou seja, é importante criar laços 
com a empresa e com o grupo, mas isso não quer dizer que a tarefa não vá mudar ou 
“as coisas aconteceram sempre assim, portanto vão continuar acontecendo 
assim, para que mudar?” Você já ouviu isso? Certamente. O importante, em relatos 
como esse, é que haja uma política de sensibilização dos trabalhadores em relação à 
possível ocorrência de mudança sem ferir o elo ou o climaorganizacional.
Lembre-se: informação é poder e quanto mais estratégias a Enfermagem do trabalho 
elaborar, mais preparados e sensibilizados os trabalhadores estarão. Assim, as mudanças que 
podem ser propostas (e não estou querendo dizer que elas são sempre positivas ou construtivas) 
serão melhor assimiladas e refletidas. Dessa forma, os funcionários podem opinar, aderir, propor 
eles mesmos outras mudanças e, de novo, se sentirem valorizados. 
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Unidade: Fatores Psicossociais e Atividade Profissional
O parágrafo que te escrevi acima se relaciona com o próximo conceito de (Chiavenato, 
2004): As instituições são auto-organizadoras, ou seja, se a equipe mostrar que está envolvida 
no processo de trabalho, diagnosticar problemas e trazer soluções junto com este levantamento 
será “empoderada”, ouvida, acatada e, portanto, motivada. 
Releia o conceito 1: a empresa é como o nosso organismo: se você tem dor, a pressão eleva 
correto? Então, avaliemos a dor e a tratemos para controlar os níveis da PA por consequência. No 
trabalho, é o mesmo e os funcionários também precisam ser orientados para avaliar as “dores”.
O seu trabalho é fundamental nas instituições! Eu te contrataria se fosse gestora 
ou mantenedora de uma empresa!!
Temos dois últimos conceitos que o autor aborda de maneira separada, mas eu vou unir 
em um só, pois acredito que não existem isoladamente: Conhecer a empresa como um todo 
e considerá-la como um sistema aberto. Primeiro, se o administrador, o funcionário ou o 
enfermeiro do trabalho não conhecerem e se fizerem conhecer pela instituição, não tem relação 
de comunicação sequer, que dirá política de saúde no trabalho, concorda?
Portanto, dedique tempo fazendo visitas aos setores, converse com os trabalhadores, se faça 
reconhecer enquanto a pessoa (senhor/ senhora ...) que é o profissional da Enfermagem do 
trabalho. Pense no quanto você se sente à vontade em um ambiente amigável, até quando os 
problemas acontecem (e isso é normal!), certamente, são encarados de maneira mais tranquila, 
com menos conflitos, não é?
Aliás, é nesse ambiente, com este clima de confiança, respeito e ética que você tem 
a responsabilidade de contribuir a construir e isso só será possível se os trabalhadores te 
conhecerem.
Quando nos conhecemos, comunicamo-nos, invariavelmente, sempre. Em 100% dos casos, 
estamos influenciando outras pessoas e nos deixando influenciar por elas, ou seja, somos como 
panelas	com	a	tampa	aberta:	sujamos	o	fogão	todo;	então,	já	que	isto	é	irremediável,	que	nos	
lambuzemos de molho aos quatro queijos (ou o seu preferido, o meu você já entendeu, não é?!). 
O dito “sistema aberto” é esta via de mão dupla na comunicação e nos 
relacionamentos do trabalho, vale a premissa que te citei alguns parágrafos acima 
e é o segundo mantra da unidade: “Trabalhar em um ambiente de diálogo 
aberto é sempre melhor”.
Neste momento, você questiona se conflitos não podem acontecer neste processo e eu te 
respondo com absoluta certeza: acontecem sim, e quem disse que conflito é sempre negativo? 
Não é sinônimo de briga, mas sim de divergência de opiniões que podem ser discutidas, 
negociadas, expostas e, às vezes, gerar embate, mas depois de refletido, na maioria dos casos, 
as partes chegam a um acordo comum, que fique bom para todos os envolvidos, sem privilégios 
de ninguém e de todos ao mesmo tempo.
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Mas é importante que eu te diga também que alguns grupos não têm maturidade social para 
esse tipo de relacionamento. Então, é de responsabilidade da administração (você junto, mas 
como suporte!) propor dinâmicas e atividades que estimulem a aquisição dessa maturidade e 
isso demanda tempo. Mas é totalmente aplicável e alcançável.
Outra coisa de que preciso te lembrar: alguns conflitos não acabam em paz, geram outros 
conflitos maiores e, por vezes, nós também podemos incorrer em erros ao gerenciar ou propor 
à direção que gerencie de determinada maneira. 
Isto é completamente aceitável, se lembrarmos dos princípios de (Chiavenato, 2004): nós 
também precisamos mudar, levamos um tempo até nos adequarmos às rotinas e podemos 
exercer ou sofrer influência que não é a mais adequada.
O que não podemos, sob nenhuma justificativa, é deixar de proporcionar a comunicação 
dentro de padrões éticos e de respeito.
Tenho certeza que, ao longo de sua vida, você usa desses elementos. Agora é hora de 
sensibilizar as pessoas para que façam isso no ambiente de trabalho, e isto, garanto, é tarefa para 
profissionais qualificados e atualizados em relação ao ambiente de trabalho, à saúde mental no 
trabalho e à administração.
O papel do profissional enfermeiro do trabalho nesse contexto, cujo foco é a prevenção de 
males emocionais relacionados ao trabalho depende enormemente dos conceitos que discutimos 
nesta Unidade até o momento: 
 · há que se terem competências técnicas especificamente desenvolvidas para o desempenho 
do	processo	de	trabalho	da	Enfermagem	do	trabalho;	e
 · há de serem reconhecidos e treinados os elementos da administração que auxiliam o 
profissional de Enfermagem do trabalho para prevenir a ocorrência de males emocionais 
decorrentes do trabalho.
Um instrumento importante para a mensuração da saúde mental dos trabalhadores de 
Enfermagem, em uma determinada empresa, é proposto pela Associação Brasileira de 
Enfermagem	(ABEN),	em	sua	sede	no	Rio	de	Janeiro,	conforme	descrito	no	ideograma	abaixo.	
Você deve perceber que o histórico de vida do trabalho precede de dados relacionados à 
saúde física do trabalhador em associação a algumas perguntas para que diga a percepção 
sobre	o	ambiente	de	trabalho	em	relação	às	suas	rotinas;	vale	a	pena,	na	empresa	em	que	você	
trabalhar, procurar inserir os aspectos de clima organizacional, relações de hierarquia, liderança 
e comunicação que discutimos até este momento.
Nesse parágrafo escrito acima, quero te deixar uma mensagem que julgo importante: por 
mais atualizados que os instrumentos que temos em mãos sejam, sempre podem ser melhorados, 
cada vez que você lê ou aplica nos trabalhadores vai perceber “faltou perguntar isto”.
Que bom! Sinal de melhora na ciência!!
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Unidade: Fatores Psicossociais e Atividade Profissional
São boas as condições de trabalho?
Há	divulgação	de	informações	claras	e	precisas	sobre:
 · riscos	ocupacionais	do	ambiente	de	trabalho;
 · prevenção	de	acidentes	e	doenças	profissionais	ou	do	trabalho;
 · procedimentos a serem adotados em caso de incidentes, acidentes e em situações de 
emergência.
 · Na dúvida, você sabe a quem recorrer para esclarecer-se sobre saúde, higiene e 
segurança do trabalho.
 · Todos os lavatórios e pias do seu ambiente de trabalho possuem torneiras ou 
comandos que dispensam o contato das mãos para o fechamento da água e são 
providos de sabão líquido e toalhas descartáveis para secagem das mãos.
 · Há	disponibilidade	de	Equipamentos	de	Proteção	Individual	(EPIs)	adequados	aos	riscos.
 · Há	equipes	especificamente	treinadas	para	a	manutenção	e	transporte	de	pacientes.
 · Você	 está	 protegido	 (recebeu	 vacinas	 e/ou	 imunoglobulinas;	 conhece	 seu nível 
imunitário?)	 contra	 as	 seguintes	 doenças:	 Caxumba,	 Difteria,	 Gripe,	 Hepatite,	
Rubéola, Sarampo, Tétano, Tuberculose, Varicella Zoster.
 · Você sempre adota um comportamento seguro na execução de suas tarefas.
 · A legislação sobre saúde, higiene e segurança do trabalho é cumprida.
 · Você se considera um trabalhador-cidadão.
Atenção! Quanto mais respostas negativas forem dadas a essas questões, mais riscos você 
corre. Você e todos os trabalhadores, pacientes/clientes e demais pessoas (acompanhantes, 
visitantes,	prestadores	de	serviços	esporádicos;	eventuais)	de	seu	ambiente	de	trabalho.	
Fonte ABEN
No processo de Enfermagem do Trabalho, o desempenho profissional associado à maneira como 
a instituição trata e se comporta junto aos colaboradores, além de problemas de comunicação, 
conflitos, diferenças de opiniões podem significar causas de doença mental no trabalho.
O foco desta nossaprimeira unidade foi discutir as questões da saúde mental do trabalhador 
de modo a refletirmos de que tem possibilidade de que você enfermeiro do trabalho, usando 
estratégias da administração, possa prevenir os males e, se eles já estiverem instalados (que pena!), 
usando de diálogo, comunicação e resolução de conflitos, os quais, sabemos, compreendem 
doenças	mentais	que	implicam	em	afastamento	e	queda	na	produtividade;	o	verdadeiro	pavor	
das empresas!
Deixo uma atividade para ser desenvolvida por você nesta unidade: Leitura e 
análise	do	texto	Heloani	JR,		Capitão	CG.	Saúde	mental	e	psicologia	do	trabalho.	
SÃO PAULO EM PERSPECTIVA, 17(2) 2003. Disponível em: http://www.scielo.
br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2 e 6 atividades de múltipla escolha.
http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2
http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2
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Material Complementar
Para aprofundar-se no tema da unidade, salientamos que a produção científica complementar 
destacada é:
•	 Chiavenato	 I.	 Introdução à Teoria Geral da Administração.	 3	 ed.	 rev	 e	 at.	RJ:	
Elsevier, 2004.
A leitura e a compreensão acerca dos materiais e dos conceitos que definem a saúde 
emocional no ambiente profissional se tornam importantes para a formulação de bases para o 
planejamento de ações da Enfermagem do Trabalho. 
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Unidade: Fatores Psicossociais e Atividade Profissional
Referências
Kuazaqui E, Tanaka LCT. Marketing e gestão estratégica de serviços em saúde. São 
Paulo: Thomson Learning, 2008.
Heloani	 JR,	 	 Capitão	 CG.	Saúde mental e psicologia do trabalho. SÃO PAULO EM 
PERSPECTIVA, 17(2) 2003. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/spp/v17n2/a11v17n2
Araújo TM, et al. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbios psíquicos entre 
trabalhadoras de enfermagem.	 Rev.	 Saúde	 Pública	 2003;37(4):424-33.	 Disponível	 em:	
www.researchgate.net/trabalhoenfermagem/004635240927b38bce
Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN). Cartilha do trabalhador de Enfermagem: 
saúde,	segurança	e	boas	condições	de	trabalho.	Rio	de	Janeiro:	2006.	Disponível	em:	bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_aben.pdf
Chiavenato I. Introdução à Teoria Geral da Administração.	3	ed.	rev.	e	at.	RJ:	Elsevier,	2004.
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Anotações

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