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1 ANATOMIA A tireoide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço, anterior também a traqueia e abaixo das cartilagens tireoide e cricóide. Por ser uma glândula pequena, nem sempre será palpável no exame físico. Atrás de cada lobo tireoidianos temos 2 glândulas paratireoides. Atrás também é local de passagem do nervo laríngeo recorrente, logo, pacientes podem ter complicações relacionadas a essas estruturas. Ex. paciente vai realizar lobectomia parcial e retira paratireoides junto. Desenvolve distúrbios do cálcio. Obs. Caso retiradas, as paratireoides podem ser reimplantadas no musculo do braço, tendo seu funcionamento normal na maioria das vezes. Ex. paciente vai realizar cirurgia e lesa o nervo laríngeo recorrente. Pode ter de alterações na voz até paralisia de cordas vocais. Pode haver também lesão vascular, pela proximidade com as carótidas. EMBRIOLOGIA A tireoide é a primeia glandula a surgir no embrião, com cerca de 24 dias (3ª semana). A tireoide surge no teto do assoalho da cavidade oral primitiva → assoalho da faringe primitiva. O forame cego da língua começa a descer em forma de um canal → este é o ducto tireoglosso. Vai descendo até chegar a sua localização habitual. Durante essa migração, a glândula está ligada ao forame cego pelo ducto tireoglosso, que normalmente desaparece, porém remanescentes de epitélio podem permanecer, formando os cistos do ducto tireoglosso em qualquer ponto do trajeto de descida. Estes cistos normalmente situam-se na linha media do pescoço, perto ou inferiormente ao hioide, formando uma protrusão. Pode ocorrer que parte do tecido tireoidiano permaneça na base da língua, formando a tireoide lingual ou mesmo uma glândula ectópica, geralmente única, no trajeto de descida da glândula. Assim, é importante a diferenciação entre cisto do ducto tireoglosso e glândula tireoide ectópica, por meio de cintilografia, evitando que ocorra uma tireoidectomia total desnecessária, tornando o indivíduo permanentemente dependente de medicação. O lobo piramidal também é consequência. As células C medulares da tireoide, produtoras de calcitonina, são provenientes da crista neural e estão presentes em toda a glândula, principalmente na região de junção do terço superior com os dois terços inferiores. ABORDAGEM DAS TIREOIDOPATIAS 2 HISTOLOGIA As células da glândula tireoide são organizadas em folículos. Todas as células da tireoide produzem hormônios ou seus precursores. A tireoide é formada por inúmeros folículos esféricos constituídos por células foliculares tireoidianas que circundam o coloide, líquido proteináceo que contém grande quantidade de tireoglobulina (Tg), precursor proteico dos hormônios tireoidianos. A parede do folículo é constituída por epitélio simples, no qual as células são chamadas de tirócitos. A glândula é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo frouxo que emite septos para o parênquima. Quando a glândula está sendo estimulada, a quantidade de coloide diminui, visto que as Tg são reabsorvidas para célula para síntese dos hormônios. Quando a glândula está inibida ou em baixa atividade, o folículo aumenta de volume, devido ao armazenamento de Tg no coloide. Outro tipo celular encontrado na tireoide é a célula parafolicular ou célula C, que, comumente, são visualizadas por agrupamentos celulares isolados entre os folículos. São as produtoras de um hormônio chamado calcitonina ou tireocalcitonina. A função deste hormônio é inibir a reabsorção de tecido ósseo, reduzindo a concentração de cálcio no plasma. As células C ainda podem ser responsáveis pela formação do carcinoma medular de tireoide, sendo este mais agressivo. Quando há lesão tireoidiana, por tireoidite por exemplo→ o coloide é liberado de uma vez na circulação → hipertireoidismo. FISIOLOGIA Como são formados os hormônios tireoidianos: Resumidamente: Tudo se inicia no hipotálamo, que capta estímulos do meio, este então produz o TRH, que vai até a hipófise e estimula a produção de TSH → o TSH por sua vez, segue até a glândula tireoide e estimula a produção de T3 e T4. Aprofundando: estímulos como o frio, psicose aguda, ritmo circadiano e pulsátil, estresse intenso podem estimular o hipotálamo a produzir o hormônio liberador de tireotropina – TRH. O TRH então segue até a adenohipófise para estimular a produção de hormônio tireoestimulante – TSH. O TSH estimula a glândula tireoide a produzir T3 e T4, que também servem como um meio de feedback negativo para a interrupção da produção de TRH e TSH. Outras substâncias como os corticoides ou dopamina podem inibir a produção do TSH. O próprio iodo pode inibir ou estimular a tireoide. Como ocorre dentro da célula: O paciente ingere iodo em forma salina, esse iodo chega ao duodeno e vai ao sangue. Tudo começa com a chegada do iodo, entrando pelo transportador de sódio e iodo (pendrina) nas células foliculares → onde a deficiência de pendrina pode levar a alterações como surdez e deficiência dos hormônios tireoidianos. O iodo então entra na célula em formato de iodeto → ele precisa então ser oxidado (incorporar uma molécula de oxigênio). Isso é feito pela molécula peroxidase (tireoperoxidase). Obs. A tireoperoxidase é estimulada principalmente pelo TSH (assim, entendo que o principal sitio de atuação do TSH é na peroxidase). 3 Depois de oxidado, o iodo consegue se ligar as moléculas de tireoglobulina → a depender de quantas moléculas de iodo tem-se na tireoglobulina, podemos ter MIT (1 iodo + tirosina - monoiodotirosina) ou DIT (2 iodo + tirosina - diiodotirosina). MIT e DIT interagem e formam os hormônios tireoidianos da seguinte forma: • MIT + DIT = T3 - triiodotironina • DIT + DIT = T4 - tiroxina T3 e T4 então são armazenados no folículo sob a forma de tireoglobulina. Na membrana apical da célula há microvilosidades que captam tireoglobulina por endocitose e a colocam para dentro das células foliculares. A partir de então, funde-se o endossoma com o lisossoma e libera T3 e T4 no sangue. No sangue, T3 e T4 são transportados por TBG (globulina que se liga à tiroxina) e por TBPA (pré- albumina que se liga à tiroxina). O transportador se liga preferencialmente à T4 e o T3 circula, principalmente, livre. A facilidade maior de ligação com receptor ocorre com T3 pois ele está livre no plasma. T4 deve antes, se desligar do transportador e depois ligar-se ao receptor (tal processo é mais difícil). A conversão periférica de T4 em T3 ocorre principalmente nos rins por ação da enzima 5’ monodesiodase, mas também pode ocorrer no fígado, através 3’ monodesiodase, formando T3 reverso cuja função biológica é desconhecida. Em suma: as células foliculares produzem tirosina, o iodo é oxidado e incorporado, formando os hormônios tireoidianos. Porque a peroxidase é importante? Na doença de hashimoto há a formação do anticorpo Anti tireoperoxidase → bloqueio em fase essencial na produção hormonal. IODO A ingesta diária de iodeto (I-) recomendada para o adulto é de 150 mcg diariamente (200 mcg para gestantes e mulheres em lactação). Há iodo no sal de cozinha como meio de suplementação obrigatória. Sua dosagem é cara e difícil (iodo urinário), porém pela suplementação, não necessita dosagem. Ainda na fisiologia hormonal, as deiodinases podem ter ação ativadora ou inativadora hormonal, isso depende do tipo de deiodinase e do local de ação. Deiodinase I Converte T4 da circulação sistêmica em T3 no fígado. Deiodinase II Presente no hipotálamo e hipófise, convertendo T4 em T3 localmente. Deiodinase III Inativa T4 em T3 reverso (rT3), que é um hormônio inativo. A maior parte dos hormônios fica ligada a proteínas (99,5%), e a menor parte fica livre na circulação → fração ativa desseshormônios. As proteínas transportadoras → proteína ligadora de tiroxina – TBG, transtirretina e albumina. Obs. A dosagem de TBG vê hormônios que não estão livres. O TSH • A secreção de TSH é pulsátil, ritmo circadiano. • Pulsos ocorrendo entre 22-04h. • Pequenas alterações de HT livres provocam grandes alterações nos valores séricos de TSH (reação logarítmica). • TSH é o melhor indicador de alterações discretas na função tireoidiana. 4 INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL As alterações da função tireoidiana são basicamente exemplificadas pelo hipertireoidismo (aumento da função tireoidiana) e hipotireoidismo (baixa da função tireoidiana). Essas condições são diagnosticadas pela dosagem de TSH e T3/T4, principalmente T4-Livre. Sempre repetir exames após 3 meses para confirmar alterações. O CURSO DOS HORMÔNIOS ATRAVÉS DA TIREOIDITE 1ª fase. Sabemos que na tireoidite temos uma liberação abrupta de hormônios na circulação, isso causa uma tireotoxicose no paciente, com seus hormônios altos e seu TSH baixo. 2ª fase. Podem ficar normais ou em hipotireoidismo. Por isso repetir para não iniciar um tratamento de cara na primeira fase. HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO Relacionado a defeito na própria glândula tireoide, assim, T4 e T3 estarão baixos e na tentativa de compensar, TSH e TRH estará elevado. HIPOTIREOIDISMO CENTRAL Relacionado a defeito no hipotálamo ou na hipófise, nesses casos, os hormônios estimulantes estarão baixos e pela falta de estimulo, T4 e T3 também estarão baixos. HIPERTIREOIDISMO PRIMÁRIO Relacionado a uma superatividade da glândula tireoide, assim, os hormônios T3 e T4 estarão elevados, isso irá causar feedback negativos e fará com que os hormônios estimulantes TSH e TRH estejam baixos. HIPERTIREOIDISMO CENTRAL Uma alteração em nível de hipotálamo ou hipófise irá causar aumento dos hormônios estimulantes TSH/TRH e por consequência, irá aumentar T3 e T4 INTERPRETAÇÃO LABORATORIAL TSH alto + T4 e T3 baixo TSH baixo ou normal + T4 e T3 baixos TSH baixo + T4 e T3 altos TSH alto + T4 e T3 altos Hipotireoidis mo primário Hipotireoidis mo central ou 2º Hipertireoidis mo primário Hipertireoidis mo central ou 2º EXAMES DE IMAGEM ULTRASSONOGRAFIA DE TIREOIDE Fácil, barato, não tem radiação e de bom acesso. • Avaliar o tamanho da tireoide • Textura do parênquima → através da textura, pode-se dar sugestividade para tireoidite. • Bordas • Vascularização • Presença ou ausência de nódulos CINTILOGRAFIA DE TIREOIDE A cintilografia vê a captação pela glândula tireoide, é comparada a glândula salivar. • Imagens da glândula após administração de radiofármacos (Tc99m, iodo-131 ou iodo- 123). • A captação normal da glândula tiroide é semelhante à das glândulas salivares submandibulares. • Captação elevada → hipercaptante (quente). • Captação diminuída → hipoaptante (frio). 5 DEFINIÇÃO É tida como a deficiência na produção ou ação dos hormônios tireoidianos. O TSH está elevado e níveis baixos de T4 livre e T3. ETIOLOGIAS Primário → mau funcionamento da própria tireoide: • 95% os casos de hipotireoidismo. • Mais comum em mulheres. • Endêmico em regiões com deficiência de iodo. o Tireoidite de hashimoto – destruição autoimune da tireoide → presença de bócio somente em fase precoce e hipotireoidismo leve a grave. o Induzido por fármacos – bloqueia a formação de hormônio, bócio presente e hipotireoidismo leve a moderado. o Disormonogênese – comprometimento da síntese de T4 por deficiência enzimática, bócio presente e hipotireoidismo leve a grave. o Radiação, raios X, tireoidectomia – destruição ou remoção da glândula, bócio ausente e hipotireoidismo grave. o Congênito (cretinismo) – atireoidismo ou tireoide ectópica, deficiência de iodo, AC bloqueadores dos receptores de TSH, bócio pode estar ausente ou presente e hipotireoidismo grave. Secundário → causa hipofisária + Terciaria → causa hipotalâmica do TRH: • Hipotireoidismo central o Secundário a deficiência de TSH – doença hipofisária ou hipotalâmica, com bócio ausente e hipotireoidismo leve. HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO • Tireoidites o Tireoidite de hashimoto o Tireoidites subagudas – granulomatosa e linfocítica o Tireoidite pós-parto o Tireoidite de Riedel As tireoidites no geral, são agressões as células tireoidianas liberadoras de hormônio, onde inicialmente, pela lesão, iremos ter uma maior liberação hormonal (hipertireoidismo), mas em seguida, pela incapacidade que as células ficarão de produzir, o paciente terá hipotireoidismo. A evolução do quadro depende da tireoidite, exemplo: nas tireoidites de hashimoto, grande maioria tem hipotireoidismo a vida toda, já nas tireoidites subagudas, a maioria recupera a função tireoidiana. • Doença de graves e tratamento do hipertireoidismo • Doenças infiltrativas, como Amiloidose, hemocromatose, esclerose sistêmica progressiva, sarcoidose • Agenesia e ectopia tireoidiana • Radioterapia de cabeça e pescoço FATORES DE RISCO: ➢ Idade > 60 anos. ➢ Sexo feminino. ➢ Bócio. ➢ Doença nodular tireoidiana. ➢ HF de doença tireoidiana. ➢ História de radioterapia para cabeça e pescoço. ➢ Doença autoimune tireoidiana e extratireoidiana. ➢ Fármacos – amiodarona, lítio, tionamidas, interferon-alfa, etc. ➢ Baixa ingesta de iodo, síndrome de Down, síndrome de Turner. HIPOTIREOIDISMO CENTRAL – TUMOR DE HIPÓFISE Geralmente um adenoma – benigno, que impede a produção dos hormônios tireoidianos. Processo neoplásico, inflamatório, infiltrativo, isquêmico ou traumático que comprometa a capacidade secretória da hipófise anterior e/ou do hipotálamo. HIPOTIREOIDISMO 6 HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO Deficiência na produção hormonal desde a vida fetal, até os primeiros meses de idade a mãe que provê os hormônios, por isso a criança nasce normal, mas após nascer apresenta as características clínicas do hipotireoidismo congênito. Cretinismo: é uma deficiência mental causada pelo hipotireoidismo congênito, durante o desenvolvimento do recém-nascido. Nesse período, a ausência do hormônio tiroxina atrapalha o amadurecimento cerebral. • Era mais comum antes do surgimento do teste do pezinho. • Detecção precoce evita perdas cognitivas e de desenvolvimento. TIREOIDITE DE HASHIMOTO Doença autoimune, sendo a causa mais comum de hipotireoidismo. Relacionada a um fator genético, > 60 anos de idade e principalmente em mulheres. Histologicamente, a tireoide do paciente apresenta um infiltrado de linfócitos, plasmócitos e macrófagos no parênquima tireoidiano, com graus variáveis de atrofia e fibrose causada pela inflamação autoimune. O diagnóstico é dado pela dosagem do anticorpo Anti-TPO. Este é dosado apenas para diagnóstico e não para acompanhamento. O paciente pode se encontrar em fase de Hipotireoidismo, eutireoidismo ou hipertireoidismo (raramente). CLÍNICA DO PACIENTE COM HIPOTIREOIDISMO • Pele seca, cabelos e unhas quebradiças. • Edema palpebral (fácies mixedematosa), queda de sobrancelhas, macroglossia, intolerância ao frio. • Bradicardia, baixa voltagem no ECG. • Derrame cavitário, hipoventilação. • Constipação. • Letargia e fraqueza muscular. • Infertilidade. • Redução do metabolismo basal. • Retenção de líquidos. • Hipercolesterolemia. O hipotireoidismo é relacionado ao ganho de liquido, e por isso, o ganho de peso. O paciente com hipotireoidismo também tem frequente alteração no reflexo aquileu, com seu alentecimento. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO: • TSH elevado e níveis baixos de T4L. • Hipotireoidismo subclínico: TSH elevado e T4L normal Essa é uma manifestação inicial do hipotireoidismo, onde as concentrações de TSH seelevam e ainda há certa responsividade da glândula, por isso T4L normal. Esse valor com o tempo evolui para hipotireoidismo primário. • Se Anti-TPO e Anti-Tg → hashimoto. HIPOTIREOIDISMO CENTRAL: • TSH normal ou baixo e níveis de T4L baixos. • RNM de sela túrcica confirma o diagnóstico. • Os sintomas tendem a ser mais leves que no primário. Obs. No hipotireoidismo não precisa pedir T3. TRATAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO Reposição T4 – levotiroxina • Droga de escolha • Baixo custo, estabilidade, meia-vida longa (7 dias). Ex. esqueceu um dia: pode tomar 2 no dia seguinte. • Conversão de T3 no interior da célula. • As formas genéricas são bem aceitas. • Manter a mesma marca. T3 • Meia-vida curta (24h). • Dificuldade de monitorização. • Maior risco de toxicidade. • Não disponível no Brasil. FARMACOCINÉTICA DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS Condições que influenciam no metabolismo dos hormônios tireoidianos: 7 • Acloridria, doença celíaca, doença de Crohn, intolerância à lactose e mixedema grave comprometem a absorção dos hormônios. • Rifampicina, fenobarbital, carbamazepina, fenitoína, inibidores da protease e inibidores da tirosina-cinase aumentam o metabolismo dos hormônios. • Gravidez, estrogênios ou contraceptivos orais aumentam a ligação dos hormônios à TGB. • Iodo e amiodarona causam inibição de síntese e indução de doenças autoimunes. SOBRE O TRATAMENTO A dose do hormônio varia de acordo com idade e peso do paciente: • Lactentes e crianças: 10-15 mcg/kg/dia. • Adultos: 1,6-1,8 (1,7) mcg/kg/dia ou 125 mcg/dia. • Idosos acima de 65 anos ou cardiopatas: iniciar com 12,5 a 25 mcg/dia. Deve ser tomado com o estômago vazio: • 30-60 minutos antes da refeição garante melhor absorção do hormônio. Visa manter o TSH dentro da faixa de normalidade: • Dosar o TSH novamente após 6-8 semanas do início do TTO. • Dosar TSH e T4L antes da administração de tiroxina. Gravidez: • Aumentar a dose em 30%. • Manter o TSH entre 0,1 e 2,5. TRATAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO SUBCLÍNICO Quem tratar? • Acima de 10 mUI/l (> 7 mUI/L, se houver risco cardiovascular aumentado). • Ou TSH entre 4,5-10 mUI/L se: o Anti-TPO positivo o Bócio/tireoidopatia na USG o Dislipidemia o Sintomas de hipotireoidismo • Acima de 65 anos: apenas se o TSH for acima de 10. • Acima de 80 anos: apenas seguimento da função tireoidiana. COMA MIXEDEMATOSO É uma complicação grave do hipotireoidismo, tem mortalidade elevada, com 60% dos que apresentam. Hipotireoidismo grave de longa duração não diagnosticado ou tratado de maneira inadequada. Evento precipitante → infecção, exposição ao frio, SCA, cirurgias, traumas. TRÍADE CLÁSSICA 1. Evento precipitante 2. Hipotermia 3. Alteração no nível de consciência Outros sintomas: bradicardia, insuficiência respiratória, hiponatremia e hipoglicemia. TRATAMENTO DO FATOR PRECIPITANTE • Suporte hemodinâmico e respiratório • Antibioticoterapia, se infecção • Aquecimento corporal • Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos • Correção da hipoglicemia e hiponatremia REPOSIÇÃO DOS HORMÔNIOS TIREOIDIANOS • T4 VO em altas doses. • Não há T4 endovenoso GLICOCORTICOIDES Reposição de corticoide para dar tônus ao vaso. • Hidrocortisona: 50-100mg IV 6/6h • Dexametasona: 2mg IV 6/6h por 7 dias, seguido de retirada gradual. 8 TIREOTOXICOSE A tireotoxicose é o aumento na produção ou liberação dos hormônios tireoidianos. • Aqui o TSH é supresso e o paciente tem altos níveis de T4L e T3. TIREOTOXICOSE X HIPERTIREOIDISMO Na tireotoxicose o paciente tem estado clínico decorrente do excesso de hormônio tireoidianos circulantes sistemicamente, seja qual for a origem desses hormônios. No hipertireoidismo, há aumentos dos hormônios tireoidianos, mas somente de origem tireoidiana, ou seja, a tireoide está sintetizando e liberando muito hormônio. Ex. tireoidite causa tireotoxicose, pela liberação de muitos hormônios no sangue. EPIDEMIOLOGIA • Prevalência de 1,2%. • Mais comum em mulheres. • Idade média 30-60 anos. • Doença de graves (autoimune) é a principal etiologia, sendo responsável por 80% dos casos. • 2ª causa mais comum de hipertireoidismo é o bócio multinodular tóxico – BMNT e o adenoma tóxico. ETIOLOGIA • Doença de graves, BMNT, adenoma tóxico (doença de Plummer): hipertireoidismo primário. • Efeito Jod-Basedow: hipertireoidismo por ingesta de iodo. • Tireotropinoma: hipertireoidismo central. • Struma ovarii: produção ectópica de hormônio tireoidiano. • Tireoidites, tireotoxicose factícia: tireotoxicose. CLÍNICA DO HIPERTIREOIDISMO • Pele quente e úmida. • Intolerância ao calor. • Retração de pálpebra superior, exoftalmia. • Mixedema pré-tibial. • Taquicardias, arritmias, IC. • Aumento do apetite, diarreia, perda de peso. • Agitação, nervosismo, humor lábil. • Tremor, osteoporose. • Infertilidade. • Aumento do metabolismo basal. DOENÇA DE GRAVES 80% dos casos de hipertireoidismo, sendo a causa mais comum. Tem origem autoimune, podendo estar associada a outras doenças autoimunes. Prevalência de 3% nas mulheres e 0,5% nos homens. Quando não tratada, mostra-se potencialmente fatal, principalmente pelas complicações cardiovasculares. ETIOPATOGENIA O paciente produz anticorpos contra o receptor de TSH → anti-TSHR ou TRAb. A produção desses anticorpos (são iguais ao TSH) leva a um crescimento da tireoide, aumento da vascularização e maior produção e secreção de hormônios tireoidianos. Está relacionada também a fatores genéticos e ambientais. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Bócio: • Caracteristicamente difuso e observado em 97% dos casos. • Frêmito e sopro sobre a glândula → aumento do fluxo sanguíneo → exclusivo da doença. Oftalmopatia de graves: • Presente na metade dos pacientes com doença de graves. • Espessamento dos músculos extraoculares e aumento da gordura retro bulbar. • Edema periorbital e exoftalmia são típicos da doença de graves. • Pode ser unilateral, mas geralmente é bilateral. Existem casos graves, por isso foi criado o escore CAS para Oftalmopatia: HIPERTIREOIDISMO 9 Casos graves podem levar a alterações no nervo óptico. Homens idosos e fumantes apresentam maior risco de desenvolver a Oftalmopatia de graves. Dermopatia (mixedema pré-tibial): • É o espessamento da pele na área pré-tibial pelo acumulo de glicosaminoglicanos. • Acomete 5-10% dos pacientes com graves. • Aspecto de casca de laranja. Unhas de Plummer DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Paciente com TSH supresso e T3/T4 aumentados o Hipertireoidismo subclínico: TSH supresso e T3/T4 normais. • Anticorpos: o TRAb é o mais específico o Outros anticorpos: Anti-TPO e Anti-Tg EXAMES DE IMAGEM USG de tireoide: • Aumento difuso do tamanho. • Parênquima heterogêneo. • Bordas regulares. • Fluxo sanguíneo aumentado em doppler. • Ausência de nódulos. Cintilografia de tireoide: • A captação estará aumentada ➢ Graves X Tireoidite X Nódulo tóxico Graves na cintilografia: captação aumentada difusamente. Tireoidite na cintilografia: captação ausente ou muito diminuída pela não produção hormonal da tireoidite. A chamada captação fria. Nódulos tóxicos na cintilografia: captação aumentada na região do nódulo. TRATAMENTO • Tionamidas • Iodetos (efeito Wolf-Chaikoff) • Iodo radioativo • Bloqueadores dos receptores adrenérgicos – betabloqueadores • Tireoidectomia TIONAMIDAS Inibem as reações catalisadas pela tireoide peroxidase e bloqueiam o acoplamento das iodotirosinas. Efeito imunossupressor PTU – inibe a desiodação periférica da T4 e da T3 Tem inicio de ação com 3-4 semanas. METIMAZOL PROPILTIOURACIL Dose inicial/manutenção 10-40mg/ 5-15mg 100-400mg/ 50-200mg Potência 101 Número de tomadas 1x/dia. 2-3x/dia. Gravidez Após 16 semanas. Escolha até 16 semanas Lactação Liberado Liberado Crise tireotóxica Menos indicado Preferível pela inibição do T4 em T3 Efeitos adversos Menos comum Mais comum Seguimento: • Monitoramento com T4 livre (o TSH demora meses para normalizar). • Tempo de tratamento: 12-18 meses (remissão em 30-50% dos casos). • TRAb elevado ao final do tratamento prediz alta chance de recidiva. Efeitos adversos: • 3-12% dos pacientes • Maioria é precoce e dose dependente • Mais comum consistem em exantema pruriginoso maculopapular em 4-6% • Efeitos no TGI, alteração do paladar no Metimazol • Vasculite, hepatite, icterícia colestática • Agranulocitose – neutrófilos caem BETABLOQUEADORES 10 • Uteis na fase inicial • Rápidos efeitos nos sintomas adrenérgicos • Manter FC <90 • Propranolol/atenolol • Geralmente suspenso após 3-4 semanas. IODO RADIOATIVO • Isótopo IODO 131 VO • Emissão de raios beta → destruição do parênquima em poucas semanas. • Administração fácil, boa eficácia, baixo custo e ausência de dor. • Ausência de risco para neoplasias secundárias. • Contraindicado para gestantes e lactantes. TIREOIDECTOMIA Indicações: • Doença não controlada com tionamidas que recusem iodo radioativo • Doença com bócio volumoso não controlada por tionamidas • Paciente com suspeita de neoplasia tireoidiana associada • Desejo de engravidar dentro de 6 meses • Hiperparatireoidismo primário associado • 2ª opção em crianças, adolescentes não responsivos às tionamidas ou que recidivaram após uso delas. Obs. O que pedir de exames no hipertireoidismo: TSH, T4L para diagnóstico. • TRAb se suspeita de graves. • Cintilografia em casos de nódulo em USG (diferenciar entre graves e doença nodular), tireoidites. CRISE TIREOTÓXICA Condição grave de exacerbação clínica do hipertireoidismo. • Pacientes sem tratamento adequado, submetidos a eventos agudos precipitantes. • O diagnóstico é clínico → pela escala de Burch e Wartofsky o Avalia: temperatura, FA, ICC, disfunção hepática ou gastrintestinal, disfunção de SNC e presença de fator precipitante. Tratamento da crise tireotóxica: 1º → Propiltiouracil, que inibe a conversão de T4 em T3. 2º → Administrar iodo para inibir a produção hormonal. 3º → Betabloqueador para controlar a FC do paciente. 4º → Administrar corticoides para inibir a conversão de T4 e T3 e corrigir a insuficiência adrenal relativa. 11 ADENOMA TÓXICO E BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO INTRODUÇÃO Bócio uninodular tóxico ou adenoma tóxico ou doença de Plummer / Bócio multinodular tóxico: • 2ª causa mais frequente de hipertireoidismo. • 30-60 anos • Tumor benigno → capacidade de crescer e produzir T3 e T4 de forma autônoma. • >= 2,5-3cm. ETIOPATOGENIA Ocorre por uma mutação no gene do receptor do TSH – TSH-R, levando a uma ativação constitutiva desse receptor na ausência de TSH. Ou seja, produção hormonal excessiva sem a presença de TSH e isso ocorre por mutação no receptor do TSH. DIAGNÓSTICO Apresentação clínica: • Bócio nodular • Sintomas de tireotoxicose: menos intensos do que na DG. • Sem exoftalmia pois não tem TRAb. Apresentação laboratorial: • TSH baixo • T3/T4 elevados USG de tireoide: • Presença e características do(s) nódulo(s) Cintilografia de tireoide: • Nódulo(s) hipercapitante(s) TRATAMENTO Radioterapia (RIT): • Excelente opção de tratamento. Medicamentoso: • Drogas antitireoidianas • BB • Indicados para controle dos sintomas Cirurgia: • Hemitireoidectomia ou tireoidectomia total • Bócios volumosos com sintomas compressivos Injeção percutânea de etanol: • Alternativa efetiva para cirurgia ou RIT. HIPERTIREOIDISMO SUBCLÍNICO • TSG baixo • T3/T4 normais • Endógeno ou exógeno • Dosar T3 para excluir tireotoxicose por T3. • Diagnóstico diferencial: hipotireoidismo central, biotina, corticoide, gravides, eutireoidismo doente. • Riscos semelhantes ao hipertireoidismo franco. • Tratamento: normalização do TSH de acordo com o VR: o TSH < 0,1 o > 65 anos o Menor de 65 + osteoporose, DCV, menopausa ou sintomas.
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