Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MECANISMOS BÁSICOS DAS DOENÇAS I CHOQUES 1. Introdução • É uma condição comum nos cuidados intensivos, afetando cerca de ⅓ dos pcts na UTI; • Diagnóstico baseado em sinais clínicos, hemodinâmicos e bioquímicos; • Definição: desequilíbrio entre oferta e consumo de oxigênio celular com inadequada perfusão tecidual, ou seja, desequilíbrio entre VO2 e DO2 , resultando em redução da perfusão; o “Expressão clínica de insuficiência circulatória que resulta em utilização inadequada de oxigênio celular”; • Existem diversos tipos de choque; • Nem todos os pacientes chocados evoluem para PCR; • Ex1: choque séptico - pct com hipotensão arterial importante refratária à reposição volêmica, com necessidade de adm vasopressores e com lactato aumentado • O pct em choque apresenta hipotensão grave e lactato aumentado → a oferta de oxigênio pode estar diminuída ou o consumo pode estar aumentado; • Ex2: pct BAVT (bloqueio atrioventricular total) - se a FC cair demais (30-40bpm), o DC reduz muito, podendo levar a choque cardiogênico; • Ex3: sepse - vasoplegia (vasodilatação patológica), então o continente aumenta muito em relação ao conteúdo, determinando uma queda na pré-carga e, consequentemente, queda do volume sistólico e do DC, levando ao choque séptico; • Ex4: perda sanguínea significativa - reduz o VS, que reduz o DC, levando ao choque hemorrágico; • Ex5: pct desidratado (vômitos e diarreia) - reduz o VS, que reduz o DC, levando ao choque hipovolêmico; • Ex6: quadro alérgico importante - vasoplegia leva à redução do DC, que leva ao choque anafilático; • Dependência patológica: o Durante a dependência patológica, o consumo é limitado pela oferta, ou seja, todo o oxigênio que é ofertado é consumido; o Quando tiramos o pct da dependência patológica, o consumo não é mais limitado pela oferta, a não ser que o pct já tenha atingido a fase citotóxica de hipóxia; o Ex: pct IAM tem a contratilidade reduzida, o que também reduz o VS e o DC, reduzindo o DO2 ▪ Como estimar o quanto as células estão extraindo de oxigênio (VO2): ▪ O pct apresenta sinais clínicos de baixo DC (hipotensão, oliguria, pct mal perfundido, sonolento...); ▪ GMA: lactato aumentado (>2); ▪ GVC (gasometria venosa central): ▪ SVO2 (VR = 75%) baixa, porque todo o oxigênio ofertado é extraído; ▪ OBS: se SVO2 for 75% ou mais, significa que o pct não está mais em dependência patológica de DO2, porque o consumo não é mais limitado pela oferta; o A partir do momento que o pct não está mais em dependência patológica: ▪ Lactato reduz imediatamente; ▪ SVC sobe; ▪ TEO2 desce; ▪ GapCO2 encurta; o GapCO2 = CO2 venoso – CO2 arterial ▪ O GapCO2 aumenta quando existe um problema no DC; ▪ Lactato alto e GapCO2 maior do que 7 (alargado) indica lactato alto por problema cardíaco (algum componente cardiogênico), que quase sempre pode ser resolvido com dobutamina; ▪ OBS: para manter o efeito, a dobuta deve ser mantida em infusão (até que seja resolvido o problema); 2. Estágios do choque • Estágio compensatório (PA normal) o Lactato alto; o PA normal, mas às custas de: ▪ Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona → vasoconstricção; ▪ Liberação de aldosterona → aumento da reabsorção de sódio e água; ▪ SNS + catecolaminas → aumento da FC e do DC; o Gasometria: SVO2 baixa, TEO2 alta e GapCO2 subindo; • Estágio progressivo (hipotensão) o Descompensação do mecanismo compensatório; o PAM < 70mmHg; o Bomba cardíaca comprometida por agressão direta (cardiogênica) ou indireta; o Ativação de mediadores inflamatórios, aumento a permeabilidade vascular → pct isquemiado, extravasamento de volume para o 3º espaço, edema generalizado; o Ativação da cascata de coagulação → desequilíbrio entre fibrinólise e coagulação; • Estágio refratário (irreversível) o Continuum do choque; o Acidose avassaladora e disfunção generalizada; 3. Classificação do choque • OBS: DC e RVS são inversamente proporcionais; • Hiperdinâmico – DC alto e RVS baixa o Distributivo – redução severa da RVS; o São os choques nos quais ocorre vasodilatação (vasoplegia) → a RVS reduz e o DC aumenta; o Representantes: choque séptico, choque anafilático, choque neurogênico (traumatismo raquimedular), choque da insuficiência adrenal; o No hiperdinâmico, primeiro o RVS reduz e, por isso, o DC aumenta; • Hipodinâmico – DC baixo e RVS alta o A queda do DC leva ao aumento da RVS; o O corpo promove vasoconstricção para tentar manter a PA; o Exemplos: ▪ Hipovolêmico – redução do volume intravascular com redução de pré-carga e DC (ex: pancreatite com perda para o 3º espaço, pct desidratado); ▪ Cardiogênico – falência de bomba cardíaca com redução de DC por déficit de contratilidade (ex: IAM, cardiomiopatia dilatada, miocardite → adm ionotrópico e tratar a causa de base); ▪ Obstrutivo – obstrução mecânica que reduz o DC → ex: tamponamento por derrame pericárdico e tromboembolismo pulmonar (TEP); • Misto o O choque misto pode ter um componente de cada; 4. Tipos de choque (exemplos) • Hipovolêmico o Hemorragias externas ou internas (trauma, hemorragia digestiva); o Perdas cutâneas (queimaduras extensas, febre), perdas gastrintestinais (diarreia, vômitos) ou urinárias; o Sequestro de líquidos para o 3º espaço (peritonite, pancreatite); • Cardiogênico o IAM (principalmente afetando VE); o Arritmias; o Miocardiopatia dilatada avançada; o Causas mecânicas (defeitos valvares, ruptura de septo, aneurisma de parede); o Insuficiência mitral aguda; • Obstrutivo o TEP maciço; o Tamponamento cardíaco; o Pneumotórax hipertensivo; o Hipertensão pulmonar; o Coarctação da aorta; • Distributivo o Choque séptico; o Choque anafilático; o Choque neurogênico (traumatismo raquimedular); o Insuficiência adrenal; o Coma mixedematoso (hipertiroidismo); 5. Diagnóstico • Sinais clínicos o Hipotensão arterial (PAS < 90mmHg ou PAM < 70 mmHg); o Sinais de hipoperfusão tecidual evidentes através das 3 janelas do corpo: ▪ Cutânea – pele fria e úmida, com vasoconstrição e cianose periférica; ▪ Renal – débito urinário < 0,5 mL/kg/h; ▪ SNC – alteração do nível de consciência; • Hiperlactatemia; 6. Fisiopatologia • Choque hipodinâmico o Redução do DC: ▪ Hipovolemia por redução da pré-carga; ▪ Fatores cardiogênicos – redução da contratilidade; ▪ Obstrução (TEP, pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco); • Choque hiperdinâmico o Redução da RVS: ▪ Fatores distributivos; ▪ Liberação de mediadores inflamatórios; 7. Fluxograma para detectar o tipo de choque • Hipotensão arterial o Analisar se é crônica ou síncope, ou se realmente é uma situação patológica; o Se, de fato, for uma hipotensão patológica, analisar se há sinais de hipoperfusão tecidual pelas 3 janelas: ▪ SNC – redução do nível de consciência; ▪ Pele – pele fria e úmida, com vasoconstricção e cianose periférica; ▪ Rins – oliguria; o Confirmada a hipotensão patológica e confirmada a presença de sinais de hipoperfusão, analisar se há presença de taquicardia e hiperlactatemia; o A presença de taquicardia e hiperlactatemia associada aos demais fatores indica que o quadro se trata de um choque circulatório; • Com todos os sinais acima confirmados: o Avaliar DC ou SVC: ▪ DC alto ou normal – distributivo (mais comum – séptico); ▪ DC baixo – hipodinâmico; o Avaliar CVP (pressão venosa central): ▪ Baixa: hipovolêmico; ▪ Alta: cardiogênico ou obstrutivo; 8. Suporte inicial • VIP rule → ventilação, infusão e pump; • Ventilatório o O objetivo é tirar o pct da hipoxemia; o Iniciar com ventilação mecânica não invasiva e, se necessário, fazer ventilação invasiva (IOT); o OBS: o uso de sedativos deve ser reduzido ao mínimo para evitar novas reduções na PA e no DC; o O suporte ventilatório será ofertado quando houver NECESSIDADE, lembrando sempre de ofertar o mínimo possível para manter o pacientesaturando cerca de 92%. Administra-se, portanto, em pcts com hipoxemia ou com baixo nível de consciência, para manter uma via respiratória viável; • Ressuscitação volêmica o A fluidoterapia (infusão de solução cristaloide isotônica como soro ringer ou soro fisiológico) tem a finalidade de melhorar a pré-carga e, por conseguinte, o VS e o DC; o Cada tipo de choque demanda um volume de solução, não sendo possível padronizar. A necessidade é avaliada com base em alguns parâmetros: ▪ Sinais clínicos: janelas de pele, rins e SNC, além de perfusão periférica; ▪ Gasometria: lactato, GapCO2, SVO2; o A adm de fluidos deve ser monitorada de perto, porque o excesso gera risco de edema, o que aumenta o estado inflamatório do pct e piora o quadro; o Pontos finais para ressuscitação volêmica são difíceis de definir → o acompanhamento deve ser de perto; o O objetivo é tirar o pct da dependência patológica de DO2 sem entrar na descendente da curva de Frank-Starling → ou seja, o objetivo é ofertar volume até que o consumo não seja limitado pela oferta, atendendo aos limites da curva; o Definir os objetivos de segurança com base em FC, PA, débito urinário; o Drogas vasoativas são adm na refratariedade à reposição volêmica (ou seja, quando a reposição volêmica não for suficiente, adm drogas vasopressoras); • Drogas vasoativas o Primeira linha – agonistas adrenérgicos; ▪ Noradrenalina é a primeira escolha – age no receptor alfa fazendo vasoconstricção; o Lembrar que as drogas vasoativas são adm APÓS O INÍCIO DA REPOSIÇÃO VOLÊMICA, se esta não for suficiente; o Vasopressina também pode ser adm, mas é de alto custo → geralmente é adm em associação com nora; o Dobutamina – age em receptores beta e é o fármaco de escolha para melhorar a contratilidade (choques com componente hipodinâmico); o Nitrato – droga vasoativa que reduz a RVS para aumentar o DC sem aumentar a demanda de oxigênio; o As doses máximas não são pré-definidas; • Suporte mecânico o Nem sempre é indicado o suporte mecânico; o Geralmente é feito em choque cardiogênico; o BIA (balão intra-aórtico) → melhora a perfusão coronariana e o DC; o ECMO (membrana extracorpórea para trocas gasosas); o O suporte mecânico é uma ponte → é utilizado até que o tratamento adequado seja possível; • Metas o PAM entre 65 e 70 mmHg; o Avaliação das janelas de estado mental, pele e rins; o Melhora do DC → retirar o pct da dependência patológica; o Melhora da SvO2; o Redução do GAPCO2; o Redução do lactato arterial; o Perfusão periférica < 1 segundo; o Melhora nas variáveis de microcirculação: OPS (exame de imagem); 9. Prioridades terapêuticas • 1ª fase – resgate o O objetivo é atingir PA e DC compatíveis com a sobrevivência imediata; o Monitorar PAM e PVC; • 2ª fase – otimização o Tirar o pct da dependência patológica de DO2; o Monitorar PAM, PVC, lactato, SvO2; • 3ª fase – estabilização o Objetivo de tratar a causa do choque para prosseguir para o descalonamento; • 4ª fase – descalonamento o Tirar o pct dos suportes já tendo tratado a causa de base; 10. Conclusão • O choque circulatório é associado a alta morbimortalidade; • A identificação imediata é essencial para o gerenciamento correto; • O tratamento apropriado é baseado na boa compreensão dos mecanismos patológicos subjacentes; • O tratamento deve incluir a correção da causa do choque e a estabilização hemodinâmica; • A resposta do pct pode ser monitorada por meio de cuidadosa avaliação clínica e medidas de lactato sanguíneo; AVCi – Acidente Vascular Cerebral isquêmico 1. Definição • AVC consiste em um déficit neurológico causado por isquemia (80%) ou hemorragia (20%); • O AVC é AGUDO; • AVCi é classificado de acordo com a área do cérebro afetada e o mecanismo etiológico; • É uma importante causa de mortalidade e, sobretudo, de morbidade, causando grande impacto na qualidade de vida do paciente; • ACV é diferente de AIT. AIT é o ataque isquêmico transitório, que consiste em um episódio transitório (resolução dos sinais e sintomas em menos de 24h, geralmente nos primeiros 30 minutos) de disfunção neurológica decorrente de isquemia focal no cérebro, medula espinhal ou retina, sem infarto agudo; • O AIT é um precursor do AVCi (o pct que sofre um AIT tem grande possibilidade de sofrer um AVC nas próximas horas) e uma oportunidade de intervenção, já que o AIT é transitório e o AVC é irreversível; 2. Epidemiologia • 80% dos AVCs são tomboembólicos o Principais mecanismos: ▪ Aterosclerose de grandes artérias (HAS, DM, dislipidemias e tabagismo são fatores de risco importantes); ▪ Embolia cardiogênica (arritmias como FA, cardiomiopatias, valvopatias); ▪ Oclusão de pequenas artérias (infartos lacunares de artérias perfurantes dos hemisférios cerebrais ou do tronco); ▪ Causas raras (arteriopatias não ateroscleróticas e trombofilias); ▪ Criptogênico (causa não determinada, sendo 30-40% decorrentes de FOP – forame oval patente – solicitar eco transesofágico) • O FOP favorece a formação de trombo; • TVP (trombose venosa profunda) → fatores de risco: obesidade, hipertensão, tabagismo, imunidade, pós-cirúrgico; • Embolia paradoxal: TVP, em pcts normais, pode levar a TEP, mas, em pcts com FOP ou CIA (comunicação interatrial), a TVP pode levar a um AVC, uma vez que há comunicação do lado direito com o lado esquerdo do coração; o CIA é uma condição que, assim que diagnosticada, há indicação de operar. FOP, no entanto, só é indicado operar se o pct fizer um AVC; o OBS.1: Trombose é in situ (ruptura de placa aterosclerótica → trombo sobre placa) ▪ Placas acima de 70% são placas importantes, mas também é possível fazer eventos ateroscleróticos com placas menores, visto que o que realmente oclui a passagem não é a placa em si, mas o trombo que chega até ela; ▪ Fatores como diabetes, dislipidemias e tabagismo aumentam a chance desses eventos porque promovem a inflamação, que leva à maior probabilidade de ruptura/ ulceração das placas; o OBS.2:Embolia ▪ FA (arritmia benigna) leva a estase, que pode promover a formação de um trombo dentro do átrio esquerdo. Esse trombo pode subir pela aorta e circular até que chegue a alguma artéria que terá calibre menor do que ele, a qual será obstruída, causando um ACV embólico; o O AVC trombótico é mais prevalente; • Fatores de risco para AVC o Há discreto predomínio em homens e negros; o Idade > 65; o HAS; o DM; o Dislipidemia; o FA; o Tabagismo; o Uso de álcool e drogas; o Uso de anticoncepcional oral; o História de doença vascular prévia; o Cardiopatias; o Sedentarismo; o Hábitos alimentares; o Doença carotídea; o AIT; 3. Fisiopatologia • O que ocorre no AVCi é uma oclusão arterial aguda; • Ocorre um infarto cerebral → a área irrigada pela artéria ocluída é irreversivelmente lesada, ou seja, ocorre necrose. Existe uma área chamada de penumbra isquêmica, que é a área próxima à área de necrose; • A área de penumbra isquêmica é a zona periférica ao infarto, com fluxo proveniente da circulação colateral. Essa área possui células funcionalmente deprimidas e eletricamente não excitáveis, mas metabolicamente viáveis se for feita a intervenção adequada; • Autorregulação de fluxo cerebral → quedas na PPC levam à vasodilatação, que promove o aumento do volume sanguíneo cerebral → esse mecanismo permite a manutenção do fluxo sanguíneo constante, evitando AVCs quando é reduzida a PPC ou quando é aumentada a PAM; o OBS: um pct com quadros neurológicos se torna dependente de PAM e de PIC para perfundir a área cerebral. Nesses casos, se a PAM aumentar ou se a PIC cair, ocorrerá um AVC; o Quedas progressivas de PPC → limites máximos dos mecanismos compensatórios: ▪ FSC < 20mL/ 100g/ min → zona de penumbra; ▪ FSC < 12mL/ 100g/ min → morte neuronal – infarto cerebral; • Cascata isquêmica: o Queda na PAM ▪ Pode ser decorrente dehipovolemia, choque, obstrução mecânica, ação farmacológica; ▪ Leva à queda da PPC; o A queda da PPC determina a vasodilatação cerebral na tentativa de manter a área de penumbra isquêmica viável ▪ Promovem a vasodilatação cerebral: • O aumento do metabolismo cerebral; • A redução de oferta de oxigênio cerebral (já que CO2 é um potente vasodilatador); • Hipercapnia; • Ação farmacológica; o A vasodilatação promove o aumento do fluxo sanguíneo cerebral para mantê-lo estável; o O aumento do FSC promove o aumento da PIC ▪ Aumentam a PIC: • Edema; • Aumento do volume sanguíneo cerebral; o A PIC aumentada leva à redução da PAM e essa cascata nunca termina. Por isso deve ser feito o controle da PAM no manejo do AVC; o Injúrias cerebrais alteram essa cascata e tornam o pct muito dependente da PAM. Pcts hipertensos crônicos também têm a curva de autorregulação do FSC alterada (deslocada); 4. Quadro clínico • Quadro súbito de déficit neurológico; • Os sinais e sintomas dependem da área cerebral afetada, da extensão da área isquêmica e do mecanismo causador da oclusão arterial; • Sinais e sintomas gerais: o Cefaleia; o Crise convulsiva; o Déficit motor; o Déficit sensitivo; o Distúrbios de fala; o Alterações visuais; o Alterações de coordenação; o Alteração do nível de consciência; • É importante aplicar a escala de NIH, que avalia diversos parâmetros; 5. Diagnóstico • TC de crânio sem contraste; • O diagnóstico é clínico, com base nos sinais e sintomas, mas NÃO SE DEVE INICIAR O TRATAMENTO sem ter feito TC de crânio sem contraste, porque ela é a responsável por diferenciar AVCi de AVCh; • A área isquêmica do AVCi só apareceria na TC após 48-72h, então, o que se busca para o diagnóstico de AVCi é uma TC normal; • Achados iniciais: vasos hiperdensos, perda dos limites entre substâncias cinzenta e branca e obliteração dos sulcos cerebrais → esses sinais ocorrem após algum tempo; • Conforme a disponibilidade, pode-se solicitar RM ou TC de perfusão; • Protocolo de Stoke: pct com evento agudo neurológico com suspeita de AVCi, solicitar TC de crânio simples; • A TC, portanto, é o único exame essencial para diagnosticar e começar a tratar o AVCi, já que permite sua diferenciação do AVCh. O Tratamento do AVCi (trombolítico) piora o quadro de AVCh (porque promove hemorragia), por isso a importância da TC; • Fluxograma de investigação da causa: 6. Diagnóstico diferencial • Fármacos ou outras toxinas → exclusão por história e exames laboratoriais; • Convulsão → exclusão pela história; • Disfunção hidroeletrolítica; • Desorganização metabólica → hipo/ hiperglicemia, hipo/ hipercalcemia, hipo/ hiperóxia, hipo/hipercapnia, disfunção renal, disfunção hepática (essas causas podem ser excluídas por exames laboratoriais); • Enxaqueca (embora enxaqueca seja um fator de risco para AVC); • Tumor cerebral → excluído pela história e por análise de imagem (normalmente é um quadro crônico, e não agudo como o AVC); • HIC por alguma outra causa → hemorragia subdural, hemorragia epidural, hemorragia subaracnóidea, hemorragia intracerebral (causas excluídas pela TC); • Doença psiquiátrica → pct mimetiza os sinais de AVC; 7. Tratamento • OBS IMPORTANTE: o pct não pode estar melhorando, porque isso se configura como um AIT. Ele deve estar piorando ou estável; • Tratamento da fase aguda o Abordagem médica de suporte: ▪ Avaliar função respiratória: • O objetivo é manter a SatO2 entre 92 e 95% (em pcts DPOC pode-se deixar entre 88 e 90%); • Se for preciso, deve-se ofertar O2 (pct em hipóxia); • Se o pct tem rebaixamento do nível de consciência (Glasgow < 8), é necessária a IOT para manter uma via respiratória; ▪ Manutenção de PA adequada é vital para todos os pacientes: • A hipotensão deve ser tratada agressivamente com reposição volêmica e, se necessário, adm de vasopressores; • Pct apresentando hipertensão: o Avaliar se ele é candidato à adm de trombolítico: ▪ Pct elegível para trombólise: sem contraindicações (AVCh pregresso, TCE recente, tumor cerebral, sangramento ativo), tempo menor que 4,5h; ▪ Em pct elegível para trombólise, deve-se manter a PA ABAIXO de 185/110 mmHg (PAD e/ou PAS); ▪ Em pct não elegível para trombólise, deve-se manter a PA abaixo de 220/120 mmHg (PAD e/ou PAS); o Anti-hipertensivo VENOSO → nitroprussiato de sódio (nipride) – ação imediata; ▪ Outros parâmetros necessários para a manutenção: • Euvolemia; • Normotermia → antitérmicos ou cobertores de resfriamento; • Glicemia normal → abaixo de 150-200 mg/dL (menor que 50 ou maior que 400 é contraindicação para trombólise – normalizar primeiro); • Prevenção de TVP → heparina ou botas para controle mecânico; • Prevenção de pneumonia por broncoaspiração → avaliado pelo fonoaudiólogo; • OBS: a triagem para detecção de disfagia e a rápida intervenção por fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia são medidas importantes para a recuperação e prevenção de complicações; ▪ Neuroproteção: • Interferência na cascata isquêmica, terapia prolongadora da viabilidade celular e diminuição substancial das dimensões do AVC; o Terapia antiagregante plaquetária e antitrombótica: ▪ Antiagregantes: AAS (adm em TODOS OS PCTS), clopidogrel; ▪ Anticoagulante: heparina (entra como profilática para TVP); ▪ Trombolítico: rt-PA, estreptoquinase, alteplase; ▪ OBS: AAS + clopidogrel → adm por 21 dias em pcts com ACV não cardioembólico, com NIH baixo, que não receberão trombolítico, com o objetivo de evitar AVCi nos próximos 90 dias; ▪ OBS: o trombolítico mais usado é o rt-PA → pode ser feito até 4,5h após o evento; • Rt-PA → 0,9 mg/kg, no máximo 90mg – infundir em 1h, sendo 10% no 1º minuto; o Agentes antiplaquetários e anticoagulantes devem ser suspendidos (se o pct já estava usando, apenas tomar cuidado porque aumenta a chance de hemorragia, mas não é CI absoluta); o O pct deve, preferencialmente, ser internado em UTI; o Durante a adm do trombolítico, a PAS deve ser mantida abaixo de 180 e a PAD deve ser mantida abaixo de 105; o CI absolutas: inicio há mais de 4,5h, hemorragia ou lesão em massa intracraniana, AVCi ou TCE nos últimos 3 meses, AVCh ou hemorragia intracraniana em qualquer período da vida, aneurisma cerebral previamente conhecido, má-formação arteriovenosa, pct melhorando (AIT); o Outras CI: anticoagulantes/ antiagregantes usados em até 48h atrás – adm antídoto, plaquetas < 100000 (verificar disponibilidade de plaquetas no hospital); ▪ Terapia intra-arterial • Alternativa para pcts que não são elegíveis ao trombolítico; • Só é feita em hospital de alta complexidade com serviço de neuro-hemodinâmica; • É feito tratamento endovascular; • 16-24h; • Manejo das complicações o Convulsões ▪ Anticonvulsivante por 1 mês se o pct fizer a 1ª crise convulsiva → não adm para profilaxia; o Edema cerebral/ hipertensão intracraniana ▪ Pct começa a piorar clinicamente; ▪ PIC > 20; ▪ Agravado por: febre, hiperglicemia, hiponatremia, hipóxia, hipercapnia e HAS; ▪ Abordagem: hiperventilação, diuréticos osmóticos, drenagem liquórica e descompressão cirúrgica (craniectomia descompressiva); • Prevenção secundária o Prevenção de um novo evento; o Reduzir fatores de risco: ▪ Consumo excessivo de bebidas alcoólicas; ▪ Tabagismo; ▪ HAS; ▪ DM; ▪ Dislipidemias; o Abordagem do risco de cardioembolia; o Tratamento de dç da A. carótida; o Tratamento antiplaquetário e antitrombótico; • Reabilitação o Prevenção terciária: ▪ A severidade do AVC inicial é um dos fatores preditores mais fortes do resultado final, enquanto as evidências iniciais de melhora sinalizam um bom prognóstico; ▪ A recuperação também depende do tamanho e da localização do infarto; ▪ As comorbidades aparentemente não afetam a recuperação, mas pacientes mais jovens apresentam melhor prognóstico; ▪ A recuperação é maior duranteos 3 primeiros meses subsequentes ao AVC; ▪ A recuperação normalmente ocorre por plasticidade neuronal; ▪ A fisioterapia, a terapia ocupacional e a fonoaudiologia são amplamente utilizadas, mas não há consenso quanto à abordagem ideal ou ao momento ideal para intervenção; AVCh – Acidente Vascular Cerebral hemorrágico • Conceito o AVCh é um evento neurológico agudo causado por ruptura espontânea de vasos sanguíneos no interior ou na superfície do tecido cerebral; o Corresponde a 20% dos casos de AVC; o Pode se apresentar como HIP (hemorragia intracerebral ou intraparenquimatosa – 75% dos casos) ou HSA (hemorragia subaracnóidea - periferia); 1. Hemorragia intracerebral/ hematoma intraparenquimatoso 1.1. Etiopatogenia • É a mais frequente, sendo causada principalmente por HAS (70% dos casos); • Ocorre por ruptura de pequenas artérias e arteríolas no parênquima cerebral, geralmente em região de núcleos da base, tálamos, cerebelo, ponte e córtex cerebral; • Outro fator de risco importante é a angiopatia amiloide, que causa hemorragias cortical e subcortical lobares, com alto risco de recorrência; • Outros fatores de risco: consumo excessivo de álcool, uso de anticoagulantes ou antitrombóticos, uso de cocaína, neoplasias e hipercolesterolemia; 1.2. Fisiopatologia • Ruptura vascular com expansão progressiva do hematoma nas primeiras 3-4h; • Aumento da PIC com desvio de estruturas cerebrais; • O aumento da PIC leva à hipertensão intracraniana; • É necessário manejar a hipertensão para fazer com que a PIC não aumente excessivamente e, ao mesmo tempo, não se deve fazer hipotensão porque isso influencia na atividade cerebral; • Hidrocefalia por inundação ventricular; • Edema periférico à hemorragia; • Organização do hematoma: o Fibrinólise; o Liquefação; o Fagocitose por macrófagos; o Reabsorção; o Cicatriz glial; 1.3. Quadro clínico • Início súbito de déficit neurológico focal, cefaleia, náuseas, vômitos, rebaixamento do nível de consciência; • O AVCh rebaixa o nível de consciência muito mais frequentemente do que o AVCi; • HAS importante à admissão; • Crise convulsiva; 1.4. Diagnóstico • TC sem contraste: diagnóstico diferencial de AVCi. Observar tamanho, volume, localização e possíveis complicações do hematoma; • Para investigação etiológica: RNM, angioRM, exames laboratoriais, angiografia cerebral; 1.5. Tratamento • Observação em UTI por pelo menos 24h; • Proteção de vias aéreas – avaliar a necessidade de IOT e VM; • Controle de HAS → manter abaixo de 180 x 105 mmHg e PAM < 130 mmHg; • Se houver relação com coagulopatia medicamentosa, pe recomendável a utilização de agentes que promovam restabelecimento dessa função → protamina, vitK, PFC, plaquetas, DDAVP, complexo protrombínico; • Manter PIC < 20mmHg e PPC > 70 mmHg: o Hiperventilação – manter PCO2 entre 25 e 30 mmHg (vasoconstricção gera queda de 25-30% na PIC em 30 minutos com duração de horas) – efeito colateral: possível isquemia; o Manitol (diurético osmótico que reduz o edema cerebral e, consequentemente, reduz a PIC) 20% 0,5 – 1g/ kg EV ( + furosemida) em 5 a 30 minutos; o Coma barbitúrico (sedação para reduzir o metabolismo cerebral); o Hipotermia; o Oxigenação adequada; o Profilaxia primária de crises convulsivas em hemorragia lobar; o Profilaxia secundária de crises convulsivas em todas as demais hemorragias (fenitoína 1 mês com retirada gradual); o Abordagem cirúrgica: não melhora o prognóstico, mas tira o pct da emergência ▪ Hemorragia cerebelar > 3cm; ▪ Deterioração neurológica por compressão de tronco cerebral; ▪ Hidrocefalia; ▪ Sem indicação cirúrgica: hematoma pequeno com déficit neurológico discreto ou hematoma muito extenso; ▪ Tipos de abordagens: drenagem do hematoma, craniotomia ou craniectomia; 2. Hemorragia subaracnóidea 2.1. Etiopatogenia • Causada principalmente pela ruptura de aneurismas saculares (80% dos casos); o A ocorrência de aneurismas é atribuída a fatores congênitos associados a fatores de risco agravantes (idade, HAS, tabagismo, aterosclerose); • Outras causas: aneurismas infecciosos, uso de drogas (cocaína, ecstasy e anfetaminas), MAV, coagulopatia e dissecções arteriais; 2.2. Fisiopatologia • Extravasamento de sangue no espaço subaracnóideo → causa aumento da PIC e irritação meníngea (por isso cefaleia é um sintoma sugestivo de HSA); • Elevação dos níveis circulantes de Nora e peptídeo natriurético → distúrbios autonômicos cardiovasculares, alterações vasculares e eletrolíticas; • Vasoespasmo → risco de infarto cerebral e agravamento clínico devido à isquemia; 2.3. Quadro clínico • Aneurismas geralmente são assintomáticos até a ruptura, exceto os gigantes (> 25mm); • Início súbito de cefaleia intensa, holocraniana, náuseas e vômitos, tonteira e sinais de irritação meníngea; • Perda de consciência, déficit motor, paresia de Nn. Cranianos; • Distúrbios autonômicos → bradi ou taquicardia, prolongamento do intervalo QT, onda T alargada, alterações da PA, sudorese, hipertermia; • Hemorragia sentinela (40%) → antes de romper, o aneurisma normalmente faz um pequeno sangramento, gerando cefaleia mais intensa do que o habitual (alguns dias antes da ruptura); • Crise convulsiva (15%); 2.4. Diagnóstico • TC de crânio sem contraste → sensibilidade > 90% nas primeiras 48h; • Arteriografia é o padrão ouro → ela mostra o aneurisma; 2.5. Prognóstico • Classificação de Hunt & Hess → quanto mais alta, pior 2.6. Tratamento • Observação em UTI por pelo menos 24h; • Glasgow < 8 → IOT + VM; • Prevenção de ressangramento → controle rigoroso de PA, repouso absoluto, ansiolíticos e analgesia; • Tratamento cirúrgico → clipagem ou embolização (o mais precocemente possível); • Hidrocefalia (25%) → DVE, corticoides; • Crises convulsivas (25%) → prevenção e tratamento com fenitoína; • Vasoespasmo → é a complicação do HSA: o Piora da cefaleia, rebaixamento do nível de consciência e sinais focais; o Ocorre entre 4 e 14 dias, podendo ocorrer em até 21 dias; o Clinicamente detectável em 30-40% dos pacientes; o Adm: nimodipina 60mg 4/4h VO; o Angioplastia; o Triplo H: ▪ Hipertensão farmacologicamente induzida (Nora ou vasopressina); ▪ Hipervolemia (SF 0,9 % 3000 mL/dia); ▪ Hemodiluição; o Tratas HAS se PAS > 160 mmHg ▪ Se aneurisma roto não abordado: PAS 110-120 mmHg; Atendimento à PCR 1. Epidemiologia • Parada cardíaca é um evento INESPERADO; • PCR é uma das emergências cardiovasculares de grande prevalência, principalmente em ambiente extra- hospitalar, com grande morbimortalidade; • O reconhecimento precoce das causas desencadeantes, orientando a intervenção adequada, implica um bom prognóstico; • O principal ritmo de PCR EH (extra-hospitalar) são FV e TV, chegando a quase 80% dos eventos, com bom índice de sucesso na reversão se tratados prontamente. Se a desfibrilação for realizada precocemente (até 3-5 min do início da PCR), a taxa de sobrevida varia de 50 a 70%; • Em ambiente intra-hospitalar, o PCR mais frequente é a AESP ou assistolia, com pior prognóstico e baixas taxas de sobrevida, inferiores a 17%; • Ritmos de PCR o Intra-hospitalar – não chocáveis ▪ Assistolia ▪ AESP - atividade elétrica sem pulso o Extra-hospitalar - chocáveis ▪ TVSP – taquicardia ventricular sem pulso ▪ FV – fibrilação ventricular • Elos obrigatórios no atendimento da PCR o Intra-hospitalar ▪ Reconhecimento precoce; ▪ Ativação do sistema de emergência; ▪ Massagem cardíaca externa de alta qualidade; ▪ Desfibrilação (se o ritmo for chocável); ▪ Cuidados pós-PCR → necessários para minimizar as sequelas; ▪ Recuperação; o Extra-hospitalar ▪ Ativação do sistema de emergência; ▪ Massagem cardíaca externa; ▪ Desfibrilação, se chocável; ▪ Transporte do pct em ambulância com os equipamentos necessários;▪ Cuidados pós-PCR; ▪ Recuperação; • PCR por abuso de opioides: o OBS: considerar adm antídotos (naloxona) 2. Compressões torácicas • Aspectos principais a serem observados: frequência, profundidade, retorno do tórax a cada compressão e interrupção mínima; o Posicionamento da mão: na metade inferior do esterno, uma mão sobre a outra e braços estendidos; o F = 100-120 compressões por minuto; o Profundidade: 5-6 cm; o Permitir o retorno completo do tórax; o Intervalo entre compressões para o choque deve ser o mínimo possível; o Se o pct necessitar de VM (com máscara), é aconselhável parar as compressões por, no máximo, 10 segundos para fazer 2 ventilações → não é necessário em pct com IOT; o Fração de compressão torácica maior possível, mínimo de 60%; o Ventilação: 30 compressões/ 2 ventilações durante a RCP; o Feedback: avaliar PAD e FiO2, FeCO2 → apenas em serviços especializados; o Retomar as compressões torácicas imediatamente após o choque em adultos em PCR; o Emergência EH: o profissional atendente do serviço deve orientar o leigo ▪ OBS: Orientação para leigos: compressão contínua; 3. Ventilação • Abrir as vias aéreas; • Razão compressão/ ventilação = 30/2; • A hiperventilação é contraindicada, porque pode promover aumento da pressão intratorácica, diminuindo a pré-carga e o DC e comprometendo a sobrevida; • Há ainda risco de hiperinsuflação gástrica, podendo desencadear vômitos, broncoaspiração e limitação da mobilidade do diafragma; • Pode-se considerar a VM ou IOT, sabendo que só se pode parar as compressões por 10 segundos; o Em caso de IOT, um dos socorristas deve adm cerca de 6 a 10 ventilações por minuto, sem parar a compressão torácica, que deve ser contínua nesse caso; o O uso de oxigênio 100% é razoável durante as manobras de RCP → adm a maior quantidade de O2, mas sem hiperventilar; 4. Desfibrilação • Tratamento dos ritmos de FV e TV – ritmos chocáveis; • DEA ou desfibrilador manual; • Massagem → choque → massagem → checa (ritmo e pulso) – esse ciclo dura 2 min; • Carga → máxima do aparelho; • Na hora do choque, todos devem afastar, inclusive deve-se retirar a fonte de oxigênio; • As pás devem ser posicionadas no sentido anterolateral → ápice do coração e abaixo da clavícula direita; • OBS: deve-se tomar cuidado porque a FV pode ser confundida com uma assistolia, que é um ritmo não chocável → FV tem um prognóstico muito melhor; FV TV 5. Drogas • As drogas vêm após as compressões e os choques o Adrenalina ▪ 1mg a cada 3-5 minutos; ▪ Se o ritmo for chocável: o mais rápido possível; ▪ Se o ritmo não for chocável: após o segundo choque; ▪ Altas doses não são recomendadas → não exceder 0,1-0,2 mg/kg; o Vasopressina ▪ Pode ser considerada; o Amiodarona ou lidocaína ▪ Antiarrítmicos: adm se FV ou TVSP persistir apesar da RCP, da desfibrilação de do vasopressor; o Sulfato de magnésio ▪ Só adm em FV ou TVSP associada ao prolongamento do intervalo QT por drogas ou TV polimórfica do tipo Torção das Pontas (TdP); o Pode ser necessário fazer outras drogas, especialmente para reverter a causa da PCR; 6. Tratando as causas reversíveis • Diagnóstico e tratamento de causas reversíveis de PCR são fundamentais na abordagem de todos os ritmos; • No caso de FV ou TVSP refratária, considerar como causa potencial a Síndrome Coronária Aguda (SCA) → reperfusão precoce tem bons resultados; • AESP e assistolia podem ser causadas por condições reversíveis e tratadas com sucesso se essas condições forem detectadas; • Na AESP, quando existe suspeita de TEP, a adm empírica de trombolíticos deve ser considerada; • Sempre que tiver AESP, pensar nos 5Hs e 5Ts: 7. Cessação de esforços • Não existe recomendação clara sobre o momento de cessação de esforços durante a RCP; • A determinação é difícil e deve se basear em consenso entre os membros da equipe; • Alguns instrumentos de monitorização, como a ecografia durante a RCP e o valor da capnografia podem vir a ser utilizados como parâmetros para auxiliar tal decisão; 8. Cuidados pós-ressuscitação • A lesão cerebral e a instabilidade cardiovascular são as principais determinantes de sobrevida após PCR; • A síndrome pós-ressuscitação abrange o dano cerebral, a disfunção miocárdica, a isquemia sistêmica facilitada pelo mecanismo de isquemia-reperfusão e também as causas precipitantes do evento; • A instalação e a gravidade da lesão causada pela síndrome pós-ressuscitação são consequências diretas das causas desencadeantes da PCR, do local do evento, do tempo de RCP e das condições de saúde pregressas do paciente; • A Modulação Terapêutica da Temperatura (MTT) tem como finalidade conter a síndrome pós-PCR, diminuindo o consumo de oxigênio cerebral e limitando a lesão ao miocárdio e os danos sistêmicos; • Pelo fato da MTT ser a única intervenção que demonstrou melhora na recuperação neurológica, ela deve ser considerada para qualquer pct que seja capaz de obedecer a comandos verbais após o RCE; • MTT: o 32-36º por 12-24h; o Reaquecer gradualmente (0,25 a 0,5 ºC por hora); o Termômetro esofágico; o Não fazer hiperresfriamento (parar em 32); o Manta térmica, infusão de soro gelado, compressas de gelo, etc; o Sedação e bloqueio neuromuscular; o A intenção é limitar a lesão cerebral; o Atenção a mioclonias e convulsões; o Reaquecimento pode levar a alterações hemodinâmicas, hidroeletrolíticas e em taxas metabólicas → atenção à contenção de hipertermia rebote (piora a evolução neurológica); o Controle por 72h para prevenção ativa de febre; 9. Recuperação • Cuidados intensivos; • Monitorização constante – parâmetros ventilatórios, circulatórios e neurológicos; • Avaliação da reabilitação multimodal – fono, fisio, cardio, neuro, psicologia, psiquiatria, terapia ocupacional, serviço social; • Orientação de cuidadores;
Compartilhar