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1 OS RECURSOS DIDÁTICOS EM UMA NOVA ABORDAGEM 1. INTRODUÇÃO O objetivo do trabalho é descrever metodologias, apresentar resultados de pesquisas e discussões fundamentadas em citações atinentes a artigos de pesquisa científica relacionados a uma abordagem de recursos didáticos. As bases teóricas e correlação com vivências práticas estão retratadas no contexto escolar brasileiro. Na pauta, ressalta-se a importância dos recursos didáticos sob uma abordagem inovadora: a abordagem transdisciplinar. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Valer-se de recursos didáticos no processo de ensino, dentro do contexto escolar, é fundamental para a realização correta do aprendizado, uma vez que “[...] as escolas e universidades são espaços institucionais legitimados para a formação dos novos cidadãos” (MORAN, 2012, p.15). Pode-se dizer que, sem esses recursos, o processo de ensino resulta em um aprendizado aquém das expectativas dos educadores. Os recursos didáticos são de grande utilidade para o ensino de língua estrangeira, visto que o uso destes proporciona uma melhor convivência entre todos os envolvidos dentro do ambiente escolar. Nestes procedimentos metodológicos, o educador pode estimular o aprendizado do aluno, assim como aprimorar a sua arte de ensino através de ferramentas acessíveis e conteúdo de qualidade, concorrendo para uma maior eficiência no aprendizado, facilitando o desenvolvimento do saber. Segundo Libâneo (1994), o professor tem o dever de planejar, dirigir e controlar esse processo de ensino, bem como estimular as atividades e competências próprias do aluno para a sua aprendizagem. 2 O fato de os benefícios da educação estarem apoiados em recursos didáticos pode reforçar o aprendizado de maneira eficaz e prazerosa ao atribuir mais autonomia e subjetividade ao aprendiz. Neste caminho, os alunos estarão trabalhando a autoconfiança e poderão expressar melhor seus sentimentos e emoções, sem receio de julgamentos. Para que isto ocorra de forma ampla dentro do contexto escolar, é preciso investir em reformas na abordagem do pensamento educacional, associando naturalmente a cultura científica à humanística; assim, esta reforma despertará ainda mais o interesse coletivo e dará mais significado à aprendizagem dos alunos. Segundo Moraes (2008, p.43), as alterações necessárias ao processo formativo, em sua compreensão, partem do pressuposto de que os professores são, simultaneamente, sujeito e objeto do seu próprio processo formativo, pois, ao mesmo tempo que refletem sobre sua prática educativa, interferem nos conteúdos e objetivos das formações, essas, alteram seu curso à medida que vão cumprindo seus objetivos formativos. Dessa forma, segundo Moran (2000), “[...] todo observador está comprometido com o seu ato de observação, do qual é partícipe constitutivo e ativo, indicando, portanto, a inexistência de uma realidade totalmente objetiva”. Corroborando com essa ideia Moran (2000), ressalta que: Mudanças na educação dependem também dos alunos. Alunos curiosos e motivados facilitam enormemente o processo, estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor educador. Alunos motivados aprendem e ensinam, avançam mais, ajudam o professor a ajudá-los melhor. Alunos que provêm de famílias abertas, que apoiam as mudanças, que estimulam afetivamente os filhos, que desenvolvem ambientes culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente, crescem mais confiantes e se tornam pessoas mais produtivas. (MORAN, 2000, p. 17-18). Seguindo essa linha de pensamentos, Moran, Masetto e Behrens (2013) enfatizam que: Os docentes podem utilizar os recursos digitais na educação, principalmente a internet, como apoio para a pesquisa, para a realização de atividades discentes, para a comunicação com os alunos e dos alunos entre si, para integração entre grupos dentro e fora da turma, para a publicação de páginas web, blogs, vídeos, para a participação em redes sociais e entre muitas outras possibilidades. (MORAN, MASETTO e BEHRENS, 2013, p. 36) 3 As expressões de Moraes (2010), mostram que o pensamento transdisciplinar está relacionado à compreensão e consciência do real na interação do educando com o material didático correlacionado, o que inclui suas certezas e incertezas, já que a dinâmica das expressões do aluno neste processo estará ligada à suas próprias leituras sociais e percepções sobre a vida. Conforme este autor: [...] o Pensamento Transdisciplinar, nutrido pela complexidade presente nas distintas manifestações da vida, conecta ontologia, epistemologia e metodologia e não se rompe ao passar do físico ao biológico, do biológico ao social, do biológico ao antropológico e ao revelar a hipercomplexidade estrutural presente na trama constitutiva do triângulo da vida. (MORAIS, 2010) Figura 1 - O Conhecimento em rede Fonte: https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/interdisciplinaridade-e-transdisciplinaridade/ Para o pensador MORIN (2005), na construção do saber, cada acontecimento deve ser contextualizado a partir de um ponto de vista integral, abarcando a uniformidade e a variedade contidas na totalidade, para que o educando adquira saberes de forma conectada com o universal, ao invés de separadamente e de forma muito simplificada. Além disso, ainda segundo o autor, a abordagem transdisciplinar propicia a assimilação de conhecimentos distintos, novas maneiras de pensar e redescobrir o mundo. https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/interdisciplinaridade-e-transdisciplinaridade/ 4 A transdisciplinaridade é um princípio epistemológico e metodológico que pressupõe atitude de abertura do espírito humano ao vivenciar processos que envolvem uma lógica diferenciada, uma nova maneira de pensar, de perceber e de compreender a realidade (MORIN, 2005). O docente, quando alinhado à um material didático diversificado e contextualizado com a dinâmica dos alunos, estará trabalhando em sala de aula para formar alunos reflexivos, autônomos e investigativos, instigando que estes aprendam a pensar de modo amplo, reconectando conhecimentos e fazendo novas descobertas. Ao selecionar os conteúdos da série em que irá trabalhar, o professor precisa analisar os textos, verificar como são abordados os assuntos para enriquecê- los com sua própria contribuição e a dos alunos, comparando o que se afirmar com fatos, problemas, realidades da vivência real dos alunos [...] (LIBÂNEO, 1990). O material didático deve contemplar orientações, incentivos, instigar a curiosidade e permitir a articulação entre o conhecimento pessoal (próprio do aluno) e o acadêmico. A diversificação do material didático implica na qualidade da aprendizagem. Portanto, sua elaboração deve ser criteriosa, pautada por princípios e direcionada a uma aprendizagem significativa. Inseridos neste contexto, explicam os PCN’s que: [...] a contextualização tem como característica fundamental o fato de que todo conhecimento envolve uma relação entre sujeito e objeto, ou seja, quando se trabalha o conhecimento de modo contextualizado a escola está retirando o aluno da sua condição de expectador passivo (BRASIL, 1998). 3. METODOLOGIA Para Nicolescu (2000) a abordagem transdisciplinar procura transformar a organização do currículo em redes a serem exploradas de forma a transcender as disciplinas, respeitando o exercício da disciplinaridade, a prática da multidisciplinaridade, da interdisciplinaridade e do holismo. É por meio da educação que é possível ter uma percepção aprimorada do ambiente em que se vive. A fim de desenvolver a consciência crítica do educando, é importante usar recursos metodológicos interessantes. Dentre vários, destacam-se: 5 • Livros didáticos: São materiais elaborados especificamente parao ensino de línguas estrangeiras. Eles geralmente contêm lições estruturadas, atividades, exercícios de prática, diálogos e exercícios de compreensão escrita e oral; • Aplicativos e softwares: Com o avanço da tecnologia, surgiram inúmeros aplicativos e softwares para aprender línguas estrangeiras. Essas ferramentas geralmente oferecem recursos interativos, exercícios de vocabulário, jogos, exercícios de pronúncia e feedback instantâneo; • Atividades de conversação: Atividades focadas na prática da conversação são fundamentais para desenvolver as habilidades de comunicação em um idioma estrangeiro. Isso pode envolver jogos de papéis, discussões em grupo, debates, entrevistas simuladas e tarefas baseadas em situações do cotidiano; • Jogos e atividades interativas: Jogos e atividades lúdicas são recursos eficazes para tornar o aprendizado de línguas estrangeiras mais divertido e envolvente. Isso pode incluir palavras cruzadas, quebra-cabeças, jogos de tabuleiro adaptados, quizzes online e caça ao tesouro. Figura 2 – Transdisciplinaridade – Modelo de Jantsch Fonte da imagem:<https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2020/06/28/transdisciplinaridade/> A Carta da Transdisciplinaridade (FREITAS; MORIN; NICOLESCU, 1994), elaborada no I Congresso Mundial de Transdisciplinaridade realizado em Portugal, teve fundamental colaboração do CIRET e apoio da UNESCO. Esta carta traz algumas definições do conceito transdisciplinar em seus artigos, a exemplo de: 6 Artigo 3 – […] A Transdisciplinaridade não procura a dominação de várias disciplinas, mas a abertura de todas as disciplinas ao que as atravessa e as ultrapassa; Artigo 5 – A visão transdisciplinar é completamente aberta, pois, ela ultrapassa o domínio das ciências exatas pelo seu diálogo e sua reconciliação não somente com as ciências humanas, mas também com a arte, a literatura, a poesia e a experiência interior; Artigo 7 - A transdisciplinaridade não constitui nem uma nova religião, nem uma nova filosofia, nem uma nova metafísica, nem uma ciência das ciências. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Na escola primária nos ensinam a isolar os objetos (do seu meio ambiente), a separar as disciplinas (em vez de reconhecer suas correlações), a dissociar os problemas, em vez de reunir e integrar. Obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é, a separar o que está ligado; a decompor, e não a recompor; a eliminar tudo o que causa desordens ou contradições em nosso entendimento. (MORIN, 2003, p. 15). A imensa máquina da educação é rígida e inflexível, fechada, burocratizada. Muitos professores estão instalados em seus hábitos e autonomia disciplinares. [...] Para eles o desafio é invisível. [...] Mas é preciso começar e o começo pode ser desviante e marginal. [...] Como sempre, a iniciativa só pode partir de uma minoria, a princípio incompreendida, às vezes perseguida. Depois a ideia é disseminada, quando se difunde, torna-se força atuante. (MORIN, 2003, p. 99-100). De acordo com o cenário de ensino brasileiro, sabe-se que a realidade não é tudo o que se idealiza nas fontes teóricas mais eficientes. Quando dinâmica de ensino é transposta para o mundo real, na prática, por variados motivos, coexistem elementos que retiram a prioridade de formar pensadores nas escolas, principalmente na rede de educação pública do país, em expressiva parte. Fatores políticos e sociais como baixa remuneração de professores e desvio de verbas de manutenção de escolas no Brasil promovem acomodação na atuação de boa parte da rede ensino, prejudicando docentes e alunos. Em vista disso, contemporaneamente, a área pedagógica exige do educador uma postura diferenciada; não se pode fugir ou mascarar esta realidade tão nítida na sociedade atual, por outro lado, é possível construir um novo futuro, com mais possibilidades de amparo aos alunos sedentos de conhecimento e amparo à nova geração cujo futuro está por vir em novos cenários e contextos sociais. 7 É verdade que o ser humano precisa estar sempre motivado, buscando alternativas adequadas para atender as transformações que transcorrem o processo de crescimento pessoal, como indivíduo. Sabe-se que a educação contemporânea cumpre uma função importante que transcende a transmissão de conhecimentos científicos, contribuindo para a formação de cidadãos críticos, reflexivos, autônomos, conscientes de seus direitos e deveres e capazes de perceberem-se como seres políticos, sociais, com poderes para mudar a realidade à sua volta. REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998. ESTRADA, A. A. Os fundamentos da teoria da complexidade em Edgar Morin. Akrópolis Umuarama, v. 17, n. 2, p. 85-90, abr./jun. 2009. Disponível em: <http://revistas.unipar.br/akropolis/article/viewFile/2812/2092> Acesso em: 30 jun. 2023. FREITAS, Lima de; MORIN, Edgar; NICOLESCU, Basarab. (Comitê de Redação) Carta da Transdisciplinaridade. Convento da Arrábida, Portugal, 6 de novembro de 1994. LIBÂNEO, J. C. Didática. Coleção Magistério: 2º Grau. São Paulo: Cortez, 1990. MORAES, Maria Cândida e VALENTE, José Armando. Como pesquisar em educação a partir da complexidade e da transdisciplinaridade? São Paulo: Paulus, 2008. MORAN, José Manuel. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica, 15 e. SP: Papirus, 2009, p.22-24. MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: Unesco, 2003. 1. INTRODUÇÃO 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3. METODOLOGIA 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
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