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AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL E ESCOLAR Dra. Sylvia Bittencourt GUIA DA DISCIPLINA 1 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL ESCOLAR E A FORMAÇÃO DO EDUCADOR Existem duas ocasiões distintas em que examinamos nossa própria conduta e buscamos vê-la sob a luz que o observador impessoal a veria: primeiro quando estamos prestes a agir; e segundo, depois que agimos. (Adam Smith- 1759) Objetivo A epígrafe de um filósofo que viveu há três séculos não pode causar algum estranhamento. A escolha do mote desta conversa foi para oferecer a grande dimensão das três faces indissociáveis que regem nossas vidas. Planejar o futuro antes de agir/Comprometer-se em agir no presente/Avaliar o passado depois de ter agido. Por ser um círculo virtuoso que instala a dinâmica das coisas e dos acontecimentos, ele também rege o processo de ensino/aprendizagem. Introdução Adam Smith usa o verbo agir que para nós educadores se reveste de sentidos ligados aos fazeres pedagógico. Com essa forma de entendimento planejar e avaliar não são meras estratégias de trabalho, mas algo que incorpora uma dimensão filosófica, tanto no âmbito ético, político e administrativo Não é uma técnica que se usa e sim um componente essencial de nossa identidade que nos leva a vislumbrar metas que nos impulsionam a agir e depois a fazer o que antigamente, desde os cidadãos de república romana, chamavam de “Exame de consciência”. Com frequência, ao longo de um ano letivo, você estará participando de momentos de Planejamento coletivo e o ponto de partida será o conhecimento prévio das Avaliações Institucionais anteriores. E tendo uma visão de conjunto indo além da própria turma e fazendo relação com outras instituições do sistema, dar sua contribuição pedagógica, a fim de que seu trabalho impulsione a melhoria dos indicadores já alcançados e aproximá-los cada vez mais das metas previstas pelo Plano Nacional da Educação ou alcançá-las. Por se tratar de um trabalho coletivo, cada educador comprometendo-se com tal postura, estará motivando a escola a caminhar na mesma direção: a da qualidade do ensino/ aprendizagem. Quando você estiver em sala de aula, sinta-se numa cápsula do tempo: O seu fazer reúne o presente/passado/futuro. 2 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Acesse o endereço abaixo para se informar um pouco sobre Adam Smith e sua obra. http://www.infoescola.com/economia/adam-smith/ Acesso em: 11/12/2019 1.1. Desenvolvimento Esta disciplina tratará do momento de culminância: a Avaliação Institucional Escolar, feita em várias modalidades, provas e momentos em toda Educação Básica. Esta modalidade de avaliação (institucional) deve ser diferenciada da avaliação da aprendizagem dos alunos, mesmo que ambas sejam intimamente interligadas. Quando são empregados instrumentos de avaliação da aprendizagem de alunos, os resultados analisados servem tanto para se obter parâmetros do desenvolvimento dos alunos como também, dados sobre o trabalho do professor. Ressalta-se que muitas vezes a análise das condições institucionais de uma escola pode explicar os resultados dos alunos e o desempenho docente. Os indicadores a serem analisados pela avaliação institucional colaboram para a análise, portanto deve-se observar ... se indicadores do contexto escolar ou da performance escolar ajudam as escolas e suas comunidades a monitorar a qualidade e a igualdade de oportunidades disponíveis aos estudantes, se eles provêm (oferecem) ricas informações para solução de problemas locais da escola, então eles apoiarão processos de tomada de decisões responsáveis e, ao longo do tempo, mais educação com controle social (Darling Hammond e Ascher, 1991, p.37) Quais indicadores devem estar presentes nesta avaliação? O primeiro patamar de resposta sugere começar com perguntas que identifiquem como os alunos se sentem na escola. Ou seja, como ele é atendido pela escola, como ele interage com a escola, se ele sente atendidas suas demandas materiais, se sua autoestima está sendo preservada, se o senso de responsabilidade está despertado e como está o seu compromisso com a cidadania. Cada um desses itens devem ser expandidos para permitir que se visualize os diferentes estágios apresentados pelas turmas. E a análise dos dados torna-se mais http://www.infoescola.com/economia/adam-smith/ 3 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância significativa quando se emprega o processo de comparação dos resultados em anos diferentes, de escolas diferentes e de níveis diferentes da educação básica. Como você sabe, a prescrição da gestão democrática e participativa da escola, garantida desde a Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e demais leis que organizam a Educação Básica, implanta a construção dos indicadores da avalição por todos os segmentos da instituição escolar, inclusive os alunos, para que sejam integrados à função social da escola e assim se comprometerem com o movimento de melhoria da qualidade da educação. Pensar em avaliação institucional requer a realização prévia do planejamento participativo que deve também contar com a participação dos alunos. Entretanto a avaliação institucional em sua amplitude não se limita aos elementos que podem ser observados diretamente pelos alunos. Leva-se em conta também aspectos mediadores do processo pedagógico e que devem subsidiar a análise dos professores e gestores da instituição. Como nas últimas décadas está havendo uma mobilização social em favor da qualidade de ensino, cada vez mais, a sociedade está assumindo o seu papel: o de exigir transparência quanto ao andamento da educação, já que está previsto pela legislação, o controle público de ações e resultados alcançados pelo Sistema, haja vista as solicitações periódicas feitas pelo Ministério Público ou Conselhos Municipais de Educação , Merenda FUNDEB, sem falar nos meios de Comunicação que estão atentos nos resultados de provas e no dia a dia escolar. Para se definir quais elementos podem ser empregados como indicadores de qualidade, vale a pena debater sobre a qualidade do próprio trabalho da escola e subsidiar a tomada de decisões com estudos sobre o processo de avaliação e sobre a legislação educacional em vigor como aquela relativa ao Sistema de Ensino. De antemão, duas características devem estar presentes na realização do processo de planejamento/ avaliação da escola. Uma delas Validade e a outra a Credibilidade, sendo tais características consideradas imprescindíveis para que haja um efetivo controle social para qualquer serviço prestado. É preciso que a gestão colegiada ganhe e conserve a credibilidade da instituição escolar a fim de receber a confiança e respeito das famílias e da sociedade. Isso não se 4 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância alcança em pouco tempo, mas sim com uma prática diária ao longo de anos, por meio de ações e opções legítimas que se ampliarão para os recursos materiais, para os próprios profissionais da rede escolar e com isso obter o poder simbólico de uma instituição responsável pelo futuro. Não seria honesto omitir o fato de os cidadãos perderem a confiança nas escolas, nos responsáveis pela tomada de decisões, com as correspondentes repercussões negativas sobre a legitimidade do governo e das instituições estatais. É o denominado “déficit de confiança” que vem alimentado a decisão de pais por escândalos divulgados pelos meios de comunicação, que abarcam desde atos indevidos dos funcionários até casos de autêntica corrupção. Segundo estudos recentes, dois valores precisam ser praticados para a instalação ou recuperação daconfiança e respeito. São eles: Validade e credibilidade. O que vem a ser a validade? Saber analisar e comunicar com clareza as decisões tomadas e as medidas pedagógicas adotadas pela escola provando que elas ajudam a melhorar o desempenho escolar e o convívio na escola. Usar argumentos apoiados em pesquisas, em teorias pedagógicas, estudos e estatísticas e que provem à comunidade que não há apenas voluntarismo para atender interesses particulares ou ainda adoção de medidas sem validade pedagógica, apenas para seguir o senso comum da sociedade guiada pela falsa ideia de que a educação é um produto do mercado de consumo, lançado todos os anos numa embalagem diferente. E a credibilidade? Para que ela permeie todo o processo de avaliação institucional e que garanta a todos os envolvidos a informação sobre os aspectos a serem analisados, é preciso um trabalho de divulgação permanente para se chegar ao coletivo escolar e à comunidade, pois todos os envolvidos devem se posicionar frente às questões. Certamente haverá segmentos que podem estar sem a capacitação necessária para entenderem o valor que está sendo construído, por isso é a gestão participativa que precisa se incumbir de informar, enfim capacitar todos os segmentos. Por fim, analisemos as relações entre a avaliação institucional e controle social, a partir da visão de que Avaliação Institucional Escolar não seja apenas uma ferramenta para subsidiar o planejamento da escola e sim uma forma organizada e tecnicamente 5 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância estruturada para mostrar para sociedade o trabalho pedagógico da escola. Afinal é a sociedade a grande mantenedora da educação - tanto pública como particular (em graus diferentes de intervenção). Portanto para a recuperação da credibilidade e confiança da educação brasileira, convém que a escola divulgue os dados da avaliação institucional e estudos para o controle social e assim possibilitar a solução de problemas locais (escola; bairro; município) e possam melhorar as condições da educação e resgatar a sua credibilidade. SOUZA. ÂNGELO Ricardo de. Coleção Gestão e Avaliação da educação Escolar Caderno 4/texto 2 MEC/ SEC DE Educação Básica, 2005. http://www.cinfop.ufpr.br/pdf/colecao_1/caderno_4.pdf Acesso em 11/12/2019 LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da escola: teoria e prática. http://www.cinfop.ufpr.br/pdf/colecao_1/caderno_4.pdf 6 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. OS DIFERENTES CONTEXTOS DA AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL A palavra avaliação contém a palavra “valor” acrescida da palavra “ação”; portanto, não se pode fugir dessa concepção valorativa da ação educacional. Casali (2007) 1define avaliação, “de modo geral, como saber situar cotidianamente, numa certa ordem hierárquica, o valor de algo enquanto meio (mediação) para a realização da vida do(s) sujeitos(s) em questão, no contexto dos valores culturais e, no limite, dos valores universais.” Alípio Casali Objetivo Trazer à tona uma discussão sobre o risco que vem ocorrendo de a Avaliação Institucional se transformar um fazer mecânico que se fecha no processo contábil- estatístico que logo se transforma em simples ranqueamento de escolas e confere a pessoas comuns a falsa ideia de valorizar sua própria opinião dissociada do contexto histórico, cultural e pedagógico. Introdução Segundo Casali, existem três âmbitos de alcance dos valores em relação às AVALIAÇÕES EDUCACIONAIS: há valores relativos a um sujeito, outros valores voltados para uma cultura, e há valores voltados para a humanidade. Ou seja, existe a gradação entre o singular, o parcial, o universal. A avaliação é uma medida e uma referência de valor para um, ou dois, ou os três âmbitos. Aqui neste estudo veremos como está se dando a Avaliação Escolar nos três âmbitos no contexto atual e nacional. CASALI, A. Fundamentos para uma avaliação educativa. In: CAPPELLETTI, I. F. Avaliação da aprendizagem: discussão de caminhos. São Paulo: Editora Articulação Universidade/Escola, 2007. 2.1. Desenvolvimento A avaliação refere-se à determinação valor de um dado processo ou do que dele resultou, seja nos âmbitos de sujeito, da cultura, ou de toda humanidade. A complexidade dos processos avaliativos leva em conta a análise dos resultados do desempenho dos alunos e o desempenho das escolas, o que mostra que atualmente a avaliação educacional tem uma perspectiva muito mais ampliada, não se atendo apenas aos resultados do rendimento escolar, mas a todos os elementos que permeiam o processo ensino- aprendizagem, ou seja, a toda a realidade educativa. 7 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Figari (1996) afirma que, nessa acepção mais alargada de avaliação educacional, há a noção de estrutura que define realidades diferentes: • As macroestruturas (os sistemas educacionais), • As mesoestruturas (as escolas) • As microestruturas (as salas de aulas). No espaço do macro e da mesoestrutura, a avaliação geralmente é o processo de observação e interpretação dos resultados da aprendizagem que objetiva orientar decisões necessárias ao bom funcionamento da escola, dos sistemas educacionais e subsidiar a formulação de políticas públicas. O nível microestrutural que leva em conta valores sociológicos da avaliação é circunscrita ao espaço da sala de aula, é a avaliação da aprendizagem, de responsabilidade do docente. Ela deve ter: • Caráter fortemente formativo, • Ser contínua • Baseada na reflexão do processo ensino-aprendizagem. O nível mesoestrutual de viés sociológico da avaliação envolve a análise de uma instituição escolar na sua totalidade, ou seja, engloba todos os componentes do processo educacional: gestão e organização da escola, processo ensino-aprendizagem, currículo, qualificação docente, infraestrutura escolar, resultados educacionais, perfil socioeconômico dos alunos, ação da escola com a sociedade, participação dos pais, entre outros aspectos da escola. O nível macrossociológico da avaliação é aquele desenvolvido em âmbito nacional, por organismos externos à escola, e tem como objetivo verificar a qualidade do ensino e da educação no país. No Brasil há o INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, que coordena os processos de avaliação externa às escolas. São exemplos desse tipo de avaliação a Prova Brasil, o SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica, o ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. O nível megassociológico da avaliação é aquele desenvolvido por organismos internacionais que buscam fixar padrões de desempenho, de referência para a criação de 8 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância metas e diretrizes para os sistemas educacionais de diferentes países, em nível global. Tem-se como exemplo o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos, coordenado pela Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE. A criação desses níveis mais globais (mega e macro) deve-se ao fato de a avaliação ter adquirido grande centralidade nas políticas públicas pelos organismos governamentais, particularmente nas políticas educacionais, com o propósito de os Estados ampliarem as ações de controle e fiscalização sobre as escolas e os sistemas educacionais, fenômeno apontado pelos estudiosos em avaliação como a presença do “Estado Avaliador” na educação. A avaliação institucional da escola básica ainda não se constitui uma prática consolidada no contexto da educação brasileira. A avaliação externa promovida pelos órgãos oficiais como o SAEB, a Prova Brasil e o IDEB, são avaliações do sistema educacional,em larga escala, e analisam a proficiência dos estudantes ao final de um ciclo da escolaridade. No entanto, a avaliação interna é pouco realizada no interior das escolas, não está inserida nas várias ações nelas desenvolvidas, como uma análise sistemática da instituição com vistas a identificar suas fragilidades e potencialidades e a possibilitar a elaboração de planos de intervenção e melhorias. A avaliação das instituições escolares e a de outros aspectos educacionais avaliados podem ou não ser regidos pelos nos mesmos fundamentos teóricos. Assim, quando se fala na concepção de avaliação adotada num processo avaliativo, ele pode ser atribuído tanto à avaliação da aprendizagem, de currículo, de docentes, de políticas públicas, de programas, de projetos quanto à avaliação das instituições escolares específicas, como as escolas básicas, os institutos de ensino superior, as universidades. A avaliação institucional numa perspectiva crítica é aquela que consegue captar o movimento institucional presente nas relações da instituição. Toda instituição é constituída por dois princípios em permanente tensão. De um lado as forças e valores identificados como conjunto de forças consolidadas, que buscam a conservação do quadro institucional vigente – status quo. De outro lado, há o conjunto de forças para a mudança, e para transformação, de recriação da instituição. Cabe ao coletivo da escola e considerar toda a dinâmica institucional para captar o “espírito” da instituição avaliada. Nesta perspectiva, a 9 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância avaliação institucional tem um caráter formativo, está voltada para a compreensão e promoção da autoconsciência da instituição escolar. Ao longo do tempo, as tendências de níveis de avaliação têm se alternado entre a macroavaliação e a microavaliação. Atualmente, porém, seguindo os estudos teóricos europeus, o espaço escolar (nível meso) vem se tornando prioritário para a realização do processo de avaliação institucional. Acesse o endereço abaixo para assistir ao vídeo realizado por colegas de vocês da licenciatura de Matemática. Eles elaboraram um mapa mental sobre o que foi apresentado nos dois textos anteriores. Aproveite para realizar uma revisão. Avaliação Institucional https://www.youtube.com/watch?v=BG5jTCN2lzM Acesso em 11/12/2019 https://www.youtube.com/watch?v=BG5jTCN2lzM 10 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL INTERNA E EXTERNA Objetivo A avaliação institucional escolar é produto da integração e entrelaçamento dos processos de avaliação externa e interna, portanto é preciso aprofundar aspectos relativos a estes tipos de avaliação. Introdução Começo definindo a avaliação externa: é aquela em que o processo avaliativo é realizado por agentes externos à escola (pertencentes a agências públicas ou privadas - órgão centrais dos sistemas públicos ou de sistemas privados com redes de escolas confessionais ou não), ainda que com a colaboração indispensável dos membros da escola avaliada, da comunidade educativa. E a abordagem denominada de autoavaliação institucional ou avaliação interna da escola, diferentemente da avaliação externa, é uma modalidade de avaliação que está exigindo maior aprofundamento teórico e metodológico, particularmente no contexto brasileiro a fim de que seja criada uma cultura de autoavaliação. 1º. Avaliação externa de iniciativa externa (organismos oficiais); 2º. Avaliação externa de iniciativa interna (da própria escola); 3º. Avaliação interna de iniciativa interna. No primeiro caso, geralmente há uma interpretação dos avaliados de que está se desencadeando um processo de fiscalização e controle do trabalho escolar, com objetivo de estabelecer medidas comparativas, rankings, ou ainda, com uma característica de punição ou premiação, para piores e melhores desempenhos. O que pode acontecer num processo de avaliação externa da escola é a geração de mecanismos internos de defesa, buscando dar aos avaliadores uma imagem distorcida da realidade escolar, falseando as condições de aplicação das provas. No segundo caso, a escola pode escolher um avaliador para atender seus interesses, que esteja de acordo com a filosofia adotada pela escola, e as informações podem ser ocultadas se os resultados forem contrários aos anseios e intenções da 11 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância comunidade escolar. Esse tipo de avaliação geralmente realizado com a contratação de serviços de uma empresa de consultoria pedagógica. Quanto à avaliação interna, proposta pela própria instituição escolar, é preciso estar atento a diversos problemas: • Hostilidade e resistência ao processo avaliativo; • Pouca credibilidade ética profissional do avaliador; • O caráter individualista da função docente; • A falta de apoio técnico, logístico e de tempo; • A impaciência pela obtenção dos resultados; • A ocultação de informações fundamentais; • A falta de motivação profissional; • A dificuldade para imersão da equipe avaliadora na realidade escolar; • As pressões internas por interesses; • A inércia institucional, ou seja, a própria cultura da escola. Acresce-se a esta lista a pouca formação da equipe responsável pelo processo avaliativo, pois são poucos os profissionais que se dedicam a esta área de estudo. Nesse contexto, o desconhecimento dos fundamentos teóricos da avaliação institucional, especificamente das escolas da Educação Básica, pode gerar a falta de planejamento, objetividade e credibilidade perante a comunidade escolar. Deve-se ter uma competência científica e técnico metodológica que direcione o desenvolvimento da avaliação interna da escola, proporcionando-lhe assim legitimidade. Está se abrindo um bom campo de trabalho para assessorias de avaliação externa e você poderia se aprofundar na área a partir do Trabalho de pesquisa de final de curso. Pense nisso. As diversas áreas de atuação e serviços oferecidos por uma escola, devem ser avaliados e forma integrada já que há razões que justificam a análise conjunta. São elas: 12 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3.1. Razões de ordem socioeconômica: • A contenção de recursos financeiros para os gastos, considerando-se as recentes e repetidas crises econômicas. • A democratização da sociedade e o desenvolvimento dos processos de participação social, particularmente no campo educacional. • A pressão da opinião pública levada pela avaliação publicidade “selvagem” baseada em boatos, na comparação entre escolas, ou seja, em ranqueamentos, ou ainda, na exposição pública de resultados e fragilidades do sistema educacional pela mídia, muitas vezes não condizente com a realidade das escolas e com as concepções dos programas e projetos de avaliação adotados. 3.2. Razões de ordem político-administrativa: • A sociedade tornou-se mais exigente quanto ao desempenho das escolas e a sua função de diminuir as desigualdades sociais. Os poderes públicos passam a investir mais na educação e, consequentemente, a solicitar às escolas que justifiquem tais gastos e suas aplicações. • O aumento da autonomia das escolas a partir dos anos 90 (noventa) com a democratização da sociedade e a descentralização administrativa, em virtude da ineficiência do Estado em gerir com eficácia a complexidade do sistema educacional • A legitimidade de os governos democráticos controlarem, conforme suas competências, o desempenho das escolas, questionando-as sobre a eficiência, eficácia, efetividade e relevância da sua ação educativa. 3.3. Razões de ordem científico-pedagógica: • Novas abordagens sobre os problemasdas escolas e da educação, introduzidas pela comunidade científica a partir de suas investigações: a valorização dos contextos escolares, a busca pelos fatores explicativos da diferença de qualidade entre as escolas, a passagem de uma pedagogia centrada no aluno para outra centrada na escola, e a problematização da eficácia das reformas educacionais, tanto em nível local como global. • A consideração progressiva da avaliação da escola como estratégia de inovação para introdução dos próprios processos de mudanças nos espaços escolares. 13 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • A evolução das concepções de avaliação da educação, que, de uma visão voltada quase que exclusivamente para os alunos e programas, passaram a valorizar os fatores relacionados não somente ao contexto de sala de aula, mas também os fatores que permitem uma ação mais ajustada aos demais objetivos. 3.4. Razões legais: • As mudanças na legislação nacional a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN 9394/96, que aponta para a autonomia das escolas e consequente abertura para a necessidade da sua avaliação, pois a gestão colegiada é uma das partes fundamentais da estrutura administrativa da educação. Pelas razões apresentadas, fica destacada atual exigência com a qual a escola está envolvida, o que exige preparo teórico-metodológica de todos os atores da escola. 14 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. AUTOAVALIAÇÃO ESCOLAR Avaliação é o processo de delinear, obter e subministrar informação válida para permitir a tomada de decisões. Stufflebeam. 2 A autoavaliação da escola é aquela em que o processo é conduzido e realizado por membros da comunidade educativa. Pode ser definida como uma análise sistemática da escola com vistas a identificar seus pontos fortes e fracos e a possibilitar a elaboração de planos de intervenção e melhorias. Frequentemente é realizada tendo como motivação principal o acompanhamento do projeto pedagógico da escola, no quadro de uma dinâmica de desenvolvimento organizacional e institucional. A avaliação inserida nas várias ações desenvolvidas na escola se coloca como mediadora do crescimento da comunidade escolar, portanto: • O projeto pedagógico e a avaliação institucional estão intimamente relacionados. Só podemos avaliar o que está previsto pela intencionalidade pedagógica. Caso ocorra a dissociação entre eles, haverá danos para a própria escola. • Porque a avaliação institucional interna das escolas não é tão facilmente operacionalizável como propõe ser, não é fácil construir formas de autoavaliação que consigam lidar com os efeitos e tensões que são decorrentes da pluralidade de sentidos, poderes, dilemas e perspectivas que se estabelecem/interagem num contexto escolar. A avaliação institucional centrada na escola não é um fazer pontual e sim um processo ao longo do tempo e tem as seguintes características: É um processo que: • Dirige o olhar criticamente para ela própria com a finalidade de melhorar o seu desempenho, identifica áreas mais problemáticas e procura soluções mais adequadas, para o desenvolvimento do trabalho escolar; • Busca o sentido da organização e das ações da escola. • Constrói referenciais em busca de fatos comprobatórios, evidências, para formulação de juízo de valor; 2 DANIEL STUFFLEBEAM - professor emérito da Western Michigan, um dos pais da Avaliação. Desenvolveu nos anos 60 um modelo de avalição o CIPP, as iniciais (Context, Input, Process and Product.). Faleceu em 2017 aos 80 anos. Disponível em: https://www.socialsciencespace.com/2017/08/parent-evaluation-daniel-stufflebeam-1936-2017/ Acesso em 11/12/2019 https://www.socialsciencespace.com/2017/08/parent-evaluation-daniel-stufflebeam-1936-2017/ 15 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Dá-se no coletivo, assentado no diálogo e no confronto de perspectivas sobre o sentido da escola e da organização; • Promove desenvolvimento profissional; • Exercita a responsabilidade social; • É destinado para à utilização; • Mesmo sendo interno, pode e deve contar com a assessoria de agentes externos. 4.1. Operacionalização do processo de autoavaliação da escola Cada escola pode estabelecer as etapas para a construção do processo interno de avaliação. Para defini-lo algumas escolhas de fundo são necessárias, tais como: - O que avaliar; quais dimensões? (Objetos); - Quem pode/ deve avaliar a escola? (Sujeitos) - Para que finalidades? (Objetivos); - Com quais enfoques? (Tipos de avaliação: interna /externa); - Como, quando, onde, com quem, com quais recursos? (Metodologia, fontes; instrumentos; coleta, organização e análise dos dados; cronograma); - Como divulgar os resultados e propor melhorias? (Planos de intervenção). Para a execução deste levantamento de informações, há necessidade de se estabelecer uma agenda para operacionalização do processo avaliativo que pode estar organizado em três etapas, preparação, implementação e síntese. 1ª) Etapa de Preparação – compreende as ações que antecedem a implementação do processo avaliativo. • Constituição da equipe de trabalho da escola; • Elaboração de uma proposta de avaliação preliminar para a escola; • Discussão da proposta com a comunidade escolar. • Definição do projeto de autoavaliação contendo os seguintes elementos: justificativa, referencial teórico, objetivos, dimensões a serem avaliadas (objetos de avaliação), procedimentos metodológicos, cronograma, recursos, referências. 2ª) Etapa de Implementação – realização das as ações de elaboração e aplicação de instrumentos de coleta de dados: organização e análise dessas informações. 16 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância • Elaboração, discussão, testagem E aplicação dos instrumentos de coleta de informações; • Apuração e organização dos dados coletados; • Discussão coletiva dos dados obtidos com a comunidade escolar. 3ª) Etapa de Síntese – compreende as informações já organizadas, que deverão servir de orientação para ações que a escola desenvolverá a partir da análise dos resultados pela comunidade escolar. • Revisão e ajustes no processo avaliativo; • Elaboração de relatórios conclusivos; • Discussão sobre o uso dos resultados, com encaminhamento de ação; • Publicação e divulgação do relatório final. A escola para se autoavaliar precisa construir um referencial de análise que considere a sua identidade institucional, seus sujeitos e as finalidades da avaliação. O primeiro passo é a definição de aspecto (indicadores) a serem avaliados. Existe uma hierarquia inicia-se de dados mais gerais para dados mais específicos: Exemplificando: • Dimensões: são as grandes áreas da avaliação. Elas podem abranger aspectos administrativos, pedagógicos, físicos e estruturais, relacionais. • Categorias de análise ou subdimensões: são os pontos básicos que pertencem à determinada dimensão. • Aspectos ou indicadores: são pequenos pontos que alicerçam as perguntas em cada uma das categorias de análise. Uma sugestão possível para elaborar o processo é o exemplo que passamos a descrever: • Dimensão I – Contexto externo: as variáveis desse contexto não são necessariamente influenciadas pela escola, mas esta é uma das áreas de avaliação de extrema importância, já que permite contextualizar a escola socialmente. • Categorias de análise: caracterização social, econômica e cultural das famílias e alunos; expectativas das famílias e da comunidade quanto ao trabalho da 17 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância escola; pressão para a qualidade dos serviços prestados, exercida porentidades ou grupos externos à escola, tais como secretarias, núcleos regionais, associações de pais, ou outras instituições. • Dimensão II – Contexto interno: história da instituição escolar; recursos físicos, estrutura curricular; corpo docente, administrativo e discente. • Dimensão III - Organização e gestão: as categorias de análise que compõem a área de organização e gestão dizem respeito à proposta pedagógica da escola e à sua execução e avaliação. • Dimensão IV - Ensino e aprendizagem: as categorias de análise de avaliação desta área de ensino/ aprendizagem decorrem do trabalho realizado na sala de aula. • Dimensão V – Cultura da escola: as categorias associadas à cultura da escola podem ser: identidade institucional; ênfase no ensino e na aprendizagem; participação nos processos de decisão, motivação dos professores, expectativas acerca dos alunos, trabalho em equipe, aprendizagem e desenvolvimento profissional, reconhecimento dos profissionais da escola; disciplina e segurança na escola, ambiente acolhedor do espaço escolar, relação com a comunidade escolar. • Dimensão VI - Resultados Educacionais: os resultados dos alunos são as medidas de desempenho da escola: Em última análise, eles refletem a qualidade dos resultados alcançados nas seguintes categorias de análise: qualidade do sucesso (classificações internas, estatísticas de resultados, premiações recebidas em concursos, feiras e torneios. Conheça um instrumento de autoavaliação destinado ás escolas de educação básica. Use esse exemplo para ter apenas uma ideia de como pode ser elaborado um roteiro de autoavaliação interna, pois cada coletivo escolar tem autonomia para fazer seu roteiro de questões para atender aos próprios anseios da gestão escolar participativa. Disponível em: https://pt.scribd.com/document/98303289/auto-avaliacao- de-escola-questionario-instrumento-para-avaliacao-institucional-docentes Acesso em 11/12/2019 18 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. ELABORAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO E SUA APLICAÇÃO “A avaliação deve sem dúvida produzir conhecimentos objetivos e constatações acerca de uma realidade. ” Dias Sobrinho 3 Objetivo Reunir neste texto informações sobre a escolha dos instrumentos e técnicas indicadas para o processo de autoavaliação, sejam elas coleta dos dados – questionários, entrevistas, grupo focal, observação, portfólio, seminários, pesquisa em arquivos, análise de documentos, análise quantitativa, relatórios, dentre outros – os quais podem ser aplicados em grupos ou individualmente. Introdução Como nenhum instrumento de avaliação é completo por si só, recomenda-se que a gestão escolar adote, com o passar do tempo, diferentes tipos que se complementam e com essa conduta ter espectro amplificado da escola capaz de ter um autoconhecimento pertinente. 5.1. Desenvolvimento A atitude preliminar é a coleta de fontes de dados, ou seja: documentos, projetos, planos, regimento escolar, gestores, professores, alunos, pais, funcionários, membros colegiados, membros da comunidade externa, mídia local. A etapa de aplicação dos instrumentos para coleta das informações constitui a fase mais difícil da pesquisa, uma vez que é o momento em que ocorre a tensão entre os sujeitos da avaliação. E por fim, a fase de implantação do projeto, de provação, confronto com a realidade, de constatação de imperfeições, de ajustes que garantam a sua validade. 3 DIAS SOBRINHO. J. Avaliação: Políticas Educacionais e Reformas da Educação Superior. São Paulo, Cortez, 2003. 19 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Nesta fase pode acontecer uma crise, em que se descobre que nem tudo é perfeito e fácil, mas crise. Para avaliar é necessário dominar as técnicas, escolher bem os instrumentos, ultrapassar dificuldades e gerir conflitos. Superar-se numa crise. De onde vem e qual o significado da palavra crise? Explica Sônia Jordão “Acreditando que aquilo que conhecemos é mais fácil resolver e superar, procurei estudar o sentido da palavra crise. Descobri que se origina da palavra grega Krísis e no dicionário li que é uma manifestação violenta e repentina de ruptura de equilíbrio; também definida como fase difícil, grave, na evolução das coisas, dos fatos, das ideias; é também um estado de dúvidas e incertezas; momento perigoso ou decisivo; além disso, é ponto de transição entre um período de prosperidade e outro de depressão; tensão, conflito. Continuando minhas pesquisas descobri que a bíblia traz a palavra crisol, que leva a interpretação da palavra crise como purificação. Crisol é definido como um cadinho, um recipiente das máquinas fundidoras, onde se derrete o metal e separa materiais diferentes. Além disso, no dicionário tem o significado de servir para evidenciar as boas qualidades do indivíduo. Aprendi também o verbo acrisolar que significa purificar-se, submetendo-se a provas; aperfeiçoar-se, sublimar-se. Sônia Jordão Disponível em: http://www.soniajordao.com.br/detalhes.php?id=488 Acesso em 11/12/2019 Apesar do valor positivo da “crise” convém tomar cuidados para não as desencadear por nada. A coleta de dados precisa ser feita de uma forma não incomodativa, com discrição, com profissionalismo, pois a escola não para porque nela está em desenvolvimento um processo de autoavaliação. Portanto, discussões em grupo, entrevistas, aplicação de questionários, observações, devem ser realizados nos momentos que representem a menor alteração do cotidiano dos seus respondentes, pois ninguém deve deixar de realizar o seu trabalho habitual por causa da avaliação da escola. E não realizar comentários em particular sobre informações parciais e descontextualizadas. 5.2. Tratamento, análise e intepretação dos dados Dependendo da natureza da informação coletada e das questões de avaliação, é possível optar-se por um processo de análise específico. Os dados de natureza quantitativa http://www.soniajordao.com.br/detalhes.php?id=488 20 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância deverão ser objeto de análise estatística, e os de natureza qualitativa poderão ser apresentados em descrições. Antes de se dar início ao tratamento das informações, verificam-se os dados brutos para prepará-los para a primeira análise, ou seja, a síntese dos dados. Em seguida, realiza- se a análise propriamente dita, integrando e sintetizando os resultados. O trabalho de análise de dados consiste em reduzi-los ou condensá-los em tabelas, gráficos, sumários estruturados em função de categorias de análise, sinopses, registros de pequenos episódios, diagramas que mostram a relação entre eles. São apresentações das informações coletadas nos instrumentos de modo sintetizado, que permitem uma primeira análise para a qual é importante ter presentes os objetivos e as questões de avaliação inicialmente propostas. São os resultados preliminares. Eles levam a mais perguntas, ou porque se encontram discrepâncias, ou porque existem não previstas, que implica um novo olhar sobre a realidade. Concluída essa etapa, os resultados devem ser organizados de acordo com as dimensões, categorias e indicadores propostos no projeto de autoavaliação. Assim, serão reveladas as imagens da escola. A obtenção deste retrato é um momento crucial no desenvolvimento do pensamento do coletivo escolar que participou do processo avaliativo. Os dados não falam por si só, por isso há necessidade de interpretá-los, ou seja, estabelecer se os resultados são positivos ou negativos, se significam sucessos ou fracassos, pontos fortes e as áreas em que a escola precisa melhorar. A divulgação dos resultados à comunidade escolar é fundamental para legitimaçãodo processo avaliativo. Eles devem ser apresentados, divulgados e debatidos de forma ampla, ouvindo a manifestação de pontos de vista e a revisão de conclusões, quando as discussões acrescentarem contribuições que auxiliem no aprofundamento da interpretação. • Um relatório deve responder necessariamente a três questões: • Quais são os resultados da avaliação? • Como se chegou a esses resultados? • Face a esses resultados, o que se pode fazer para melhorar? 21 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Portanto, um relatório de autoavaliação da escola constitui-se não só num documento em que a escola fala de si, mas também num instrumento de trabalho para subsidiar a análise do que se pode fazer para melhorar. Ainda que a opção teórico-metodológica do processo avaliativo deva ser escolhida pela escola, há que se iniciar o trabalho com um planejamento de preparação do projeto coletivo, seguido de sua implementação e síntese dos resultados obtidos. É um ciclo avaliativo que envolve diferentes momentos possibilitadores de se construir um retrato da escola para analisá-la com base em evidências válidas e fiáveis, retirando da autoavaliação aquilo que dá sentido à vida da escola, bem como a sua utilidade para a criação de propostas de melhorias internas voltados ao desenvolvimento institucional. 22 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. AUTOAVALIAÇÃO DA ESCOLA E PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL A modernização do sistema de ensino passa pela sua descentralização e por um investimento das escolas como lugares de formação. As escolas têm de adquirir uma grande mobilidade e flexibilidade incompatível com a inércia burocrática4 e administrativa que as tem caracterizado. Antonio Nóvoa Objetivo Uma vez identificados os pontos fracos e fortes da escola o objetivo seguinte da autoavaliação escolar é fazer recomendações que deverão ser consideradas na proposição de melhorias qualitativas para a instituição. Trata-se da utilização dos resultados para a elaboração dos planos de ação para o desenvolvimento da escola. Ele é um Plano de Ação (PDI) que norteará os projetos políticos pedagógicos dos anos seguintes, visto que é preciso lançar propostas anuais e outras que se alarguem para dois ou três anos. É, portanto, na mobilização dos resultados que reside a utilidade da autoavaliação. Esse PDI na educação básica precisa ser plurianual tendo em vista o tempo para terminalidade dos ciclos. Introdução Um plano de desenvolvimento da escola é um documento que contém as intenções do coletivo escolar, refletindo a visão de futuro e desenvolvimento necessário à escola. Identifica as prioridades de ação, estabelece as metas e os modos para sua concretização. Tem-se a convicção de que a melhoria da instituição escolar precisa incidir em toda a escola, em três grandes níveis: • Desenvolvimento da escola enquanto organização; • Desenvolvimento dos professores; • Desenvolvimento do currículo. 4 ANTÓNIO MANUEL SEIXAS SAMPAIO DA NÓVOA (Valença, 12 de dezembro de 1954 é um professor universitário português, doutor em Ciências da Educação (Universidade de Genebra) e História Moderna e Contemporânea (Paris-Sorbonne). Atualmente, é professor catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa e reitor honorário da mesma universidade. 23 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6.1. Desenvolvimento O desenvolvimento profissional é concebido como um processo permanente de aprendizagem para todos os segmentos da escola e provoca também mudanças na ação profissional do professor, ao esclarecer os sentidos de suas experiências e como elas influenciam as suas práticas diárias, mas, por sua vez, na medida em que o desenvolvimento pessoal e profissional está condicionado pelo contexto da escola como local de trabalho e relação, a formação orienta-se para a consecução de uma estreita articulação entre as práticas formativas. Logo, o desenvolvimento profissional e o desenvolvimento institucional das escolas caminham lado a lado. Por isso, nos atuais cursos de licenciatura há a valorização da formação permanente do educador, ao longo de sua carreira profissional. A elaboração de um plano de desenvolvimento institucional (PDI) pode orientar-se pelos seguintes questionamentos: • Quais mudanças necessitamos fazer na escola? • Como essas mudanças podem ser geridas ao longo do tempo? • Como podemos conhecer os efeitos ou impactos das medidas adotadas? 6.1.1. As etapas na elaboração e o desenvolvimento do PDI • Análise dos resultados da autoavaliação, identificando os pontos fortes e fracos da escola. • Seleção das prioridades de ação da escola para transformá-las em metas específicas. Definir estratégias e critérios para alcançá-las. • Implementação do plano de desenvolvimento, ou seja, quando se assegura que o plano é seguido e que as ações previstas estão sendo desenvolvidas. • Avalia-se o sucesso das medidas implementadas e novas recomendações são propostas para alterações no plano ou para a construção de um novo projeto. Ressalta-se a importância de se incorporar na cultura escolar a certeza de que a avaliação deve ocorrer ao longo do processo de desenvolvimento do plano, numa perspectiva proativa, formativa e reflexiva, que traz como benefício a possibilidade de ajustes necessários durante o seu período de realização. 24 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Resultados de estudos realizados pelas universidades e pelos gestores dos sistemas educação estadual e municipal que já vem praticando a avaliação institucional, a recomendação de algumas posturas para a prática da autoavaliação interna de uma escola. Vejamos: • Respeitar o contexto social, considerando as orientações da política educacional, o projeto pedagógico da escola, as características da comunidade escolar e os recursos disponíveis e necessários; • Consultar e decidir acerca das prioridades, elaborando o plano de forma coletiva, democrática e negociada; • Elaborar a redação e a divulgação do plano, esclarecendo a articulação com os objetivos e fins da escola, justificando a seleção das prioridades, a metodologia ou os recursos envolvidos. O plano de desenvolvimento institucional, além de orientar a ação da escola, é também uma oportunidade para a escola e os seus profissionais se desenvolve- rem, quer na percepção clara dos objetivos da escola, especialmente nos processos de ensino e de aprendizagem. Tal tomada de consciência possibilita uma abordagem integrada de todas as dimensões da escola: o currículo, aprendizagem; a avaliação, o ensino, a gestão e organização, o contexto interno, o contexto externo, os resultados das aprendizagens e da avaliação externa da escola. Uma vez delineado um horizonte futuro mais amplo, a escola experimenta a superação da ansiedade dos professores que assim podem controlar melhor a mudança em vez de serem por ela controlados, o que permite maior valorização e reconhecimento do trabalho docente e do desempenho dos professores na promoção da mudança. O fortalecimento das relações interpessoais na escola, em especial entre as da equipe gestora com os professores, melhora substancialmente a qualidade do processo educativo e da gestão escolar. Enfim, o plano de desenvolvimento institucional é um documento estratégico da escola, pois lhe permite olhar crítico sobre si mesma, ou seja, sobre a concretização dos seus objetivos principais e dos fins educacionais relacionados com o ensino e aprendizagem. E, enquanto documento contextualizado deixa que a instituição escolar interprete as dinâmicas internas e o integre na sua vida e cultura.25 Avaliação Institucional e Escolar Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Há quase uma década, os sistemas de ensino público (estaduais/ municipais) vem capacitando supervisores, diretores e coordenadores para que adquiram autonomia a fim de desencadear em suas regiões, o processo de Avaliação Institucional Escolar. No estado de São Paulo foi desenvolvido o Programa PROGESTÃO que fez encontros com multiplicadores e produziu material para subsidiar as ações. Uma das publicações oficiais é o Módulo introdutório com orientações para autoavaliação escolar /Autoavaliação institucional – Progestão. Coordenadoria de Normas Pedagógicas CENP, Secretaria de Estado da Educação Vol. 1 Adalberto Ribeiro. O livro digitalizado “Gestão do Currículo I“, cujo autor é professor Adalberto Ribeiro. Este material pode ser muito esclarecedor para você conhecer a prática da Avaliação Institucional da Educação Básica de um sistema público de ensino. Disponível em: https://pt.scribd.com/doc/75302765/Auto-avaliacao-institucional-Progestao Acesso em 11/12/2019 BOLÍVAR, A. Como melhorar as escolas: estratégias e dinâmicas de melhoria das práticas educativas. Porto: Edições Asa, 2003.