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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE CURSO DE BIOMEDICINA BEATRIZ CRIPPA CASAGRANDE FERNANDA PEREIRA CARVALHO LETÍCIA LUCHTEMBERG ALEXANDRE REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO: ACETATO DE ISOPENTILA CRICIÚMA 2021 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho aborda o processo químico realizado em laboratório a fim de obter o Acetato de Isopentila, também conhecido como óleo de banana, devido ao seu odor, a partir de uma reação de esterificação. Tal reação se constitui em empregar um álcool e um ácido carboxílico para formar éster e água (CONSTANTINO et al., 2004, p. 244). Afirma Russel, a respeito dos ésteres: “Ésteres encontram-se abundantemente distribuídos na natureza. Muitos ésteres são responsáveis pelos perfumes naturais e pelos odores e aromas de frutas. [...]. Gorduras animais e vegetais são constituídas de ésteres de ácidos graxos, ácidos carboxílicos com cadeia carbônica que são extensas e o triol glicerol.” (RUSSEL, 1994) Para este experimento, utilizou-se o álcool isoamílico, de fórmula molecular C5H12O, e o ácido acético glacial, CH3COOH, como reagentes. Além disso, para que a reação ocorresse, foi necessário empregar o ácido sulfúrico (H2SO4) em aquecimento por meio de uma manta. O processo foi realizado em duas etapas, com uma semana de diferença, sendo a primeira caracterizada como a síntese do acetato de isopentila e a segunda por sua obtenção através do processo de destilação fracionada. “A destilação é um processo físico, que serve para separar misturas homogêneas, ou soluções de sólidos em líquidos ou soluções de dois ou mais líquidos. A separação é possível, porque o componente mais volátil da mistura inicial irá “destilar” em primeiro lugar. Entretanto, devemos avisar que existem certas “misturas azeotrópicas” – que destilam integralmente; neste caso, a separação por destilação torna-se impossível.” (FELTRE; YOSHINAGA, 1975) O experimento também visou calcular o rendimento teórico do produto obtido. Rendimento teórico pode ser caracterizado como a quantidade máxima que pode ser esperada na base da estequiometria de uma equação química. O rendimento percentual é a percentagem do rendimento teórico que foi realmente atingida. (AKTINS; JONES, 2005). Nesse sentido, como posto posteriormente, o rendimento do experimento se expressou nas duas formas. 2 MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 MATERIAIS E REAGENTES 2.1.1 Esterificação do acetato de isopentila – Parte 1 · Álcool isoamílico · Ácido acético glacial · Balão de fundo redondo de 100 mL · Ácido sulfúrico concentrado · Pérolas de ebulição · Condensador de bolas · Manta aquecedora · 2 Mangueiras · Vaselina 2.1.2 Esterificação do acetato de isopentila – Parte 2 · Funil de separação de 250 mL · Água deionizada · Funil · Bicarbonato de sódio 5% · Papel indicador universal · Solução saturada de Cloreto de sódio · Sulfato de sódio anidro · Erlenmeyer · 2 Mangueiras · Balão · Manta · Termômetro · 2 Suportes universais · 2 Garras · Proveta · Pérolas de ebulição · Pipeta volumétrica · Condensador · Argola metálica · Béquer · Balança de precisão · Cabeça de destilação · Vaselina 2.2 PROCEDIMENTOS 2.2.1 Esterificação do acetato de isopentila – Parte 1 Transferiu-se 15 mL de álcool isoamílico para um balão de fundo redondo de 100 mL; A dicionou-se 20 mL de ácido acético glacialno mesmo recipiente; Adicionou-se 4 mL de ácido sulfúrico concentrado à mistura, agitando-a cuidadosamente; I ntroduziu-se no mesmo balão três pérolas de ebulição; Colocou-se o balão na manta de aquecimento; Posicionou-se o suporte universal com a garra atrás da manta; Passou-se vaselina por volta do condensador de bolas para facilitar o encaixe do mesmo com o balão de fundo redondo; Acoplou-se um condensador acima do balão; Prendeu-se o balão com o condensador à uma garra presa ao suporte universal; Engatou-se as duas mangueiras no condensador de bolas; Ligou-se a manta aquecedora; Deixou-se em refluxo por 1 hora; Desligou-se a manta apóso tempo determinado; Desmontou-se o sistema de refluxo após seu esfriamento; Colocou-se o líquido di balão em um Erlenmeyer para que esfriasse em temperatura ambiente; 2.2.2 Esterificação do acetato de isopentila – Parte 2 Após uma semana, transferiu-se a mistura contida no erlenmeyer para um funil de separação de 250 mL; Adicionou-se 55 mL de água deionizada fria; Lavou-se o erlenmeyer com 10 mL de água deionizada fria; Transferiu-se o líquido para o funil e efetuou-se a extração do líquido resultante; Separou-se a fase aquosa da fase orgânica; Adicionou-se 25 mL de solução aquosa de bicarbonato de sódio 5%; Agitou-se cuidadosamente para a mistura das substâncias; Abriu-se a torneira de precisão para liberação do dióxido de carbono; Colocou-se o funil de separação em uma argola ligada ao suporte universal; Colocou-se um béquer embaixo do funil para reter a fase aquosa da mistura; Após, repetiu-se novamente o procedimento; Colocou-se uma ponta do papel indicador universal na mistura e verificou-se que a mesma estava básica; Adicionou-se 25 mL de água deionizada e 5 mL de solução saturada de cloreto de sódio à fase orgânica Agitou-se suavemente a mistura; Removeu-se a fase aquosa da mistura; Transferiu-se o éster para o Erlenmeyer; Adicionou-se 2g de sulfato de sódio anidro ao Erlenmeyer; Tampou-se o erlenmeyer e agitou-se ocasionalmente até que a mistura ficasse límpida; Despejou-se a mistura em um balão de fundo redondo; Adicionou-se três pérolas de ebulição; Colocou-se o balão na manta aquecedora; Lubrificou-se a cabeça da destilação com vaselina e em seguida encaixou-se sobre o balão de fundo redondo; Colocou-se o termômetro na parte superior da cabeça de destilação; Encaixou-se o condensador na parte lateral; Ligou-se duas mangueiras ao condensador, para a entrada e saída de água; Colocou-se um erlenmeyer na porção final do condensador, a fim de reter o produto final; Ligou-se a manta e esperou-se a fração destilada chegar entre 134°C – 143°C; Desligou-se a aparelhagem e retirou- se o composto destilado que encontrava-se no erlenmeyer; Pesou-se a amostra na balança de precisão; Anotou-se os valores obtidos; Calculou-se o rendimento. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 SÍNTESE O balão de fundo redondo contendo o álcool isoamílico, o ácido acético glacial e o ácido sulfúrico foi levado para o equipamento de destilação fracionada, ilustrado pela figura 1, introduzindo-se três pérolas de vidro junto à mistura a fim de auxiliar no processo de ebulição. Figura 1 – Equipamento de destilação fracionada Fonte: Feito pela Equipe. Após permanecer em refluxo por 1 hora, desligou-se a manta e a aparelhagem foi desmontada. O líquido foi transferido para um erlenmeyer e resfriado em temperatura ambiente. O mesmo permaneceu no laboratório até a semana seguinte, quando se deu continuidade ao experimento. 3.2 OBTENÇÃO O líquido anteriormente destilado passou pelo processo de filtragem por meio do funil de separação, representado pela figura 2. A água foi empregada como solvente, separando a mistura em duas fases, sendo descartada após a filtração juntamente com as impurezas. Em seguida, foi adicionado uma solução aquosa de bicarbonato de sódio, a fim de neutralizar o sistema, agitando-o e após abrindo a torneira de precisão para liberação do dióxido de carbono formado, o qual eleva a pressão dentro do funil, conforme as reações abaixo: 2 NaHCO3 + H2SO4 Na2SO4 + H2O + CO2 NaHCO3 + CH3CO2H CH3CO2Na + CO2 + H2O Tal processo foi repetido até que não fosse mais perceptível a liberação de gás pela torneira. O funil foi colocado no equipamento ilustrado pela figura 2, sendo deixado em repouso para a formação das fases da mistura heterogênea. Após a filtração da fase aquosa, adicionou-se novamente a solução de bicarbonato de sódio e o processo foi repetido. Figura 2 – Equipamento para filtraçãocom funil de separação Fonte: Feito pela Equipe A partir do líquido filtrado foi realizada a medição de alcalinidade ou basicidade através do papel indicador universal, conforme figura 3. A ponta do papel foi introduzida no líquido e alterou sua cor para rosa, indicando basicidade. Em seguida, o papel foi descartado. Figura 3 – Papel indicador universal Fonte: Feito pela Equipe. Uma nova filtração foi realizada após a adição de água deionizada e solução saturada de cloreto de sódio ao funil de separação, obtendo apenas uma fase orgânica. Esta foi transferida para um erlenmeyer, onde adicionou-se o sulfato de sódio anidro para formar uma reação de hidratação, conforme equação abaixo: Na2SO4 + 10 H2O Na2SO4 ∙ 10 H2O O equipamento para destilação simples foi montado, conforme ilustrado pela figura 4, e despejou-se o conteúdo do erlenmeyer em um balão de fundo redondo com três pérolas de vidro. Figura 4 – Equipamento para destilação simples Fonte: Feito pela Equipe. Ligou-se a manta elétrica e a torneira para dar início à destilação, mantendo o equipamento ligado até que o termômetro indicasse uma temperatura entre 134ºC e 143ºC, sendo esta a indicada como o ponto de ebulição do acetato de isopentila (Merck Millipore, 2018). Realizado esse procedimento, foram transferidos 5 mL do conteúdo destilado para um béquer, com ajuda de uma pipeta. Após, o béquer com o conteúdo foi levado para a balança de precisão. O peso obtido foi de 114,906 g, subtraindo-se o peso do próprio Béquer sozinho (calculado anteriormente, no valor de 104,412 g) obtemos um valor de 10,494 g. A partir dos valores obtidos, é possível calcular a densidade do acetato de isopentila obtido em laboratório: Comparando o resultado da densidade com a presente no site da empresa Merck Millipore (0,87 g/ml), utilizado anteriormente como referência para o ponto de ebulição, pode-se afirmar que foi obtido um valor muito próximo ao de base, com diferença de 0,04 g/ml. 3.3 RENDIMENTO DA REAÇÃO Segundo Constantino et al. (2004, pl. 131): Só uma parte do material de partida pode ser transformada em produto puro obtido no final da reação. Há perdas por reações secundárias, perdas na purificação etc., de forma que o rendimento é um dado muito valioso para se julgar a eficiência de um procedimento. O rendimento é a relação entre a quantidade de um produto que efetivamente se obtém, e a quantidade que seria possível obter pela relação estequiométrica, expressa em %. Na última semana do experimento pesou-se a amostra final, obtendo 4,55 g e seu rendimento foi calculado. Para isso, realizou-se um cálculo de regra de três: 𝑚 = 𝑑 ∙ 𝑉 1 mol 88,15 g (massa molar do álcool) 𝑚 = 0,91 ∙ 5 n 4,55 g 𝑚 = 4,55 𝑔 n = 0,05 mol Cálculo do rendimento do Acetato de Isopentila: n mols de éster = n mols do álcool = 0,05 mol: 1 mol de éster 130,12 g de éster 0,05 mol m = 6,50 g de éster Observação: os valores de massa molar dos ácidos foram obtidos a partir das fórmulas moleculares dos compostos e o respectivo valor de massa molar de cada átomo dos mesmos. 𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜: 𝑚(𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑜) 𝑥 100% 𝑚(𝑒𝑠𝑡𝑒𝑞𝑢𝑖𝑜𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑜) 4,55 𝑥 100% 6,50 = 70% 4 CONCLUSÃO A partir do presente experimento, conclui-se que para obtenção do Acetato de Isopentila é necessário realizar a esterificação de Fischer utilizando a combinação de um ácido carboxílico com um álcool, para a produção de um éster e água. Com base nos resultados obtidos, é possível afirmar que, ao realizar o cálculo estequiométrico do rendimento do acetato de isopentila em comparação ao álcool isoamílico, 70% resultaram efetivamente no acetato de isopentila sintetizado. Tal dado foi influenciado pelos processos realizados no experimento, como já mencionado por Constantino et al., sendo que um rendimento de 100% nunca poderá ser alcançado. Conclui-se, também, que o Atetato de Isopentila possui um forte aroma de banana de aspecto incolor, chegando, assim, ao resultado esperado diante do procedimento proposto em aula. Ademais, o presente experimento salientou a importância do uso de ésteres na indústria alimentícia, como na produção de xaropes, doces, pastilhas, refrescos, sendo ainda o mesmo utilizado para outras áreas. REFERÊNCIAS ATKINS, Peter; JONES,Loretta. Princípios da química. Questionando a vida moderna e o meio ambiente. São Paulo: Editora ARTMED S.A., 2005, ed.3. CONSTANTINO, Maurício Gomes et al. Fundamentos de Química Experimental. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2004. vol. 53. FELTRE, Ricardo; YOSHINAGA, Setsuo. Química. Segundo Grau. São Paulo: Editora Moderna Lyta. 1975, vol.1. Merck Millipore. Acetato de isoamilo. Disponível em: <https://bit.ly/2qf8TJB>. Acesso em 25 maio 2021. RUSSEL, John B. Química Geral. São Paulo: Person Education, 2012, ed.2.
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