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Gestão de projetos ANTONIO NEY 1ª Edição Brasília/DF - 2018 Autores Antonio Ney Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 Natureza e Desenvolvimento do Conceito de Projeto ..................................................................................... 7 Capítulo 2 Avaliação de Viabilidade e Risco de um Projeto .............................................................................................24 Capítulo 3 Estrutura de Administração de um Projeto .......................................................................................................41 Capítulo 4 Gerenciamento do Tempo ........................................................................................................................................52 Capítulo 5 Gerenciamento dos Recursos Humanos e das Comunicações ....................................................................67 Capítulo 6 Gerenciamento de Custos e de Aquisições ........................................................................................................80 Referências ..........................................................................................................................................................................91 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORGANIzAçãO DO LIVRO DIDáTICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Esta disciplina é imprescindível e fundamental para o exercício das funções do administrador. Ela permite ao aluno não só conhecer e entender o que é um Projeto, mas, também, conhecer as ferramentas e instrumentos que vão permitir ao profissional planejar, monitorar, controlar e avaliar/interferir em um Projeto. O aluno deve ser capaz de, no final do curso, trabalhar em diversos projetos, independentemente de ser público ou privado. A concepção da disciplina não é difícil de entender; entretanto, podem existir dificuldades a serem vencidas para o domínio do conhecimento em Projeto. Este conhecimento desenvolvido na disciplina permitirá ao aluno utilizar diversos softwares ligados a Projeto tendo em vista que a teoria fundamental de todos os programas computacionais de Gerenciamento de Projeto está inserido na disciplina. Objetivos Este Livro Didático tem como objetivos: » Despertar o interesse do aluno em entender o funcionamento e os procedimentos de gerenciamento de projetos. » Oferecer ao aluno instrumentos de gestão de projetos para compreender melhor como a teoria é aplicada nas empresas por meio de vários modelos de projetos empresariais no mercado brasileiro. » Permitir ao aluno se exercitar na elaboração de um projeto simples no decorrer do curso. 7 Apresentação Neste capítulo serão apresentadas a concepção de projeto e a aplicabilidade, bem como as características e os benefícios da Gestão de Projetos. A partir da conceituação serão estabelecidos os elementos constitutivos e o seu ciclo de vida. É fundamental esclarecer a importância do gerente e da equipe de projeto para se alcançar o resultado e desempenho desejado. Conhecer metodologia de gerenciamento de projeto. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Entender o que é um projeto. » Conhecer os elementos constitutivos de um projeto. » Conhecer as características de um projeto. » Conhecer o que é um ciclo de vida. » Conhecer metodologia de gerenciamento de projeto. O que é um projeto A definição do que seja um Projeto é primordial para o entendimento da própria disciplina. A palavra Projeto (projectu) é de origem latina e tem o significado de “lançado à frente”. (NOCÊRA, 2010, p. 11). Bassis (2009, p. 5) afirma que a palavra Projeto (Project) vem da língua inglesa com o significado de empreendimento. 1 CAPÍTULO NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO 8 CAPÍTULO 1 • NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO Diante dessa importância têm-se as seguintes definições de projeto por organizações e autores diversos: » Project Management Institute (PMI) (apud MULCAHY, 2009, p. 21): “Um projeto é um empreendimento temporário, com um início e fim, e cria um produto, serviço ou resultado exclusivo”. » PMBOK – PMI (apud BASSIS, 2009, p. 6): “Os projetos são temporários, possuindo um início e um fim definidos, são planejados, executados e controlados, entregam produtos, serviços ou resultados exclusivos, desenvolvidos em etapas e continuam por incremento com uma elaboração progressiva, sendo realizados por pessoas e possuem recursos limitados”. » Antônio Cesar Amaru Maximiano (apud BASSIS, 2009, p. 6): “Um projeto é um empreendimento finito, com objetivos claramente definidos em função de um problema, oportunidade ou interesse de uma pessoa ou organização”. » Carl V. Limmer (apud BASSIS, 2009, p. 6): “... é um conjunto de atividades necessárias, ordenadas logicamente e inter-relacionadas, que conduzem a um objetivo predeterminado, atendendo-se a condição de PRAZO, CUSTO, QUALIDADE e RISCO”. » Dinsmore e Cavalieri (apud BASSIS, 2009, p. 6): “Projeto é um instrumento fundamental para qualquer atividade de mudança e geração de produtos e serviços. Eles podem envolver desde uma única pessoa a milhares de pessoas organizadas em times e ter duração de alguns dias ou vários anos”. » Hermano Thiry Cherques (apud BASSIS, 2009, p. 6): “Uma organização transitória, que compreende uma sequência de atividades dirigidas à geração de um produto ou serviço singular em um tempo dado”. NBR no 8402 E NBR ISO no 10006:Diretrizes para a Qualidade no Gerenciamento de Projetos (apud BASSIS, 2009, p. 6): “Processo único, consistindo em um grupo de atividades coordenadas e controladas com datas para início e término, empreendido para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos”. Analisando essas definições, encontram-se vários pontos em comum entre elas. O primeiro ponto se refere à duração, pois fica claro que um projeto é temporário, finito e com início e fim predeterminado. Assim, um trabalho rotineiro, comum, sem previsão de término, não corresponde a um projeto, ou seja, a existência de operação de uma equipe de manutenção telefônica não tem o significado de um projeto. Em outro ponto fica claro que um projeto implica a criação de um produto, serviço ou resultado exclusivo, ou seja, são objetivos claramente definidos (em consonância com um problema ou interesse pessoal) e predeterminados. 9 NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO • CAPÍTULO 1 Outro ponto corresponde que um projeto é planejado, executado e controlado com um conjunto de atividades, ordenadas e em sequência, desenvolvidas em etapas progressivas, mas com recursos limitados. Finalmente, o último ponto importante implica que para a execução de um projeto é fundamental a existência e o envolvimento de um time cuja organização é transitória. Um trabalho operacional é diferente de um projeto porque não é temporário, pois continuamente é executado e não tem um prazo predeterminado para terminar, embora possa produzir repetidamente determinado produto ou serviço. A construção de uma casa, a publicação de um livro, a organização de um evento, a construção de um edifício, a edificação de uma plataforma de petróleo e a construção de um navio são exemplos de projetos, pois têm durações finitas; a sua construção consome recursos e necessita de planejamento, execução e controle por equipe especializada. O desenvolvimento de um novo software, a ampliação de uma lanchonete ou a implantação de uma nova campanha promocional são exemplos de projetos. Você consegue entender por que são projetos? Outro exemplo foi a construção do novo Maracanã. A obra levou dois anos e meio para terminar. Entretanto, cabe ressaltar que para se ter sucesso na empreitada é necessária a existência de uma gestão de projeto que busque eficácia e eficiência, ou seja, ter efetividade para alcançar os objetivos dentro dos prazos e recursos previstos. A fabricação de um automóvel não é um projeto, tendo em vista que possui procedimentos contínuos e repetitivos em uma fábrica de montagem de veículos. A eficácia corresponde à situação na qual o resultado (meta) foi alcançado, ou seja, corresponde a “fazer a coisa certa”. Exemplo: a meta era levantar uma parede em um mês, e, ao final desse mês, a parede está levantada e pronta. Em resumo, o construtor foi eficaz. A eficiência corresponde à situação na qual o resultado é alcançado de maneira certa, ou seja, utilizam-se os recursos disponíveis corretamente para realizar a ação. Imagine que para construir a parede citada anteriormente estava previsto um orçamento de R$ 2.000,00; com as ações para obter os resultados, gastei R$ 4.000,00 para construí-la no prazo. Não fui eficiente porque gastei o dobro dos recursos disponíveis, embora tenha sido eficaz por realizar no prazo. 10 CAPÍTULO 1 • NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO Finalmente, a efetividade corresponde à situação na qual se verifica o impacto da ação, ou seja, fazer a coisa certa e de maneira certa. Em resumo, ser eficaz e eficiente. Esse assunto será retomado no futuro. Ciclo de vida de um produto e ciclo de vida de um projeto Ciclo de vida de um Produto O ciclo de vida de um produto tem a duração da concepção de um novo produto até a sua substituição no mercado. É lógico que um produto pode ter, ao longo de sua vida, vários projetos para direcioná-lo a uma nova aplicação ou atualização. O primeiro é o de concepção (criação) e os demais podem ser, ao longo do ciclo, para analisar mercados e concorrentes. Mulcahy (2009, p. 29) descreve o ciclo de vida de um projeto como: ... duas metodologias para concluir um projeto: a primeira é o ciclo de vida do projeto e determina o que tem que ser feito para completar o trabalho; a segunda é uma metodologia ou um processo de gerenciamento de projetos para gerenciar o projeto. A autora destaca que existem vários tipos diferentes de ciclos de vida de projetos e que isso depende do setor envolvido. Ela apresenta um exemplo que se refere à construção, englobando viabilidade, planejamento, design, produção, entrega e ativação. Mulcahy (2009) afirma em parágrafo seguinte que: “Às vezes, o ciclo de vida do projeto é chamado de metodologia da organização executora ou do departamento para projetos.” A seguir, podemos ver o ciclo de vida de um produto. Fonte: Mulcahy (2009, p. 29) 11 NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO • CAPÍTULO 1 Uma metodologia para projeto pode ser composta por quatro fases: Iniciação do Projeto; Organização e Preparação; Execução do trabalho do Projeto e Encerramento, segundo o Guia PMBOK, Quarta Edição apud Nocêra (2010, p. 14). Em resumo, Nocêra (idem) destaca cada uma destas fases com o produto de seu final: Fases Produto Iniciação do Projeto Termo de Abertura de Projeto Organização e Preparação Plano do Gerenciamento do Projeto Execução do trabalho do Projeto Entregas aceitas Encerramento do Projeto Documentos do Projeto arquivado Nocêra (2010, p. 14), baseado no Project Management Institute (PMI), fala que o gerenciamento de projetos “é realizado por meio de aplicação e integração de processos de gerenciamento de projetos.” Na visão de Bassis (2009, pp. 16-17), o projeto possui duas dimensões: a primeira é a de Planejamento (documentos formais do projeto), enquanto a outra, ele denomina de Gestão (atividades de gestão de projeto). O Planejamento é composto pelas seguintes etapas: Diagnóstico, Concepção, Inicialização e Planejamento propriamente dito, enquanto a Gestão é constituída pela execução, monitoramento/ controle e o encerramento. As fases que comentamos com relação a Nocêra podem ser estabelecidas da seguinte forma: » Iniciação. » Planejamento. » Execução. » Monitoramento e Controle. » Encerramento. Entretanto, cabe destacar que não existem processos que sejam eventos distintos ou fechados em si. Eles ocorrem se sobrepondo continuamente ao longo de todo o projeto. Fonte: Brasil (2011, p. 28) 12 CAPÍTULO 1 • NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO A etapa de Iniciação corresponde a uma série de processos necessários para definir um novo projeto, bem como obter a autorização formal para o início dele. A etapa seguinte (de Planejamento) é constituída por processos que vão estabelecer ações para alcançar os objetivos e metas. Em sequência, a Execução corresponde aos processos de realização efetiva do trabalho para o produto ou serviço relativo ao projeto. Desde o início do ciclo, devem ser previstos o Monitoramento e o Controle de todos os processos, avaliando e propondo as ações corretivas necessárias a ser retomado o rumo correto para se alcançar os objetivos traçados. Essa etapa vai até o encerramento do projeto. A etapa de Encerramento corresponde aos processos que vão finalizar o próprio projeto. Bassis (2009), ao apresentar a sua proposta de gerenciamento de projeto relaciona o seu ciclo ao Planejamento e Gestão, enquanto Nocêra relaciona às quatro fases (Iniciação do Projeto; Organização e Preparação; Execução do trabalho do Projeto e Encerramento). Assim, podemos comparar essas propostas ao ciclo de vida descrito anteriormente no quadro a seguir. É importante deixar claro que, embora todos levem aos mesmos objetivos, eles têm as seguintes diferenças: Metodologia descrita por Bassis Metodologia apresentada acima (BRASIL, 2011) Metodologia descrita por Nocêra PLANEJAMENTO INICIAÇÃOINICIAçãO PLANEJAMENTO ORGANIzAçãO E PREPARAçãO GESTãO EXECUÇÃO EXECUçãO CONTROLE ENCERRAMENTO ENCERRAMENTO Este Livro Didático adotará, para efeito didático, as etapas do ciclo descrito acima e em negrito no quadro. Um conjunto de Projetos, gerenciados de forma coordenada, pode formar um Programa. Um projeto pode ser dividido em vários Subprojetos, o que facilita o planejamento, a execução, e o monitoramento e controle, segundo Nocêra (2010), Bassis (2009) e outros autores. Conjunto de programas, projetos e subprojetos vão constituir um Portfólio. Assim, esquematicamente, temos a seguinte estrutura para o relacionamento entre programas, projetos e subprojetos. A figura mostra uma estrutura de um Gerenciamento Integrado de Portfólios de uma organização. O Gerenciamento de Programas “é o gerenciamento coordenado e centralizado de um programa visando o alcance dos seus objetivos e benefícios estratégicos.” (BRASIL, 2011, p. 20). 13 NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO • CAPÍTULO 1 Fonte: Adaptado Mulcahy (2010) e Nocêra (2009). Os benefícios que o gerenciamento de um projeto permitem O gerenciamento de projetos trabalha com três recursos essenciais para a vida de uma organização: Pessoas, Processos e Sistemas de Informações. No grupo das Pessoas estão incluídas aquelas que pensam/decidem o projeto; aquelas que executam o projeto obtendo os resultados, e aquelas que têm interesse no projeto. Em função dos Processos, os projetos são planejados, organizados e controlados. A organização do projeto é planejada e tem o seu orçamento otimizado na busca da performance esperada. O Sistema de Informações leva aos registros do planejamento e dos recursos aplicados por cada elemento no projeto, bem como permite acompanhar o cronograma e planos do projeto. Assim, ele (sistema) permite que sejam monitorados três elementos essenciais para o sucesso: a Informação, a Comunicação e o Compromisso. As informações permitem trabalhar os planos com relação ao que fazer, quando e por quanto, bem como acompanhar (controlar). As informações facilitam a análise de risco (probabilidades e consequências se o projeto vale a pena e, posteriormente, se as atividades estão acontecendo em concordância com o planejado). A análise de risco corresponde ao estudo para verificar a possibilidade de sucesso no empreendimento em função dos riscos que apresenta ou que podem acontecer. 14 CAPÍTULO 1 • NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO Finalmente, as informações vão permitir a avaliação do progresso de cada atividade e do projeto propriamente dito. Essa avaliação corresponde ao monitoramento da execução do projeto para verificar se as ações estão acontecendo como planejado. Normalmente, é verificado o percentual realizado com relação ao total previsto. Os grandes benefícios para a existência do gerenciamento de um projeto são o cumprimento dos prazos, custos e qualidade do produto ou do serviço, bem como promove a satisfação dos clientes e dos stakeholder, ou seja, de todas as partes interessadas. A expressão inglesa stakeholders significa interessados no produto ou serviço, ou seja, engloba os clientes, os acionistas da organização, os dirigentes, profissionais etc. A garantia de atender aos requisitos técnicos do produto ou serviço é outro benefício para a existência do gerenciamento. Benefícios para o cliente O cliente tem a possibilidade de observar se a organização está preparada para executar o projeto, bem como verificar se o planejamento do projeto está em consonância com as suas necessidades e pretensões. Outro benefício é a possibilidade de verificar se a execução dos trabalhos estão ocorrendo dentro dos requisitos e padrões de qualidade estabelecidos. O cliente pode constatar se os objetivos traçados para os projetos estão sendo atingidos. Ao final, pode a satisfação ser alcançada com os desempenhos e resultados obtidos. Benefícios para a organização O aumento do lucro, fruto do aumento da produtividade e da utilização, com efetividade, dos recursos disponíveis é o maior benefício para a instituição. A satisfação do cliente implica a melhoria da competitividade da organização, ou seja, é um aumento do marketing da instituição, pois se ampliam a credibilidade, a comunicação interna e o desempenho na execução do projeto. Internamente, o gerenciamento do projeto permite que a equipe saiba exatamente o que realizar, quando e como fazer, e a integração da própria equipe que fica “focada” nos objetivos do projeto. Cada membro da equipe tem o aumento do orgulho profissional pelo aumento de confiança na execução do trabalho. 15 NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO • CAPÍTULO 1 OS FATORES CRÍTICOS DE SUCESSOS NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS Nocêra destaca os seguintes fatores de sucesso para o gerenciamento de projetos: Tabela 1. Fatores de Sucesso em Gerenciamento de Projetos Fatores de Sucesso para o gerenciamento de projeto Fatores de avaliação de sucesso de um projeto » apoio e acompanhamento da alta administração; » competência e conhecimento do gerente do projeto; » dedicação de tempo para o planejamento no início do projeto; » cronogramas realistas; » orçamento realista; » integração das partes interessadas no projeto; » desenvolvimento de relacionamento adequado com o cliente; » sistema de avaliação e controle dos recursos do projeto; » sistema adequado de comunicações do projeto; » sistema adequado de avaliação e recompensa para a equipe de projeto. (2010, p. 19) » o projeto foi cumprido de acordo com os prazos e custos previstos; » o produto do projeto atende aos requisitos de desempenho, qualidade e outros requisitos importantes; » as partes interessadas tiveram suas expectativas atendidas; » o cliente ficou satisfeito com o resultado do projeto ou do produto do projeto; » obteve-se o lucro desejado com o projeto; » o projeto atendeu aos objetivos e metas da organização. (2010, p. 20) Fonte: Tabela elaborada e adaptada da obra de Nocêra. Justificando os fatores apontados por Nocêra, temos: A alta administração tem que demonstrar o seu interesse, participar ativamente e proporcionar o apoio necessário para a realização do projeto. Assim, a escolha de um competente e experiente gerente do projeto é um passo fundamental para o sucesso do projeto. Ao gerente cabe a constituição da equipe, a definição com a alta administração de um sistema para reconhecimento e recompensa do pessoal da equipe do projeto e, principalmente, contribuir (agindo de modo proativo) para a integração entre as partes interessadas no projeto. É obvio que tal integração tem que ter a participação da alta administração. O gerente e a equipe do projeto devem planejar com cuidado, dedicando o tempo adequado, não só na elaboração do planejamento, mas, também, no orçamento e nos cronogramas. Juran, um dos grandes nomes da Gestão da Qualidade Total, afirma, em sua obra, que a grande diferença entre os americanos e os japoneses na execução de um projeto é que os japoneses levam mais tempo planejando do que executando e isso provoca menos erros, ou seja, menor retrabalho, levando a execução do projeto a ter menor prazo e custo. É óbvio que o sistema de avaliação e controle dos recursos do projeto tem que estar adequado e em consonância com o planejamento de modo que permita a monitoração e o controle do planejado para que as ações corretivas sejam tomadas a tempo. 16 CAPÍTULO 1 • NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO Finalmente, a comunicação no decorrer do projeto tem que estar integrada a um sistema de modo que todos os envolvidos no projeto tenham conhecimento adequado do andamento do mesmo. Nocêra apresenta, também, os fatores de avaliação de sucesso de um projeto. Esses fatores são primordiais, pois representam o desempenho do projeto. Vejamos em primeiro lugar a eficácia que irá corresponder ao cumprimento do projeto dentro dos prazos e custos previstos, bemcomo o produto do projeto atendendo aos requisitos de qualidade e desempenho esperados. A eficiência é verificada com o produto ou serviço do projeto entregue atendendo aos objetivos e metas estabelecidos pela organização com o lucro desejado sendo alcançado. Em terceiro lugar tem que ser observado se o cliente e as partes interessadas ficaram satisfeitos com o resultado do projeto. Gerente de Projeto e o Escritório de Gerenciamento de Projeto (EGP) O Gerente de Projeto Brasil (2011, p. 23) apresenta a seguinte definição para o gerente de projeto: Pessoa designada pela organização responsável pelo gerenciamento para atingir os objetivos definidos. Requer flexibilidade, bom senso, liderança e habilidades de negociação, além de conhecimentos das práticas de gerenciamento de projetos. O líder do projeto é a pessoa responsável pela comunicação com todas as partes interessadas, particularmente com o patrocinador e a equipe do projeto. Nessa definição do gerente de projeto, encontramos as características principais para a função. É importante observar que a função não depende apenas da questão técnica de conhecimento do projeto e de suas técnicas de gerenciamento, mas dos atributos de saber trabalhar em equipe, ser flexível, negociador e, principalmente, líder, bem como ter bom senso. A capacidade de se comunicar e agir de forma proativa. Lembramos que o gerente é o responsável pelo sucesso do projeto. O Escritório de Gerenciamento de Projeto O escritório para o gerenciamento de projeto deve ser uma estrutura, função ou unidade organizacional onde a equipe de projeto irá trabalhar a coordenação e o gerenciamento do projeto. O escritório pode fornecer/executar várias funções de suporte para o gerenciamento de projetos. A sua constituição e atribuições dependerão da organização. 17 NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO • CAPÍTULO 1 É importante deixar claro que enquanto o gerente de um projeto vê apenas o projeto sob sua responsabilidade, o escritório engloba todos os portfólios, programas e projetos sob sua governança. O escritório apoia a alta administração. Antes de prosseguir, cabe registrar que, para o sucesso do projeto, todas as partes interessadas têm que ser identificadas, bem como as suas necessidades e expectativas. O gerente deve verificar as influências dessas partes e definir como se entender com os stakeholders (BRASIL, 2011). A figura a seguir apresenta a relação entre os vários elementos e relacionamentos que envolvem um projeto. Partes Interessadas no Projeto Gerentes de Portfólios Gerentes de Programas Escritórios de Projetos Outros Interessados Gerentes Operacionais Gerentes Funcionais Fornecedo- res / Parceiros CLIENTES PROJETO Patrocinado r Equipe de Gerencia- mento do Projeto Gerente do Projeto Outros EQUIPE DO PROJETO Fonte: Adaptada de Brasil, 2011. 18 CAPÍTULO 1 • NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO áreas de Conhecimento do Gerenciamento de Projeto O Guia PMBOK apresenta os procedimentos e as práticas para o gerenciamento de projetos e que serve de base para diversos autores trabalhados no texto. Tais áreas de conhecimento para o Gerenciamento de Projeto são indicadas por ele. Lembramos que o gerenciamento é composto por cinco fases de processos: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle. O guia destaca nove áreas de conhecimento para alcançar o desempenho esperado do Projeto: » Gerenciamento da Integração do Projeto. » Gerenciamento do Escopo do Projeto. » Gerenciamento do Tempo do Projeto. » Gerenciamento de Custos do Projeto. » Gerenciamento da Qualidade do Projeto. » Gerenciamento de Recursos Humanos do Projeto. » Gerenciamento das Comunicações do Projeto. » Gerenciamento de Riscos do Projeto. » Gerenciamento de Aquisições do Projeto. O gerenciamento de Integração implica os processos de integração dos diversos elementos do gerenciamento de projetos. A necessidade de se identificar e delimitar o trabalho necessário para a realização do projeto corresponde ao escopo do projeto. Esse gerenciamento é fundamental para que sejam realizados apenas os trabalhos que estão previstos no projeto, ou seja, deve ser evitada qualquer atividade que não conste do escopo. Vamos imaginar que o projeto seja pintar um auditório. Ao se executar o trabalho de pintura, constata-se a necessidade de corrigir um vazamento d’água que exigirá abrir a parede, corrigir o vazamento, fechar, emassar e pintar toda a área atingida do auditório. Tal serviço não constava do escopo inicial. O procedimento correto é negociar com o cliente um aditamento ao escopo, pois a realização desse serviço, sem o aditamento, implicará maiores gastos e o comprometimento do prazo da obra contratada. 19 NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO • CAPÍTULO 1 Como falamos em prazo, temos que destacar a importância do gerenciamento do tempo, pois esse é fundamental para o cumprimento dos prazos. Entretanto, a identificação de atividades (já comentado) e as estimativas de suas durações devem ser elaboradas com extremo cuidado ao se planejar o projeto. A Estimativa de Duração de cada atividade deve ser construída observando a possibilidade: » mais otimista; » mais provável de ocorrência; » mais pessimista. Outro gerenciamento importante e obrigatório é o de monitorar e controlar os custos do projeto. O gerenciamento da Qualidade é fundamental para garantir que as especificações, os requisitos e os atributos do produto ou serviço sejam alcançados de acordo com os objetivos traçados no projeto. O gerenciamento dos Recursos Humanos é imprescindível, tendo em vista a necessidade de se obter a quantidade de trabalhadores com a capacitação profissional necessária à realização do empreendimento do projeto, bem como planejar, monitorar e controlar a sua aplicação. Os problemas de comunicação podem comprometer e provocar situações causadoras de insucessos, aliás Nocêra (2010, p. 18) aponta como uma das causas de fracasso “o gerenciamento inadequado das comunicações do projeto”. É importante destacar que as comunicações envolvem a coleta, o processamento, a disseminação, o armazenamento das informações e os dados de modo adequado e oportuno. Outra área que deve ser observada é a do gerenciamento de risco e este começa desde a fase de estudo da viabilidade econômica/planejamento até o encerramento do projeto. Finalmente, a área de gerenciamento de aquisições deve ser olhada com extremo cuidado, pois aquisições erradas e mais caras podem levar ao insucesso por falta de qualidade, retrabalhos, falta de cumprimento de prazos e custos. Tabela 2. Grupos x Processos GRUPO PROCESSOS Iniciação Análise de Viabilidade de Projetos Termo de Abertura de Projeto Planejamento Escopo Cronograma Custos Qualidade Equipe Comunicação Análise de Risco Planejamento de Aquisições e Contratações Plano de Gerenciamento do Projeto 20 CAPÍTULO 1 • NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO GRUPO PROCESSOS Execução Orientação e Execução do Projeto Gerenciamento da Execução Dados e Informações Documentação Monitoramento e Controle Monitoramento e Controle do Trabalho do Projeto Aceite de Entregas Gerenciamento de Mudanças Encerramento Encerramento de Aquisições e Contratações Encerramento do Projeto Fonte: Adaptado de Brasil (2011). O grupo de Iniciação é uma fase que tem o propósito de verificar e analisar a viabilidade técnica e financeira do projeto. Identificar as oportunidades, ameaças, pontos fortes e fracos para a realização do projeto, ou seja, ver o cenário que envolve o projeto. As vantagens e desvantagens que o projeto apresenta para a organização, bem como colocar um olhar sobre a viabilidade técnica, financeira e dos recursos em geral para realizar o projeto têm que ser observadas e analisadas. Éprimordial ser analisado se a organização tem efetivas condições de realizar o projeto com relação aos recursos de infraestrutura e facilidades que possui, identificando as limitações que envolvem a mão de obra e os materiais. Por exemplo, a organização tem um guindaste capaz de levantar peças acima de 50 toneladas? O material em estoque atende à especificação do material dos desenhos? A identificação dos patrocinadores do projeto e do clima político e organizacional é importante para o estudo. A avaliação do custo x benefício das possíveis soluções propostas tem que ser realizada para a tomada de decisão. Após ser concluída a Análise de Viabilidade do Projeto, terá que ser elaborado o Termo de Abertura de Projeto. O Termo de Abertura é constituído pela justificativa, objetivos, cenário, declaração do escopo de produtos e serviços, requisitos de alto nível a serem atendidos, prazos, custos, principais premissas e restrições, riscos de alto nível, equipe e infraestrutura para a execução do projeto, data de início e folha de aprovação. A etapa de Planejamento começa com a construção do Escopo e, para isso, a Análise de Viabilidade do Projeto e o Termo de Abertura de Projeto servirão de base para a realização desta etapa. Na verdade, o escopo escreve exatamente a obra ou serviço a ser atendido com o projeto. Nele tem que constar todas as atividades e tarefas a serem feitas com a especificação técnica, normas e procedimentos a serem atendidos. A importância da correção do Escopo representa a segurança para que a organização alcance os objetivos traçados sem ter prejuízos. Além da definição do escopo do projeto, deve ser estabelecida a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) e o Dicionário da EAP (vamos falar posteriormente). 21 NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO • CAPÍTULO 1 É em função do escopo que será elaborado o Cronograma. Este é construído pela identificação das atividades específicas para a entrega do projeto, pela estimava da duração, pela identificação de dependência entre elas (atividades) e pelos levantamentos de todos os custos, incluindo recursos humanos e materiais necessários para a realização das diversas atividades. Deve ser esclarecido que nenhum serviço ou obra não prevista no Escopo deve ser executada sem a existência de um aditamento. Este (aditamento) terá que ser negociado com os clientes e partes interessadas. O aditamento poderá alterar cronogramas, prazos e custos. Assim, o escopo tem que ser bem “amarrado”, pois ele tem o papel contratual do projeto. O Planejamento da Qualidade é sério e envolve duas questões: » a primeira se refere à própria gestão da organização e do projeto, em que os princípios da Gestão da Qualidade Total serão fixados, bem como os procedimentos e as ferramentas serão utilizadas; » a segunda se refere à garantia da qualidade das obras e serviços feitos, bem como das aquisições e contratações realizadas. Para alcançar tal objetivo (garantia da qualidade), são desenvolvidos planos para verificar testes, ensaios, inspeções, normas e procedimentos a serem atendidos em cada etapa. Em função da Estrutura Analítica do Projeto (EAP), do Cronograma e das planilhas de custos e de riscos, devem ser estabelecidos para cada produto ou serviço: » o padrão de qualidade a ser entregue; » a documentação técnica; » a forma de aferição e critérios de aceitação. Nessa etapa deve ser pensada a Equipe do Projeto, sua constituição, atribuições e responsabilidades, bem como o seu processo de operação. O importante é a identificação de membros que sejam competentes tecnicamente, comprometidos e sensibilizados com o projeto. No planejamento tem que ser idealizado em detalhes o processo de Comunicação. Como ele será realizado? Como irá coletar dados e informações? Como serão desenvolvidos os diversos comunicados e avisos? É óbvio que todo o processo de comunicação e de relacionamento entre chefes/subordinados, entre pares terá que ser pensado e definido, inclusive em termos dos documentos de informação, entre a equipe de projeto e os departamentos da organização. O grupo de Planejamento deve promover uma Análise de Riscos de forma semelhante ao que foi elaborado na época da Análise de Viabilidade do Projeto. As incertezas e os riscos têm que ser olhados com bastante critério, pois pode implicar sérios prejuízos. A probabilidade de um fato ocorrer tem que ser analisada, bem como o impacto que pode trazer para o projeto. 22 CAPÍTULO 1 • NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO Exemplo: vamos imaginar que um estaleiro se proponha a construir um iate em seis meses. Definidos contrato, escopo e cronograma, você constata que o fabricante do motor está fixando em sete meses a entrega dele (motor). Ora, a organização não entregará o iate em seis meses e, com isso, a probabilidade de prejuízos é grande, pois provavelmente existe penalidade pelo atraso. Esse risco de não cumprimento de prazo já deveria ter sido visto desde o estudo de viabilidade. Agora, é procurar o cliente e renegociar o prazo para fugir da penalidade prevista. De posse do cronograma estipulado, deve ser elaborado o Planejamento de Aquisições de equipamentos/materiais e de contratações de serviços. Esse planejamento tem que atender rigorosamente às datas de entrega do cronograma. Qualquer discrepância tem que ser levantada sob pena de o prazo final do projeto ficar comprometido. Finalmente, o produto dessa fase, o Plano de Gerenciamento do Projeto, tem que ser entregue, aprovado pela alta administração e divulgado devidamente. Ele será a direção a ser seguida na execução do projeto. A reunião inicial do projeto deve ser realizada nesse momento. Provavelmente, o Plano de Gerenciamento do Projeto não acontecerá como está escrito no papel, mas ele é fundamental, pois permitirá chegar ao final por meio das correções devidas que sofrer. A Execução nasce com a Orientação promovida pela Equipe de Projeto em que é importante detalhar e esclarecer todo o Plano de Gerenciamento do Projeto a ser cumprido. A execução deve ser realizada de acordo com as normas e os procedimentos definidos em ordens de serviço. A utilização de material terá que estar em consonância com os requisitos previstos. O gerenciamento da execução deve ser a luz do Plano de Gerenciamento do Projeto, mas, para isso, é necessário que as informações e dados coletados na execução tenham realidade e fidelidade ao executado, bem como sejam oportunos e adequados ao tempo. Nos setores operativos, a documentação não recebe a atenção devida. Entretanto, essa postura não é adequada tendo em vista que não ficam registrados os problemas e soluções dadas na obra, bem como impede levantar informações para responder a questões externas com cliente ou partes interessadas. Assim, as ocorrências, o registro de eventos positivos e negativos ocorridos, os Relatórios de Acompanhamento de Projetos (RAP) e documentos com dados e informações técnicas devem ser analisados, arquivados e lançados na Planilha de Lições Aprendidas. Exemplo: tiramos da construção de navios da mesma série em um estaleiro, pois isso nos permite observar que o primeiro navio da série tem um gasto de recursos humanos mais elevado do que o segundo e deste o terceiro tendo em vista que as falhas/erros de desenhos, o retrabalho e outros problemas diminuem. Assim, ao registrar as lições aprendidas, tais imperfeições de construção podem ser antecipadas nas construções seguintes. 23 NATUREzA E DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE PROJETO • CAPÍTULO 1 O monitoramento e o controle trabalham com base no Plano de Gerenciamento do Projeto. O plano é imprescindível para a avaliação do progresso de execução do projeto, bem como permite se tomar as ações a tempo de corrigir falhas ou atrasos. O aceite de entregas de materiais e equipamentos, bem como a contratação/realização de serviços, são avaliados em função do planejado. O controle é responsável pela geração do Relatório de Acompanhamentodo Projeto (RAP), em que o planejado tem que ser comparado ao real e descritas as ações corretivas. Um processo importante é o gerenciamento de mudanças que o monitoramento e o controle têm que trabalhar e enfrentar a resistência às mudanças, pois, nessa fase, são identificadas, analisadas e aprovadas as mudanças. É fundamental mostrar a importância de a informação chegar a todas as partes interessadas. Finalmente, o Encerramento compreende as aquisições e contratações finais e o encerramento propriamente dito do projeto. A emissão de um Relatório de Encerramento do Projeto é a última etapa do projeto. Resumo Vimos até agora: » O que é um projeto com as suas características. » O ciclo de vida de um produto e de um projeto. » Os elementos constitutivos de um projeto. » O papel de um gerente de projeto e sua equipe. » A metodologia para o gerenciamento de um projeto. 24 Apresentação Neste capítulo serão definidos os significados a respeito de análise de viabilidade e riscos de projetos, bem como a importância e características deste tema para o sucesso de um projeto. As questões do escopo, orçamento e cronograma do projeto serão abordadas, pois estão intimamente relacionadas com a viabilidade da obra. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Compreender uma análise de viabilidade de projeto (AVP). » Compreender a constituição do escopo, orçamento e cronograma físico-financeiro. » Compreender o Gerenciamento de Risco. » Entender a Árvore de Decisão. O estudo de viabilidade do projeto Preâmbulo O estudo de viabilidade de um projeto é fundamental para garantir se o projeto de um serviço ou produto vale a pena ser realizado e, mais, se a organização tem condições de realizá-lo. Assim, têm que ser estudadas e analisadas com muito cuidado todas as nuances que envolvem o projeto, desde a concepção até a sua entrega. Deve começar com a identificação das condições para o sucesso do projeto, bem como identificar e anular possíveis fatores comprometedores para o êxito do projeto. 2 CAPÍTULO AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO 25 AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 2 O documento gerado do estudo é denominado Análise de Viabilidade do Projeto (AVP) e ele servirá para que a alta administração tome a decisão se vale a pena realizar o projeto à luz do cenário descrito na AVP. A AVP verifica a viabilidade técnica e a viabilidade financeira para a realização do projeto. Dentro do estudo técnico é fundamental avaliar as relações entre as pessoas envolvidas no projeto (definição de tarefas/atividades, quantidades, compromissos e responsabilidades). A viabilidade financeira corresponde a uma análise econômica, devendo ser vista a relação custo-benefício. No primeiro momento, deve ser desenvolvido um inventário sobre o projeto com a utilização de um questionário estruturado com cuidado para se consolidar o conhecimento sobre o projeto. As perguntas devem cobrir o processo de produção para a fabricação do produto, os investimentos necessários para a implantação da infraestrutura de fabricação adequada, os consumíveis, a logística para a comercialização, a legislação e os impostos que impactam o projeto. A finalidade desta primeira etapa é conhecer as dificuldades e as barreiras a serem vencidas. No processo produtivo, têm que ser identificados: » a quantidade a ser produzida; » que matérias-primas e consumíveis serão necessárias (quantidades, custos, quem compra e os fornecedores têm que ser identificados); » que processo produtivo será utilizado; » os prazos e as dificuldades de aquisição da matéria-prima têm que ser estabelecidos e descobertos; » quais são os recursos humanos que serão envolvidos (habilitações e quantidades). Com relação a investimentos, devem ser observados os equipamentos e máquinas que serão compradas ou utilizadas da organização, custos e instalações. A energia, o óleo e os materiais de consumo devem ser estudados e levantados com as quantidades consumidas por hora e/ou pela quantidade produzida. A comercialização inicia-se com a verificação se a capacidade produzida pela organização atende ao nível da produção a ser vendida, conforme planejamos. Embora o texto dessa primeira etapa seja direcionado para um produto, o procedimento é o mesmo para os casos de serviços ou obras. 26 CAPÍTULO 2 • AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO O olhar sobre as épocas de maior e de menor produção a ser vendida tem que ser analisada. Esse levantamento tem o propósito de garantir se o preço do produto dá para pagar os custos de produção e de comercialização do produto. É uma visão de cenário. Questionamentos sobre em que mercado vender, como o produto será distribuído, fretes, marketing, concorrentes, embalagens e o preço que pode ser aceito no mercado têm que ser feitos. A legislação e os impostos não devem ser esquecidos, tendo em vista o impacto que provocam no projeto. Em resumo, esse início de estudo é marcado pela obtenção de informações e dados que permitam identificar se o ambiente institucional tem condições de realizar o projeto. A análise do clima político e organizacional deve estar incluída nessa etapa, de modo a identificar possíveis oportunidades e entraves, bem como os impactos dos resultados do projeto sobre as rotinas da organização. O cenário interno e externo deve ser esmiuçado com intuito de verificar os stakeholders do projeto, desde os patrocinadores ou mantenedores até as pessoas que são favoráveis ou não a sua realização. A demanda do projeto deve ser analisada para que a identificação das necessidades fique esclarecida. Todos os dados e informações possíveis de serem utilizados têm que ser obtidos. É importante destacar que nessa fase não se possui o projeto técnico/estrutural detalhado do produto ou serviço. Um exemplo é a construção de uma plataforma de exploração de petróleo ou de um novo navio, a AVP será baseada nos projetos de concepção. Um elemento importante é levantar o histórico de obras semelhantes construídas, seus gastos e informações estatísticas existentes para servir de base. Em função das previsões de gastos de recursos humanos, equipamentos, materiais e outros recursos impactantes do projeto, devem ser verificados os impactos e as disponibilidades registradas no planejamento estratégico/tático da organização tendo em vista identificar contratações de pessoal, compras de equipamentos, materiais e outras ações. As diversas opções de realização do projeto devem ser levantadas com as suas vantagens e desvantagens. Assim, não pode ser negligenciada a viabilidade técnica, pois esta envolve a tecnologia necessária a ser usada e a capacidade da organização, em termos físicos e de pessoal para trabalhar no projeto. Viabilidade financeira Outro ponto a ser pensado na AVP se refere à viabilidade financeira, pois a disponibilidade orçamentária para a execução do projeto, bem como a possibilidade de utilizar recursos financeiros oriundos de outras fontes, tem que ser analisada (parcerias, convênios e empréstimos). 27 AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 2 Para cada opção identificada, deve ser apresentada a relação custo x benefício das soluções identificadas. Chamamos a atenção para o cuidado com prazos de fornecimento dos diversos fornecedores. Um exemplo simples é aquele do estaleiro que consegue construir uma lancha em seis meses, mas o fornecimento do motor da lancha pode levar sete meses. Outro exemplo corresponde ao uso de um material cuja especificação técnica obriga a comprar em outro país, tendo em vista que não é fabricado no Brasil e, com isso, os preços de compra podem comprometer o projeto. Esse fato é relevante, tem que ser registrado e constar na AVP, porque ele é impactante no projeto e os contratos serão firmados em função desta realidade. Para efeito de exemplificar, facilitando e demonstrando uma análise de viabilidadefinanceira, vamos trabalhar com um estudo de caso. Vamos imaginar um projeto de abertura de uma escola privada de nível médio para 1.500 alunos. Os cursos a serem oferecidos são realizados em horário integral sem turno noturno. Você sendo o gerente do projeto irá, em primeira etapa, realizar o inventário sugerido. Para a segunda etapa, é fundamental a elaboração das contas. Entretanto, o inventário feito na primeira etapa tem que identificar as decisões de natureza estratégica de modo que o trabalho se inicie. Exemplo: os patrocinadores/mantenedores desejam a construção de um prédio novo, com três laboratórios, sendo um para Matemática, outro Física e um de Química, auditório para 150 pessoas, biblioteca, almoxarifado e 15 salas de aula. Os patrocinadores/mantenedores possuem o orçamento das construtoras que, em média, apontam para um custo de construção na ordem de R$ 2.000.000,00 já incluso terreno, projeto técnico da obra, legalização e de toda a infraestrutura necessária e acabamento do edifício. Aqui são consideradas apenas as obras civis. É desejado para a obra um prazo de um ano de construção e de dois anos para o início das atividades escolares. Inicialmente, o gerente deve construir a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), que veremos posteriormente. De posse da EAP temos uma estrutura que facilita a análise. A princípio, nesse caso, vamos considerar três áreas diferentes: área Técnico-Pedagógica, área de Gestão escolar e área de Integração escola-comunidade para identificação de atividades e levantamento dos custos. A etapa seguinte corresponde a identificar para cada área as atividades envolvidas, prazo de início e término, responsáveis na equipe de projeto, beneficiários e o produto final. Vamos ver um exemplo. 28 CAPÍTULO 2 • AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO Tabela 3. Exemplo da área Técnico-Pedagógica: Consultorias CÓDIGO DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DATAS RESPONSÁVEIS BENEFI-CIÁRIOS PRODUTOS Início Término PC-001 Elaboração de uma metodologia do processo de ensino- aprendizagem. MAR/ 2017 FEV/ 2018 Vice – diretor Escola/ aluno Relatório descrevendo a metodologia. PC-002 Elaboração de um mecanismo de atualização permanente de currículos. ABR/ 2017 JUL/ 2017 Coordenador Pedagógico Escola Relatório descrevendo a metodologia. Fonte: Autor. Lembramos que qualquer ação ou ordem deve conter descrição clara, responsável e prazo. A importância do beneficiário está na justificativa do motivo pelo qual faremos tal atividade. É imprescindível que, na coleta de dados e informações, as famosas perguntas do 5W2H sejam usadas: » What: O que fazer? » When: Quando fazer? » Who: Quem vai fazer? » Where: Onde será feito? » Why: Por que fazer? » How: Como será feito? » How much: Quanto custará? O gerente do projeto pode utilizar técnicas para a coleta de dados e informações como: entrevistas com interessados; grupos de discussão; workshops; formulários; brainstorming, mapas mentais e diagramas de atividades. Não estão todas as atividades da área técnico-pedagógica na Tabela 3, mas elas terão que aparecer nas tabelas da área. Depois de todas as atividades identificadas, passamos para a avaliação dos custos. Assim, para a área técnica-pedagógica, obteve-se a seguinte tabela para o planejamento de custos. 29 AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 2 Tabela 4. Exemplo de Quadro-Resumo para A área Técnico-Pedagógica CÓDIGO DESCRIÇÃO CUSTOS (R$) TOTAIS Infraestrutura física 2.000.000,00 PI-001 Obras civis 2.000.000,00 Consultoria para: 40.000,00 PC-001 Elaboração de uma metodologia do processo de ensino-aprendizagem. 20.000,00 PC-002 Elaboração de um mecanismo de atualização permanente de currículos. 20.000,00 Equipamentos: 300.000,00 PE-010 Auditório: fornecimento de equipamentos como TV, vídeo, canhão de projeção, nobreak, amplificadores, telas de projeção. 14.650,00 PE-011 Sala de informática com 10 postos de trabalho incluindo hardware e software. 22.300,00 PE-012 Sala de CAD com 10 postos de trabalho 40.880,00 PE-013 Laboratório de Matemática 35.270,00 PE-014 Laboratório de Química 48.000,00 PE-015 Laboratório de Física 83.000,00 PE-016 Mobiliário 55.900,00 Capacitação e treinamento: 30.000,00 PT-020 Treinamento para os gestores e professores. 30.000,00 Materiais de ensino aprendizagem: 103.700,00 PM-030 Biblioteca (livros, vídeos, CD e outros) 103.700,00 Serviços 2.000,00 PS-040 Gastos de reprodução de documentação 2.000,00 TOTAL 2.475.700,00 Fonte: Autor. O mesmo procedimento temos que tomar com relação à área de gestão escolar e de integração escola-comunidade. Tabela 5. Exemplo de Quadro-Resumo da Gestão Escolar CÓDIGO DESCRIÇÃO CUSTOS (R$) TOTAIS Desenvolvimento do sistema operacional 31.200,00 GI-001 Desenvolvimento de um sistema para gestão escolar com definição dos recursos materiais, equipamentos e humanos. 31.200,00 Equipamentos e softwares 30.500,00 GE-002 Equipamentos necessários para o funcionamento da área. 30.500,00 TOTAL 61.700,00 Fonte: Autor. Para a terceira área de integração escola-comunidade chegamos à conclusão de que não seria necessário nenhum serviço nesse momento. Observe que ao levantar essas contas, estamos também definindo o orçamento. Essa etapa não exige grandes especialistas, mas a atenção na 30 CAPÍTULO 2 • AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO obtenção dos dados e informações, bem como uma participação ativa e comprometida da equipe inicial de elaboração do projeto é uma condição essencial. Vamos abrir um parênteses para deixar claro que para cada caixa do projeto temos que identificar as necessidades e avaliar o que fazer e os seus custos. Damos um exemplo da estimativa feita para o item de código P-030 da Tabela 4 (veja que está em cinza). Faremos outra tabela para demonstrar como deve ser estruturada e montada a avaliação de cada caixa. Tabela 6. Exemplo do Código: Biblioteca CÓDIGO PB-030 – BIBLIOTECA CÓDIGO DESCRIÇÃO UNIDADE DE MEDIDA QUANTIDADE CUSTOS UNITÁRIOS TOTAIS PB-031 Vídeos educacionais U 100 50,00 5.000,00 PB-032 CD educacionais U 100 75,00 7.500,00 PB-033 Projetores U 2 500,00 1.000,00 PB-034 Computadores U 4 1.000,00 4.000,00 PB-035 Impressora U 2 500,00 1.000,00 PB-036 Livros U 1.500 50,00 75.000,00 PB-037 Biblioteca virtual 11.200,00 TOTAL GERAL 103.700,00 Fonte: Autor. Vamos fechar os parênteses e retornar ao estudo da viabilidade econômica. Com o levantamento feito, temos o quadro-resumo dos custos totais da implantação da escola com uma previsão de dois anos para operação. Agora iremos entrar na terceira etapa de análise. Tabela 7. Exemplo dos Custos de Implantação de uma Escola QUADRO-RESUMO DOS CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA Descrição Custos (R$) Observação Infraestrutura (obras civis) 2.000.000,00 Os patrocinadores/mantenedores informaram que conseguiram um financiamento de 20 anos, sem juros e correção a ser pago após o início de operação da escola. Técnica-pedagógica 475.000,00 Gestão escolar 61.700,00 Integração 0,00 Total 2.536.000,00 Fonte: Autor. Do exposto, tais custos devem ser incluídos nos custos de funcionamento da escola. Assim, anualmente, teremos uma parcela de: » 2.536.000,00: 20 (no de anos pagar o financiamento do projeto) = 126.800,00 /ano. 31 AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 2 Lembramos que o nosso projeto é o funcionamento de uma escola. Assim, temos que acrescentar os custos recorrentes: » Pessoal (salários e encargos). » Manutenção (equipamentos, instalações, mobiliários e utensílios, veículos, manutenção administrativa, publicidade/eventos e outros), capacitação de pessoal e outros. Temos que esclarecer que é fundamental a inclusão da depreciação e da substituição de bens nesta rubrica. » Material de consumo (material de laboratório, giz, canetas, papéis etc.). Tabela 8. Exemplo da Avaliação Financeira AVALIAÇÃO FINANCEIRA – CUSTO OPERACIONAL Discriminação ANO ObservaçõesX1 X2 X3 1. Pessoal 1.1 Docentes 1.080.000,00 1.3 Técnico- administrativo 265.000,00 SUBTOTAL I 1.345.000,00 2. Manutenção 2.1 Equipamentos 140.000,00 2.2 Instalações 15.000,00 2.3 Veículos 10.000,00 2.4 Manutenção administrativa 110.000,00 2.5 Mobiliários e utensílios 12.000,00 2.6 Capacitação de pessoal 12.000,00 2.7 Publicidade e eventos 20.000,00 2.8 Outros 0,00 SUBTOTAL II 319.000,00 3. Materiais de consumo 90.000,00 SUBTOTAL III 90.000,00 SUBTOTAL A 1.754.000,00 Parcela de construção da escola 126.800,00 SUBTOTAL B 126.800,00 SUBTOTAL A1 1.880.800,00 Reserva (5%) 94.040,00 SUBTOTAL B2 1.974.840,00 Lucro (10%) 197.484,00 TOTAL 2.172.324,00 Fonte: Autor. 32 CAPÍTULO 2 • AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO Temos, então, um custo por aluno de: » 1.974.840,00: 12 meses = 164.570,00/mês. » 164.570,00: 1.500 alunos = 109,71/aluno. E uma projeção de mensalidade da ordem de: » 2.172.324,00: 12 meses = 181.027,00/mês. » 181.027,00: 1.500 alunos = 120,68/aluno. Cabe ressaltar que é importante a identificação dos custos fixos e dos custos variáveis para que possamos calcular o ponto de equilíbrio, com o qual podemos identificar o número mínimo de alunos que a escola deverá ter, de modo a evitar prejuízo, ou seja, com um ponto de equilíbrio de 1.100 alunos para não termos lucro ou prejuízo. Em quantidades de alunos inferiores teremos prejuízos. O valor da mensalidade dependerá do mercado/comunidade, pois ele poderá não ter condições de pagar ou número suficiente de alunos, o que torna o projeto inviável. O relatório final deve apresentar o projeto com as suas características, objetivos, justificativa, os estudos técnicos e econômicos, bem como o escopo, orçamento e cronogramas. É obrigatória a análise de custo-benefício. Nesse estudo devem ser desenvolvidos o orçamento e o cronograma físico-financeiro do projeto. Finalmente, na AVP têm que constar parecer e recomendações para a continuidade ou não do projeto. Escopo, orçamento e cronogramas Dentro do estudo da AVP, nos casos em que estamos preparando propostas para concorrências de serviços, obras ou produtos, teremos que definir todas as entregas. Assim, o levantamento das necessidades do projeto junto às partes interessadas e o maior detalhamento possível do projeto tem que ser elaborado, de modo que possamos construir o orçamento do projeto. A utilização de uma Estrutura Analítica de Projeto (EAP) é imprescindível, pois permite pensar em todos os pontos fundamentais para a construção do escopo e do orçamento do projeto. Definido o escopo do projeto, é fundamental ser estimado o orçamento para cada item constante do escopo, conforme já fizemos na seção anterior do capítulo. Os eventos ou marcos de entrega do projeto devem ser identificados, bem como a época e as condições de entrega. Voltamos a repetir que para a construção do orçamento é fundamental estimar todos os custos dos recursos humanos (habilitações/especialidades e carga horária de participação de cada tipo 33 AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 2 de profissional no projeto), materiais e outros necessários para que cada atividade do projeto seja executada. Devem ser agregadas à estimativa todas as atividades individuais ou pacotes de serviços executados por terceiros, ou seja, tem que ser observado com muito cuidado tudo o que estiver relacionado a cada atividade. A planilha orçamentária deve ser montada com tais dados e informações. O cronograma físico-financeiro deve ser construído de acordo as entregas do projeto, prazos fixados e os custos que envolvem o projeto. O ideal é definir marcos do tipo: » entrega de todas as plantas de construção do projeto; » preparação do canteiro de obra; » conclusão da alvenaria; » compra dos livros da biblioteca. Um método também bastante usado, mas que pode gerar discussão se refere à utilização de percentuais como marco, mas estabelecendo marcos físicos que podem ser avaliados se foram atingidos. Para efeito de conhecimento, elaboramos a seguir um exemplo de cronograma físico-financeiro. Tabela 9. Exemplo de Cronograma Físico-Financeiro Cronograma Físico-Financeiro Atividades Custos (R$) Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Preparação do canteiro de obras para o serviço 2.000,00 2.000 100% INFRAESTRUTURA Escavação 5.000,00 2.500 2.500 50% 50% Fundação 10.000,00 2.500 2.500 5.000 25% 25% 50% SUPERESTRUTURA Preparação das formas 2.000,00 1.000 1.000 50% 50% Armadura 3.000,00 1.500 1.500 50% 50% Concretagem 5.000,00 2.500 2.500 50% 50% ALVENARIA E ACABAMENTO Alvenaria 10.000,00 2.500 5.000 2.500 25% 50% 25% Acabamento 10.000,00 10.000 100% Total Mensal XXXXXXX 2.000 Total Acumulado 47.000,00 2.000 8.500 15.000 11.500 10.000 Fonte: Autor. 34 CAPÍTULO 2 • AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO Lembramos que em vez de percentual deveríamos ter marcos ou eventos fáceis de verificar se foram realizados. Exemplo para a primeira atividade (preparação do canteiro de obras para o serviço) poderia ser o canteiro pronto. Vamos aproveitar o nosso exemplo da criação/implantação de uma escola e mostrar como fica um cronograma físico-financeiro naquele projeto. Observe no exemplo que o pagamento deve estar atrelado aos produtos ou marcos estabelecidos na relação de atividades. Fizemos a relação de atividades para as consultorias e os produtos eram relatórios descrevendo as metodologias. Assim, o pagamento de cada parcela depende da entrega do material, produto ou serviço. Finalmente, veja que no primeiro ano estão apenas as atividades de infraestrutura e as consultorias, tendo em vista que essas devem ficar prontas para a fase de acabamento do prédio da escola. Tabela 10. Exemplo de Cronograma da área Técnico-Pedagógica Para o Ano XI CRONOGRAMA DA ÁREA TÉCNICO-PEDAGÓGICA PARA O ANO XI Atividade 1o trimestre 2o trimestre 3o trimestre 4o trimestre TOTAL Infraestrutura 250.000 500.000 750.000 250.000 2.000.000 Equipamentos Auditório Sala de informática Sala de CAD Laboratório de Matemática Laboratório de Química Laboratório de Física Mobiliário Materiais de ensino 0,00 Capacitação 0,00 Consultoria 20.000 20.000 40.000 Serviços 0,00 Total 250.000 520.000 770.000 250.000 2.040.000 CRONOGRAMA DA ÁREA GESTÃO ESCOLAR PARA O ANO XI ATIVIDADES 1o trimestre 2o trimestre 3o trimestre 4o trimestre TOTAL Desenvolvimento Sistema Operacional 0,00 Equipamentos 0,00 Total 0,00 Fonte: Autor. 35 AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 2 Tabela 11. Exemplo de Cronograma da área Técnico-Pedagógica para o Ano XII CRONOGRAMA DA ÁREA TÉCNICO-PEDAGÓGICA PARA O ANO XII Atividade 1o trimestre 2o trimestre 3o trimestre 4o trimestre TOTAL Infraestrutura 0,00 Equipamentos Auditório 14.650 14.650 Sala de informática 10.000 12.300 22.300 Sala de CAD 10.000 10.000 20.880 40.880 Laboratório de Matemática 15.270 20.000 35.270 Laboratório de Química 20.000 28.000 48.000 Laboratório de Física 20.000 40.000 23.000 83.000 Mobiliário 55.900 55.900 Materiais de ensino 25.000 50.000 28.700 103.700 Capacitação 5.000 15.000 10.000 30.000 Consultoria 20.000 20.000 40.000 Serviços 2.000 2.000 Total 146.170 175.000 129.880 24.650 475.700 CRONOGRAMA DA ÁREA GESTÃO ESCOLAR PARA O ANO XII ATIVIDADES 1o trimestre 2o trimestre 3o trimestre 4o trimestre TOTAL Desenvolvimento sistema operacional 10.000 21.200 31.200 Equipamentos 20.000 10.500 30.500 Total 0,00 10.000 41.200 10.500 61.700 Fonte: Autor. Outro ponto importante corresponde ao fato de você estar elaborando uma AVP e que esse documento servirá de base para a alta direção da empresa estabelecer e negociar os preços e o cronograma final do projeto com os seus clientes. Assim, a utilização de métodos de seleção de projetos é usar modelos econômicos. O primeiro método é o de Medição de Benefícios (abordagem comparativa), em que ouvir pessoas que tentam derrubar ou criticam as ideias do projeto, fazer uma revisão/análisecom colegas ou/e criar um modelo de pontuação é fundamental. Enquanto um segundo método corresponde à utilização de uma abordagem matemática (métodos de otimização restrita). Assim, a programação linear é interessante. O uso de modelos econômicos para a seleção de projetos também é interessante de ser aplicado na AVP. 36 CAPÍTULO 2 • AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO Gerenciamento de risco Normalmente, no verão, temos a época de chuvas e, por segurança, não se deve trabalhar em andaimes, pois existe um grande risco de quedas. Determinada obra deveria terminar em uma semana de janeiro, entretanto, choveu todos os dias da semana e a obra atrasou. Determinado navio só pode docar em um dique na época em que a maré está alta, pois, caso contrário, ele pode encalhar. Entretanto, tal fato não foi observado pelo estaleiro e programaram a docagem em uma data em que esta não poderia ser realizada em virtude de o dia ser de maré baixa. Em resumo, atraso nos trabalhos. Um MBA de alto nível, preço elevado, aluga local apropriado numa região de baixo poder aquisitivo ou de grande risco de segurança que não tem curso semelhante. Entretanto, o curso se torna um grande fracasso por falta de aluno. Uma pessoa programa as suas férias de janeiro para Orlando (EUA), sonhando mergulhar em parques aquáticos com golfinhos. Janeiro é inverno nos Estados Unidos e esta pessoa, ao chegar, constata que os parques aquáticos estão fechados por causa do frio. O que essas quatro histórias de fracassos têm em comum? A resposta é simples, em nenhum dos casos foi realizada uma análise dos riscos. Você concorda com esta resposta? Mulcahy (2009, p. 375) afirma que: “O gerenciamento dos riscos inclui: o planejamento dos riscos; a identificação; a análise qualitativa; a análise quantitativa dos riscos; o planejamento das respostas aos riscos; e monitoramento e controle das respostas aos riscos.” A falta de conhecimento sobre determinada atividade ou evento provoca a redução da confiabilidade, ou seja, essa incerteza pode acarretar avaliações equivocadas sobre as atividades/eventos do projeto. Em resumo, o gerenciamento de risco compreende: » Planejar o Gerenciamento de Risco. » Identificar os Riscos. » Realizar a Análise Qualitativa. » Realizar a Análise Quantitativa. » Planejar Respostas a Riscos. » Monitorar e Controlar os Riscos. 37 AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 2 O Planejar o Gerenciamento de Riscos é “um processo de decidir e executar as atividades de gerenciamento de riscos do projeto”, segundo Nocêra (2010, p. 124). O produto desse planejamento é o Plano de Gerenciamento de Riscos. Identificar os Riscos é um processo fundamental, tendo em vista que ele permite identificar os riscos e as suas características, permitindo documentar tal situação. Na verdade, esse processo deve ser pensado e tratado por todo o grupo de planejamento ainda na época da AVP. A ferramenta de análise SWOT (Strenghts = forças, Weaknesses = fraquezas, Opportunities = oportunidades e Threats = ameaças) é excelente para esse processo, embora o brainstorming, as entrevistas e a técnica Delphi possam ser usados em conjunto para todo o trabalho de identificação. O risco pode acontecer ou não, mas normalmente existe a tendência da preocupação dos gerentes só com as ameaças. Mulcahy afirma que, em 90% dos casos, as ameaças são identificadas, investigadas e eliminadas no gerenciamento de riscos. É importante pensar nos fatores de riscos para analisá-los; com isso, é preciso determinar a probabilidade de ocorrência do risco; o impacto e o valor do risco sobre o projeto; o momento esperado para que o risco ocorra e a frequência prevista para a sua ocorrência. Na Análise Qualitativa de Riscos, procura-se identificar a probabilidade de ocorrência de um risco e o seu impacto sobre o projeto, enquanto a Análise Quantitativa de Riscos corresponde à avaliação e priorização dos riscos identificados na análise qualitativa. O processo de planejar as respostas a riscos implica o estabelecimento de possíveis ações para reduzir ou eliminar os riscos, transformando-os em oportunidades. Esses processos são desenvolvidos pelo grupo de planejamento. O último processo, Monitorar e Controlar os Riscos, corresponde ao acompanhamento, análise e determinação de ações corretivas/preventivas. O grupo que monitora e controla o projeto tem que ter a preocupação e o comprometimento com os riscos. Os riscos podem ser classificados em cinco tipos: » riscos técnicos; » riscos de gerenciamento de projeto; » riscos internos à organização; » riscos externos à organização; » riscos residuais. 38 CAPÍTULO 2 • AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO Os riscos técnicos estão ligados à tecnologia utilizada no projeto ou ao surgimento de novas tecnologias, bem como de novas versões da tecnologia do projeto. Os riscos de gerenciamento de projetos podem surgir em função da própria inexperiência do gerente e/ou da equipe de projeto. Erros de identificação ou de estimativas de atividades do projeto podem representar riscos. Os riscos internos à organização estão em consonância com os interesses da alta administração no projeto e pela cultura organizacional, enquanto os riscos externos estão relacionados a fatores do tipo legislação nova, acordos sindicais e outros. Os riscos residuais são aqueles que continuam após as respostas a riscos terem sidos implementadas, segundo Nocêra (2010). Um bom caminho para a identificação de riscos é a pesquisa aos registros de projetos similares anteriores, buscando identificar problemas e fatores de riscos, e ouvir profissionais e envolvidos que viveram experiências semelhantes. Os riscos são de dois tipos: » Risco do Negócio e » Risco Puro (segurável). Este último se refere a lesões corporais, incêndio, furto e outros. O Plano de Gerenciamento de Risco A elaboração do Plano de Gerenciamento de Risco deve apresentar: » Metodologia: nesta seção, têm que ser apresentadas as normas, os métodos, os procedimentos e as sistemáticas obedecidas para se realizar o trabalho. » Papéis e responsabilidades. » Orçamentação: nesta seção devem ser desenvolvidos os custos do gerenciamento de risco. » Momento: nesta seção é abordado “quando” é realizado o gerenciamento de risco e a sua evolução ao longo do ciclo de vida do projeto com a identificação de novos riscos, bem como a situação do grau de risco que pode ser alterado com o progresso do projeto. » Categorias de riscos. » Definições de probabilidades e impacto. » Tolerâncias das partes interessadas. » Formatos de relatórios. » Acompanhamento. 39 AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 2 O Plano de Gerenciamento de Risco deve ser divulgado e, nos casos necessários, o pessoal envolvido deve ser treinado e preparado para determinadas situações. Medição da probabilidade de ocorrência de um risco O primeiro passo para gerenciar risco é avaliar a probabilidade de ocorrência. A probabilidade de um fato ocorrer pode ser expressa em uma escala entre 0 (nunca ocorrer) a 1 (sempre ocorrer) ou em termos percentuais em que 100% corresponde à probabilidade de o risco sempre ocorrer. Você deve classificar o risco em função das categorias: » alta; » média; ou » baixa. Finalmente, a ordenação pelo grau de importância e probabilidade relativa de ocorrência entre riscos deve ser estabelecida. Um processo simples é usar o seguinte método: » criar pesos sobre as categorias, sendo 3 para alta; 2 para média e 1 para baixa; » calcular a média ponderada; » classificar a categoria em função da média ponderada. Veja exemplo a seguir. Imagine o processo de identificação dos riscos, em que realizamos 25 entrevistas a profissionais experientes de projetos semelhantes já concluídos. A distribuição das respostas foi: 8 para alta; 10 para média, e 7 para baixa. (3 x 8) + (2 x 10) + (1 x 7): 25 = (24 + 20 + 7): 25 = 51 : 25 = 2,04,ou seja, a probabilidade de risco é de categoria média. árvores da Decisão Trata-se de uma ferramenta excelente para dar suporte à análise de riscos. As árvores de decisão, segundo Portny (2012, p. 167), “são diagramas que ilustram diferentes situações que podem ocorrer à medida que seu projeto se desenrola, a probabilidade de cada situação ocorrer e as consequências para seu projeto caso elas aconteçam”. 40 CAPÍTULO 2 • AVALIAçãO DE VIABILIDADE E RISCO DE UM PROJETO Vamos imaginar que temos três lojas de venda de simuladores para ensino de eletrônica e você, como comprador de uma escola, está na dúvida de onde comprar, tendo em vista que o preço dos simuladores é igual nas três lojas (R$ 5.000,00 na data combinada de entrega). Eles propuseram receber um incentivo pela entrega adiantada e estabeleceram uma multa para a entrega atrasada. A experiência tem demonstrado que há 40% de chance de que a empresa A entregue atrasado; que há 30% de chance para a entrega em atraso da empresa B, e que o atraso na empresa C ocorre em cerca de 35%. Dentro do prazo (em média), as probabilidades são de 30%, para A; 45%, para B, e 30% para C, e finalmente, as chances adiantadas são 30% para A; 25%, para B, e 35%, para C. Os valores de preços da memória de cálculo foram fornecidos pelas três lojas. MEMÓRIA DE CÁLCULO LOJA ENTREGA PREÇO (R$) CÁLCULO RESULTADO PREÇO ESPERADO A Adiantada 6.000 0,30 x 6.000 1.800 4.700No prazo 5.000 0,30 x 5.000 1.500 Atrasada 3.500 0,40 x 3.500 1.400 B Adiantada 7.500 0,25 x 7.500 1.875 5.325No prazo 5.000 0,45 x 5.000 2.250 Atrasada 4.000 0,30 x 4.000 1.200 C Adiantada 8.000 0,35 x 8.000 2.800 5.700No prazo 5.000 0,30 x 5.000 1.500 Atrasada 4.000 0,35 x 4.000 1.400 Fonte: Autor. Podemos construir a árvore constante a seguir, que facilita a visão do problema e a tomada de decisão. Essa análise sugere que se pode esperar um preço de R$ 4.700,00 com 60% de chances de a loja A entregar no prazo; um preço de R$ 5.325,00 com 70% de a loja B atender no prazo, ou um preço de R$ 5.700,00 com 65% de chance para a loja C cumprir o prazo. Resumo Vimos até agora: » A importância e as características de uma Análise de Viabilidade de Projeto (AVP). » O escopo, o orçamento e o cronograma do projeto como elementos importantes para o gerente de obras. » O Gerenciamento de Riscos e a sua importância para o sucesso do projeto. » A árvore de decisão como ferramenta para o gerenciamento de risco. 41 Apresentação Neste capítulo, vamos abordar de saída o desenvolvimento da estrutura de administração de um projeto. A sua importância para todas as fases do ciclo do projeto é fundamental ser conhecida e as vantagens e benefícios da EAP justificam a sua existência para facilitar o gerenciamento do projeto. Objetivos Esperamos que, após o estudo do conteúdo deste capítulo, você seja capaz de: » Compreender o que é a Estrutura Analítica de Projeto (EAP). » Entender a aplicação e o seu uso. » Criar uma EAP. » Conhecer a sistemática para construir o planejamento. » Entender a metodologia e os métodos para planejar um projeto. A Estrutura Analítica do Projeto (EAP) Preâmbulo Um fator crítico de sucesso para o gerenciamento de um projeto é a visão de sua totalidade, ou seja, a completude, bem como a certeza da continuidade sem interrupções danosas para os prazos e custos do projeto. Assim, a identificação de todas as atividades, tarefas, dados e informações de um projeto necessárias à elaboração do Plano de Gerenciamento do Projeto são fundamentais para serem obtidas. 3 CAPÍTULO ESTRUTURA DE ADMINISTRAçãO DE UM PROJETO 42 CAPÍTULO 3 • ESTRUTURA DE ADMINISTRAçãO DE UM PROJETO Quando estudamos a análise de viabilidade do projeto, demos como exemplo a implantação de uma escola. Fazendo uma rápida lembrança, dividimos o projeto em três áreas e depois subdividimos tais partes em outras, de modo a determinar o escopo, o orçamento, o cronograma e demais itens que impactavam o projeto. Falamos da importância da Estrutura Analítica de Projeto (EAP), inclusive dividimos o nosso projeto em três áreas: Técnico-Pedagógica; Gestão Escolar e Integração Escola-Comunidade. Na verdade, dividimos em partes e hierarquizamos nosso projeto. Veja que usamos um “código” em todo o exemplo. Esses códigos caracterizam a divisão que demos ao projeto, pois tudo ligado à área Técnico-Pedagógica (área 1 e nível 1) leva a inicial “P”. Assim, a Técnico-Pedagógica tem partes como: Infraestrutura (PI-1), Consultoria (C-1), Equipamentos (PE-1). Um exemplo do que estamos falando encontra-se na tabela a seguir. Tabela 12. Exemplo de EAP para área de Equipamento Equipamentos PE-010 Auditório PE-011 Sala de informática com 10 postos de trabalho incluindo hardware e software PE-012 Sala de CAD com 10 postos de trabalho PE-013 Laboratório de Matemática PE-014 Laboratório de Química PE-015 Laboratório de Física PE-016 Mobiliário A vantagem dessa divisão é que ela ajuda a não esquecer alguma tarefa ou fato importante. A denominação dada a este procedimento, melhor estrutura, é Estrutura Analítica do Projeto (EAP) – (Work Breakdown Structure (WBS)). Nocêra (2010, p. 14) diz que a EAP é: “... a decomposição hierárquica orientada à entrega de trabalho a ser executado pela equipe do projeto, para atingir os objetivos do projeto e criar as entregas necessárias.” O autor complementa afirmando que: “A EAP é a principal ferramenta do planejamento e deve ser desenvolvida em todos os projetos, não importando o tamanho ou complexidade dos mesmos.” (2010, p. 14) É fundamental deixar claro que a EAP tem que definir todo o escopo do projeto, bem como conter 100% do trabalho definido pelo escopo. Assim, é importante destacar a importância da EAP 43 ESTRUTURA DE ADMINISTRAçãO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 3 com todo o projeto. Pela matriz a seguir, podemos ver que a EAP deve mostrar uma hierarquia completa do projeto, tornando mais fácil ver como uma entrega se relaciona à outra. RELACIONAMENTOS E APLICAÇÃO DA EAP Lista de Atividades Controle do Projeto ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO Diagrama de redes Gerenciamento de Riscos Estimativa Gerenciamento de Qualidade Orçamento Custos Cronograma Pessoal Fonte: Autor. Para a criação de uma EAP deve-se tomar o cuidado de elaborar o primeiro nível completo antes de se promover divisões para outro nível. Cada nível da EAP é uma parte e divisão menor do nível de cima (anterior). A divisão de cada nível pode ser diferente um do outro, pois a necessidade de maior detalhamento é diferente. Os níveis devem ser numerados. Exemplo: 2 1.1 1.2 2.2 2.2.1 2.2.2 1.1.1 1.1.2 1 2.1 2.3 NOME DO PROJETO 44 CAPÍTULO 3 • ESTRUTURA DE ADMINISTRAçãO DE UM PROJETO Saídas do processo da EAP O processo de EAP tem quatro saídas: » a Estrutura Analítica do Projeto; » o Dicionário da EAP; » a Linha base do escopo; e » a Atualização dos documentos do projeto. O Dicionário de EAP fornece uma descrição do trabalho que deve ser feito para cada pacote de trabalho da EAP, inclusive podendo servir de autorização e documento para monitoração/controle do projeto. A Linha de base do escopo é a declaração do escopo, a EAP e o Dicionário da EAP do projeto acordado. A medição para verificação deve ter e ser relacionada com a linha de base, ou seja, o sucesso do projeto corresponde ao atendimento dos requisitos previstos e se a linha de base foi alcançada. A linha de base do escopo é parte do plano de gerenciamento do projeto aprovado pelos patrocinadores. Ao se criar e acompanhar a EAP, a documentação é continuamente atualizada. Um exemplo simples e significativo é dado por Nocêra (2010, p. 77), conforme podemos ver na figura a seguir. Analisando a Estrutura Analítica do Empreendimento, constatamos que no primeiro grupo temos o primeiro nível denominado Projeto, que tem como segundo nível as diversas áreas 45 ESTRUTURA DE ADMINISTRAçãO DE UM PROJETO • CAPÍTULO 3 técnicas que desenvolvem
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