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OBRIGAÇÃO No. 1 ELEMENTO SUBJETIVO (Sujeitos) ELEMENTO OBJETIVO (Objeto) ELEMENTO ABSTRATO OU VIRTUAL (Vínculo Jurídico) CREDOR (Sujeito ativo) DEVEDOR (Sujeito passivo) DIRETO OU IMEDIATO INDIRETO OU MEDIATO 1. DEVER CORRELATO 2. RESPONSABILIDADE O Banco. Quem fez o financiamento. A prestação (atividade / dever) de pagar pelo financiamento. O dinheiro. Dever do devedor é devolver o dinheiro em suaves parcelas após a formatura. Em caso de inadimplemento, o Fies pode responsabilizar judicialmente o estudante, se não devolver o dinheiro. Contratante; dono da casa. Pedreiro. A prestação (fazer e dar) de construir e entregar a casa pronta. A casa. Pedreiro deve construir e entregar. Em caso de inadimplemento, o contratante pode responsabilizar o pedreiro judicialmente. Contratante e que pagou os 300 reais. Cantor. A prestação do “fazer” – cantar o Pai nosso. O Pai nosso. Cantar o pai nosso. Se houver um inadimplemento, o contratante pode responsabilizá-lo judicialmente. (Se ele não cantar). Pessoa que deu a pista. Polícia. Dar a informação. Informação. Dever da polícia de dar o dinheiro pela informação. Se a polícia não paga, ela pode ser acionada judicialmente. As obrigações positivas de dar, assumem as formas de entrega e restituição de determinada coisa pelo devedor ao credor. Pode ser móvel ou imóvel. Obs. – No caso de COMPRA E VENDA, há a obrigação de dar para ambos os contratantes, a do vendedor é cumprida mediante a entrega da coisa vendida, e a do comprador, com a entrega do preço. • TRADIÇÃO - A obrigação de dar é cumprida somente com a entrega ou restituição da coisa. 1. OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA: Arts. 233 a 242 Coisa certa é coisa individualizada, a que se refere o CC é, pois, a coisa determinada. Tudo aquilo que é determinado de modo a poder ser distinguido de qualquer outra coisa. O devedor se compromete a entregar ou a restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua individualidade. Confere ao credor, simples direito pessoal e não real. a) Impossibilidade de entrega de coisa diversa, ainda que mais valiosa: Dispõe com efeito o art. 313 do CC: “o credor não é obrigado a receber prestação diversa do que lhe é devida, ainda que mais valiosa”. Ou seja, não se pode pagar uma coisa por outra contra a vontade do credor. Só pode acontecer havendo consentimento de ambas as partes. O credor de coisa certa não pode pretender receber outra ainda de valor igual ou menor que a devida, pois a convenção é lei entre as partes. O credor não pode exigir também coisa diferente, ainda que menos valiosa. b) Tradição como transferência dominial: O contrato por si só, não basta para transferência do domínio, por ele cria-se apenas obrigações e direitos. Art. 481: “um dos contratantes de obriga a transferir o domínio de coisa certa, e, o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro”. O domínio só se adquire por tradição, se for coisa móvel, pelo registro se for imóvel. c) Abrangência dos acessórios: Art. 233 – “A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso”. Principal é o bem que tem existência própria, que existe por si só. Acessório é aquele cuja existência depende do principal. O princípio de que “o acessório segue o principal” aplica-se somente às partes integrantes (frutos, produtos e benfeitorias), mas não às pertenças (art. 94). ✓ Produtos – utilidades que se retiram da coisa, diminuindo- lhe a quantidade, pois não se reproduzem periodicamente (pedras e metais). ✓ Frutos – utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte. Divergem-se quanto à origem em naturais (força orgânica da própria natureza), industriais (aparecem pela mão do homem) e civis (rendimentos produzidos pela coisa). E quanto ao estado, que podem ser pendentes (unidos à coisa que os produziu), percebidos ou colhidos, estantes, percipiendos (deveriam ter sido colhidos, mas não foram) e os consumidos. ✓ Benfeitorias – qualquer que seja o seu valor. Podem ser necessárias (para conservar o bem ou evitar a deterioração), úteis (aumentam ou facilitam o uso do bem) e voluptuárias (tornar mais agradável). d) Obrigação de entregar: Às vezes, a obrigação de dar não é cumprida porque, antes da entrega ou da restituição, a coisa pereceu ou se deteriorou. ✓ Perecimento sem culpa e com culpa do devedor – Art. 234 Sem culpa do devedor: Art. 234, primeira parte - “se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação para ambas as partes”. Ou seja, extingue-se a obrigação para ambas as partes, que voltam à primeira situação. Se o vendedor já recebeu o preço da coisa, deve devolvê-lo, mas não está obrigado a pagar perdas e danos. Com culpa do devedor: Art. 234, segunda parte – “se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais danos e perdas”. ✓ Deterioração sem culpa e com culpa do devedor – Art. 235 e 236 Sem culpa do devedor: Art. 235 – “deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido do seu preço o valor que perdeu”. Com culpa do devedor: Art. 236 – “sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou outro caso, indenização das perdas e danos”. e) Obrigação de restituir: Caracteriza-se pela existência de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono (comodatário, depositário, locatário etc.). ✓ Perecimento sem culpa e com culpa do devedor – Art. 238 Sem culpa do devedor: Art. 238 – “se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda”. Com culpa do devedor: Art. 239 – “se a coisa se perde por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos”. A obrigação de restituir importa a de conservar a coisa e zelar por ela. Deixando de fazê-lo, o devedor sofre as consequências da sua culpa. ✓ Deterioração sem culpa e com culpa do devedor – Art. 240 Sem culpa do devedor: Art. 240, primeira parte – “se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização”. Com culpa do devedor: Art. 240, segunda parte – Havendo culpa do devedor na deterioração, “observar- se-á o disposto no art. 239”. O credor pode exigir valor equivalente (resolver a obrigação) + perdas e danos. f) Direito aos melhoramentos e acrescidos antes da tradição: Na obrigação de restituir – De boa-fé possui justo título de posse: • Devedor recebe benfeitorias com direito de retenção: ✓ Necessárias; ✓ Úteis. • Benfeitorias voluptuárias podem ser retiradas (desde que não cause diminuição na coisa) De má-fé não possui justo título de posse: • Devedor recebe apenas a benfeitorias sem direito a retenção: ✓ Necessárias. Na obrigação de entregar – A coisa continuará pertencendo ao devedor: “com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação” (Art. 237). Se a coisa teve melhoramentoou acréscimo, “sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização” (Art. 241) Se para o melhoramento ou aumento “empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé” (Art. 242). Dessa forma, o devedor PODE exigir aumento do preço: • Princípio do equilíbrio obrigacional; • A melhoria não pode ser arbitraria, benfeitoria necessária. • Se o credor aceitar, esse pagará a diferença aperfeiçoando a obrigação; • Se credor não aceirar, o devedor pode resolver a obrigação. 2. DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA: (obrigação genérica) Art. 243 a 246 “A coisa incerta será indicada ao menos, pelo gênero e pela quantidade.” A coisa incerta indica que a obrigação tem objeto indeterminado, mas determinável. Falta apenas determinar sua qualidade. Ex.: Entregar dez sacas de café. Aqui o objeto é determinado pelo gênero e pela quantidade. O objeto ou conteúdo da prestação que, indicado genericamente no começo da relação, vem a ser determinado por um ato de escolha, no instante do pagamento. a) Indicação do gênero e da quantidade – O mínimo necessário para que exista obrigação. b) Escolha e concentração – A determinação da qualidade da coisa incerta perfaz-se pela escolha (art. 245, “cientificado a escolha o credor, vigorará o disposto na Seção antecedente”. O ato unilateral de escolha denomina-se concentração. A quem compete o direito de escolha? Art. 244: “Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação: mas não poderá dar coisa pior, nem será obrigado a dar coisa melhor.” • Princípio da equivalência da prestação – qualidade deve ser intermediária ou média. • Em regra, a escolha ou concentração pertence ao devedor (unilateral). c) Gênero limitado e ilimitado – Art. 246 “Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito”. Não existe teoria do risco antes da concentração (para gêneros ilimitados como dinheiro, café, açúcar, ect.) Abrange o serviço humano em geral. A prestação aqui, consiste em atos a serem executados pelo devedor. 1. Diferença entre obrigação de dar e obrigação de fazer (art. 247): As obrigações de fazer diferem das obrigações de dar principalmente porque o credor pode, conforme as circunstâncias, não aceitar a prestação por terceiro, enquanto nestas se admite o cumprimento por outrem, estranho aos interessados (art. 305). Se o devedor tem de dar ou de entregar alguma coisa, não tendo, porém, de fazê-la previamente, a obrigação é de dar; todavia, se, primeiramente, tem ele de confeccionar a coisa para depois entregá-la, tecnicamente a obrigação é de fazer. 2. Obrigação de fazer INFUNGÍVEL, imaterial ou personalíssima: (art. 247/8) Quando é convencionado que o devedor cumpre pessoalmente a prestação. Havendo cláusula expressa, o devedor só se exonerará se ele próprio cumprir a prestação. A infungibilidade pode decorrer também, da própria natureza da prestação, como por exemplo, a contratação de um intérprete de músicas populares. 3. Obrigação de fazer FUNGÍVEL, material ou impessoal: (art. 249) Quando não há exigência expressa, nem se trata de ato ou serviço cuja execução dependa de qualidades pessoais do devedor, ou dos usos e costumes locais, podendo ser realizado por terceiro. Para que isso aconteça, é necessário que o credor o deseje, pois ele não é obrigado a aceitar de outrem a prestação, nessas hipóteses. 4. Inadimplemento: Trata-se das consequências do descumprimento da obrigação de fazer. Cumprida normalmente, a obrigação extingue- se. Não cumprida espontaneamente, acarreta a responsabilidade do devedor. ✓ Não havendo culpa do devedor – Art. 248, primeira parte – “se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação.” Tanto na hipótese de a prestação ter- se tornado impossível como na de recusa de cumprimento, fica afastada a responsabilidade do obrigado. ✓ Com culpa do devedor – Quando a prestação é fungível, o credor pode optar pela execução específica, requerendo que ela seja executada por terceiro, à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível (art. 249). • Fixação de astreintes (multa diária – opcional); • Perdas e danos (converte-se em obrigação de dar indenização – exceção). Quando a obrigação é infungível, não há como compelir o devedor de forma direta, a satisfazê- la. Há meios indiretos, como por exemplo: • Fixação (de astreintes) de multa diária; • Busca e apreensão; • Remoção de pessoas e coisas; • Desfazimento de obras; • Impedimento de atividade nociva. Art. 248, segunda parte – “se por culpa dele, responderá por perdas e danos”. Obs.: É importante verificar se o fato tornou-se impossível sem culpa ou por culpa do obrigado. AUTO TUTELA (justiça com as próprias mãos): • Em caso de urgência; • Independente de autorização judicial; • Executar a prestação; • Futuro ressarcimento; • Novidade do CC 2002. A obrigação de não fazer, ou negativa, impõe ao devedor um dever de abstenção: de não praticar o ato (Arts. 250 e 251). Constitui uma obrigação de prestação de fato. • Omissão / abstenção; Em regra, é sempre infungível e indivisível (fato não suscetíveis de divisão ou dada a razão). Ex.: O adquirente de não construir, no terreno adquirido, prédio além da altura certa, etc. 1. Inadimplemento da obrigação negativa – ✓ Sem culpa (o ato é executado): Obrigação é resolvida. Art. 250 – “extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.” ✓ Com culpa (o ato é executado): • Transeunte ou instantânea – são irreversíveis; → Converter em obrigação de dar coisa certa, a saber; → Perdas e danos. • Permanente – podem ser desfeitas. → Exigir que o devedor desfaça + perdas e danos; → Desfazer a coisa às custas do devedor + perdas e danos; → Fixação de astreintes (multa diária), mas exige previa intimação pessoal do devedor – Súmula 410 do STJ; → Converter em obrigação de dar coisa certa, a saber perdas e danos. Art. 251 – “Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.” Parágrafo único. “Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido”. Ou seja, caso o devedor realize o ato, não cumprindo o dever de abstenção, pode o credor exigir que ele o desfaça, sob pena de ser desfeito à sua custa, além de indenização de perdas e danos. Obs.: PERDAS E DANOS – • Dano emergente (art. 404): O que realmente se perdeu, efetivo prejuízo; • Lucro cessante (art. 402 a 404): O que, razoavelmente, se deixou de lucrar; • Danos morais (art. 5º, V e X, CF): Danos extrapatrimoniais. AUTO TUTELA – • Em caso de urgência; • Independente de autorização judicial; • Credor pode desfazer ou mandar desfazer; • Futuro ressarcimento; • Novidade do CC 2002 Obrigação compostas – Múltiplas prestações. Ex.: Obrigação do locatário – Conjuntiva (E) • Pagar pontualmente o aluguel; • Servir-se do imóvel para o uso convencionado; • Restituir o imóvel no estado em que o recebeu; • Comunicar imediatamente o locador do surgimento de qualquer dano ou defeito; • Reparar imediatamente qualquer dano no imóvelprovocado por si. Disjuntiva (OU) As Obrigações alternativas ou disjuntivas têm por conteúdo duas ou mais prestações, das quais uma somente será escolhida para pagamento ao credor e liberação do devedor. Ex.: Obrigação assumida pela seguradora de, em caso de sinistro, dar outro carro ao segurado ou mandar reparar o veículo danificado, como este preferir. 1. Direito de escolha: Art. 252 – “Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou”. O Código Civil respeita, em primeiro lugar, a vontade das partes. Em falta de estipulação ou de presunção em contrário, a escolha caberá ao devedor. Portanto, para que a escolha caiba ao credor é necessário que o contrato assim o determine expressamente, embora não se exijam palavras. 2. Fragmentação ou prestação mista: O direito de escolha não é, todavia, irrestrito: ✓ § 1º - “não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra”. Ou seja, estabelece a indivisibilidade do pagamento. ✓ § 2º - “quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período”. Ex.: Entregar somente sacas de café, e no outro semestre somente sacas de arroz. ✓ § 3º - “em caso de pluralidade de oponentes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação”. ✓ § 4º - “se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes”. 3. A concentração: Cientificada a escolha, dá-se a concentração. Não se exige forma especial para a comunicação, basta a declaração unilateral da vontade, sem necessidade de aceitação. Comunicada a escolha, torna-se definitiva e irrevogável, salvo se em contrário dispuserem as partes ou a lei. 4. Impossibilidade das prestações: 4.1 (SEM CULPA) - ✓ Art. 253 – “se uma das prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada inexequível, subsistirá o débito quanto à outra.” 4.2 Redução ou conversão (COM CULPA) – • Escolha do devedor – Entrega a prestação subsistente. ✓ Art. 254 – “se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais perdas e danos que o caso determinar”. • Escolha do credor (ou terceiro) – Prestação subsistente + perdas e danos OU valor da prestação perdida + perdas e danos. ✓ Art. 255 – “quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá o direito de exigir a prestação subsistente ou do valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do devedor ambas as prestações se tornarem inexequíveis, poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além de indenização por perdas e danos”. 4.3 Impossibilidade de todas as prestações (SEM CULPA) – ✓ Art. 256 – “Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação”. DAS OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS Uma espécie sui generis de obrigação alternativa. Trata-se de obrigação simples, em que é devida uma única prestação. É obrigação com faculdade de substituição. Obrigação facultativa é aquela que, tendo objeto uma só prestação, concede ao devedor a faculdade de substituí-la por outra. Ex: Vendedor que se obriga a entregar determinado objeto (um veículo), ficando-lhe facultado substituí-lo por prestação em dinheiro. O credor não pode escolher. O Código Civil brasileiro não trata das obrigações facultativas. Obrigações compostas subjetivas: Pluralidade de sujeitos no polo passivo (devedor) e/ou ativo (credor). • Por natureza; • Convencional ou artificial (por finalidade, convenção das partes ou interesse do credor). 1. OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS – Pluralidade de credores: Divide a prestação em partes iguais e distintas de acordo com o número de credores. Pluralidade de devedores: Divide a prestação em partes iguais e distintas de acordo com o número de devedores. Ex.: Duas pessoas devem R$ 200.000,00 a um determinado credor, cada qual só está obrigado a pagar a sua quotam correspondente a R$ 100.000,00, partilhando-se a dívida por igual, pois, entre os dois credores. 2. OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL – Art. 258 – “A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não suscetível de divisão, por natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão determinante do negócio jurídico”. Pluralidade de devedores: Cada um será obrigado pela dívida inteira. (Art. 259) Pluralidade de credores: (Art. 260) → Entrega a prestação a todos conjuntamente; → Entrega a um credor e exige caução; → Fazer uma divisão jurídica de propriedade (Orlando Gomes). Remissão da dívida de um dos devedores: Art. 262. → Opera-se extinção parcial; → Subsiste a obrigação para os outros, mas eles devem pagar deduzida a cota do credor remitente. Resolução em perdas e danos: Art. 263, §§ 1º e 2º. → A obrigação passa a ser DIVISÍVEL; → Se todos os devedores foram culpados – responderão em partes iguais; → Se só de um a culpa – só este responderá pelas perdas e danos (extinção total da obrigação para os outros??). OBRIGAÇÃO INDIVISÍVEL: Causa da indivisibilidade – • A prestação não pode ser fracionada por causas naturais ou por convenção das partes. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA: Causa da indivisibilidade – • Cláusula expressa que determina a solidariedade; a prestação pode ser fracionada se não fosse a cláusula. É PRECISO ESTAR EXPRESSO NO CONTRATO OU VONTADE DAS PARTES. Art. 264 – “Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor ou mais de um devedor; cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda”. Ou seja, a obrigação solidária se caracteriza pela multiplicidade de credores (com cada um tendo o direito à totalidade da prestação) ou de devedores (estando cada um obrigado pela dívida toda como se fosse o único devedor). Exemplos de solidariedade na vida real: → Aluguel de casa urbana por duas ou mais pessoas (lei); → Seguradoras participantes do seguro DPVAT (lei); → Outras situações convencionadas entre as partes. Ex.: Se Augusto e Bartolomeu danificarem o edifício de Carlos, causando-lhe estragos de 9.000 reais, Carlos poderá cobrar de um só deles, se quiser o pagamento dos 9.000 reais. Por outro lado, se Augusto pagar o total da indenização, Bartolomeu fica plenamente liberado perante o credor comum. IMPORTANTE – se algum dos devedores for insolvente (não puder pagar a dívida), quem vai sofrer o prejuízo é o outro devedor, que pode ser chamado a solver a dívida por inteiro. 1. Caracteres da obrigação solidária: a) Pluralidade de sujeitos (ativos ou passivos); b) Multiplicidade de vínculos; c) Unidade de prestação. 2. Princípios comuns à solidariedade: ✓ Inexistência de solidariedade presumida: Art. 265 – “A solidariedade não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes”. Ou seja, se não houver menção explícita no título constitutivo da obrigação ou em algum artigo de lei, ela não será solidária. ✓ Relação externa: • Solidariedade; • Direito total (para exigir ou pagar). ✓ Relação interna: • A obrigação se divide entre os vários sujeitos; • Direito de Regresso: Quem pagou pode exigir de cada um dos coobrigados a sua cota (em regra em partes iguais). ✓ Possibilidade de a solidariedade ser de modalidade diferente para um ou alguns codevedoresou cocredores: Art. 266 – “A obrigação solidária pode ser pura e simples para um dos cocredores ou codevedores e condicional, ou a prazo, ou pagável em lugar diferentes, para o outro”. 3. SOLIDARIEDADE ATIVA: É a relação jurídica entre credores de uma só obrigação e o devedor comum, onde cada um tem o direito de exigir deste o cumprimento da prestação por inteiro. Pagando o débito a qualquer um dos cocredores, o devedor se exonera da obrigação. a) Características da solidariedade ativa: Art. 267 – “cada um dos credores solidários tem o direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro”. Art. 268 – “enquanto alguns dos credores solidários não demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar”. b) Extinção da obrigação solidária: Art. 269 – “O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago”. c) Disciplina legal – Art. 270 – “Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível”. → Os herdeiros do credor falecido não podem exigir, por conseguinte, a totalidade do crédito e sim apenas o respectivo quinhão hereditário. Art. 271 – “Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade”. Art. 273 – “A um dos credores solidários não pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”. Art. 274 – “O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”. d) Direito de regresso (remissão de dívida): Art. 272 – “O credor que tiver remitido a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela parte que lhes caiba”. 4. SOLIDARIEDADE PASSIVA: Consiste na concorrência de dois ou mais devedores, cada um com dever de prestar a dívida toda. Se quiser, o credor poderá exigir parte do débito de cada um dos devedores separadamente. a) Direitos do credor – Art. 275 – “O credor tem o direito de exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto. Parágrafo único – “Não importará renúncia da solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns devedores”. b) Efeitos da morte de um dos devedores solidários – Art. 276 – “Se um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível; mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em relação aos demais devedores”. c) Renuncia à solidariedade (exoneração) – Credor pode renunciar à solidariedade em favor de um ou alguns devedores. Art. 282 – “O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores. Parágrafo único. Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais.” d) Insolvência de um devedor – Art. 283 - “O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos co-devedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os co-devedores.” A relação obrigacional admite alterações na composição de seus elementos essenciais: conteúdo ou objeto e sujeitos ativo e passivo. Espécies: – Art. 286 a 298 Transmissão da parte ativa. É um negócio jurídico bilateral onde o credor transfere a outrem os seus direitos na relação obrigacional. ✓ O credor que transfere seus direitos denomina-se cedente. O terceiro a quem são eles transmitidos, é o cessionário. O devedor é o cedido. O devedor ou cedido, não participa necessariamente da cessão, que pode ser realizada com ou sem a sua anuência. O contrato de cessão é simplesmente consensual, pois torna-se perfeitamente e acabado com o acordo de vontades entre o cedente e cessionário. 1.1 Requisitos da cessão de crédito – • Em regra, todos os créditos podem ser objetos de cessão, salvo se a isso se opuser “a natureza da obrigação, a lei ou a convenção com o devedor” (art. 286). → Nem todo direito pode ser cedido, por causa da própria natureza da obrigação. Por exemplo: alimentos; direitos de personalidade; créditos alimentares, pois pertencem exclusivamente à própria pessoa. → Quando a Lei não permite. Por exemplo: O crédito já penhorado não pode ser cedido pelo credor, pois a lei não permite (art. 298). → Quando a convecção (vontade das partes não permite a cessão). A cláusula contratual que proíbe a cessão de crédito tem de constar expressamente no contrato (instrumento) para poder ser exigida. • “Salvo em disposição contrário, na cessão de um crédito abrangem-se todos os acessórios”. (art. 287) → Princípio da gravitação jurídica: os acessórios acompanham o Principal (o crédito). → Exemplos de acessórios de um crédito: Juros, multa, fiança, aval, direitos de preferência, hipoteca, penhor etc. 1.2 Formas – • Em regra, a cessão convencional não exige forma especial para valer entre as partes, mas para que tenha EFICÁCIA em relação A TERCEIROS, deverá obedecer aos requisitos do art. 288, que são: → Ser realizada por instrumento Público; ou → Ser realizada por instrumento particular que obedeça às solenidades previstas no art. 654, § 1º, do CC. • O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer averbar a cessão no registro de imóvel. (art. 289) → Crédito hipotecário é quando um bem imóvel é oferecido pelo devedor ao credor como garantia para pagamento de uma dívida. → Cessionário do Crédito Hipotecário = pessoa que recebe o crédito hipotecário do credor. → Averbação no registro do imóvel é o ato de inserir modificações que possam ter havido no registro de imóvel. 1.3 Notificação da cessão e desobrigação do devedor – • Arts. 290 – “A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita”. → O credor pode ceder o crédito para outra pessoa sem anuência (concordância) do Devedor. → A notificação do Devedor tem o objetivo de comunicar ao Devedor que ele deverá pagar a dívida para o atual Credor (Cessionário) e não para o credor originário (Cedente). → Se o Devedor não for notificado da cessão de crédito, essa será ineficaz em relação ao devedor. Várias Cessões de Crédito: • Art. 291 – “Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido”. → Ou seja, se o Cedente fizer várias cessões do mesmo crédito, vai valer a cessão que ocorreu pela tradição (entrega) do título do crédito cedido. • Art. 292 – “Fica desobrigado o devedor que, antes de ter conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta, com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação”. 1.4 Direito do Cessionário de Conservar o seu crédito – • Art. 293 – “Independentementedo conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido”. → O fato de o Devedor ter sido notificado da cessão de crédito não extingue a dívida. 1.5 Exceções opostas ao Cessionário e ao Cedente – • Art. 294 – “O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente”. → Exceção = é a defesa interposta a uma pretensão em um processo judicial. → O devedor pode opor as defesas que tiver contra o próprio cessionário. → O devedor pode opor as defesas que tiver em relação ao cedente por fatos ocorridos até o momento em que soube da cessão. 1.5 Responsabilidade do Cedente – • Art. 295 – “Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé”. → Se o cedente transferiu onerosamente um título nulo ou inexistente, deverá ressarcir os prejuízos causados ao cessionário. → Se a cessão tiver efetuada a título gratuito, o cedente só responde se tiver procedido de má-fé, conhecendo a sua inexistência ou o fundamento da sua nulidade no momento em que o cedeu. • Art. 296 – “Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde pela solvência do devedor”. → Pro soluto – o cedente apenas garante a existência do crédito, sem responder, todavia, pela solvência do devedor. → Pro solvendo – o cedente obriga-se a pagar se o devedor cedido for insolvente; o cedente assume o risco da insolvência do devedor. • Art. 297 – “O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a cobrança”. 1.6 Proibição da Cessão do Crédito Penhorado – • Art. 298 – “O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado, subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiro”. → O crédito, uma vez penhorado deixa de fazer parte do patrimônio do devedor, portanto, não poderá ser cedido, tornando- se indisponível. – Arts. 299 a 303 Ou cessão de débito, trata-se de um negócio jurídico bilateral pelo qual o devedor transfere a outrem sua posição na relação jurídica, com anuência expressa do credor. 2.1 Características e pressupostos – • Art. 299 – “É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. Parágrafo único. Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa”. → Esse artigo não exclui a possibilidade da assunção cumulativa da dívida, quando dois ou mais devedores de tornam responsáveis pelo débito com a concordância do Credor. 2.2 Garantias Especiais Prestadas pelo Devedor Primitivo – • Art. 300 – “Salvo assentimento expresso do devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias especiais por ele originariamente dadas ao credor”. → Garantias especiais são formas de garantir o pagamento de uma dívida, e que não são essenciais ao negócio jurídico – hipoteca; penhor; fiança; aval etc. 2.3 Efeitos da assunção da dívida – • Art. 301 – “Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação”. → Se a assunção da dívida for anulada, a dívida restaura-se e retoma para o devedor primitivo / renasce a obrigação para o devedor originário e as garantias prestadas pelo devedor primitivo restauram-se. → As garantias prestadas por terceiros não se restauram (exceto se o terceiro sabia do vício). • Art. 302 – “O novo devedor não pode opor ao credor as exceções pessoais que competiam ao devedor primitivo”. → Exceção pessoal = defesa de caráter pessoal que diz respeito à relação entre devedor e credor (e não em relação ao objeto). Exemplos: Incapacidade da parte contrária; credor agiu com dolo; coação etc. • Art. 303 – “O adquirente de imóvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar em trinta dias a transferência do débito, entender- se-á dado o assentimento”. → Adquirente do imóvel hipotecado = terceiro que adquiriu do Devedor o imóvel que estava hipotecado em favor do Credor. → Esse artigo traz uma exceção mediante a qual pode haver a concordância tácita do credor quanto à assunção da dívida, caso o credor, notificado, não se manifeste no prazo de 30 dias. – O Código Civil dá o nome de pagamento à realização voluntária da prestação debitória, tanto quando procede do devedor como quando provém de terceiro, interessado ou não. O cumprimento da obrigação de forma não voluntária (penhora) é denominado de Satisfação da Obrigação. 1.1 Pagamento da dívida pelo terceiro Interessado ou pelo não interessado – Quem deve pagar a dívida? • Devedor; • Terceiro interessado; • Terceiro não interessado. Art. 304 – “Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor.” → Interessado = todos aqueles que possuem um vínculo com a relação obrigacional. Ex.: avalista; fiador; sublocatário; herdeiro; credor do devedor. → O Credor não é obrigado a aceitar o pagamento de um Terceiro quando a obrigação do Devedor primitivo for personalíssima. → O interessado no pagamento poderá utilizador de todos os remédios jurídicos para o pagamento da dívida, mesmo que o Credor se oponha ao pagamento (exceto se a obrigação for personalíssima). Parágrafo único do art. 304. “Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo disposição deste.” → Terceiro não interessado = não tem está vinculado juridicamente à relação obrigacional existente entre credor e devedor; → O terceiro pode ter interesse moral ou sentimental em relação ao devedor. Ex.: pai que paga a dívida do filho. → NÃO terá direito ao reembolso dos valores. → O devedor pode opor-se ao pagamento do terceiro não interessado. Art. 305 – “O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub- roga nos direitos do credor. Parágrafo único. Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao reembolso no vencimento.” 1.2 Pagamento sem conhecimento ou oposição do devedor – Art. 306 – “O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação”. → O Credor não pode recusar o pagamento de terceiro, por implicar a satisfação de seu crédito, salvo se houver, no contrato expressa declaração proibitiva, ou a própria natureza da obrigação (personalíssima). Mas se o credor e o devedor acordarem em não admitir pagamento por terceiro interessado, não poderá este pretender fazer desaparecer a dívida, por sua iniciativa. 1.3 Pagamento da Dívida com Objeto – Art. 307 – “Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da propriedade, quando feito por quem possaalienar o objeto em que ele consistiu.” → Se o devedor (ou terceiro) pagar a dívida com um objeto (bem móvel ou imóvel) o pagamento da dívida terá eficácia se a pessoa que deu o objeto em pagamento era proprietária do bem ou tinha legitimidade para dar o bem em pagamento. Parágrafo único do art. 307. “Se der em pagamento coisa fungível, não se poderá mais reclamar do credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o solvente não tivesse o direito de aliená-la.” 1.4 A Quem se deve pagar a dívida? Art. 308 – “O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito”. → Para o próprio credor, podendo ser também o herdeiro, o legatário, o cessionário e o sub-rogado nos direitos creditórios; → Para um representante: a) Legal – que decorre da lei, como pais, tutores e credores. b) Judicial – nomeado pelo juiz, como o inventariante, o síndico da falência, o administrador da empresa penhorada; c) Convencional – que recebe mandato outorgado pelo credor, com poderes especiais para receber e dar quitação. → Para um terceiro, desde que o credor ratifique (confirme) o pagamento, ou quando o pagamento feito ao terceiro reverter em proveito do Credor. Art. 309 – “O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda que provado depois que não era credor”. → Credor putativo = aquele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor. → A boa-fé tem o condão de validar atos que, em princípio, seriam nulos. Art. 310 – “Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.” 1.5 Do objeto do pagamento e sua prova – Princípio da identidade física da prestação – regra. Art. 313 – “O credor NÃO é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa”. → A substituição, com efeito extintivo, de uma coisa por outra, só é possível com o consentimento do credor. Quando, porém, este aceita, configura-se a dação em pagamento, que vale como cumprimento e tem o poder de extinguir o crédito. Art. 314 – “Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou”. Art. 315 – “As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequente”. → Regra: Pagar em moeda nacional e nominal. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO DO NOMINALISMO: • Art. 316 – “É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas”. • Art. 317 – “Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação”. → Teoria da imprevisão = Permite que o valor da prestação seja corrigido pelo juiz sempre que houver desproporção entre o que foi ajustado por ocasião de celebração do contrato e o valor da prestação na época da execução. Art. 318 – “São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial”. → Exceção (ex.) = Negócios de importação ou exportação. 1.6 Da Prova do Pagamento – Quitação: (Princípio da Liberdade das Formas e Simplicidade) Art. 319 – “O devedor que paga tem direito a quitação regular, e pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada”. → Quitação = declaração unilateral escrita, emitida pelo credor, de que a prestação foi efetuada e o devedor fica liberado. Art. 320 – “A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. → Requisitos que a quitação deve conter. Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida”. Art. 321 – “Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido”. As presunções de pagamento: Art. 322 – “Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece, até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores”. → Assenta-se a regra na ideia de que NÃO é natural o credor concordar em receber a última prestação sem haver recebido as anteriores. Mas admite prova em contrário. Art. 323 – “Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem-se pagos”. → Determina a lógica, portanto, que os juros devem ser pagos em primeiro lugar. Quando o recibo está redigido em termos gerais, sem qualquer ressalva, presume-se ser plena a quitação. Art. 324 – “A entrega do título ao devedor firma a presunção do pagamento. Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em sessenta dias, a falta do pagamento”. Art. 325 – “Presumem-se a cargo do devedor as despesas com o pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por fato do credor, suportará este a despesa acrescida”. Art. 326 – “Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso, entender-se-á, no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar da execução”. 1.7 Do lugar do pagamento – Regra: Domicilio do devedor. Art. 327 – “Efetuar-se á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias”. Parágrafo único. “Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles” Art. 328 – “Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, far-se-á no lugar onde situado o bem.” Art. 329 – “Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo para o credor.” Art. 330 – “O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato”. → Renúncia tácita (Supressio + Surrectio) 1.8 Do tempo do pagamento – Vencimento – momento em que a obrigação deve ser satisfeita. Obrigação no tempo: → Instantânea: Execução imediata; → Execução Diferida (adiada): A prazo ou termo – sujeita a evento futuro e certo; → Execução Periódica: Pagamento de trato sucessivo (continuar pagando); → Condicional: Sujeita a condição – evento futuro e incerto. Vencimento antecipado – Art. 333 – “Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código. I. no caso falência do devedor, ou de concurso de credores; II. se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; III. se cessarem, ou se e se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforça-las. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes”. – Art. 334 – 345. Depósito efetuado pelo devedor – Art. 334 – “Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais”. → O depósito judicial permite a consignação não só de dinheiro como também de bensmóveis e imóveis. Art. 335 – “A consignação tem lugar: I. se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II. se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III. se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV. se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V. se pender litígio sobre o objeto do pagamento”. Art. 343 – “As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor”. – Art. 346 – 351 (pagamento indireto) Substituição do credor por ato bilateral: → Mera substituição do credor por um terceiro que paga a dívida; → Não cria nova obrigação. Ex.: Fiador que paga a dívida. Art. 347 – “A sub-rogação é convencional: I. Quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; II. Quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito”. – Indicação de qual dívida está sendo paga: → Pelo devedor; → Pelo credor; → Pela Lei. Art. 352 – “A pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos.” Art. 353 – “Não tendo o devedor declarado em qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar a quitação de uma delas, não terá direito a reclamar contra a imputação feita pelo credor, salvo provando haver ele cometido violência ou dolo”. Art. 354 – “Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor passar a quitação por conta do capital”. Art. 355 – “Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à imputação, essa se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa.” PAGAMENTO INDIRETO – Sub-rogação, dação, novação, compensação, confusão e remissão. – Art. 356 – 359 Entrega de uma coisa móvel ou imóvel para pagamento. → Não cria nova obrigação; → Substituição da prestação, mediante aceite do credor. – Art. 360 – 367 Criação de uma nova obrigação por substituição de seus elementos. Ex.: Negociação de dívida em banco. → Novação objetiva ou real – A dívida é substituída. → Novação Subjetiva ou pessoal – Sujeito é substituído. • Ativa (substituição do credor) • Passiva (substituição do devedor). → Mista. – Art. 368 – 380 Extinção de dívidas recíprocas ou mutuas. – Art. 381 – 384 Art. 381 – “Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as qualidades de credor e devedor”. – Art. 385 – 388 → Remitir = remição – pagamento só por liberdade. → Remir = remissão – perdão que teve pagamento. Art. 385 – “A remissão de dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.”
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