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Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico Coleção SENAR 199 199 | Coleção SEN A R • Sistem as A grofl orestais (SA Fs): conceitos e práticas para im plantação no biom a am azônico Presidente do Conselho Deliberativo João Martins da Silva Junior Entidades Integrantes do Conselho Deliberativo Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil - CNA Confederação dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG Ministério do Trabalho e Emprego - MTE Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA Ministério da Educação - MEC Organização das Cooperativas Brasileiras - OCB Confederação Nacional da Indústria - CNI Diretor Geral Daniel Klüppel Carrara Diretora de Educação Profissional e Promoção Social Andréa Barbosa Alves Coleção SENAR Sistemas Agrofl orestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico SENAR – Brasília, 2017 Serviço Nacional de Aprendizagem Rural 199 © 2017, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR Todos os direitos de imagens reservados. É permitida a reprodução do conteúdo de texto desde que citada a fonte. A menção ou aparição de empresas ao longo dessa cartilha, não implica que sejam endossadas ou recomendadas por essa instituição em preferência a outras não mencionadas. Coleção SENAR - 199 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bio- ma amazônico COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE MATERIAIS INSTRUCIONAIS Bruno Henrique B. Araújo EQUIPE TÉCNICA José Luiz Rocha Andrade / Marcelo de Sousa Nunes / Valéria Gedanken FOTOGRAFIA Wenderson Araújo ILUSTRAÇÃO Maycon Sadala AGRADECIMENTOS À Cooperativa Agrícola Mista de Tome-Açu – CAMTA, Embrapa Amazônia Orien- tal - Belém /PA, Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Benedito Alves Bandeira – Acará/PA e ao Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – Ideflor-bio por disponibilizarem o local e pessoal para produção fotográfica. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural. Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implanta- ção no bioma amazônico/ Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). — 1. ed. Brasília: SENAR, 2017. 140 p. il. ISBN 978-85-7664-175-9 1.Sistema agroflorestal. 2. Sistema agroflorestal, bioma amazônico. II. Título. CDU 634.0.23 Sumário Apresentação ................................................................................................5 Introdução .....................................................................................................7 I Entender o bioma..................................................................................8 1. Saiba o que é bioma .............................................................................8 2. Conheça o bioma Amazônia ...............................................................9 II Entender os sistemas agroflorestais (SAFs) ....................................12 1. Saiba o que são os SAFs.....................................................................12 2. Conheça as vantagens e exigências dos SAFs ................................13 3. Conheça a classificação dos SAFs .....................................................14 III Implantar os SAFs ...............................................................................22 1. Planeje os SAFs ....................................................................................22 2. Escolha o local para implantação dos SAFs ....................................26 3. Defina o modelo dos SAFs.................................................................28 4. Escolha os componentes dos SAFs .................................................31 5. Defina as combinações ......................................................................43 6. Prepare a base para o plantio dos SAFs ..........................................46 7. Adquira as mudas ...............................................................................56 8. Controle as pragas ..............................................................................57 IV Realizar o plantio em covas ..................................................................72 1. Reúna o material .................................................................................72 2. Faça o alinhamento das linhas de plantio ......................................73 3. Abra as covas .......................................................................................75 4. Adube as covas ...................................................................................77 5. Faça o plantio das mudas das árvores ............................................81 6. Faça o replantio das mudas ..............................................................85 V Fazer o plantio em sulcos .................................................................86 1. Faça o teste de germinação das sementes .....................................86 2. Calcule a quantidade de sementes por hectare ............................88 3. Defina a quantidade de adubo por metro linear de sulco ...........91 eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce 4. Faça a semeadura manual das espécies produtoras de grãos ...92 VI Manejar o sistema ..............................................................................94 1. Faça o controle de plantas daninhas ...............................................94 2. Faça a adubação .............................................................................. 103 3. Faça o controle de pragas e doenças ........................................... 107 4. Conheça os tipos de poda .............................................................. 108 5. Realize os desbastes ....................................................................... 111 VII Realizar a colheita ............................................................................ 112 1. Conheça os fatores que influenciam a colheita .......................... 112 VIII Beneficiar a produção ..................................................................... 124 IX Armazenar a produção ................................................................... 127 X Monitorar o SAFs .............................................................................. 128 1. Faça o monitoramento do solo ..................................................... 128 2. Faça o monitoramento do comportamento dos componentes 128 XI Comercializar os produtos agroflorestais .................................... 131 1. Conheça a venda direta ao consumidor ...................................... 132 2. Conheça a venda para o setor de distribuição e varejo .......... 132 3. Conheça a venda para os mercados institucionais .................... 133 Considerações finais ............................................................................... 134 Referências ............................................................................................... 135 4 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce Apresentação O elevado nível de sofisticação das operações agropecuárias definiu um novo mundo do trabalho, composto por carreiras e oportunida- des profissionais inéditas, em todas as cadeias produtivas. Do laboratório de pesquisa até o ponto de venda no supermercado, na feira ou no porto, há pessoas que precisam apresentar competên- cias que as tornem ágeis, proativas e ambientalmente conscientes. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) é a escola que dissemina os avanços da ciência e as novas tecnologias, capacitando homens e mulheresem cursos de Formação Profissional Rural e Pro- moção Social, por todo o país. Nesses cursos, são distribuídas cartilhas, material didático de extrema relevância por auxiliar na construção do conhecimento e constituir fonte futura de consulta e referência. Conquistar melhorias e avançar socialmente e economicamente é o sonho de cada um de nós. A presente cartilha faz parte de uma série de títulos de interesse nacional que compõem a coleção SENAR. Ela representa o comprometimento da instituição com a qualidade do serviço educacional oferecido aos brasileiros do campo e pretende contribuir para aumentar as chances de alcance das conquistas a que cada um tem direito. Um excelente aprendizado! Serviço Nacional de Aprendizagem Rural www.senar.org.br 5 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico 6 Esta cartilha possui o recurso QR Code, por meio do qual o participante do treinamento poderá acessar, utilizando a câmera fotográfi ca do celular, informações complementares que irão auxiliar no aprendizado. Acesse pelo seu celular Introdução Os sistemas agrofl orestais são excelentes alternativas para o uso do solo. Com eles, os produtores rurais podem produzir respeitando o meio ambiente, ao mesmo tempo em que diversifi cam a sua renda. Para os pequenos produtores ou agricultores familiares da Amazô- nia, os sistemas agrofl orestais constituem uma tecnologia funda- mental, pois, nesses casos, possibilitam, além da geração de renda no decorrer do ano, a depender das espécies cultivadas, a segurança alimentar das famílias dos agricultores, bem como a valorização do trabalho do jovem e da mulher. Esta cartilha foi idealizada e estruturada com a intenção de ser um guia prático e simples para compreender os sistemas agrofl orestais (SAFs) no bioma Amazônico, tanto as suas técnicas, manejo e demais operações, como o planejamento da produção, colheita e comerciali- zação de seus produtos. Vale ressaltar, também, que não há preten- são de esgotar o assunto ou dar receitas para implantar e manejar os SAFs. Cada produtor deve entender a sua própria realidade, observar com atenção o seu entorno e colocar em prática o que foi aprendido. 7 Sistemas Agrofl orestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico I Entender o bioma 1. Saiba o que é bioma De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), um bioma “é um conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e que podem ser identifi cados em nível regional, com condições de geologia e clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de fl ora e fauna própria”. No Brasil, são seis os biomas: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Ca- atinga, Pampa e Pantanal cujas áreas estão descritas na Tabela 1 e esquematizadas na Figura 1. Tabela 1 - Áreas dos biomas brasileiros Biomas Area (Km2) % em área Brasil Amazônia 4.196.943 49,29 Cerrado 2.036.448 23,92 Mata Atlântica 1.110.182 13,04 Caatinga 844.453 9,92 Pampa 176.496 2,07 Pantanal 150.355 1,76 Totais 8.514.877 100,00 Fonte: IBGE, 2016. 8 eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce Figura 1. Mapa dos biomas brasileiros Amazônia Legenda: Caatinga Cerrado Mata Atlântica Pampa Pantanal Amazônia Caatinga Mata Atlântica Cerrado Pampa Pantanal 2. Conheça o bioma Amazônia É o maior de todos os biomas, com aproximadamente 419,6 milhões de hectares. Ocupa quase a metade do território nacional (49,29%) e se espalha por nove estados do Brasil, formando a chamada Amazô- nia legal. Além da totalidade de cinco estados (Acre, Amapá, Amazo- nas, Pará e Roraima), grande parte de Rondônia (98,8%), mais da me- tade de Mato Grosso (54%), além do Maranhão (34%) e de Tocantins (9%), como apresentado na Figura 2. Entender o bioma 9 Sistemas Agrofl orestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico Figura 2. Abrangência do bioma Amazônia AM RR PA AP MTRO AC Na Amazônia, são encontradas aproximadamente 50% das espécies vegetais e 80% das espécies animais existentes no país. A riqueza da biodiversidade, ou seja, a variedade das formas de vida em determinada região, aliada ao grande valor econômico das suas fontes naturais, torna-se meio de sobrevivência para as populações nativas, além de servir de base essencial de recursos para outros segmentos produtivos e atividades econômicas, como, os setores de medicamentos e de cosméticos. Com o seu delicado equilíbrio ecológico, a Amazônia tem exigido, cada vez mais, a busca de alternativas sustentáveis de produção e Amazônia Legenda: Caatinga Cerrado Mata Atlântica Pampa Pantanal Amazônia Caatinga Mata Atlântica Cerrado Pampa Pantanal 10 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 de convivência, a exemplo da necessidade atual de uso de áreas de pastagens degradadas e daquelas com capoeira, que podem ser re- cuperadas e aproveitadas por meio de SAFs. Área de pastagem degradada no estado do Pará A economia da região amazônica está baseada, principalmente, em: • Lavouras brancas ou temporárias (mandioca, soja, milho, arroz, cana-de-açúcar, melancia, feijão, algodão herbáceo, tomate, en- tre outros); • Lavouras permanentes (banana, cacau, pimenta-do-reino, café, dendê, laranja, coco-da-baía, maracujá, mamão, limão, guaraná, entre outros); • Extrativismo (madeira, açaí, castanha-do-brasil, palmito e outros produtos de menor expressão como a borracha, a piaçava, o jaborandi, a copaíba, o pequi, o tucum e a pesca, por exemplo). Vale destacar que a silvicultura, isto é, o aproveitamento e o uso racional das florestas, ainda não representa uma atividade signifi- cativa na região. 11 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce II Entender os sistemas agrofl orestais (SAFs) 1. Saiba o que são os SAFs Formas de uso e manejo do solo em que árvores ou arbustos são combinados, de maneira intencional e planejada, a cultivos agríco- las e/ou animais em uma mesma área, ao mesmo tempo (associa- ção simultânea) ou em uma sequência de tempo (associação tem- poral), para diversifi car a produção, ocupar a mão de obra, gerar renda, proteger o solo e a água, além de promover o envolvimento da população local. Seus principais objetivos são: • Formar sistemas produtivos ecológicos mais sustentáveis, com menor uso de insumos externos; • Diversifi car o cultivo da terra, com a inclusão de plantas de ciclos curto, médio e longo, além da utilização de animais; • Diminuir os riscos de mercado para o agricultor, por meio de uma maior variedade de culturas e de espécies animais com va- lor econômico e de fácil comercialização; • Elevar a qualidade de vida do produtor; e • Melhorar e diversifi car a produção de alimentos e a oferta de serviços ambientais (polinização, ciclagem de água e nutrientes, além de fertilidade do solo, entre outros). 12 eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce 2. Conheça as vantagens e exigências dos SAFs 2.1 Saiba das vantagens dos SAFs • Devolver ao solo, com a queda de folhas, ramos e galhos, parte dos nutrientes retirados pelas raízes; • Aproveitar a energia do sol pelos diferentes estratos (camadas) das espécies vegetais; • Aumentar a matéria orgânica, contribuindo para melhorar as condições físicas e químicas do solo e, por consequência, a sua capacidade de retenção de água; • Proteger o solo contra a erosão; • Contribuir para regular o ciclo da água no local; • Tornar os sistemas de produção mais resistentes às variações climáticas, proporcionando, desse modo, sombra e proteção contra a ação do vento; • Gerar receitas nocurto e médio prazo com cultivos agrícolas ou atividades pecuárias, favorecendo a implantação de árvores na mesma área, cuja renda virá em longo prazo; • Reduzir a ocorrência de pragas e doenças, diminuindo a necessi- dade de uso de insumos químicos, exigindo menor investimento; • Promover a melhor utilização da mão de obra ao longo do ano; e • Conciliar a produção fl orestal com a produção de alimentos. 2.2 Saiba das exigências dos SAFs Os SAFs demandam maior atenção quando comparados aos cultivos solteiros (monocultivos), considerando que: • Exigem técnicas apropriadas, em geral não utilizadas pelos pro- dutores, como limpezas seletivas, podas, desbastes, técnicas es- pecífi cas de colheita e armazenamento; 13 Sistemas Agrofl orestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce • Necessitam de uma estratégia de comercialização, por causa da variedade e menor escala de produção por produto; e • Exigem cuidados especiais na exploração de árvores para madei- ra, com o objetivo de evitar danos às outras culturas associadas. 3. Conheça a classificação dos SAFs Os SAFs podem ser classificados segundo os aspectos ecológicos, econômicos e funcionais e ainda de acordo com o arranjo dos com- ponentes e a sua estrutura. 3.1 Conheça a classificação quanto aos aspectos ecológicos, econômicos e funcionais • Aspectos ecológicos Essa classificação leva em consideração a localização geográfica, a situa- ção topográfica (terra firme, de várzea e de locais montanhosos) e a com- plexidade biológica (convívio, na mesma área, de animais e vegetais). • Aspectos econômicos Os SAFs podem ser definidos como comerciais, de subsistência e in- termediários. • Aspectos funcionais - SAFs de produção São aqueles que têm como principal função a produção de alimentos ou de fibras para atender ao consumo. - SAFs de proteção São aqueles que têm como função principal a proteção dos elemen- tos naturais, como os mananciais, por exemplo. 14 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce 3.2 Conheça a classificação com base no arranjo dos componentes 3.2.1 Conheça o arranjo no espaço O arranjo no espaço considera a forma como são dispostas as es- pécies no campo. Podem ser sistemas contínuos, zonais ou mistos. • Sistemas contínuos São aqueles em que há uma espécie principal, plantada de forma contínua, e outra espalhada pela área, com a função de prestar servi- ços, como sombreamento, adubação e fonte complementar de ren- da. Exemplo: plantio de cacau de forma contínua, no espaçamento de 3 x 3 m, associado a bananeiras. • Sistemas zonais São zonas de plantio de algumas fileiras de um determinado compo- nente do sistema, alternadas com fileiras de outro. Por exemplo, dez fileiras de cacaueiros, no espaçamento de 3 x 2,5 m, alternadas com três fileiras de pupunheiras, no espaçamento de 2 x 1,5 m. • Sistemas mistos São aqueles em que há uma mistura de componentes dispostos na área, como no caso dos pomares caseiros, quintais agroflorestais e sistemas agroflorestais sucessionais, ou seja, sistemas de sucessão de culturas, que mantêm o solo com vegetação o ano todo, aprovei- tando o espaço horizontal e vertical da área de plantio e adensando o número de espécies, de modo a explorar os diferentes níveis que formam a floresta. 15 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce 3.2.2 Conheça o arranjo no tempo Trata-se do arranjo de espécies na área de plantio, considerando o tempo em que os componentes se combinam, podendo ser sequen- cial, simultâneo ou complementar. • Sistemas sequenciais Nessa categoria estão incluídos os sistemas de agricultura migratória, com intervenção e manejo de capoeiras; os sistemas silviagrícolas ro- tativos (capoeiras melhoradas com espécies arbóreas de rápido cres- cimento); e o sistema Taungya (cultivos anuais consorciados tempo- rariamente com árvores durante os primeiros anos de implantação). • Sistemas simultâneos ou complementares Nesse caso, há uma integração simultânea e contínua de cultivos anuais e perenes e pecuária, como árvores e animais ou pomares caseiros e lavouras temporárias, entre outros. 3.3 Conheça a classificação com base na estrutura Essa classificação engloba os sistemas silviagrícolas (espécies flores- tais e agrícolas), silvipastoris (espécies florestais e atividades de pe- cuária) e agrossilvipastoris (espécies agrícolas, florestais e atividades de pecuária). 3.3.1 Conheça os sistemas silviagrícolas Compostos por espécies florestais e agrícolas, ou seja, a combinação de árvores e palmeiras, nativas ou introduzidas com cultivos agríco- las, para: 16 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce • Produção de madeira (acácia, eucalipto, freijó, paricá, pinus, teca, entre outras); • Produtos não madeireiros, como frutos (abiu, castanha-do-bra- sil, jambo, uxi, entre outros); produtos medicinais (andiroba, co- paíba, entre outros); e • Componentes agrícolas herbáceos (arroz, feijão, melancia, mi- lho, entre outras) ou arbustivos e subarbustivos (açaí, cacau, café, cupuaçu, ingá, maracujá, pimenta-do-reino, urucum, entre outras); e trepadeiras (maracujá, entre outras). Os sistemas silviagrícolas podem ser divididos em baixa, média e alta complexidade biológica. Os sistemas silviagrícolas de baixa complexidade são os quebra- ventos, Taungya, cultivos em aleias (fileiras), cercas vivas e outros. Quebra-ventos Taungya 17 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce Cultivo em aleias Os sistemas silviagrícolas de média e alta complexidade incluem os quintais agroflorestais, os sistemas multiestratificados, sucessionais, entre outros. Quintal agroflorestal Sistema multiestratificado sucessional ou agroflorestal 18 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 eleusa Realce eleusa Realce 3.3.2 Conheça os sistemas silvipastoris Formados por componentes florestais e atividades de pecuária, ou seja, a combinação de árvores, arbustos ou palmeiras com plantas forrageiras herbáceas (ervas e capins) e animais. Merecem destaque aqueles em que o plantio das árvores se dá na pastagem (arborização). Podem ser na forma de renques com uma ou mais linhas de plantio, de pequenos bosques com árvores dispersas na pastagem, de cercas vivas, ou por meio da condução de árvores da regeneração natural. Arborização em linhas simples Arborização em linhas duplas Arborização em linhas triplas 19 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico eleusa Realce eleusa Realce Árvores em cerca viva Arborização pelacondução de árvores de regeneração natural 3.3.3 Conheça os sistemas agrossilvipastoris Formados por elementos agrícolas, florestais e atividades de pecu- ária. Na maioria das vezes, a implantação do sistema é realizada a partir do plantio de árvores na pastagem durante ou após o cultivo agrícola. Para isso, são utilizados renques de uma ou mais linhas de 20 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce plantio ou, em alguns casos, pomares caseiros, onde são criados pe- quenos animais, como porcos e galinhas, associados às árvores de usos múltiplos e cultivos agrícolas diversos. Sistema agrossilvipastoril com árvores plantadas em renque Sistema agrossilvipastoril na forma de quintais agrossilvipastoris 21 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico eleusa Realce eleusa Realce III Implantar os SAFs 1. Planeje os SAFs O sucesso do sistema depende, em grande parte, das decisões toma- das antes da sua implantação no campo. Por isso, o planejamento é fundamental para os SAFs, ao envolver possibilidades de arranjo de produção e combinação de culturas, condições edafoclimáticas (re- lação planta, solo e clima), manejo e comercialização dos produtos. Para minimizar riscos e incertezas em relação à comercialização dos produtos (alimentos, carnes, madeira, lenha, carvão, estaca para cerca, entre outros), deve ser realizado o estudo de mercado e insumos. Atenção 1.1 Defi na os objetivos da implantação dos SAFs Os objetivos deverão ser defi nidos para o atendimento das neces- sidades existentes na propriedade familiar ou em empresas rurais, podendo ser: • Comerciais - produção de carne, farinha de mandioca, fi bras, forragem, frutos, grãos, lenha, madeira serrada, entre outros; • Segurança alimentar - plantar alimentos para consumo da pró- pria família, como mandioca, milho, feijão, arroz, entre outros; e • Serviços ambientais - possibilitar sombra, adubação verde, controle de erosão, restauração de áreas degradadas, fi xação de carbono, entre outros. 22 eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce 1.2 Conheça os ambientes da propriedade rural Conhecer o ambiente interno e externo permite ao produtor identi- fi car os pontos fracos, que devem ser melhorados para não compro- meter o negócio. 1.2.1 Conheça o ambiente interno O ambiente interno da propriedade ou da empresa precisa ser leva- do em conta na análise que envolve a implantação dos SAFs. É neces- sário conhecer o solo, a forma de uso da terra, a disponibilidade de água e outros recursos naturais, os custos, a oferta de mão de obra, as benfeitorias, as máquinas disponíveis, entre outros. • Conheça as características do solo O produtor deve ter uma noção exata a respeito da qualidade dos solos disponíveis para plantio. Isso pode ser feito a partir da análi- se do solo, para conhecer as suas características físicas e químicas. Também é importante considerar a topografi a da área, para defi nir as práticas de conservação a serem adotadas. Para fazer a análise do solo e obter a sua interpretação, consulte um agente da assistência técnica que atue na região. Atenção • Defi na os custos da implantação dos SAFs É importante saber os custos para a aquisição de mudas, a pre- paração de área, a compra de insumos, entre outros. Caso o pro- dutor não disponha dos recursos necessários, poderá adequar o projeto ou buscar linhas de crédito disponíveis junto às institui- ções fi nanceiras. 23 Sistemas Agrofl orestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce • Conheça a oferta de mão de obra O uso de mão de obra na implantação e manejo dos SAFs varia de acordo com o modelo a ser implantado. É importante identificar e caracterizar a mão de obra fixa, levando em conta a idade, o nível educacional e a experiência nas atividades agropecuária e florestal. Deve ser considerada, também, a possibilidade da utilização de mão de obra temporária. • Conheça as benfeitorias existentes É o momento de conhecer o estado e a possibilidade de uso de açu- des, agroindústrias, cercas, currais, estradas, locais para armazena- mento, entre outros. • Identifique as máquinas e os equipamentos É necessário fazer o levantamento das máquinas e dos equipamen- tos na propriedade para as atividades de produção. 1.2.2 Conheça o ambiente externo O conhecimento do ambiente externo permite que o produtor rural identifique tanto as oportunidades, como as ameaças, no sentido de resistir ou mesmo superar esses riscos. Devem ser avaliados os espaços de comercialização dos produtos na região, bem como o mercado de insumos e a infraestrutura disponí- vel, a exemplo de armazéns, estradas para escoamento da produção, entre outros. 1.2.3 Defina a disponibilidade de recursos financeiros • Conheça o mercado dos produtos É necessário um estudo que considere informações de mercados lo- cais, regionais, nacionais e institucionais do governo. 24 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce É importante conhecer, também, as políticas de subvenção (subsí- dios e incentivos) para os produtos do extrativismo, como açaí, bor- racha, óleos, entre outros. • Conheça o mercado de insumos para a produção É necessário identificar os locais para aquisição de insumos. • Identifique a infraestrutura e os serviços existentes na região - Estradas, vias de acesso e condições apropriadas para tráfego; - Formas e locais de armazenamento; - Serviços de assistência técnica e extensão rural; - Disponibilidade e acesso à tecnologia; - Disponibilidade e acesso ao crédito rural, preços mínimos e subvenção; e - Agroindústrias, cooperativas, associações, entre outras organi- zações que possam auxiliar no processamento e escoamento da produção. • Defina o processo de comercialização - Comercialização de produtos in natura (tipos de produtos e ca- nais de comercialização como feiras, por exemplo); - Comercialização de produtos industrializados; - Grau de perecibilidade dos produtos; - Embalagem e armazenamento de produtos; - Comercialização coletiva de produtos (cooperativas); - Proximidade de mercado local; - Facilidade de escoamento nas estradas; e - Existência de meio de transporte. Para criar escala e atender à dinâmica do mercado atacadista e varejista, uma opção é a organização dos produtores em formas coletivas (cooperativas e associações). Atenção 25 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico eleusa Realce eleusa Realce eleusa Realce 2. Escolha o local para implantação dos SAFs Para definir as espécies e o modelo do sistema, é preciso considerar a fertilidade do solo, a sua cobertura vegetal (floresta nativa, capoei- ra, área ocupada com agricultura ou aquela em processo de degra- dação ou já degradada) e a pesquisa de mercado, identificando, por exemplo, os produtos promissores para a região. Para fazer a análise do solo e obter a sua interpretação, consulte um agente da assistência técnica que atue na região. Atenção Para selecionar o lo- cal, o produtor deve basear-se no Cadas- tro Ambiental Rural (CAR), já realizado para a sua proprie- dade. Os locais mais adequados são: • Áreas de reserva legal (dependendo do tipo de sistema a ser implantado, segundo resolução CONAMA No 369); • Áreas de capoeiras, principalmente as mais jovens; • Áreas já trabalhadas ou ocupadas com cultivos e que estejam em algum nível de degradação como pastagens e extensões com cul- tivos anuais com baixa rentabilidade, entre outras; e Pastagem em degradação Área agrícola em degradação• Áreas já alteradas e que tenham sido abandonadas por algum motivo. Área agrícola degradada e abandonada Evite implantar os SAFs em locais com tendência ao encharcamento do solo. Atenção RESOLUÇÃO CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006 Acesse pelo seu celular Capoeira jovem 26 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 eleusa Realce eleusa Realce • Áreas já trabalhadas ou ocupadas com cultivos e que estejam em algum nível de degradação como pastagens e extensões com cul- tivos anuais com baixa rentabilidade, entre outras; e Pastagem em degradação Área agrícola em degradação • Áreas já alteradas e que tenham sido abandonadas por algum motivo. Área agrícola degradada e abandonada Evite implantar os SAFs em locais com tendência ao encharcamento do solo. Atenção 27 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico 3. Defina o modelo dos SAFs O modelo dos SAFs (silviagrícolas, silvipastoris ou agrossilvipastoris) deve ser definido a partir das informações levantadas nos ambientes interno e externo da propriedade, como: • Objetivos do produtor; • Características do local (solo, clima, condição topográfica, histó- rico de uso); • Disponibilidade de mão de obra; • Disponibilidade de recursos financeiros; • Características de componentes (árvores, cultivos e criações) mais adequados para a região; e • Mercados que serão atendidos, entre outros. Diversos modelos de SAFs já foram desenvolvidos e implantados na Amazônia em função das necessidades e condições particulares de cada local. Por isso, é necessário conhecer experiências consolidadas na sua região. SAFs com pimenta-do-reino 28 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 SAFs com cacau SAFs com cupuaçu SAFs com seringueira 29 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico SAFs com dendê SAFs com coco SAFs com açaí 30 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 SAFs com pupunha SAFs com banana 4. Escolha os componentes dos SAFs Para a escolha dos componentes dos SAFs, é necessário levar em conta a importância das culturas em relação ao valor de produção nos principais estados amazônicos. 31 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico O s Q ua dr os 1 , 2 e 3 a pr es en ta m a s pr in ci pa is la vo ur as te m po rá ria s, a s pe rm an en te s e os p ro du to s da a gr ic ul - tu ra e d o ex tr at iv is m o em re la çã o ao v al or d e pr od uç ão p ra tic ad o no s es ta do s. Q ua dr o 1. P ri nc ip ai s la vo ur as t em po rá ri as d a Re gi ão N or te p or o rd em d e va lo r da pr od uç ão Re gi ão / Es ta do N ív el d e im po rt ân ci a da la vo ur a em r el aç ão a o va lo r da p ro du çã o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N or te So ja M ilh o M an di oc a A lg od ão he rb ác eo C an a A rr oz Fe ijã o A ba ca xi M el an ci a G ir as so l Ac re M an di oc a M ilh o Fe ijã o C an a M el an ci a A rr oz A m en do im Fu m o So ja B at at a A m ap á M an di oc a So ja A ba ca xi M el an ci a C an a A rr oz M ilh o Fe ijã o - - A m az on as M an di oc a M el an ci a C an a M ilh o M al va A rr oz B at at a Fe ijã o To m at e M el ão M ar an hã o So ja C an a M ilh o M an di oc a A rr oz A lg od ão he rb ác eo Fe ijã o A ba ca xi M el an ci a To m at e M at o G ro ss o So ja A lg od ão he rb ác eo M ilh o C an a A rr oz Fe ijã o M an di oc a G ir as so l A ba ca xi So rg o Pa rá M an di oc a So ja M ilh o A ba ca xi A rr oz M el an ci a C an a Fe ijã o To m at e So rg o Ro nd ôn ia So ja M an di oc a M ilh o C an a A rr oz Fe ijã o A ba ca xi To m at e So rg o A m en do im Ro ra im a M an di oc a A rr oz So ja M el an ci a M ilh o To m at e Fe ijã o B at at a C an a - To ca nt in s So ja A rr oz M ilh o C an a M el an ci a A lg od ão M an di oc a Fe ijã o A ba ca xi So rg o Fo nt e: IB G E/ SI D R A , 2 01 4. 32 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 Q u ad ro 2 . P ri n ci pa is la vo u ra s pe rm an en te s da R eg iã o N or te po r or de m d e va lo r da p ro du çã o Re gi ão / Es ta do N ív el d e im po rt ân ci a da la vo ur a pe rm an en te e m r el aç ão a o va lo r da p ro du çã o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N or te B an an a C ac au Pi m en ta - do -r ei no C af é D en dê La ra nj a Co co M ar ac uj á Se ri ng ue ir a M am ão Ac re B an an a La ra nj a C af é Se ri ng ue ir a Li m ão M am ão Ta ng er in a M ar ac uj á A ba ca te Co co A m ap á B an an a La ra nj a M ar ac uj á M am ão - - - - - - A m az on as La ra nj a B an an a M ar ac uj á M am ão G ua ra ná C ac au Li m ão Co co C af é G oi ab a M ar an hã o B an an a Co co C as ta nh a de c aj u Se ri ng ue ir a La ra nj a M an ga M am ão Pi m en ta - do -r ei no U ru cu m Ta ng er in a M at o G ro ss o B an an a Se ri ng ue ir a C af é Co co M ar ac uj á Pa lm ito M am ão La ra nj a U va Li m ão Pa rá B an an a C ac au Pi m en ta - do -r ei no D en dê Co co La ra nj a M ar ac uj á M am ão Li m ão C af é Ro nd ôn ia C af é B an an a C ac au M ar ac uj á U ru cu m M am ão La ra nj a G oi ab a Li m ão Co co Ro ra im a B an an a La ra nj a Li m ão M am ão M ar ac uj á G oi ab a Ta ng er in a M an ga Co co C ac au To ca nt in s B an an a Co co La ra nj a M ar ac uj á Se ri ng ue ir a M an ga M am ão Ta ng er in a Li m ão - A ná lis e el ab or ad a po r M oa ci r Jo sé S al es M ed ra do Fo nt e: IB G E/ SI D R A , 2 01 4. 33 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico Q ua dr o 3. P ri nc ip ai s pr od ut os d e at iv id ad es e xt ra ti vi st as p or o rd em d e va lo r d a pr od uç ão Re gi ão / Es ta do N ív el d e im po rt ân ci a da a ti vi da de e m r el aç ão a o va lo r da p ro du çã o 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 N or te M ad ei ra e m to ra Aç aí C ar vã o ve ge ta l Le nh a B ab aç u C as ta nh a do Pa rá Pa lm ito H ev ea (l át ex co ag ul ad o) Co pa íb a Pi aç av a Ac re M ad ei ra e m to ra C as ta nh a do P ar á Le nh a Aç aí C ar vã o ve ge ta lH ev ea (l át ex co ag ul ad o) H ev ea (l át ex líq ui do ) Co pa íb a Pi aç av a - A m ap á M ad ei ra e m to ra Le nh a Aç aí C ar vã o ve ge ta l C as ta nh a do Pa rá Pa lm ito - - - - A m az on as M ad ei ra e m to ra Aç aí C as ta nh a do Pa rá Le nh a H ev ea (l át ex co ag ul ad o) Pi aç av a Co pa íb a C ar ão v eg et al Cu m ar u - M ar an hã o C ar vã o ve ge ta l B ab aç u Le nh a M ad ei ra e m to ra Aç aí B ur it i Ja bo ra nd i Tu cu m Co pa íb a M at o G ro ss o Aç aí M ad ei ra e m to ra Le nh a C ar vã o ve ge ta l C as ta nh a do Pa rá Pa lm ito Pe qu i H ev ea (l át ex co ag ul ad o) Co pa íb a B ab aç u Pa rá M ad ei ra e m to ra Aç aí Le nh a C ar vã o ve ge ta l C as ta nh a do Pa rá Pa lm ito Pe qu i Cu m ar u Co pa íb a B ur it i Ro nd ôn ia M ad ei ra e m to ra Le nh a C as ta nh a do Pa rá Aç aí Pa lm ito H ev ea (l át ex co ag ul ad o) Co pa íb a C ar vã o ve ge ta l - -- Ro ra im a M ad ei ra e m to ra Le nh a C ar vã o ve ge ta l C as ta nh a doPa rá Aç aí C aj u - - - To ca nt in s C ar vã o ve ge ta l Le nh a M ad ei ra e m to ra B ab aç u A ná lis e el ab or ad a po r M oa ci r Jo sé S al es M ed ra do Fo nt e: IB G E/ SI D RA , 2 01 4. 34 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 O Quadro 4 apresenta as características das principais espécies uti- lizadas para compor os SAFs no bioma Amazônia, inclusive as espé- cies florestais arbóreas mais significativas utilizadas nesses sistemas. A partir dessas informações, o produtor precisa escolher os integran- tes dos SAFs, garantindo que: • Possam satisfazer as necessidades básicas de alimentação e nu- trição familiar; • Estejam adaptados às condições socioculturais e ecológicas da região; • Possuam ciclos de vida diferenciados (espécies arbóreas e culti- vos agrícolas de ciclo curto); • Possuam períodos de safra (produção) diferenciados; • Sejam, de preferência, de uso conhecido pelos agricultores; • Possuam mercado (demanda de pelo menos um componente na região); • Atendam à necessidade de consumo de lenha, carvão, entre ou- tros, pelo estabelecimento rural; e • Tenham condições de escoamento da produção. 35 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico Q ua dr o 4. C ar ac te rí st ic as d as p ri nc ip ai s es pé ci es u ti liz ad as p ar a co m po r s is te m as ag ro flo re st ai s no b io m a Am az ôn ia N om e po pu la r N om e ci en tí fi co Fa m íli a G ru po Ex tr at o no co ns ór ci o a qu e pe rt en ce Ci cl o de v id a ap ro xi m ad o U so A ba ca te Pe rs ea a m er ic an a La ur ac ea e Á rv or e - c ic lo lo ng o M éd io /A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) A ba ca xi An an as co m os us B ro m el ia ce ae Er va – a gr íc ol a - se m ip er en e B ai xo 1, 5 an os A lim . (F ru to ) A bi u Po ut er ia ca im ito Sa po ta ce ae A rb us to , Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) A bó bo ra Cu cu rb ita s p. Cu rc ub it ac ea e Er va – tr ep ad ei ra ag rí co la a nu al B ai xo 4 m es es A lim . (F ru to ) Ac er ol a M al pi gh ia e m ar gi na ta M al pi gh ia ce ae A gr íc ol a ar bu st o pe re ne M éd io >2 0 an os A lim . (F ru to ) Aç aí Eu te rp e pr ec at or ia A re ca ce ae Pa lm ei ra - ci cl o lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) A lg od oe ir o O ch ro m a py ra m id al e B om ba ca ce ae Á rv or e - c ic lo m éd io A lto 20 a no s Pl um a A nd ir ob a Ca ra pa gu ia ne si s M el ia ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o M éd io > 40 a no s Ó le o A ra çá b oi Eu ge ni a st ip ita ta M yr ta ce ae A rb us to , Á rv or e - c ic lo lo ng o M éd io >4 0 an os A lim . (F ru to ) A ra tic um An no na s p. A nn on ac ea e Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto >4 0 an os A lim . (F ru to ) A rr oz O ry za sa tiv a Po ac ea e A gr íc ol a an ua l B ai xo 4 m es es A lim . ( G rã o) A ss ac u H ur a cr ep ita ns Eu ph or bi ac ea e Á rv or e – ci cl o lo ng o A lto >4 0 an os M ad ei ra co nt in ua ... Fo n te : M o ac ir J . S . M ed ra d o - C om p os ta a p ar ti r d e ad ap ta çã o fe it a d e Pe n ei re ir o, F & B ri lh an te , M . d e O ., 20 04 e W W F B ra si l 2 01 4, p u b lic ad a em W W F (2 01 4) . 36 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 Q ua dr o 4. C ar ac te rí st ic as d as p ri nc ip ai s es pé ci es u ti liz ad as p ar a co m po r s is te m as ag ro flo re st ai s no b io m a Am az ôn ia N om e po pu la r N om e ci en tí fi co Fa m íli a G ru po Ex tr at o no co ns ór ci o a qu e pe rt en ce Ci cl o de v id a ap ro xi m ad o U so Ja m bo lã o Sy zy gi um ja m bo la na D C M yr ta ce ae Á rv or e A lto >4 0 an os A lim . (F ru to ) B ac ab a O en oc ar pu s m ap or a A re ca ce ae Pa lm ei ra - ci cl o m éd io M éd io > 40 a no s A lim . (F ru to ) B ac ur i Rh ed ia s p. Cl us ia ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o B ai xo / M éd io > 40 a no s A lim . (F ru to ) B an an a M us a sp p. M us ac ea e A gr íc ol a se m ip er en e A lto 2 an os A lim . (F ru to ) B ir ib a Ro lli ni a m uc os a A nn on ac ea e Pa lm ei ra - ci cl o m éd io A lto 20 a no s A lim . (F ru to ) B ur it i M au ri tia fl ex uo sa A re ca ce ae Pa lm ei ra – c ic lo lo ng o A lto >4 0 an os A lim . (F ru to ) C ac au Th eo br om a ca ca o St er cu lia ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o B ai xo > 40 a no s A lim . (F ru to ) C af é Co ffe a sp . Ru bi ac ea e A rb us to - ci cl o m éd io B ai xo 20 a no s A lim . (F ru to ) C ai aq ue El ae is o le ife ra A re ca ce ae Pa lm ei ra - pe re ne M éd io /A lto >4 0 an os Pa lh a C aj á Sp on di as m om bi m A na ca rd ia ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) C aj u An ac ar di um o cc id en ta le A na ca rd ia ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) C ap oe ir o Co lu br in a gl an du lo sa Rh am na ce ae Á rv or e - c ic lo c ur to A lto 20 a no s M ad ei ra co nt in ua çã o co nt in ua ... 37 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico Q ua dr o 4. C ar ac te rí st ic as d as p ri nc ip ai s es pé ci es u ti liz ad as p ar a co m po r s is te m as ag ro flo re st ai s no b io m a Am az ôn ia N om e po pu la r N om e ci en tí fi co Fa m íli a G ru po Ex tr at o no co ns ór ci o a qu e pe rt en ce Ci cl o de v id a ap ro xi m ad o U so C as ta nh ei ra B er th ol et ia e xc el sa Le cy tid ac ea Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ); m ad ei ra C ax in gu ba Fi cu s an th el m in tic a M or ac ea e A rb us to M éd io > 40 a no s M ed ic in al Ce dr o Ce dr el a od or at a M el ia ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s M ad ei ra Ce dr or an a Ce dr el in ga c at en ae fo rm is Fa ba ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto >4 0 an os M ad ei ra Ce re je ir a To rr es ia a cr ea na Fa ba ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s M ad ei ra Co co Co cu s nu ci fe ra A re ca ce ae Pa lm ei ra - ci cl o lo ng o M éd io > 40 a no s A lim . (F ru to ) Co pa íb a Co pa ir fe ra Fa ba ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s Ó le o Cr ot al ár ia Cr ot al ar ia s p. Fa ba ce ae A gr íc ol a an ua l M éd io 6 m es es Ad ub aç ão Cu m ar u fe rr o D yp te ri x fe re a Fa ba ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s M ad ei ra Cu pu aç u Th eo br om a gr an di flo ru m St er cu lia ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o B ai xo > 40 a no s A lim . (F ru to ) Em ba úb a Ce cr op ia s p. Ce cr op ia ce ae Á rv or e - c ic lo c ur to A lto 20 a no s Se rv iç o Fa ve ir a Sc hy zo lo bi um am az on ic um Fa ba ce ae Á rv or e - c ic lo m éd io A lto 40 a no s M ad ei ra Fe ijã o de p or co Ca na va lia e ns ifo rm is Fa ba ce ae A gr íc ol a an ua l B ai xo 6 m es es Ad ub aç ão Fe ijã o gu an du Ca janu s ca ja n Fa ba ce ae A gr íc ol a se m ip er en e A lto 2 an os Ad ub aç ão Fr ei jó Co rd ia a lli od or a B or ag in ac ea e Á rv or e – m ad ei ra - ci cl o cu rt o A lto 20 a no s M ad ei ra co nt in ua çã o co nt in ua ... 38 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 Q ua dr o 4. C ar ac te rí st ic as d as p ri nc ip ai s es pé ci es u ti liz ad as p ar a co m po r s is te m as ag ro flo re st ai s no b io m a Am az ôn ia N om e po pu la r N om e ci en tí fi co Fa m íli a G ru po Ex tr at o no co ns ór ci o a qu e pe rt en ce Ci cl o de v id a ap ro xi m ad o U so Fr ut a pã o Ar to ca rp us a lti lis M or ac ea e Á rv or e – fr ut ífe ra - ci cl o lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) Je ni pa po G en ip a am er ic an a Ru bi ac ea e Á rv or e – fr ut ífe ra - ci cl o lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ), m ad ei ra G er ge lim Se sa m um in di cu m Pe da lia ce ae A gr íc ol a an ua l B ai xo /m éd io 6 m es es A lim . (G rã o) ; ól eo ; co nt ro le d e fo rm ig as G oi ab a Ps id iu m g ua ja va M yr ta ce ae Á rv or e – fr ut ífe ra – ci cl o lo ng o M éd io >2 0 an os A lim . (F ru to ) G ra vi ol a An no na m ur ic at a A no na ce ae Á rv or e – fr ut ífe ra – ci cl o lo ng o M éd io >2 0 an os A lim . (F ru to ) In gá d e m et ro In ga e du lis M im os ac ea e Á rv or e - c ic lo c ur to M éd ia 6- 8 an os Ad ub aç ão ; A lim . (F ru to ) In gá fe rr o In ga s p. M im os ac ea e Á rv or e - c ic lo m éd io M éd io 20 a no s Ad ub aç ão ; A lim . (F ru to ) Ja ca Ar th oc ar pu s al til is M or ac ea e Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) Ja m bo Sy zy gi um m al ac ce ns e M yr ta ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto >4 0 an os A lim . (F ru to ) co nt in ua çã o co nt in ua ... 39 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico Q ua dr o 4. C ar ac te rí st ic as d as p ri nc ip ai s es pé ci es u ti liz ad as p ar a co m po r s is te m as ag ro flo re st ai s no b io m a Am az ôn ia N om e po pu la r N om e ci en tí fi co Fa m íli a G ru po Ex tr at o no co ns ór ci o a qu e pe rt en ce Ci cl o de v id a ap ro xi m ad o U so Ja to bá H ym en ae ae c ou rb ar il Fa ba ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s M ad ei ra ; A lim . (F ru to ) M am ão Ca ri ca p ap ay a C ar ic ac ea e A gr íc ol a se m ip er en e A lto 2 an os A lim . (F ru to ) M am on a Rh ic iin us c om m un is Eu ph or bi ac ea e Á rv or e - c ic lo c ur to A lto 8 an os Ó le o M am uí Ja ca ra nd a sp in os a C ar ic ac ea e A rv or e - c ic lo c ur to A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) M an di oc a M an ih ot e sc ul en ta Eu ph or bi ac ea e A gr íc ol a an ua l A lto 1, 5 an o A lim . (F ar in ha ) M an ga M an gi fe ra in di ca A na ca rd ia ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) M ar ac uj á Pa ss ifl or a sp . Pa ss ifl or ac ea e Tr ep ad ei ra B ai xo 3 a 4 an os A lim . (F ru to ) M ilh o Ze a m ay s Po ac ea e A gr íc ol a an ua l A lto 4 m es es A lim . (G rã os ) M og no Sw ie te ni a m ac ro ph yl la M el ia ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s M ad ei ra M ut am bo G ua zu m a ul m ifo lia St er cu lia ce ae Á rv or e - c ic lo m éd io A lto 20 a no s M ad ei ra Pa ri cá Sc hi zo lo bi um am az on ic um Fa ba ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 20 a no s M ad ei ra Pa ta uá At al le a pa ta ua A re ca ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o M éd io > 40 a no s Fr ut o Pe qu i Ca ri ca r v ill os um C ar io ca ra ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s A lim . (F ru to ) co nt in ua çã o co nt in ua ... 40 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 Q ua dr o 4. C ar ac te rí st ic as d as p ri nc ip ai s es pé ci es u ti liz ad as p ar a co m po r s is te m as ag ro flo re st ai s no b io m a Am az ôn ia N om e po pu la r N om e ci en tí fi co Fa m íli a G ru po Ex tr at o no co ns ór ci o a qu e pe rt en ce Ci cl o de v id a ap ro xi m ad o U so Pi to m ba Ta lis ia e sc ul en ta Sa pi nd ac ea e Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto >4 0 an os A lim . (F ru to ) Pu pu nh a Ba ct ri s ga si pa es A re ca ce ae Pa lm ei ra - ci cl o m éd io A lto 20 a no s A lim . (F ru to ) Pu xu ri Li ca ri a pu ch ur y - m aj or La ur ac ea e Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto 40 a no s M ed ic in al Sa m au m a Ce ib a pe nt an dr a M al va ce ae Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s M ad ei ra Sa pu ca ia Le cy th is u si ta ta Le cy th id ac ea e Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto >4 0 an os A lim . (F ru to ) Se ri ng ue ir a H ev ea b ra si lie ns is Eu ph or bi ac ea e Á rv or e - c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s Lá te x U ru cu m Bi xa o re lla na B ix ac ea e A rb us to - ci cl o cu rt o M éd io 15 a no s A lim . (F ru to ) Vi ro la Vi ro la s ur in am en si s M yr is tic ac ea e Á rv or e -c ic lo lo ng o A lto > 40 a no s M ad ei ra co nt in ua çã o 41 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico 1. Se a propriedade for próxima aos mercados consumidores, a recomendação é escolher espécies cujos produtos sejam mais perecíveis. Se for distante e de difícil acesso, a sugestão é optar por cultivos de maior durabilidade. 2. Defina como componente principal (carro-chefe) dos SAFs uma cultura que tenha mercado promissor e técnicas de produção bem conhecidas. Atenção 4.1 Escolha as lavouras temporárias Na escolha desses componentes, considere: • A tradição e a experiência com o cultivo agrícola; • O potencial econômico local e de valor alimentício; • Os efeitos de competição com as árvores plantadas por nutrien- tes, água e luz; • A tolerância à sombra; • Plantas que não sejam trepadeiras; • A característica de não ser hospedeiro de pragas e doenças; • As espécies que não causem danos físicos às árvores; e • A possibilidade de safra diferenciada, de forma a garantir o uso de mão de obra e a geração de renda em várias épocas do ano. 4.2 Escolha as espécies arbóreas e lavouras perenes Na escolha desses componente, devem ser considerados: • Conhecimento local da espécie florestal escolhida; • Valor comercial ou de aproveitamento local; • Efeitos de competição com os cultivos associados; • Uso múltiplo da espécie (produção de alimentos, de madeira, le- nha, frutos, fornecimento de serviços ambientais, como controle da erosão, fixação de carbono, entre outros); 42 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 • Tamanho e projeção de copa da árvore adulta; • Crescimento rápido; • Capacidade de rebrota; • Sistema radicular (raízes) não superficial; • Baixa exigência nutricional; • Baixa resistência ao ataque de pragas e doenças; • Possibilidade de safra diferenciada, de forma a garantir o uso de mão de obra, a geração de renda em várias épocas do ano; e • Tolerância às podas. 5. Defina as combinações Depois de definida a área de instalação dos SAFs e levantadas as espécies, é necessário realizar o planejamento paraa formação de combinações temporais (distribuição a partir do tempo) ou com- binações espaciais (distribuição em estratos de forma horizontal ou vertical). Combinações de componentes de SAFs em 3 estratos 43 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico 5.1 Planeje as combinações temporais No planejamento de combinações temporais, é preciso agrupar, de forma ordenada, os componentes (árvores e cultivos agrícolas) de acordo com a disposição e os ciclos de produção, levando-se em conta: • Os diferentes ciclos de crescimento das espécies (árvores e cul- tivos); • O tempo de duração da combinação entre os componentes (me- ses ou anos); • O espaçamento entre árvores e cultivos, para o adequado ma- nejo; e • O manejo dos componentes quanto às podas, controle de mato, adubação, entre outros. Adequação das datas de implantação dos componentes e as combi- nações podem dar origem aos seguintes tipos de SAFs: • SAFs simultâneos: implantação no mesmo período de tempo; • SAFs sequenciais: implantação de acordo com uma sequência no tempo de plantio entre os componentes. O componente arbóreo deve ser implantado sempre no início dos SAFs. Atenção 5.2 Planeje a distribuição espacial dos componentes No planejamento da distribuição espacial entre os componentes é necessário levar em conta: 44 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 • A distância entre as plantas escolhidas (espaçamento indicado para cada cultura); • A distribuição das plantas na área (misturadas com outros com- ponentes, plantadas em fileiras estreitas ou faixas distantes umas das outras); • A altura de cada componente (plantas crescendo lado a lado de- vem ocupar alturas diferentes); • A forma do sistema radicular (raízes) de cada espécie; • Os hábitos de crescimento; • A luz necessária para o desenvolvimento e produção de cada planta; • Os tratamentos culturais previstos; • A colheita da produção de cada componente; e • O comportamento da cultura no tipo de clima e de solo local. 1. Sempre que possível, adote os espaçamentos indicados para cada cultura. 2. O êxito do modelo dos SAFs escolhidos depende da correta combinação de seus componentes, com base nas condições edafoclimáticas (relação solo, planta e clima) e nas oportunidades de mercado. 3. A definição dos SAFs deve prever a distribuição dos seus componentes, em distância e densidade adequadas, respeitando a tolerância à sombra das culturas escolhidas, o que é fundamental para as intervenções de manejo, como capina, poda e outros. Atenção 45 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico 6. Prepare a base para o plantio dos SAFs A forma de implantação dos SAFs vai depender do estado da área selecionada, que pode ser uma gleba totalmente disponível ou outra onde alguma atividade está sendo desenvolvida. Para isso: • Introduza todos componentes em áreas sem uso atual; • Introduza componentes arbóreos em áreas agrícolas já estabe- lecidas; • Introduza componentes arbóreos e agrícolas em áreas já modifi- cadas ou abandonadas (capoeiras); • Caso as áreas estejam em uso, pode ou desbaste espécies para privilegiar aquelas de maior interesse; e • Enriqueça o sistema com espécies adaptadas à região. 6.1 Defina os espaçamentos nos cultivos Os espaçamentos devem ser considerados dentro e entre os cultivos, a depender do modelo escolhido dos SAFs, da arquitetura das árvores e da interação entre os seus componentes. Podem ser definidos com várias combinações diferentes entre as linhas e as mudas, recomen- dando-se adotar, sempre que possível, os indicados para cada cultura. Configuração do espaçamento em SAFs 46 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 6.1.1 Defina o espaçamento entre as árvores No caso de plantações de árvores madeiráveis, o objetivo é uma boa formação do fuste (parte do tronco que vai da base até o início da copa da árvore). Para isso, é preciso estabelecer um número maior de árvores com a intenção de realizar uma outra seleção das melho- res por meio do desbaste. Nos SAFs, o desbaste das espécies perenes deve ser conduzido precocemente para atingir a densidade próxima da desejada ao final do ciclo do sistema, já que o crescimento inicial é mais rápido. Atenção Espaçamento entre árvores no SAFs 47 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico 6.1.2 Defi na o espaçamento para espécies agrícolas As espécies agrícolas (culturas anuais e semiperenes) devem ser plantadas com o seu respectivo espaçamento, recomendado para plantio em monocultivos. 6.1.3 Faça o croqui (desenho) da área Com a defi nição do tipo de SAFs, das espécies a serem utilizadas e de seus espaçamentos, é necessário que o produtor faça um croqui do modelo a ser implantado. Croqui de um SAF a ser implantado no campo 17 m 12 m 10 m 5 m Pupunha Banana Essências fl orestais Abacaxi Cupuaçu 48 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 O croqui pode ser feito a mão livre. Atenção 6.2 Prepare o local de plantio 6.2.1 Faça a limpeza da área Para a implantação de SAFs, não é recomendável a utilização de áreas novas, que necessitem de derrubada e queima da vegetação original. É importante que sejam utilizadas as áreas disponíveis de capoeiras jovens, usadas como pastagens ou para produção de cultivos anuais, e também aquelas abandonadas ou em pousio. • Áreas de capoeiras jovens Nesse caso, deve ser feita a eliminação seletiva da vegetação, obje- tivando o enriquecimento com as espécies previamente definidas para os SAFs. Após as capinas da vegetação rasteira, se for o caso, o ideal é retirar parte da vegetação arbórea de menor porte ou não desejável, fican- do apenas aquelas plantas selecionadas para o sombreamento das mudas a serem plantadas. É fundamental consultar a legislação vigente sobre o manejo de capoeiras. Atenção • Áreas recém usadas como pastagens ou para produção de cultivos anuais Nesses casos, a limpeza da área vai depender da sua condição, poden- do variar da simples roçagem até o manejo da vegetação secundária. 49 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico É necessário fazer o controle de plantas que não sejam adequadas para o sistema. • Áreas alteradas (abandonadas e degradadas) 6.2.2 Faça a análise do solo a. Reúna o material • 2 baldes; • Trado; • Enxada; • Pá de corte; • Saquinhos plásticos; e • Papel e caneta para anotação. 1. Para fazer a análise do solo e obter a sua interpretação, consulte um agente da assistência técnica que atue na região. 2. Cada balde deve ser identifi cado com a profundidade da amostra, de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm. Atenção b. Divida a área em parcelas/ glebas ou talhões Cada tipo de solo tem suas particularidades, o que se identifi ca pela cor, vegetação, topografi a (alto, encosta e bai- xada), textura (duro, barrento e arenoso), entre outros. Exemplo divisão de área para coleta de amostras de solo 50 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 c. Escolha os pontos para amostragem Os pontos de amostragem do terreno onde se implantará os SAFs devem ser escolhidos em áreas homogêneas. Para cada área, retire apenas uma amostra composta. Áreas maiores do que 20 hectares (ha) não são consideradas homogêneas. Atenção Para a composição de uma amostra composta, em áreas homogê- neas, de até 4 ha, devem ser retiradas de 10 a 15 amostras sim- ples. Já para áreas entre 4 e 20 ha, é preciso extrair de 20 a 25 amostras simples. Para representar bem a área amostrada, é necessário fazer esse pro- cedimento em ziguezague. Não retire amostras embaixo de árvores, próximo a pocilgas, galinheiros, currais, formigueiros, cupinzeiros e em locais com fezes frescas ou secas de animais. Atenção d. Limpe o solo antes da coleta Em cada um dos pontos de coleta, raspe o solo com a enxada, reti- rando vegetação, folhas e pedras. 51 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico Quandoa área for uma capoeira, mantenha os mesmos cuidados com a seleção dos pontos de amostragem, inclusive evitando a coleta embaixo de árvores. Atenção 52 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 e. Faça a amostragem de 0 a 20 cm Depois de introduzir o trado até 20 cm de profundidade, retire a amostra, colocando-a em um balde com identificação (0 - 20 cm). f. Faça a amostragem de 20 a 40 cm • Introduza o trado de 20 a 40 cm, retire a amostra e a coloque no balde identificado (20 – 40 cm); • Repita essa operação em cada ponto de amostragem. A depender da espécie a ser implantada, a amostragem do solo pode ser estendida para a profundidade de 40 a 60 cm. Atenção 53 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico g. Obtenha a amostra composta • Uniformize as amostras simples Para formar as amostras com- postas, faça a mistura (unifor- mização) das amostras sim- ples, que se encontram nos baldes. Envie essa amostra ao laboratório. A amostra composta deve ser formada para cada uma das profundidades de 0 a 20 cm e de 20 a 40cm, obtendo-se, assim, 2 amostras compostas por cada parcela/gleba ou talhão. Atenção h. Retire a amostra composta do balde Retire do balde de 1 a 2 kg da amostra composta e a coloque num saco plástico bem limpo, amarrando-o. 54 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 i. Identifique a amostra composta Em etiqueta própria, identifique a amostra composta com: • Nome do produtor; • Endereço; e • Número da parcela/gleba ou talhão e a profundidade de coleta (0 – 20 cm ou 20 a 40 cm). j. Envie ao laboratório 1. Para a interpretação do resultado da análise de solo e recomendação das correções necessárias, consulte um agente de assistência técnica. 2. Para as correções recomendadas, faça a amostragem pelo menos 2 meses antes do plantio. Atenção 6.3 Faça a calagem A calagem deverá ser feita com a aplicação de calcário dolomíti- co, o qual, além de corrigir a acidez, eleva os teores de cálcio e magnésio no solo. 55 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico 1. Para a interpretação do resultado da análise de solo e recomendação das correções necessárias, consulte um agente de assistência técnica. 2. Para as correções de acidez, faça a amostragem pelo menos 2 meses antes do plantio. Atenção Aplicação dos corretivos de forma Aplicação dos corretivos de manual, com auxílio de um dosador forma mecânica 7. Adquira as mudas Ao adquirir as mudas, é necessário que o produtor se certifique de que são oriundas de matrizes de boa qualidade genética e que este- jam sadias, robustas e aclimatadas, ou seja, adaptadas aos locais de plantio, sendo a pleno sol, meia sombra ou sombra total. 56 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 1. As mudas devem ser encomendadas e/ou produzidas com antecedência. 2. Devem ser adquiridas de preferência, de locais próximos às áreas de plantio. Grandes distâncias encarecem o transporte e, frequentemente, prejudicam a qualidade das mudas. 5. As mudas devem ser adquiridas de viveiros credenciados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA. 6. As mudas devem ser adquiridas já “rustificadas” (aclimatadas), ou seja, em condições para imediato plantio em local definitivo. 7. Caso não seja possível plantá-las de imediato, devem ser irrigadas e mantidas em condições climáticas semelhantes às de campo. Atenção 8. Controle as pragas 8.1 Faça o controle de formigas Em SAFs, as formigas são as principais pragas, uma vez que atacam constantemente as plantas em qualquer fase de desenvolvimento, representando a maior parte dos custos com esse tipo de controle. As principais espécies de formigas cortadeiras, com ocorrência na Amazônia, são apresentadas no Quadro 5. 57 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico Quadro 5 - Principais espécies de formigas cortadeiras com ocorrência na Amazônia Espécies Nome comum Ocorrência Atta cephalotes Saúva da mata AM, AP, MA, PA, RO e RR Atta laevigata Cabeça de vidro AM, MA, MT, PA e RR Atta sexdens Saúva limão do norte AC, AM, AP, MA, MT, PA, RO e RR Acromyrmex laticeps Quenquém campeira AM, MA, MT, PA e RO Acromyrmex octospinosus Quenquém da Amazônia AM, PA e RO Acromyrmex rugosus Formiga mulatinha MA, MT e PA Acromyrmex subterraneus subterraneus Quenquém mineira AM e MT Para evitar a ação das formigas cortadeiras, o produtor pode fazer uso dos seguintes métodos de controle: • Mecânico Este método de controle pode ser feito de várias maneiras. Em formi- gueiros jovens, de até quatro meses, é possível escavar procurando a rainha para matá-la ou usar a aração e gradagem. Também pode usar barreiras para evitar que as formigas subam nas plantas, com cones plásticos invertidos nos troncos das árvores, tiras plásticas co- bertas com graxa ou vaselina ao redor do tronco ou gel adesivo. • Cultural Este método consiste no plantio de gergelim, capim braquiarão, ma- mona ou batata-doce nas bordas da cultura a ser protegida. • Biológico Realizado por aves, durante a revoada; por tatus, que escavam for- migueiros para se alimentarem das formigas e fungos; ou pelo uso de faixas de vegetação nativa entre as culturas, uma vez que, na ve- getação nativa, ficam abrigados os inimigos naturais das formigas, inclusive as aves. 58 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 • Por resistência de plantas Existem evidências de que algumas espécies de um mesmo gênero são mais resistentes do que outras ao ataque de formigas – situação observada, principalmente, entre espécies de eucalipto. Importante verificar isso também entre as nativas. • Químico Para o controle químico, a recomendação é o uso de iscas, de ter- monebulização ou aplicação de formicidas em forma de pó seco. Por ser mais prático, barato e seguro, a isca formicida é o método mais utilizado para o controle. Isca formicida distribuída no campo A quantidade de isca formicida a ser usada em cada formigueiro deve ser calculada, multiplicando-se a dosagem recomendada pelo fabricante do formicida (geralmente de 6 a 10g) pela área ocupada pela terra solta do formigueiro (em metros quadrados). 59 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico 8.1.1 Conheça os métodos de cálculo da área do formigueiro São dois os métodos de cálculo da área do formigueiro: da área total de terra solta e da área estratificada. Para fazer o controle do formigueiro, recomenda-se consultar um agente da assistência técnica que atue na região. Atenção • Método da área total de terra solta Esse método é mais prático por utilizar menos mão de obra, embora consuma mais isca. Atenção É executado multiplicando-se o maior comprimento do formigueiro (CD) pela maior largura (AB) da área ocupada pelos montículos de terra solta, conforme indicado na figura a seguir. A C D B Olheiros e montículos de terra solta 60 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 Exemplo de cálculo de quantidade de isca pelo método da área total de terra solta: Área formigueiro (m2) = CD x AB Área do formigueiro = 7 m de comprimento (CD) X 5m de largura (AB) = 35 m² Total de isca = área do formigueiro x quantidade de isca Total de isca para a área de 35 m² do formigueiro = 6 g (quantidade mínima de isca/m²) X 35 m² = 210 g de iscas. Portanto, para um formigueiro de 35 m², serão utilizadas 210 g de iscas. • Método da área estratificada Existem diversas variações desse método. A mais empregada consi- dera cada monte de terra solta como um formigueiro. A área total do formigueiro é a soma das áreas individuais de cada monte de terra solta. Olheiros e montículos de terra solta Multiplicando-se a área total do formigueiro, obtida por qualquer um dos dois métodos, chega-se à quantidade total de isca a ser usada na área. 61 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico 1. A quantidade de isca deve ser dividida pelo número de olheiros(buracos) mais ativos e aplicada a 20 cm destes ou ao lado dos carreiros (trilhas) mais ativos. O objetivo é aumentar a velocidade de transporte e a eficiência do controle. 2. Nunca coloque a isca dentro do olheiro ou sobre o carreiro. Se isso for feito, as formigas podem devolver o produto para desobstruir o canal ou limpar a trilha. Atenção 8.1.2 Saiba como fazer o combate com uso das iscas formicidas a. Conheça as etapas de uso da isca O controle do formigueiro com o uso de iscas formicidas deve ser realizado em três etapas: controle inicial, repasse e rondas, e pode ser realizado pelo combate localizado ou sistemático. • Controle inicial O primeiro controle de formigas deve ser feito 60 dias antes do plan- tio, com o objetivo de facilitar a localização dos olheiros. A dosagem da isca granulada dependerá do tamanho dos formiguei- ros e das informações contidas na bula do fabricante. 1. Nunca coloque a isca dentro do olheiro ou sobre a trilha ou carreiro. Se isso for feito, as formigas podem devolver o produto para desobstruir o canal ou limpar a trilha. 2. Para um combate eficaz, o produtor deve estender o controle para até 100m além da borda da área a ser plantada. Atenção 62 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 Durante a aplicação do formicida, o operador deve usar os EPIs, como luvas de borracha, óculos de proteção, máscara, botas ou botinas com perneiras, boné árabe ou chapéu de aba larga, camisa e calça compridas. Precaução • Repasse O repasse consiste na revisão do controle inicial e deve ser realizado 45 dias antes do plantio da área. • Rondas A partir do repasse, é necessário que o produtor faça o monitora- mento da área. Por diminuir os custos e incorporar benefícios am- bientais, ao levar ao campo um menor uso de produtos químicos, trata-se de uma prática que vem se ampliando a cada dia. Para a realização das rondas de monitoramento, é importante que o produtor divida a sua área de plantio de SAFs em blocos, também chamados de parcelas, talhões ou glebas. As avaliações devem ser feitas por blocos. Para cada bloco são pro- gramadas rondas em intervalos semanais no primeiro mês após o plantio, quinzenais nos dois meses seguintes, mensais por mais qua- tro meses e anuais nos SAFs com mais de um ano. Para aplicação das iscas granuladas, consulte um agente da assistência técnica da região para a obtenção de receituário agronômico e das orientações necessárias. Atenção 63 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico b. Conheça a forma do combate • Combate localizado Percorra toda a área, aplicando a isca ao lado dos carreiros. Combate localizado • Combate sistemático Consiste na distribuição do formicida na área de plantio, indepen- dentemente da localização dos formigueiros. Nesse método, a isca é distribuída em dosagem única por metro quadrado de área de plan- tio (geralmente de 6 a 10 g). Apesar de ser um método prático, dependendo da situação, pode gastar mais iscas. Atenção 64 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 8.2 Faça o controle de cupins Os cupins são insetos mastigadores – daninhos tanto às plantações florestais quanto às agroflorestais. Em geral, atacam o colo, o caule e as raízes das plantas causando o murchamento e o secamento das folhas. Os danos obrigam o produtor a investir mais recursos com o replantio, o que gera um aumento no seu custo de produção. No Brasil, existem quatro famílias de cupins, constituídas em três grupos: • Cupins que vivem no interior do tronco das árvores ou de ma- deiras tratadas, não entrando, portanto, em contato com o solo; • Cupins que constroem seus ninhos nos troncos das árvores ou em paus podres. Ao contrário do grupo anterior, se comunicam com o solo por meio de galerias (locais por onde saem em busca de alimento, voltando depois para o ninho); e • Cupins que vivem em ninhos feitos no chão e que se alimentam de húmus. 8.2.1 Conheça os tipos e as principais espécies de cupins • Cupins subterrâneos - Heterotermes tenuis e H. longiceps são os cupins que fazem ni- nhos subterrâneos, provocando danos às raízes, ao colo e ao caule e prejudicando, assim, o desenvolvimento das plantas. Também atacam o cerne da planta, provocando perda de ma- terial lenhoso; e - Synterms molestus, S. obtusus e S. insidians, espécies que, apesar de fazerem ninhos subterrâneos, exercem o forrageamento das folhas (seleção, corte e transporte de material) e o roletamento do caule na altura do coleto, prejudicando, desse modo, o desenvol- vimento da planta. 65 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico • Cupins de montículo - Cornitermes cumulans e C. bequaerti são aqueles que constroem ninhos em montículos, cuja altura varia entre 50 e 100 cm, dificul- tando os tratos culturais e o manejo da área. Com relação ao con- sumo de plantas, é um cupim de importância maior no início da implantação da cultura, podendo reduzir a área plantada. Quan- do as plantas já estão bem desenvolvidas, causam pouco dano. • Cupins de cerne Os cupins de cerne Coptoterme testaceus constroem seus ninhos sub- terrâneos, geralmente com uma conexão com a madeira. Trata-se de uma espécie que ataca árvores, instalando suas colônias no interior de seu cerne, causando perda do material lenhoso. Além disso, as plantas perdem sua resistência e se quebram com a ação de ventos fortes. • Cupins de árvores Muitas espécies de cupins constroem seus ninhos nas árvores. Mes- mo em comunicação com o solo, é por meio de túneis que descem pelo tronco da árvore onde construíram sua morada. No Brasil, 66 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 algumas espécies de Nasutitermes têm a tendência de construir ni- nhos em galhos de árvores, mourões ou postes. Não são muitas as informações a respeito do comportamento e biologia das espécies pertencentes a esse gênero. 8.2.2 Faça o monitoramento da infestação de • Cupins subterrâneos Para o controle desses cupins, usa-se como ferramenta inicial o mo- nitoramento da infestação, que deve ser feito por meio de amostra- gem antes e depois do plantio. 67 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico • Amostragem antes do plantio (pré-plantio) a) Reúna o material; • Papelão ondulado (corrugado); e • Papel e caneta. b) Divida a área de plantio em parcelas de 50 x 50 m (2.500 m2) com, pelo menos, duas linhas de plantio contidas na parcela; c) Enterre, no centro de cada parcela, pelo menos 30 dias antes do plantio, um rolo de papelão corrugado (term trap); d) Realize, pouco antes do plantio, a contagem dos ninhos de cupim subterrâneo (montículos de terra solta) em cada parcela; e) Desenterre o papelão e conte o número de cupins que fica- ram aderidos; f) Anote, no mapa de parcelas, nota 1 para aquelas que tive- rem mais do que 1 ninho de cupim subterrâneo ou mais do que 10 cupins por papelão e nota 0 (zero) para as demais par- celas; e 68 COLEÇÃO SENAR • Nº 199 g) Trate as mudas a serem plantadas nas parcelas que recebe- ram nota 1, com calda cupinicida. Para preparar a calda cupinicida consulte um agente da assistência técnica e obtenha o receituário agronômico. Atenção • Amostragem depois do plantio (pós-plantio) Essa amostragem é realizada durante as rondas de monitoramento, depois do plantio: a. Selecionar, ao acaso, 3% das linhas de plantio; b. Contar, em cada linha, o número total de mudas e o número de mudas atacadas; e c. Calcular a porcentagem de mudas atacadas. Conte o número de mudas atacadas, dividindo-o pelo total de mudas plantadas e multiplicando o resultado por 100. Exemplo: Calcular a porcentagem (%) de mudas atacadas, considerando: Total de mudas (TM) = 500 Número de mudas atacadas (NA) = 60 % de mudas atacadas = (NA ÷ TM) X 100 = 60 x 100 = 0,12 x 100 = 12 500 A % de mudas atacadas é igual a 12%. 69 Sistemas Agroflorestais (SAFs): conceitos e práticas para implantação no bioma amazônico d. Realizar
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