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Bianca Fernandes Luiz – T8 Mutação e polimorfismo Mutação ● Mutação ocorre apenas no DNA (No RNA e na proteína é a consequência da mutação do DNA) ● Acontece quando a célula está em processo de replicação, na fase S do ciclo celular ● A DNA polimerase pode inverter a base, e causar uma mutação Erros de replicação do DNA ● Há uma série de enzima de reparo de DNA um processo denominado revisão do DNA (proofreading) → 99,9% desses erros são corrigidos ● Além dos possíveis erros aleatório durante a replicação, as células humanas podem ser danificadas devido a processos químicos do ambiente como: exposição à radiação ultravioleta, vírus e bactérias, cigarro, álcool, resíduos de pesticidas, processos inflamatório, estresse → aumentam as chances dos erros acontecerem ● Na genética médica, existem 5.000 genes em que as mutações são atualmente conhecidas por causar uma doença ou qualquer característica discernível ● Se uma mutação acontecer na região de íntrons, não chega na proteína → é mais uma “chance” ● Mutação pontual → ocorre em um único ponto. Por exemplo: trocou UCA por ACA, e ao invés de formar LEU, formou TRE ● A mudança de um nucleotídeo em um RNAm configura o resultado de uma mutação ● Mas a mudança pode não alterar o aminoácido (mutação silenciosa). Por exemplo: trocou GCU por GCG, o resultado ainda continua sendo alanina → a mutação aconteceu, mas nada mudou, foi silenciada Tipos de mutação ● Mutação silenciosa - É quando ocorre uma substituição de base no DNA, mas que não ocasiona a troca de um aminoácido - O número total de bases não muda - Nesse caso, a mutação ocorreu no DNA, mas não alterou o aminoácido e, consequentemente, a proteína ● Substituição de base - Quando a SUBSTITUIÇÃO da base no DNA ocasiona a troca de um aminoácido, é denominada mutação com sentido trocado ou incorreto (missense). A substituição do aminoácido na cadeia polipeptídica pode levar a uma proteína alterada, com redução/perda ou ganho da sua atividade biológica, ou pode acarretar também uma proteína semelhante à normal, sem qualquer efeito funcional (neutra). - Ex.: intolerância à lactose → há muito tempo atrás, os humanos deixavam de produzir a enzima lactase após os primeiros anos de vida. De forma aleatória, indivíduos com uma mutação na região promotora do gene LCT (ligado a produção de lactase) produziam lactase na fase adulta. Quem conseguia digerir leite tinha um ganho de função, uma vantagem evolutiva e rapidamente esse novo alelo ficou mais Bianca Fernandes Luiz – T8 frequente na população (hoje 98% da população) - Se a SUBSTITUIÇÃO de base no DNA fizer surgir um dos três códons terminais (UAA, UAG e UGA), finalizando prematuramente a síntese proteica, ela se chama mutação sem sentido (nonsense). Na maioria dos casos, a cadeia polipeptídica é encurtada e provavelmente não conserva sua atividade biológica normal. ● Sem tradução - Se a substituição de base no DNA ocorrer no códon de reconhecimento do início da transcrição (AUG), a síntese da proteína nem irá começar, pois precisa de AUG para a iniciação ● Inserção de base - Quando há a inserção de base, também ocorre a alteração no quadro de leitura. Ou seja, todos os códons subsequentes a adição podem ser alterados. As consequências variam conforme o nível de mudança de proteína - Todos os seguintes códons são alterados ● Deleção de base - Quando há deleção de base, ocorre a alteração no quadro de leitura. Ou seja, todos dos códons subsequentes a deleção podem ser alterados. As consequências variam conforme o nível de mudança na proteína INDELs ● As INserções e DELeções recebem o nome de INDELs e podem variar de um único par de base até aproximadamente 1.000 pb ● São adições ou perdas de uma ou mais bases consecutivas na sequência do DNA ● Mais de um milhão de INDELs têm sido descritas, na casa de centenas de milhares em qualquer genoma individual ● Os INDELSs estão em sua maioria em regiões não codificadoras. Isso é esperado, uma vez que quando ocorre seu efeito é raramente silencioso ● Doenças como Huntington, deficiência mental determinada pelo X frágil e distrofia miotônica são exemplos do efeito da amplificação ou expansão de trinucleotídeos (repetições em tandem) Bianca Fernandes Luiz – T8 Polimorfismo ● Um DNA mutado, gera um RNAm mutado que pode gerar uma proteína mutada ● Nem todas as mutações alteram o fenótipo, mas todas podem ser observados no nível molecular (análise da sequência). A mutação é associada a doenças de caráter genético, mas é necessário entender que mutações geram variabilidade genética ● A variabilidade na espécie humana é de 0,1% ● Variabilidade genética → derivado da mutação ● Na peste bubônica, a variabilidade genética da população e a seleção natural manteve apenas os indivíduos que possuíam resistência a bactéria ● As mutações são uma das fontes de criação da variação genética. Dentro de uma população, raramente existe uma única forma alélica para cada lócus ● Polimorfismo → várias formas de variação genética → provavelmente o lócus é igual, no entanto, a sequência presente nesse locus não ● Existem 4 fenótipos para os tipos de sangue, 3 alelos e 6 genótipos ● Quando na população existirem formas alélicas com frequências superiores a 1%, o lócus passa a ser considerado polimórfico. Nos casos em que a frequência do alelo mais comum é igual ou maior que 99%, não se considera a presença das outras formas alélicas como significativa e o lócus é denominado de monomórfico (presença de apenas uma forma alélica) ● Existem alguns locus que não mudam entre nós, por exemplo: existe uma região, onde há o gene 16s, que é muito conservado, ou seja, é igual em praticamente 100% da população mundial, pois quando esse gene sofre mutação, a mitocôndria para de funcionar e sem mitocôndria não vivemos, portanto, a pessoa morre ou nem nasce ● A frequência alélica pode ser bem diferenciadas entre certas populações, principalmente se oriundas de diferentes grupos geográficos ● O polimorfismo mais comum é gerado pela mutação de um único nucleotídeo, chamado de Single Nucleotide Polymorphism (SNP) ou polimorfismo de nucleotídeo único. Há cerca de 1.42 bilhões de SNCs no genoma humano → para ser um SNP precisa acontecer em uma única base e em pelo menos 1%. Caso aconteça em menos de 1% é chamado de variante Marcadores genéticos ● Polimorfismos podem ser marcadores genéticos. Ou seja, marcas no DNA de uma pessoa que podem ser rastreadas por sequenciamento genético e inferir sobre a probabilidade de serem portadores de doenças ou explicar características únicas do seu metabolismo → é algo que fica marcado no DNA, sendo diferente de outros ● Estudos no genes MTHFR (metilenotetrahidrofolato redutase), que codifica uma enzima envolvida no metabolismo do ácido fólico. O polimorfismo (SNP) nesse gene resulta na substituição do aminoácido alanina por valina, elevando a concentração plasmática de homocisteína e o declínio dos níveis de folato plasmáticos (diminui a função da enzima), estando associados com aumento do risco para o desenvolvimento de câncer coloretal e mama → essa marca é um SNP → percebeu o que tinha em comum nessas pessoas com câncer e o que disso era Bianca Fernandes Luiz – T8 diferente das pessoas sem câncer (marcador genético) Expressão gênica ● A expressão de um gene é como acender uma lâmpada. O gene é a lâmpada e quando ativo produz a proteína (luz) ● O interruptor é o que condiciona se o gene está ON ou OFF ● Por vezes o organismo precisa mais que ligar ou desligar um gene, ele precisa controlar a intensidade da expressão do gene. Ou seja, produzir a proteína conforme a necessidade do corpo naquele momento ● O gene SOST (junto com outros genes) é um exemplo de gene associado a formação óssea ● O gene SOST está presente nos humanos e morcegos, mas há diferença no controle da intensidade da expressão do gene SOST. Epigenética - Como é o controle de todos esses genes? ● Esse controle da intensidade da expressão do gene é estudada pela epigenética ● A epigenética é umconjunto de mecanismos bioquímicos que modificam a leitura e, consequentemente, a expressão dos genes. Ou seja, todo o código genético (DNA) está igualmente presente em todas as células nucleadas, mas em cada tipo de célula (tecido) há uma programação diferente → prova ● A célula do meu fígado possui o mesmo DNA da célula do meu rim, no entanto, elas possuem funções diferentes devido a especialização, que é gerada através da epigenética ● O zigoto é uma célula tronco totipotente e pode formar qualquer célula, incluindo tecidos extraembrionários, como é o caso da placenta ● Uma célula-tronco é uma célula não programada, ou seja, capaz de receber uma programação para se tornar qualquer célula especializada ● Do zigoto, por mitose, geram 2 células-filhas que continuam se dividindo. Durante as sucessivas divisões se inicia um processo de especiação, ou seja, as células começam a ser programadas para se tornarem células específicas como uma célula do intestino ou uma célula da fibra cardíaca ● Mesmo quando adultos, com todas as células já programadas, ainda temos células-tronco (células não programadas), mas na versão células-tronco multipotentes ● Essas células são capazes de diferenciar apenas alguns tipos celulares. Células do tecido hematopoiético são capazes de formar diferentes tipos celulares sanguíneos ● Por definição epigenética programa uma célula para determinar a sua especialidade (função), sem alterar nenhuma base nitrogenada (ACTG) ● Não poderíamos então simplesmente pegar algumas células jovens da epiderme e reprogramar ela para ser uma célula neuronal e colocar ela na medula óssea para substituir um rompimento que causou uma tetraplegia? - O japonês Shinya Yamanaka, ganhador do Nobel de 2023, conseguiu a partir de uma célula já especializada remover todas as marcas epigenéticas, fazendo com Bianca Fernandes Luiz – T8 que ela retornasse ao seu estágio embrionário - Ao final do experimento ele isolou apenas quatro genes principais envolvidos no processo da epigenética. O problema é que um desses genes é o C-MYC, gene conhecido dos processos cancerígenos e um potente regulador do ciclo celular → “Para reverter ao começo passamos perigosamente perto do fim” Mecanismos de regulação epigenética - Metilação ● Metilação: um radical metil (-CH3) se acopla a região promotora do gene (ou genes) e impede sua expressão → impede a transcrição → impede a produção de RNA mensageiro ● O primeiro mecanismo epigenético é a metilação ● Pense no CH3 como interruptor, a presença dele na região promotora (sítios CpG) impede que a RNA polimerase faça a transcrição (silenciamento gênico) e, consequentemente, não gerando a proteína. Já se a metila for retirada, o gene pode passar pela transcrição para gerar uma proteína → isso auxilia no silenciamento do gene ● Ausência de Ch3 → têm síntese ● Presença de Ch3 → não têm síntese Modificações nas histonas: histonas impedem o acesso ao gene ● A cauda da histona, quando acetilada, resulta na abertura da cromatina na região gênica; permitindo que fatores de transcrição acessem o DNA e sintetizem o RNAm. O contrário também ocorre, regiões em que a cauda é desacetilada leva a compactação da cromatina, impedindo a transcrição. → impede a produção do RNA mensageiro RNAs não codificantes (RNA de interferência): entre os fatores epigenéticos esse é o que ainda menos entendemos como funciona ● Mecanismo pós transcricional, o que difere dos dois mecanismos anteriores ● A ação de RNAs não codificadores está relacionada ao silenciamento pós-transcricional de genes através do mecanismo de RNA de interferência, em que ocorre o bloqueio da tradução ou degradação do RNAm alvo. Os siRNA também podem estar associados ao processo de metilação de sequências do DNA ● Os macacos possuem similaridade genômica de 98,8% entre os exons de cromossomos autossômicos ● Mudanças na regulação gênica desempenham um grande papel para fazer os humanos e chimpanzés diferentes um do outro. Por exemplo, algumas regiões de DNA que estão presentes no genoma do chimpanzé mas ausentes no genoma humano contém sequências conhecidas de regulação gênica que controlam quando, onde ou quão fortemente um gene é expresso Epigenética um processo dinâmico ● Ao contrário do DNA, que tende a ser sempre o mesmo ao longo da nossas vidas, os processos de regulação epigenéticos são dinâmicos. A dinâmica epigenética é necessária pois ela permite que influências externas como: estresse, calor, frio, fome, alterem a síntese de proteínas. Digamos Bianca Fernandes Luiz – T8 que seu organismo precise se adaptar a certa variação de temperatura. Suas células ativam certos genes e desativam outros, são marcadores epigenéticos que fazem esse serviço. Epigenética permanente X transitória ● O pâncreas nunca produz etanol desidrogenase, ou seja, o gene esta permanentemente silenciado. Já o gene da insulina é ativo, mas não o tempo todo! A sua expressão é condicionado ao aumento da glicemia, assim como a redução da taxa glicêmica desativa o fator epigenético que novamente impede a síntese ● O que impede a lâmpada de acender é o interruptor (metil), a lâmpada (gene) e a energia (ATP) estão presentes para realizar a tarefa ● Estudo em ratos que testa se ácido valproico e tricostatina podem alterar a epigenética da expressão da insulina. Ou seja, quem não tem mutação do gene, mas não expressa o gene (não produz insulina). A medicação induziria a produção de insulina e o diabético não precisaria de insulina exógena. Estudo ainda não foi capaz de provar essa eficiência. Herança epigenética ● Os cromossomos nucleares e mitocondriais são herdados de forma física, ou seja, o DNA (ACTG) é transmitido dos pais (DNA nuclear) e materno (DNA mitocondrial) para os filhos. Já a programação epigenética são marcas bioquímicas de herança ainda não totalmente compreendida ● “Normalmente, marcas epigenéticas são apagadas e reprogramadas durante a meiose e durante a formação do zigoto, porém, elas também podem persistir no organismo e serem herdadas juntamente com o DNA através de gerações” ● Estudos mostram que pessoas que passaram por um trauma podem ter descendentes naturalmente estressados por causa disso. Note que não houve mutação nos genes, ou seja, não houve mudanças nas bases do DNA. Apenas mudanças bioquímicas que ocasionaram alterações epigenéticas e essas foram passadas aos seus descendentes ● “A redução do cuidado materno logo após o nascimento pode alterar a expressão de um gene, do receptor de glicocorticóides no hipotálamo da prole, resultado em ratos adultos com alta expressão de estresse”. A herança que trazemos dos nossos ancestrais vai além do DNA que recebemos deles
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