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CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO - NATALIA OLIVEIRA RODRIGUES

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CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO – PROF. RUY ANDRADE – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 1 
 
CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO 
POR: NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 
1) Introduções e noções gerais: 
. Empresário individual atua em nome próprio. 
. OBS: A condição de empresário não depende do registro perante a JUCEB. 
 . Tal fato só declarou a condição de empresário e recebe o CNPJ. 
 . O fato do empresário ter CNPJ não o torna PJ (assim como o condomínio, que é um 
ente despersonificado). 
. Quando um empreendedor precisa de dinheiro: 
 . Vai ao banco. 
 . Admite um sócio. – Cotas ou ações (percentual, direitos relativos a esse negócio) 
e eu sócia ganharei dinheiro. – Isso gera lucro, poder. 
. Lucro é direito de participar do resultado do negócio. Logo, se o 
negócio não deu resultado, não há lucro. 
. Tipos de empréstimo: 
 . Mútuo. – Empréstimo de bem fungível. 
. Quando é mútuo de DINHEIRO (empréstimo de dinheiro à juros) chama-se 
de FEDERATÍCIO. 
 . O banco cobra de volta juros 
 . Comodato. 
. Contrato de sociedade = partilha o risco = logo em contrato de alto risco é o mais 
indicado. 
 . O contrato de sociedade tem um caráter aleatório, isto é, a contraprestação é 
variável, depende da aferição de lucro pelo negócio. 
 . É também feneratício = uma subespécie de contrato de mútuo, que consiste em 
empréstimo de dinheiro com a cobrança de juros. 
. O CC/02 estipula um limite de taxa de juros, objetivando inibir os mútuos 
feneratício usurários, como a agiotagem, que cobram taxas de juros 
superior à taxa legal. 
. Negócio altamente rentável = melhor fazer empréstimo = pois, a rentabilidade muito 
grande perante o pré-fixado pelo banco é uma parcela menor/inferior. 
2) Entendendo a estrutura do negócio: 
 CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO – PROF. RUY ANDRADE – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 2 
 
A) Empreendendo individualmente: 
. Uma pessoa pode empreender sozinha, atuando como uma pessoa física. 
. O empresário pessoa física seria aquele tratado pelo art. 966 do Código Civil: 
“considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica 
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. 
. Esse empresário contrata, pessoal e diretamente (ou através de preposto) 
eventuais trabalhadores. 
. Se houver necessidade de financiamento, o empresário contratará diretamente 
com o banco. No momento em que se necessita de suprimentos, o empresário vai ao 
fornecedor e os compra. A nota fiscal sairá em nome do empresário, mas o nome emitido 
na nota poderá seu nome como pessoa natural ou o nome empresarial. O empresário 
individual pode possuir CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. 
. No momento em que o empresário individual passa a ter CNPJ, ela não se torna 
uma pessoa jurídica. Apesar de possuir CNPJ, o empresário individual continua sendo uma 
pessoa natural que empreende em nome próprio: ainda que ela use o seu nome comercial, 
o contrato é assinado em nome próprio. 
. Financiando o negócio: 
. Contrato de Comodato - contrato de empréstimo a título gratuito 
. Contrato de Mútuo - contrato de empréstimo a título oneroso 
. Indicado quando o negócio há grande rentabilidade, já que se houvesse sócio teria 
que se dividir a renda. Do ponto de vista de risco, neste caso, é melhor assumir o risco 
individual e não ter um sócio. 
. Microempreendedor Individual (MEI) é um tipo especial de regime jurídico para 
empresário individual e,desde que a pessoa preencha os requisitos necessários para se 
enquadrar no MEI, é regida sob um regime tributário mais vantajoso. O MEI somente 
poderá ter uma pessoa trabalhando a seu serviço e ganhar o piso ou o salário mínimo, 
além de estabelecer um teto de faturamento. Após exceder este faturamento, o 
empresário já se enquadra em outro regime tributário. 
. O empresário individual assume obrigações com a integralidade do seu patrimônio, 
responde com pessoalidade. 
B) Empreendendo com sócio: 
. No ramo do Direito Societário, existem alguns pontos importantes que devem ser 
observados no momento da formação de uma sociedade. Por vezes, para os investidores 
é importante possuir um percentual da empresa que lhes garanta o controle da mesma. 
Indicar explicitamente o desejo de controlar uma empresa, todavia, não é tão interessante 
para os investidores, pois o empresário que busca o investimento também possui a 
preocupação em manter o controle da empresa. O valor do investimento é algo que 
 CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO – PROF. RUY ANDRADE – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 3 
 
preocupa tanto o investidor quanto o empresário que busca o investimento. O que cada 
investidor tem a oferecer pessoalmente também é importante na negociação. 
C) Empreender em sociedade X realizar um empréstimo: 
. Na hipótese de uma empresária individual passar a admitir sócios, a pessoa deixa de ser 
empresária, para a ser sócia - sociedade empresária 
. A escolha de empreender em sociedade ou empreender sozinho através de um 
empréstimo, envolve questões políticas e financeiras. Quando alguém empreende em 
sociedade, há a divisão de prejuízos e lucros, ou seja, o risco é dividido. Se haverá a divisão 
de riscos, é preciso que o sócio possua dinheiro. É preciso observar ainda a experiência 
do sócio, bem como se ele possui um know how próprio do negócio ou de business. É 
preciso confiar no sujeito que será sócio da empresa. Quando se escolhe empreender em 
sociedade, há a divisão dos lucros e prejuízos, enquanto no empréstimo há o pagamento 
da parcela mensal e dos juros e, havendo prejuízo ou lucro, ele será suportado 
individualmente. Na sociedade, os lucros sempre serão divididos, enquanto no 
empréstimo há um termo final. Algumas perguntas precisam ser respondidas para se 
descobrir se é mais vantajoso empreender em sociedade ou realizar um empréstimo e se 
manter empresário individual. A primeira pergunta a ser feita é se há a necessidade de 
alguém para trabalhar junto ou se é possível manter o negócio sozinho. Depois deve-se 
analisar se essa pessoa considerada importante para o desenvolvimento do negócio pode 
ser paga como empregado da empresa. Deve-se realizar o exame de viabilidade do 
negócio, a fim de analisar se a probabilidade de sucesso do negócio é alta ou baixa – se a 
probabilidade de sucesso for alta, prende-se para o empréstimo. Um outro ponto que deve 
ser analisado é o poder de influência do sócio no mercado. Em relação ao empréstimo, é 
importante observar a taxa de juros. Imagine-se que um negócio precisa de R$400.000,00 
e o empresário já possui R$200.000,00. Para obter os outros R$200.000,00, o empresário 
tem a opção de buscar um empréstimo ou procurar um sócio. Se a opção for pela 
sociedade, o sócio possuirá 50% da empresa. Se a opção for pelo empréstimo, o 
empresário continua com 100% da empresa e com os riscos. Suponha-se que a taxa de 
juros seja de 2% ao mês – o valor a ser pago mensalmente a título de juros seria 
R$4.000,00. Se o negócio gera um lucro de R$10.000,00 no mês, é melhor optar pelo 
empréstimo, pois nesse caso, fica-se com R$6.000,00, após o pagamento do que é devido 
ao banco, enquanto que na sociedade haveria o pagamento de R$5.000,00 ao sócio. Se o 
lucro mensal da empresa fosse R$8.000,00 ainda valeria mais a pena a realização do 
empréstimo, pois empréstimo tem termo final fixado, mas a divisão de lucros não. 
3) Constituindo uma pessoa jurídica: 
A) Organização e separação de patrimônio individual: 
. Patrimônio individual x patrimônio da empresa. 
B) Questão sucessória: 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 4 
 
. No momento em que o empresário pessoa natural morre, é possível que ocorra uma briga 
sucessória. Os herdeiros irão brigar no processo de inventário e, no processo de 
inventário ocorrerá a partilha. O problema é que o negócio irá ser desfeito, pois cada 
herdeiro ficarácom uma parte do negócio. 
. Quando há uma pessoa jurídica, o negócio pode ser mantido em nome da pessoa jurídica, 
pois há a distribuição de cotas ou ações aos herdeiros. 
. Em suma, a divisão dos sucessores da pessoa física esfacela (desfaz) o aviamento do 
estabelecimento (“no final do dia, perde-se dinheiro do valor agregado a organização”). 
Quando se tem a PJ os sucessores vão herdar as quotas da participação, e não o 
estabelecimento em si. 
. Aviamento: sobrevalor decorrente da organização dos elementos para o exercício da 
atividade empresarial. 
. Vantagem de possuir uma pessoa jurídica: retirar o risco de atingimento do patrimônio 
individual. 
. Na hipótese de existir qualquer problema em relação ao negócio, quem 
responde é o patrimônio da empresa, de modo que o patrimônio individual 
do empresário ficará resguardado. 
C) Risco ao patrimônio individual: 
. Argumento que tende a sensibilizar o empreendedor p/ constituir uma PJ. 
. Dívidas da PJ são delas X dívidas suas = preserva melhor de alguma forma o patrimônio 
individual. 
. Para alcançar essas finalidades acima, o direito mundial poderia ter criado várias 
soluções. Uma solução se tornou a mais utilizada = A PERSONALIDADE JURÍDICA. 
 . Pessoa jurídica = fiz nascer uma pessoa. 
D) Teoria da realidade técnica: 
. A pessoa jurídica é uma benesse estatal concedida com base numa situação já 
razoavelmente concretizada para permitir que um grupo de pessoas interaja no meio 
social em igualdade com as pessoas naturais. 
. Aqui a personalidade jurídica é um benefício dado pelo Estado em prol de ato relevante. 
O Estado enxerga a criação de uma pessoa jurídica com o intuito de exercer atividade 
empresarial como um ato relevante. A partir do momento em que o Estado reconhece a 
atividade como relevante, cumpridas as formalidades, entende-se que surgiu uma nova 
pessoa, com direitos da personalidade, capacidade postulatória, capacidade contratual, 
etc. 
E) Lógica econômica da personificação e blindagem patrimonial: 
. Blindagem patrimonial é um termo criticado pela doutrina. 
. Mais importante do que a lógica jurídica é lógica econômica da blindagem patrimonial. 
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. FACILITAÇÃO DA TRANSFERIBILIDADE DE QUOTAS/AÇÕES: 
 . Quando há o patrimônio todo concentrado na PJ é muito mais fácil negociar o que 
compõe o negócio. 
. Possibilita com maior facilidade a venda de parte da empresa e a questão 
sucessória. 
. DESNECESSIDADE DE MONITORAMENTO DA VIDA PESSOAL DOS SÓCIOS: 
. Se há responsabilidade ilimitada, o patrimônio do sócio pode responder pela 
dívida da sociedade, e o patrimônio da sociedade pode responder pela dívida do sócio – o 
credor irá cobrar a dívida. Essa situação faz com que a relação entre sócios não seja 
amistosa, pois há um risco ao patrimônio. 
. Destaque-se ainda o tempo perdido pelos sócios com a fiscalização da vida pessoal 
daquele que contraiu as dívidas. 
. A partir da blindagem patrimonial o sócio não terá o ônus de ficar fiscalizando a 
vida pessoal do sócio – diminui-se a necessidade de monitoramento. 
. Ademais, para que o banco conceda empréstimo ao negócio, se o patrimônio 
empresarial estiver blindado, não ocorrerá o devassamento da vida patrimonial dos 
sócios, mas somente da empresa. - Isso significa que o banco possuirá menos trabalho 
para conceder o empréstimo e, se há menos trabalho, há menos custo. Se há menos custo, 
a cobrança de juros será menor. No final das contas, a blindagem patrimonial gera um 
crédito mais barato. 
. A concessão de crédito se torna com monitoramento da vida dos 
sócios torna menos acessível no mercado = mercado menos 
dinâmico = menos empresa = menos serviços = menos impostos. 
. Logo, essa desnecessidade de monitoramento da vida pessoal dos sócios gera: 
 . Monitoramento pelos demais sócios – estímulo ao investimento. 
 . Baixos custos de monitoramento/avaliação pelos credores – estímulo de crédito. 
. PROTEÇÃO DO AVIAMENTO: 
. A diferença entre o valor de custo e o valor global da atividade organizada é o 
chamado aviamento. 
. Manutenção da unidade. 
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. A PJ faz com que o acervo de bens não tenha que ser dividido em caso sucessório, 
protege-se a unidade do estabelecimento e, portanto, o aviamento. Neste caso, as quotas 
que são divididas. Os bens são da PJ e não da pessoa física, por isso, a alternativa é dividir 
as quotas da PJ. 
4) Desconsideração da personalidade jurídica: 
A) Situações hipotéticas: 
. As premissas abaixo não existem no mundo real, apenas estão aí para fins pedagógicos. 
. PREMISSA 1: só existe responsabilidade limitada em sociedade. 
. PREMISSA 2: a sociedade exige, pelo menos, 02 pessoas para sua formação (não existe 
sociedade unipessoal). 
 
. Advogados da parte LATEX: 
 . Sociedade de fachada – simulação – fraude contra credores. 
 . Confusão patrimonial – empréstimo. 
. Advogados da parte SALOMÃO: 
 . Prévia comunicação – boa-fé – liberdade econômica. 
 . Não é fraude/simulação – legalidade – requisitos de sociedade com 2 pessoas. 
 
 
 
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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
1) Considerações iniciais: 
. Caso prático: Pode haver desconsideração da personalidade jurídica quando identificada 
sociedade de fachada para gozar de direito de responsabilidade limitada do patrimônio, 
que sozinho não haveria este benefício. 
. Para desconsideração da personalidade jurídica, a fraude deve ser societária. 
. A alocação das quotas em 99% e 1% é um forte indício de fraude. – NÃO 
NECESSARIAMENTE É, mas soa mal/cheira mal etc. 
. A alocação das quotas não constitui, por si só, fraude, neste caso, deve-se analisar 
se se trata de laranja ou se há constituição de uma sociedade de verdade. 
. COMO A SOCIEDADE SE OPERA NO MUNDO REAL É O QUE CONSTATA SER OU NÃO 
FRAUDULENTA. 
2) Conceito: 
. De acordo com Fábio Ulhôa: “O juiz pode decretar a suspensão episódica da eficácia do ato 
jurídico constitutivo da pessoa jurídica se verificar que ela foi utilizada como instrumento 
para a realização de fraude ou de abuso de direito.” Nos Estados Unidos e Inglaterra, a 
Teoria da Desconsideração de Personalidade Jurídica pode ser chamada de Disregard 
Doctrine ou Piercing The Corporate Veil. É como se a pessoa jurídica estivesse coberta por 
um véu e, quando esse véu é retirado, é possível enxergar as entranhas da sociedade, ou 
seja, os bens e os sócios. 
 . Se o ato sofre alterações em sua eficácia, significa que ele não é alterado em sua 
existência, tampouco em sua validade, MAS SOMENTE ALTERADO NA SUA EFICÁCIA. – A 
pessoa jurídica não deixou de existir, mas tão somente o efeito de limitar/separar a 
responsabilidade do sócio pelas obrigações da sociedade DEIXOU DE EXISTIR. 
A) Caráter excepcional: 
. Deve-se observar que a desconsideração da personalidade jurídica possui um caráter 
excepcional. O caráter da excepcionalidade é mitigado em relação aos casos de direito do 
consumidor. 
B) Desconsideração x Desconstituição: 
. Importante frisar a diferença entre desconsideração e desconstituição da personalidade 
jurídica: 
 CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO – PROF. RUY ANDRADE – 2023.1 
 
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. A desconsideração é uma suspensão episódica e, mais do que isso, encontra-se no 
plano da eficácia. Há o plano da existência, da validade e da eficácia – a desconsideração 
ataca a personalidade jurídica no plano da eficácia. Isso significa que a pessoa jurídica 
continua existindo e os atos por ela praticados continuam sendo válidos, porém, a 
personalidade jurídica não será eficaz contra um credor específico: o efeito criado pela 
blindagem não será eficaz em relação ao credor que demandar a desconsideraçãoem 
juízo, se seu pedido for julgado procedente. Justamente por se relacionar apenas ao credor 
que pleitear a desconsideração é que a desconsideração é considerada episódica. 
. A desconsideração não é desconstituição. 
. Despersonalização: 
. Não se pode chamar a desconsideração de despersonalização da sociedade: na 
desconsideração, a personalidade jurídica da sociedade não deixa de existir, pois somente 
lhe é negada a eficácia diante de um caso concreto. 
. Caso específico: 
. A decisão de desconsideração da personalidade jurídica só produz efeito sobre o 
sócio e o caso específico e não sobre todos os sócios ou demais casos. 
3) Critério legal: 
 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de 
finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do 
Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os 
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens 
particulares de administradores e/ ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta 
ou indiretamente pelo abuso. 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa 
jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer 
natureza. 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os 
patrimônios, caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador 
ou vice-versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de 
valor proporcionalmente insignificante; e 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das 
obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. teoria inversa da 
desconsideração 
 CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO – PROF. RUY ANDRADE – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 9 
 
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o 
caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. 
grupo econômico - série de unidades produtivas ligadas a uma personalidade jurídica 
diferente e todos eles respondem a uma cadeia de comando centralizada, isso é 
importante para segregação de riscos, baseada na autonomia patrimonial de cada 
unidade. Isso é lícito. 
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade 
original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. 
. Não cabe de ofício. 
. É necessário ter benefício, direto ou indireto, para que seja desconsiderada a pessoa 
jurídica - correlação de benefício que deve ser provada. 
 
A) Teoria Maior e Teoria Menor: 
. A Teoria Maior se divide em objetiva e subjetiva. 
. A Teoria Menor é aplicável ao direito ambiental, direito do consumidor e direito do 
trabalho. 
. No direito civil, aplica-se a Teoria Maior. 
. Para aplicar a Teoria Menor, basta que haja a insolvência da pessoa jurídica, ou seja, a 
ausência de bens para cumprir com a obrigação. 
. No caso da Teoria Maior, serão necessários dois requisitos: descumprimento da 
obrigação e desvirtuamento da pessoa jurídica. Para desconsiderar a pessoa jurídica deve 
ser verificada a fraude ou o abuso de direito. 
. A Teoria Maior Objetiva possui um requisito a mais que a Teoria Maior Subjetiva, 
qual seja a confusão patrimonial. 
. Haverá confusão patrimonial quando o sócio tratar os bens da sociedade como se 
fossem dele, e os bens dele como se fossem da sociedade. 
. Alguns credores da pessoa jurídica possuem tratamento especial, a exemplo do 
consumidor, do emprego e do fisco. 
. No caso do direito do consumidor, a desconsiderado é regulada pelo art. 28 do 
CDC, que dá lastro a Teoria Menor. 
. A CLT por outro lado não traz qualquer dispositivo aplicando a desconsideração, 
de modo que a aplicação da Teoria Menor é aplicada por conta da hermenêutica feita – os 
juízes do trabalho realizam, erroneamente, analogia com a norma do CDC, quando na 
verdade a analogia deveria ser feita em relação ao Código Civil. 
. Em compensação, existe uma diferença entre credor voluntário e credor 
involuntário e, o empregado é credor involuntário. 
 CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO – PROF. RUY ANDRADE – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 10 
 
Art. 28. § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua 
personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos 
consumidores. 
. MAIOR - cível, empresarial e tributário / MENOR - consumidor, ambiental e trabalhista. 
B) Teoria da desconsideração inversa: 
. A aplicação da Teoria da Desconsideração Inversa foi pacificada pelo STJ, entretanto, sua 
aplicabilidade prática varia de tribunal para tribunal. 
. Embora a Ministra Nancy Andrighi explique a desconsideração inversa em um contexto 
no qual o sócio cujo patrimônio restou esvaziado exerce atividade comercial, o que se vê 
é que o TJSP também tem deferido a desconsideração inversa em casos de confusão 
patrimonial, ampliando a criação do STJ, ainda quando a dívida da pessoa jurídica não 
tenha qualquer relação com o objeto social da pessoa jurídica. 
. Hoje o que se consagrou foi a visão do TJSP, sobre a confusão patrimonial. 
C) Formas de desvirtuamento: 
. Fraude: 
. Distorção intencional da verdade para prejudicar terceiros. 
. Abuso de direito 
. Utilização do instituto de forma contrária à qual foi idealizada pelo direito. 
. Subcapitalização - capital desproporcional a necessidade da sociedade. É quando 
uma sociedade tem capital social claramente incompatível com o seu objeto social. 
Normalmente isso é difícil de provar, tem que ser uma situação gritante. 
. Dissolução irregular - é quando deixa de exercer a atividade econômica, mas não 
formaliza o encerramento da personalidade jurídica. Para desconsideração, o STJ 
entendeu que não basta haver dissolução irregular, mas sim a intenção/vontade de 
prejudicar terceiros com isso. Tem que provar o “animus” de prejudicar terceiros. 
. Nos casos de dissolução irregular da sociedade, aplica-se a Teoria Maior Subjetiva, 
ou seja, não é necessário comprovar a confusão patrimonial. A rigor, confusão patrimonial 
não é requisito na Teoria Maior Subjetiva, mas ela é muito indiciária ou de fraude ou de 
abuso de direito. A lógica da blindagem patrimonial é proteger o patrimônio do sócio 
desde que os bens sociais continuem sendo bens sociais. Quando o uso da pessoa jurídica 
é deturpado através da confusão patrimonial, o véu da personalidade jurídica é retirado, 
de modo a atingir o patrimônio do sócio. Fraude será a distorção intencional da verdade 
para prejudicar terceiros. Em algumas circunstâncias pode haver a utilização do instituto 
da personalidade jurídica de uma forma diversa da idealizada pelo direito, de modo a 
 CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO – PROF. RUY ANDRADE – 2023.1 
 
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caracterizar o abuso de direito. A dissolução irregular e a subcapitalização são exemplos 
disso. A ocorrência ou não de subcapitalização deve ser observada no caso concreto. 
. Considerações Processuais: 
- O incidente de desconsideração de personalidade jurídica: 
. Atualmente se exige incidente específico para a desconsideração da 
personalidade jurídica, salvo se ela já for requerida na inicial. Isso porque o incidente 
existe para que a parte contrária possa exercer o contraditório e produzir provas – se o 
pedido é feito na inicial, o contraditório é exercido na contestação e a fase instrutória do 
processo servirá para a produção de provas. 
 
TIPOS SOCIETÁRIOS 
1) Perguntas condutoras: 
. Para que constituir uma sociedade? 
. Qual a racionalidade do contrato de sociedade? 
. Quais os tipos societários previstos em Lei? 
. É possível novos tipos societários?. Qual a importância da classificação da sociedade em personificadas/despersonificadas? 
. Quais os elementos fáticos relevantes para decidir por uma estrutura societária? 
 
2) Para que constituir uma sociedade? 
. Motivos para se empreender em uma sociedade: 
 . Agregar capital; 
 . É necessário alguém na sociedade que tenha dinheiro para investir. 
 . Agregar trabalho (apenas especializado?); 
. Nesse aspecto, a professora Roberta Nioac delimita de uma forma como 
quem trata de trabalho especializado técnico (unir gente de áreas jurídicas 
diferentes). – O professor discutiria apenas o “ser especializado” do ponto 
de vista técnico-científico (aqui seria mais um trabalho valioso). MAS, de 
fato, a sociedade vive para unir pessoas com competências diferentes. 
 . Agregar etapas de cadeia de produção. 
. Referência: Roberta Nioac Prado (leitura obrigatória). 
INTERNALIZAR 
RELAÇÕES 
CONTRATUAIS 
 CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO – PROF. RUY ANDRADE – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 12 
 
. P/ Couse (leitura complementar), os serviços são contratados ou A MERCADO ou 
HIERÁRQUICO. 
. Contrato de sociedade X Contrato comum: Teoria do Contrato Plurilateral. 
 . O grande nome dessa teoria é um professor italiano, Túlio Ascareli. 
 . Contrato plurilateral, de forma ampla, diz que a sociedade é uma circunferência, 
onde teremos sócios de posições variadas, e entre eles haverá um emaranhado de direitos 
e deveres próprios de uma relação complexa (relação societária). 
 . Esse contrato não há equivalência entre prestação e contraprestação. – Não é 
sinalagmático. 
. Teorias são abordagens científicas para determinados assuntos ou 
acontecimentos 
. A teoria comum, do contrato clássico não consegue explicar a relação existente 
entre os sócios. 
. A relação entre sócios deriva de um contrato plurilateral, que funciona de forma 
diferente de um contrato clássico/bilateral/sinalagmático. Isto é, conforme a teoria do 
contrato plurilateral, há uma multiplicidade de relações de direitos e deveres entre os 
sócios e entre eles e terceiros. Isso também é visto levando em consideração a ideia de 
que a participação de um sócio absolutamente incapaz, não afeta toda a sociedade. 
. Se aplica o instituto da exceção do contrato do não cumprido? É o caso onde uma 
parte não cumpra as obrigações definidas no contrato, a outra parte também não precisa 
cumprir as suas. Esse princípio se chama Exceção de Contrato não cumprido, e está 
previsto no artigo 476 do Código Civil. Isso não se aplica às sociedades, já que há milhares 
de relações com direitos e deveres, não necessariamente equivalentes (sinalagmáticos). 
Então não se aplica. 
 . Exemplo - uma pessoa questiona a Ruy no elevador: meu sócio deixou de 
trabalhar, posso deixar de distribuir o lucro para ele? NÃO, pois não são contratos 
sinalagmático. 
3) Quais os tipos societários típicos? 
. Sociedade em comum. 
. Sociedade em conta de participação. 
. Sociedade simples. 
. Sociedade em nome coletivo. 
. Sociedade em comandita simples. 
. Sociedade limitada. 
. Sociedade anônima. 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 13 
 
. Sociedade em comandita por ações. 
. Sociedade cooperativa. 
. OBS: REGRA (PRINCÍPIO ABSOLUTO) NO DIREITO BRASILEIRO QUE DIZ QUE NÃO É 
POSSÍVEL CRIAÇÃO DE SOCIEDADES FORA DO ÂMBITO DAS TIPIFICAÇÕES ACIMA. – 
ASSIM, EM CONCLUSÃO, NÃO É POSSÍVEL SE CRIAR UMA SOCIEDADE ATÍPICA. 
. OBS: sociedade de propósito específico é uma sociedade que irá receber um regime 
jurídico diferente quando ela receber algumas características. 
A) Quais os tipos societários que estamos trabalhando: 
. Sociedades despersonificadas – NÃO CONSTITUTEM PESSOA JURÍDICA – NÃO ATUA EM 
NOME PRÓPRIO – OS SÓCIOS RESPONDEM PELAS OBRIGAÇÕES, JÁ QUE NÃO HÁ 
SEPARAÇÃO – REGIME DE RESPONSABILIDADE ILIMITADO - TERÃO POR UMA 
EXCEPCIONALIDADE A CAPACIDADE PROCESSUAL. 
 . Não há exercício de um direito de personalidade aqui. 
 . Sociedade em comum. 
 . Sociedade em conta de participação. 
. Sociedades personificadas – TEM CAPACIDADE CONTRATUAL E PROCESSUAL – TEM 
PATRIMÔNIO PRÓPRIO – TEM AUTONOMIA PATRIMONIAL (até porque tem patrimônio 
próprio) – TEM PERSONALIDADE JURIDÍCA – REGIME DE RESPONSABILIDADE 
LIMITADO – PERSONALIDADE JURÍDIDA. 
 . Há uma divisão entre o que é bem da sociedade e o que é bem dos sócios, gerando 
ali o princípio da autonomia patrimonial (blindagem patrimonial). 
 . Sociedade simples. 
 . Sociedade limitada. 
 . Sociedade anônima. 
- É RELEVANTE A DISTINÇÃO ENTRE SOCIEDADES PERSONIFICADAS E 
DESPERSONIFICADAS? 
 . Extremamente relevante. 
 . Atribuir uma sociedade como personificada em um grande significado, já que 
atribuo a ela características que são inerentes da condição de “pessoa”. – Direito a ter 
nome a proteção a esse nome; direito a proteção da honra etc. – SÃO DIREITOS PENSADOS 
INICIALMENTE PARA OS SERES HUMANOS, MAS QUE TAMBÉM PODEM GERAR DIREITO 
PARA SOCIEDADE, TOMANDO COMO EXEMPLO UMA SOCIEDADE RECEBER UMA 
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. 
 . O que é dizer que alguém é dono de algo, o que está se dizendo? Que é titular de 
um direito, de natureza real de propriedade. A titularização de um direito por si só é 
condição de pessoa, de modo que só pode ser dona do bem quem for pessoa. – MAS, E O 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 14 
 
CONDOMÍNIO? COMO FICARIA ESSA SITUAÇÃO? Os bens de condomínio são chamados 
de BENS DE USO COMUM, isto é, que não pertencem ao condomínio (já que ele não é 
pessoa, não é titular do direito real), mas sim do conjunto de condôminos. – ISSO É 
DIFERENTE NO CASO DA FACULDADE BAIANA DE DIREITO, QUE É UMA SOCIEDADE, 
TENDO ATRIBUTO DE PESSOA, SENDO TITULAR DE DIREITOS NA ORDEM JURÍDICA 
BRASILEIRA, PODENDO EXISTIR O DIREITO DE PROPRIEDADE. 
4) Breve comparação entre Sociedade Limitada X Sociedade 
Anônima: 
 
 
 
 
 
 
 
 
. Sociedade anônima nasce no contexto de grandes empreendimentos e grandes 
acionistas. – É pensada p/ um modelo de muitos acionistas. 
. As alternativas que existiam p/ o empreendedor era a sociedade anônima OU a sociedade 
em nome coletivo (que ninguém faz, pois é uma sociedade de responsabilidade ilimitada). 
. Distribuição de lucros funciona de forma diferente na sociedade limitada e na sociedade 
anônima. 
 . Maleabilidade de distribuição de lucro – sociedade limitada. 
. A sociedade anônima oferece mais segurança do que a limitada. 
 . A instituição justiça tende a se comportar de forma diferente. 
 
SOCIEDADE EM COMUM 
 
1) Introduções e perguntas orientadoras: 
. Sociedade irregular e sociedade de fato são sinônimos de SOCIEDADE EM COMUM. 
 . É um debate que existe, mas que é ultrapassado, segundo Ruy Andrade. 
- Como se forma uma sociedade em comum? 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 15 
 
- Qual o regime de responsabilidade dos sócios? 
 - Há regime de preferência? Tem exceções? 
- A sociedade em comum tem patrimônio próprio? 
- Como se prova a existência da Sociedade em Comum? 
- Quais os riscos de se formar uma Sociedade em Comum? 
2) A diferença entre pessoa, empresa e sociedade: 
A) Teoria poliédrica de Asquini: 
. Para Asquini, o Direito de Empresa precisamos olhar o fenômeno da empresa como algo 
multifacetado, devendo se enxergar todas as arestas/perfis disso: 
. Perfil subjetivo (sujeito): o empresário, aquele que exerce a atividade econômica, 
de forma habitual, em nome próprio, assumindo os riscos desta atividade, independente 
de se tratar de pessoa física (singular) ou jurídica (hoje em dia uma sociedade). 
 . Perfil objetivo: tem a ver com o conjunto dos bens corpóreos ou incorpóreos que 
eu utilizo para exercer a atividade empresarial. – Estabelecimento comercial. 
 . Perfil funcional: é a atividade. – Especificamente essa atividade é o quechamamos 
tecnicamente de empresa. – EMPRESA ESTRITO SENSO É FALAR DO PERFIL FUNCIONAL. 
– Empresa por definição técnica É UMA ATIVIDADE (exemplo: a empresa da faculdade é 
o ensino). 
 . Perfil coorporativo: vê na empresa uma instituição. - Pela teoria asquiniana, “o 
empresário e os seus colaboradores dirigentes, funcionários, operários, não são de fato, 
simplesmente, uma pluralidade de pessoas ligadas entre si por uma soma de relações 
individuais de trabalho, com fim individual; mas formam um núcleo social organizado, em 
função de um fim econômico comum, no qual se fundem os fins individuais do empresário 
e dos singulares colaboradores: a obtenção do melhor resultado econômico na produção”. 
. OBS: quando se fala que “a empresa processou ou foi processada”, isso é um termo 
atécnico, já que o empresário (pessoa empresarial) que processa, a empresa é apenas 
exercida. 
B) Conceito de sociedade: 
. Art. 981 do CC: 
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a 
contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, 
entre si, dos resultados. 
Parágrafo único. A atividade pode restringir-se à realização de um ou mais negócios 
determinados. 
. O contrato de sociedade acontece quando pessoas se comprometem a contribuir com 
bens ou serviços para exercer uma atividade econômica e partilhar os resultados. – 
ESSES TRÊS ELEMENTOS CONJUNTOS FAZEM NASCER A SOCIEDADE. 
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. Para o professor, esse conceito do 981 está desatualizado, já que um dos elementos não 
sobreviveu ao tempo. - A NATU 
. Artigo 985 do CC fala do nascimento da personalidade jurídica: 
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na 
forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150). 
. Para que a sociedade tenha personalidade jurídica é preciso a inscrição em 
registro próprio de cartório competente. 
. O conceito de sociedade exige-se inscrição em registro próprio? 
. OBS: a sociedade que não passa pelo rito próprio para se tornar uma sociedade 
personificada será uma sociedade despersonificada. 
. Os requisitos para definir o que é uma pessoa jurídica e o que é uma sociedade 
despersonificada tem um ponto de interseção, mas não necessariamente se confundem. 
. Para o professor, esse conceito do 981 está desatualizado, já que um dos elementos não 
sobreviveu ao tempo. - A NATUREZA CONTRATUAL. – Existe uma discussão no direito 
brasileiro sobre se a sociedade pode ser constituída por apenas uma pessoa ou não. 
. Até 2012 a resposta da pergunta anterior era que a sociedade só podia ser 
constituída por duas ou mais pessoas. – Por isso ouvíamos falar em sociedade de 99% + 
1%. 
. MAS, de 2012 p/ cá tivemos uma série de transformações na legislação. 
. A primeira mudança é a criação da EIRELI (que já acabou). – Para o professor é 
uma coisa errada. – PARA A DOUTRINA A EIRELI NÃO ERA SOCIEDADE, MAS SIM UMA 
EXPRESSÃO JURÍDICA SUI GENERIS, isto é, tem cara/jeito/tudo de sociedade, mas não é, 
sendo uma coisa diferente. – MANTERAM ENTÃO A IDEIA DE QUE A SOCIEDADE TERIA 
QUE SER COMPOSTA POR MAIS DE UM SÓCIO. 
. OBS: sociedade limitada unipessoal (SLU) não é um novo tipo societário. – ISSO É 
UMA SOCIEDADE COM UMA PESSOA SÓ, O REGIME JURÍDICO É O MESMO, TENDO SIDO 
RETIRADA APENAS ESSA BARREIRA QUE EXIGIA MAIS DE 2 SÓCIOS ANTES PARA 
SOCIEDADE. – NÃO DÁ MAIS PARA DIZER QUE A SOCIEDADE É A REUNIÃO DE PESSOAS. 
. A doutrina mais moderna diz que não são os requisitos do art. 981 que definem a 
sociedade. – O QUE DEFINE A SOCIEDADE É SEU CARÁTERO ORGANIZATIVO, ISTO É, 
A DISTRIBUIÇÃO DE PAPEIS E PESSOAS DENTRO DE UMA ESTRUTURA LEGAL (é 
quem tem papel de sócio, papel de administrador etc.). 
. Onde se registra as sociedades? DEPENDE. - Depende do objeto, e depende do tipo 
societário a depender do caso. 
 . Sociedades empresárias: junta comercial. – JUCEB no caso da Bahia. 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 17 
 
 . Só as sociedades empresárias que vão para junta comercial? Não, por 
determinação expressa da lei, as sociedades cooperativas também serão registradas na 
junta comercial. 
 . Sociedades não empresárias, mas personalizadas: precisam ser registradas em 
cartório de registro civil de pessoa jurídica. 
 . OBS: o CREA, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, é um ente de classe 
que tem um papel de regular as profissões ligadas à essas áreas. É lá que registro as 
sociedades? NÃO. As sociedades que exercem atividade de engenharia e agronomia, se 
não tiverem elemento de empresa/sociedade de profissionais, vão para o cartório de 
registro civil de pessoa jurídica; ou caso se organizem em atividade empresarial, vão para 
junta comercial. 
 . Não é o registro perante o conselho da profissão, qualquer que seja ele, que 
constitui a personalidade jurídica. – MAS, POSSO TER A OBRIGAÇÃO DE REGISTRAR A 
SOCIEDADE EM CONSELHO? Sim, em alguns conselhos essa norma existe. 
 . OBS: único caso que não vai à registro em nenhum dos dois entes anteriores é a 
sociedade de advogados, que vai ser registrada na seccional da OAB, no local da sede da 
sociedade. 
 . A discussão entre sociedade empresarial e não empresarial tem sido alvo de 
muitas discussões. – A razão aqui que ainda faz perpetuar essa distinção é a questão 
tributária. 
C) Características da sociedade em comum: 
. Art. 986, CC: 
Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações 
em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele 
forem compatíveis, as normas da sociedade simples. 
 . Se eu não levei a registro o ato constitutivo, a regra vai ser aplicada segundo o art. 
986 do CC. 
 . Essa sociedade do art. 986 e seguintes é uma sociedade despersonificada, já que 
não houve ato de registro. – É UM REGIME JURÍDICO PARA QUEM NÃO SE REGULARIZOU, 
PARA QUEM NÃO LEVOU OS ATOS À REGISTRO. 
. As regras de sociedade comum serão aplicadas sempre que eu não tiver os requisitos 
para sociedade personificada. 
. OBS: posso ter sociedade sem contrato escrito (isto é, sociedade verbal)? Não teria aqui 
o contrato para levar à registro, logo seria despersonificada, mais especificamente 
SOCIEDADE COMUM/IRREGULAR/DE FATO. 
. Na sociedade em comum o regime de responsabilidade é ILIMITADO, uma vez que não 
há personalidade jurídica própria (não é titular do direito real de propriedade). 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 18 
 
 . OBS: só posso falar em limitação de responsabilidade em sociedade personificada, 
pois aí se terá patrimônio próprio diferente do patrimônio do sócio, o que não é o caso da 
sociedade comum. 
 . Não oferece separação de patrimônio dos sócios. 
 . O grau de exposição do patrimônio dos sócios à riscos? É integral/total.7 
. Como funciona a questão patrimonial em uma sociedade em comum? 
 . É totalmente diferente das sociedades personificadas. – A tem seu patrimônio 
pessoal; B tem seu patrimônio pessoal e a sociedade como é personificada tem acervo 
patrimonial próprio distinto. 
 . Na sociedade em comum, que não é personificada, logo não tem patrimônio 
próprio: A com seu patrimônio pessoal; B com seu patrimônio pessoal; e um ponto de 
interseção, chamado de condomínio ou copropriedade, pertencentes aos dois sócios. 
D) Questão em sala: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
. RESPOSTA “A”: 
. Exerceram empresa no sentido técnico de atividade, já que independe de qualquer 
ato de registro. - A empresa neste caso é o comércio de cartões comemorativos de natal. 
. Temos uma sociedade, considerando que existe um contrato (inclusive, escrito); 
se reuniram, exerceram atividade econômica e partilharam resultados.. O fato dela ter bens próprios não diz nada, já que isso não é requisito para 
constituição de sociedade. 
. Não é uma sociedade personificada, pois lhe faltou o registro perante a JUCEB. – 
. Art. 981, CC; art. 966, CC. 
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. A indicação da existência da sociedade encontra-se no art. 981 do Código Civil e o 
dispositivo que referencia a sociedade em comum é o art. 986. 
. RESPOSTA “B”: 
 . Não, não seria possível ele proteger o seu carro neste cenário. 
 . Se fosse o enunciado da questão trocado par a Bruno, iríamos invocar o art. 1024 
c/c o art. 990. – Ele poderia invocar o benefício de ordem, “ao invés de pegar os meus 
bens, pegue os nossos bens (tudo que foi alocado para exercer a atividade empresarial). 
 . OBS: art. 1024 é pensado no contexto de sociedade simples. 
. No caso em análise, Alberto realizou contratações em nome da sociedade e, ele é 
quem está sofrendo a expropriação patrimonial. Alberto não pode suscitar benefício de 
ordem em relação ao patrimônio da sociedade. Isso porque, de acordo com o art. 990 do 
Código Civil, o indivíduo que pratica o ato em nome da sociedade não tem direito ao 
benefício de ordem. Por força do art. 990, o sócio que contrata em nome da sociedade 
responde em conjunto com o patrimônio da sociedade. O art. 1.024 é aplicável às 
sociedades em comum por interpretação lógica e literal, isto é, o benefício de ordem será 
a execução em primeiro do bem condominial (bens de ambos os sócios associados à 
atividade econômica), depois executará os bens pessoais. Como Alberto contrata em nome 
da sociedade, ele não tem esse benefício, de executar primeiro o patrimônio condominial, 
depois o seu patrimônio individual. Mas Bruno pode invocar o benefício de ordem, porque 
ele não praticou os atos em nome da empresa. 
. Se ocorresse a busca do patrimônio de Bruno antes do patrimônio da sociedade, 
Bruno poderia buscar o benefício de ordem. A sociedade em comum é uma sociedade 
estranha que não se conforma à norma geral – trata-se de sociedade que não ofereceu ao 
Estado o cumprimento da regularidade formal, logo, o Estado não oferece a contrapartida 
da personalidade jurídica e da blindagem patrimonial. O interesse social na formação de 
uma sociedade regular é a possibilidade de observar segurança jurídica. Quando há uma 
sociedade regular, é possível acessar o site da Junta Comercial e verificar quem são os seus 
sócios, qual o capital social, onde a empresa está localizada, quais as atividades 
desenvolvidas, ou seja, sabe-se com quem se está negociando. O BENEFÍCIO DE ORDEM 
NÃO É EM RELAÇÃO A PESSOA, MAS EM RELAÇÃO AOS BENS. QUANDO NÃO HÁ MAIS 
BENS EM REGIME CONDOMINIAL, OS SÓCIOS RESPONDERÃO SOLIDÁRIA E 
ILIMITADAMENTE CONFORME 990. 
. RESPOSTA “C”: 
. Resposta é não, mesmo que eles estejam em comum acordo eles não podem impor 
isso a terceiros. 
. Regime de solidariedade pode exigir a integralidade de qualquer um dos dois. 
. A única coisa que resta para Alberto é o direito de regresso. 
. Se invertesse a pergunta, Alberto não poderia também fazer isso, já que ele não 
tem benefício de ordem. 
. OBS: benefício de ordem em sociedade comum não é um benefício entre pessoas. 
É um benefício de ordem dos bens exclusivos do sócio contra os bens afetos a atividade 
empresarial. – TEM A VER COM A DESTINAÇÃO DO BEM. 
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. Alberto não pode solicitar que o patrimônio pessoal de bruno seja expropriado 
antes do seu. Isso porque Bruno tem direito ao benefício de ordem e Alberto não. Se a 
execução recair sobre Bruno, ele poderá realizar o redirecionamento para o patrimônio 
da empresa. O benefício de ordem de Bruno somente se dá em relação ao patrimônio 
especial – não há benefício de ordem entre os patrimônios pessoais dos sócios. Isso 
significa dizer que, no momento que houver o exaurimento do patrimônio especial 
condominial, o benefício de ordem se encerra e a responsabilidade se mantém solidária. 
O benefício de ordem não é entre pessoas, é entre destacamentos especiais, logo, quando 
o patrimônio especial se exaure, os sócios respondem solidariamente. Se o patrimônio de 
um sócio for atingido e o do outro não, a solução é a ação em regresso. Essa ação em 
regresso será na proporção da participação de cada um na sociedade. Se Bruno possuísse 
apenas 2% de participação na sociedade ele poderia responder pela integralidade da 
dívida, no entanto, terá direito de ação em regresso no valor de 98% do total da dívida. 
 
E) Provando a existência da sociedade em comum: 
. Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar 
a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo. 
. Para os sócios provarem a existência da sociedade, somente poderão fazer isso por meio 
de prova escrita, mas os terceiros podem provar de qualquer modo em direito admissível. 
. “Por escrito” não necessariamente é contrato escrito, pode ser mensagens, e-mails, 
comprovantes, atas, planilhas etc. 
. Uma primeira corrente entende que essa limitação de meios de prova aos sócios, têm 
caráter de sanção/punição. Para essa corrente, não se admitiria prova em áudio. 
. Outra corrente entende que os meios de prova limitada aos sócios têm apenas caráter de 
segurança jurídica, não punitivo. Tem uma interpretação histórica, pois quando do CC 
outros meios de provas eram quase improváveis. 
F) Quais os riscos de reconhecer uma sociedade em comum não prevista? Quais 
situações podem “virar” uma sociedade comum? 
. Posso estar em uma sociedade comum e não saber? sim. 
. Quais situações podem 'virar' uma sociedade em comum? 
. Exemplo 1: Nah e Sah criam um perfil de Instagram para vender roupas. Sociedade 
em comum? Sim. 
. Exemplo 2: Di e Ju vendem brigadeiros juntas para pagar a formatura, de modo 
que fazem os brigadeiros juntas. Sociedade em comum? Sim. 
. Exemplo 3: dois Advogados trabalham juntos (cada um recebe seu dinheiro e fica. 
Sociedade em comum? Não. Falta partilha de resultados. Partilhar despesa não é partilhar 
resultado. 
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. OBS: um único cliente em comum não teria uma conjunção de receitas e despesas, 
então mesmo se eles tivessem esse cliente em comum, não teriam uma sociedade em 
comum. Teria que ter mais de um cliente para considerar uma sociedade em comum. 
. Exemplo 4: espaços colaborativos - Coworking: há uma confluência para exercer 
as atividades? Mesmo caixa? As despesas e receitas são divididas? Mesmos funcionários? 
ou é só o espaço que é dividido? Se for só o espaço, não é sociedade em comum. 
. No final das contas, é ter em mente se no final, há risco de sociedade em comum. Analisar 
os aspectos do artigo 981. 
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a 
contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, 
entre si, dos resultados. 
 
SOCIEDADE EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO 
1) Noções gerais: 
. Sigla: SCP. – Podemos usar essa sigla na prova. 
. É uma sociedade que se comporta de forma diferente de todos os demais. 
. Não é uma ferramenta de fraude. – NÃO É FEITA PARA FRAUDAR LICITAÇÃO. 
. A sociedade em conta de participação não tem capacidade processual. 
. É usada muitas vezes para constrangimento social. 
. O sócio oculto não responde perante qualquer dívida, tem responsabilidade apenas em 
relação ao sócio ostensivo. 
. Quando eu sou empresário, eu assumo direitos e obrigações em nome próprio. Quando 
eu sou administrador de outra PJ, eu formalizo o ato, mas ele não é em meu nome, sou eu 
atuando em nome de outra PJ. 
. SCP é uma sociedade despersonificada. 
. Exemplo: todo início de semestre fazemos um contrato de prestaçãode serviços perante 
a Faculdade Baiana de Direito. – De um lado eu assino, assumindo direitos e deveres. De 
outro lado, quem assina é Francisco Sales. Contudo, nenhum de nós tem qualquer 
direito/pode pleitear qualquer coisa perante Francisco Sales, pois naquele ato ele é 
apenas administrador. 
2) Estrutura de uma SCP: 
 
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. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é 
exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e 
exclusiva responsabilidade, participando os demais (sócios ocultos) dos resultados 
correspondentes. 
. Ou seja, necessariamente é preciso de 2 sócios para haver um ostensivo e oculto (ou 
participante = dos resultados). 
. Trata-se de sociedade estranha que funciona de forma completamente diferente das 
outras sociedades. 
. Na estrutura da SCP há um sócio oculto e um sócio ostensivo – a SCP, na verdade, 
é o link entre o sócio oculto e o sócio ostensivo. 
. O sócio oculto contribui para o negócio aportando algo no sócio ostensivo – o 
aporte pode ser em bens, dinheiro, tecnologia, patente, marca, serviços*. 
. O sócio oculto oferece algo ao sócio ostensivo – o sócio ostensivo realiza uma 
atividade. 
. O sócio ostensivo é quem lida sozinho com todos os terceiros. 
. No caso da SCP, é mais interessante que a imagem apresentada ao público seja a imagem 
do sócio ostensivo. 
. – OBS: a SCP surgiu na antiguidade, em uma época em que o comércio era uma 
indignidade. Mesmo assim, o comércio sempre foi uma atividade lucrativa. Os nobres que 
queriam dinheiro, mas não queriam se envergonhar chamavam escravos ou alguém da 
plebe e entregava as mercadorias para que essas pessoas as vendessem em seu nome e 
levassem o dinheiro de volta. 
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. A sociedade em conta de participação faz sentido porque ainda existem barreiras 
morais e sociais, mas que não são barreiras jurídicas. 
. A sociedade em conta de participação não é feita para realizar fraude, não é feita 
para lavar dinheiro, não é feita para fraudar licitações, etc. (exemplo – caso do 
pneumologista e o aporte em fábrica de charutos). 
. A SCP ainda é bastante utilizada para planejamento tributário. 
. Além disso, a SCP oferece uma blindagem patrimonial muito mais forte do que 
outros tipos societários, em especial contra o auditor da receita e a justiça do trabalho. 
 
. A sociedade em conta de participação é uma sociedade que não possui personalidade, há 
uma sociedade despersonificada. 
. O sócio oculto pode ser pessoa física ou pessoa jurídica. 
. O sócio ostensivo pode ser pessoa física ou pessoa jurídica. 
. O sócio ostensivo possui um nome empresarial e um CNPJ próprio e, depois de 2014 a 
SCP também passou a possuir um CNPJ próprio. 
. Há o lançamento contábil indicando o lançamento de lucros para a sociedade em conta 
de participação. 
. Essa sociedade não possui uma formalidade específica e, por disposição legal, é possível 
que a SCP seja uma sociedade verbal para o direito societário. 
. Para fins tributários exige-se a inscrição no CNPJ, mas a SCP não exige registro comercial 
– não há necessidade de contrato social registrado na Junta Comercial. 
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. O art. 992 do Código Civil indica que a constituição da sociedade em conta de participação 
independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. 
 
Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social 
é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e 
exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. 
Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, 
exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. 
 
Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer 
formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. 
 
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição 
de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à 
sociedade. 
Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o 
sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, 
sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. 
 
Art. 994. A contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, 
patrimônio especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais. 
§ 1º A especialização patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios. 
§ 2º A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da 
respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário. 
§ 3º Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os 
efeitos da falência nos contratos bilaterais do falido. 
 
Art. 995. Salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode admitir novo sócio 
sem o consentimento expresso dos demais. 
 
Art. 996. Aplica-se à sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com 
ela for compatível, o disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas 
normas relativas à prestação de contas, na forma da lei processual. 
Parágrafo único. Havendo mais de um sócio ostensivo, as respectivas contas serão 
prestadas e julgadas no mesmo processo. 
Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. 
 
 
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. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é 
exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e 
exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes (art. 
991, CC). 
. Não cabe ao sócio oculto realizar o objeto do contrato social. 
. O sócio oculto não aparece perante terceiros, não responde por dívidas diversas daquelas 
contraídas contratualmente com o sócio ostensivo, a responsabilidade do sócio oculto é 
exclusivamente em relação ao sócio ostensivo nos termos pactuados – a exceção diz 
respeito aos casos em que o sócio oculto intervier na celebração do negócio jurídico (sem 
prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não 
pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder 
solidariamente com este pelas obrigações em que intervier – art. 993, parágrafo único, 
CC). 
. O sócio ostensivo, por sua vez, pratica todos os atos em nome próprio, responde sozinho 
em face de terceiros, pode ser um empresário ou uma sociedade empresária – há a 
necessidade de ser empresário porque quem exercerá a atividade empresarial é o sócio 
ostensivo em nome próprio. 
. O sócio ostensivo age como empresário – ele não é o administrador da sociedade, não 
age em nome de terceiro ou em nome da SCP, mas sim em nome próprio – o sócio 
ostensivo é quem firma os contratos necessários para o exercício da atividade. 
. O sócio ostensivo não pode aceitar outros sócios sem o consentimento expresso do sócio 
oculto. 
. Conforme preceitua o art. 995, salvo estipulação em contrário, o sócio ostensivo não pode 
admitir novo sócio sem o consentimento expresso dos demais. 
. É muito simples constituir uma SCP: os requisitos para a formação é a reunião de pessoas 
com a intenção de realizar transações comerciais, uma das pessoas exerce a atividade 
sozinha, outra pessoa resguarda o sigilo e há a partilha do resultadofinal. Grande parte 
da doutrina brasileiro indica a SCP, no final das contas, não é uma sociedade, mas sim um 
contrato de investimento. 
. Como quem firma os contratos é o sócio ostensivo, a sociedade em conta de participação 
não possui obrigações, de modo que não se sujeita à falência. Em caso de falência do sócio 
ostensivo, a sociedade em conta de participação é dissolvida. Em caso de falência do sócio 
oculto, cabe ao gestor da massa falida decidir se mantém ou não a sociedade, com base em 
questões financeiras. A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a 
liquidação da respectiva conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário. Falindo o 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 26 
 
sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas que regulam os efeitos da 
falência nos contratos bilaterais do falido. 
. Se a sociedade em conta de participação for firmada por escrito, seu registro não cria 
uma pessoa jurídica. Mesmo não havendo personificação, a SCP possui um destaque do 
patrimônio pessoal dos sócios de acordo com as contribuições do sócio ostensivo e do 
sócio oculto – tal patrimônio pertence aos sócios em condomínio. O art. 994 preceitua que 
a contribuição do sócio participante constitui, com a do sócio ostensivo, patrimônio 
especial, objeto da conta de participação relativa aos negócios sociais – a especialização 
patrimonial somente produz efeitos em relação aos sócios. 
. A sociedade em conta de participação se encerra por simples prestação de contas, e não 
por procedimento de dissolução. O art. 996 do Código Civil dispõe que aplica-se à 
sociedade em conta de participação, subsidiariamente e no que com ela for compatível, o 
disposto para a sociedade simples, e a sua liquidação rege-se pelas normas relativas à 
prestação de contas, na forma da lei processual. Havendo mais de um sócio ostensivo, as 
respectivas contas serão prestadas e julgadas no mesmo processo. 
. Resumo: 
. A SCP é formada por duas figuras – sócio oculto e sócio ostensivo. 
. O sócio oculto oferece algo, a exemplo de tecnologia, bens, dinheiro, marca, 
patente, e o sócio ostensivo irá exercer a atividade empresarial em nome próprio. 
. O sócio oculto não aparece perante terceiros, não responde por dívidas, possui 
responsabilidade exclusivamente em relação ao sócio ostensivo (com exceção aos casos 
em que intervém nas relações com terceiros, momento no qual o regime de 
responsabilidade passa a ser solidária com o ostensivo). 
. O sócio ostensivo pratica os atos em nome próprio, responde sozinho perante 
terceiros, pode ser empresário ou sociedade empresária e age como empresário, e não 
como administrador. 
. A SCP não possui um administrador – a atividade empresarial é exercida pelo 
sócio ostensivo mas ninguém é administrador da SCP, pois a SCP não interage com 
terceiros: essa função é do sócio ostensivo. 
. O sócio oculto de uma SCP pode ser uma sociedade personificada, pode ser uma 
associação, uma fundação. 
. O sócio ostensivo precisa ser um empresário ou uma sociedade empresária. 
 
 
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3) Questão prática: 
 
A) Quem deve responder pelas dívidas? Explique e fundamente. 
. O sócio ostensivo, já que ele quem criou a relação obrigacional do contrato. Além disso, 
consoante o art. 991, é o sócio ostensivo quem responde, e não o sócio oculto. 
Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é 
exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva 
responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes. 
Parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente 
perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social. 
 
. Renato (sócio oculto) não responderia, porque ele só responde perante o sócio ostensivo 
nos limites do contrato (2 milhões). 
 . O que gera para o sócio oculto a responsabilização, consoante o parágrafo único 
do art. 993/CC, seria tomar parte da relação do sócio ostensivo perante terceiros. 
 . A diferença entre TOMAR PARTE X SER PARTE. – ISSO NÃO PODE SE EQUIVALER 
(no sentido de se pensar que o sócio oculto deveria manifestar vontade para assumir o 
regime de solidariedade com o sócio ostensivo), OU TORNA A NORMA DO ART. 993, 
PARÁGRAFO ÚNICO, INÓCUA. 
Art. 993. O Contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu 
instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. 
Parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio 
participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de 
responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier. 
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 . O que Renato fez é uma intervenção não? O fato do banco ter acreditado é o fato 
de que podia confiar no $ de Renato e atribuir responsabilidade a ele? 
 . RENATO NÃO SÓ SE APRESENTOU, ELE SOLICITOU JUNTO COM A CBE. Existe 
uma evidência de que Renato foi decisivo naquela negociação. – Incidiria o parágrafo 
único do art. 993. 
 . O sócio participante decidiu participar. 
. Se Renato ao invés de médico fosse advogado, e comparecesse a reunião como advogado 
da CBE, ele responderia ou não? 
 . Ele não estaria ali na posição de sócio oculto. - Para o professor, então ele não 
responderia. – Ele não estava ali na persona dele, estava como outorgado. Quem agiria ali 
era a CBE e não ele. 
B) Quais as consequências práticas e jurídicas do registro da sociedade pelo 
Sócio Ostensivo? Tal conduta é ilícita? 
. A consequência prática de levar um documento a registro público é a PUBLICIDADE. – 
Tornou o documento público. 
. Não há consequência jurídica. 
 . Art. 993, caput. 
 
Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu 
instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade. 
 
. A lei não veda que se faça esse tipo de registro, de modo que não seria ilegal, mas sim 
apenas imoral. Logo, não gera consequências na ordem jurídica. 
 
 . Tavares Borba defende, inclusive, que esse registro é recomendável. 
 
. Para o professor, todavia, há uma cláusula implícita independentemente do tipo 
societário, que fica mais visível neste caso, de modo que haveria sim ilegalidade na 
conduta. Ilícito seria o registo (e não o investimento, já que este seria imoral). 
 . Uma cláusula de confidencialidade, neste caso. 
 . O documento que se tornou público foi o contrato social. 
. A constituição da SPC não pressupõe aspecto/ato formal. MAS, a sua regularidade 
contábil e tributária sim. 
 
C) Quais as possíveis formas de provar a existência da sociedade? 
Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer 
formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito. 
. A constituição da sociedade em cota de participação não pressupõe nenhum ato formal, 
mas a sua regularidade contábil e tributária sim. 
. A sociedade em cota de participação não tem capacidade processual. 
 
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D) O que acontece se o ostensivo falir? E o oculto? 
. Art. 994, parágrafo §2°, CC: 
§2º A falência do sócio ostensivo acarreta a dissolução da sociedade e a liquidação da respectiva 
conta, cujo saldo constituirá crédito quirografário. 
. Não precisava desse artigo, já que em uma SCP, se o sócio ostensivo faliu não há como 
continua exercendo a atividade (já que quem exercia era ele). 
. Em caso de falência do sócio oculto: 
§3º Falindo o sócio participante, o contrato social fica sujeito às normas queregulam os efeitos 
da falência nos contratos bilaterais do falido. 
. Aplica as normas gerais de falência. 
. OBSERVAÇÕES: 
. Tanto o sócio ostensivo quanto o sócio oculto podem ser pessoas naturais ou pessoas 
jurídicas. Podem até mesmo serem entes despersonalizados (como um fundo). 
E) ATENÇÃO (superimportante para a prova): 
. Se o sócio oculto e o sócio ostensivo for Pessoas Jurídicas, é possível utilizar a 
desconsideração da personalidade para alcançar o sócio oculto? SCP não é Pessoa Jurídica, 
é despersonificada! - DESCONSIDERAÇÃO DE PERSONALIDADE JURÍDICA É 
INCOMPATÍVEL COM SCP. 
. Os sócios da Pessoa Jurídica não têm relação direta com a SCP, ou seja, quem é o sócio 
(oculto ou ostensivo) da SCP é a Pessoa Jurídica e não o sócio dessa Pessoa Jurídica. 
. SCP não tem administrador 
. SCP não contrata e nem interage com ninguém, não exerce atividade - a sociedade não 
age, quem age é o sócio ostensivo! 
. Para Reclamação Trabalhista, se aplica a teoria menor da desconsideração da 
personalidade jurídica, ou seja, basta o inadimplemento do sócio ostensivo como 
requisito para ajuizar RT. Não pode ir para o sócio oculto por despersonalização - 
incompatível. 
. Obrigação solidária pode ser cobrada integralmente de qualquer uma das partes 
. A desconsideração pode ocorrer apenas se houver a responsabilização solidária dos 
sócios quando estes são Pessoas Jurídicas, neste caso, pode haver a desconsideração de 
qualquer dos sócios (oculto ou ostensivo) para atingir o sócio da PJ. 
 
 
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RELAÇÃO ENTRE SÓCIO E SOCIEDADE: 
INTERESSE SOCIAL 
1) Noções introdutórias: 
. O que é o interesse social? 
 . Como definir? 
 . Qual a importância? 
 . Ele muda no caso das estatais? 
. Qual é a função social da empresa? Isso é o que ao final estamos nos referindo quando 
falamos de interesse social. 
. No momento em que o administrador desvia da função social (objeto), ele destoa daquilo 
para o qual ele foi contratado. 
. Ambos os textos retratam a evolução do interesse social do chamado contratualismo 
clássico p/ o chamado contratualismo moderno. 
 
. O papel do direito como indutor de comportamentos. – O PAPEL DO ESTADO COMO 
REGULADOR E O QUANTO ELE SERIA ASSERTIVO AO INTERFERIR NAS RELAÇÕES 
HUMANAS? 
 . O quanto essa moderação tem mais chances de acertar ou errar? 
. Nós como sociedade requeremos inúmeras respostas rápidas de situações 
extremamente complexas por parte de empresas. 
2) ESG: 
. Vídeo transmitido em sala: https://www.youtube.com/watch?v=pXdHmR6YmZw. 
 . Pandemia da COVID-19 e seus reflexos; tragédia em Brumadinho; incêndios na 
Amazônia e vazamento de óleo na costa brasileira, foram algumas situações que 
reforçaram a necessidade de se atentar mais ao ESG no Brasil. 
 . Empresa cada vez mais cobradas p/ aplicar o ESG. – Também assim as instituições 
bancárias. 
 . Buscando adotar a prática na escolha de ações p/ compor seus produtos. 
. É que a ESG é só uma marquinha bonita, segundo Ruy, numa visão mais ampla de 
governança. 
 . A forma como a coisa é apresentada, importa. 
https://www.youtube.com/watch?v=pXdHmR6YmZw
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 . A ESG seria revolucionária, pois deu forma, nome e cria métodos p/ algumas 
coisas que entendemos relevantes enquanto sociedade aconteçam. 
 . Ainda não foi o caráter impositivo do estado que está pressionando as empresas 
a adotarem o ESG. Mas, sim a pressão popular. 
. Green washing = marketing verde desonesto. – Finjo que “sou verde”, mas continuo 
praticando condutas incompatíveis com esse ideal. – SOCIEDADE DE APARÊNCIAS. 
 . As transformações sociais não vão acontecer da noite p/ o dia, são processuais. 
. Tokenização = empresa se diz inclusiva, mas na verdade não é. 
. Fenômenos sociais diante de uma pressão comunitária. – Essa pressão comunitária tem 
impactos econômicos. 
 . O que faz o negócio valer mais? Na medida em que agrega mais valor às nossas 
vidas. 
. Responsabilidade Social: 
. Ambiental; 
. Educacional; 
. Comunitária; 
. Inclusão (cotas). 
. ESG (Governança ambiental, social e corporativa): 
. Environmental ou Ambiental: refere-se às práticas da empresa ou entidade 
voltadas ao meio ambiente. Entram aqui temas como aquecimento global; emissão de 
gases poluentes, como o carbono e metano; poluição do ar e da água; desmatamento; 
gestão de resíduos; eficiência energética; biodiversidade; entre outros. 
. Social: relaciona-se à responsabilidade social e ao impacto das empresas e 
entidades em prol da comunidade e sociedade. Majoritariamente se refere a temas como 
respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas; segurança no trabalho; salário justo; 
diversidade de gênero, raça, etnia, credo etc.; proteção de dados e privacidade; satisfação 
dos clientes; 
. Governance ou Governança: está ligado às políticas, processos, estratégias e 
orientações de administração das empresas e entidades. Entram no tema, por exemplo, 
conduta corporativa; composição do conselho e sua independência; práticas 
anticorrupção; existência de canais de denúncias sobre casos de discriminação, assédio e 
corrupção; auditorias internas. 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 32 
 
. Cria métricas para atender os 3 grandes objetivos e cria uma pressão corporativa 
a seguir nesta direção. 
A) Situação hipotética: 
 
. Reformulando a pergunta: essa decisão está alinhada ao interesse social? 
 . Essa visibilidade gera valor? 
 . Talvez esteja muito distante o objeto da relação. – Público alvos distintos etc. 
 . Se fosse ao invés dos jogos jurídicos algo de cursinho preparatório p/ concurso 
público? Faria mais sentido. 
3) Sociedades de economia mista: 
. Sociedade de economia mista é uma sociedade na qual há colaboração entre o Estado e 
particulares, ambos reunindo recursos para a realização de uma finalidade, sempre de 
objetivo econômico. 
 . Organizada sob a forma de sociedade anônima, que tem dois tipos de sócios: 
estado x entes privados. 
. Existem sociedades de economia mista estadual e municipal também, não apenas federal. 
 . Exemplo de sociedade de economia mista estadual: EMBASA. 
. Para que existem sociedades de economia mista? 
 . Ferramenta de intervenção do Estado na economia. – Tipo de atuação direta do 
Estado. 
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NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 33 
 
 . Segmentos estratégicos, serviços essenciais (transporte;; banco; água; esgoto; 
energia; petróleo etc.). 
. Por que o Estado opta pela modalidade de sociedade de economia mista? 
 . O fato de eu ter um sócio privado faz a minha atividade mais eficiente? A priori, 
não. 
 . Mas, pode ser que sim: o fato de ter um acionista privado passa a ideia de que 
alguém, além da autoridade estatal, teria gerência sob aquela atividade. – O olho do dono 
engorda o negócio. – MAS ELE NÃO TERÁ PODER DE TRANSFORMAÇÃO NORMALMENTE. 
 . O ponto de partida é que em alguns mercados o estado precisa de mais dinheiro 
p/ atingir seus objetivos, pois o dinheiro do estado não é infinito. – O ente privado, por 
sua vez, investe acreditando que terá lucro. 
. Se organiza como sociedade empresária, mas há um conflito intrínseco, pois há 
divergência de interesses: 
 . Estado não faz sociedade de economia mista pensando em lucrar, pois esta não é 
a forma que ele gera receitas, isso não é o objetivo primário. – JÁ O AGENTE PRIVADO 
BUSCA O LUCRO. 
. Participação de capital privado, além da participação pública (isso diverge das estatais 
de empresa pública, que por sua vez só tem aporte estatal). 
. Os particulares, neste modelo, têm interesse quase que puramente econômico e não 
social. 
. O controle será do ente estatal. 
. Para lidar com essa complexidade, aLei de S.A disciplinou o art. 235. 
. Previsão na Lei de SA sobre interesse social em Sociedade de Economia Mista. 
Art. 235. As sociedades anônimas de economia mista estão sujeitas a esta Lei, sem 
prejuízo das disposições especiais de lei federal. 
§ 1º As companhias abertas de economia mista estão também sujeitas às normas 
expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários. 
§ 2º As companhias de que participarem, majoritária ou minoritariamente, as 
sociedades de economia mista, estão sujeitas ao disposto nesta Lei, sem as exceções 
previstas neste Capítulo. 
Art. 238. A pessoa jurídica que controla a companhia (o ente público/ente estatal) de 
economia mista tem os deveres e responsabilidades do acionista controlador (artigos 
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116 e 117), mas poderá orientar as atividades da companhia de modo a atender ao 
interesse público que justificou a sua criação. - Aqui o legislador sopesa, em certa 
medida, o interesse público social sobre o interesse econômico da iniciativa privada. 
Aqui há necessidade de ponderação dos interesses, tendo o legislador aberto caminho 
para prevalência do interesse social ao lucro exclusivo. 
 
. Tem que perseguir o interesse social. – MAS, ele cede espaço na sociedade de economia 
mista p/ alcançar alguns fins sociais (afinal de contas é uma forma de intervenção do 
estado na economia). 
 . Está dando poderes específicos ao estado na condição de controlador, p/ ele que 
possa direcionar de determinada forma a sociedade de economia mista. – QUAL SERIA O 
TAMANHO DESSE PODER? 
. Sociedade de economia mista vão a mercado. 
 . O que motiva um ente privado nesse cenário? O mercado de valores imobiliários 
movimenta. 
. Não podemos ignorar em alguma medida o interesse econômico do acionista dentro da 
sociedade de economia mista. 
. Petrobras no governo Bolsonaro gerou bastante lucro, pois priorizou realização de 
resultados p/ acionista. 
 . Já o governo Lula tem agido em sentido contrário, dizendo que pensa em políticas 
de desenvolvimento com base na Petrobras, para além do lucro. 
 
A) Caso Eletrobrás: 
. Interesse social: Discute-se se o interesse da sociedade é gerar apenas lucros ou agregar 
valor social. O futuro da sociedade não deve ser pensado a curto prazo, mas sim a longo 
prazo. 
. Caso Eletrobrás: A Eletrobrás é uma distribuidora de energia elétrica, logo, será uma 
concessionária de um serviço gerido pelo Estado (União Federal). O contrato de concessão 
será, então, firmado entre Eletrobrás e União Federal. A Eletrobrás possui vários sócios e 
um sócio controlador, qual seja a União. O contrato de concessão da Eletrobrás estava 
chegando ao fim e, pelo contrato vigente, a Eletrobrás teria alguns valores a receber 
contra a União Federal. A Presidência da República editou medida provisória tratando da 
renúncia desses valores em caso de renovação de contrato antecipada. Posteriormente, a 
assembleia geral deliberou sobre a possibilidade ou não de assinatura do contrato com a 
renúncia regida pela medida provisória. O contrato foi assinado. Quando a questão foi 
levada à CVM (Comissão de Valores Imobiliários - autarquia federal - processo 
administrativo sancionador), uma das questões suscitadas foi o interesse social. A CVM 
entendeu haver situação de abuso por parte da União Federal, multando-a em 
R$500.000,00. Das decisões da CVM cabe recurso e o recurso foi acolhido pelo chamado 
Conselhinho, comporto pelo Ministro da Fazenda, Ministro de Minas e Energia. O voto de 
minerva é do Estado, então a decisão foi reformada. 
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. CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é uma autarquia federal. – Regula as relações de 
capitais mobiliários brasileiros. 
 . Uma das atribuições da CVM, é julgar conflitos de direito societário em sociedade 
de capital aberto. – COMO FOI O CASO DO JULGADO TRAZIDO P/ DISCUSSÃO EM SALA. 
 . Instância administrativa de uma autarquia federal. 
. A União era a acionista controladora (de forma direta por meio de algumas ações; e 
também de forma indireta), em relação a Eletrobrás. 
. A Eletrobrás era concessionária de distribuição de energia (serviço essencial). 
. Os vínculos entre União e Eletrobrás são: controlador/minoritário, concessionária e 
jurisdicionados. 
. Quem levou o problema para CVM? 
 . A parte autora do processo: Superintendência de Relações com Empresas (é um 
departamento dentro da CVM). – Essa superintendência pode agir de ofício ou provocação 
(aqui foi caso de provocação, por um acionista prioritário que se sentiu prejudicado). 
 . A União é ré em um processo que tramita perante uma autarquia federal. – 
ESTAMOS JULGANDO A UNIÃO FEDERAL AQUI NÃO COMO ESTADO, MAS SIM A POSIÇÃO 
DE CONTROLADORA DA ELETROBRAS. 
 . A união federal interage com esse caso em 3 papeis diferentes: (i) controladora 
da Eletrobrás; (ii) contratante do serviço de uma concessão, isto é, uma entidade 
concedente da relação; (iii) relação de estado-cidadão jurisdicionado. 
. O que aconteceu que levou os minoritários a se sentirem prejudicados a ponto de 
provocarem o CVM? 
 . Existe uma relação contratual de concessão entre a União Federal e a Eletrobrás. 
Essa relação gerou p/ Eletrobrás ao longo dos anos créditos contra a União Federal nos 
termos desse contrato. - No final das contas esse crédito deixou de existir. 
 . Presidente da República editou uma Medida Provisória que trazia uma situação 
em abstrato: se a concessionária quiser renovar ANTECIPADAMENTE esse contrato, a 
renovação tem como consequência a quitação/renúncia desses créditos. 
 . A Eletrobrás tinha dois caminhos: abrir mão, e ter mais alguns anos de concessão 
pela frente OU esperar o prazo da concessão acabar e tentar renovar por meio do 
procedimento de licitação. 
 
 
 
 CADERNO DE DIREITO SOCIETÁRIO – PROF. RUY ANDRADE – 2023.1 
 
NATÁLIA OLIVEIRA RODRIGUES 36 
 
DINÂMICA SOCIETÁRIA E GOVERNANÇA 
COOPORATIVA 
1) Perguntas norteadoras: 
 
2) Lei de Gerson: 
. No final das contas, essa “lei de Gerson” acabou sendo considerado a intenção de levar 
vantagem. 
. Gerson era jogador de futebol na década de 70. – Fazia uma publicidade de “LEVE 
VANTAGEM VOCÊ TAMBÉM”. 
. De uma perspectiva social é criticável; mas, de uma perspectiva econômica muitas vezes 
é um pressuposto de análise. 
. Tendência de cada pessoa é maximizar seus interesses. 
. Os indivíduos, geralmente, buscam a obtenção de vantagens. 
. Existem diversas formas que o administrador por utilizar a fim de obter vantagens sobre 
a empresa. A governança é exatamente o que regulará a relação entre os órgãos da 
sociedade. 
. Pode parecer feio, mas no final do dia isso nos permite criar estruturas estratégicas para 
guiar as pessoas no intuito de que elas se comportem de forma desejável. 
. As sociedades incorporaram do Estado o conceito de organização coorporativa. 
 . O que é tripartição de poderes? Para controle/limitação. – Particiono o poder de 
modo que cada um fiscalize o outro. – Sistema de pesos e contrapesos. 
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 . As sociedades também entenderam ser necessário partilhar o poder e criar 
estruturas de controle. – MODELAGEM POLÍTICA DE UMA ESTRUTURA SOCIETÁRIA. 
. Exemplo – COMISSÃO DE FORMATURA. QUAIS VANTAGENS? 
 . Tomada de decisões importantes. – Poder. 
 . Visibilidade – network. – Comissão de formatura tem uma folha própria no 
convite; posição da mesa etc. 
 . Geralmente não paga p/ alugar beca. 
 . Tem convite extra. – Uma problemática aqui: talvez o colega da comissão não 
priorizasse o melhor interesse da turma, pensando no benefício, como o nº de convites 
que vai receber. 
 . Isso seria uma troca legítima? De que não quero assumir a burocracia de assumir 
as responsabilidades.

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