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Estratégias pré, durante e pós treino: treinamento de endurance e força Professora Diana B. S. Soares SUMÁRIO SUMÁRIO ..................................................................................................................... 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 3 Informações sobre a autora ....................................................................................... 4 1. Siglário ................................................................................................................. 5 2. Apresentação da disciplina ................................................................................. 6 3. Tipos de treinamento ........................................................................................... 7 4. Metabolismo durante o exercício ....................................................................... 8 5. Endurance ............................................................................................................ 9 5.1 Diferença atleta de endurance x praticante.............................................10 6. Treinamento de força .............................................. Erro! Indicador não definido.1 6.1 Diferença atleta de musculação x praticante de musculação ......... 284 7. Atendimento nutricional .......................................... Erro! Indicador não definido.6 7.1 Questionário pré consulta........................................................................16 7.2 Anamnese alimentar..................................................................................16 7.3 Diário alimentar..........................................................................................17 7.4 Exames laboratoriais.................................................................................17 7.5 Análise da composição corporal..............................................................19 7.5.1 Antropometria..............................................................................20 7.5.2 Bioimpedância.............................................................................21 8. Intervenção nutricional ........................................... Erro! Indicador não definido.2 8.1 Gasto energético no endurance ........................................................ 392 8.2 Gasto energético no endurance...........................................................................23 8.3 Carboidratos no endurance............................................404 8.4 Carboidratos no treinamento de força.......................................415 8.5 Lipídios no treinamento endurance e de força....................................27 8.6 Proteínas no treinamento de endurance e de força...........................................28 8.6.1 Proteína: pré, durante e pós exercício...................................30 9. Fases do atleta de musculação..............................................................................31 10 Hidratação ...................................................................................................... 32 11 Micronutrientes .................................................... Erro! Indicador não definido.5 11.1 Magnésio..............................................................................................................35 11.2 Ferro.....................................................................................................................36 11.3 Zinco.....................................................................................................................36 12.Suplementação.......................................................................................................39 12.1 Creatina................................................................................................................39 12.2 Cafeína.................................................................................................................40 12.3 Suplementos tamponantes................................................................................41 12.3.1 Bicarbonato de sódio......................................................................................41 12.3.2 Beta alanina......................................................................................................41 13. Antioxidantes........................................................................................................42 13.1 Chá verde.............................................................................................................43 13.2 Frutas vermelhas................................................................................................43 13.3 Cúrcuma...............................................................................................................44 13.4 Ômega-3 ..............................................................................................................45 14. Whey Protein ........................................................................................................46 15. Suplementos de carboidrato................................................................................47 16. Referências ....................................................................................................... 492 ESTUDO DE CASO 1 ESTUDO DE CASO 2 INTRODUÇÃO A disciplina “Estratégias pré, durante e pós treino: treinamento de endurance e força” tem como principal objetivo aumentar o conhecimento teórico e prático com relação a atuação do nutricionista em estratégias antes , durante e depois os treinos dos clientes que praticam musculação e endurance. No treinamento de endurance, prática aeróbica e de longa duração é diferente do treinamento de musculação classificado como anaeróbico e curta duração, ou seja, são práticas bem distintas e que o pré, durante e o pós treino adequados farão toda a diferença. Para o nutricionista que atende pacientes que praticam treinamento de endurance ou de força é importante o domínio do tipo treino e objetivos (rendimento, estético ou competição) do cliente para a adequação nutricional específica. Nesse contexto, o curso visa tornar o aluno apto na elaboração de estratégias nutricionais desde montagem de cardápios até a necessidade de suplementação tanto para os praticantes de endurance como de musculação, visando o melhor rendimento no esporte. Informações sobre a autora Diana Bento da Silva Soares E- mail: soaresdia@gmail.com • Graduada em Nutrição pela Universidade de São Paulo (USP) • Especializada em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo • Especializada em Nutrição Esportiva pelo GANEP • Mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) • Atuou como nutricionista clínica em hospitais por 5 anos • Atualmente dá aulas em faculdades e pós-graduações e atende em consultório particular. 1. Siglário SIGLÁRIO ATP – Trifosfato de adenosina CHO – Carboidrato GEDT – Gasto energético diário total Kcal – Kilocaloria L – Litros LIP – Lipídio PTN – Proteína RM – Repetição máxima AST- Área secção transversal do músculo AND- Academy of Nutrition and Dietetics DC- Dietitians of Canada ACSM- American College of Sports Medicine. MPS- Muscle protein synthesis TCM – Triglicérides de cadeia média mTOR- Mechanism target of rapamycin kinase p70s6k- Proteína quinase ribossomal S6 de 70kDA Akt- Proteína cinase PGC-1 -Peroxisome proliferator-activated receptor-gamma coactivator mRNAs- RNA mensageiro GI- Gastrointestinal2. Apresentação da disciplina A disciplina “Estratégias pré, durante e pós treino: treinamento de endurance e força” tem carga horária prevista de 12 horas e o objetivo de desenvolver e ampliar os conhecimentos referentes às intervenções nutricionais ao cliente de treinamento de musculação e de endurance, para que este atinja seu objetivo que pode ser melhorar a saúde, estética ou melhora do rendimento. Nesta apostila serão abordados os conteúdos a seguir: - Tipos de treinamentos de endurance e de força - Diferença Atleta x praticante de força/ Diferença atleta x praticante endurance. - Exemplo de anamnese alimentar para praticante de atividade física - Necessidades nutricionais em cada treinamento - Estratégias pré, durante e pós treino no endurance e musculação - Tudo sobre cada suplemento de carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais - Indicações de suplementação: quais momentos suplementar? Desejamos a todos bons estudos! 3. Tipos de treinamento O exercício é geralmente separado em: atividades aeróbicas ou de resistência e em potência ou de força. O exercício de resistência é classicamente realizado contra uma carga relativamente baixa por um longo período, enquanto o exercício de força é realizado contra uma carga relativamente alta por um curto período (HUGHES et al., 2018). No entanto, exercícios de pura resistência e força pura são raros. A maioria das atividades combina resistência e força e esse tipo de treinamento tem sido denominado exercício concorrente. De fato, tanto a resistência quanto as adaptações do treinamento de força não apenas contribuem para a potencial excelência esportiva, mas, na maioria dos casos, contribuem para o aparecimento tardio de doenças relacionadas à idade (HUGHES et al., 2018). 4. Metabolismo durante o exercício Músculos em contrações recebem as três principais vias de energia, que são influenciadas pelo tempo e intensidade do exercício. A reação da fosfocreatina (PCr) ao ATP, regulada pela creatina quinase. Em sessões de exercícios de intensidade moderada a alta, com duração de até ~90 s, o sistema de ácido lático de curto prazo é um dos principais contribuintes. Durante esse intervalo, a ressíntese de ATP é atendida principalmente pela glicólise dependente de glicogênio (HARVEY et al., 2019). No exercício moderadamente intenso e de longa duração, o sistema aeróbico de longo prazo fornece substratos metabólicos para apoiar o metabolismo oxidativo. As demandas de oxigênio e o consumo de oxigênio determinam a contribuição dos sistemas de energia acima durante a resposta metabólica ao exercício. Durante os momentos iniciais do exercício, é necessário um grande aumento no consumo de oxigênio para atender às demandas energéticas das células musculares em contração (HARVEY et al., 2019). No entanto, existe um descompasso entre as demandas metabólicas e o consumo de oxigênio por vários segundos a vários minutos, chamado de “déficit de oxigênio”. Durante o déficit de oxigênio, o sistema de fosfogênio e o sistema de ácido lático são os principais apoiadores da ressíntese de ATP. Uma vez que o consumo de oxigênio e a demanda de oxigênio estão em equilíbrio, a fosforilação oxidativa através do sistema aeróbico torna-se a via dominante para manter a regeneração de ATP (HARVEY et al., 2019). Uma vez que o metabolismo aeróbico em estado estacionário é alcançado, um suprimento constante de substratos exógenos é necessário para manter o exercício. Os substratos exógenos são fornecidos pelo fígado e tecido adiposo. Durante o exercício aeróbico, o fígado tem o papel principal de manter os níveis de glicose no sangue por meio da glicogenólise e, em menor grau, da gliconeogênese (HARVEY et al., 2019). Além disso, o fígado pode produzir corpos cetônicos a partir de concentrações séricas elevadas de ácidos graxos. Um aumento sustentado dos ácidos graxos séricos ocorre devido à lipólise do tecido adiposo, ativado por estimulação beta-adrenérgica. Por meio desses esforços coordenados do fígado e do tecido adiposo, um suprimento suficiente de substratos, a saber, glicose, corpos cetônicos e ácidos graxos, alimenta a contração do músculo cardíaco e esquelético. O músculo cardíaco tem um benefício adicional, pois demonstra uma maior capacidade de utilizar o lactato produzido pelo músculo esquelético durante cargas de trabalho mais altas (HARVEY et al., 2019). 5. Endurance O treinamento de resistência leva a adaptações no sistema cardiovascular e musculoesquelético que suportam um aumento geral na capacidade e desempenho do exercício (BROOKS et al., 2010). As adaptações locais no músculo esquelético, como o aumento da biogênese mitocondrial e da densidade capilar, auxiliam na capacidade do corpo de transportar e usar oxigênio para gerar energia e, portanto, retardar o início da fadiga muscular durante o desempenho aeróbico prolongado (HUGHES et al., 2018). Na figura 1 é possível conhecer 3 tipos de treinamento aeróbico, o treinamento intervalado de sprint ([SIT]; sessões máximas de ~30 segundos), treinamento intervalado de alta intensidade ([HIIT]; 1-4 min de sessões) e o treinamento de longa distância lenta [LSD] (HUGHES et al.,2018). Evidências recentes sugerem que aumentos na intensidade do exercício (treinamento intervalado de sprint [SIT]; treinamento intervalado de alta intensidade [HIIT]) levam a respiração e função mitocondrial aprimoradas, enquanto exercícios prolongados de baixa intensidade e alto volume (treinamento lento de longa distância [LSD]) o exercício de resistência parece auxiliar no aumento do conteúdo mitocondrial no músculo esquelético (HUGHES et al.,2018). Figura 1. Diagrama esquemático de intensidade e volume de treinamento na respiração mitocondrial versus adaptações de conteúdo por meio de treinamento de resistência (HUGHES et al.,2018). MODALIDADE CÍCLICA (SEM MUDANÇA DE DIREÇÃO), CONTÍNUA e LONGA DURAÇÃO Exemplos: • Corridas • Travessias aquáticas • Ciclismos • Triatlon 5.1 Diferença atleta de endurance x praticante de endurance Os atletas de elite têm valores 50 a 100% acima dos observados em jovens sedentários normalmente ativos e seu limiar de lactato ocorre em uma porcentagem. Isso significa que, em atletas de elite, o consumo absoluto de oxigênio (potência e/ou velocidade) que pode ser gerado por longos períodos de tempo antes de atingir o limiar de lactato é praticamente duplicado, permitindo velocidades de corrida sustentadas de 20 km h -1 ou potência de ciclismo de 400 W (EARNEST et al., 2019). Neste contexto, à medida que a velocidade de corrida ou a potência em um cicloergômetro aumenta em indivíduos não treinados, normalmente não há aumento sustentado na concentração de lactato no sangue até que cerca de 60% seja atingido. Em indivíduos treinados, esse valor pode ser de 75 a 90% (EARNEST et al., 2019). 6. Treinamento de força O exercício anaeróbico é um exercício de alta intensidade e baixa duração que dura menos de 2 minutos. As demandas de energia são atendidas pelo sistema de fosfagênio e sistema de ácido lático, que são altamente dependentes do glicogênio do músculo esquelético (GRGIC et al., 2018). Durante o exercício anaeróbico, ocorrem altas forças contráteis dentro do músculo e as fibras musculares são danificadas. Além da reposição de carboidratos durante o período de recuperação, o consumo adequado de aminoácidos essenciais é importante para apoiar a síntese proteica necessária para reparar e reconstruir o músculo (GRGIC et al., 2018). O treinamento de força leva a um aumento na força e potência muscular como resultado de adaptações neuromusculares,aumento da ÁREA SECÇÃO TRANSVERSAL DO MÚSCULO (AST) e alterações na rigidez do tecido conjuntivo (GRGIC et al., 2018). O resultado é um rápido aumento inicial de força à medida que o indivíduo aprende um exercício seguido de progressão lenta à medida que o músculo cresce (GRGIC et al., 2018). A hipertrofia muscular depende de um balanço nitrogenado positivo, obrigatoriamente, a fim de gerar um acréscimo de proteínas musculares e consequente hipertrofia muscular. O exercício físico resistido, em especial, por trabalhar com sobrecarga superior à utilizada na rotina diária do indivíduo, possui como principal adaptação o aumento da quantidade de miofibrilas, visando sustentar essa sobrecarga sem que ocorram danos celulares em grande magnitude. Como consequência, no período subsequente à prática, a taxa de síntese proteica torna-se aumentada por cerca de 48 a 72 horas, especificamente para actina e miosina, sendo essa resposta totalmente dependente da oferta proteica proveniente da dieta. O resultado dessa maior síntese, em longo prazo, é o aumento da área de secção transversal das fibras musculares, fenômeno denominado hipertrofia muscular (KRZYSZTOFIK et al., 2019). Um aumento mais expressivo no volume muscular ocorre principalmente em torno de 8 a 24 semanas de exercícios de força, apesar de que mudanças na área da secção transversal da fibra já podem ser verificadas após 3 semanas de treinamento (PASCHOAL and NAVES, 2014). O aumento inicial na força muscular ocorre mais rapidamente do que hipertrofia muscular, relacionando-se ao aprendizado motor. Seguindo essas conclusões, o ACSM (2002) apresentou investigações precedentes em relação às adaptações neurais e às contribuições hipertróficas aos ganhos da força de músculo: • Adaptações neurais no treinamento de força para pessoas não treinadas contribuem primordialmente para ganhos iniciais de força e com pouco impacto nos ganhos de massa muscular (hipertrofia) (KRZYSZTOFIK et al., 2019). • Todas essas adaptações neurais são fatores que distinguem uma pessoa com experiência em treinamento de força de outra que não se envolveu com esse tipo de prática (KRZYSZTOFIK et al., 2019). Na figura 2, é possível verificar a evolução do treinamento, ao qual inicia a adaptação neural que se manterá ao longo do tempo e também logo no início ocorre o aumento da força e que continuará aumentando ao longo do tempo, e assim a hipertrofia ocorre após essas adaptações. Figura 2. Adaptações ao treinamento (HUGHES et al.,2018). Indivíduos com poucas semanas de treinamento (8 semanas) certamente não terão as suas respostas de síntese proteica e ganho muscular rápidos. As necessárias mudanças nas variáveis do exercício (carga, tipo, velocidade de execução, intervalo de descanso etc.), depois de certo tempo de treinamento, levarão a um novo nível de estresse fisiológico/metabólico capaz de otimizar as sinalizações para o anabolismo muscular. Na figura 3 é possível entender as sinalizações do anabolismo celular. Figura 3. Alterações fisiológicas após semanas de treino de força 6.1 Diferença atleta de musculação x praticante de musculação Atletas chegam a fazer 4-5 horas de treinos diários, praticantes normalmente atingem até 1 hora. O mais importante é focar em alimentos e suplementos que potencializem a sua recuperação, evite lesões e diminuam a fadiga, extraindo o melhor de seu desempenho. Por definição, esportista é a pessoa adepta à prática de esportes de forma amadora (vive com o esporte), enquanto o atleta é um esportista competitivo e profissional (vive do esporte). O atleta de musculação competitivo é o fisiculturista, e seu objetivo é aumentar a massa muscular na fase de bulking (aumento de volume) e reduzir a gordura corporal na fase de cutting. ATIVIDADE Cite alguns exemplos do treinamento aeróbico _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Comente as diferenças entre treinamento de endurance e de força ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7. Atendimento nutricional 7.1 Questionário pré consulta Antes de iniciar o atendimento nutricional é interessante o envio de questionário pré consulta com questões básicas para o preenchimento do paciente, assim o nutricionista pode realizar pesquisa no caso de doenças ou medicamentos que não tem conhecimento e realizar um melhor atendimento. O nutricionista também pode aproveitar mais tempo na consulta para focar em outros detalhes que podem ser mais importantes durante o atendimento. 7.2 Anamnese alimentar No momento da consulta, o nutricionista deve realizar uma anamnese completa para entender os objetivos do cliente, a rotina, a alimentação, a saúde e entender a modalidade de treinamento do cliente, identificar volume, intensidade, dias da semana, horário e há quanto tempo pratica. OBJETIVOS: Identificar o nível de treinamento do cliente para a melhor adequação nutricional. Níveis de treinamento: • Praticantes Iniciantes: menos de 6 meses de treinamento de força consistente ou de corrida • Praticantes intermediários: com menos de um ano de treinamento de força consistente ou de corrida • Praticantes avançados: mais de 1 ano de treinamento de força consistente ou de corrida • Atleta fisiculturista ou de endurance SAÚDE: Identificar se apresenta alguma doença, histórico familiar de doenças, cirurgias, uso de medicamentos, alergias, intolerâncias, saúde gastrointestinal. HÁBITOS DE VIDA: Identificar a rotina, tipo de trabalho, horários, sono, vida social, mora com quantas pessoas, tem habito de cozinhar e etc. 7.3 Diário alimentar Para entender como é a alimentação do cliente o nutricionista pode realizar o questionário de frequência alimentar ou o diário alimentar e se possível realizar o cálculo aproximado de calorias e macronutrientes no dia a dia do cliente. Perguntar sobre uso de suplementação, doses e até tipos de hormônios utilizados no caso de hormonizados. 7.4 Exames laboratoriais Realizar a análise de exames laboratoriais recentes, caso tenha somente exames de mais de um ano, fazer pedido principalmente de: • Hemograma completo • Ferro sérico • Ferritina sérica • Colesterol e frações (HDL, LDL, VLDL) • Triglicérides • Glicemia • Ureia sérica • Creatinina sérica • Ácido úrico sérico • Vitamina D • Cálcio • AST • ALT • GGT (Gama GT) • TSH O hemograma completo é o exame laboratorial mais crítico usado para definir o estado fisiológico ou patológico de um paciente. O hemograma consiste em uma quantificação numérica de glóbulos brancos e sua porcentagem de divisão, glóbulos vermelhos e plaquetas com todos os seus índices (ou seja: concentração de hemoglobina [cHb], hematócrito [HCT], largura de distribuição de glóbulos vermelhos [RDW], média de células volume [MCV], hemoglobina celular média [MCH] para glóbulos vermelhos e volume plaquetário médio [MPV] e largura de distribuição plaquetária [PDW] para plaquetas). Na medicina esportiva, o hemograma juntamente com o exame bioquímico e outras análises laboratoriais específicas contribuem para definir o estado de saúde dos atletas e esclarecer qualquer potencial uso do doping.Em muitos atletas de elite, o hemograma completo pode revelar uma baixa concentração de hemoglobina que muitas vezes está associada a uma redução no ferro e ferritina séricos. O comprometimento dos estoques de ferro é considerado a principal causa da “anemia do atleta”. No entanto, a anemia em atletas nem sempre está associada à redução do armazenamento de ferro, e outros mecanismos podem estar envolvidos. De fato, em atletas de elite o aumento do volume total de sangue, fisiologicamente derivado de um ajuste rápido e precoce do sistema cardiocirculatório ao exercício, geralmente excede a produção de glóbulos vermelhos, cuja mudança é lenta devido à vadiagem de eritropoiese, produzindo assim uma anemia aparente conhecida como “anemia de diluição” (LOBARDO et al., 2019). Alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST) e γ- glutamiltransferase (GGT) são enzimas medidas no soro ou plasma para investigar doenças hepáticas. Em atletas, a concentração de aminotransferases séricas deve considerar a liberação de AST do músculo e de ALT e GGT principalmente do fígado, quando a bilirrubina pode estar elevada devido à hemólise contínua, típica do exercício. Aumentos em AST e ALT, após exercícios de longa distância, como uma ultramaratona, induzem lesão hepática crônica. Em paciente hormonizados importante focar na função hepática e renal (LOBARDO et al., 2019). https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/cclm-2018-1107/html#j_cclm-2018-1107_ref_003_w2aab3b7b9b1b6b1ab2b2b3Aa O 'perfil lipídico' no sangue é a variação dos níveis de lipídios no sangue e é comumente formado por lipoproteína-colesterol de baixa densidade (LDL-C), lipoproteína-colesterol de alta densidade (HDL-C) e triglicerídeos (TG). O colesterol total é uma medida que está associada doença cardiovascular (LOBARDO et al., 2019). Foi relatada uma insuficiência prevalente de vitamina D entre atletas, embora pratiquem esportes ao ar livre ou indoor. As concentrações sanguíneas de vitamina D podem ser facilmente medidas pelos métodos laboratoriais atuais e devem ser consideradas um biomarcador relevante em atletas, pois esse hormônio é crucial para apoiar a contratilidade sustentada do músculo esquelético e miocárdico (LOBARDO et al., 2019). A concentração de glicose no sangue é regulada por complexos mecanismos neuro-hormonais e metabólicos que mantêm os valores dentro dos limites da normalidade. A glicose é um dos produtos derivados da digestão e absorção de carboidratos e representa uma fonte primária de energia para as células e o sistema nervoso central. Durante o exercício e o treinamento, há adaptações no metabolismo da glicose que melhoram a utilização da glicose em atletas e são benéficas para reduzir a insensibilidade à insulina em não atletas. (LOBARDO et al., 2019). 7.5 Análise da composição corporal A estimativa da composição corporal constitui uma importante etapa na identificação de possíveis distúrbios nutricionais e nas intervenções dietética e dietoterápica. Encontram-se disponíveis na literatura diferentes métodos para a determinação da composição corporal, desenvolvidos e validados em várias populações e com inúmeras finalidades, as mais comuns encontradas em clínicas e consultórios são a antropometria e bioimpedância. O principal que se deve avaliar na análise da composição corporal é não somente se o peso está adequado, mas o percentual de gordura, massa muscular, massa magra, hidratação. Para o atleta de endurance é comum observar a massa magra e gordura corporal abaixo do adequado para a idade e por isso não ser saudável, além de reduzir o rendimento. Assim como no fisiculturista que pode ter massa gorda abaixo de esperado, Sempre importante utilizar como referência de comparação a classificação de atleta ou praticante de atividade física. 7.5.1 Antropometria A palavra antropometria é de origem grega e foi criada através dos termos anthro (corpo) e metria (medida), apresentando-se como a medida das variações das dimensões físicas corporais. Por meio dos indicadores antropométricos, é possível estudar e acompanhar o processo de crescimento e desenvolvimento, de acordo com a faixa etária e /ou sexo, avaliar a massa corporal total, a distribuição de gordura e a composição corporal, permitindo, assim, identificar indivíduos com problemas de saúde/ nutricionais e em risco de doenças. Além disso, a antropometria é importante no monitoramento do estado nutricional, sendo utilizada em pesquisas epidemiológicas e na prática clínica (SAMPAIO et al., 2012). As vantagens de sua aplicação são justificadas pelo uso de equipamentos de baixo custo e portáteis, por suas técnicas não invasivas, pela obtenção rápida dos resultados e fidedignidade do método. Ainda é possível utilizar os indicadores antropométricos para monitorar os efeitos das medidas de intervenção de saúde e nutrição e a influência dos fatores ambientais no estado nutricional, nos âmbitos individual e coletivo (SAMPAIO et al., 2012). Mesmo com todas essas vantagens, devemos considerar algumas situações em que os indicadores antropométricos tornam-se limitantes, pois não identificam carências nutricionais específicas, não permitem detectar alterações recentes na composição e distribuição corporal, dependem do estado de hidratação. Outras questões a serem consideradas envolvem a capacidade limitada dos instrumentos para mensuração e a necessidade de profissionais treinados (SAMPAIO et al., 2012). Para realizar a avaliação antropométrica é necessário que as medidas corporais sejam associadas entre si e a parâmetros como sexo e idade, formando índices e indicadores que serão comparados e analisados de acordo com os padrões de referência e pontos de corte recomendados. Um dos problemas encontrados na avaliação nutricional antropométrica é a escassez de padrões de referência, especificamente para a população brasileira, sendo comumente utilizados estudos populacionais americanos e europeus (SAMPAIO et al., 2012). As principais medidas são: Dobra cutânea (uso do adipômetro): bíceps, tríceps, axila, tórax, coxa, panturrilha, suprailíaca, abdominal, subescapular Circunferência (uso da fita métrica): braço relaxado, braço contraído, cintura, abdômen, coxa, panturrilha, quadril, tórax, antebraço. Medidas interessantes tanto para acompanhamento a cada medição e observação de mudança em cada parte como na inclusão de equações manuais ou de softwares para cálculo de percentual de gordura, massa magra. 7.5.2 Bioimpedância A bioimpedância (BIA) tem sido validada para estimar a composição corporal e o estado nutricional em indivíduos. A análise da BIA baseia-se na medida da resistência (R) total do corpo à passagem de uma corrente elétrica de pequena intensidade (imperceptível ao corpo humano), de baixa amplitude (0,8 mA) e alta frequência (50 KHz). A BIA fundamenta-se no princípio de que os tecidos corporais oferecem diferentes oposições à passagem da corrente elétrica, que flui através do corpo pela movimentação dos íons (VILHENA et al., 2019). O emprego da BIA na avaliação da composição corporal tem se tornado comum em diversas situações clínicas, mas existem algumas controvérsias sobre seu uso, principalmente em condições em que há uma alteração do estado de hidratação do indivíduo, a exemplo dos casos de hiperhidratação, que podem superestimar o valor da massa magra corporal (VILHENA et al., 2019). Para o exame da BIA importante o pré preparo: evitar em 24h antes consumo de cafeína, prática de atividade física intensa, jejum, mulher não estar no período menstrual, e assim reduzir alterações nos resultados. Existem diversos aparelhos de BIA, o mais interessante é o tetrapolar ao qual a corrente elétrica passa pelos membros inferiores e superiores. O paciente descalço sobe na balança segurao equipamento e com as duas mãos esticadas e parado o aparelho faz a leitura e na hora fornece dados de massa muscular, massa magra, gordura, hidratação, gordura visceral, peso ósseo, tanto em porcentagem como em peso dependendo do equipamento (VILHENA et al., 2019). 8. Intervenção nutricional A nutrição apresenta muitas funções para o cliente que busca aumento de massa muscular ou melhora do rendimento em corrida. A alimentação adequada permite o indivíduo tolerar os treinos mais pesados, evoluir nos treinos aumentando as cargas, e assim apresentando melhor eficiência do exercício, permitir melhor recuperação, prevenção de lesões, e principalmente melhora da saúde, fortalecimento da imunidade, da disposição, do bem estar e aumento da auto estima. 8.1 Gasto energético no endurance O nutricionista tem que se assegurar de que a ingestão energética está de acordo com o total de energia gasta pelo indivíduo para evitar possível déficit energético. A baixa disponibilidade de energia pode reduzir as reservas de energia do corpo, limitando sua capacidade de suportar a função fisiológica normal necessária para manter a saúde ideal. Por exemplo, um atleta treinando em alta intensidade ou duração prolongada, enquanto tenta perder massa gorda reduzindo a ingestão calórica, pode causar uma baixa disponibilidade de energia. Recomenda-se que os atletas tenham uma disponibilidade energética >45 kcal/kg/dia. Baixa disponibilidade de energia é definida como <30 kcal/kg//dia (ZAMIR, et al., 2021). 8.2 Gasto energético no treinamento de força Para atletas de força a ingestão energética deve ser maior do que o gasto energético, uma vez que o processo de síntese proteica acontece não apenas para o reparo muscular, mas também para a síntese de novas células musculares (BIESEK et al., 2013). Recomendação de 44-50kcal/dia de peso para homens e 39-44kcal/dia de peso para mulheres (BIESEK et al., 2013). É necessário evitar períodos longos de jejum no qual os hormônios degradativos glucagon e cortisol favorecem tanto a oxidação de gorduras quanto a quebra de proteínas endógenas para a manutenção da glicemia e produção de energia Na maximização do ganho muscular, o consumo energético pode ser tão ou até mais importante do que a ingestão de nitrogênio, uma vez que o equilíbrio nitrogenado melhora concomitantemente ao aumento da ingestão de energia (SLATER et al., 2019). Uma vez que a síntese proteica é um processo dependente de trifosfato de adenosina (ATP, adenosine triphosphate), o acréscimo proteico muscular poderia ser favorecido em períodos de equilíbrio energético positivo e atenuado quando este equilíbrio estivesse negativo. Para atletas de força, a ingestão energética deve ser maior do que o gasto energético uma vez que o processo de síntese proteica acontece não apenas para o reparo muscular, mas também para a síntese de novas células musculares (SLATER et al., 2019). O American Diet Association (2000) recomenda o acréscimo de 500 a 1000 kcal ao valor gasto energético diário total do atleta (RODRIGUEZ et al., 2013). Conforme o treinamento avança, os ganhos de força tornam-se mais dependentes das alterações na hipertrofia muscular, que são bem mais lentas e graduais do que as adaptações neurais. 8.3 Carboidratos no endurance A posição conjunta da Academy of Nutrition and Dietetics (AND), Dietitians of Canada (DC) e American College of Sports Medicine (ACSM) recomenda que o exercício moderado (1 h/dia) requer 5- 7 g /kg/dia de CHO, enquanto o exercício de intensidade moderada a alta (1-3 h/dia) exige 6-10 g/kg/dia (RODRIGUEZ et al., 2013). Atletas de ultra-resistência com níveis extremos de comprometimento com a atividade diária (4 a 5 horas de exercícios de intensidade moderada a alta todos os dias) podem precisar de até 8 a 12 g/kg/dia. A Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva (ISSN) recomenda que, para maximizar os estoques de glicogênio, os atletas devem empregar uma dieta rica em CHO de 8 a 12 g/kg/dia (RODRIGUEZ et al., 2013). Para atividades >60 min, são recomendadas estratégias de alimentação ativa para manter a acessibilidade ao CHO. Para eventos com duração de 1 a 2,5 h, 30 a 60 g/h são comumente recomendados em uma solução de CHO de 6 a 8% (concentrações normalmente encontradas em bebidas esportivas comerciais) idealmente consumidas a cada 10 a 15 min a reserva máxima de glicogênio. Para eventos com duração > 2,5 h, maiores ingestões de CHO de 60 a 70 g/h e até 90 g/h, se toleráveis, estão associadas a um melhor desempenho (RODRIGUEZ et al., 2013). Essa recomendação de ingestão mais alta decorre de pesquisas que demonstram que a oxidação exógena de CHO atinge o pico em uma taxa de ingestão de CHO de 1,0 a 1,1 g/min, devido à absorção GI máxima nessa taxa. A inclusão de múltiplas fontes de CHO (misturas de glicose/frutose) em taxas de ingestão mais altas de 1,8 g/min pode aumentar ainda mais a oxidação em até 1,2-1,3 g/min devido a mecanismos diferenciais de transporte intestinal, e essas combinações de glicose/frutose também melhoram a tolerância GI. Nessas extremidades mais altas de ingestão, os autores recomendam que os atletas pratiquem rotineiramente seu plano de alimentação para avaliar o conforto GI (por exemplo, CHO líquido pode ser mais tolerável do que sólido) e a praticidade de seu plano de alimentação. Outra técnica recente é utilizar um enxaguatório bucal com CHO durante o exercício de resistência como forma de estimular as células receptoras do paladar e o sistema nervoso central (SNC) para melhorar o desempenho, sem a ingestão real de CHO (VITALE et al., 2019). 8.4 Carboidratos no treinamento de força Estudos sugerem que o consumo de dieta moderada em carboidratos não afeta a performance em exercícios de força de alta intensidade, independentemente do estado do treinamento (CHOLEWA; NEWMIRE; ZANCHI, 2019), ou seja, no caso do consumo de carboidratos a necessidade depende da intensidade e objetivo do treinamento e não do nível que o praticante se encontra. Na tabela 1 a recomendação de carboidratos. Recomendação de carboidratos Atividades leves que não representam desconforto físico importante 3 a 5g/kg/dia Em média 1h de atividades leves a moderadas 5 a 7g/kg/dia 1 a 3 horas de atividade física intensa a moderada 6 a 10g/kg/dia 4 a 5 horas de atividade física moderada a alta 8 a 12g/kg/dia Tabela 1. Recomendação de carboidratos Na tabela 2 um resumo da recomendação de carboidratos conforme tipo de treinamento. RESUMINDO: Tabela 2. Recomendação de carboidratos conforme o tipo de treinamento Recomendação de carboidrato pré treino: -3 a 4 horas antes da sessão: 200 a 300g de carboidratos (1 unidade média batata doce ou 6 fatias pão com geleia); -1 a 2 horas antes: 1 a 2g/kg peso de carboidratos (3 colheres arroz); - 45 a 15 minutos antes: consumo de aproximadamente 60g de carboidratos (2 bananas). • Dextrose ou maltodextrina (energia): 8.5 Lipídios no treinamento de endurance e de força Para que o sistema hormonal funcione de maneira ideal, a gordura se torna um macronutriente importante, pois é a espinha dorsal da produção de hormônios esteróides. O colesterol, um componente de gordura da dieta, é um dos blocos de construção para a produção de testosterona (ZAMIR, et al., 2021). Conforme a recomendação de American College of Sports Medicine, a ingestão diária de lipídios para atletas em geral é de 20 a 35% do consumo energético total diário. Dietas com conteúdo lipídico ≤ 20% não parecem trazer qualquer benefício à performance. Sugere-se ainda que a oferta diária de lipídio seja constituída de 10% de gorduras saturadas, 10% de gordura poliinsaturada e 10% de monoinsaturadas e que inclua os ácidos graxos essenciais linoleico(ômega-6) e α-linolênico (ALA, ômega-3) (RODRIGUEZ et al., 2013). Estudos sugerem que a quantidade e o tipo de gordura dietética podem exercer um papel modulatório nos níveis circulantes de testosterona e de outros hormônios sexuais (IRAKI et al., 2017). Geralmente as gorduras completam o cardápio de 20 a 35% do total de energia. Na tabela 3 um resumo da recomendação de lipídios. Recomendação de lipídios 20 a 35% do consumo energético total diário (dietas com conteúdo lipídico ≤ 20% não parecem trazer qualquer benefício à performance) • 10% de gorduras saturadas • 10% de gordura poliinsaturada • 10% de monoinsaturadas Tabela 3. Recomendação de lipídios 8.6 Proteínas no treinamento de endurance e de força O AND, DC e ACSM recomendam a ingestão de proteínas na faixa de 1,2 a 2,0 g/kg/dia, e no ISSN a recomendação é 1,4 a 2,0 g/kg/dia (RODRIGUES et al., 2013). Diretrizes contemporâneas para atletas engajados em treinamento de resistência crônica sugerem proteína dietética na quantidade de 1,2–2,1 g/kg/d para apoiar o balanço positivo de nitrogênio e as necessidades metabólicas. Evidências atuais indicam que a ingestão de proteínas inferior a 1,6 g/kg/d pode resultar em um balanço negativo de nitrogênio em atletas de resistência que têm alta demanda de treinamento. Além disso, quantidades superiores a 2,1 g/kg/d é improvável que tenham efeitos aditivos na síntese de proteína muscular, embora a contribuição da proteína para o metabolismo energético (e outros processos estruturais/funcionais) possa ser maior em corredores de ultramaratona envolvidos em treinamento de alta quilometragem (TILLER et al., 2019). Atletas de força e potência são normalmente recomendados para consumir na faixa mais alta. A ingestão temporária de quantidades maiores durante o treinamento intenso pode trazer benefícios adicionais. A síntese de proteína muscular (MPS) é regulada positivamente por 24 horas após o exercício e é devido ao aumento da sensibilidade à ingestão de proteína oral durante esse período. Essa absorção aumentada fornece um momento ideal para otimizar a ingestão de proteínas a fim de manter a massa muscular após o exercício de resistência, pois o exercício de resistência prolongado pode induzir um estado catabólico e consequente degradação muscular (ANTONIO et al., 2020). Os atletas podem pensar que “mais é melhor” e aumentar a proteína além das recomendações. A ingestão diária de proteína acima do nível recomendado (1,2-2,0 g/kg/dia e/ou refeições/doses individuais acima de ~0,3 g/kg) não demonstrou ser adicionalmente benéfica, e a MPS só pode ser estimulada com doses de pelo menos 3–5 h de intervalo (ANTONIO et al., 2020). O que determina a taxa de síntese ou degradação de proteínas é a relação entre hormônios catabólicos (cortisol/ glucagon/ GH) e anabólicos (insulina/ IGF1 e demais fatores de crescimento). Considerando que o balanço energético do indivíduo foi alcançado, o nutricionista precisa estar atento às relações hormonais durante o dia do indivíduo: • Distribuição e número de refeições ao dia: evitar muito tempo de jejum, no qual os hormônios glucagon e cortisol favorecem tanto a oxidação de gorduras quanto a quebra de proteínas endógenas para a manutenção da glicemia → produção de energia. • Intervenção antes, durante e principalmente após o exercício. • O aproveitamento da proteína ingerida diariamente, para o crescimento muscular em si, pode ser significativamente influenciado por diversos fatores, entre estes o estado de treinamento, a oferta energética e o tipo e o padrão de ingestão da proteína (ANTONIO et al., 2020). A progressão do treinamento de força aumenta a sensibilidade da síntese proteica muscular ao exercício agudo, mas diminui a duração do estímulo durante o período de recuperação. Vale lembrar, no entanto, que indivíduos com ainda tão poucas semanas de treinamento (8 semanas) certamente não terão as suas respostas de síntese proteica e ganho muscular limitadas àquelas observadas após este período (DAVIES et al., 2018). A recomendação de proteínas variam conforme o nível de treinamento, vide Tabela 4, e na Tabela 5 um resumo da recomendação de proteína conforme tipo de modalidade. Recomendação proteica Iniciante 1,4 a 1,5g/kg/dia Intermediário 1,6 a 1,7 g/kg/dia Avançado 1,7g/kg/dia Atleta 2 a 2,5g/kg/dia Tabela 4. Recomendação proteica. RESUMINDO: Tabela 5. Recomendação proteica conforme tipo de treino (JEUKENDRUP et al., 2010). 8.6.1 Proteína: Pré, durante e pós exercício em ambas modalidades Se tolerável, o atleta pode considerar uma dose pré-exercício de 0,3 g/kg de proteína de acordo com a tolerância gastro intestinal (GI). Durante o exercício de resistência (se exercício excêntrico particularmente intenso ou significativo), aproximadamente 0,25 g/kg de proteína por hora, quando tomado junto com carboidratos, é recomendado pelo ISSN para minimizar o dano muscular potencial. Isso pode reduzir as elevações da creatina quinase, melhorar as sensações subjetivas de dor muscular e pode aumentar a MPS e o equilíbrio proteico líquido (ANTONIO et al., 2020). O tempo e a dose também se mostram importantes; 0,25–0,3 g/kg de uma fonte de proteína de qualidade nas 0–2 h imediatas após o exercício fornece aproximadamente 10 g de aminoácidos essenciais (EAA) (que estimulam ao máximo a MPS e as proteínas de sinalização associadas à MPS mTOR, p70s6k, Akt necessário para a síntese de proteínas) (ANTONIO et al., 2020). Proteína pós-exercício adicionada ao carboidrato pode aumentar a síntese de glicogênio muscular em 40-100% se no cenário de ingestão de carboidratos pós-exercício abaixo do ideal (ou seja, <1 g/kg/h), no entanto, não aumentará ainda mais a síntese de glicogênio se o atleta já apresenta alta ingestão de carboidratos (>1,2 g/kg/h). Na tabela 5, um resumo da recomendação de aminoácidos antes, durante e após os tipos de treinos. RESUMINDO Tabela 5. Recomendação de aminoácidos. Adaptado de JEUKENDRUP et al., 2010. 9. Fases do atleta de musculação O objetivo dos fisiculturistas competitivos é aumentar a massa muscular na fase de bulking ou “off season” (aumento de volume) e reduzir a gordura corporal na fase de cutting ou “pre contest” (IRAKI et al., 2019). Bulking ou Off season é considerado por muitos atletas e treinadores como a fase de construção muscular ou ganho de massa muscular. É a fase de ganho de massa muscular, manutenção dos resultados, descanso ou otimização da composição corporal. Ou seja, quando o atleta não está se preparando para a competição (pré-contest), ele está em off season. Fazer bulk é priorizar ganho de massa muscular com o menor ganho de gordura possível, mantendo o percentual de gordura controlado durante o off season. Proporção de macronutrientes na fase de Bulking (off season) Proteína 15% –20% (2 a 2,5g/kg) Gordura 20% –30% Carboidrato 50% –60% depende (hormonizado aumenta 1000kcal, não hormonizado 500kcal) Tabela 7. Proporção de macronutrientes na fase de Bulking (off season). Pré-contest é a fase de preparação de um fisiculturista para a competição. A fase de pré-contest também pode ser chamada de pré-competição. No pré- contest, o atleta deve aumentar seu déficit energético, restringindo as calorias da dieta e/ou aumentando seu gasto energético pela atividade física, o que pode ser feito através do aumento do volume ou da intensidade do treinamento (musculação, exercício aeróbico). O objetivo do fisiculturista nessa fase é reduzir seu percentual de gordura e evitar a perda de massa muscular. No entanto, quanto maior a restrição calórica e a perda de peso e quanto menor o percentual de gordura, maiores são os riscos de perder massa muscular, principalmenteem atletas que não fazem uso de esteroides anabolizantes (KERKSICK et al., 2017). No fisiculturismo, os carboidratos desempenham papel fundamental tanto para o ganho de massa muscular, como para a perda de gordura. A manipulação dos carboidratos é a principal estratégia nutricional utilizada por fisiculturistas durante o off season e o pré-contest, pois os efeitos metabólicos dos carboidratos são fundamentais para regular o crescimento muscular e a queima de gordura (KERKSICK et al., 2017). Proporção de macronutrientes na fase fase Cutting (PRE CONTEST) Proteína 20% –25% (ou mais, dependendo da ingestão de carboidratos) Gordura 15% –20% Carboidrato 40% –50% (ou tão baixo quanto 23% - 25%, se tolerado) Tabela 8. Proporção de macronutrientes na fase Cutting (PRE CONTEST) perder gordura e ganhar massa. Durante a fase pré contest, fisiculturistas costumam seguir uma dieta low carb reduzindo o carboidrato gradativamente enquanto aumentam proteínas e/ou gorduras. A quantidade de carboidratos pode ser muito variável de individuo para individuo, mas a dieta padrão costuma ter uma proporção de carboidratos abaixo de 40% e de proteínas acima de 30-40% das calorias (KERKSICK et al., 2017). As recomendações de uma dieta para perda de gordura são de déficit calórico na faixa de 500kcal por dia. Esse déficit calórico costuma provocar uma perda de peso na faixa de 0,5 kg por semana nas primeiras semanas. 10. Hidratação A desidratação pode prejudicar o desempenho de resistência. As perdas por suor ocorrem porque há a necessidade de dissipar o calor gerado durante o exercício. Portanto, o desafio nutricional é prevenir a desidratação maior (42-3%) e, assim, contribuir para a prevenção da fadiga (JEUKENDRUP et al., 2011). A desidratação de mais de 2-3% do peso corporal deve ser evitada, mas também adverte contra beber em excesso para prevenir hiponatremia. A hiponatremia associada ao exercício (HAE) é usada para descrever a hiponatremia que ocorre durante ou dentro de 24 horas após a atividade física. É definida por uma concentração de sódio no soro, plasma ou sangue abaixo do intervalo de referência do laboratório, que para a maioria dos laboratórios é <135 mmol/L (JEUKENDRUP et al., 2011). A hiponatremia associada ao exercício é grave e uma das causas potenciais de colapso associado ao exercício que pode ser fatal. A Associação Internacional de Diretores Médicos da Maratona sugerem que o atleta comece com um plano de hidratação na faixa de 400-800 mL/h, que também foi adotado no ACSM Position Stand em 2007 recomendando que os atletas bebam ad libidum, na faixa sugerida de 400-800 mL/h. No entanto, um plano de hidratação é individual para cada atleta e varia de acordo com as taxas de suor, teor de sódio no suor, intensidade do exercício, temperatura corporal e ambiente, peso corporal, função renal e muitos outros fatores (JEUKENDRUP et al., 2011). Portanto, seguir o mecanismo instintivo da sede e monitorar parâmetros corporais como peso corporal, cor da urina, ritmo de corrida, temperatura corporal e temperatura ambiente a cada treino pode ajudar o atleta a ajustar suas necessidades individuais de hidratação e evitar complicações da HAE (JEUKENDRUP et al., 2011). 11. Micronutrientes Não há na literatura nenhum trabalho que apresentou efeito ergogênico com ingestão aumentada de vitaminas e minerais em atletas, então mesmo os praticantes de treinamento de força como de resistência também não haverá necessidade de ingestão aumentada. O nutricionista deve evitar deficiência em todos os níveis de treinamento, por isso é de extrema importância adequar todos os micronutrientes conforme a recomendação. A solicitação de exames laboratoriais se faz necessário, assim como alimentação equilibrada já é capaz de atingir a maioria dos nutrientes. Ficar atento principalmente no magnésio, zinco, ferro e vitamina D. 11.1 Magnésio O magnésio (Mg) participa do processo de metabolismo energético e auxilia na manutenção da contração e relaxamento muscular normal. O Mg é rico em certos tipos de alimentos, incluindo nozes, sementes, frutas, vegetais e grãos integrais. A Dose Dietética Recomendada (RDA) para Mg é de 400–420 mg para homens e 310–320 mg para mulheres acima de 19 anos. Apesar do papel crítico do Mg no metabolismo energético, a manutenção da ingestão de Mg em um nível adequado tem sido frequentemente negligenciada entre a população em geral e atletas. É provável que a demanda por Mg aumente durante situações metabólicas aceleradas, assim, indivíduos fisicamente ativos podem ter maiores necessidades de Mg para manter o desempenho ideal do exercício em comparação com seus pares inativos. Para indivíduos que participam de um programa de treinamento de força, um status de Mg abaixo do ideal ou mesmo deficiente pode levar a um metabolismo energético ineficiente e diminuição da resistência. No exercício aeróbico, a maior ingestão de Mg mostrou estar associada a menores necessidades de oxigênio e melhores índices cardiorrespiratórios (ZHANG et al., 2017). Em resumo, o Mg é um mineral essencial envolvido no metabolismo energético, função cardiorrespiratória e ações musculares. A população em geral, mesmo indivíduos fisicamente ativos, tem ingestão insuficiente de Mg. O desempenho do exercício pode ser comprometido com níveis deficientes de Mg. No entanto, estudos futuros mais rigorosos, especialmente estudos de intervenção em larga escala em humanos, são necessários para estabelecer a relação causal (ZHANG et al., 2017). 11.2 Ferro O ferro (Fe) é um micronutriente que auxilia o desempenho atlético, influenciando as funções fisiológicas envolvidas nos esportes de resistência, melhorando o transporte, armazenamento e utilização de oxigênio. Consequentemente, os atletas têm fatores de risco para depleção de Fe eventualmente, anemia, principalmente por hemólise mecânica, distúrbios gastrointestinais e perda de Fe por sudorese excessiva. Declínios nos estoques de Fe foram relatados para alterar negativamente as capacidades físicas, como capacidade aeróbica, força e recuperação do músculo esquelético em atletas de elite. Assim, há necessidade de manter o estoque de Fe, mesmo que a ingestão de Fe atinja a dose diária recomendada (RDA), e a suplementação de Fe pode ser justificada em indivíduos fisicamente ativos, em estados de deficiência de Fe, com ou sem anemia (FERNANDES et al., 2020). 11.3 Zinco Foi comprovado que o exercício ativa diferentes vias metabólicas modulando os níveis de muitos metabólitos e minerais, incluindo zinco. Exercícios agudos de resistência aeróbica e força muscular diminuem os níveis séricos de zinco enquanto aumentam o zinco urinário, especialmente em caso de exercício até a exaustão. Essas alterações nos níveis de zinco foram encontradas durante o período de recuperação, portanto, podem estar relacionadas com os processos de reparação muscular que ocorrem durante esta fase. No entanto, imediatamente após o exercício, os níveis séricos de zinco aumentados podem ser observados (HERNANDEZ-CAMACHO et al., 2020). A modulação dos níveis de zinco pelo exercício é influenciada pela duração da intervenção do exercício (crônica ou aguda). A deficiência de zinco constitui um problema crucial para atletas profissionais, pois pode afetar o desempenho esportivo e a saúde. Embora a deficiência de zinco seja um problema sério, não há evidências experimentais que sustentem os possíveis benefícios da administração de zinco além das ingestões dietéticas recomendadas como um suplemento potencial para atletas, portanto, zinco extra para atletas não relataria efeitos mais benéficos ou aumentaria adaptações de treinamento. Consequentemente, os atletas devem ser desencorajados a ingerir suplementosextras de zinco porque faltam estudos que determinem o efeito da suplementação de zinco em atletas além dos níveis de ingestão diária recomendada no desempenho esportivo (HERNANDEZ- CAMACHO et al., 2020). ATIVIDADES Cite as recomendações de proteína no endurance e no treinamento de força: 1 ___________________________________________________________________ 2 ___________________________________________________________________ É preciso aumentar aporte de lipídios na dieta de atletas? ___________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Quanto deve ser o aumento de calorias para o praticante de musculação que busca hipertrofia? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ 12. Suplementação 12.1 Creatina O fosfato de creatina é encontrado em altas concentrações no músculo esquelético e cardíaco, onde atua como fonte de energia. A creatina também pode ser obtida por meio da dieta em indivíduos que consomem carne; entretanto, as concentrações de creatina na carne são reduzidas com o cozimento (TIRAPEGUI et al., 2005). Numerosos estudos observaram aumento na massa e força muscular após fases de carga de creatina tipicamente de 20 g por dia por cerca de 1 semana, muitas vezes seguidas por fases de manutenção de 2 a 3 g de creatina por dia. No entanto, a fase de carregamento pode não ser necessária (BIESEK, ALVES and GUERRA, 2013). A maioria dos indivíduos não atinge 3 g por dia com a dieta e pode ser necessária suplementação. Na figura 4 é possível entender a ação da creatina na célula muscular. Figura 4. Influência da creatina na formação muscular. Adaptado CHILIBECK et al., 2017. DOSE RECOMENDADA: 20 A 30g (ou 0,3g por kg) por 5 ou 7 dias OU 2 A 4g (ou 0,03g/kg) por dia 12.2 Cafeína Além de aumentar a excitação, a cafeína pode reduzir a dor e o esforço percebido durante o exercício e melhora o manuseio do cálcio, o que pode aumentar a potência. Estudos sobre exercícios de resistência descobriram que a cafeína reduz a fadiga e aumenta a força. No entanto, nem todos os estudos mostraram um efeito ergogênico no exercício de resistência. Estudos que demonstraram um efeito ergogênico usaram altas dosagens de cafeína (5- 6mg/kg), que está no limite superior do que é considerado uma dosagem segura. No entanto, pode ser aconselhável consumir a dosagem mínima eficaz para um indivíduo, pois a tolerância pode surgir da ingestão regular. Devido ao efeito agudo da cafeína, é aconselhável consumir cafeína aproximadamente 1 hora antes do exercício. No entanto, a meia-vida da cafeína é de aproximadamente 3-9 horas; portanto, pode ser aconselhável consumir cafeína no início do dia para manter padrões de sono saudáveis se o exercício for realizado no final do dia (IRAKI et al., 2019). Mais pesquisas são necessárias para um consenso sobre o uso de cafeína em relação ao exercício, mas com base nas evidências atuais, uma dosagem de 5 a 6mg/kg consumida antes do exercício pode produzir um efeito ergogênico no desempenho do exercício (BIESEK, ALVES and GUERRA, 2013; TIRAPEGUI, et al., 2005). 12.3 Suplementos tamponantes Aumento do pH do sangue pode aumentar a taxa de degradação do glicogênio muscular ao longo do treino com o aumento dos níveis de lactato no sangue e efluxo de H+ para fora dos músculos em contração. Aumentar o pH do sangue através da ingestão de bicarbonato de sódio antes de uma sessão de alta intensidade de exercício aumentou a expressão de PGC-1α mRNA para um maior grau do que um placebo. Há evidências que sugerem que suplementos que alteraram o pH pode afetar as adaptações ao treinamento , como o bicarbonato de sódio e beta alanina. 12.3.1 Bicarbonato de sódio O bicarbonato de sódio é normalmente consumido na dose de 0,2–0,4 g/kg de peso corporal, dividido em 1–3 porções, embora protocolos de carregamento em série ao longo de vários dias também podem ser usados. Esta dose deve ser suficiente para aumentar as concentrações de bicarbonato no sangue em 5-6 mmol/L e permitem pequenas alterações no pH do sangue durante exercício, embora ocorram grande variabilidade inter-individual na resposta à suplementação. 12.3.2 Beta-alanina A ingestão de 4 a 6g de beta-alanina demonstrou elevar os níveis de carnosina muscular. A carnosina atua como um tampão de pH no músculo esquelético e pode atrasar o início da fadiga muscular durante o exercício de alta intensidade. Uma meta-análise concluiu que a beta-alanina pode produzir efeitos ergogênicos durante exercícios de alta intensidade com duração de 60 a 240 segundos. Além disso, não houve efeitos benéficos em exercícios com duração inferior 60 minutos. A maioria dos estudos incluídos na meta-análise examinou exercícios de resistência (BIESEK; ALVES; GUERRA, 2013; TIRAPEGUI, 2005). Mais estudos são necessários para examinar o efeito ergogênico da beta- alanina na composição corporal e desempenho. No entanto, dado que os fisiculturistas costumam treinar com mais de 10 repetições por série e muitas vezes incluem técnicas de intensidade, como drop sets, pausas de descanso e outros, a beta alanina pode render um benefício na resistência dessas séries. A ingestão de 4-6 g de beta-alanina demonstrou elevar os níveis de carnosina muscular. A carnosina atua como um tampão de pH no músculo esquelético e pode retardar o início da fadiga muscular durante o exercício de alta intensidade como no endurance. Assim, pode ser razoável que um fisiculturista e também um atleta de endurance consuma 3 a 5 g de beta alanina diariamente durante as fases de treinamento de alta repetição ou fases de treinamento em que estão incorporando várias técnicas de intensidade que prolongam a duração de uma série. (IRAKI et al., 2019). 13. Antioxidantes Consumir altas doses de antioxidantes únicos (como vitaminas C e E) pode inibir as vias de sinalização normalmente desencadeadas pelo estresse oxidativo do exercício durante o treinamento. O ambiente pró-oxidante, incluindo o acúmulo de espécies reativas de oxigênio (ROS) do exercício, desencadeia adaptações na forma de aumento das enzimas superóxido dismutase e glutationa peroxidase, reparo muscular e vias de biogênese mitocondrial. Embora uma dieta saudável para atletas deva naturalmente incluir uma variedade de antioxidantes, altas doses suprafisiológicas de antioxidantes únicos podem prejudicar ou impedir as adaptações ao treinamento em atletas de resistência e não são recomendadas. No entanto, uma vez que um atleta já atingiu o pico no treinamento e seu objetivo principal é a recuperação oportuna, um alimento ou suplemento contendo uma variedade de antioxidantes (por exemplo, chá verde, frutas vermelhas, cúrcuma) pode ajudar a acelerar a recuperação e o retorno à competição. 13.1 Chá verde Os benefícios de saúde propostos do chá verde são normalmente atribuídos às suas propriedades antioxidantes que podem eliminar ROS e radicais livres associados a muitas doenças crônicas. A infusão de folhas de chá verde Matcha, ao contrário de outros tipos de infusões, possui a maior quantidade de cafeína e L-teanina (MUSIAL et al., 2020). As catequinas são os polifenóis dominantes no chá verde, cujas atividades antioxidantes resultam da neutralização de radicais livres de nitrogênio e oxigênio, bem como a capacidade de quelar íons metálicos em reações redox. Numerosos estudos científicos indicam os efeitos antitumorais dos polifenóis contidos nas folhas de cháverde devido à inibição da divisão celular, bem como a indução de enzimas antioxidantes de fase II, por exemplo, superóxido dismutase, glutationa- S-transferase, bem como glutationa peroxidase e redutase (MUSIAL et al., 2020). 13.2 Frutas vermelhas Há o reconhecimento de que as frutas vermelhas são uma boa fonte de muitos ingredientes bioativos e nutrientes, incluindo vitaminas (vitaminas A, C e E), minerais (cálcio, fósforo, ferro, magnésio, potássio, sódio, manganês e cobre), fibra dietética e antioxidantes. Eles também são uma rica fonte de compostos bioativos, e estudos mostraram que eles têm efeitos positivos essenciais na dieta e na saúde humana, que podem ser atribuídos principalmente à presença de vários compostos relacionados à saúde, como ácidos orgânicos, fenólicos e açúcares. (glicose, frutose). A ingestão de frutas frescas melhorou a saúde mental e física e facilitou a prevenção de várias doenças não transmissíveis, como doenças neurológicas, doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, obesidade, osteoartrite e alguns tipos de câncer (COSME et al., 2022). 13.3 Cúrcuma As plantas medicinais são utilizadas desde a antiguidade e são fontes de importantes medicamentos modernos. A cúrcuma ( Curcuma longa L.) é um condimento e corante amplamente utilizado. A curcumina é uma molécula altamente pleiotrópica que influencia várias vias de sinalização. Possui propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antimicrobianas, hipoglicemiantes, cicatrizantes, quimiopreventivas, quimiossensibilizantes e radiossensibilizantes. (SHARIFI-RAD et al., 2020). 13.4 Ômega-3 Pesquisas recentes sugerem que o ômega-3 apresentam propriedades antiinflamatórias, que podem ser exploradas para a prevenção ou tratamento da sarcopenia (HUANG et al., 2020). A suplementação de ômega-3 composto por EPA e DHA, contribuem no aumento de massa muscular, e força muscular conforme figura 5 (HUANG et al., 2020). Figura 5. Impacto dos ácidos graxos poli-insaturados n-3 na força muscular, na massa muscular e desempenho (Fonte: HUANG et al., 2020) QUANTIDADE NECESSÁRIA POR DIA A dose diária recomendada de ómega 3 varia de acordo com a idade: Bebés dos 0 aos 12 meses: 500 mg; Crianças de 1 a 3 anos: 700 mg; Crianças de 4 a 8 anos: 900 mg; Meninos de 9 a 13 anos: 1200 mg; Meninas de 9 a 13 anos: 1000 mg; Homens adultos e idosos: 1600 mg; Mulheres adultas e idosas: 1100 mg; Gestantes: 1400 mg; Mulheres que amamentam: 1300 mg. 14. Whey protein Whey protein é uma das proteínas de mais alta qualidade devido ao seu conteúdo de aminoácidos (alto conteúdo de aminoácidos essenciais de cadeia ramificada) e rápida digestibilidade. O consumo de proteína de soro de leite tem uma capacidade interessante de estimular a síntese de proteína muscular. A suplementação de proteína na dieta aumentou significativamente a força e o tamanho muscular durante o treino resistido prolongado em adultos saudáveis (MORTON et al., 2017). Mesmo no treinamento de resistência ou atletas a suplementação de whey protein se torna prática e fácil para atingir a necessidade proteica diária. Os três tipos de whey protein são: Concentrado: Por passar por apenas uma filtragem, contém de 30 a 80% de proteína, com o restante de caseína, lactose, gordura, carboidratos e minerais. Isso significa que sua velocidade de absorção é a mais lenta entre os três tipos, fazendo com que pessoas com algum tipo de alergia ou restrição de algum dos seus componentes (caseína, lactose etc) devam evitá-lo. Isolado: Esse é o tipo de whey protein mais puro, além de concentrar mais proteínas. O whey protein isolado, reúne proteínas de absorção rápida, que passam por um processo específico de filtragem, o que aumenta sua velocidade de absorção. Esse processo possibilita a extração de 90% a mais de proteína, e “isola” elementos como lactose, caseína e gordura. Hidrolisado: Tipo de whey protein mais caro por sua produção complexa, que passa por uma quebra, a hidrólise, para facilitar sua digestão e absorção. Reúne quantidades das frações menores de proteínas, que são absorvidos ainda mais rapidamente pelo corpo. É indicado para pessoas com dificuldade de digestão proteica e intolerância à caseína. Dose: Variável conforme a necessidade proteica, a fim de complementar a proteína diária, por isso a dose varia. 15. Suplementos de carboidrato Ingestão de CHO antes ou durante o exercício é uma das principais estratégias nutricionais para influenciar o desempenho do treinamento resistido e de resistência. Os suplementos de carboidratos mais utilizados são a dextrose ou maltodextrina, que apresentam rápida absorção, ou waxy maize e palatinose que apresentam lenta absorção. A necessidade de prescrição de suplementos de carboidratos depende de muitos fatores independentemente do nível de treinamento. Necessário adequar a necessidade de carboidratos e identificar o tempo do treino, o horário do treino, a última refeição antes do treino e a alimentação ao longo dia. Por isso, a suplementação de qualquer carboidrato pode variar de caso para caso, dependente de muitos dos fatores acima citados. 15.1 Maltodextrina A MALTODEXTRINA é um carboidrato complexo e, com isso, tem uma absorção gradativa pelo organismo. Ela é um açúcar produzido em laboratório. Ela é responsável por aumentar o índice de glicose nas células, evitando principalmente o catabolismo muscular, um dos piores inimigos de quem busca hipertrofia (CARDOSO et al., 2017). CONSUMO ADEQUADO: O consumo de Malto é indicado para praticantes de atividades físicas resistido ou longa duração, como musculação e corrida, pois fornece energia suficiente para aproveitar ao máximo o exercício. Pode ser consumido antes e durante o exercício. Dose: recomendado conforme necessidade de carboidrato do dia e conforme o tipo de treino, tempo de treino e tolerância do indivíduo. 15.2 Dextrose Um carboidrato simples que possui uma estrutura molecular de tamanho reduzido, facilitando assim, a sua absorção. Em poucos minutos ela consegue elevar as taxas de glicose no organismo, fornecendo ao corpo energia de forma mais rápida. Também é um açúcar produzido em laboratório. Por possuir um alto índice glicêmico, seu pico de insulina será rápido (CARDOSO et al., 2017). CONSUMO ADEQUADO: Seu consumo é feito principalmente após os exercícios, justamente pela rápida absorção. É interessante após o treino, antes ou até mesmo junto com Whey Protein. Dose: recomendado conforme necessidade de carboidrato do dia e conforme o tipo de treino, tempo de treino e tolerância do indivíduo. 15.3 Waxy maize O Waxy Maize é um carboidrato extraído do amido de milho. O nome Maize vem de seu nome científico, Zea Mays, que em espanhol Maize quer dizer milho. Este amido constitui-se na principal forma de armazenamento de carboidratos nos vegetais. Isso possibilita sua quebra em diversos pontos ao mesmo tempo, facilitando a digestão, sendo mais lenta, e sua absorção consequentemente também é mais lenta que a da maltodextrina. Entretanto, ele não provoca um pico de insulina tão alto, diferente da maltodextrina e da dextrose. Além disso, o Waxy Maize é um carboidrato de baixo índice glicêmico (CARDOSO et al., 2017) CONSUMO ADEQUADO: Antes de treinos longos Dose: recomendado conforme necessidade de carboidrato do dia e conforme o tipo de treino, tempo de treino e tolerância do indivíduo. ATIVIDADE Quais são os tipos de whey protein e qual diferença entre eles? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________16. Referências American College of Sports Medicine. Progression model in resistance training for healthy adults, 2002. Disponível em: https://www.acsm.org/. Acesso em: 05 nov. 2021. Cite os vários tipos de suplementos de carboidratos e qual é mais interessante consumir durante prova de endurance. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Para que serve suplementação de ômega-3? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ https://www.acsm.org/ Antonio, J.; et al. 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