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DEFINIÇÃO Trata-se de uma doença inflamatória crônica, benigna, estrogênio-dependente, comum da fase reprodutiva da mulher, de natureza multifatorial. É caracterizada pelo tecido endometrial fora da cavidade uterina (glândula e estroma). 10% de prevalência entre mulheres em idade reprodutiva no mundo. ► Fatores de Risco: Nuliparidade, menarca precoce e menopausa tardia, ciclos menstruais curtos (<21 dias), história familiar de 1º grau, dismenorreia primária intensa, fluxo menstrual intenso, obstrução ao fluxo menstrual, baixo peso, história de abuso sexual e dieta rica em gordura. ► Fatores de Proteção: Multiparidade, amamentação e etnia caucasiana/asiática. FISIOPATOLOGIA Menstruação Retrógrada (“Teoria de Sampson”) Disseminação linfática ou vascular do tecido endometrial Deficiência imunológica Metaplasia celômica Teoria da Indução Iatrogênica Genética *Endométrio na paciente com endometriose: Apresenta produção local excessiva de estrogênios e prostaglandinas, causando aumento da resistência a ação da progesterona. QUADRO CLÍNICO Dismenorreia secundária progressiva; Dispareunia de profundidade; Dor pélvica crônica acíclica; Alterações urinárias cíclicas (urgência miccional, hematúria, disúria e insuficiência renal pós-renal); Alterações intestinais cíclicas (hematoquezia, disquezia, tenesmo e suboclusão/oclusão intestinal); Infertilidade; Sangramento uterino anormal; A paciente também pode ser assintomática; ► Exame Físico: Dor ao exame ginecológico vaginal, massas anexiais, nódulos/áreas enegrecidas dolorosos no fundo de saco posterior, imobilidade uterina e nódulos em cicatrizes (umbilical, cirurgias abdominais e perineais). ► Formas Clínicas: Superficial/Peritoneal; Profunda (≥5mm); Endometrioma ovariano (associar à endometriose profunda); “Jornal de Ginecologia Minimamente Invasiva 2021” Superficial/Peritoneal: Envolve a superfície do peritônio, incluindo as que envolvem a superfície do intestino ou da bexiga. Endometriose Profunda: Lesões endometrióticas que se estendem por dentro do peritônio, capaz de invadir outras estruturas, associada à fibrose e distorção da anatomia normal. Os sintomas não se relacionam com o grau de acometimento, podendo uma endometriose leve ter um quadro muito sintomático e uma endometriose profunda ter um quadro leve. Mas pode ser dito que a endometriose profunda tem mais relação com dor pélvica e dismenorreia. Classificação da Endometriose: Classificação da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) – quanto mais achados, mais infertilidade. Estágio 1: Implantes isolados e sem aderência (doença mínima); Endometriose Estágio 2: Implantes superficiais com < 5mm de invasão no peritônio, sem aderências (doença leve); Estágio 3: Múltiplos implantes superficiais e profundos, com presença de aderências em tubas uterinas e ovários (doença moderada); Estágio 4: Múltiplos implantes superficiais e profundos, com presença de aderências densas e endometriomas (doença severa); Evolução das lesões de endometriose: Vermelhas (recentes) – Lesões em chama de vela Pretas – Lesões em pólvora Brancas – Lesões em café-com-leite DIAGNÓSTICO Clínica + exame físico + exames de imagem. Exames: USGTV com preparo intestinal e RNM. Se suspeita de endometriose urinária, utilizar cistoscopia, urografia excretora e uroRNM. O CA-125 é um marcador inespecífico. Presumido: Clínica + exame de imagem= posso tratar. Definitivo: Videolaparoscopia cirúrgica + biópsia das lesões. Diagnóstico diferencial: Aderências pélvicas, Síndrome do intestino irritável, DIP, neoplasia de ovário, cistite, síndrome da bexiga dolorosa e neoplasia de intestino. TRATAMENTO É clínico de preferência, induzindo o hipoestrogenismo e, consequentemente, melhorar a dor e qualidade de vida. Evitar cirurgias repetidas. Casos leves/moderados: Anticoncepcional combinado ou progesterona isolada + AINEs. Acetato de medroxiprogesterona IM (150mg) ou SC (104mg) trimestral. Acetato de norentindrona: 5mg/dia VO. Dienogeste (2mg). DIU Mirena. Gestrinona (muitos efeitos colaterais) Implante de etonogestrel. Acetato de ciproterona, desogestrel, levonorgestrel e diidrogesterona. Casos graves/Não responsivos aos tratamentos anteriores: Análogos de GnRH + terapia “Add-back”, antagonista do GnRH + terapia “Add-back”, Danazol OU cirurgia. Casos não responsivos aos tratamentos anteriores: Cirurgia por Videolaparoscopia. Definitiva: Pacientes sem prole definida. Conservadora: Com pacientes sem prole definida. Indicações de cirurgia direto: Endometrioma > 6cm OU lesão comprometendo ureter, retossigmoide com sinais de suboclusão, oclusão OU íleo, apêndice ou >50% da alça intestinal. ENDOMETRIOMA É um cisto com conteúdo espesso, apresentando múltiplos pontos de média intensidade distribuídos de forma homogênea (padrão em “vidro fosco”) – “cisto de chocolate”. Realizar Videolaparoscopia, ressecando a cápsula ou ooforectomia. ENDOMETRIOSE INTESTINAL A primeira opção de tratamento é clínico (hipoestrogenismo). Se houver obstrução intestinal, realizar tratamento cirúrgico. Casos não responsivos ao tratamento clínico: Shaving intestinal: lesão restrita a serosa intestinal (raspagem) Ressecção discoide: lesão penetra a muscular. Ressecção segmentar intestinal: ressecção de parte do intestino e anastomose intestinal. Indicações: Estenose Lesões multifocais Envolvimento de sigmoide Lesões >3cm ou envolvendo mais que 50% da circunferência da parede intestinal INFERTILIDADE Distorção anatômica; Endometriomas; Produção de fatores inflamatórios hostis no ovário; Disfunção ovulatória; Defeitos imunológicos; Fase lútea inadequada; Aumento da perda da reserva ovariana; O melhor tratamento para infertilidade em pacientes com endometriose é a reprodução assistida ou cirurgia em estádios I e II é uma possibilidade. Endometriose e Gestação – Risco aumentado: Aborto Parto prematuro Pré-eclâmpsia Placenta prévia Cesárea Hemorragia pós-parto Endometriose e Câncer – Risco aumentado: CA de ovário células claras; CA de ovário endometrioide; CA de ovário seroso;
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